PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO. Apelação Cível n.º AC PE

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Rui João Lucas Castelhano Mirandela
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1 APTE : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL ADV/PROC : JUSSARA MARIA LEITE LEAL E PAIVA E OUTROS APDO : RENATO DOS SANTOS ADV/PROC : MARIA LUCIMAR DA SILVA CAVALCANTE REMTE : JUIZO FEDERAL DA 8A VARA - PETROLINA/PE ORIGEM : 8A VARA DE PETROLINA/PE RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA (CONVOCADO) R E L A T Ó R I O O SR. (CONVOCADO): DES. FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA Trata-se de remessa oficial e apelação cível interposta pelo INSS contra sentença que o condenou a conceder a aposentadoria especial, pleiteada pela parte autora RENATO DOS SANTOS, desde a data do requerimento administrativo ( ), bem como ao pagamento das parcelas vencidas a contar daquela data, acrescidas de correção monetária e juros de mora de 0,5% ao mês, observando-se, quanto ao valor da renda mensal inicial, as disposições legais que vigiam à época. Condenou-o, ainda, ao pagamento dos honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da condenação. O INSS insurge-se contra o decisum, alegando que a atividade exercida pelo postulante não se enquadra nos anexos I e II do regulamento aprovado pelo Decreto nº /79, o qual especifica as atividades consideradas especiais, a justificar a concessão do benefício pleiteado. recurso. Nas contra-razões, o(a) apelado(a) pugna pelo improvimento do RELATEI.

FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA Trata-se de remessa oficial e apelação cível interposta pelo INSS contra sentença que o condenou a conceder a aposentadoria especial, pleiteada pela parte autora RENATO

2 V O T O O SR. DES. FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA (CONVOCADO): Pretendeu o autor a concessão da aposentadoria especial em virtude de ter exercido durante mais de 25 anos a atividade de frentista/bombeiro em postos de gasolina, período este, durante o qual, esteve sujeito a condições especiais consideradas prejudiciais à saúde e à integridade física, nos termos da Lei nº 8.213/91 e do Decreto nº 611/92, com efeitos retroativos à data do requerimento administrativo. Alega o INSS, em resumo, que o autor não comprovou adequadamente a exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação desses agentes para que tivesse direito ao benefício requerido, assim como a atividade por ele exercida não fora enquadrada nos anexos I e II do regulamento aprovado pelo Decreto nº /79. Observo que o cerne da questão está em se reconhecer ou não o tempo em que o autor trabalhou na condição de frentista/bombeiro como especial, ou seja, se esteve o mesmo sujeito a condições especiais que lhe prejudicassem a saúde ou integridade física, ensejadoras da aposentadoria especial, desde que atendidos os demais requisitos. O Decreto nº 611, de , dispôs que, até que fosse promulgada a lei de que tratava o art. 58 da Lei nº 8.213/91, seriam utilizados os anexos I e II do Decreto nº /79 e o anexo do Decreto nº /64 para fins de concessão de aposentadoria especial ou conversão do tempo especial em comum. Convém ressaltar, inicialmente, que a presunção legal de insalubridade, periculosidade e penosidade, não alcança as atividades estranhas aos Decretos nº /64 e /79, havendo necessidade, nesse caso, de se comprovar a efetiva exposição aos agentes agressivos para que o segurado tenha direito a concessão do respectivo benefício.

gasolina, período este, durante o qual, esteve sujeito a condições especiais consideradas prejudiciais à saúde e à integridade física, nos termos da Lei nº 8.

3 Assim, para fins de concessão de aposentadoria especial, não se pode admitir, com base em meras suposições, que o segurado, cuja atividade não se encontra prevista nos decretos acima citados, esteve sujeito a quaisquer daquelas condições, tornando-se indispensável a prova da efetiva exposição aos agentes capazes de lhe prejudicar a saúde ou a integridade física. Compulsando os autos, verifica-se que o autor trouxe à colação documentos de fls. 15/v/19, a demonstrar que, no período de a , equivalente a 05 anos, 10 meses e 04 dias, esteve vinculado à empresa Indústrias Coelho S.A., exercendo as funções de servente e de operador de solvente, tendo ficado exposto durante todo o período a agentes agressivos tais como: calor, poeira, alta temperatura e ruídos de até 95 décibeis, de modo habitual e permanente; às fls.11/14/v e 17, observa-se, também, que o vínculo com a referida empresa foi mantido, no período de a , correspondente a 17 anos, 08 meses e 19 dias, durante o qual exerceu a atividade de bombeiro, vindo a submeter-se à ação, de modo habitual e permanente, a calor, poeira e substância inflamável. Constata-se, ainda, que o peticionário vinha executando a função de lavador de veículos, junto à empresa Joalina Transportes Ltda., desde até o dia em que foi lavrado o laudo da perícia técnica, em , acostado aos autos às fls. 49/50, do qual consta a informação de que o serviço é realizado sob condições de insalubridade em face da exposição do autor às substâncias nocivas à saúde, tais como: óleo, detergente e sabão. Note-se, que o INSS, ora apelante, ao se pronunciar às fls. 64/65, não contestou o fato de o peticionário ter trabalhado em ambientes insalubres e/ou periculosos, nem impugnou quaisquer dos documentos, dos laudos periciais juntados ao processo. À luz do anexo do Decreto nº /64 e do anexo IV do Decreto nº 3.048/99, é possível enquadrar as substâncias, a que esteve exposto o peticionário, na classificação dos agentes nocivos à saúde e à integridade física neles contidas. De acordo com o primeiro diploma legal citado, tem-se o calor e o ruído, identificados como agentes físicos, sob os códigos e 1.1.6, respectivamente; a substância inflamável, no caso, a gasolina, como agente químico, sob o código , e o sabão e detergente, na modalidade de outras ocupações qualificadas, sob o código No tocante à identificação dos referidos agentes, com base no Decreto nº 3048/99, adoto a análise do ilustre sentenciante, às fls. 75:

Compulsando os autos, verifica-se que o autor trouxe à colação documentos de fls. 15/v/19, a demonstrar que, no período de 01.09.67 a 05.07.

