Supremo Tribunal Federal

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1 RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO SÃO PAULO RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA RECTE.(S) :MUNICÍPIO DE ITAQUAQUECETUBA PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE ITAQUAQUECETUBA RECDO.(A/S) :MÁRCIA EVANISE DE SOUZA ADV.(A/S) :THAIS GARCIA BRITO DECISÃO AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. PERCEPÇÃO DO VALOR DA AMPLIAÇÃO DE SALA DE AULA. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. SÚMULA N. 280 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. Relatório 1. Agravo nos autos principais contra decisão que inadmitiu recurso extraordinário interposto com base no art. 102, inc. III, alíneas a e c, da Constituição da República. O recurso extraordinário foi interposto contra o seguinte julgado do Tribunal de Justiça de São Paulo: Mandado de segurança Servidora Pública Municipal Professora de Classes Especiais Licença Saúde Decadência. Não ocorrência. Inaplicabilidade do art. 23 da Lei n /09. Obrigação de trato sucessivo Direito à percepção da ampliação de aula durante a licença saúde Admissibilidade Lei Complementar Municipal n.

2 38/98 que garante o direito o licenciamento para tratamento de saúde sem diminuição da remuneração. Sentença de procedência mantida. Recursos não providos (fl. 334). Os embargos de declaração opostos foram rejeitados (fls ). 2. O Agravante afirma que o Tribunal de origem teria contrariado os arts. 2, 5, inc. XXXVI, 7, inc. VI, 37, caput e inc. XV, da Constituição da República. Argumenta que, em se tratando de verba pro labore ou pro faciendo, que por sua natureza são condicionais, precárias, transitórias e modais, o fato de a servidora deixar de recebê-la, quando licenciada, consubstancia a única medida a ser tomada, porque, além do princípio da legalidade não permitir que a Administração pratique atos não previstos em lei (CF/88, art. 37, caput), é princípio do direito a vedação ao enriquecimento sem causa (fl. 357). Assevera que o princípio da irredutibilidade de vencimentos CF/88, arts. 7, inciso VI, 37, inciso XV não retira da Administração a possibilidade de deixar de pagar uma verba condicional a Servidor Público, para além do conceito de remuneração previsto no art. 45 da Lei Complementar Municipal n 03/91, porque do contrário, o Servidor estaria se enriquecendo ilicitamente às custas do erário, recebendo verba pro labore sem laborar, conforme o entendimento já solidificado pelos nossos Tribunais (fl. 358). 3. O recurso extraordinário foi inadmitido sob o fundamento de ausência de contrariedade direta à Constituição da República (fls ). Examinados os elementos havidos no processo, DECIDO. 4. O art. 544 do Código de Processo Civil, com as alterações da Lei n /2010, estabeleceu que o agravo contra decisão que inadmite recurso extraordinário processa-se nos autos do processo, ou seja, sem a 2

3 necessidade de formação de instrumento, sendo este o caso. Analisam-se, portanto, os argumentos postos no agravo, de cuja decisão se terá, na sequência, se for o caso, exame do recurso extraordinário. 5. Razão jurídica não assiste ao Agravante. 6. O Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu: O art. 43 da Lei Complementar Municipal n 38/1998 (Estatuto do Magistério Público Municipal de Itaquaquecetuba), garante o direito ao licenciamento para fins de tratamento de saúde do próprio servidor, e, uma vez estando nessa situação, tem o direito à remuneração correspondente ao cargo ou a função exercida. ( ) Conclui-se que a apelante tem direito de continuar recebendo os vencimentos calculados com a ampliação de sala de aula inicialmente atribuída quando de sua licença, até o término do afastamento autorizado (fl. 337). A questão em debate foi decidida com base na aplicação e na interpretação da legislação infraconstitucional (Lei Complementar estadual n. 38/98). Assim, a alegada ofensa constitucional, se tivesse ocorrido, seria indireta, o que não viabiliza o processamento do recurso extraordinário. Incide na espécie a Súmula n. 280 do Supremo Tribunal Federal. Nesse sentido: SERVIDOR PÚBLICO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. OFENSA AO ART. 93, IX, DA CONSTITUIÇÃO. INOCORRÊNCIA. NECESSIDADE DE EXAME DA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL LOCAL. SÚMULA 280 DO STF. AGRAVO IMPROVIDO. I - Não há contrariedade ao art. 93, IX, da Constituição, quando o acórdão recorrido encontra-se suficientemente fundamentado. II - O acórdão recorrido dirimiu a questão dos autos com base na legislação 3

4 infraconstitucional local aplicável à espécie. Inadmissibilidade do RE, ante a incidência da Súmula 280 do STF. III - Agravo regimental improvido (AI AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, DJe ). RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO (LEI Nº /2010) ALEGADA VIOLAÇÃO A PRECEITO INSCRITO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DIREITO LOCAL INVIABILIDADE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO AGRAVO IMPROVIDO - Revela-se inadmissível o recurso extraordinário, quando a alegação de ofensa resumir-se ao plano do direito meramente local (ordenamento positivo do Estado-membro ou do Município), sem qualquer repercussão direta sobre o âmbito normativo da Constituição da República (ARE AgR, Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, DJe grifos nossos). 7. Ademais, o recurso extraordinário não se viabiliza pela alínea c do inc. III do art. 102 da Constituição da República, pois o Tribunal de origem não julgou válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição da República. Confira-se, a propósito, o seguinte julgado: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. SUBSÍDIOS DE PREFEITO E VEREADORES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. Fixação para legislatura subsequente. Princípio da anterioridade. Precedentes. 2. O Tribunal a quo não julgou válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição da República. Inadmissibilidade do recurso pela alínea c do art. 102, inc. III, da Constituição da República. Precedente (RE AgR, de minha relatoria, Primeira Turma, DJe ). Nada há, pois, a prover quanto às alegações do Agravante. 4

5 8. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo (art. 544, 4º, inc. II, alínea a, do Código de Processo Civil e art. 21, 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal). Publique-se. Brasília, 14 de novembro de Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora 5