INOVAÇÃO PORTUGAL PROPOSTA DE PROGRAMA
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- Tânia Bugalho Gusmão
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1 INOVAÇÃO PORTUGAL PROPOSTA DE PROGRAMA FACTORES CRÍTICOS DE SUCESSO DE UMA POLÍTICA DE INTENSIFICAÇÃO DO PROCESSO DE INOVAÇÃO EMPRESARIAL EM PORTUGAL E POTENCIAÇÃO DOS SEUS RESULTADOS 0. EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS O presente documento tem por objectivo identificar um conjunto de temas em torno dos quais nos propomos organizar um processo de participação da comunidade empresarial portuguesa na formulação de uma Agenda de Inovação Portugal, cujo objectivo é mobilizar a sociedade portuguesa para um novo impulso na concretização de práticas e iniciativas inovadoras, criadoras de riqueza, crescimento e emprego, potenciando os resultados já alcançados pelo sistema de investigação e desenvolvimento e pelo tecido empresarial, e, em termos mais gerais, pelas políticas de inovação que têm vindo a ser prosseguidas no nosso País. Pretende se, ainda, com esta reflexão contribuir para o Plano Nacional de Reformas em preparação pelo Governo Português, no âmbito da Estratégia Europa Concretiza a proposta da COTEC Portugal e da Agência de Inovação (AdI), convidadas pelo Ministério da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento, em particular pela sua Secretaria de Estado da Energia e da Inovação, a organizar o processo de dinamização da classe empresarial acima referido. Pretende se que este processo seja o mais genuíno possível, identificando potencialidades, factores e pontos críticos de intervenção a trabalhar ainda ou a corrigir, comprometendo todos os actores públicos e privados relevantes no processo de crescimento económico do nosso País pela via da inovação. Portugal e em particular a sua comunidade empresarial partem para este exercício numa situação de grande diversidade de pontos de vista, reflectida num elevado grau de divergência de prioridades de actuação. Nenhuma política de inovação poderá ter êxito, nestas condições, sem que se comece por um exercício de produção de consenso capaz de alinhar os actores, de seguida, na formulação de uma estratégia, e na sua execução. Propõe se uma discussão organizada em torno de cinco grandes temas: 1. REFORÇO DA INOVAÇÃO COMO FACTOR DE COMPETITIVIDADE 2. INOVAÇÃO E INTERNACIONALIZAÇÃO 3. FINANCIAMENTO DA INOVAÇÃO EMPRESARIAL 4. PRODUÇÃO E A CIRCULAÇÃO DE CONHECIMENTO APLICADO 5. EMPREENDEDORISMO E EDUCAÇÃO PARA POTENCIAR A INOVAÇÃO
2 Segue se uma apresentação um pouco mais detalhada dos pontos que entendemos deverem ser considerados em cada um destes cinco grandes temas de discussão. 1. REFORÇO DA INOVAÇÃO COMO FACTOR DE COMPETITIVIDADE A importância da inovação como principal factor de competitividade do nosso País encontra se adquirida, sendo frequentemente assumida em quase todos os discursos tanto sobre as prioridades da acção política como sobre as estratégias empresariais. Mais difícil é pormo nos de acordo sobre o que tem de ser feito, nomeadamente no que se refere às prioridades da acção política (incompatíveis, por natureza, com a multiplicidade de pontos de vista e de estratégias de actuação próprias da acção empresarial). Propõe se, por isso, a realização de uma primeira sessão mais de porta fechada, com os líderes dos grandes actores institucionais (Confederações e Grandes Associações Empresariais; entidades públicas a quem cabe a responsabilidade pela condução da política de inovação no nosso País, na frente empresarial; outras entidades que, pela sua natureza, se revistam de efeito polarizador de agentes de inovação empresarial particularmente qualificados), explicando se lhes o que nos propomos fazer e procurando obter se tanto a sua concordância como o seu envolvimento