Texto para discussão nº 05/2011
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- Carlos Eduardo Santana
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1 Texto para dscussão nº 05/2011 A INSERÇÃO DO SETOR PRODUÇÃO DE ENERGIA NA ECONOMIA DO RIO GRANDE DO SUL: UMA ABORDAGEM INSUMO-PRODUTO Marco Antono Montoya Cássa Aparecda Pasqual Náda Bogon
2 1 A INSERÇÃO DO SETOR PRODUÇÃO DE ENERGIA NA ECONOMIA DO RIO GRANDE DO SUL: UMA ABORDAGEM INSUMO-PRODUTO 1 Marco Antono Montoya 2 Cássa Aparecda Pasqual 3 Nada Mar Bogon 4 Resumo Neste artgo, com base na construção do setor produção de energa na matrz nsumo-produto do RS de 1998, avala-se a nserção da produção de energa na economa gaúcha. Para sso, caracterza-se a estrutura dos fluxos setoras, o valor adconado nduzdo pela demanda fnal, bem como os encadeamentos do setor. A dmensão econômca estabelecda pelo VPB mostra uma partcpação margnal do setor produção de energa no estado ndcando que dos terços de seus nsumos são mportados. O setor energétco apresenta pouca relevânca na geração de renda, contudo consttu-se como um setor-chave fornecedor de nsumos báscos para o crescmento econômco do estado. Palavras-chave: produção de energa, valor adconado; matrz de nsumo-produto. Abstract Ths artcle, based on the constructon of energy producton sector on the nput-output matrx of RS n 1998, evaluates the ntegraton of energy producton n the economy of the state. For ths purpose, the structure of sectoral flows s characterzed by, the nduced value-added for fnal demand, as well as the lnkages of the sector. The economc dmenson establshed by VBP shows a margnal partcpaton of the energy producton sector n the state, and ndcates than two thrds of ts nputs are mported. The energy sector has lttle relevance n the ncome generaton, however t s a sector-key suppler of basc nputs for the economc growth of ths state. Key words: energy producton, value-added, nput-output matrx JEL Classfcaton: Q47, Q50, C67, R10 1. INTRODUÇÃO O crescmento econômco tem um relevante papel no aumento da demanda de energa dada sua vtal mportânca para o desenvolvmento das atvdades de produção, dstrbução e consumo de bens e servços nerentes a qualquer sstema econômco. Nesse sentdo, prevsões sobre demanda de energa para o Ro Grande do Sul apontam, até o ano de 2030, que o consumo de energa crescerá a uma taxa de 2,6% a.a. Em 1 Os resultados deste estudo fazem parte de um proeto maor nttulado Construção da matrz nsumoproduto híbrda do estado do Ro Grande do Sul e avalação setoral da ntensdade energétca e das emssões de CO 2 que tem como obetvo prncpal avalar os mpactos ambentas decorrentes do consumo de combustíves no estado. 2 Doutor em economa aplcada pela ESALQ-USP. Professor da Faculdade de Cêncas Econômcas, Admnstratvas e Contábes da Unversdade de Passo Fundo. 3 Mestre em agronegócos pela UFRGS. Professora da Faculdade de Cêncas Econômcas, Admnstratvas e Contábes da Unversdade de Passo Fundo. 4 Mestre em contabldade pela FURB. Professora da Faculdade de Cêncas Econômcas, Admnstratvas e Contábes da Unversdade de Passo Fundo.
3 2 vrtude dsso, estma-se que esse consumo passará de mlhões de tep (toneladas equvalentes de petróleo) em 1998 para mlhões de tep em 2030, ou sea, haverá um aumento de 167,16% na dmensão do mercado energétco do estado 5. A expansão econômca assocada ao aumento da concorrênca nos mercados e a busca constante de ganhos de produtvdade têm levado, tradconalmente, os setores produtvos ao uso de tecnologas que exploram ntensvamente os recursos energétcos. Por exemplo, no estado do Ro Grande do Sul, do ponto de vsta das fontes de energa, observa-se que os dervados do petróleo foram responsáves por 44,76% do consumo, a nafta por 18,12%, a lenha por 17,44%, a energa hdráulca por 8,19%, o carvão vapor por 6,71% e a eletrcdade por 3,94%. Já no tocante à matrz energétca setoral de consumo do estado, o setor transporte fo responsável por 31,22% do consumo, enquanto que o setor ndustral fo responsável por 25,24%, o setor resdencal por 15,83%, o setor agropecuáro por 10,80% e o setor comercal por 2,99%. Esses cnco setores somados representam 86,08% do consumo de energa do estado. Dante das perspectvas do crescmento econômco do estado, muto se têm dscutdo sobre o maor consumo de energa decorrente do maor volume de produção e consumo. Porém, uma questão, de suma mportânca e anda pouco dscutda de forma empírca é: dada a utlzação ntensva de combustíves nas estruturas de produção e consumo, quas são as relações ntersetoras do setor produção de energa que se estabelecem com a aceleração do crescmento econômco? Certamente, em razão da falta de evdênca empírca sobre esta problemátca, muto se pode especular a respeto, até porque não exste no Ro Grande do Sul um corpo teórco que ntegre seu sstema econômco com o setor produção de energa para análse de tas aspectos. O modelo nsumo-produto tem a capacdade de retratar essas relações em dferentes níves de complexdade. Ele é um nstrumento adequado para avalar as relações setoras do consumo de energa do estado em vrtude de ncorporar o setor energétco no sstema econômco. Nesse contexto, este estudo se propõe construr o setor de produção de energa no modelo nsumo-produto do Ro Grande do Sul. Em decorrênca dsso, propõe-se também: caracterzar, o perfl das relações nsumo-produto por orgem e destno do setor energétco; avalar a nfluênca dos componentes da demanda fnal na geração de valor adconado do setor, bem como dentfcar a relevânca de seus encadeamentos setoras. Com sso, espera-se fornecer subsídos para entender a abrangênca das relações do setor produção de energa com os dferentes setores econômcos determnantes do crescmento econômco do estado. O presente artgo está dvddo da segunte manera: na seção 2, apresenta-se a produção e geração de energa do estado do Ro Grande do Sul, na seção 3 é apresentado o modelo teórco de análse, o processo complação e construção do setor produção de energa para a economa gaúcha; a seção 4 caracterza a dmensão econômca do setor de produção de energa; a seção 5 avala o valor adconado nduzdo pelos componentes da 5 Internatonal Energy outlook ( IEO, 2009) e Sére Hstórca de do Balanço Energétco do Ro Grande do Sul (2010).
