PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: XXX ACÓRDÃO

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1 ACÓRDÃO Registro: XXX Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº XXXXXX , da Comarca de São Bernardo do Campo, em que é apelante BROOKFIELD SÃO PAULO EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S.A, são apelados ALEXANDRE (OMITIDO) e outra. ACORDAM, em 9ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ALEXANDRE LAZZARINI (Presidente sem voto), JOSÉ APARÍCIO COELHO PRADO NETO E PIVA RODRIGUES. São Paulo, 23 de junho de Lucila Toledo RELATORA Assinatura Eletrônica

2 APELAÇÃO Nº XXXXXX COMARCA: SÃO BERNARDO DO CAMPO / 9ª VARA CÍVEL APTE.: BROOKFIELD SÃO PAULO EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S/A APDOS.: ALEXANDRE (OMITIDO) E OUTRA LEGITIMIDADE PASSIVA PRELIMINAR AFASTADA ANTERIORMENTE AUSÊNCIA DE RECURSO NO MOMENTO OPORTUNO PRECLUSÃO SENTENÇA QUE CONDENOU A RÉ A DEVOLUÇÃO DE VALORES REFERENTE COMISSÃO DE CORRETAGEM E TAXA SATI E A RESTITUIÇÃO DE 90% DA TOTALIDADE DOS VALORES DESEMBOLSADOS NO PREÇO DA VENDA COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA - AÇÃO DE RESOLUÇÃO AJUIZADA PELO COMPROMISSÁRIO COMPRADOR POSSIBILIDADE SÚMULA 1 DESTE TRIBUNAL - DEVOLUÇÃO DE 90% DAS PARCELAS PAGAS PARA MANUTENÇÃO DO EQUILIBRIO ENTRE AS PARTES COMISSÃO DE CORRETAGEM RECIBOS QUE ATRIBUEM A OBRIGAÇÃO À PROMITENTE VENDEDORA DEVOLUÇÃO DEVIDA SENTENÇA MANTIDA NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO. A ré insurge-se contra sentença a fls. 278, cujo relatório adoto, que julgou procedente o pedido para condená-la a pagar ao autor os valores desembolsados a título de comissão de corretagem e 2

3 de assessoria técnico imobiliária, sem qualquer desconto e para restituir 90% da totalidade dos valores desembolsados no preço da venda. passiva. Insiste na preliminar de ilegitimidade No mérito, sustenta que o apelante tinha ciência das condições, assinou os contratos que estipulam corretamente a forma de pagamento, os valores e respectivos vencimentos. Alega que o apelante não justifica de forma plausível o motivo pelo qual pretende rescindir os contratos, não podendo ser prejudicada pela rescisão injustificada. Diz que o contrato faz lei entre as partes. Frisa que a recorrida sempre soube da obrigatoriedade no pagamento da comissão de corretagem (fls.288/297). Em contrarrazões o autor sustenta a 3

4 lisura da sentença e requer o prequestionamento expresso e literal de toda a matéria recursal (fls.303/312). É o relatório. A alegação de ilegitimidade passiva foi afastada pelo MM. Juiz da causa na decisão a fls. 213, da qual não houve recurso, de modo que preclusa a preliminar. Analiso o mérito. As partes celebraram compromisso de compra e venda de imóvel no valor de R$ ,68, em 17 de abril de 2010 (fls. 39/43 e 157/160). Os autores pagaram 06 parcelas (fl.15/16), mais os valores referente a comissão de corretagem e taxa SATI (fls.75/76) e, desistiram da avença (fl.14). Ajuizaram a presente 4

5 ação objetivando a rescisão contratual e a restituição das quantias pagas. Nos termos das Súmulas de 1, 2 e 3 deste Tribunal, o compromissário comprador de imóvel, mesmo inadimplente, pode pedir a rescisão do contrato e reaver as quantias pagas. Reconhecido que o compromissário comprador tem direito à devolução das parcelas pagas por conta do preço, as partes deverão ser repostas ao estado anterior, ressalvada a possibilidade de aplicação de redutor, para manutenção do equilíbrio entre as partes. Conforme bem analisado pelo magistrado sentenciante, o compromisso de compra e venda será declarado extinto na modalidade de resolução, operando os efeitos da extinção retroativamente à época da celebração da avença, retornando as partes ao status quo ante. Os valores desembolsados a título de entrada 5

6 constituem princípio de pagamento, não se tratando de arras penitenciais (artigo CC/1.916, artigo 420 CC/2.002), uma vez que não foi avençada a possibilidade de arrependimento, não havendo que se falar em perda do sinal. A cláusula 6.4 a do contrato (fl.49) estabelece que havendo o ADQUIRENTE pago até 10% do total do preço de venda receberá, em devolução, 30% (trinta por cento) do total pago a título de principal, excluídos os juros pagos, bem com excluído o valor de eventual multa. A dedução de 70% é abusiva, viola o justo equilíbrio que deve existir entre as obrigações das partes, em ofensa ao princípio da equidade. O valor correspondente a 10% do total desembolsado pelos autores no pagamento do preço afigura-se suficiente para fazer frente a todas as despesas da vendedora e servir a título de pena compensatória (cláusula 6.4), sendo indevida a retenção do percentual de 70%. Os abatimentos previstos na cláusula 6.4 do contrato nada mais são que uma tentativa grosseira de burlar o comando emergente da norma prevista no artigo 53 do 6

7 Código de Defesa do Consumidor, sendo manifesta a nulidade, também por força do disposto no artigo 51, inciso IV, do mesmo diploma legal.. Nos termos da Súmula nº 2 deste Tribunal de Justiça 1, a devolução dos valores pagos deve ser imediata e de uma só vez. Quanto a restituição dos valores pagos referente as taxas de comissão de corretagem e de assessoria técnico-imobiliária (SATI), não há nos autos contrato entre comprador e imobiliária, o que, em tese, justificaria aludida cobrança. Tampouco há cláusula expressa no compromisso de compra e venda transferindo tal encargo ao comprador. Tanto é assim que os recibos de fls.60/73 indicam expressamente que o ônus desses pagamentos seria responsabilidade da promitente 1 Súmula 2 TJSP: a devolução das quantias pagas em contrato de compromisso de compra e venda de imóvel deve ser feita de uma só vez, não se sujeitando à forma de parcelamento prevista para a aquisição 7

8 vendedora. Assim, deve a vendedora ressarcir os valores despendidos com o pagamento dessas verbas. recurso. Pelo meu voto, nego provimento ao LUCILA TOLEDO RELATORA 8