IVA no Brasil e no Mundo Isaias Coelho Núcleo de Estudos Fiscais (NEF), FGV Direito SP Workshop de 27 de abril de 2015
O IVA tornou-se um dos principais impostos do mundo mais de 150 países adotam o IVA Imposto sobre o Valor Adicionado, Imposto sobre o Valor Acrescentado (PRT), Impuesto al Valor Agregado (América Latina), Value Added Tax preferível: Imposto sobre Bens e Serviços (Goods and Services Tax de AUS, CAN, HKG, IND, MYS, NZL, SGP)
O IVA é bom porque: não cumulativo eficiente sobre consumo não afeta produção, não onera exportação competitividade muita receita produtivo
Tipos de IVA Crédito, fatura (nota fiscal) imposto lançado nas vendas menos imposto pago nas compras <em quase todos os países, inclusive BRA> Subtrativo alíquota x (valor de vendas menos valor de compras) <dois países: JPN, BRA> Aditivo alíquota x soma de pagamentos a fatores <em nenhum país>
Gerações de IVA IVAs antigos (v. 1.0) - 1967-1980s muitas isenções múltiplas alíquotas IVAs modernos (v. 2.0) - >1990 poucas isenções alíquota uniforme ICMS (v. -1.0) - crédito físico, cálculo por dentro, tributação bens K, tributação exportações, não tributação de serviços
Os 4 IVAs do Brasil Método de crédito/fatura: 1. ICMS - compartilhado E, M 2. IPI - compartilhado U, E, M Método de subtração: 3. PIS/Pasep - não compartilhado 4. Cofins - não compartilhado
IVA tributa bens e serviços... mas não serviços financeiros (razão: é difícil individualizar o valor dos serviços embutidos nos spreads) Portanto: bancos são isentos de IVA rendimentos financeiros de empresas não financeiras não estão na base do IVA
O IVA tributa apenas B&S Portanto não tributa: rendimentos financeiros de empresa não financeira derivados e opções ganhos de capital outras receitas incidentais que não constituam quid pro quo à provisão de bens e serviços
A isenção das IFs não constitui privilégio A inclusão das instituições financeiras como contribuintes do ICMS diminuiria a arrecadação Porque: atualmente as IFs não se creditam do IVA que pagam muito do IVA que cobrassem seria recuperado como crédito pelos clientes
Para funcionar bem o IVA precisa ser sistema fechado só fornecimentos de contribuintes do IVA podem gerar crédito a definição do limite anual da cifra de negócios (para registro como contribuinte de IVA) define a área do círculo no Brasil o círculo é pequeno (no mundo, limite anual ~ entre 50K e 100K USD) pequenez do círculo é mais que compensada por superposição de incidências (cumulatividade)
PIS-Cofins podia facilmente ser sistema aberto isto é, permitindo subtrair as compras de não contribuintes (para melhor aproximar a base do imposto do valor adicionado) mas isso abriria espaço para manipulações, p.ex.: venda a futuro (6m) de petróleo a 60 USD/barril compra a futuro (6m) de petróleo a 60 USD/barril subtração de imposto contra imposto (ao invés de absorção contra provisão) -- ou crédito apenas para operações tributadas antes -- garante que o sistema seja fechado. Mas amplia a base.
Não cumulatividade requer: eliminar toda dupla tributação (cumulatividade) ao longo de toda a cadeia importação-produção-distribuição-consumo cadeia é sempre plurissetorial é portanto um contrasenso o disposto no art. 195 12 da Constituição
Exemplos de insanidade: sujeitar ao IVA as receitas financeiras das empresas não financeiras tributar com IVA as receitas financeiras sem permitir deduzir as despesas financeiras tributar com IVA os ganhos com derivados sem permitir deduzir as perdas com derivados criar restrições sub-legais que na prática transformam o crédito financeiro do IVA em crédito físico
Nota de rodapé: Sobre o IPI IPI não tem vocação para IVA. Devia ser monofásico IVA, imposto geral, quer deixar inalterados os preços relativos. IPI é acisa que quer alterá-los IPI é imposto seletivo. IVA não tem vocação para seletividade. Tributação por essencialidade (Const. 153, 3º, I) é ideia ultrapassada IPI não é imposto geral, deve limitar-se a 4 ou 5 tipos de bens (fumo, bebidas, combustíveis,...)
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