4 3 demanda fnal, bem como os encadeamentos setoras da produção de energa; as prncpas conclusões obtdas no decorrer da análse são apresentadas na últma seção. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 O Setor Energétco no Ro Grande do Sul O uso da energa é um elemento crucal para o desenvolvmento socoeconômco e está ntmamente relaconado com as oportundades econômcas e com o bem-estar socal e econômco. Por sua vez, os processos de geração de energa desempenham um papel fundamental no planeamento de polítcas socas, econômcas e ambentas que assegurem um desenvolvmento sustentável. Segundo dados do Balanço Energétco Naconal de 2009 (BEN 2009) o consumo braslero de energa em 2008 atngu 226,39 mlhões de tep 6. Consderando-se as proeções do IEO (Internatonal Energy Outlook) 2009 de um crescmento de consumo de energa de 2,6% ao ano (no período de 2006 a 2030), o país consumrá 398,2 mlhões de tep em Em 2008, o consumo de energa por habtante no Brasl fo de tep por habtante. Os 226,39 mlhões de tep consumdos pelo Brasl em 2008 correspondem a 89,63% da Oferta Interna de Energa - OIE, sendo um consumo 3,65 vezes superor ao verfcado em Para o Ro Grande do Sul, segundo dados do Balanço Energétco do Estado (2010) o consumo de energa terá um crescmento anual (de 2006 a 2030) de 2,6% ao ano, passando de mlhões de tep em 2010 para mlhões de tep em O Estado do Ro Grande do Sul destaca-se na produção carvão vegetal em que ocupa a prmera posção no cenáro naconal. Com relação à produção de energa elétrca, o estado ocupa a décma posção entre os estados brasleros. Já a produção de álcool encontra-se bem abaxo da potencaldade do estado. Em 2009, a OIE total orunda de fontes prmáras (petróleo, gás natural, carvão, etc) no RS, atngu tep. Em 2009, o valor da OIE sofreu acréscmo de 11,40% em relação a 2008 ( tep). Sendo que a produção total de energa no estado para o ano de 2009 fo de mlhões de tep, ou sea, mlhões de tep foram mportados. Com relação às fontes secundáras de produção de energa (óleo desel, combustíves, gás, etc), o abastecmento é todo mportado e corresponde a mlhões de tep. (BALANÇO ENERGÉTICO DO ESTADO DO RS, 2010). 3. METODOLOGIA Para analsar o setor de produção de energa do Ro Grande do Sul, torna-se necessáro, sob a ótca de um modelo de nsumo-produto, dentfcar e quantfcar suas relações ntersetoras com os demas setores da economa gaúcha. Este setor na matrz 6 TEP (Tonelada Equvalente de Petróleo), consderando-se que 1tep= btu
5 4 nsumo-produto do RS não exste e está agregado nos dversos setores do sstema econômco, portanto, torna-se necessáro construí-lo. Com esse fm, a segur, apresenta-se o modelo teórco nsumo-produto que ncorpora o setor Produção de Energa, o processo de estmatva dos fluxos setoras por orgem e destno e, a natureza dos dados dsponíves. 3.1 O Modelo Insumo-Produto A matrz de nsumo-produto (MIP), desenvolvda por LEONTIEF (1951 e 1983), consttu-se num quadro estatístco de dupla entrada que regstram, de um lado, os nsumos utlzados pelas dstntas atvdades econômcas e, de outro, o destno das produções, possbltando a percepção da nterdependênca setoral. A Tabela 01 mostra a estrutura smplfcada nsumo-produto que representa o sstema econômco aberto do Ro Grande do Sul, o qual, por sua vez, fornece a base de dados na qual será nserdo o setor produção de energa. Nessa tabela, os setores da demanda localzados nas colunas são dvddos em setores de demandas ntermedáras e setores de demanda fnal. Os setores da demanda ntermedára são subdvddos em Agropecuára (1), Indústras metalúrgcas, sderúrgca e mneração (2), Indústra de Bens de Produção e Consumo (3), Produção de Energa (4), Celulose, Papel e Gráfca (5), Químcos, Refnos do Petróleo, Farmacêutcos e Veternáros (6), Indústra de Almentos e Bebdas (7), Construção Cvl (8), Comérco e Servços (9), Transportes (10), Admnstração Públca (11). Os setores da demanda fnal são subdvddos em Exportação nternaconal (I), Exportação nterestadual (E), Consumo governo (G), Consumo famílas (C), Formação bruta de captal (I), Varação de estoque (E). Por sua vez, os setores de suprmentos estão compostos pelos setores da Importação nterestadual (m E ), Importação nternaconal (m I ), Impostos ndretos líqudos (T), Impostos líqudos sobre a atvdade (t), Valor Adconado preços báscos (Vpb), Valor Adconado preços mercado (Vpm). O setor de demanda ntermedára e o setor de suprmentos de bens e servços são dvddos entre os onze setores. Note-se, com sso, que o quadro nsumo-produto especfca a dstrbução da produção de cada setor para os dversos setores do estado. Nesse sentdo, por exemplo, na lnha horzontal, x 13 mostra quanto o setor da Indústra de Bens de Produção e Consumo compra do setor da Agropecuára, o que pode ser representado como x. ( = 1, 2, 3,..., 11; = 1, 2, 3,..., 11). Aqu, sgnfca o setor Agropecuáro e, o setor Indústra de Bens de Produção e Consumo. Smultaneamente, na lnha vertcal, a quantdade de produtos que o setor agropecuáro () comprou do setor Produção de Energa () é representada como x 41. Dessa manera, a estrutura de nsumos para o setor Produção de Energa () pode ser expressa através da segunte relação contábl:
