Faculdade Ietec Pós-graduação Engenharia de Processos Industriais Turma nº de outubro de 2016
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- Maria de Begonha Gameiro Schmidt
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1 Faculdade Ietec Pós-graduação Engenharia de Processos Industriais Turma nº de outubro de 2016 PERDAS NO SETOR DE CORTE DE UMA INDÚSTRIA GRÁFICA DO SEGMENTO DE ETIQUETAS E RÓTULOS: Estudo de caso Angélica Silva de Souza Cristiano de Jesus Reis RESUMO Este é um estudo de caso ocorrido no setor de corte de uma indústria gráfica do segmento de etiquetas e rótulos, onde são expostas a análise dos desperdícios e o funcionamento da atividade de fracionar bobinas de papel. O estudo contém indicadores que levam a conclusões consistentes para tomada de decisão. O objetivo macro é identificar os desperdícios no setor de corte decorrentes do fracionamento de papel. Para a redução destes desperdícios o trabalho dispõe de uma estratégia de agrupamento de larguras. Este agrupamento possibilitou uma redução de aproximadamente 37% das variações no processo trazendo, assim, uma melhora na qualidade de trabalho do operador de corte, uma vez que o mesmo teria seus esforços com movimentação e transporte reduzidos. Este trabalho pode ser aplicado em uma indústria de etiquetas e rótulos para atenuar os custos com as aparas de papel, absenteísmo por licença médica, melhoria de desempenho funcional. Palavras-chave: Redução de desperdícios. Produção enxuta. Etiquetas e rótulos.
2 2 1 INTRODUÇÃO A competitividade do sistema produtivo brasileiro vem sendo alterada ao longo dos últimos anos devido à abertura de mercado ocorrida nos anos 90 durante os governos Collor e Fernando Henrique. Segundo Averbug (1999), essa abertura se deu através de medidas governamentais, dentre elas a redução das tarifas de importação que propiciou maior facilidade na importação de máquinas e equipamentos, observando-se um aumento da concorrência em diversos setores produtivos. Nos últimos anos o país vem passando por uma grave crise econômica, levando os gestores a buscar formas de otimização de processos para redução de custos e desta forma poder manter ou se possível aumentar sua competitividade no mercado. A indústria gráfica brasileira acompanhou o mesmo movimento. Modificações ocorreram no setor para adaptar-se a essa realidade. Redução de custos, especialização dos colaboradores e aprimoramento do processo produtivo foram algumas medidas tomadas para alcançar esse objetivo. Nesse contexto, este estudo tem como objetivo auxiliar na identificação de desperdícios no setor de corte de matéria prima da XPTO Indústria Gráfica (nome fictício). 1.1 Objetivo geral Identificar as perdas no setor de corte decorrentes do fracionamento de bobinas de papel em uma indústria gráfica do segmento de etiquetas e rótulos. 1.2 Objetivos específicos Quantificar as perdas referentes ao fracionamento das bobinas de papel; Verificar demanda de largura x tipo de papel para trabalhar de forma puxada
3 3 1.3 Justificativa Cenário econômico instável, alta competitividade, custos elevados, são motivadores para a busca de otimização de processos de forma a manter a saúde financeira das empresas e poderem se destacar mantendo ou aumentando seu Market share. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Produção Enxuta A produção enxuta surgiu nos anos 50 na Toyota Company, empresa japonesa do setor automobilístico e teve como principal idealizador um engenheiro da própria empresa Taiichi Ohno, levando inicialmente o nome de Sistema Toyota de Produção podendo ser chamada também pelo nome de Lean Manufacturing (ELIAS; MAGALHÃES, 2003) A produção enxuta tem como principal objetivo o combate aos desperdícios. Para Ohno (1997) desperdícios são todos os elementos de produção que só aumentam os custos sem agregar valor, contrapondo-se ao modelo Fordista chamado de Produção em Massa, onde o foco era a alta produtividade sem se preocupar com as perdas geradas no processo. Krajewski, Ritzman e Malhotra (2009) denominam a produção enxuta como sistema de operações que maximizam o valor adicionado por cada uma das atividades de uma empresa por meio da eliminação de recursos desnecessários e demoras excessivas, corroborando a definição de Ohno (1997) que discorre a Produção Enxuta como sendo um método para eliminar integralmente o desperdício e aumentar a produtividade. Para eliminar os desperdícios, primeiro devemos identificá-los. Com esse intuito, Ohno (1997) os classificam em sete categorias. São elas:
4 4 Superprodução produção maior do que o processamento do próximo posto de trabalho pode processar; Tempo disponível (espera) tempo de ociosidade de máquinas e mão de obra; Transporte movimentação desnecessária de materiais; Processamento em si operações desnecessárias ao processo produtivo; Movimentação movimentos de um operador que não agregam valor; Produção de produtos defeituosos produtos não conformes (refugos); Estoque disponível (estoque) material parado e não manufaturado. 2.2 Caracterização ABC Um conceito que é bastante relacionado à filosofia Lean e aos desperdícios citados por Ohno, é o relacionado a identificar e quantificar os estoques, sejam de matérias primas, produtos em processo e os produtos acabados. Para tanto, uma ferramenta a ser analisada e que é vinculada ao conceito de análise de Pareto é a caracterização dos níveis de estoque pela lógica ABC. O foco da gestão empresarial para buscar uma otimização de processo e redução de custos deve considerar o dimensionamento de estoque de matéria-prima (um dos formadores do custo direto da empresa), bem como o momento ideal de compra. Segundo Turci, (Endeavor 2016 (apud Carvalho, 2002, p.226) a curva ABC é um método de classificação de informações para que se separem os itens de maior importância ou impacto, os quais são normalmente em menor número. (...) Existem outros nomes para a curva ABC como 80-20, (...), escritas por Vilfredo Pareto que classifica o estoque em forma de Pareto, ou seja, de maior importância econômica para a menor, onde 80% do capital empregado em estoque está em 20% dos itens. Segundo Bruni (2010, p.109, apud Martins 1998, p.125) a gestão de materiais diretos por uma determinada empresa costuma envolver problemas relacionados a três campos: avaliação (...) (destaca-se a existência de basicamente, dois sistemas de controles de estoque: inventário periódico, e inventário rotativo) (...), controle de consumo (...) e programação: quando e como comprar, (...) definição de estoques mínimos de segurança etc
5 5 Desta forma, uma adequada classificação e quantificação de estoque é ponto forte na gestão / redução de custos de processo. Incluindo, mas não se limitando, a quantidade a ser comprada, o local de armazenamento, forma de movimentação e inventário / acuracidade. 3 DESENVOLVIMENTO 3.1 Material e métodos (metodologia) Para realização deste estudo foi feita uma pesquisa de campo na indústria de etiquetas. A pesquisa de campo procede à observação de fatos e fenômenos exatamente como ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e interpretação desses dados. A pesquisa foi realizada no período de março, abril e maio de Resultados e discussão O setor de corte está localizado no início do processo de manufatura de etiquetas. Uma média de mil e novecentas ordens de serviço / mês passam pelo setor para que a matéria prima (bobinas de papel) seja fracionada no equipamento ou retiradas do estoque (depósito de papel). A figura 1 apresenta o fluxograma do corte das bobinas de papel no setor onde os estudos foram realizados.
