Santander Asset Management
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1 Março 2010 Santander Asset Management Brasil - Relatório Econômico e Estratégico Resumido (*) Indicadores fev 2010 Ibovespa médio ,68% no mês - 2,93% no ano IBX médio ,27% no mês - 3,09% no ano S&P ,49 + 2,85% no mês - 0,95% no ano CDI + 0,59% no mês + 1,29% no ano Índice Projeções, 1 Ecoeconomia, 2 Cenário externo, 2 Cenário Doméstico, 3 Renda Fixa e Renda Variável, 4 Disclaimer na última página Dólar = $ 1,8110-3,40% no mês + 4,01% no ano Projeções Eduardo Castro Cal Constantino Fábio Landi Ismael Orestein José Malavasi Ricardo Rossi Gestão Renda Fixa Alexandre Silvério Eduardo Calier Pedro Villani Renato Sananiello Rodrigo Villar Sidney Uejima Gestão Renda Variável & Multimercados Pedro Villani Eugênia Buosi Investimentos Socialmente Responsáveis Indicadores macroeconômicos (*) Projeções Última atualização 12/03/ MUNDO PIB crescimento real (%) 4,4 5,0 5,1 2,9 (1,1) 3,4 4,2 BRASIL PIB crescimento real (%) 3,1 3,9 6,1 5,1 (0,2) 5,7 4,5 Inflação (IPCA/IBGE) (%) 5,7 3,1 4,5 5,9 4,3 5,0 4,5 Inflação (IGPM/FGV) (%) 1,2 3,8 7,7 9,8 (1,7) 6,5 4,5 Taxa de câmbio média (R$/US$) 2,43 2,18 1,95 1,84 1,99 1,80 1,85 Taxa de câmbio final (R$/US$) 2,34 2,14 1,77 2,34 1,74 1,85 1,85 Saldo em conta corrente (US$ bi) 14,0 13,4 1,5 (28,2) (24,2) (51,4) nd Saldo comercial (US$ bi) 44,7 46,2 40,0 24,9 25,4 10,0 nd Taxa de juro nominal final do ano (Selic) 18,00 13,25 11,25 13,75 8,75 11,75 10,75 Taxa de juro nominal média (CDI) 19,00 15,03 11,76 12,31 9,88 9,74 10,24 Taxa de juro real (deflacionado pelo IPCA) 12,6 11,5 7,0 6,1 5,3 4,5 5,5 Risco Brasil (spread acima dos treasuries) Dívida pública (% do PIB) 48,0 45,9 43,9 38,8 43,0 42,7 41,3 Resultado nominal do setor público (% do PIB) (3,4) (3,5) (2,7) (1,9) (3,3) (2,8) (2,5) Resultado primário do setor público (% do PIB) (**) 3,9 3,2 3,4 3,5 2,1 3,0 3,3 (*) As áreas sombreadas são projeções. (**) Sem fundo soberano e PPI Hugo Penteado Ricardo Denadai Economia e Estratégia 1
2 Ecoeconomia O futuro pós-crise Após a horrenda crise global econômica e financeira de 2008, após uma recessão que se iniciou no final de 2007, após uma crise imobiliária nos Estados Unidos que se estende desde abril de 2006, resta saber o que vai acontecer ou o que está errado. A maior parte das medidas inéditas, exóticas e robustas tiveram como mérito evitar o precipício, reverter a recessão e iniciar uma recuperação econômica, talvez titubeante. Mesmo assim, a pergunta que ninguém quer fazer é porque beiramos o precipício? Essa pergunta é importante, para entender o motivo pelo qual veremos o precipício novamente ou iremos evitá-lo. Para responder essa pergunta, precisamos entender como as economias funcionam hoje. Toda mensuração econômica está baseada em fluxos e todo crescimento (confundido amplamente com desenvolvimento) é medido através do incremento desse fluxo ou PIB. Não olhamos estoques e um dos estoques amplamente ignorado é o dos serviços irreproduzíveis da natureza, tratado como renda, ao invés de capital. Mesmo sem essa restrição óbvia, uma das razões pela qual beiramos o precipício é que o aumento do fluxo de produção de bens e serviços só se justifica se puder ser maior no instante seguinte. A produção e a criação de empregos a ela relacionados só se justifica se puder crescer sempre. Essa é a litania de todos os economistas, como mostrou recentemente Antonio Delfim Netto em entrevista recente onde afirma que o Brasil pode crescer 7% sem problemas. Para satisfazer a demanda de um fluxo crescente de produção de bens e serviços, cuja tecnologia expulsa a mão de obra com cada vez menos empregos e renda, surgiu a expansão incansável de operações de crédito sem critério algum, transformados em ativos securitizados no sistema financeiro, cujo lastro se mostrou completamente aquém da sua realidade. A falência das famílias é a razão da crise e isso prova que precisamos inverter o eixo: a economia depende das pessoas e não o inverso e problemas como falta de estrutura social, concentração de renda e riqueza são entraves ao progresso e sua sustentação torna-se inviável. Essa não é uma visão marxista e sim neoclássica. Apesar disso, nos últimos 25 anos ou mais, o mundo se ancorou no consumo das famílias americanas e essas por sua vez, basearam-se no aumento de suas dívidas fundeadas por bolhas de todos os tipos. É de assustar que o nível de endividamento das famílias e da economia como um todo em vários países é recorde histórico, maior que o período anterior ao da Grande Depressão. Para reverter esse quadro, só forte expansão de mais empregos e mais renda e com isso quitar dívidas antigas e diminuir o impacto do processo de desalavancagem sobre os gastos, única peça-chave da estrutura econômica criada. Para produzir mais empregos e mais renda é necessário aumentar o fluxo ou o PIB, e isso tornou-se um objetivo em si mesmo, completamente