6 5 Oferta de Bens e Servços ( ) Tabela 01: Quadro smplfcado do modelo nsumo-produto do Ro Grande do Sul com setor Produção de Energa. Setores Agropecuára (1) Indústra metalúrgca sderurga e mneração (2) Demanda Intermedára () Indústra de produção e consumo (3) Produção de energa (4) Agropecuára (1) x 1,1 x 1,2 x 1,3 x 1,4 Ind metalúrgca (2) x 2,1 x 2,2 x 2,3 x 2,4 Ind prod e consumo (3) x 3,1 x 3,2 x 3,3 x 3,4 Produção energa (4) x 4,1 4,2 4,3 4,4... Admnstração públca (11) Total () Exportação nternaconal (I) Exportação nterestadual (E) Demanda Fnal (k) Consumo do governo (G) Consumo das famílas (C) Formação bruta de captal (I) Varação de estoque (E) Total () Valor Bruto da Produção () x 1,11 x 1 y 1,I y 1,E y 1,G y 1,C y 1,I y 1,E y 1 1 x 2,11 x 2 y 2,I y 2,E y 2,G y 2,C y 2,I y 2,E y 2 2 x 3,11 x 3 y 3,I y 3,E y 3,G y 3,C y 3,I y 3,E y 3 3 x 4,11 x 4 y 4,I y 4,E y 4,G y 4,C y 4,I y 4,E y Adm públca (11) x 11,1 x 11,2 x 11,3 x 11,4 Total () x 1 x 2 x 3 x 4 Importação nterestadual (m E) m E1 m E2 m E3 m E4 Importação nternaconal (m I) m I1 m I2 m I3 m I4 Impostos ndretos líqudos (T) Impostos líqudos sobre a atvdade (t) T 1 T 2 T 3 T 4 t 1 t 2 t 3 t 4 Valor Adconado preços báscos (V pb) v pb1 v pb2 v pb3 v pb4 Valor Adconado preços mercado (V pm) v pm1 v pm2 v pm3 v pm4 Valor Bruto da Produção () Fonte: lustração dos autores x 11,11 x 11 y 11,I y 11,E y 11,G y 11,C y 11,I y 11,E y x 11 x y I y E y G y C y I y E y m E11 m E y me,i y me,e y me,g y me,c y me,i y me,e y me m I11 m I y mi,i y mi,e y mi,g y mi,c y mi,i y mi,e y mi T 11 T y T,I y T,E y T,G y T,C y T,I y T,E y tt t 11 t v pb11 v pb v pm11 11 v pm
7 6 4 1,4 + 2,4 + 3, ,4 + me 1 + mi1 + T1 + t1 + VApb1 = (1) As estruturas de nsumo dos outros setores também podem ser expressas de forma smlar. Quanto à estrutura da demanda para os produtos do setor agropecuáro (), pode ser expressa através da segunte relação contábl: 4 = 4,1 + 4,2 + 4, ,11 + Y4, I + Y4, E + Y4, G + Y4, C + Y4, I + Y4, E (2) As estruturas da demanda dos outros setores também podem ser expressas de manera smlar. Generalzando, a estrutura de nsumos para -ésmo setor a equação (1) pode ser expressa da segunte manera: = x + me + mi + T + t + Vpb (3) Smultaneamente à generalzação da estrutura de demanda do -ésmo setor, a equação (2) pode ser expressa da segunte manera: Χ = + x y ( k = I, E, G, C, I, E alternatvamente) (4) k k Desde que o valor total de nsumos utlzados sea gual ao valor total de produtos = ), o quadro nsumo-produto será consstente. ( 3.2 Processo de Construção do Setor Produção de Energa A déa de construr o setor produção de energa na matrz nsumo-produto do estado está atrelada à necessdade de desenvolver um nstrumental que permta, ntersetoralmente, vsualzar os efetos econômcos decorrentes do maor ou menor consumo de energa. Para sso é necessáro: avalar a estrutura setoral da matrz nsumo-produto do estado e nela defnr o nível de desagregação setoral que permta testar polítcas econômcas das mas dversas; avalar a dsponbldade de dados estatístcos para sua complação; e, testar a consstênca dos dados com a teora do equlíbro geral. Como as própras estatístcas dos dados dsponíves determnam aspectos centras da orentação metodológca de construção dos modelos nsumo-produto, parece oportuno salentar estes aspectos. Nesse sentdo, para construr o setor de produção de energa ou setor energétco no modelo será utlzado o método com nformação censtára lmtada para as compras de nsumos, embora se deva salentar que as nformações das vendas do setor energétco, dsponíves no Balanço Energétco do Ro Grande do Sul (BERS, 2010), seam completas. Dessa forma, para construção do referdo setor, a base de nformações será extraída da matrz energétca do estado compatblzada setoralmente e em undades monetáras com as matrzes nsumo-produto elaboradas pela FEE. Assm, o setor de produção de energa a ser construído no modelo de nsumo-produto, de acordo com a descrção do Balanço Energétco do Ro Grande do Sul (2010), dar-se-á por meo da agregação das fontes de energa prmára e secundára. A fonte prmára está composta por petróleo, gás natural, carvão vapor, carvão metalúrgco, urâno U308, energa hdráulca, lenha, produtos da cana, outras fontes prmáras. Já a fonte secundára está composta por óleo desel, óleo combustível, gasolna, GLP (gás lquefeto do petróleo), nafta, querosene, gás de cdade e de coquera, coque de carvão mneral, urâno contdo no UO2, eletrcdade, carvão vegetal, álcool etílco (andro e hdratado), bodesel, outras fontes secundáras de petróleo (gás de refnara, coque), produtos não energétcos do petróleo (graxas, parafnas, asfaltos, solventes), alcatrão.
