Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro

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1 Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico Edital Nº 59/2013 Área: PI-44 História Caderno de Questões Você recebeu do fiscal um CADERNO DE QUESTÕES e um CADERNO DE RESPOSTAS. O CADERNO DE QUESTÕES consta de 7 (sete) páginas, numeradas sequencialmente, incluindo o espaço para rascunho. O CADERNO DE RESPOSTAS consta de 10 (dez) páginas, numeradas sequencialmente. Esta é uma prova dissertativa, com o valor máximo de 60 (sessenta) pontos. O valor de cada questão está registrado ao lado do número da questão ou do item. 1 Confira, no cartão grampeado ao CADERNO DE RESPOSTAS, o seu nome, o número de identidade e o de inscrição, além do código da Área de Atuação/Conhecimento para a qual você está concorrendo. Em caso de incorreções, comunique ao fiscal de sala. 2 Verifique se o número do código impresso na folha de resposta da questão 05 (didático-pedagógica) corresponde ao código constante da filipeta no Caderno de Respostas. 3 O tempo de duração previsto para a realização desta prova é de 04 (quatro) horas. 4 Para qualquer tipo de rascunho, somente será permitida a utilização das folhas constantes do CADERNO DE QUESTÕES. Não é permitido ao candidato destacar qualquer folha deste caderno. 5 O desenvolvimento das questões só será considerado se transcrito, a caneta de corpo transparente de tinta azul ou preta, para o espaço destinado à resposta de cada questão no CADERNO DE RESPOSTAS. 6 Evite rasuras. Instruções 7 Será excluído do Concurso o candidato que efetuar qualquer registro, que possa identificá-lo, no caderno de questões e/ou de respostas. 8 O candidato somente poderá retirar-se da sala após decorridos 60 (sessenta) minutos do início da prova. 9 Os 03 (três) últimos candidatos deverão permanecer na sala e entregar juntos a prova ao fiscal, assim que a concluírem ou ao final do tempo de duração previsto para a sua realização. 10 Terminada a prova, entregue ao fiscal de sala o CADERNO DE QUESTÕES e o CADERNO DE RESPOSTAS.

2 Questão 01 ( 10 pontos) Eric Hobsbawm (1999) chamou de Breve Século XX o período que vai da eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, ao colapso da União Soviética, em Nele, o historiador vê um período coerente, que tem no contraponto entre capitalismo e socialismo real um fator definidor de toda uma era não somente no mundo socialista, mas principalmente, no capitalista. A mais importante revolução do século, a Russa (1917), marcou a economia, a política, a cultura e todos os aspectos da vida social do planeta. Estudá-la mais profundamente é compreender um pouco mais o Século XX e suas contradições. Internamente, a experiência soviética também foi repleta de contradições. Segundo Daniel Aarão Reis Filho: Suas proezas assombraram o mundo. Contudo, foi necessário reconhecer que as fórmulas do sucesso já não bastavam, precisavam ser renovadas. Abriram-se horizontes novos, reformistas. A história dos projetos de reformas, de seus devaneios, frustrações e impasses corroeu o ânimo daquela forte gente, até que, num último sobressalto, pressionada internamente e externamente, amadurecida para mudanças, a sociedade empreendeu uma profunda autorreflexão. Mas não sobreviveu ao inquérito sobre si mesma. Nem encontrou caminhos alternativos. Desagregou-se. Hoje, parecendo fatigada, vive à deriva, caindo num abismo sem fim, desencantada e desesperançada. Se não reunir forças para se reerguer [...], poderá perecer. (REIS FILHO, D.A., 1997). Inúmeros questionamentos foram feitos, desde os primeiros anos de regime, para explicar as suas contradições e sua crise. Foi mesmo socialista? Foi socialista e, em algum momento, deixou de existir? Ou não deixou de ser uma experiência totalitária com um Estado onipotente e uma sociedade atomizada? Foi um capitalismo de Estado ou não passou de uma tirania nos moldes antigos? Com base nessas considerações, responda a estas duas questões que se colocam. A) Em primeiro lugar, qual é o significado da crise da experiência soviética? B) E, em segundo, quais as influências dessa experiência no capitalismo liberal e no chamado Terceiro Mundo? Questão 02 (15 pontos) Compreender o processo histórico de construção das ideias e das experiências de cidadania no Brasil exige ter em mente uma longa trajetória, marcada por obstáculos, lutas, avanços e retrocessos, tendo como protagonistas múltiplos atores sociais. Segundo muitos autores, nosso passado escravista constituiria um dos entraves fundamentais para o pleno exercício de direitos em nosso país. Sociedade escravista durante séculos, o Brasil conheceu um amplo compartilhamento de valores que negavam a igualdade efetiva entre os homens, valores esses que cruzavam todo o território, assim como todas as classes sociais. Segundo Ângela de Castro Gomes (2003), [...] ao lado da grande propriedade e do poder privado dos senhores, a escravidão tornou-se experiência e herança terrível que, sem dúvida, marca até hoje o processo histórico de construção da cidadania no Brasil. Mesmo após a abolição, como afirma José Murilo de Carvalho (2008), [...] a libertação dos escravos não trouxe consigo a igualdade efetiva. Essa igualdade era afirmada nas leis mas negada na prática. Ainda hoje, apesar das leis, aos privilégios e arrogância de poucos correspondem o desfavorecimento e a humilhação de muitos. (Questão continua na próxima página) - 1-1ª Fase / Prova de Conteúdo / Área: PI-44

