Centro Regional das Beiras. Licenciatura em Arquitectura
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- Gabriel Henrique Espírito Santo Cabral
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1 UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA Centro Regional das Beiras Licenciatura em Arquitectura ANO LECTIVO HISTÓRIA DO URBANISMO DE PARIS BARROCO E PLAN DES ARTISTES VICTOR MANUEL LOPES JUSTINO DISCIPLINA: TEORIA E HISTÓRIA DO URBANISMO DOCENTE: PROFESSOR ARQUITECTO FERNANDO GONÇALVES VISEU, JUNHO 2010
2 Urbanismo de Paris na época barroca A história do urbanismo parisiense é muito marcada pela legislação Real. Ao longo dos séculos, Paris sofreu várias alterações urbanas, nas quais eram aplicadas as leis pré- definidas que se achavam ser as melhores tendo em conta o contexto sócio- político da época. Apesar da legislação ser muito restrita, nos séculos XVII e XVIII praticamente não foi cumprida pois o poder Real era totalmente impotente perante o crescimento natural de Paris. Há dez séculos que a capital francesa tem um papel fundamental nos planos políticos e económicos, pois foi desde a Idade Média que a maioria dos reis franceses se dispuseram a deixar a sua marca numa cidade que, ao contrário de outras cidades europeias como Londres (1666), Lisboa (1755) ou em Berlim (1945), nunca foi destruída. Isto faz com que se devesse adaptar as inovações urbanísticas às construções existentes, enquanto que nas outras cidades que haviam sido destruídas havia a oportunidade de recomeçar tudo do zero, permitindo assim uma maior margem de manobra no planeamento territorial. Desta forma resulta uma acumulação única de monumentos e uma tradição urbanística e arquitectural que é a imagem de marca de Paris: alinhamento dos edifícios ao longo de avenidas ladeadas de árvores, que regra geral, têm todas a mesma altura sob a influência das regras do planeamento urbanístico definido nesta época (Anexos - Figura 1). Esta regulamentação arquitectónica visava limitar a altura dos edifícios, a sua disposição em relação à rua, e a largura que as ruas deveriam ter, assim como a orientação e o tipo de desenvolvimento urbanístico que Paris deveria seguir. O facto de ter existido esse quadro para a construção de novos edifícios e novas estradas, fez com que fosse possível estabelecer o que é a cidade de Paris hoje em dia. Nesta época existiram dois planos urbanísticos principais: o primeiro em 1607 e o segundo sessenta anos mais tarde. O primeiro, promulgado por Henrique IV, proíbe, por razões de segurança contra incêndios, a construção em madeira, limita a altura dos edifícios e a projecção destes sobre as ruas como elementos em consola, por exemplo. No segundo plano, em 1667, a principal exigência era a 1
3 limitação da altura máxima dos imóveis a 16 metros. Visto que o incêndio que havia deflagrado em Londres um ano antes sensibilizou muita gente, todos os elementos em madeira que constituíam os imóveis parisienses tinham de ser obrigatoriamente rebocados com argamassa de cal. Apesar de manter as marcas do passado mais antigo no traçado das suas ruas, Paris tem desenvolvido ao longo dos séculos, uma aparência consistente e conseguiu modernizar as suas infra- estruturas sem alterar a traça primitiva. No período barroco, as operações de urbanização começam a desenrolar- se claramente em Paris: as novas vias deveriam ser, segundo as regras urbanísticas da época, longas e se possível, rectilíneas (Anexos - Figura 2). A Place des Vosges (Anexos Figura 3), construída no início do século XVI, serve de modelo para esse desejo de ordem e harmonia. Esta praça é de extrema importância no urbanismo parisiense, pois é a praça mais antiga de Paris e, como já foi referido anteriormente, serviu como modelo para a maioria das praças em França. As praças, em geral, tiveram grande importância na história do urbanismo parisiense pois representam a magnificência do Rei- Sol, Luís XIV. A praça Real, sendo a mais importante a que conhecemos hoje como Place des Vosges, resulta da associação de dois elementos que se