8 7 A hpótese central para a construção do setor energétco é de que, o fluxo anual por orgem e destno de consumo de energa em tep dos dversos setores da economa, convertdos no equvalente preço médo, consttu-se num aprox consstente do valor das vendas do setor de produção de energa. A questão é como estmar os vectores lnha e coluna do setor produção de energa (4) explctada na Tabela 01. Consderando que o consumo de energa está dstrbuído entre todos os setores da economa, com a ntrodução do setor produção de energa na matrz nsumoproduto faz-se necessáro, com fns de evtar dupla contagem, o resgate dos valores do setor produção de energa contda nos dversos setores do sstema econômco. Os procedmentos utlzados na retrada dos valores de cada um dos setores são descrtos a segur Estmatva das vendas do setor produção de energa para a demanda ntermedára O vetor-lnha ou fluxo de vendas do setor produção de energa é obtdo de forma dreta da matrz energétca do Ro Grande do Sul. Para compatblzar as nformações da matrz energétca, que estão em equvalente tep, com as nformações das matrzes nsumo-produto, as meddas físcas foram convertdas em valores monetáros. Por exemplo, os fatores de conversão para o ano de 2003 foram de US$ 31,14 o preço médo do barrl do petróleo e de R$3, o preço médo do dólar. Assm, o coefcente de conversão monetára fca: Valor monetáro = 1 tep x 7,2 bep x preço do barrl de petróleo x preço do dólar. De posse do vetor-lnha do setor produção de energa, para a retrada das compras que cada setor da economa faz do setor produção de energa, utlzam-se como nformações báscas a partcpação relatva da compra de cada setor no valor total do nsumo que utlza o setor no consumo ntermedáro. Conforme os clásscos modelos coefcentes lnha de HANSEN & TIEBOUT (1963) e POLENSKE (1970), os coefcentes de dstrbução para retrar as compras de cada setor produtvo são calculados da segunte manera: onde x Coefvendas DI = ( = 1, 2, 3,... 11) (4) x x é o produto usado como nsumo no processo produtvo do setor x é o valor total do nsumo utlzado pelo setor no consumo ntermedáro. Em seguda, dstrbuu-se o valor da produção vendda do setor produção de energa para o setor, levando em consderação os coefcentes de dstrbução calculados anterormente, sto é, o valor de cada fluxo setoral de vendas do setor produção de energa para o setor fo multplcado por cada um dos coefcentes de dstrbução para a retrada das compras de cada setor de produção. DC = VP * coefvendasdi (5) onde DC é a dstrbução setoral do valor da produção vendda do setor produção de energa para o setor VP é o valor da produção vendda do setor produção de energa para o setor
9 8 Uma vez dstrbuídos entre os setores da economa os valores venddos pelo setor produção de energa, para obter os novos fluxos de compras do setor subtraíram-se do produto usado como nsumo no processo produtvo do setor os valores dos produtos usados como nsumo pelo setor. FC = x DC (6) onde FC é o novo fluxo de compras que o setor faz do setor produção de energa Estmatva das vendas do setor produção de energa para a demanda fnal O Consumo do governo (G), o Consumo das famílas (C), a Formação bruta de captal (I) e a Varação de estoque (E), foram estmados de forma dreta da matrz energétca do estado. Já as exportações totas de energa foram dvddas para o modelo nsumo-produto em Exportação nternaconal (I) e Exportação nterestadual (E). Para sso, utlzou-se como fator de dstrbução a partcpação relatva das exportações nternaconas e nterestaduas no total de exportações da economa do estado. Para estmar os novos fluxos setoras no lado da demanda fnal utlzou-se o mesmo procedmento da demanda ntermedára, ou sea: y k Coefvendas DFk = (k = I, E, G, C, I, E) (7) yk DC = VP * coefvendasdf k k (8) FC k = y k DC k (9) Cabe salentar que na matrz energétca do estado, os fluxos do consumo fnal estão compostos pelo consumo fnal não-energétco e consumo fnal energétco. Para manter a consstênca nos dados, o consumo não-energétco fo rateado entre os setores produtvos que consomem energa. Desse modo, o consumo total de energa da matrz energétca em undades monetáras se guala ao valor total da produção de energa na matrz nsumoproduto Estmatva das compras do setor produção de energa para a demanda ntermedára O vetor-coluna ou fluxo de compras do setor produção de energa é obtdo de forma dreta da matrz energétca do Ro Grande do Sul, bem como de forma ndreta, pela dferença dos agregados (produção ntermedára; mpostos sobre as mportações; remuneração, excedentes de operação e mpostos e subsídos à produção) que compõem o valor bruto da produção. De posse do vetor-coluna, para a retrada das vendas que cada setor da economa faz para o setor de produção de energa, utlzam-se como nformações báscas a partcpação relatva das vendas de cada setor no valor total do produto que cada setor destna para o consumo ntermedáro. Conforme os clásscos modelos coefcentes coluna de CHENERY (1953) e MOSES (1955), os coefcentes de dstrbução para retrar as vendas de cada setor produtvo são calculados da segunte manera:
10 9 onde x Coefcompra sdi = ( = 1, 2, 3,... 11) (10) x x é o produto usado como nsumo no processo produtvo do setor x é o valor total do produto do setor no consumo ntermedáro. Em seguda, dstrbuu-se o valor do nsumo comprado pelo setor produção de energa para o setor, levando em consderação os coefcentes de dstrbução calculados anterormente, sto é, o valor de cada fluxo setoral de compras do setor produção de energa para o setor fo multplcado por cada um dos coefcentes de dstrbução para a retrada das vendas de cada setor de produção. DC = VP * coefcomprasdi onde DC é a dstrbução setoral do valor da produção comprada pelo setor produção de energa no setor VP é o valor da produção comprada pelo setor produção de energa no setor Uma vez dstrbuídos entre os setores da economa os valores comprados pelo setor produção de energa, para obter os novos fluxos de compras do setor, subtraíram-se do produto usado como nsumo no processo produtvo do setor os valores dos produtos usados como nsumo pelo setor. FC = x DC (12) onde (11) FC é o novo fluxo de vendas que o setor faz para o setor produção de energa Estmatva das mportações, mpostos e o valor adconado As mportações totas de energa que constam no balanço energétco do RS foram dvddas para o modelo nsumo-produto em mportações nternaconas e mportações nterestaduas. Para sso, utlzou-se como fator de dstrbução a partcpação relatva das mportações nternaconas e nterestaduas no total de mportação da economa. Para estmar os mpostos sobre a produção de energa consderou-se que eles são proporconas aos mpostos pagos pelos dversos setores da economa. Assm, o ICMS, o IPI e os mpostos sobre as mportações foram estmados com base na taxa de alíquota de ncdênca, e na partcpação relatva dos mesmos no total de mpostos pagos na economa. A pós a construção do vetor lnha e coluna, o valor adconado a preço básco para o setor energétco fo estmado a partr do Valor Bruto da Produção menos o total da produção ntermedára menos as remunerações, excedentes de operação e mpostos e subsídos à produção. Já o valor adconado a preço de mercado fo obtdo pela soma do Valor adconado a preço básco mas os mpostos sobre as mportações, ICMS e IPI. 2.3 Fechamento do Modelo Insumo-Produto Uma vez concluída a construção do setor produção de energa na matrz nsumoproduto do Ro Grande do Sul, suas nformações permtem estmar coefcentes do tpo:
11 10 x a = (13) os quas ndcam a partcpação do nsumo produzdo no setor, por undade de produção do - ésmo setor. Em conunto, esses coefcentes formaram a matrz A a a A = M a 1,1 2,1 11,1 a a a 1,2 2,2 M 11,2 L L L L a a a 1,11 2,11 M 11,11 (, = 1, 2, 3,... 11) (14) Essa matrz ndca, smultaneamente, a estrutura tecnológca de cada setor e a estrutura 4 de abastecmento ntersetoral. O coefcente técnco de produção ndca, por exemplo, quantos centavos de nsumos do setor ndústra metalúrgca ( = 2) são necessáros por reas de produção do setor energétco ( = 4 ). Utlzando a matrz A e o quadro smplfcado do Ro Grande do Sul, o modelo básco de Leontef, pode-se representar o sstema de equações da segunte forma: a 2, a Y = + ou pode ser descrta também como (, = 1, 2, 3,... 11) (15.a) a = Y (15.b) A equação (5.18b) ndca, por exemplo, a produção do setor e a demanda ntermedára dos 11 setores produtvos da economa gaúcha, ou sea, 11 = Y + a = 1 (16) Fatorzando a equação (5.19), esta pode ser expressa em termos dos componentes da demanda fnal, sto é: ou = ( I a ) Y = b 1 (, = 1, 2, 3,... 11) (17.a) Y (17.b) b é um elemento da matrz nversa de Leontef ( ) 1 I a onde e ndca os requstos dretos e ndretos de produção do setor, por undade de demanda fnal à atvdade do setor. Fnalmente, note-se que a demanda fnal do modelo é exógena, o que permte que se analsem de forma sstêmca o perfl da estrutura de transações, dferentes tpos de problemas que envolvem programas de nvestmentos, aumento do consumo, trbutação, mudança tecnológca etc.