tautológico. Notem que a qualidade de bem estar ligada ao crescimento econômico cai no mundo todo e a qualidade do emprego e o desenvolvimento humano não são nunca mensurados, mas a perda de liberdade e a deterioração de condições aí são notáveis. A equação não fecha. Temos um momento de recuperação global baseado em aumento de fluxos financiados por excessos de gastos do setor público num momento de elevadas dívidas sem o menor sinal de desalavancagem, exceto a transferência do problema para o setor público. A desalavancagem é inevitável e será um fator depressor do potencial futuro e pode acarretar outros problemas ainda mais graves. O curto prazo pode até ser benigno com a China como líder da retomada global e mantenedora de gastos de 2
3 infraestrutura megalomaníacos para atender as necessidades de sua enorme população. Iremos surfar na onda do mercado que até pouco antes da crise global não deu o menor sinal de percepção dos problemas e desabou inopinadamente. Não só os mercados, mas quase todos os analistas (exceções raras como Stephen Roach, Nouriel Roubini) mostravam-se completamente despreocupados com o tsunami que estava diante dos nossos olhos. Depois da crise ter evidenciado tantas falhas, ficou urgente a necessidade de revisão desse paradigma econômico, pois a economia submetida a um crescimento infinito dentro de um sistema fechado e finito como a Terra é totalmente inviável como alertam todos os cientistas. Em outras palavras, é uma colisão da qual nenhum de nós sairá vencedor e por isso todos os valores de ativos e todo progresso dependerá de revogar esse absurdo e de entender que a economia não pode ser maior que o planeta e que nossa mensuração equivocada produz os piores resultados físicos e planetários possíveis, com reveses cada vez maiores. Ou ainda ninguém se perguntou por que a nação mais rica do planeta, que representa nossos anseios de progresso, passou por esse desabamento colossal do qual saiu em frangalhos? Queremos seguir por essa mesma rota? Cenário Externo O ano de 2010 começou com um cenário róseo de recuperação global que foi ameaçado por vários eventos contrários: reforma bancária nos EUA muito dura, que eventualmente poderia intimidar mais ainda a capacidade dos bancos emprestarem dinheiro; início de aperto monetário na China sinalizado por dois aumentos nas taxas de recolhimento compulsório; sinais contraditórios sobre a estratégia de saída dos EUA; e crise da dívida soberana na Eurolândia a partir dos problemas da Grécia. A reforma bancária já caiu em esquecimento, a dificuldade de aprovar no Congresso e o pouco avanço das discussões da regra de Volker, deixam claro que esse assunto ainda irá se arrastar. A estratégia de saída da China, via aperto de crédito, juros e compulsórios, acoplada com uma flexibilização do Yuan, deverá ser bastante gradual e com o objetivo apenas de evitar excessos ou bolhas e não de impedir o cenário de forte crescimento, estimado em 9% esse ano. A China enfrenta a necessidade de diminuir o ímpeto dos investimentos e o crédito que sustentaram a economia no período pós-crise e ao mesmo tempo direcionar esforços para estimular o consumo das famílias. O governo já sabe que não conta mais com setor exportador como motor de crescimento e o estímulo à demanda das famílias e o rebalanceamento da economia da demanda externa para interna entrou definitivamente na agenda governamental. Dados claramente ruins nos Estados Unidos em áreas críticas como o setor imobiliário, mercado de trabalho, vendas de automóveis, crédito ao consumidor, etc. tornam a recuperação atual pouco sólida. Em março de 2010 o FED (Banco Central americano) irá terminar a compra de títulos hipotecários e as taxas podem subir, em junho de 2010 expira o estímulo fiscal. Para piorar, haverá uma rodada de repactuação de hipotecas problemáticas que devem aumentar a oferta de imóveis à venda. Por tudo isso, o consenso trabalha com nova rodada de queda dos preços de imóveis. 3
4 A única notícia positiva mas sujeita a incertezas é a provável ajuda dos países europeus à Grécia e com isso limitando o contágio dessa crise sobre a região. No entanto, a antecipação da reversão dos estímulos fiscais de 2011 para 2010 para atender as regras fiscais da zona do euro deve deteriorar adicionalmente o cenário econômico e continuar a desvalorizar a moeda. Cenário Doméstico Em função da deterioração da inflação no início desse ano, cuja taxa acumulada foi bem acima do esperado, de 1,5%, revisamos nossa projeção de inflação para o IPCA de 4,7% para 5,0%. Foi a segunda revisão nos números, ano passado já havíamos revisado de 4,5% para 4,7%. Excesso de demanda, mercado de trabalho em forte expansão, redução de ociosidade, tudo isso contribuiu também para revisarmos o cenário de juros. Ao invés do início do ciclo de aperto ser em abril, agora projetamos março. A atividade apresentou acomodação nos primeiros meses do