Boa gestão, Regulação Econômica e Eficiência Setorial. Leandro Fonseca Diretor-Presidente Substituto - ANS
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1 Boa gestão, Regulação Econômica e Eficiência Setorial Leandro Fonseca Diretor-Presidente Substituto - ANS
2 Representatividade do mercado de planos privados de assistência à saúde Quase 25% da população brasileira tem plano privado de assistência médica R$ 179,3 bilhões foi a receita de contraprestações das operadoras (médico-hospitalares e odontológicas) acumulada em 12 meses até Dez/2017 (+9,9% em relação a 2016) R$ 150,6 bilhões foi a despesa assistencial das operadoras (médico-hospitalares e odontológicas) acumulada em 12 meses até Dez/2017 (+8,9% em relação a 2016) Estima-se que os gastos privados com saúde correspondam a 4,9% do PIB (gastos totais são cerca de 9% do PIB). 2
3 O setor de planos privados de saúde realizou em ,4 milhões consultas ambulatoriais 56,6 milhões consultas em pronto socorro 7,8 milhões de internações 796,7 milhões de exames complementares 69,9 milhões de terapias 3
4 Oferta de produtos e medicamentos para o cuidado à saúde Principais Atores do Mercado e Papel da ANS Prestadores (hospitais/clínicas) Oferta/provimento dos serviços de saúde Consumidor/ (Contratante ) Operadoras e seguradoras Produtores de equipamentos e medicamentos Anvisa 4 Requerimentos de segurança ANS Cobertura, acesso, precificação, solvência 4
5 Principais parâmetros legais da regulação Parâmetros para definição do produto plano de saúde Regras de cobertura (rol de coberturas assistenciais), segmentação (ambulatorial, hospitalar c/ ou s/ obstetrícia, referência) e abrangência geográfica (nacional, estadual, municipal e agrupamentos) Normas limitam as possibilidades da precificação perfeitamente ajustada ao risco, visando garantir o acesso/cobertura de pessoas de alto risco (e mitigar o cream skimming) - Rescisão unilateral Mutualismo com solidariedade intergeracional 5 Prêmio varia apenas por faixa etária Dentro do grupo etário saudáveis subsidiam menos saudáveis Entre grupos etários jovens subsidiam idosos
6 Principais parâmetros da regulação econômica Peculiaridades em relação a outros tipos de seguro Semelhanças: Captação de recursos das famílias e empresas e administração destes recursos em regime mutualista Necessidade de provisões e gestão de risco para honrar coberturas contratadas de sinistros Diferenças: Probabilidade maior de sinistros Sem limite financeiro Cobertura variável e incorporação de novas tecnologias em saúde 6
7 Principais parâmetros da regulação econômica Regras de garantias e de intervenção Constituição de garantias financeiras: provisões técnicas e ativos garantidores Regras de capital: PMA e margem de solvência Poder/dever de intervenção Direção Fiscal Alienação compulsória de carteira Cancelamento de registro Liquidação extrajudicial 7
8 Principais parâmetros da regulação econômica Objetivos principais: mitigar o risco de insolvência e promover a sustentabilidade da assistência médica Risco Sistêmico Hospitais/Laboratórios Sobrecarga do Sistema Público Risco de Insolvência 8 Concentração Necessidade de Defesa da Concorrência Beneficiário Risco de ficar sem assistência
9 Impacto da regulação econômica na gestão da OPS Competências em diferentes dimensões Subscrição Determinação de riscos e prêmios aceitáveis Comercialização Força de vendas (própria ou terceirizada) Serviços de saúde Gestão (de risco; financeira; comercial; operacional; assistencial; da rede; de custos; de acesso; de comunicação; da saúde dos beneficiários) Prestados direta ou indiretamente (rede própria, credenciada ou referenciada) 9
10 Mercado pelo Lado da Demanda Evolução da Quantidade de Beneficiários (em milhões) ,8 49,4 50,4 49,3 47,7 47, , , ,5 19,6 20,3 21, ,6 11,1 2,6 5,3 dez/00 dez/04 dez/08 dez/12 dez/13 dez/14 dez/15 dez/16 dez/17 MH OD Fonte: ANS Tabnet, Dez/
11 Mercado pelo Lado da Demanda Variação do emprego formal e da quantidade de beneficiários Fonte: ANS Tabnet, Dez/2017 e IBGE 11
12 Mercado pelo Lado da Oferta Evolução da Quantidade de Operadoras Fonte: Caderno de informações da ANS Jun/
13 Mercado pelo Lado da Oferta Curva ABC das operadoras de planos Médico-Hospitalares Fonte: DIOPE/ANS, agosto
14 Expectativa de aumento de custos Pirâmide etária brasileira (IBGE) e Variação de Custos Médicos (ANS)
15 Estimativa de impacto dos planos de saúde nas empresas Pesquisa AON de benefícios em amostra de empresas 536 empresas participantes 99,8% oferecem assistência médica e 92,4% assistência odontológica para seus funcionários 22,4% fazem gestão de saúde Impacto do custo do plano de saúde em relação à folha de pagamentos (com encargos) nas empresas da pesquisa: 32% - até 5% da folha 36% - de 5% a 10% da folha 25% - 10 a 20% 7% - acima de 20% Fonte: Pesquisa Benefícios Aon, 2016/ consultoria de riscos, benefícios e capital humano, junho/2017