12 Fonte e Natureza dos Dados As nformações do Balanço Energétco e das matrzes nsumo-produto do Ro Grande do Sul apresentam partculardades específcas que salentam a dmensão matrcal dos fluxos setoras da economa gaúcha. Orgnalmente, a dmensão setoral das matrzes nsumoproduto de 1998 e 2003 é de 27 x 27 e de 44 x 44 setores, respectvamente. Já o nível de desagregação setoral do balanço energétco para esses anos apresenta 21 setores x 24 fontes de energa. Dada à heterogenedade das nformações báscas dsponíves, com fns de compatblzar as matrzes, optou-se por um nível de agregação setoral 11 x 11 que permte obter de forma consstente o máxmo de relações ntersetoras do estado com o setor produção de energa. Embora se deva manfestar que para o ano de 2003 é possível um nível de desagregação de 14 x 14 setores, a opção de um nível de agregação maor fo para compatblzar os dados com a matrz de 1998, o que por sua vez, permte uma análse comparatva no período. A tecnologa adotada nas matrzes é setor x setor a preços báscos, com tecnologa baseada na ndústra, estando seus valores em mlhões de reas. Como resultado, conforme ANEO A, o nível de agregação setoral fo classfcada da segunte forma: Agropecuára (1), Indústras Metalúrgcas, Sderúrgca e Mneração (2), Indústra de Bens de Produção e Consumo (3), Produção de Energa (4), Celulose, Papel e Gráfca (5), Químcos, Refnos do Petróleo, Farmacêutcos e Veternáros (6), Indústra de Almentos e Bebdas (7), Construção Cvl (8), Comérco e Servços (9), Transportes (10), Admnstração Públca (11). 4. A DIMENSÃO ECONÔMICA E O PERFIL INSUMO-PRODUTO DO SETOR PRODUÇÃO DE ENERGIA Um dos propóstos da análse de nsumo-produto é o esclarecmento das relações setoras que se estabelecem com o comérco, sso porque a nterdependênca comercal faz com que as ndústras usem bens doméstcos e mportados como nsumos, mesmo que estes esteam dsponíves domestcamente. Sob essa perspectva, as transações entre as ndústras do estado do Ro Grande do Sul em 1998, resumdas na Tabela 02, mostram as demandas ntermedáras por nsumos e as demandas fnas por produtos. Essas nformações permtem, ncalmente, que se estabeleçam alguns parâmetros sobre a dmensão econômca dos mercados a fm de caracterzar as stuações mas prováves do comportamento dos agentes econômcos. Com base nsso, para a presente análse, serão usados como aprox da dmensão econômca dos setores e em decorrênca do sstema econômco o VBP e a estrutura da demanda por orgem e destno. Varáves essas com as quas se vsa caracterzar as stuações mas prováves da demanda potencal de produtos energétcos no marco do crescmento econômco da economa gaúcha. Observa-se, na Tabela 02, que a dmensão econômca relatva dos setores, estabelecda pelo VBP, ndca para 1998, que o setor Produção de Energa, em relação ao estado, representa somente 1,72% (ou mlhões de reas) da economa gaúcha. Já a dmensão econômca estabelecda pela estrutura de vendas de sua produção mostra que 74,25% (ou mlhões de reas) são destnadas para o consumo ntermedáro dos setores do estado como nsumos e 25,75% (ou 439 mlhões de reas) é destnada como produto para o consumo fnal. Assm, consderando que o crescmento econômco tem um relevante papel no aumento do consumo de energa, verfca-se pelo montante destnado aos dversos setores produtvos a mportânca relatva do setor Produção de Energa como fornecedor de nsumos báscos.
13 12 Setores Tabela 02: Matrz nsumo-produto do RS com setor produção de energa 1998 em mlhões de reas Demanda Intermedára I E G C I E Demanda Fnal 01 Agropecuára Indústras Metalúrgcas, Sderúrgca e Mneração Indústra de Bens de Produção e Consumo Produção de Energa Celulose, Papel e Gráfca Químcos, Refnos do Petróleo, Farmacêutcos e Veternáros Indústras de Almentos e Bebdas Construção Cvl Comérco e Servços Transportes Admnstração Públca Subtotal Insumos Intermedáros Importação nterestadual Importação nternaconal Imposto ndreto líqudo Impostos líqudos sobre a atvdade Valor Adconado preços báscos Valor Adconado preços mercado Valor Bruto da Produção Fonte: dados da pesqusa Valor Bruto da Produção
14 13 No lado da demanda ntermedára, conforme a Fgura 01, o setor Transportes (com 33,33% ou 422 mlhões de reas) se destaca como o maor consumdor de energa do estado, segudo pelo setor Agrcultura (com 14,14% ou 179 mlhões de reas), pelas Indústras de Almentos e Bebdas (com 13,98% ou 177 mlhões de reas) e pelo própro setor Produção de energa (com 8,92% ou 113 mlhões de reas). Em conunto os quatro setores consumem 70,37% do total de energa destnada para as cadeas produtvas do estado, ou sea, exste um alto grau de dependênca pelo nsumo energa. No lado da demanda fnal, destaca-se o componente Consumo das Famílas com 75,40% e as Exportações Interestaduas com 18,68%. Certamente, pelo peso das famílas, percebe-se que o consumo resdencal se consttu num componente mportante que pressonará de forma dreta a produção de energa à medda que se ncremente a renda famlar do estado. Demanda Intermedara Vendas = 74,25% do VBP Demanda Fnal Vendas = 27,75% do VBP Transportes 33,32% Admnstração Públca 2,23% Agropecuára 14,13% Indústras metalúrgcas, sderurgca e mneração 2,79% Indústra de Bens de Produção e Consumo 7,16% Produção de Energa 8,93% Formação bruta de captal fxo 0,00% Varação de estoque 0,79% Exportações de bens e servços nternaconas 5,11% Exportações de bens e servços nterestaduas 18,70% Consumo da admnstração públca 0,00% Comérco e Servços 3,90% Contrução Cvl 2,22% Indústra de Almentos e Bebdas 13,96% Químcos, Refnos do Petróleo, Farmacêutcos e Veternáros 6,07% Celuloce, Papel e Gráfca 5,30% Consumo das famílas 75,40% Demanda Intermedara Compras = 10,60% do VBP Transportes 2,22% Admnstração Públca Agropecuára 0,00% 7,42% Comérco e Servços 15,23% Demanda Intermedara Importações e VA = 73,40% do VBP Valor adconado a Imposto de Importação preço básco 0,48% 16,00% Contrução Cvl 0,82% Indústras metalúrgcas, sderurgca e mneração 1,07% IPI de Importação 1,11% Indústra de Almentos e Bebdas 1,53% ICMS de Importação 3,09% Químcos, Refnos do Petróleo, Farmacêutcos e Veternáros 4,28% Indústra de Bens de Produção e Consumo 4,00% Importação Internacona 13,96% Importação Interestadual 54,77% Celuloce, Papel e Gráfca 0,86% Produção de Energa 62,57% Fgura 01: Partcpação nsumo-produto do setor Produção de Energa nos fluxos setoras da demanda ntermedára e na demanda fnal Fonte: dados da pesqusa Por outro lado, avalando as nformações das compras que o setor Produção de Energa faz para desenvolver suas atvdades, verfca-se que somente 10,60% (ou 181 mlhões de reas) de seus nsumos são comprados no estado, sendo que, desse total, o
