4. Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório.
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- Marcelo Malheiro Igrejas
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1 PROCESSO Nº: APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO 1. Trata-se apelação manejada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba em face de sentença que concedeu a segurança determinando a efetivação da matrícula da impetrante como aluna do curso técnico em Informática integrado ao ensino médio, submetida a seleção por cota de egressos de escola pública, apesar de ter cursado o 2º e 3º ano do Ensino Fundamental I em escola particular. 2. No presente recurso, requer o apelante a reforma do julgado sustentando, em síntese, as seguintes razões: (i) não podem concorrer às vagas destinadas aos cotistas egressos exclusivamente do ensino fundamental público os que tiverem em qualquer momento estudado em instituições privadas de ensino; (ii) violação à Lei /2012; (iii) inexistência de direito líquido e certo à relativização de norma editalícias que não padecem de qualquer ilegalidade; e, (iv) dever de observância dos limites do controle de legalidade do ato administrativo.. 3 Sem contrarrazões. 4. Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório. 5. É este o relatório. PROCESSO Nº: APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO
2 1. A questão meritória trazida aos autos refere-se à possibilidade de incluir (ou não) a apelada como beneficiária do sistema de cotas para o acesso às vagas do IFPB, usando como critério o cumprimento do ensino fundamental em escola pública da rede federal, estadual ou municipal, embora tenha cursado os dois anos do ensino fundamental como bolsista em instituição da rede privada de educação. 2. A jurisprudência assente neste TRF já sedimentou o entendimento de considerar possível tal caracterização apenas para os alunos que efetivamente cumpriram o ensino fundamental em escola pública da rede federal, estadual ou municipal. 3. A menção, contida no Edital, à conclusão integral na rede pública tem como finalidade evidente o combate a eventuais burlas ao sistema de cotas, pois um aluno bem preparado, que cursou todas as séries do ensino médio em escolas particulares, poderia pleitear vaga porque obteve a benesse de ser dispensado do pagamento das mensalidades, quer seja como resultado de atividade filantrópica da instituição (como no caso dos autos), quer seja em decorrência de relações de parentesco (por exemplo, filhos de professores, funcionários e até de proprietário da escola), o que não pode ser equiparado ao caso daqueles que efetivamente estudaram em instituições públicas, principalmente para fins de integrar as chamadas cotas que tem classificação diferenciada no certame e fazer jus ao benefício concedido. 4. A respeito, vale trazer à colação os seguintes precedentes cuja fundamentação também passo a adotar como razões de decidir: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. MATRÍCULA EM INSTITUTO FEDERAL DE ENSINO. SISTEMA DE COTAS. CANDIDATO QUE ESTUDOU PARTE DO ENSINO FUNDAMENTAL EM ESCOLA PARTICULAR, MANTIDA POR INSTITUIÇÃO FILANTRÓPICA. NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS. LEI /2012. APELAÇÃO. IMPROVIMENTO. 1. A finalidade da política de cotas é a de proporcionar aos alunos egressos de escolas públicas, em sua grande maioria população de baixa renda, condições de ingresso em cursos, de nível técnico ou superior, ofertados pela rede pública de ensino, de modo a se promover a isonomia em relação aos demais candidatos da rede particular. 2. Frequentar o ensino fundamental em estabelecimento de ensino particular implica acesso a ensino de melhor qualidade, em comparação àqueles estudantes que frequentaram integralmente o fundamental em escola pública municipal ou estadual. 3. No caso, ainda que o autor, ora recorrente, tenha frequentado apenas os dois primeiros anos do ensino fundamental em estabelecimento particular precário, mantido por entidade filantrópica, não se pode afirmar que a ausência de recursos e o caráter filantrópico interferiram na qualidade do ensino ofertado, ao ponto de se igualar ao ensino das escolas públicas municipais ou estaduais. Logo, não se pode considerar o apelante como cotista egresso de escola pública, tendo ele estudado parte do ensino fundamental em escola particular, sob pena de constituir afronta ao sistema de cotas e ao objeto das políticas públicas afirmativas. 4. Apelação improvida. (PJE: , AC/PB, RELATOR: DESEMBARGADOR