16 Como tornar a trajetória de custos e preços mais sustentável? 16
17 Ambiente concorrencial do setor Literatura econômica traz resultados ambíguos, em termos de bem estar social, da estrutura de mercado concorrencial em um ambiente de produto diferenciado 17 - Em contexto de competição por preço e qualidade, a concorrência pode determinar tanto equilíbrios com qualidade subótima quanto equilíbrios com excesso de variabilidade de qualidade - A qualidade do cuidado com a saúde envolve qualificação do prestador, orientação do usuário na rede, experiência relacional do paciente, entre outros A depender das condições do mercado, a integração vertical pode gerar resultados positivos, decorrendo dos ganhos de eficiência, ou negativos, se facilitar o abuso do poder de mercado (p.ex., fechamento de mercado ) Fonte: Andrade, M.V. et al, 2015
18 Ambiente concorrencial do setor Tabela 1: Número de mercados concentrados segundo critério e tipo de mercado com grupos econômicos Critério Individual Coletivo N (%) N (%) CR1 > 15% % % CR4 > 75% % % HHI < % % 1500 HHI % % HHI > % % Tabela 2: Número de mercados concentrados segundo critério e tipo de mercado com agregação de grupos econômicos e Grupo Critério Fonte: Andrade, M.V. et al, 2015 Individual estruturadeconcorrencianosetordeoperadorasdeplanosdesaudenobrasil.pdf 18 Coletivo N (%) N (%) CR1 > 15% % % CR4 > 75% % % HHI < % % 1500 HHI % % HHI > % 77 80,21%
19 Desafios a uma dinâmica mais eficiente do mercado 1- Fatores demográficos e epidemiológicos 2- Benefícios das forças competitivas são limitados pelo marco legal e regulatório 3- Incentivos econômicos atuais potencializam o risco moral 19
20 1- Fatores demográficos e epidemiológicos Evolução demográfica traz o mesmo desafio de financiamento que se procura enfrentar atualmente na Previdência Evolução epidemiológica implica maior prevalência de doenças crônicas não transmissíveis e de outras condições associadas à velhice, ainda que coexistam doenças infecto-contagiosas Incorporação tecnológica difusa 20
21 2- Limitações às forças competitivas Saída dos ineficientes do mercado é muito lenta: risco de sucessão elevado dificulta sobremaneira aquisições de carteira em mercado pouco capitalizado Substituição de prestadores de serviços de saúde restrita Indexação de reajustes dos serviços de saúde 21
22 2- Limitações às forças competitivas: Tratamento Advocacia junto a outros órgãos e Poderes para diminuir o risco de sucessão tributária e trabalhista Estabelecimento de parâmetro para a competição por preço: compatibilização com a manutenção da solvência no longo prazo Regra de capital deverá migrar para capital baseado em risco (i.e., de subscrição, de crédito, de mercado, operacional e legal) Risco pode ser diluído por meio de aumento de escala ou compartilhamento de risco Incentivos à competição por qualidade por meio de programas de avaliação Redução dos custos de troca de planos de saúde Maior transparência para contratantes de planos 22
23 3- Incentivos que potencializam o risco moral Em que pese seja importante diferenciar análises de populações vs análises de extratos populacionais, o extrato populacional da saúde suplementar apresenta utilização relevante (adequada?) Número total de exames de ressonância magnética, realizados em hospitais e na atenção ambulatorial, por habitantes no ano de 2013 (ou mais recente), para os países membros e parceiros da OCDE 23
24 3- Incentivos que potencializam o risco moral: Tratamento Tratamento via mercado e via regulação Incentivos para o uso consciente do usuário: p.ex., franquias, coparticipação e segunda opinião qualificada Incentivos econômicos adequados para novos modelos de pagamento: p.ex., remuneração diferenciada atrelada a desfecho clínico em substituição ao fee for service Incentivos para a indução de novo modelo assistencial em que haja orientação ao usuário na rede e maior foco em ações de promoção à saúde e prevenção de doenças 24
25 Conclusões Regulação econômica induz boas práticas de gestão Promoção da concorrência de preço e de qualidade deve considerar a solvência no longo prazo Desenvolvimento sustentável do setor requer: Equilíbrio na incorporação tecnológica e engajamento da sociedade para lidar com o desafio do financiamento da assistência Superação das limitações impostas às forças concorrenciais Incentivos adequados para lidar com o risco moral e para promover novo modelo assistencial Mudanças setoriais precisam fazer sentido ao consumidor, aos contratantes de planos de saúde e aos demais atores do sistema 25
26 Obrigado!
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