Supremo Tribunal Federal

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1 RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO MATO GROSSO DO SUL RELATORA RECTE.(S) PROC.(A/S)(ES) RECDO.(A/S) ADV.(A/S) : MIN. CÁRMEN LÚCIA :ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL :CLAUDINEI DA SILVA BILATI : ALEXANDRE MALUF BARCELOS E OUTRO(A/S) DECISÃO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGENTE DE AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS. REGIME DE REVEZAMENTO. ADICIONAIS. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 37, INC. X, E 39, 4º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO: SÚMULA N. 280 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. JULGADO FUNDAMENTADO EM LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL: AUSÊNCIA DE OFENSA CONSTITUCIONAL DIRETA. AGRAVO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. Relatório 1. Agravo nos autos principais contra inadmissão de recurso extraordinário interposto com base no art. 102, inc. III, al. a, da Constituição da República contra o seguinte julgado da Quinta Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul: EMENTA REEXAME NECESSÁRIO OBRIGATORIEDADE CONHECIMENTO DE OFÍCIO

2 RECURSO IMPROVIDO. A dispensa do reexame necessário pressupõe sentença condenatória que expresse valor certo inferior a sessenta salários mínimos, ou que o direito controvertido tenha valor econômico de igual patamar. Se a matéria deduzida comporta reexame obrigatório, e o juiz apenas envia os autos pelo recurso voluntário, cabe ao tribunal conhecer, de ofício da remessa obrigatória. RECURSOS VOLUNTÁRIOS AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA - AGENTE DE AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS - REGIME DE REVEZAMENTO (24 X 72 HORAS) - PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA AFASTADA PRESCRIÇÃO TRIENAL AFASTADA ADICIONAL NOTURNO DEVIDO HORAS EXTRAS INDEVIDAS ADICIONAL DE INSALUBRIDADE INDEVIDO SETENÇA MANTIDA RECURSOS IMPROVIDOS. Se nos autos se encontram elementos suficientes para a formação do convencimento do magistrado, não há falar que o julgamento antecipado da lide se configure em cerceamento de defesa. É firme o entendimento de que, por se tratar de cobrança de dívida em desfavor da Fazenda Pública, aplica-se o art. 1º do Decreto n /32, que expressamente prevê o prazo prescricional quinquenal, a qualquer direito ou ação contra a Fazenda Pública, seja qual for a sua natureza, contados da data do ato ou fato do qual se originara. "É devido o adicional de serviço noturno ainda que sujeito ao regime de revezamento. (Súmula 213 do STF). Trabalhando o autor em sistema de revezamento, isto é trabalhando ininterruptamente por 24h e folgando 72h, não se aplica a ele a regra de pagamento às horas extraordinárias que ultrapassem a 8ª hora diária ou 40ª hora semanal, que comumente se aplica ao servidor que possui jornada diária de 6 ou 8h diárias, com folgas aos finais de semana. O adicional de insalubridade, não se trata de gratificação associada ao cargo, mas depende de certas condições a que o servidor encontra-se exposto, a serem aferidas e que não pode ser cumulada 2

3 com qualquer outro adicional, como por exemplo, o adicional de risco de vida, que foi integrado à remuneração. 2. O Agravante afirma ter o Tribunal de origem contrariado os arts. 37, inc. X, e 39, 9º, da Constituição da República. Assevera que os agentes de atividades penitenciárias cumprem a jornada de 40 (quarenta) horas semanais em regime de plantão de 24 (vinte e quatro) por 72 (setenta e duas horas). Nesse toar não há que se falar, em virtude da escala de revezamento, em pagamento do instituto do adicional noturno. 3. O recurso extraordinário foi inadmitido sob os fundamentos de que a contrariedade à Constituição, se tivesse ocorrido, seria indireta e de incidência da Súmula n. 279 do Supremo Tribunal. Examinados os elementos havidos no processo, DECIDO. 4. O art. 544 do Código de Processo Civil, com as alterações da Lei n /2010, estabeleceu que o agravo contra inadmissão de recurso extraordinário processa-se nos autos do recurso, ou seja, sem a necessidade de formação de instrumento, sendo este o caso. Analisam-se, portanto, os argumentos postos no agravo, de cuja decisão se terá, na sequência, se for o caso, exame do recurso extraordinário. 5. Razão jurídica não assiste ao Agravante. 6. O Desembargador Relator decidiu: Segundo o Estado de Mato Grosso do Sul o apelado não faz jus ao pagamento do adicional noturno, horas extras e demais verbas pleiteadas, pois o regime de prestação de serviço em escala, incluído o turno noturno e o trabalho realizado em horários irregulares, dias úteis, feriados e finais de semana, por si só não justifica a procedência 3