6 6 FIGURA 1 Fluxograma do Processo de Fracionamento de Papel Fonte: Elaborada pelos autores, A empresa processa, aproximadamente, 55 diferentes tipos de papel com 180 diferentes dimensionamentos de larguras. A relação entre as variáveis (tipos de papel X largura) possibilita combinações saindo do setor de corte. Cada ordem de serviço contém um tipo de papel e uma largura específica. O operador é responsável pela separação e fragmentação do material, verificando se há no estoque alguma bobina com largura e material apropriados para atender quaisquer das ordens de serviço recebidas. O gráfico 1 exibe a demanda de papel consumido por mês e a relação entre consumo e fracionamento. Observa-se que os papeis Couche Liso, Couchê Fosco e Bopp Fosco são os que mais sofrem processamento de corte, pois representam mais de 50% do volume total de papel consumido pela empresa.
7 7 GRÁFICO 1 Gráfico de Consumo de Papel/mês Fonte: Elaborado pelos autores, O gráfico 2 apresenta a curva ABC do custo das perdas no processo de fracionamento e estabelece a prioridade de análise para redução das perdas, indicando que os papeis Bopp Branco, Couche Liso e Couche Fosco requerem um cuidado maior, pois seus custos de aquisição são os mais altos. GRÁFICO 2 Curva ABC dos custos com as aparas no processo de fracionamento de papel Fonte: Elaborado pelos autores, Os gráficos a seguir indicam as chances de ocorrência das principais larguras dos papéis Couche Liso, Couche Fosco e Bopp Branco.
8 8 GRÁFICO 3 Probabilidade de ocorrência das larguras nos papéis Couche Liso / Fosco Fonte: Elaborado pelos autores, GRÁFICO 3 Probabilidade de ocorrência das larguras no papel Bopp Branco Fonte: Elaborado pelos autores, CONCLUSÃO O presente artigo demonstra que, tanto com relação ao consumo quanto ao custo de aquisição da matéria prima, a prioridade de ações a serem tomadas para redução de desperdícios devem ser nos papeis Bopp Branco, Couche Liso e Couche Fosco, uma vez que representam 52% do consumo e 50% dos custos de aquisição.
9 9 Esses papeis demandam um tempo elevado para setup devido a sua representatividade no consumo, já que há um grande número de ordens de serviço que, em sua maioria, são de trabalhos com baixas tiragens fazendo com que haja um número muito grande de setup s. Foi descoberto que um dos maiores fornecedores da empresa poderia abastecê-la com as matérias primas já fragmentadas nas principais larguras com um custo quase igual ao praticado atualmente (com um acréscimo de 5% aproximadamente), dessa forma reduzindo o desperdício com setup consideravelmente. A decisão pela troca do sistema convencional de corte pela matéria prima já fragmentada ficou pendente por parte da direção da empresa.
10 REFERÊNCIAS AVERBUG, André. Abertura e integração comercial brasileira na década de 90. Disponível em < sulta_expressa/tipo/livro/199910_7.html>. Acesso em 29 set BRUNI, Adriano Leal. A Administração de custos, preços e lucros. 4. ed. Editora Atlas, p. ELIAS, Sérgio José Barbosa; MAGALHÃES, Liciane Carneiro. Contribuição da produção enxuta para a produção mais limpa. Disponível em < Acesso em 29 set KRAJEWSKI, Lee; RITZMAN, Larry; MALHOTRA, Manoj. Administração de produção e operações. 8. ed. Tradução de Mirian Santos Ribeiro de Oliveira. São Paulo: Pearson Prentice Hall, OHNO, Taiichi. O sistema Toyota de produção: além da produção em larga escala. Tradução de Cristina Schumacher. Porto Alegre: Bookman, TURCI, Daniel. Como utilizar a curva ABC para gestão de estoque. Disponível em < 1&esvcrea= &esvplace=&esvd=c&esvaid=50078&gclid=Cj0KEQjw4fy_ BRCX7b6rq_WZgI0BEiQAl78nd-GQAtgMErkcYMgnKzq7wdSvjDSOobgCjTdNpsEDhMaArfC8P8HAQ>. Acesso em 13 out
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