numa efectiva participação dos seus representados nos debates que irão seguir se. Sugerese a realização de suas sessões, em que, além do tema genérico acabado de enunciar, se poderia abordar mais os seguintes pontos: 1ª Sessão (19 de Janeiro) APROVEITAR A TURBULÊNCIA ECONÓMICA COMO FACTOR IMPULSIONADOR E ACELERADOR DO PROCESSO DE INOVAÇÃO, EM PORTUGAL A crise económica é vista, normalmente, como um factor limitativo do processo de inovação, pelas múltiplas dificuldades que acarreta. Mas talvez possa também ser aproveitada para acelerar o processo de inovação de resto, tornado se possível mais necessário pela própria crise económica. Falta saber como. 2ª Sessão (16 de Fevereiro) PERSPECTIVAS DE VALORIZAÇÃO DOS RESULTADOS DE I&D EMPRESARIAL E UTILIZAÇÃO DAS COMPRAS PÚBLICAS COMO FACTOR INDUTOR DE INOVAÇÃO. A importância da primeira destas duas áreas de intervenção encontra se reconhecida. O desempenho de Portugal nesta matéria tem sido internacionalmente reconhecido. Faz sentido, até por isso, um esforço de avaliação, colocando se a questão do mais que poderá fazer se, do que seria bom corrigir, de uma eventual segmentação de procedimentos entre as Administrações Central, Regional e Local (tendo também em vista a diversidade dos destinatários que, umas e outras, melhor poderão mobilizar para o esforço nacional de inovação). Aproveitar se á a oportunidade para uma apresentação dos principais resultados já obtidos nos projectos de I&D desenvolvidos por entidades nacionais, nomeadamente daqueles que se encontram mais
3 próximos do mercado, para cuja valorização políticas como as das compras públicas poderão revestir se da maior importância. 2. INOVAÇÃO E INTERNACIONALIZAÇÃO O objectivo está adquirido, como está adquirida a consciência da sua importância. O que não está adquirido é a forma de o prosseguir: medidas a tomar, e apoios concretos a adoptar para a consecução desse objectivo, incluindo a discussão da margem de manobra que nos é consentida tanto pela UE União Europeia como pela própria OMC Organização Mundial do Comércio. Incluiríamos, neste tema: PAPEL DA INOVAÇÃO NA ACELERAÇÃO DA INTERNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA PORTUGUESA, EM PARTICULAR DAS PME Internacionalização. Parcerias internacionais. Diplomacia económica. Fundo para a Internacionalização. Parcerias para as Exportações. Incentivos fiscais e financeiros. Outros mecanismos de apoio: Lojas de Exportação; Programas Inov. PROJECTOS MOBILIZADORES Projectos com forte impacto na economia, em termos de valor acrescentado e criação de emprego, bem como nas exportações. Pólos e Clusters de Competitividade e Tecnologia. 3. FINANCIAMENTO DA INOVAÇÃO EMPRESARIAL ACELERAR A CIRCULAÇÃO DO CAPITAL E, EM PARTICULAR, DA PROPRIEDADE DAS EMPRESAS NA ECONOMIA PORTUGUESA Uma economia que reconhece a importância das PME, e do seu contributo para a aceleração do crescimento da Economia Portuguesa, tem por pressuposto a aceleração por todas as formas do crescimento destas mesmas PME. Para além da internacionalização, já referida, há uma efectiva necessidade de acelerar a circulação do capital das empresas, nomeadamente das PME, capazes de acelerar o seu crescimento. POTENCIAR A CRIAÇÃO OU PELO MENOS A INTERVENÇÃO NO ESPAÇO ECONÓMICO PORTUGUÊS DE UMA INDÚSTRIA DE CAPITAL DE RISCO MAIS GENUÍNA E MAIS EFICAZ É necessária uma indústria de capital de risco capaz de trazer tanto o capital propriamente dito como o conhecimento, a experiência e a capacidade de gestão especializada. Salvo melhor opinião, deveria ser premiada a indústria de capital de risco nacional que fosse capaz de fazer intervir, nas suas operações, capital de risco internacional, tanto mais premiada quanto maior e mais especializado se revele o capital de risco internacional que se mostre capaz de aportar.
