Panorama da Indústria nas Macrorregiões Brasileiras: Análise a Partir de Medidas Regionais e de Localização

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Transcrição:

Panorama da Indústra nas Macrorregões Brasleras: Análse a Partr de Meddas Regonas e de Localzação Overvew of Industry n Brazlan Macroregons: Analyss From Regonal Measures and Locaton Júlo Cesar Martns da Slva Unversdade Regonal do Carr URCA Luís Abel da Slva Flho abeleconoma@hotmal.com Insttuto de Economa da Unversdade Estadual de Campnas UNICAMP Departamento de Economa da Unversdade Regonal do Carr URCA Unversdade Federal do Ro Grande do Norte UFRN Resumo/ Abstract É corrente, no Brasl, a produção centífca que versa acerca das desgualdades regonas, à luz da concentração produtva ndustral. Dante dsso, este artgo tem como obetvo verfcar o comportamento do setor ndustral braslero pela análse do movmento de suas undades produtvas entre as macrorregões. A base de dados é orunda da Relação Anual de Informações Socas RAIS do Mnstéro do Trabalho e Emprego MTE. Metodologcamente, recorre-se a uma revsão de lteratura e, em seguda, faz-se uso de meddas regonas e de localzação. O resultado dos coefcentes mostra que as polítcas de desenvolvmento regonal mplementadas pelos governos Federal e estadual não foram sufcentes para promover a desconcentração produtva regonal em escala elevada, mas mostra que á acontece um leve movmento de desconcentração, ou até mesmo, expansão em escala mas acentuada nas outras regões brasleras, em detrmento do Sudeste, mesmo ela mantenha seu posto de regão mas ndustralzada. Palavras-chave: Desenvolvmento regonal; concentração ndustral; Estado Códgo-JEL R11 Because the large number of ndustres located n Brazl's Southeast regon, lvng wth the exstence of less ndustralzed and less developed regons, arses n the regonal matter dscussons about the phenomena of concentraton and ndustral decentralzaton, n order to gve explanatons about ts orgns, developments and economc and socal consequences for the country. In ths context, ths paper ams to verfy the behavor of the Brazlan ndustral sector by analyzng the movement of ts plants among regons. From data obtaned from the Annual Relaton of Socal Informaton RAIS of the Mnstry of Labor and Employment MTE, and makng use of regonal measures and locaton, the study shows the behavor of the ndustral establshments n the macro-regons n the 1990-2010 perod, and evdence that regonal development polces mplemented by federal and state governments were not enough to promote economc development of perpheral regons by attractng ndustral establshments, mantanng the Southeast stll as a most ndustralzed regon of the country. Keywords: Regonal development; ndustral concentraton; State. JEL Codes:: R11

Revsta Portuguesa de Estudos Regonas, nº 45 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Dscutr a questão das economas regonas no que dz respeto aos processos de crescmento, desenvolvmento e dspardades socoeconômcas e, dentro deste enfoque, dscutr a atuação do Estado como ente regulador do sstema econômco, é uma questão por demas relevante para a socedade e para os formadores de polítca econômca, vsto tratar-se do estudo das formas de agr do Estado com vstas a promover o bem-estar das economas regonas frente aos movmentos dnâmcos de acumulação empreenddos, no mas das vezes, soladamente por cada regão. No contexto braslero, a ntervenção econômca do Estado faz-se mostrar bastante evdente quando se analsam as polítcas públcas de ncentvos fscas que se destnam a fomentar o crescmento da economa de determnadas regões pela atração de nvestmentos ndustras. Esses ncentvos, todava, quando pratcados por entes federatvos dstntos da Unão, ou sea, quando pratcados pelas Undades Federatvas vsto a ausênca de uma colaboração mas dreta da Unão com os Estados no âmbto de polítcas efcazes de desenvolvmento regonal provocam um efeto demasadamente grande do crescmento econômco em algumas regões e pequeno em outras. A economa cafeera desenvolvda no estado de São Paulo proporconou, de forma defntva, as bases para o processo de concentração ndustral da regão Sudeste, pos era a atvdade econômca mas dnâmca em nível naconal e, quando estava a expandr-se, a ntervenção do Estado fo de grande mportânca para contnudade do processo de acumulação captalsta desta atvdade que, alado ao ímpeto dos produtores daquela regão, houve a formação de economas externas paralelas à economa cafeera, vablzadas por melhoras proporconadas pelo Estado, a saber: nfraestrutura, ferrovas, portos e comuncações que contrburam de forma decsva para a formação ndustral de São Paulo (Cano, 2007b). Assm, o Sudeste assume a lderança no processo de acumulação captalsta expresso pelo número de ndústras que nesta regão se nstalaram. Devdo ao grande número de ndústras, a regão Sudeste, convvendo paralelamente com regões menos ndustralzadas, e por sso menos desenvolvdas a exemplo das regões Norte e Nordeste surge, nos estudos regonas, temas a respeto dos processos de concentração e desconcentração ndustral, com vstas a explcar tas fenômenos no que dz respeto às suas orgens, desdobramentos, consequêncas econômcas e socas para o país, e propor polítcas desenvolvmentstas que possbtassem resolver o problema das regões menos desenvolvdas. Uma vez consoldada a concentração ndustral na regão Sudeste, surgem posterormente movmentos de desconcentração ndustral com undades produtvas sendo deslocadas para as regões perfércas movmentos estes que Dnz (1996) analsa, argumentando que o fenômeno da desconcentração ndustral, no caso braslero, fo determnado por algumas varáves complementares entre s, das quas uma fo o papel exercdo pela polítca econômca no sentdo de promover nvestmentos produtvos dretos e ncentvos fscas em âmbto regonal. Assm, em relação às regões Norte e Nordeste, Dnz (1996, p. 85) consdera que houve uma forte ntenconaldade da polítca econômca em promover o processo de desconcentração ndustral, vsto ter havdo acentuados nvestmentos fscas no Norte e Nordeste através de nsttuções como a Superntendênca para o Desenvolvmento do Nordeste - SUDENE, Superntendênca para o Desenvolvmento da Amazôna - SUDAM e Superntendênca da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA. Dante deste quadro, faz-se necessáro analsar a ndustralzação das macrorregões brasleras à luz das polítcas de ncentvos fscas, quer seam mplementadas pelo Governo Federal, quer seam pelos governos estaduas. Esses ncentvos contrbuem sobremanera para a contnudade do processo de desconcentração ndustral de regões tradconalmente desenvolvdas. Assm, a partr de dados obtdos da Relação Anual de Informações Socas RAIS, e utlzando-se de meddas regonas e de localzação, o presente trabalho faz uma aná- lse da ndústra nas macrorregões brasleras, consderando como varável base para o estudo os estabelecmentos ndustras e os postos formas de trabalho de 14 subsetores da ndústra dstrbuídos entre as cnco grandes regões brasleras. Procura-se verfcar o comportamento dos processos de concentração e 28