15 14 mesmo setor se auto abastece com 62,57% (ou 113 mlhões de reas), segudo de longe pelo setor Comérco e Servços com 15,23% (ou 28 mlhões de reas) dos nsumos. De fato, o Estado do Ro Grande do Sul apresenta uma dependênca elevada por nsumo de orgem externa, á que 68,73% (ou mlhões de reas) dos nsumos que usa são mportados, em partcular de outros estados brasleros (54,77% ou 934 mlhões de reas). As remunerações salaras, contrbuções, rendmentos e mpostos contdos no valor adconado a preços báscos mostram uma partcpação de 16,00% (ou 273 mlhões de reas). O conunto de nformações da dmensão econômca setoral, bem como dos fluxos nsumo-produto, permte assnalar os seguntes fatos: a) o VBP do setor Produção de Energa tem uma pequena partcpação no estado; b) mas de dos terços da produção de energa é consumda pelas ndústras do estado, o que caracterza o setor energétco como um grande fornecedor de nsumos para a produção; c) o consumo das famílas (75,40%) tem um peso sgnfcatvo na demanda fnal de energa, embora deva-se salentar a mportânca do setor Produção de Energa como exportador, em partcular para outros estados do país (18,70%); d) fnalmente, o setor energétco em seu processo de produção caracterza-se sobremanera por utlzar maortaramente nsumos mportados (68,73%), bem como por apresentar um nível elevado de auto abastecmento de nsumos (62,57%), o que sugere, em últma nstânca, que se trata de um setor com encadeamentos setoras de compra pouco relevantes. Fca evdente, portanto, que embora o setor Produção de Energa tenha uma partcpação margnal no VBP do estado, pode-se afrmar, num prmero momento, com base nos ndcadores avalados, que a mportânca do setor radca no fornecmento de nsumos para as ndústras e no fornecmento de produtos para o consumo fnal. 4.1 VALOR ADICIONADO INDUZIDO PELA DEMANDA FINAL E ENCADEAMENTOS SETORIAIS No âmbto das complexas relações ntersetoras observadas, o modelo nsumoproduto permte avalar a estrutura da economa de forma sstêmca. Em termos de valor adconado, permte, por exemplo, a análse comparatva de um setor em relação a outro, a verfcação do grau de dependênca setoral e, portanto, a dscussão do nível de nserção econômca quanto à sua capacdade de gerar, de forma dreta ou ndreta, valor adconado no mercado. Nesse sentdo, a fm de compreender melhor o contexto econômco do Ro Grande do Sul que está presente para o setor produção de energa, questona-se nesta seção: na geração de valor adconado, de que manera a produção de energa se nsere no estado? Para os setores produtvos, o consumo dos componentes da demanda fnal poderá vr a representar uma opção nsumo-produto permanente de amplação do mercado energétco do estado? Efetos dos Componentes da Demanda Fnal sobre o Valor Adconado Para dar resposta a essas questões, conforme FURUKAWA (1986), MONTOYA & GUILHOTO (1998) e MONTOYA (2001), deve-se, ncalmente, estabelecer de forma comparatva, a quantdade do valor adconado nduzdo por cada componente da demanda fnal. Para sso, consderando a equação (17.a), que representa a dentdade básca do modelo nsumo-produto, os efetos dervados pelos componentes da demanda fnal podem ser estmados a partr da equação a segur: 14
16 15 onde: V a ) ^ * 1 = V I Yk ( sendo (k = I, E, G, C, I, E) (18) * V é o vetor do valor adconado nduzdo; ^ V é a matrz dagonalzada das proporções do valor adconado para o total de ^ nsumos V V / = a é a matrz de coefcentes técncos e Y k são os componentes da demanda fnal. Assm, o valor adconado nduzdo pode ser obtdo pela multplcação da proporção do valor adconado V ^ 1 pela produção nduzda ( I a ) Y. A Tabela 03 resume as quantdades de valor adconado nduzdo por cada componente da demanda fnal: as colunas mostram quanto valor adconado o componente da demanda fnal do estado gera em cada setor; as lnhas ndcam quanto valor adconado de um determnado setor fo nduzdo por cada componente da demanda fnal. Já a consstênca dos cálculos pode ser verfcada, comparando-se a coluna dos totas do valor adconado nduzdo (demanda fnal) com a lnha dos valores adconados a preços báscos de cada setor da Tabela 02 (resumo na MIP). Tabela 03: Valor adconado nduzdo pelos componentes da Demanda Fnal (mlhões de reas correntes de 1998). MIP RS 1998 SETORES Exportação nternaconal Exportação nterestadual Componentes da demanda fnal Consumo do governo k Consumo das famílas Formação bruta de captal fxo Varação de estoque 01 Agropecuára Indústras metalúrgcas, Sderúrgca e Mneração Indústra de Bens de Produção e Consumo Produção de Energa Celulose, Papel e Gráfca Químcos, Refnos do Petróleo, Farmacêutcos e Veternáros Indústra de Almentos e Bebdas Construção Cvl Comérco e Servços Transportes Admnstração Públca Total Demanda fnal Fonte: dados da pesqusa Total 15
