Supremo Tribunal Federal

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1 RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO PERNAMBUCO RELATORA RECTE.(S) ADV.(A/S) RECDO.(A/S) PROC.(A/S)(ES) : MIN. CÁRMEN LÚCIA :AMARINO BERNARDINO CAVALCANTI : PAULO EMANUEL PERAZZO DIAS E OUTRO(A/S) :INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL - INSS :PROCURADOR-GERAL FEDERAL DECISÃO AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. INSALUBRIDADE. REQUISITOS. SÚMULA N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ALEGADA CONTRARIEDADE AO ART. 5º, INC. XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA: AUSÊNCIA DE OFENSA CONSTITUCIONAL DIRETA. AGRAVO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. Relatório 1. Agravo nos autos principais contra decisão que inadmitiu recurso extraordinário interposto com base no art. 102, inc. III, alínea a, da Constituição da República. O recurso inadmitido foi interposto contra o seguinte julgado da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco: PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL. RECONHECIMENTO DE PARTE DOS PERÍODOS RELACIONADOS NA INICIAL. COMPROVAÇÃO DA SUBMISSÃO A AGENTES NOCIVOS À SAÚDE APENAS EM RELAÇÃO AO TEMPO RECONHECIDO PELA SENTENÇA.

2 POSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL APÓS RECURSOS IMPROVIDOS (doc. 20 grifos nossos). 2. O recurso extraordinário foi inadmitido sob o fundamento de ausência de ofensa constitucional direta (doc. 28). 3. O Agravante afirma que a Turma Recursal de origem teria contrariado o art. 5º, inc. XXXVI, da Constituição da República. Argumenta que as atividades exercidas pelo pelo segurado, nas atividades acima descritas, são consideradas insalubres, enquadrando-se no que se estabelece a NR-15, Anexo 13 e 14, do Ministério do Trabalho e no Anexo IV, do Decreto nº 3.048, de 06 de Maio de 1999, que aprovou o Regulamento dos Benefícios da Previdência Social. Resta claro, pois, que o Recorrente tinha direito adquirido à concessão de sua APOSENTADORIA ESPECIAL no momento do requer imento administrativo, de maneira que a conduta do INSS contrariou o princípio constitucional do direito adquirido (artigo 5º, XXXVI, da CF/88) (fl. 7, doc. 22). Examinados os elementos havidos no processo, DECIDO. 4. O art. 544 do Código de Processo Civil, com as alterações da Lei n /2010, estabeleceu que o agravo contra decisão que inadmite recurso extraordinário processa-se nos autos do processo, ou seja, sem a necessidade de formação de instrumento, sendo este o caso. Analisam-se, portanto, os argumentos postos no agravo, de cuja decisão se terá, na sequência, se for o caso, exame do recurso extraordinário. 5. Razão jurídica não assiste ao Agravante. 2

3 afirmou: 6. A Relatora, Juíza Federal Roberta Walmsley Soares Carneiro, 4. De acordo com a documentação juntada aos autos, o autor trabalhou na empresa Bompreço S/A Supermercados do Nordeste, entre 26/07/1976 a 04/09/1978, como balconista de frios e salgados, apontando como agente nocivo o frio. Na RFFSA, o acionante era auxiliar de serviços gerais e depois artífice de manutenção, no período de 01/11/1982 a 31/12/1997, apontando o formulário DSS-8030 que o mesmo estava sujeito a ruídos superiores a 90 db, provenientes dos testes em bancada todos com ar comprimido, máquinas e equipamentos. 5. De efeito, penso não poder enquadrar o tempo de serviço na função de balconista como especial, tendo em vista que as conclusões do perito (no laudo) são genéricas acerca da submissão ao agente quando ultrapassados os limites de tolerância previstos na NR-15, bem como em razão de a submissão ao agente frio ser intermitente e não permanente no decorrer de toda a jornada de trabalho. 6. No que toca ao período de 01/11/1982 a 31/12/1997, ratifico as conclusões da sentença no sentido de que os laudos técnicos juntados nos anexos 8 e 9, estão em flagrante divergência com as conclusões dos laudos fornecidos pela empresa empregadora do autor, a Companhia Ferroviária do Nordeste CFN, absorvida pela RFFSA. Atente-se que os documentos dos anexos 8 e 9 avaliaram o trabalho do autor nas atividades de auxiliar de serviços gerais (24/01/1979 a 31/10/1982), apontando ruído (91 a 105 db) e poeira, de artífice de manutenção na oficina de manutenção de vagões em Jaboatão/PE (01/11/1982 a 31/12/1997), informando ruído (92 a 115 db), poeira e diesel, e no mesmo período o trabalho de artífice de mecânico/artífice especial mecânico, mas em outra unidade, no setor de recuperação e manutenção de locomotivas, sob exposição ao ruído (91 e 105 dba), poeira e gases de combustão [...] Quanto ao agente ruído, os níveis de intensidade apresentados nos documentos 8 e 9 são inverossímeis, uma vez que as atividades de auxiliar e artífice implicam a execução de inúmeras atividades distintas, inclusive os testes em bancada, 3