Panorama da Indústra nas Macrorregões Brasleras: Análse a Partr de Meddas desconcentração ndustral no período analsado. Para tanto, além desta ntrodução, o trabalho está dvddo em mas quatro seções, a saber: na segunda seção será apresentada a revsão de lteratura acerca dos problemas regonas em relação aos processos de concentração e desconcentração ndustral; na tercera seção são apresentados os aspectos metodológcos utlzados; quarta seção, untamente com suas 4 subseções, tratam-se os resultados empírcos alcançados; e, por últmo, na qunta seção, tecem-se alguns comentáros a título de conclusão. 2. PROBLEMAS REGIONAIS: CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL No período anteror à Segunda Guerra Mundal, as questões sobre economa regonal centravam-se bascamente em tratar da localzação regonal da agrcultura, da ndústra, dos servços ofertados e da herarqua urbana, ou sea, da localzação das cdades mas desenvolvdas numa determnada regão. Era, portanto, um estudo voltado para a localzação regonal das atvdades econômcas. Nos Estados Undos á tera havdo, antes da "Crse de 1929", uma prmera experênca de planeamento regonal, porém fo somente a partr dos efetos desta crse que o problema das desgualdades regonas em alguns países ndustralzados passou a ser estudado mas detalhadamente, enseando a cração de polítcas de desenvolvmento regonal como meo para resolver o problema das dspardades econômcas entre as regões (Dnz, 2009). A questão regonal braslera, segundo Cano (2007a), manfestou-se, sobretudo, nos movmentos revoluconáros regonas do século XIX; por va da produção lterára e, no fnal do século XIX, também pelo problema das secas do Nordeste. Na mesma lnha, segue Dnz (2009) argumentando que as dscussões sobre a regão Nordeste tornaram-se em mportante matéra de estudo da questão regonal, vsto a regão Nordeste á haver sdo obeto de esforços empreenddos para resolver os problemas das secas desde a segunda metade do Século XIX quando, em 1877 fora nsttuída a Comssão Imperal para tratar deste problema. Devdo ao grande número de ndústras stuadas na regão Sudeste do Brasl, convvendo paralelamente com regões menos ndustralzadas e por sso menos desenvolvdas a exemplo do Nordeste surge, na questão regonal, as dscussões sobre os fenômenos da concentração e desconcentração ndustral, no ntuto de procurar dar explcações sobre suas orgens, desdobramentos, consequêncas econômcas e socas para o país, e anda propor polítcas econômcas para o desenvolvmento de regões menos desenvolvdas vs-à-vs às mas ndustralzadas. A economa cafeera fo o motor mpulsonador do processo de concentração ndustral no Sudeste, sobretudo no estado de São Paulo, pos hava representado a atvdade econômca de maor dnamsmo naconal e, à época de seu processo de expansão, com a ntervenção do Estado e o ímpeto dos captalstas daquela regão, houve a formação de economas externas à economa central, vablzadas por melhoras na nfraestrutura, ferrovas, portos e comuncações que, em conunto, contrburam de forma decsva para a formação ndustral do Estado (CANO, 2007b). Dnz (2009), por sua vez, ressalta a mportânca da mão de obra lvre ao tratar do papel da ntegração terrtoral do país, enfatzando que para tal, foram fundamentas a ntrodução do trabalho lvre, os efetos de encadeamento da atvdade cafeera e os processos mgratóros para o Sudeste ncentvados por esta atvdade. Gumarães Neto (1997) explca que a dferença entre as regões Sudeste e Nordeste se deu prncpalmente devdo ao processo de formação das classes drgentes do Sudeste; às estruturas comercas que lá se desenvolveram, onde os produtores cafeeros contavam com autonoma para gerr as relações econômcas; à ntervenção efetva do Estado em prol dos produtores; e também à consttução de formas de trabalho assalarado que logo vablzou a formação de um mportante mercado consumdor com potencal para promover o fortalecmento da economa do Sudeste. As demas regões brasleras não seguram os rumos da economa do Sudeste com a mesma dnâmca. E com o mesmo apoo do Estado. Portanto, devdo ter crescdo de forma concentrada, as regões Sudeste e Sul vêm sendo obetos de mportantes estudos acerca dos efetos da concentração ndustral, cau- 29

Revsta Portuguesa de Estudos Regonas, nº 45 sados nas demas regões. Dnz (2009), valendo-se de Furtado, explca que a concentração ndustral no Centro-Sul, alada a exstênca de uma economa prmára no Nordeste, faza com que os superávts gerados pelas exportações nordestnas para o exteror fossem utlzados para fnancar mportações do Centro-Sul brasleros, o que acabava por enfraquecer a ndústra têxtl do Nordeste pela entrada de produtos ndustralzados do Centro-Sul. Como a economa do Sudeste passava a ser também concorrente das demas regões em relação às exportações de produtos prmáros para o exteror, a concentração ndustral paulsta mpôs a estas regões fortes condconantes ao crescmento de suas economas; tas condconantes eram anda agravados pela restrção que a economa paulsta faza às exportações naconas dessas economas, à medda que produza nter- namente os produtos tradconas de que necesstava (Cano, 2007b). Araúo (2013, p. 50) enfatza o problema da concentração econômca, argumentado que a concentração que benefcou o Sudeste e o Sul durante o século XX, embora atenuada, anda é uma marca muto forte no cenáro do desenvolvmento regonal braslero, em especal a concentração ndustral. Dnz (1995) comenta que em 1970 o Sudeste apresentava um grau de concentração ndustral da ordem de 65% do PIB naconal, com São Paulo partcpando, nesta época, com 39,4% do total da renda naconal, contra 17% da regão Sul e 12% da regão Nordeste. Segue anda esclarecendo que o processo de desconcentração ndustral é dfcultado tanto pela concentração ndustral préva, quanto pela precára estrutura de renda e pesqusa das regões perfércas. Cano (2007b, p. 265) defende que as causas das desgualdades regonas não foram devdo à concentração ndustral na regão Sudeste, e coloca que a expansão ndustral de São Paulo se deu pelo dnamsmo de sua própra economa e não, como se podera pensar, pela apropração líquda de recursos, provenentes da perfera naconal. Argumenta anda que além do Sudeste todo o restante do país expermentou taxas elevadas de crescmento, graças às maores artculações econômcas com São Paulo e entre as váras regões (Cano, 1997, p. 106). Porém, o que o autor dexa à margem de sua análse, fo o mpor- tante e decsvo papel desempenhado pelo Estado, sobretudo com as polítcas de substtuções de mportações, que elegeram como cerne da ndustralzação e do fortalecmento das ndustras á exstentes, a regão Sudeste e, prncpalmente o estado de São Paulo, dexando o resto do país, à margem das ações efetvas em todas as fases do Plano Naconal de Desenvolvmento PND, com pouquíssma ou nenhuma ação para além do centro econômco do país. A concentração ndustral, portanto, embora se consttua num problema para as demas regões, possblta maor artculação econômca entre estas e a regão central. Não obstante, esforços do Governo Federal foram realzados para promover a ndustralzação das demas regões pela cração de órgãos de desenvolvmento regonal mplantados a partr da década de 1960, a exemplo da SUDENE que, envdara esforços para atrar nves- tmentos prvados que possbltaram tanto o desenvolvmento local quanto, de certa forma, promoveram, em maor ou menor grau, a desconcentração ndustral. A este respeto, Cano (2007a) argumenta que as polítcas para o desenvolvmento da ndustralzação regonal apoaram a mplantação da ndústra de captas forrâneos no Norte e Nordeste, onde, entre 1968 e 1972, cerca de 50% dos nvestmentos ncentvados eram de captas desta natureza, contrastando com os nvestmentos de captas locas, que foram menos de 1% do total. Os segmentos ndustras ncentvados e nstalados nestas regões foram de materal de transporte, elétrco e químco que, além de não promoverem um aumento satsfatóro do emprego, também não resolveram o problema da concentração de renda. Ademas, é precso refutar que, mesmo os recursos da SUDENE, por exemplo, foram para ncentvar captas do Sudeste e não dnamzar os captas locas. Isso promoveu até o desmonte da ndústra local que á sucumba em meo a concorrênca naconal. Assm, o Nordeste, por exemplo, fo uma das regões perfércas que se tornou atraente para os nvestmentos econômcos públcos e prvados, devdo aos ncentvos governamentas em âmbto federal e estadual, oferecdos aos nvestmentos que deseassem nstalar-se na regão. Esta fase de ntegração produtva da regão Nordeste com o restante do país representa a forma de atuação do Estado 30