utilizaram em Itália no século XVI que era a representação da praça com uma determinada temática e a estátua do Rei no centro. As primeiras praças em Paris foram a Place Dauphine (Anexos - Figura 4) definida por uma forma triangular e a antiga praça Real (hoje, Place des Vosges Anexos Figura 3) definida por uma forma quadrangular. A origem das praças Reais surge quando, em 1605, Maria de Médicis decide oferecer à cidade de Paris uma estátua equestre do seu marido e colocá- la face à entrada da praça Dauphine. A ela se deve a primeira estátua equestre de Paris. Este é o reflexo urbanístico de uma monarquia absoluta. O Rei- Sol também contribuiu bastante para o urbanismo parisiense, pois, de certa forma, o facto de ter mandado construir o seu palácio em Versalhes, que fica a cerca de quinze quilómetros a Oeste de Paris e que inicialmente era apenas uma 2
4 zona de caça definida por uma floresta, faz com que a tendência natural seja de a cidade crescer em direcção a Versalhes, o que de certa forma vai influenciar o urbanismo parisiense. Isto acontece porque com a deslocação da Corte para Versalhes, passa a haver dois pólos principais: um representando a figura do Rei e toda a sua Corte, e outro pólo muito importante era igualmente a grande massa urbana definida pela cidade de Paris. Visto que se tratava de uma época onde o luxo e a pompa predominavam fortemente, Luís XIV não poderia deixar de fazer largas avenidas, tal como fez em Versalhes, onde a perspectiva está bastante presente (Anexos - Figura 5). Com Versalhes, Luís XIV basicamente pretendeu construir uma cidade Real nos arredores da grande Paris, onde as encenações e a pompa estavam presentes constantemente e onde o Rei podia demonstrar toda a sua grandiosidade, poder e eloquência. O Rei- Sol mandou destruir as fortalezas, pois para ele não fazia sentido proteger apenas a cidade, mas sim todo o país. Para o monarca francês, as suas cidades, incluindo Paris, eram do tamanho do seu país, isto é, não havia necessidade de fortificar as cidades, mas sim todo o território. É o fim das teorias das cidades fortificadas! A cidade de Paris é alvo de um projecto de renovação urbana para se tornar a capital civil europeia. A praça ganha elevada importância pois tem um sentido politico e ideológico, centrada para a figura do Rei, que marca presença em todas as praças que se constroem. No urbanismo parisiense vão usar- se os mesmos sistemas urbanos que na Roma barroca, como tridentes, praças de formas geométricas mais variadas, porém Paris destaca- se pelo seu planeamento global. Todo este período é caracterizado por um planeamento de acumulação. Não se substituiu o labirinto de ruas por eixos monumentais e não se alteram bruscamente os lotes existentes. Para acomodar mais pessoas no mesmo espaço, 3
5 constroem- se novos corpos nos edifícios (anexos), e aumentam- se um ou dois pisos aos edifícios. As inovações urbanas têm lugar apenas nos espaços sem habitações, livres. Assim, é sobre os destroços das muralhas que Luís XIV manda construir grandes avenidas. Com o reinado de Luís XIV, Paris fica marcado como um organismo ordenado e regrado, sendo também uma cidade aberta. Apesar de todas as modificações e alargamentos de vias, no centro de Paris ainda predomina uma planta tipicamente medieval, com ruas sinuosas e estreitas. Porém, essas ruas antigas são alvo de um melhoramento progressivo. As ruas largas que eram propostas pelo plano urbanístico da época tinham como principal objectivo colocar em comunicação directa os diferentes quarteirões, assim como os principais edifícios. O facto de existirem ruas mais largas orientadas segundo uma malha ortogonal iria permitir uma melhor circulação de ar, que por sua vez melhora as condições de salubridade da cidade. Também se apostou na implantação de zonas verdes pela cidade, e as árvores alinhadas nos passeios acentuavam a perspectiva das grandes ruas rectilíneas, ao mesmo tempo que eram um óptimo mecanismo de renovação de ar (Anexos Figura 1). Em 1671, foi iniciada a academia de arquitectura que definia o gosto francês: uma arquitectura cada vez mais severa, exprimindo- se pela simplicidade das fachadas, pela simetria e proporções. Em 1740 criou- se o primeiro sistema de esgotos em Paris que contribuiu para uma melhor higiene urbana. O urbanismo parisiense teve o seu auge em termos de evolução na época barroca, no reinado de Luís XIV. Depois desta época só o Plan des Artistes e posteriormente os planos de Haussmann foram capazes de fazer frente à herança que o Rei- Sol deixou. 4