4 O Código , do citado anexo IV, do Decreto nº 3.048/99, classifica, como agente nocivo à saúde, a exposição a petróleo, gás natural e seus derivados, dentre eles os hidrocarbonetos policíclicos. No item XIII do anexo II, do mesmo Decreto, consta, como agente causador de doenças profissionais, os hidrocarbonetos alifáticos ou aromáticos. Quanto aos agentes físicos a que o postulante esteve exposto (altas temperaturas e ruído), dispõe o já citado anexo IV que são agentes nocivos à saúde o ruído acima de 90 decibéis e temperaturas anormais. Assim, verifica-se que, até a data do requerimento administrativo, considerado pelo douto Magistrado a quo, como tendo sido o formulado em , de acordo com o documento às fls. 32, e não o indicado pelo autor, janeiro/94, conforme protocolo às fls. 38, a soma do tempo de serviço, prestado em condições especiais, a justificar a concessão do benefício, totalizou o período 25 anos, 07 meses e 29 dias (05 anos, 10 meses e 04 dias-servente e operador de solvente + 17 anos, 08 meses e 19 diasfrentista + 2 anos 01 mês e 6 dias- lavador de veículo), tempo este superior aos 25 anos exigidos pelo art. 57 da Lei 8213/91. Comprovado, pois, o tempo de serviço em condições especiais, há de se reconhecer ao postulante, a partir da data do requerimento administrativo, o direito ao benefício pleiteado, com o valor da renda mensal inicial fixado nos moldes do art. 57, 1º, da Lei nº 8.213/91, e não pelo maior salário do período como requereu o segurado, bem como ao pagamento das prestações vencidas, com correção monetária e juros moratórios. No tocante, porém, aos juros moratórios, há de ser reformada a v. sentença para que eles sejam fixados, a teor da Súmula nº 204-STJ, a partir da citação e não do vencimento de cada uma das parcelas devidas, conforme foi determinado pelo decisum. Isto posto, nego provimento à apelação e dou parcial provimento à remessa oficial tão-somente para fixar o termo inicial dos juros moratórios a partir da citação. ASSIM VOTO.

Quanto aos agentes físicos a que o postulante esteve exposto (altas temperaturas e ruído), dispõe o já citado anexo IV que são agentes nocivos à saúde o ruído acima de 90 decibéis e temperaturas

5 APTE : INSS INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL ADV/PROC : JUSSARA MARIA LEITE LEAL E PAIVA E OUTROS APDO : RENATO DOS SANTOS ADV/PROC : MARIA LUCIMAR DA SILVA CAVALCANTE ORIGEM : JUÍZO FEDERAL DA 8ª VARA PETROLINA/PE RELATOR : O SR. DES. FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA (CONVOCADO) INICIO EMENTA EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. FRENTISTA. ATIVIDADE NÃO ELENCADA NOS DECRETOS Nº /64 E /79. NECESSIDADE DE PROVA DA EXPOSIÇÃO AOS AGENTES NOCIVOS. RMI DO BENEFÍCIO CALCULADA NOS TERMOS DO ART. 57, 1º DA LEI Nº 8.213/91. JUROS MORATÓRIOS. TERMO INICIAL. SÚMULA Nª 204-STJ. I A aposentadoria especial é devida ao segurado que, além de cumprir a carência exigida, tenha trabalhado em condições especiais consideradas prejudiciais à saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme disposto em regulamento, nos termos do art. 57 da Lei nº 8.213/91. II Ao tratar da Lei nº 8.213/91, o Decreto nº 611/92 estabeleceu que, até que fosse editada lei dispondo sobre as atividades profissionais tidas como prejudiciais à saúde e à integridade física, seriam utilizados os anexos dos Decretos nº /64 e /79 para fins de concessão de aposentadoria especial. III Para contagem do tempo de serviço prestado em atividade especial prevista nos decretos supracitados, antes do advento da Lei nº 9.032/95, de forma habitual e permanente, desnecessária é a prova da efetiva exposição aos agentes agressivos, tendo em vista a presunção estabelecida por lei. IV - Não estando a atividade indicada em regulamento, necessária se faz a prova da efetiva exposição aos agentes nocivos para que o mesmo tenha direito à aposentadoria especial, desde que alcançado o tempo mínimo necessário. V A renda mensal inicial do benefício será calculada de acordo com os termos do 1º, do art. 57 da Lei nº 8.213/91. VI O termo inicial para a fixação dos juros de mora, a teor da Súmula nº 204-STJ, é a citação válida. Apelação improvida e remessa oficial parcialmente provida.

831/64 E 83.080/79. NECESSIDADE DE PROVA DA EXPOSIÇÃO AOS AGENTES NOCIVOS. RMI DO BENEFÍCIO CALCULADA NOS TERMOS DO ART. 57, 1º DA LEI Nº 8.213/91. JUROS MORATÓRIOS. TERMO INICIAL. SÚMULA Nª 204-STJ.

6 ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Primeira Turma do Egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação e dar parcial provimento à remessa oficial, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que integram o presente julgado. Recife, 04 de setembro de 2003 (data do julgamento). FIM EMENTA Desembargador Federal ROGÉRIO FIALHO MOREIRA (Relator Convocado)

remessa oficial, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que integram o presente

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