4 apontados como origem da pressão sonora suportada, mas que não ocorrem de forma não intermitente durante toda jornada de trabalho. A falta de rigor técnico dos referidos documentos fica evidente quando são apontados níveis de intensidade do agente entre 91 a 105 db no período em que o demandante trabalhou como auxiliar de serviços gerais, que inclui limpeza no pátio da empresa, ou seja, à céu aberto. Observo, ainda, que a análise pormenorizada por setor apresentada nos documentos acostados nos anexos 6 e 7, só restou reconhecida a exposição acima dos níveis de tolerância o de transporte, que inclui manobristas, maquinista e auxiliar de maquinista, isso mesmo em intensidade de apenas 87 db(a). Portanto, ante as inconsistências, afasto a idoneidade dos formulários SB 40, laudos técnicos e PPP juntados nos anexos 8 e 9, para fins de prova nos autos. 7. Muito embora tenha a Medida Provisória nº , de 28/05/1998, em seu artigo 28, determinado, textualmente, a revogação do 5º do artigo 57 da Lei nº 8.213, de 1991, não se manteve tal determinação na lei de conversão respectiva (a Lei nº 9.711, de 20/11/1998). O fato de o Decreto nº 3.048, de 1999, na redação original de seu artigo 70, haver regulamentado a conversão do tempo de serviço exercido até , não desautoriza tal conclusão, eis que não poderia dispor diferentemente da lei em sentido formal. Ademais, a própria redação de tal artigo 70 do Decreto veio a ser alterada (através do Decreto nº 4.827, de 2003), de modo que, atualmente, estatui serem as regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum dele constantes aplicáveis ao trabalho prestado em qualquer período (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei, Processo nº , Rel. Dra. Joana Carolina Lins Pereira, julgamento de ) (doc. 20). O Tribunal a quo apreciou a matéria à luz dos fatos e das provas constantes dos autos. Concluir de forma diversa do que decidido demandaria o reexame do que posto e debatido nas instâncias inferiores, procedimento que não pode ser validamente adotado em recurso extraordinário. Incide na 4

5 espécie a Súmula n. 279 do Supremo Tribunal Federal. 7. Ademais, este Supremo Tribunal Federal assentou que a alegação de contrariedade ao art. 5º, inc. XXXVI, da Constituição da República, se dependente do exame da legislação infraconstitucional (na espécie vertente, Decretos n /73, /1979 e 3.048/1999, e Leis n /1991 e Lei nº 9.711/1998), inviabiliza o recurso extraordinário, pois eventual ofensa constitucional seria indireta. Nesse sentido: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. REQUISITOS. IMPOSSIBILIDADE DA ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL E DO REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO (AI AgR, de minha relatoria, Primeira Turma, DJe grifos nossos). AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. SANTA CATARINA. APOSENTADORIA ESPECIAL DESTINADA AOS PROFESSORES. CÔMPUTO DO TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO EM REGIME DE READAPTAÇÃO FUNCIONAL. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 279 DO STF. PRECEDENTES. Agravo regimental a que se nega provimento (AI AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJe 1º ). Nada há, pois, a prover quanto às alegações do Agravante. 8. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo (art. 544, 4º, inc. II, alínea a, do Código de Processo Civil e art. 21, 1º, do Regimento Interno 5

6 do Supremo Tribunal Federal). Publique-se. Brasília, 12 de novembro de Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora 6