Panorama da Indústra nas Macrorregões Brasleras: Análse a Partr de Meddas braslero, mas notadamente da sua esfera federal, para com as regões brasleras menos desenvolvdas (Gumarães Neto, 1997). Araúo (1999) por sua vez, traz à dscussão a questão de que as maores ações do Governo central na década de 1990 parecam estar voltadas a prorzar a mplantação de novos nvestmentos em alguns focos compettvos, evdencando assm, que a concentração ndustral tende a atrar nvestmentos públcos e prvados para as regões á concentradas, em maor volume do que sera drgdo às regões mas pobres, fato que, por s, á se consttu num agravante ao aprofundamento das dspardades regonas. Dessa forma, a concentração ndustral, não sendo a causa das desgualdades regonas, tende, de certa forma a agravá-las, sea pela contnuada atração de nvestmentos prvados pelas regões mas concentradas, sea pela tendênca de o Governo central prorzar os nvestmentos públcos nas regões mas ndustralzadas do país (Araúo, 1999; Pacheco; 1996). Nas últmas décadas, fo feto um esforço extraordnáro em termos de construção de nfraestrutura, com o obetvo de estmular o crescmento econômco das regões atrasadas ou vazas e de ntegrar a economa naconal, argumenta Dnz (1995, p. 24), mostrando que a concentração ndustral não é vável em escala naconal. Quando dscute a questão do desenvolvmento do sstema rodováro, Dnz (1995, p. 26) ressalta uma vez mas o problema gerado pela concentração ndustral ao argumentar que a melhora e a duplcação de trechos rodováros específcos, permtra uma melhor dstrbução da malha urbanondustral, evtando o processo de concentração econômca e populaconal em poucos pontos e, consequentemente, vra a reduzr os custos econômcos e socas da concentração. Cano (2007a) trata como mto persstente tanto no meo acadêmco como no polítco a questão de tornar as regões mas ndustralzadas, a exemplo de São Paulo, como modelo do desenvolvmento a ser adotado nas regões menos desenvolvdas, promovendo nestas, polítcas de ndustra- lzação como meo para resolver os problemas das dspardades regonas como pobreza e desemprego, e consdera que apenas um sstema de planeamento regonal não é sufcente para resolver o problema da questão regonal. Argumenta anda que a agrcultura e o captal mercantl, mas notadamente o comérco urbano e a construção cvl, são setores com alto potencal que podem ser explorados para promover uma maor expansão do emprego urbano. A dea do autor transparece uma forte proposção de que deve exstr o subdesenvolvmento nas regões mas pobres e que estas devem permanecer aquém da ndustralzação para servr de suporte de mão de obra excedente e mgrante bem como serem meras ofertantes de matéras prmas que venham a manter o desenvol- vmento do Sudeste do país. 3. ASPECTOS METODOLÓGICOS Para o presente estudo, utlzar-se-ão dados secundáros obtdos a partr de bancos de dados da Relação Anual de Informações Socas (RAIS), sendo que, para a nterpretação dos dados, recorrer-se-á à utlzação de meddas regonas de especalzação e de localzação, de modo que a base de dados será formada pelas varáves abaxo: Up = Undades produtvas e ocupados formas do setor ndustral na macrorregão ; Up = Undades produtvas e ocupados formas do setor ndustral de todas as macrorregões; Up = Undades produtvas e ocupados formas de todos os setores ndustras da macrorregão ; Up = Undades produtvas e ocupados formas de todos os setores ndustras de todas as macrorregões. Estabelecda a base de dados, far-se-á uso das meddas regonas de especalzação e de localzação 1 com vstas a analsar a espacaldade das undades produtvas nas grandes regões naturas, sto é, a dstrbução espacal destas undades nas macrorregões, buscando, com sso, dentfcar as tendêncas locaconas dessas undades produtvas, observando assm, o nível de especalzação e concentração ndustral a que chegou cada regão dentro do recorte temporal estabelecdo. 1 Por solctação de parecersta anônmos da revsta, todos os ndcadores serão calculados para o número de undades produtvas e de postos de trabalho do setor ndustral. Numa prmera versão, somente os ndcadores para o setor ndustral havam sdo analsados. 31

Revsta Portuguesa de Estudos Regonas, nº 45 3.1 Meddas de localzação Serão utlzadas como meddas de localzação o Quocente Locaconal e o Coefcente de Localzação, para dentfcar a localzação de concentrações de undades produtvas no setor ndustral de determnada macrorregão em relação ao total das undades produtvas do conunto naconal. Assm, o Quocente Locaconal ( QL ) será utlzado com vstas a proporconar a observação da partcpação relatva das undades produtvas de um determnado setor ndustral de uma macrorregão com a partcpação relatva do total das undades produtvas do setor ndustral do conunto naconal. Este Quocente será expresso pela segunte equação: Up Up 1 QL Up Up Os resultados do índce do Quocente Locaconal podem assumr valores acma de 0 (zero). Assm, se o Quocente Locaconal estver próxmo de zero, consdera-se que a macrorregão analsada detém poucas undades produtvas do setor ndustral analsado e, portanto, baxo nível de ndustralzação neste setor em relação ao conunto naconal; sto é, na macrorregão em estudo não há undades produtvas do setor analsado em número sufcente para caracterzar que a macrorregão sea capaz de produzr um excedente para exportação. Por outro lado, se o Quocente Locaconal for gual ou superor à undade, consdera-se que a regão analsada possu relevante número de undades produtvas do setor analsado capaz de produzr um excedente exportável (Haddad, 1989 apud Balanco; Santana, 2007). O Coefcente de Localzação ( CL ) será utlzado para mostrar a dstrbução percentual das undades produtvas entre as grandes regões naturas com a dstrbução percentual das undades produtvas do conunto naconal. A equação a ser utlzada será a segunte: CL Up Up 2 Up Up 2 Os resultados do índce do Coefcente de Localzação podem assumr valores guas ou maores do que 0 (zero). Assm, para valores guas a 0 (zero), têm-se que o setor está dsperso regonalmente, sto é, está dstrbuído entre as macrorregões brasleras da mesma forma que o conunto de todos os setores estão dstrbuídos naconalmente, ou sea, o setor está mas dsperso naconalmente. Se, por outro lado, o Coefcente de Localzação apresentar valores guas ou acma de 1 (um), tem-se que o setor está mas concentrado regonalmente, sto é, há sgnfcatvo número de undades produtvas na macrorregão estudada em relação ao conunto naconal, a ponto de caracterzar que há uma certo grau de concentração ndustral do setor na macrorregão consderada (Lma et al. 2006). 3.2 Meddas regonas ou de especalzação Serão utlzadas como meddas de especalzação o Coefcente de Especalzação e o Coefcente de Reestruturação, para avalar a estrutura produtva de cada macrorregão, com vstas a analsar o grau de especalzação das macrorregões brasleras num determnado período de tempo. Assm, para medr o grau de especalzação da economa de determnada macrorregão em relação à economa do conunto naconal, será utlzado o Coefcente de Especalzação ( CE ) expresso pela segunte equação: CE Up Up 2 Up Up 3 Os resultados do índce do Coefcente de Especalzação podem assumr valores guas ou maores do que 0 (zero), de forma que, se o Coefcente de Especalzação for gual a 0 (zero), consdera-se que a economa da macrorregão tem composção dêntca à do conunto naconal, sto é, a sua estrutura setoral produtva é semelhante à estrutura produtva do conunto naconal. Se, porém, o Coefcente de Especalzação assumr valores próxmos a 1 (um), sgnfca que a economa da macrorregão possu elevado grau de especalzação em relação a um setor específco, caracterzando uma estrutura produtva 32