4 INTENSIFICAR O APARECIMENTO E A ACTUAÇÃO DE BUSINESS ANGELS, NACIONAIS E ESTRANGEIROS É necessário multiplicar o número e melhorar a qualidade dos business angels que operam em Portugal com o que pretendemos significar, em termos mais gerais, o conjunto de investidores que operam nas fases mais iniciais do processo de criação de novas empresas. É importante o financiamento mas é também importante a proximidade que possam criar em relação aos ambientes onde é mais provável o surgimento destas novas empresas, sobretudo de empreendedorismo tecnológico e mais qualificado. Para além de nacionais, é necessário atrair estrangeiros interessados neste tipo de actividade. 4. ACELERAR A PRODUÇÃO E A CIRCULAÇÃO DE CONHECIMENTO APLICADO ÁREAS DE MAIOR POTENCIAL PARA O INVESTIMENTO PÚBLICO EM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO Reconhece se a importância do Estado, e de programas de investimento público em ciência, tecnologia e investigação e desenvolvimento no modelo europeu de inovação a que Portugal não foge. A dificuldade está no consenso da definição de prioridades ou de escolhas. A natureza do problema exige a intervenção de entidades, como por exemplo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e pessoas com larga experiência empresarial e conhecimento do Mundo e das suas tendências. VALORIZAR OS RESULTADOS DOS PROJECTOS DE I&D LEVADOS A CABO RECENTEMENTE, EM PORTUGAL Levantamento dos casos de projectos terminados recentemente ou em vias de o serem que correram bem e que têm planos para o seu lançamento no mercado nos próximos (dois) anos ou que já estão mesmo no início dessa fase. Identificação do seu potencial e da existência de barreiras que estejam a dificultar o seu sucesso que possam ser de algum modo removidas por medidas de política. Propõe se agora actualizar de forma sistemática e alargada esse levantamento. 5. EMPREENDEDORISMO E EDUCAÇÃO PARA POTENCIAR A INOVAÇÃO Está em causa o sistema de ensino no seu conjunto, tanto o básico e secundário como o superior (embora possa fazer sentido distinguir os dois níveis). Não se pretende alterar todo o sistema de ensino mas introduzir um número muito reduzido de medidas (duas, três, no máximo, para cada um dos dois níveis atrás referidos), acompanhadas da formulação de objectivos de índole quantitativa, calendarizáveis e susceptíveis de avaliação. Pela natureza do problema, sugere se uma discussão mais especializada, aberta a representantes qualificados da classe empresarial e a representantes tanto do Ministério da Educação como do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
5 No que se refere às Universidades, incluiríamos, aqui, o conjunto de medidas que se tornará necessário adoptar para estimular a produção e a circulação de conhecimento susceptível de aplicação empresarial incluindo (i) a publicação no número muito restrito de revistas científicas que se encontram, reconhecidamente, na frente do conhecimento, (ii) o registo de patentes e de activos intangíveis em geral, e (iii) a circulação de docentes e de investigadores entre a Universidade e o mundo empresarial. Poderíamos incluir aqui, ainda, o conjunto de medidas destinadas a intensificar a presença das Universidades portuguesas nas redes europeias de investigação e a circulação internacional de investigadores, nomeadamente a atracção para Portugal de jovens investigadores estrangeiros. 6. CONCLUSÃO No final da primeira reunião, a realizar, como se referiu, no dia 19 de Janeiro, será disponibilizado o roadmap das reuniões a efectuar de seguida (temas, datas, locais e entidades a convidar especialmente para cada reunião) sendo que, como decorre da própria natureza do exercício, os temas terão de estar submetidos aos acertos que resultem da própria reunião.
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