17 16 Observa-se, com base na coluna dos totas da Tabela 03, que a dmensão econômca relatva dos setores estabelecda pelo valor adconado nduzdo, ndca, para 1998, que os setores Comérco e Servços (36,99%), Indústra de Bens de Produção e Consumo (15,35%) e Admnstração Públca (14,47%), respondem por quase 70% da renda do estado. Já os setores Produção de Energa (0,45%), Celulose, Papel e Gráfca (1,47%) e, Indústras Metalúrgcas, Sderúrgca e Mneração (2,03%), apresentam uma partcpação margnal na renda. Com base nesse fato, pode-se argumentar que a oportundade relaconada à maor geração de renda va aumento da demanda de produtos e servços, parecem substancalmente maores para outros setores da economa do que para o setor Produção de Energa. Entretanto, é necessáro para entender melhor a nserção do setor de energa na economa, dentfcar por um lado, que componentes da demanda fnal têm maor ntensdade no consumo de energa e por outro, qual é o nível da demanda desse nsumo por parte dos setores produtvos, sso até porque se o nsumo energa faltar a maor renda dos outros setores poderá não se concretzar. Nesse sentdo, a mensuração do valor adconado nduzdo causado pela demanda fnal da Tabela 03 permte também, utlzando-se os valores das lnhas, que se estabeleçam os níves de dependênca ou ncdênca setoral no valor adconado (Dv k ) do -ésmo setor pelo k-ésmo componente da demanda fnal, ou sea, Dv k = V* k / V* (19) e onde: denota o setor nduzdo e q, o componente ndutor; V* k é o valor adconado nduzdo em pelo componente k da demanda fnal V* é o valor adconado nduzdo total em. Com esses cálculos, é possível examnar e dstngur o grau de nfluênca que cada componente da demanda fnal exerce no valor adconado de um determnado setor. Os resultados expressos na Tabela 04 ndcam em termos globas que a dependênca do valor adconado da economa do estado apresenta uma partcpação elevada do consumo das famílas (36,59%), das exportações nterestaduas (29,24%) e do consumo do governo (16,83%). Essas nformações demostram também o perfl exportador da economa gaúcha á que do total de sua renda, 37,21% são geradas pelas exportações para outros estados e para o mercado nternaconal. No plano setoral, com a maor ou menor nfluênca dos componentes da demanda é possível dstngur dentre os setores a natureza ou característca de seus mercados. Assm, consderando a vocação exportadora do Ro Grande do Sul, os resultados ndcam que a dependênca do valor adconado dos setores em relação à demanda externa apresenta três padrões: um grupo com uma partcpação elevada das exportações consttuído pelos setores Indústras Metalúrgca, Sderúrgca e Mneração (83,77%), Indústra de Bens de Produção e Consumo (79,10%), Indústra de Almentos e Bebdas (73,05%), Químcos, Refnos do Petróleo, Farmacêutcos e Veternáros (65,99%), Celulose, Papel e Gráfca (61,54%), Agropecuára (60,82%); outro com uma partcpação ntermedára, composto pelos setores Produção de Energa (46,30%), Transportes (45,24%), Comérco e Servços (20,60%), e, 16
18 17 outro grupo com uma partcpação relatvamente pequena, consttuído pelos setores Construção Cvl (1,09%) e Admnstração Públca (0,00%). Tabela 04: Dependênca do valor adconado nduzdo pelos componentes da demanda fnal em percentuas. MIP RS 1998 SETORES Exportação nternaconal Exportação nterestadual Componentes da demanda fnal Consumo do governo Consumo das famílas Formação bruta de captal fxo Varação de estoque 01 Agropecuára 12,86 47,96 0,54 31,69 0,44 6,51 100,00 02 Indústras Metalúrgcas, Sderúrgca e Mneração 12,79 70,99 0,23 3,90 11,00 1,10 100,00 03 Indústra de Bens de Produção e Consumo 19,51 59,58 1,45 16,14 2,90 0,42 100,00 04 Produção de Energa 8,88 37,42 2,71 45,97 3,47 1,55 100,00 05 Celulose, Papel e Gráfca 10,27 51,26 4,65 32,84 1,08-0,11 100,00 06 Químcos, Refnos do Petróleo, Farmacêutcos e Veternáros 13,95 52,05 1,49 28,87 2,48 1,17 100,00 07 Indústra de Almentos e Bebdas 18,66 54,39 0,28 25,43 0,18 1,07 100,00 08 Construção Cvl 0,10 0,99 0,17 1,83 96,89 0,02 100,00 09 Comérco e Servços 3,76 16,84 6,23 68,52 3,84 0,81 100,00 10 Transportes 5,03 40,22 1,28 48,36 3,76 1,35 100,00 11 Admnstração Públca 0,00 0,00 97,08 2,92 0,00 0,00 100,00 Total 7,97 29,24 16,83 36,59 8,17 1,20 100,00 Fonte: dados da pesqusa Para setores voltados ao mercado nterestadual e o mercado nternaconal, parece razoável a concepção de que o gerencamento de suas atvdades está mplantado prorzando não somente o aumento da compettvdade nternaconal de suas ndústras, mas também para canalzar esses benefícos para o mercado doméstco. Isso fca evdente no estado uma vez que a dependênca pelo consumo das famílas na grande maora dos setores exportadores é sgnfcatva. Por exemplo, os setores Comérco e Servços (68,52%), Transportes (48,36%), Produção de Energa (45,97%), Agropecuára (31,69%), dentre outros, apresentam uma dependênca elevada pelo consumo doméstco e dependênca sgnfcatva por exportações. Em partcular, o setor Produção de Energa se nsere na economa do estado abastecendo o mercado doméstco, naconal e nternaconal, sso porque apresenta uma alta dependênca com o componente consumo das famílas (45,97%), com exportações nterestaduas (37,42%) e com as exportações nternaconas (8,88%) que, em conunto, nduzem 92,27% de sua renda. Ou sea, o setor Produção de Energa evdenca uma ntegração espacal abrangente com outros estados do país e, em menor escala com outros países Coefcente do Valor Adconado Induzdo pelos Componentes da Demanda Fnal Anda com base na Tabela 03, pode-se estabelecer, conforme MONTOYA (1998), o coefcente do valor adconado nduzdo pelos componentes da demanda fnal (CVIY ), sto é, a dvsão do valor adconado que nduz o componente da demanda fnal no setor pelo valor total do respectvo componente demanda fnal: Total 17