Panorama da Indústra nas Macrorregões Brasleras: Análse a Partr de Meddas macrorregonal dversa da estrutura produtva do conunto naconal (Haddad, 1989 apud Balanco; Santana, 2007). O Coefcente de Reestruturação ( CR ) por sua vez, permte observar a estrutura produtva das macrorregões em termos de undades produtvas setoras em dos períodos de tempo consderados, sendo: ano base 0 (zero), e ano 1 (um), conforme a equação abaxo: CR Up t1 Up Up 2 t0 Up 4 Os resultados do Coefcente de Reestruturação podem assumr valores guas ou maores do que 0 (zero). Assm, quanto à nterpretação dos resultados, tem-se que, se o Coefcente de Reestruturação for gual a 0 (zero), consdera-se que não houve modfcação na estrutura produtva da macrorregão em estudo em relação aos períodos de tempo consderados. Para o Coefcente de Reestruturação com valores próxmos ou guas a 1 (um), consdera-se haverem ocorrdo mudanças sgnfcatvas na economa da macrorregão no período de tempo consderado (Lma et al. 2006). As meddas propostas na metodologa permtem analsar o comportamento do setor ndustral nas macrorregões brasleras ao longo do período estabelecdo, possbltando a realzação de observações acerca do processo de ndustralzação de cada macrorregão, permtndo assm, observar os níves de concentração ndustral, especalzação setoral e reestruturação produtva porque passou cada macrorregão. 4. INDICADORES REGIONAIS E DE ESPECIALIZAÇÃO: INDÚSTRIA E EMPREGO INDUSTRIAL NAS MACRORREGIÕES BRASILEIRAS. A tabela 1 contém a partcpação percentual do setor ndustral em número de undades produtvas nas grandes regões brasleras no período de 1990 a 2010. Os resultados podem estar relaconados às polítcas de ndustralzação, bem como as novas confgurações das polítcas estaduas por ncentvos fscas, no contexto dos anos de 1990. Sobre o Norte, Dnz (1995) mostrou que de 1970 até 1985 esta regão hava apresentado expressvo crescmento em relação à partc- pação na produção ndustral braslera. Segundo o autor, neste período, a partcpação dela na produção ndustral do país cresceu de 0,8 para 3,1%, benefcada que fo substancalmente pelos ncentvos fscas conceddos pela SUDAM e SUFRAMA, que vablzaram a nstalação de fábrcas de materas eletrôncos e de consumo e bens leves, o que deve ter refletdo dretamente no número de estabelecmentos ndustras. De acordo com a tabela 1, que apresenta, em percentual, a partcpação regonal da ndústra braslera por estabelecmentos ndustras, o Norte fo a que teve menor partcpação no período compreenddo, varando postvamente em apenas um ponto percentual entre 1990 e 2010, passando de 2% para 3,1% de representatvdade no período. É precso levar em consderação que os nvestmentos elencados pela polítca naconal de desenvolvmento regonal, antecedem o período aqu trabalhado e não refletem dretamente nos dados a partr dos anos de 1990, dado a ausênca de polítcas efetvas posteror a década de 1980. Além do mas, as polítcas que sucederam os anos de 1990, foram pautadas em guerras fscas dos estados, e o Nordeste braslero fo a regão de maor nfluênca na atração de ndústras por esses mecansmos. Depos do Sul, o Nordeste fo o que mas teve representatvdade em número de estabelecmentos ndustras, saltando de 8,3% do total naconal em 1990 para 12,7% em 2010 uma varação acumulada, portanto, de 4,4 pontos percentuas postvos. Os ganhos regstrados no Sul do país podem ser assocados à proxmdade da regão à regão Sudeste, e os ganhos do Nordeste são, conforme Slva Flho et al. (2016), resultados das polítcas de atração de ndústra por ncentvos fscas, sobretudo nsttuída pelos estados do Ceará, Pernambuco e Baha. Outrossm, é mportante ressaltar que muto contrbuu os nvestmentos federas aplcados na regão. Porém, é precso destacar que refletem mas as ações de polítcas de tração de ndustras por ncentvos fscas empreendda pelos estados da regão, do que aos resultados de uma polítca naconal de desenvolvmento, nas proporções de outrora. De fato, Slva Flho, Queroz & Slva (2011, p. 185) corroboram abaxo esses pontos de vsta: Além de ncentvos fscas e fnanceros, as ndústras nstaladas na regão Nordeste encontraram o cenáro local para a reprodução cap- 33

