Nº /2015 PGR-RJMB

Transcrição

1 Nº /2015 PGR-RJMB - Eletrônico Relator: Ministro Luís Roberto Barroso Agravante: Simone Sandes Soares Agravado: Distrito Federal RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PREVI- DENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SERVI- DOR PÚBLICO. PROVENTOS INTEGRAIS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 279. OFENSA MERAMENTE REFLEXA AO TEXTO CONSTITUCIONAL. 1. Não é possível o conhecimento do agravo que deixa de impugnar especificamente cada um dos fundamentos suficientes da decisão agravada, tendo a agravante limitado-se a reiterar as razões do recurso extraordinário. Precedente. 2. É inviável o conhecimento do recurso extraordinário quando necessário o revolvimento de fatos e provas, a teor da Súmula 279 do STF, como na hipótese em que o acolhimento da pretensão recursal exige o reexame do contexto fático assentado no acórdão recorrido para concluir que a agravante, servidora pública aposentada, possui doença especificada em lei para fins de obtenção de aposentadoria por invalidez com proventos integrais, nos moldes do art. 40, 1º, I, da Constituição Federal. 3. É cabível o pagamento aos servidores públicos aposentados por invalidez de proventos integrais apenas se a doença ensejadora da incapacidade for prevista em lei, nos moldes do art. 40, 1º, I, da CF/88. Precedente com repercussão geral reconhecida (RE RG/MT Tema 524). 4. Parecer pelo não conhecimento, caso conhecido, desprovimento do agravo.

2 Trata-se de agravo nos próprios autos, interposto na forma do art. 544 do CPC, com a redação da Lei /10, contra decisão (fls. 202/205) que inadmitiu o recurso extraordinário, com fundamento na ofensa meramente reflexa ao texto constitucional e na incidência da Súmula 279 do STF. Sustenta a agravante, servidora pública distrital aposentada por invalidez, ter a Turma Recursal de origem, ao não haver reconhecido o seu direito de receber proventos integrais, mas apenas proporcionais ao tempo de serviço, contrariado os arts. 1º, III, 5º, LV, e 40, 1º, da Constituição Federal. Contraminuta apresentada (fls. 226/237). Vieram os autos à Procuradoria-Geral da República. Em síntese, são os fatos de interesse. O Presidente da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal negou seguimento ao recurso extraordinário da ora agravante com fundamento na ofensa meramente reflexa ao texto constitucional e na incidência da Súmula 279 do STF. No agravo, não se atacou especificamente os fundamentos da referenciada decisão, limitando-se a agravante a reiterar as razões do recurso extraordinário, repisando a tese anteriormente defendida de ofensa aos arts. 1º, III, 5º, LV, e 40, 1º, da Constituição Federal.

3 Como sabido, a jurisprudência de ambas as Turmas do Supremo Tribunal Federal é no sentido de negar seguimento ao agravo quando, como no caso, não são atacados os fundamentos da decisão que obstou o processamento do apelo extraordinário. Vale transcrever julgado da Segunda Turma: O recurso de agravo a que se referem os arts. 545 e 557, 1º, ambos do CPC, deve infirmar todos os fundamentos jurídicos em que se assenta a decisão agravada. O descumprimento dessa obrigação processual, por parte do recorrente, torna inviável o recurso de agravo por ele interposto. Precedentes. (AI AgR/BA Rel. Min. Celso de Mello, Dj 03/10/11) Dessa feita, não tendo sido atacados os fundamentos da decisão recorrida, inexiste motivação jurídica suficiente ao conhecimento do presente agravo. Caso conhecido, passa-se à análise do mérito do agravo. Cinge-se a controvérsia a respeito da possibilidade de concessão de proventos integrais à agravante, servidora pública aposentada por invalidez com proventos proporcionais ao tempo de serviço em decorrência de doença não especificada em lei. In casu, havendo a Turma Recursal de origem concluído ter a aposentadoria por invalidez da ora agravante sido causada por 'transtorno depressivo, episódio atual leve', doença não especificada em lei (fl. 144), modificar tal conclusão demandaria o reexame do conjunto fático-probatório dos autos, bem como a análise da legislação infraconstitucional aplicável à espécie, o que é inviável em

4 recurso extraordinário, por incidência da Súmula 279 do STF e ante a ofensa meramente reflexa ao texto constitucional. Além disso, o Supremo Tribunal Federal, além de reconhecer no RE RG/MT (Tema 524) a existência de repercussão geral na matéria, reafirmou sua jurisprudência no sentido de que os proventos integrais somente são cabíveis caso a doença motivadora da aposentadoria por invalidez do servidor público seja decorrente de doença prevista em lei, nos moldes do art. 40, 1º, I, da CF/88. Transcreve-se o teor da ementa do aludido julgado: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM PROVENTOS INTEGRAIS. ART. 40, 1º, I, DA CF. SUBMISSÃO AO DISPOSTO EM LEI ORDINÁRIA. 1. O art. 40, 1º, I, da Constituição Federal assegura aos servidores públicos abrangidos pelo regime de previdência nele estabelecido o direito a aposentadoria por invalidez com proventos proporcionais ao tempo de contribuição. O benefício será devido com proventos integrais quando a invalidez for decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei. 2. Pertence, portanto, ao domínio normativo ordinário a definição das doenças e moléstias que ensejam aposentadoria por invalidez com proventos integrais, cujo rol, segundo a jurisprudência assentada pelo STF, tem natureza taxativa. 3. Recurso extraordinário a que se dá provimento. (RE , Rel. Min. Teori Zavascki, Tribunal Pleno, DJe grifou-se)

5 Ante o exposto, opina a PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA pelo não conhecimento e, caso conhecido, pelo desprovimento do agravo. Brasília (DF), 24 de novembro de Rodrigo Janot Monteiro de Barros Procurador-Geral da República vf