19 18 CVIY = V* k / Y k (20) onde: denota o setor nduzdo e k o componente nduzdor; V* k é o valor adconado nduzdo em pelo componente k da demanda fnal e Y k é o valor total do componente k da demanda fnal. Os coefcentes do valor adconado da Tabela 05 permtem analsar em quanto o valor adconado é nduzdo por uma undade adconal de cada componente da demanda fnal. Nela, as colunas mostram a quanta do valor adconado nduzdo em cada setor por undade de certo componente da demanda fnal. Por exemplo, uma undade adconal na demanda fnal total do estado gaúcho nduzrá um aumento no valor adconado de 0,303 undades no setor Comérco e Servços; de 0,126 na Indústra de Bens de Produção e Consumo; de 0,118 na Admnstração Públca; de 0,081 na Agropecuára; de 0,004 na Produção de Energa e assm sucessvamente, até perfazer um aumento total de 0,818 undades entre todos os setores de sua economa. Se não houvesse comérco com outros estados e países, o valor adconado total para os componentes sera gual às suas respectvas demandas fnas e o coefcente total desses sera gual a 1. Certamente, sso não ocorre na matrz do estado, porque o comérco externo exste, sendo, no modelo, tratado como exógeno. Tabela 05: Coefcente do Valor Adconado Induzdo pelos componentes da Demanda Fnal (mlhões de reas correntes de 1998). MIP RS 1998 SETORES Exportação nternaconal Exportação nterestadual Componentes da demanda fnal Consumo do governo Consumo das famílas Formação bruta de captal fxo Varação de estoque 01 Agropecuára 0,125 0,127 0,003 0,073 0,004 0,447 0, Indústras Metalúrgcas, Sderúrgca e Mneração 0,025 0,038 0,000 0,002 0,019 0,015 0, Indústra de Bens de Produção e Consumo 0,292 0,243 0,012 0,057 0,037 0,045 0, Produção de Energa 0,004 0,004 0,001 0,005 0,001 0,005 0, Celulose, Papel e Gráfca 0,015 0,020 0,004 0,011 0,001-0,001 0, Químcos, Refnos do Petróleo, Farmacêutcos e Veternáros 0,046 0,047 0,003 0,023 0,007 0,028 0, Indústra de Almentos e Bebdas 0,116 0,093 0,001 0,038 0,001 0,047 0, Construção Cvl 0,001 0,002 0,001 0,003 0,485 0,001 0, Comérco e Servços 0,135 0,166 0,129 0,587 0,119 0,206 0, Transportes 0,017 0,037 0,003 0,039 0,011 0,033 0, Admnstração Públca 0,000 0,000 0,789 0,010 0,000 0,000 0,118 Total 0,776 0,777 0,946 0,847 0,685 0,825 0,818 Demanda fnal 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 Fonte: dados da pesqusa Entenddas essas característcas báscas do coefcente do valor adconado nduzdo, nota-se, na Tabela 06, que o coefcente total mas alto é o gerado pelo Consumo do governo (0,946). Desse, o coefcente da Admnstração Públca é 0,789, do Comérco e Servços é 0,129 e todos os demas coefcentes setoras se gualam a 0,027. Quanto ao coefcente total que gera o Consumo das famílas, é o segundo mas alto (0,847), do qual Total 18
20 19 se destaca o coefcente do setor Comérco e Servços que é de 0,9327; os coefcentes dos setores restantes somam 0,26. Em ambos os casos, as porções de valor adconado nduzdo sobre o setor Produção de Energa são pequenas, prncpalmente a do Consumo do governo. Por outro lado, os componentes Exportação nternaconal e Exportação nterestadual apresentam um coefcente total, semelhante, de 0,776 e 0,777 undades no valor adconado, respectvamente. Desses, destacam-se os coefcentes do setor Indústra de Bens de Produção e Consumo (com 0,292 e 0,243 undades), do Comérco e Servços (com 0,134 e 0,166 undades) e do setor Agropecuáro (0,125 e 0,127 undades) por sua partcpação sgnfcatva no valor adconado. No caso do componente Formação bruta de captal fxo ou Investmentos, o coefcente total (0,685) apresenta o nível mas baxo dentre os componentes da demanda fnas, porém, como esperado, sua capacdade de nduzr valor adconado concentra-se sgnfcatvamente no setor Construção Cvl (0,485) e no setor Comérco e Servços (0,119). Do conunto de nformações do valor adconado nduzdo em cada setor por undade de cada componente da demanda fnal depreendem-se as seguntes característcas setoras: a) a prncpal fonte ndutora de renda setoral do estado descansa no componente Consumo do governo e Consumo das famílas á que contrbuíram com os maores coefcentes totas do valor adconado; b) os coefcentes do valor adconado nduzdos pelo consumo do governo e das famílas mostram que a renda é gerada de forma concentrada em poucos setores, sso porque a Admnstração Públca e o setor Comérco e Servços detêm 83,40% (ou 0,789/0,946) e 69,30% (ou 0,587/0,847) do valor adconado nduzdo por esses componentes, respectvamente; c) embora as exportações apresentem coefcentes totas relatvamente pequenos, fca evdente em termos setoras que as porções de valor adconado nduzdo são mas bem dstrbuídas entre os dversos setores, em partcular nos setores Indústra de Bens de Produção e Consumo, Agropecuára, Comérco e Servços, Indústra de Almentos e Bebdas; d) a análse comparatva das lnhas que contém os coefcentes do valor adconado destaca o setor Produção de Energa e o setor Comérco e Servços por sua partcpação na geração de renda em posções extremas, sto é, as porções do setor Produção de Energa no valor adconado nduzdo pelos componentes da demanda fnal são semelhantes e prncpalmente as menores do estado (0,48% ou 0,004/0,818), á o peso das porções do setor Comérco e Servços, em méda, são as maores do sstema econômco (37,04% ou 0,303/0,818) Encadeamentos Setoras do Setor Produção de Energa Consderando que o setor Produção de Energa não é relevante na geração de valor adconado ou renda, para entender melhor sua nserção na economa, torne-se mportante estabelecer, qual é o nível da demanda de nsumos energétcos por parte dos setores produtvos. Nesse sentdo, cabe lembrar quando analsados os fluxos nsumo-produto do setor Produção de Energa verfcou-se que pouco mas de 74% de sua produção era consumdo pelas ndústras do estado, portanto, torna-se necessáro verfcar qual é a mportânca relatva do setor como fornecedor de nsumos para a produção. Os índces de RASMUSSEN (1956) e HIRSCHMANN (1958) permtem estabelecer quas os setores que têm o maor poder de encadeamento dentro da economa do estado do Ro Grande do Sul, ou sea, os índces de lgações para trás, que ndcam o quanto um setor demanda dos outros, e os índces de lgações para frente, que ndcam o quanto esse setor é demandado pelos outros. 19
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