Revsta Portuguesa de Estudos Regonas, nº 45 tal, prncpalmente pela dsponbldade de mão-de-obra barata, dscplnada e em grande quantdade, com ausênca de sndcatos, e que, quando exstem, têm poder de barganha mínmo; e pela proxmdade dos mercados europeus e um vasto mercado consumdor. Todo esse contexto tem proporconado o recente processo de ndustralzação de estados do Nordeste. Tabela 1: Partcpação percentual de ndústras por macrorregão - 1990-2010 Regões 1990 1995 2000 2005 2010 Norte 2,0 2,2 2,7 3,1 3,1 Nordeste 8,3 9,6 11,3 11,8 12,7 Sudeste 61,4 57,7 52,4 49,6 48,0 Sul 24,0 25,5 27,8 29,1 29,3 Centro-Oeste 4,3 5,0 5,8 6,4 6,9 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Elaborado pelo autor a partr de dados da RAIS/MTE. Araúo (1997) mostrou que, a partr dos anos de 1960, o Nordeste despontou rumo à ndustralzação, ncentvada, sobretudo, pelos ncentvos fscas do sstema 34/18-Fnor e senção do mposto sobre a renda, ambos gerdos pela SUDENE, então recentemente crada. Em paralelo houve nvestmentos de empresas estatas na Baha e no Ro Grande do Norte com a Petrobrás, e no Maranhão com a Companha Vale do Ro Doce. Seguu-se a esses nvestmentos o acréscmo do número de empresas locas, naconas e multnaconas, fenômeno que fez crescer as atvdades urbanas, as quas por sua vez passaram a comandar o crescmento da produção em termos regonas. O polo petroquímco de Camaçar localzado na Baha, vem contrbundo desde a década de 1970 para a crescente produção de bens ntermedáros no Nordeste. O sstema de ncentvos fscas do Ceará tem peso relevante na atração de ndústras para o Estado. As empresas também são benefcadas por ncentvos fscas e fnanceceros da SUDENE e do Banco do Nordeste. Com sso, o Ceará fgura como um dos Estados nordestnos que mas se benefcaram com as polítcas de atração de ndústras, tendo, portanto, destaque mportante em termos de aumento nomnal no número de estabelecmentos ndustras nos últmos anos (Slva Flho; Queroz; Slva, 2011). Destaque-se, anda, pela tabela 1, que o Sudeste vem perdendo partcpação relatva no conunto naconal. De 61,4% de partcpação naconal em 1990, o peso da ndústra do Sudeste em termos de estabelecmentos ndustras, dmnuu para 48% em 2010, uma vara- ção, portanto, negatva de 13,4 pontos percentuas ao longo do período analsado. Para tanto contrbuem város fatores fartamente analsados pela lteratura, sendo os mas sgnfcatvos o processo de desconcentração ndustral a partr de 1970 e as recentes dsputas nterestaduas pela atração de nvestmentos ndustras pautadas na renúnca fscal e oferta de mão de obra barata. No que se refere a partcpação percentual de postos formas 2 de trabalho na ndústra, os dados da tabela 2 mostram que há, de fato, concentração da força de trabalho ocupada nas regões mas desenvolvdas economcamente ao longo dos anos em apreço. Porém, os dados confrma reduzr relatvamente essa partcpação e o ganho relatvo das regões menos desenvolvdas. Esse movmento de ndustralzação fora do exo econômco Sudeste-Sul vem ganhando dmensão mas acentuada pelas ações das polítcas de ncentvos fscas empreenddas pelas undades da federação de outras regões. Essa redução é, de fato, resultado da desconcentração ndustral ou da nova organzação da ndústra no terrtóro naconal que resulta e no aumento da partcpação das regões menos desenvolvdas economcamente, a exemplo do Nordeste do Norte e do Centrooeste no processo de ndustralzação. Porém, 2 Referrem-se aos postos de trabalho contatados pelo regme da Consoldação das Les do Trabalho CLT, com todas as garantas socas estenddas ao trabalhador, bem como engloba anda os estatutáros efetvos e não efetvos ocupados. Ou sea, trata-se de ocupados com todos os dretos socas garantdos à época vgente aos dados. 34

Panorama da Indústra nas Macrorregões Brasleras: Análse a Partr de Meddas Tabela 2: Partcpação percentual dos postos de trabalho nas ndústras por macrorregão - 1990-2010 Regões 1990 1995 2000 2005 2010 Norte 2,8 2,8 3,2 3,9 3,7 Nordeste 11,6 11,6 12,6 13,1 13,7 Sudeste 63,7 60,5 55,4 53,0 52,6 Sul 19,7 22,0 24,6 25,2 24,7 Centro-Oeste 2,3 3,1 4,2 4,8 5,3 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Elaborado pelo autor a partr de dados da RAIS/MTE. pelos dados, não é possível afrmar se há perda substancal de undades produtvas pelas regões Sudeste e Sul, mas pode-se afrmar que o rtmo da expansão ndustral nessas regões reduzram-se em detrmento de um processo mas consstente de ndustralzação das regões menos desenvolvdas economcamente, dado as polítcas nsttuconalzadas e dos esforços empreenddo nas esferas Federal e estaduas para dnamzar as economas em áreas de menor poder de atratvdade. Observese que o Norte, Nordeste, Sul e Centro-oeste elevam a partcpação relatva de ocupados formas na ndústra, enquanto o Sudeste reduz sua partcpação nos anos analsados. 4.1 Quocente Locaconal 3 dos subsetores ndustras e da mão de obra formalmente ocupada nas macrorregões brasleras. Pelos dados da tabela 3, é possível destacar o mportante desempenho da ndústra de madera e mobláro na regão Norte em todos os anos em apreço. Os resultados apresentados pelo índce assumram valores de 2,53, 2,20 e 2,43, em 1990, 2000 e 2010, respectvamente. Além desta, a ndustral extratva mneral, almentos e bebdas, materal elétrco e de comuncação e a de servços ndustras de utldade públca também se destacaram. Essas atvdades foram sobremanera ncentvadas pelas polítcas fscas resultantes da SUF- RAMA e da SUDAM, e culmnou na acumulação de ndustras dessa natureza na regão, com forte destaque para a Zona Franca de Manaus, ratfcando a lteratura aqu utlzada. 3 O Quocente Locaconal procura dentfcar o setor básco para a regão analsada, e se esta regão está especalzada neste setor a tal ponto que sea capaz de ter uma ndústra especalzada regonalmente. No Nordeste, os dados refletem os resultados das polítcas de atração de ndústra, sobretudo confrmando a fnaldade prncpal de tas polítcas: a geração de postos de trabalho. Pelos dados, é possível perceber que o destaque na regão está relaconado a atvdades econômcas trabalho/ntensvo. Ou sea, o setor de almentos e bebdas, servços ndustras de utldade públca, e a ndústra têxtl mostraram-se substancas na estrutura produtva da regão, além de atvdades mas ntensvas em captal, como extração de mnéros, mneras não metálcos. O setor de mnéros, metálco e não metálcos destacamse nos estados do Ro Grande do Norte, Maranhão, Ceará, Pernambuco, Baha. Exploração de petróleo, cmento, alumíno, dentre outros, têm dmensão mportante para a economa da regão. Já a ndústra têxtl se destaca nos estados do Ro Grande do Norte e do Ceará, sobretudo. No Sudeste, é mportante perceber que pratcamente todos os setores da ndústra de transformação têm relevânca substancal em todos os anos analsados. Essa regão tem elevada representatvdade da ndústra, dado seu nível de desenvolvmento econômco. Nela, concentra-se setores de todos os níves de ntensdade tecnológca. Os ndcadores foram superores ou muto próxmo a undade nos anos de 1990, 2000 e 2010, em todos os setores da ndústra de transformação, mostrando não haver uma especaldade, mas uma dversdade na produção ndustral da regão. A regão Sul também se assemelha ao Sudeste, embora a produção da economa fque muto aquém desta. Os ndcadores da regão Sul também mostram dversfcação produtva ndustral e não há especaldade a ser destacada. O seu maor destaque é para a ndústra de calçados com ndcador consderável em todos os anos analsados. 35