ano, mas em patamares elevados, tanto de confiança quanto de vendas e produção. Muitos excessivamente otimistas falavam em crescimento acima de 6% em 2010 e essa acomodação mostra uma realidade mais compatível com nossa projeção de 5,7%. A acomodação da atividade e a não confirmação de um cenário mais robusto como muitos pensavam, não diminuiu a preocupação com inflação nem com o ciclo de juros, cujos riscos estão todos para cima (mais juros e sua antecipação). O câmbio sofreu bastante com a rodada de aversão ao risco suscitada pela crise da Grécia, cuja melhora produziu efeito contrário, recuando as taxas de quase 1,90 para abaixo de 1,80. De qualquer forma, mesmo antes da crise na Europa, já antecipávamos uma deterioração da moeda para o ano, por conta dos déficits em conta corrente crescentes. Nossa projeção é mantida em 1,85 para o final do ano. 4
5 Renda Fixa A surpresa negativa de inflação nos meses de janeiro e fevereiro refletiu na curva, que passou a precificar um ciclo maior de alta nos juros, lado a lado com uma probabilidade maior de começar em março. A reunião do COPOM de 17 de março vai pegar o mercado bem dividido, entre março e abril, para o início do ciclo de aperto. Apostamos em abril pela mudança sutil de tom do Banco Central e pela preocupante deterioração das expectativas inflacionárias, num ambiente econômico no qual a ociosidade está cada vez mais reduzida, principalmente no mercado de trabalho. A pressão no câmbio, que provocou forte desvalorização do real em janeiro, foi parcialmente revertida em fevereiro, com a diminuição da preocupação com a crise da dívida da Grécia e seu eventual contágio para outros países. Apesar da melhora do câmbio em fevereiro e eventualmente em março, não há um espaço substancial para uma apreciação forte, por conta da deterioração das contas correntes provocadas pela forte elevação das importações e em certa medida pela fraqueza das exportações. Revisões para cima de reajustes de algumas commodities podem contribuir para melhorar o saldo comercial nos próximos meses e o câmbio pode ficar de lado. Renda Variável A bolsa ficou extremamente volátil no mês de fevereiro por conta das dúvidas da crise da Grécia, mas terminou em alta de 1,7%. O cenário global de recuperação após o fim da recessão e a robusteza da China continuam dando impulso aos mercados. Com uma solução cada vez mais próxima da crise da Grécia e com um cenário de EUA fraco, com estratégia de saída tardia e com o afastamento de uma crise de dívida na Europa, além do entendimento que as políticas de aperto da China não mudam o prognóstico de forte crescimento para esse ano, devem trazer o mercado de novo para uma nova rodada de alta. As informações contidas neste documento são publicadas apenas para auxiliar os usuários, podem não ser adequadas aos objetivos de investimentos específicos, situação financeira ou necessidades individuais dos receptores e não devem ser considerados em substituição a um julgamento próprio e independente do investidor. Por ter sido baseado em informações tidas como confiáveis e de boa fé, não há nenhuma garantia de serem precisas, completas, imparciais ou corretas. As opiniões, projeções, suposições, estimativas, avaliações e eventuais preço (s) alvo(s) contidos no presente material referem-se a data indicada e estão sujeitos a alterações a qualquer tempo sem aviso prévio. Este documento não é, e não deve ser interpretado como, uma oferta de venda ou solicitação de uma oferta de compra de qualquer título ou valor mobiliário. Nem o Santander e nem qualquer sociedade por ele controlada ou a ele coligada podem estar sujeitos a qualquer dano direto, indireto, especial, secundário, significativo, punitivo ou exemplar, incluindo prejuízos provenientes de qualquer maneira, da informação contida neste material. Este material é para uso exclusivo de seus receptores e seu conteúdo não pode ser reproduzido, redistribuído publicado ou copiado de qualquer forma, integral ou parcialmente, sem a expressa autorização prévia do Santander. Fundos de investimento não contam com garantia do administrador do fundo, do gestor da carteira, de qualquer mecanismo de seguro ou, ainda, do fundo garantidor de créditos - FGC. A rentabilidade obtida no passado não representa garantia de rentabilidade futura. Para avaliação de performance de fundos de investimentos é recomendada uma análise de 12 meses, no mínimo. É recomendada a leitura cuidadosa do prospecto e regulamento do fundo de investimento pelo investidor antes de aplicar seus recursos. Este material foi elaborado em nome da Santander Asset Managemnet, e de suas sociedades controlada no Brasil, para uso exclusivo no Mercado Brasileiro, sendo destinado a pessoas físicas e jurídicas residentes no País, e está sujeito à s regras e supervisão da Comissão de Valores Mobiliários e Banco Central do Brasil. 5
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