3 FEDERAL EDÍLSON NOBRE, Quarta Turma, JULGAMENTO: 26/05/2015). ADMINISTRATIVO. PROCESSO SELETIVO. IFPE. SISTEMA DE COTAS. ALUNO BOLSISTA DE ESCOLA PARTICULAR. VEDAÇÃO À CONCORRÊNCIA. 1. Trata-se de apelação interposta de sentença que julgou improcedente o pedido, qual seja, o de matrícula do autor no IFPE, no curso de Eletrônica, em vaga destinada ao sistema de cotas, por ser aluno bolsista de instituição particular. 2. O pressuposto que legitima a política de cotas é o de que o ensino público possui uma qualidade inferior ao ensino privado, sendo injusto para o estudante que frequentou uma escola pública concorrer para o ingresso numa instituição superior de ensino em igualdade de condições com um estudante que esteve matriculado numa escola da rede privada. Portanto, o objetivo das cotas é o neutralizar ou, pelo menos, amenizar a situação de desvantagem daqueles que cursaram o ensino médio e fundamental em escolas públicas. 3. Se o candidato frequentou escola particular, mesmo na condição de hipossuficiente, beneficiou-se com o ensino de melhor qualidade e, por tal motivo, não pode ser equiparado ao egresso da rede pública. Precedente do STJ: AgRg no REsp /PB, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA, julgado em 20/05/2014, DJe 20/06/2014. Apelação improvida. (PJE: , AC/PE, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ MARIA LUCENA, Primeira Turma, JULGAMENTO: 27/11/2014) ADMINISTRATIVO. UNIVERSIDADE FEDERAL. SISTEMA DE COTAS. ENSINO FUNDAMENTAL CURSADO PARCIALMENTE COMO BOLSISTA EM ESCOLA PARTICULAR. IMPOSSIBILIDADE. 1. O Edital do certame é claro quando estabelece como requisito para a obtenção do benefício a conclusão de todas as três séries do ensino médio e de, pelo menos, quatro anos do ensino fundamental em escolas públicas; 2. Tendo o autor uma das sérias do ensino fundamental em escola particular, ainda que como bolsista, não faz jus à vaga destinada a cotistas;
4 3. Apelação e remessa oficial providas. (PJE: , AC/PB, RELATOR P/ ACÓRDÃO: DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA, Segunda Turma, JULGAMENTO: 24/03/2015). 5. In casu, do que se colhe da documentação acostada aos autos, a impetrante estudou o 2º e 3º anos em escola particular, qual seja, o Centro Educacional Lírios do Vale, na Cidade de Ingá-PB, não satisfazendo as regras editalícias para ingresso no curso técnico em Informática por seleção via cota de egressos de escola pública. Não há, pois, direito líquido e certo a ser amparado, sob pena de afrontamento ao sistema de cotas e ao objeto das políticas públicas afirmativas. 6. Diante do exposto, dou provimento à apelação e à remessa oficial para denegar a segurança. 7. É como voto. PROCESSO Nº: APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO E REMESSA OFICIAL. REALIZAÇÃO DE MATRÍCULA. IFPB. APROVAÇÃO NO PROCESSO SELETIVO DENTRO DO REGIME DE COTAS. DOIS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL CURSADO COMO BOLSISTA EM ESTABELECIMENTO DE ENSINO PARTICULAR. IMPOSSIBILIDADE. 1. Trata-se apelação manejada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba em face de sentença que concedeu a segurança determinando a efetivação da matrícula da impetrante como aluna do curso técnico em Informática integrado ao ensino médio, submetida a seleção por cota de egressos de escola pública, apesar de ter cursado o 2º e 3º ano do Ensino Fundamental I em escola particular. 2. A finalidade da política de cotas é a de proporcionar aos alunos egressos de escolas públicas, em sua grande maioria população de baixa renda, condições de ingresso em cursos, de nível técnico ou superior, ofertados pela rede pública de ensino, de modo a se
5 promover a isonomia em relação aos demais candidatos da rede particular. 3. Impossibilidade de incluir a apelada como beneficiária do sistema de cotas para o acesso às vagas do IFPB, usando como critério o cumprimento do ensino fundamental em escola pública da rede federal, estadual ou municipal, posto que a mesma cursou dois anos do ensino fundamental como bolsita em instituição da rede privada de educação, qual seja, o Centro Educacional Lírios do Vale, na Cidade de Ingá-PB. 4. "Se o candidato frequentou escola particular, mesmo na condição de hipossuficiente, beneficiou-se com o ensino de melhor qualidade e, por tal motivo, não pode ser equiparado ao egresso da rede pública." Precedente: PJE: , AC/PE, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ MARIA LUCENA, Primeira Turma, JULGAMENTO: 27/11/ Demais precedentes deste TRF5: PJE: , AC/PB, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL EDÍLSON NOBRE, Quarta Turma, JULGAMENTO: 26/05/2015 e PJE: , AC/PB, RELATOR P/ ACÓRDÃO: DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA, Segunda Turma, JULGAMENTO: 24/03/ Inexistência de direito líquido e certo sob pena de afrontamento ao sistema de cotas e ao objeto das políticas públicas afirmativas. 7. Apelação e remessa oficial providas para denegar a segurança. Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima mencionadas, ACORDAM os Desembargadores Federais da Primeira Turma do TRF da 5a. Região, por unanimidade, em dar provimento à apelação e à remessa oficial, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte do presente julgado.
3. Efeito suspensivo indeferido, tendo sido apresentado agravo
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