Revsta Portuguesa de Estudos Regonas, nº 45 Tabela 3: Quocente Locaconal (QL): Subsetores da ndústra de transformação e Regões Brasleras - 1990-2010. Subsetores ndustras Norte Nordeste Sudeste Sul C-Oeste Subsetor ndustral 1990 Extratva Mneral 1,11 1,05 1,00 0,92 1,26 Prod. Mneral não Metálco 0,76 1,10 0,98 1,06 0,92 Indústra Metalúrgca 0,61 0,61 1,08 0,99 0,83 Indústra Mecânca 0,46 0,45 1,11 1,06 0,41 Elétrco e Comuncação 1,22 0,54 1,24 0,63 0,43 Materal de Transporte 0,90 0,58 1,08 1,01 0,71 Madera e Mobláro 2,53 0,92 0,69 1,57 1,65 Papel e Gráfca 0,85 1,12 1,07 0,78 1,13 Borracha, Fumo e Couros 0,71 0,74 1,14 0,83 0,65 Indústra Químca 0,65 1,07 1,14 0,71 0,57 Indústra Têxtl 0,18 0,79 1,16 0,77 0,76 Indústra de Calçados 0,07 0,53 0,98 1,35 0,63 Almentos e Bebdas 1,71 2,03 0,77 1,04 1,74 Servço Ind. Utldade Públca 2,20 1,98 0,84 1,03 0,62 Subsetor ndustral 2000 Extratva Mneral 0,88 1,06 1,09 0,81 1,06 Prod. Mneral não Metálco 1,03 1,10 1,04 0,91 0,91 Indústra Metalúrgca 0,52 0,56 1,13 1,05 0,66 Indústra Mecânca 0,50 0,42 1,17 1,10 0,38 Elétrco e Comuncação 0,78 0,35 1,30 0,82 0,48 Materal de Transporte 1,18 0,56 1,14 0,91 0,98 Madera e Mobláro 2,43 0,70 0,67 1,52 1,41 Papel e Gráfca 0,91 0,95 1,13 0,77 1,11 Borracha, Fumo e Couros 0,68 0,74 1,09 1,00 0,88 Indústra Químca 0,58 0,85 1,20 0,81 0,58 Indústra Têxtl 0,29 1,04 1,06 0,95 0,95 Indústra de Calçados 0,06 0,56 0,92 1,53 0,44 Almentos e Bebdas 1,32 1,73 0,85 0,88 1,38 Servço Ind. Utldade Públca 2,88 1,88 0,82 0,69 1,52 Subsetor ndustral 2010 Extratva Mneral 1,56 1,18 1,08 0,66 1,29 Prod. Mneral não Metálco 1,28 1,28 0,95 0,90 1,14 Indústra Metalúrgca 0,65 0,67 1,08 1,10 0,81 Indústra Mecânca 0,60 0,52 1,13 1,11 0,64 Elétrco e Comuncação 0,98 0,50 1,27 0,89 0,50 Materal de Transporte 1,37 0,68 1,13 0,93 0,82 Madera e Mobláro 2,06 0,74 0,68 1,46 1,26 Papel e Gráfca 1,04 1,06 1,07 0,83 1,11 Borracha, Fumo e Couros 0,81 0,87 1,10 0,92 0,92 Indústra Químca 0,68 0,88 1,19 0,83 0,75 Indústra Têxtl 0,33 1,10 1,03 0,98 0,96 Indústra de Calçados 0,05 0,57 0,99 1,44 0,39 Almentos e Bebdas 1,42 1,48 0,90 0,85 1,27 Servço Ind. Utldade Públca 2,62 1,38 0,85 0,83 1,37 Fonte: Elaborado a partr de dados da RAIS - MTE No Centro-oeste não há um setor ndustral de destaque, mas os setores de almentos e bebda, servços ndustras de utldade públca e a ndústra de madera e mobláros têm quocente locaconal mas elevado nos três pontos analsados. Os ndcadores construídos a partr dos dados de postos formas de trabalho em cada um dos setores da ndústra de transformação e em cada uma das regões do país estão plotados na tabela 4. Os resultados para a mão de obra formalmente ocupada assemelham-se aqueles regstrados para o número de estabelecmentos ndustras. Ou sea, as atvdades ndústras que se destacam em número de estabelecmentos em cada uma das regões bras- 36

Panorama da Indústra nas Macrorregões Brasleras: Análse a Partr de Meddas Tabela 4: Quocente Locaconal (QL): ocupados formas por subsetores da ndustral de transformação e Regões brasleras - 1990-2010 Regões Norte Nordeste Sudeste Sul C-Oeste Subsetor ndustral 1990 Extratva Mneral 2,76 1,14 0,93 0,73 2,34 Prod. Mneral não Metálco 0,81 1,02 1,00 0,98 1,39 Indústra Metalúrgca 0,39 0,43 1,21 0,79 0,61 Indústra Mecânca 0,47 0,26 1,14 1,17 0,17 Elétrco e Comuncação 4,22 0,29 1,16 0,53 0,27 Materal de Transporte 0,45 0,09 1,39 0,45 0,12 Madera e Mobláro 3,14 0,56 0,61 2,09 2,06 Papel e Gráfca 0,49 0,74 1,09 0,93 0,93 Borracha, Fumo e Couros 0,82 0,61 1,10 1,01 0,40 Indústra Químca 0,38 0,92 1,16 0,68 0,48 Indústra Têxtl 0,19 1,14 1,06 0,89 0,60 Indústra de Calçados 0,01 0,28 0,60 2,95 0,23 Almentos e Bebdas 0,93 2,52 0,71 0,97 1,75 Servço Ind. Utldade Públca 1,95 1,74 0,78 0,86 3,42 Subsetor ndustral 2000 Extratva Mneral 1,30 1,46 1,05 0,55 1,33 Prod. Mneral não Metálco 1,04 1,25 1,02 0,80 1,13 Indústra Metalúrgca 0,49 0,43 1,28 0,81 0,52 Indústra Mecânca 0,65 0,22 1,18 1,15 0,27 Elétrco e Comuncação 2,87 0,33 1,22 0,72 0,22 Materal de Transporte 0,75 0,14 1,39 0,72 0,21 Madera e Mobláro 3,56 0,46 0,55 1,80 1,87 Papel e Gráfca 0,70 0,63 1,15 0,90 0,90 Borracha, Fumo e Couros 0,62 0,56 1,08 1,13 0,74 Indústra Químca 0,46 0,73 1,24 0,74 0,63 Indústra Têxtl 0,18 1,36 0,98 1,02 0,72 Indústra de Calçados 0,00 1,60 0,48 2,13 0,14 Almentos e Bebdas 0,95 1,75 0,79 0,92 2,05 Servço Ind. Utldade Públca 2,10 1,61 0,94 0,65 1,17 Subsetor ndustral 2010 Extratva Mneral 2,48 1,23 1,10 0,40 1,14 Prod. Mneral não Metálco 1,26 1,39 0,95 0,81 1,17 Indústra Metalúrgca 0,74 0,53 1,24 0,88 0,53 Indústra Mecânca 0,75 0,32 1,16 1,22 0,35 Elétrco e Comuncação 3,09 0,31 1,14 0,94 0,20 Materal de Transporte 1,08 0,28 1,36 0,79 0,25 Madera e Mobláro 2,28 0,53 0,66 1,74 1,24 Papel e Gráfca 0,67 0,74 1,13 0,95 0,89 Borracha, Fumo e Couros 0,75 0,64 1,09 1,05 0,97 Indústra Químca 0,62 0,86 1,16 0,72 1,31 Indústra Têxtl 0,20 1,27 0,93 1,18 0,75 Indústra de Calçados 0,03 2,62 0,49 1,51 0,18 Almentos e Bebdas 1,11 1,41 0,81 0,98 1,85 Servço Ind. Utldade Públca 1,55 1,42 0,97 0,73 1,07 Fonte: Elaborado a partr de dados da RAIS - MTE. leras, também se destacam na geração de empregos. Em todos os anos analsados os ndcadores têm comportamento pratcamente nvarável dentre os setores da ndústra de transformação, em sua maora. Ou sea, do ano de 1990 ao ano de 2010, o comportamento da ndústra naconal não apresentou nenhuma mudança brusca em nenhuma das regões do país. O que aconteceu, de fato, fo uma lgera elevação das undades produtvas á exstentes, de alguns setores da ndustral de transformação em algumas regões, fator ncrementado pelo aumento da concorrênca nterna e nternaconal. Não houveram nenhum setor de destaque acentuado ao ponto de sobressar-se em relação 37