6 Plan des Artistes A revolução e o primeiro império contribuíram para as operações urbanísticas de Paris. No entanto lançam o debate sobre a necessária modernização da cidade. O Plan des Artistes foi iniciado por quarto inspectores gerais das estradas e sete arquitectos, formando- se pouco a pouco a partir do ano de Este plano tinha como objectivos reivindicar um plano que consistia em projectos monumentais e de arte urbana, propondo um arranjo das vias de trânsito e de uma série de demolições e reconstruções de um conjunto de praças, aproveitando numerosos terrenos que tinham sido confiscados aos emigrantes e às comunidades religiosas. O Estado tinha em sua posse imensas riquezas imobiliárias e usou- as para transformar Paris. Com este plano pretendia- se ajudar e estudar a utilização dos bens nacionais. O Plan des Artistes nasce de uma vontade de racionalização e de controlo do desenvolvimento e do espaço urbanos, para descongestionar os sectores insalubres e, simultaneamente, criar bairros novos. Esta comissão cria em 1794 um plano de renovação de Paris, que propõe traçar grandes eixos rectilíneos atravessando a cidade. Um desses eixos que deveria ser aberto, partia da praça da Nação até ao Louvre, passando por La Bastille e intersectando no final a Grande Colonnade. Os eventos revolucionários voltam a dar a Paris o papel de capital politica que antes pertencia a Versalhes. Os revolucionários basicamente não alteraram o urbanismo parisiense, porém, houve projectos que nasceram dos intelectuais patriotas como o Plan des Artistes. O Plano não pretende preocupar- se com a composição urbana propriamente dita mas sim, definir os eixos de desenvolvimento em função das oportunidades de terrenos, das necessidades de circulação e das possibilidades de embelezamento. À semelhança de vários planos urbanísticos da época barroca, como foi tratado anteriormente, este Plan des Artistes fixa as alturas das construções em função da largura das vias e precisa quais os projectos de ordem geral. 5
7 Referências bibliográficas: - DARIN, Michael; The New Squares of Paris. Em: The Planned City?, Proceedings of the ISUF International Conference Volume 1, editado por Attílio Petruccioli, Michele Stella e Giuseppe Stappa; Uniongrafica Corcelli Editrice Bari, Trani, 3 6 July DELFANTE, Charles; A grande história da Cidade Da Mesopotâmia aos Estados Unidos, Edições Piaget, Colecção O Homem e a Cidade, Lisboa, DUBY, Georges; Histoire de la France Urbaine, Edition du Seuil, Paris France, HAROUEL, Jean- Louis; Histoire de L urbanisme, Presses Universitaires de France, Paris France, MÉTHIVIER, Hubert; Le Siécle de Louis XIV, Presses Universitaires de France, Paris France, MORRIS, A.E.J.; History of Urbanisme Form Before the Industrial Revolutions, Prenctice Hall, Third Edition, Internet: consultado em 24 de Março de 2010, 11:29 6
8 consultado em 24 de Março de 2010, 11:47 consultado em 24 de Março de 2010, 11:49 de- Paris, em 27 de Março de 2010, 20:40 consultado pe_id=4&document_id=15788&portlet_id=17701&multileveldocument_sheet_id=1 571, consultado em 27 de Março de 2010, 23: 25 E.htm, consultado em 16 de Abril de 2010, 10:15 q=%22plan+des+artistes%22+urbanisme&source=bl&ots=8uhh4gu3h7&sig=fxt9 egvfkrnsogj2vqddtd908h8&hl=pt- PT&ei=0W7pS6XKJpOnOMXp- YEL&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=4&ved=0CBgQ6AEwAw#v=onepa ge&q=%22plan%20des%20artistes%22%20urbanisme&f=false, consultado em 16 de Abril de 2010, 10:52 consultado no dia 26 de Maio de 2010, 19:14 7
9 Anexos 8
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