3 Articular escravidão e cidadania significa, também, extrapolar as perspectivas mais tradicionais em relação à primeira, perspectivas essas nas quais a escravidão permanece isolada em sua dimensão econômica, como uma simples questão de mão-de-obra, afirma Hebe Mattos (2003). O problema fundamental que se coloca, nesse sentido, é a necessidade de perceber o fato escravista e seu papel estruturante do ponto de vista econômico, político, social e cultural, o que abre espaço também para se pensar suas articulações com a construção dos sentidos do ser cidadão em diferentes momentos da história do Brasil e mesmo após a abolição. (Hebe Mattos, 2003) Então, tendo como eixo a articulação entre escravidão, abolição e cidadania, discuta as dimensões políticas e culturais do fenômeno escravista em suas relações com o processo de construção da cidadania no Brasil, entre a segunda metade do século XIX e o início do XX. Questão 03 (15 pontos) Pressionados por protestos de rua, os editores do jornal O Globo admitiram ter sido um erro o apoio dado pelo veículo ao Golpe de Em editorial recente, eles afirmaram que os meios de comunicação da época justificavam a intervenção dos militares pelo temor de um outro golpe, a ser desfechado pelo presidente João Goulart, com amplo apoio de sindicatos. O jornal afirmou ainda que a crise no país era aguçada e aprofundada pela radicalização de João Goulart o que deixa em aberto a tese de que o próprio presidente deposto teria grande responsabilidade pelo golpe. (Disponível em: < Acesso em: 23 set. 2013) Em nota lançada logo depois, o Clube Militar criticou o editorial de O Globo, lembrando que o apoio do jornal ao golpe ocorreu antes, durante e por muito tempo depois da deposição de Jango; [...] não se trata de posição equivocada 'da redação', mas de posicionamento político firmemente defendido por seu diretor e proprietário, redator chefe, Roberto Marinho. (Disponível em :< Acesso em: 23 set. 2013) A nota do Clube Militar entra em consonância com o posicionamento do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, que vem utilizando a expressão Ditadura Empresarial-Militar para designar o regime instaurado em (Disponível em: < &Codartigo=132>. Acesso em: 23 set. 2013) É possível estabelecer um diálogo entre essas opiniões expressas e a historiografia sobre o Golpe de 1964 e o regime que o sucedeu. Com base na bibliografia recomendada e em seus conhecimentos, discorra sobre os fatos narrados nos três primeiros parágrafos, relacionando-os com o debate historiográfico acerca do caráter do golpe de ª Fase / Prova de Conteúdo / Área: PI-44