Revsta Portuguesa de Estudos Regonas, nº 45 aos demas em nenhuma das regões. Algumas delas apresentam destaque mas expressvos no Norte, mas sso resulta da pouca ocupação ndustral de outros setores, o que os elevam sobremanera na economa daquela regão. Pelos resultados, fca vsível a perpetuação das atvdades no contexto regonal no recorte temporal estudado, sem se destacar nenhum salto substancal de um setor ndustral na geração de empregos em nenhuma das regões, com exceção do Norte e pelos motvos á ctados. 4.2 Coefcente de Localzação dos subsetores ndustras e da força de trabalho formalmente ocupada nas grandes regões Por meo do Coefcente de Localzação (tabela 5) é possível saber qual regão apresenta maor concentração de setores em relação ao conunto naconal. Essa medda, levando em conta as cnco regões naturas e os subsetores ndustras de cada regão, propor- cona uma análse do grau de concentração n- dustral dos subsetores ndustras em cada regão, em termos de estabelecmentos ndustras e de empregos formas nos setores específcos. Tal como na medda de localzação utlzada anterormente, a saber, no Quocente Locaconal, a ênfase da análse feta pelo Coefcente de Localzação é dada em valores próxmos a 1 (um). O cálculo efetuado para os períodos de 1990 e 2010 resultou em valores menores do que a undade para todos os subsetores ndustras em todas as regões naturas, sendo que os maores índces calculados não chegaram sgnfcatvamente próxmos à undade. Isto denota que no período analsado todas as regões mostraram exstr dversfcação em sua estrutura produtva, não apresentando concentração de undades produtvas por setor ndustral. Por esse motvo, consderaram-se como valores expressvos para ndcar certa varação postva em termos de concentração ndustral os valores guas ou maores do que 0,04 (quatro centésmos), conforme a tabela 5. Segundo o crtéro proposto para esta análse, tem-se que o Norte não possu setores com índces relevantes em relação ao conunto naconal. O setor de madera e mobláro sera o setor mas relevante desta regão em relação ao conunto naconal, com índce de 0,02 para cada período. No entanto, é um índce bastante pequeno se consderado com o índce apresentado pelo Sudeste para o mesmo setor em 1990, que fo de 0,09. O resultado é que o Norte não ostenta relevânca em nenhum setor consderado na análse, em relação ao conunto naconal. O Nordeste obteve índces um pouco mas relevantes que o Norte somente em três setores e em apenas dos, dos três períodos consderados. O setor de almentos e bebdas e o de servços ndustras de utldade públca lograram índces de 0,04 em 1990, demonsstrando que a regão tnha alguma representatvdade nestes setores em termos de undades produtvas exstentes. De fato, o Nordeste possuía em 1990 16% do total dos estabelecmentos ndustras do setor de almentos e bebdas em relação ao total naconal e 16% dos estabelecmentos do setor de servços ndustras de utldade públca. Com a abertura econômca dos anos de 1990 e o movmento mgratóro de ndustras trabalho/ntensvo para próxmo aos mercados consumdores nternaconal, a ndustral nordestna se benefcou com o aumento de suas undades produtvas do setor têxtl e calçadsta, vndo sobretudo flas do Sul e do Sudeste para aquela regão, reduzndo, relatvamente a partcpação de outras ndústras no total regonal (Slva Flho, 2016). Em 2000, o setor de materal elétrco e de comuncação alcançou índce de 0,04 contra apenas 0,02 em 1990. Embora o índce de 0,04 anda sea pouco expressvo, fca demonstrado que houve uma varação pequena, refletndo o aumento no número de estabelecmentos ndustras neste setor que, anda em 2000, fo segudo pelos de almentos e bebdas e servços ndustras de utldade públca, com índces de 0,04 e 0,05 respectvamente, com o mesmo comportamento apresentado. Os demas setores mantveram índces nferores nos três períodos analsados nclusve, no ano 2010 nenhum setor regstrou índces guas ou superores a 0,04 - reforçando, com sso, que o Nordeste, apesar da gama de ncentvos fscas oferecdos pelos governos estaduas, dos ncentvos federas e de uma economa bastante dversfcada, anda não revela um quadro de representatvdade ndustral em nenhum setor consderado na análse em relação ao conunto naconal. Ou sea, tem estrutura produtva, em menores proporções, mas semelhante setoralmente, ao que se regstra em nível naconal (Slva Flho et al., 2015). 38