4 do pedido, pois em consonância com esse regime especial o autor tem devidamente assegurado o intervalo de descanso de 72 (setenta e duas) horas, exatamente para compensar o desgaste pelo desempenho de atividades na situação descrita, sendo incabível a concessão do adicional noturno. Além disso, já recebe o adicional de função, que de acordo com a legislação aplicável, tem como objetivo retribuir as peculiaridades do cargo, especialmente o trabalho realizado em escalas e em horários irregulares, e as condições de risco de vida ou de saúde. Além disso, o 2º do art. 4º da Lei n /03 veda expressamente a percepção cumulativa do adicional de função com vantagens de idêntico fundamento, como é o caso do adicional noturno, horas extras e adicional de insalubridade, já que os fundamentos para a concessão de tais verbas são idênticos àquelas que motivam a concessão do adicional de função. Menciona que, a partir da edição da Lei n , de 15 de maio de 2008, o apelado passou a ser remunerado exclusivamente por subsídio, fixado em parcela única, sendo vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória. Requer a manifestação dos dispositivos pertinentes. Com relação ao adicional noturno, a Constituição Federal, em seu art. 39, 3º prevê que os servidores ocupantes de cargos públicos, de acordo com o art. 7º, IX, tem direito à remuneração do trabalho noturno superior a remuneração do trabalho diurno. O Estatuto do Servidor Público, em seus artigos 105 e 117, também prevê: ( ) A Lei 3.519/2008, por sua vez também prevê o pagamento do referido adicional, veja-se: (...) Conclui-se, dessa forma, que o período de folga de 72 (setenta e duas) horas não impede o direito do servidor ao recebimento do adicional noturno, pois que visa compensar o esforço anormal do servidor fora das condições normais de expediente. ( ) Assim, quanto a essa questão, não merece reforma a sentença (grifos nossos). 4

5 A apreciação do pleito recursal demandaria análise prévia da legislação local aplicável à espécie (Lei n /2008) e da federal (Lei n /1990). A alegada ofensa constitucional, se tivesse ocorrido, seria indireta, o que inviabiliza o processamento do recurso extraordinário. Incide, na espécie, a Súmula n. 280 do Supremo Tribunal Federal: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO. POLICIAL CIVIL. ADICIONAL NOTURNO. IMPOSSIBILIDADE DA ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO LOCAL. OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 280 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO (AI AgR, de minha relatoria, Primeira Turma, DJe ). Responsabilidade civil. Responsabilidade objetiva do Estado. Art. 37, 6º. Elementos e exclusão. Aplicação da súmula 279. Agravo regimental improvido. Não se admite, em recurso extraordinário, alegação de ofensa que, irradiando-se de má interpretação, aplicação, ou, até, de inobservância de normas infraconstitucionais, seria apenas indireta à Constituição da República, nem tampouco de violação que dependeria de reexame prévio de provas. 2. RECURSO. Extraordinário. Inadmissibilidade. Jurisprudência assentada. Ausência de razões consistentes. Decisão mantida. Agravo regimental improvido. Nega-se provimento a agravo regimental tendente a impugnar, sem razões consistentes, decisão fundada em jurisprudência assente na Corte (RE AgR, Relator o Ministro Cezar Peluso, Segunda Turma, DJe ). Nada há a prover quanto às alegações do Agravante. 7. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo (art. 544, 4º, inc. II, al. a, do Código de Processo Civil e art. 21, 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal). 5

6 Publique-se. Brasília, 3 de abril de Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora 6