4 Questão 04 (10 pontos) Na maior parte dos países, o surgimento do ensino regular de História, no século XIX, esteve ligado ao processo de construção das identidades nacionais. Nesse sentido, a História funcionava como uma disciplina de caráter cívico, mais preocupada em exaltar o Estado e os fatores de coesão de cada sociedade, e não tanto seus conflitos e suas contradições. O caso da História do Brasil não foi diferente: os programas regulares tradicionais frisavam a suposta união entre as raças, promovida e liderada pelo branco europeu, a partir do chamado descobrimento. Povos distintos teriam sido integrados num mesmo devir histórico, numa mesma missão civilizatória, na qual os conflitos e contradições sociais recebiam pouca ou nenhuma atenção, mesmo nos casos em que redundaram em violentas guerras civis. O mesmo ocorria em relação à diversidade étnica e regional, que era obscurecida em favor de um discurso cultural homogêneo. A narrativa se completava com a divisão anacrônica do Estado Nacional brasileiro, que seria existente desde sempre, mas dividido em fases (Colônia, Monarquia e República); tudo em nome da coesão social e da suposta harmonia de classes. Mais recentemente, o MEC empreendeu esforços no sentido de superar essa abordagem, tanto através dos Parâmetros Curriculares Nacionais quanto da avaliação e atualização dos livros didáticos. Para alguns historiadores, como Circe Maria Fernandes Bittencourt 2003, [...] a trajetória do livro didático no Brasil, influenciada pelas mudanças sociais, pelas reformas curriculares, pelo próprio desenvolvimento da pesquisa histórica e, nos últimos anos, também pelos processos de avaliação das obras publicadas, revela [...] que eles mudaram muito e, hoje, grande parte deles não padece dos defeitos que caracterizavam os livros mais antigos. Outros autores, contudo, seguem denunciando que os livros didáticos, por simplificarem questões complexas, impedem as reflexões e discordâncias dos alunos, mantendo-se como reprodutores das ideologias e dos saberes oficiais. A seguir, faça uma análise crítica desses esforços e do estado atual dos livros didáticos no Brasil, ressaltando as permanências e rupturas em relação aos programas tradicionais que vigoraram na maior parte dos séculos XIX e XX. QUESTÃO 05 - DIDÁTICO-PEDAGÓGICA (10 pontos) [...] É preciso que saibamos que, sem certas qualidades ou virtudes como a amorosidade, respeito aos outros, tolerância, humildade, gosto pela alegria, gosto pela vida, abertura ao novo, disponibilidade à mudança, persistência na luta, recusa aos fatalismos, identificação com a esperança, abertura à justiça, não é possível a prática pedagógico-progressista, que não se faz apenas com ciência e técnica. Aceitar e respeitar a diferença é uma dessas virtudes sem o que a escuta não se pode dar. (Freire, 1996) [...] Pensar certo, do ponto de vista do professor, tanto implica o respeito ao senso comum no processo de sua necessária superação quanto o respeito e o estímulo à capacidade criadora do educando. Implica o compromisso da educadora com a consciência crítica do educando cuja promoção da ingenuidade não se faz automaticamente. (Freire, 1996) No livro Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire aponta os saberes necessários à prática educativa. Considerando os fragmentos de texto acima destacados, disserte sobre a relação entre esses fragmentos e os saberes apontados pelo autor, a partir dos seguintes tópicos: = Relação ensino, pesquisa e extensão = Relação entre a prática docente e a construção do sujeito autônomo em tempos de inclusão ª Fase / Prova de Conteúdo / Área: PI-44

5 RASCUNHO - 4-1ª Fase / Prova de Conteúdo / Área: PI-44