Panorama da Indústra nas Macrorregões Brasleras: Análse a Partr de Meddas Tabela 5: Coefcente de Localzação (CL): Subsetores da ndústra de transformação e Regões Brasleras - 1990-2010. Subsetores ndustras Norte Nordeste Sudeste Sul C-Oeste Subsetor ndustral 1990 Extratva Mneral 0,00 0,00 0,00 0,01 0,01 Prod. Mneral não Metálco 0,00 0,00 0,01 0,01 0,00 Indústra Metalúrgca 0,00 0,02 0,03 0,00 0,00 Indústra Mecânca 0,01 0,02 0,03 0,01 0,01 Elétrco e Comuncação 0,00 0,02 0,07 0,04 0,01 Materal de Transporte 0,00 0,02 0,02 0,00 0,01 Madera e Mobláro 0,02 0,00 0,09 0,07 0,01 Papel e Gráfca 0,00 0,00 0,02 0,03 0,00 Borracha, Fumo e Couros 0,00 0,01 0,04 0,02 0,01 Indústra Químca 0,00 0,00 0,04 0,03 0,01 Indústra Têxtl 0,01 0,01 0,05 0,03 0,01 Indústra de Calçados 0,01 0,02 0,01 0,04 0,01 Almentos e Bebdas 0,01 0,04 0,07 0,00 0,02 Servço Ind. Utldade Públca 0,01 0,04 0,05 0,00 0,01 Subsetor ndustral 2000 Extratva Mneral 0,00 0,00 0,02 0,03 0,00 Prod. Mneral não Metálco 0,00 0,01 0,01 0,01 0,00 Indústra Metalúrgca 0,01 0,03 0,03 0,01 0,01 Indústra Mecânca 0,01 0,03 0,04 0,01 0,02 Elétrco e Comuncação 0,00 0,04 0,08 0,02 0,02 Materal de Transporte 0,00 0,02 0,04 0,01 0,00 Madera e Mobláro 0,02 0,02 0,09 0,07 0,01 Papel e Gráfca 0,00 0,00 0,03 0,03 0,00 Borracha, Fumo, Couros 0,00 0,01 0,02 0,00 0,00 Indústra Químca 0,01 0,01 0,05 0,03 0,01 Indústra Têxtl 0,01 0,00 0,02 0,01 0,00 Indústra Calçados 0,01 0,02 0,02 0,07 0,02 Almentos e Bebdas 0,00 0,04 0,04 0,02 0,01 Servço Utldade Públca 0,03 0,05 0,05 0,04 0,02 Subsetor ndustral 2010 Extratva Mneral 0,01 0,01 0,02 0,05 0,01 Prod. Mneral não Metálco 0,00 0,02 0,01 0,01 0,00 Indústra Metalúrgca 0,01 0,02 0,02 0,01 0,01 Indústra Mecânca 0,01 0,03 0,03 0,02 0,01 Elétrco e Comuncação 0,00 0,03 0,07 0,02 0,02 Materal de Transporte 0,01 0,02 0,03 0,01 0,01 Madera e Mobláro 0,02 0,02 0,08 0,07 0,01 Papel e Gráfca 0,00 0,00 0,02 0,02 0,00 Borracha, Fumo e Couros 0,00 0,01 0,03 0,01 0,00 Indústra Químca 0,00 0,01 0,05 0,02 0,01 Indústra Têxtl 0,01 0,01 0,01 0,00 0,00 Indústra de Calçados 0,01 0,03 0,00 0,06 0,02 Almentos e Bebdas 0,01 0,03 0,03 0,02 0,01 Servço Ind. Utldade Públca 0,02 0,02 0,04 0,03 0,01 Fonte: Elaborado a partr de dados da RAIS - MTE. O Sudeste, por sua vez, tradconalmente consderado pela lteratura como a regão mas concentrada ndustralmente, alcançou índces um pouco mas expressvos relatvamente às regões anterormente analsadas; porém, assm como elas, nenhum índce se aproxma da undade. O setor de madera e mobláro apresentou índce de 0,09 em 1990; o maor índce, nclusve, de todos os apresentados na tabela 3; valor que se repetu para este setor no período segunte. Este setor, portanto, apresenta maor representatvdade no Sudeste em relação ao conunto naconal. O Sudeste detnha o total de 11.474 undades produtvas no setor de madera e mobláro, correspondente a cerca de 43% do total dos esta- 39

Revsta Portuguesa de Estudos Regonas, nº 45 belecmentos no conunto naconal em 1990. Este índce, no entanto, baxou em 2010 para 0,08, mantendo-se, não obstante, acma do que foram apresentadas pelas demas regões. Em 2000, os setores da ndústra mecânca e da ndústra de materal de transporte, cuos índces em 1990 fcaram abaxo de 0,04, apresentaram em 2000 índces de 0,04 cada um, o que traduz um pequeno movmento seu de representatvdade no Sudeste em relação ao conunto naconal. Anda em 2000, os setores de materal elétrco e de comuncação e a ndústra de madera e mobláro seguem com índces um pouco mas representatvos, 0,08 e 0,09, respectvamente. Em 2010, o Sudeste também teve seu maor índce no setor de madera e mobláro, com CL de 0,08 contra 0,09, alcançado em 1990. A ndústra químca apresentou índce de 0,05 e o setor de materal elétrco e de comuncação manteve o mesmo índce do período anteror, a saber, 0,07. Dado sua dnâmca econômca, é pertnente que os regstros observado em níves naconas, seam mas elevados nessa regão geográfca. Os resultados apresentados - mesmo com índces de valores pequenos - mostram o Sudeste como a regão mas representatva em número de estabelecmentos ndustras, o que denota que as polítcas de atração de nvestmentos ndustras oferecdas pelos estados das demas regões, prncpalmente pelos do Nordeste, não conseguram reverter a concentração ndustral no Sudeste e dfclmente o fará. A perda de partcpação relatva não ndca que a regão Sudeste perde ndústra para as demas regões do país. O que se tem, de fato, é a abertura de novas flas em regões que oferecem ncentvos fscas e mão de obra mas barata, atrando assm novas undades produtvas de setores á exstente em todo o terrtóro naconal. O Sul também logrou índces modestos - abaxo de 0,04 - em todos os períodos cons- O Sudeste e o Sul, devdo a dnâmca mas acentuada e a dversfcação produtva regonal, os ndcadores de especalzação da mão de obra formalmente ocupada não mostram nenhuma atvdade da ndústra de transformação como atvdade de espacalzação destas regões. A dnamcdade da produção ndustral destas regões não as classfcam nenhuma atvdade setoral no âmbto da localzação regonal. Ademas, no Centro-oeste, o maor destaque fo na ndústra de almentos e bebdas. Outrossm, pelos dado, derados. Porém, pelo menos três setores ndustras ao longo dos três períodos analsados atestaram índces guas ou acma de 0,04, o que fez com que o Sul se destacasse como a regão mas representatva ndustralmente, em termos de estabelecmentos ndustras, na comparação com as regões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, reforçando, assm, que a concentração ndustral está localzada no exo Sudeste-Sul. A ndústra de calçados também fo outro setor que apresentou em 1990, no Sul, partcpação maor do que suas demas congêneres, com índce de 0,04 em 1990. Dnz (2002) destacou que hava uma tendênca à transferênca de ndústras de calçados para o Nordeste devdo aos baxos saláros e aos de ncentvos fscas oferecdos pelos estados va programas de atração de ndústras. Isto explca, em parte, por que o Nordeste, depos do Sul, detém o maor número de undades produtvas da ndústra de calçados. Essa tendênca mostrou-se evdente anda em 2000, quando a regão Sul aumentou sua partcpação neste setor com índce de 0,07, e em 2010, quando apresentou índce de 0,06. O Nordeste, por sua vez, subu de 0,02 em 1990 e 2000 para 0,03 em 2010. No que se refere ao coefcente especalzação regonal da força de trabalho, os dados da tabela 6 mostra não haver destaque acentuado do ndcador em nenhuma das regões e em nenhum dos setores nos três recortes temporas em apreço. No Norte, o setor de madera e mobláro regstra valor do índce relatvamente maor, mas não sendo sufcente para afrmar especalzação regonal. No Nordeste o destaque é da ndústra de almentos e bebdas, que segundo Araúo (2000) é uma das atvdades da ndústra que sempre se destacou na regão, mas que não pode ser consderada atvdade de especalzação regonal. é possível afrmar que nenhuma das regões brasleras é detentora de alguma atvdade produtva ndustral como sendo uma especalzação exclusvamente regonal. O que se tem, de fato, é uma dnâmca ndustral de setores tradconas que dnamzam-se a partr de novas formas de organzação da produção, através da novação e da mgração de novas plantas ndustras, sem contudo ser setor de especalzação exclusvamente de uma regão geográfca. Essa dnâmca é garantda pela busca ncessante de reduzr custos de produção 40