A industrialização da pauta de exportação brasileira entre 1964 e 1974: novos dados e índices para o comércio exterior brasileiro do período
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- Eliana Van Der Vinne Casado
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1 Revsta de Economa Polítca, vol. 27, nº 2 (106), pp , abrl-junho/2007 A ndustralzação da pauta de exportação braslera entre 1964 e 1974: novos dados e índces para o comérco exteror braslero do período JORGE CHAMI BATISTA WILSON CALMON ALMEIDA DOS SANTOS* The ndustralzaton of the Brazlan exports regulaton between 1964 and 1974: new data and ndexes for the foregn trade commerce n the perod. Ths paper analyses the effects on Brazl s trade ndces of the rsng share of ndustral products n Brazl s exports n the perod from 1964 to New prce and quantty ndces of Fsher for Brazl s exports and mports of ndustral and non-ndustral goods have been especally constructed for ths perod, n order to obtan methodologcally consstent seres of ndexes from 1964 to The marketshare-constant model was appled to analyze the effects of dfferent groups of products on Brazl s export revenues between 1964 and Key-words: prmary products; manufactured products; market-share-constant model; terms of trade; prce and quantty ndexes of Brazlan exports. JEL: F14, O14. INTRODUÇÃO O período que va de 1964 até 1974 já fo ntensamente estudado pela lteratura sobre a economa braslera. Os prmeros anos do período foram marcados por polítcas de establzação da economa e por mportantes reformas, partcularmente, nos mercados fnancero e do trabalho. A partr de 1968, houve um vgoroso e duradouro crescmento da produção ndustral do país, que se mantém únco na nossa hstóra econômca. A polítca econômca teve mportantes efetos na composção e na dnâmca do comérco exteror braslero, dando * Professor Adjunto do Insttuto de Economa da UFRJ (e-mal: jcham@uol.com.br); e Bolssta de Incação Centífca do CNPq e graduando do Insttuto de Economa da UFRJ (e-mal: calmonwlson@gmal.com). Submetdo: março de 2006; Aceto: julho Revsta de Economa Polítca 27 (2), 2007
2 níco ao processo de ndustralzação das exportações brasleras. No cenáro mundal, os últmos anos do sstema monetáro crado em Bretton Woods e os prmeros anos do atual sstema de taxas de câmbo flutuantes foram marcados por grande lqudez nternaconal, gerando substancal aumento da demanda mundal e dos preços nternaconas das commodtes. 1 A análse dos efetos da ndustralzação da pauta de exportação sobre os índces de comérco exteror enfrentava algumas dfculdades devdo à ausênca de índces por fator agregado e à ncompatbldade metodológca entre as séres dsponíves para o período e as que cobrem o período O prncpal objetvo deste artgo é preencher essa mportante lacuna, fazendo uso de um conjunto nédto de séres de índces de Fsher para o comérco exteror braslero do período entre 1964 e 1974, e, através do uso de novos dados dgtalzados e desagregados por produto sobre o comérco nternaconal do período, aplcar o conhecdo modelo de Market Share Constante, quantfcando os efetos demanda, produto e compettvdade para as exportações brasleras entre 1964 e Além desta ntrodução, este artgo está dvddo em cnco seções. Na prmera seção, descrevem-se a metodologa, as lmtações e a qualdade das novas séres para o comérco exteror braslero no agregado. Na segunda seção, analsa-se o papel das exportações de produtos manufaturados nos índces de exportação. O modelo de Market Share Constante é descrto na tercera seção e seus resultados são apresentados na quartaseção. Na qunta seção, tecem-se algumas consderações fnas. NOVOS ÍNDICES DE COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL: Para construr os índces foram utlzados, fundamentalmente, os dados de comérco de produtos classfcados segundo a Revsão 1 da Classfcação de Comérco Internaconal Padrão (CCIP-1), a cnco dígtos, da base de dados das Nações Undas. 3 Para construr as séres de índces de exportação de produtos classfcados por fator agregado (.e., báscos, sem-manufaturados e manufaturados), nédtas para o período , substtuímos alguns poucos produtos, de grande m- 1 No caso especal do petróleo, esse cenáro permtu a quadruplcação dos seus preços em 1973, com enormes repercussões para a economa nternaconal, muto partcularmente para economas como a do Brasl, dependentes de mportações do produto. 2 As tentatvas de encadear e obter séres que cubram todo o século XX esbarram na mesma dfculdade; ver BATISTA, Jorge Cham, O Setor Externo Braslero no Século XX, Em: Estatístcas do Século XX, Centro de Documentação e Dssemnação de Informações, Insttuto Braslero de Geografa e Estatístcas IBGE; Ro de Janero, Os dados da COMTRADE (Commodty Trade Statstcs Database) das Nações Undas, segundo o padrão SITC Revsão 1 (Standard Internatonal Trade Classfcaton Revson 1) a cnco dígtos, estão dgtalzados e encontram-se em Revsta de Economa Polítca 27 (2),
3 portânca na pauta de exportação braslera, de sua classfcação CCIP-1 pelos seus equvalentes na Nomenclatura Aduanera de Bruxelas (NAB-5dígtos), adotada no Brasl até 1970, e na Nomenclatura Braslera de Mercadoras (NBM-8 dígtos), adotada a partr de Assm como os atuas índces de comérco exteror, os índces anuas para o período entre 1964 e 1974 foram calculados segundo o método de Fsher, sendo os índces de preços calculados de forma dreta e os de quantdade, mplíctos. 4 Adotou-se uma base móvel e uma crítca automátca para os dados, elmnandose 5% dos produtos de cada uma das caudas da dstrbução da varação de preços entre cada par de anos consecutvos 5. O número de produtos utlzados aumentou de 465 entre 1964/65 para 767 entre 1973/74, no caso das exportações, e de 659 para 974 nos mesmos períodos, no caso das mportações. Com base nesses crtéros, atngu-se um grau de cobertura médo de 96% e mínmo de 93% para as exportações no período entre 1964 e Para as mportações, a cobertura méda fcou entre 90% e 96%. 6 As séres de índces de comérco exteror do Brasl mas utlzadas até aqu na lteratura econômca, para o período entre 1964 e 1974, eram as calculadas pela FGV-RJ e publcadas na Revsta Conjuntura Econômca (CE-FGV). Tas séres, baseadas em índces dretos de quantdade de Laspeyres com base móvel e índces mplíctos de preços, contavam, em 1960, com uma amostra de 92 produtos de exportação e 345 produtos de mportação, o que dara uma cobertura de 95% para as exportações e 92% para as mportações. 7 Em 1980, a amostra envolva cerca de 400 produtos e a cobertura varava entre 90% e 95%. O grau de cobertura e o número de produtos ncluídos nas nossas novas amostras são mas elevados que os da CE-FGV. Assm, acredtamos que nossas estmatvas sejam qualtatvamente superores às encontradas pela CE-FGV. 4 As séres de quantdade e preços das exportações e mportações brasleras a partr de 1974 são calculadas pela FUNCEX e dvulgadas pelo IPEA ( em bases mensas e anuas através de índces de Fsher dretos para preços e mplíctos para quantdades. Elas fzeram uso da Nomenclatura Braslera de Mercadoras (NBM) a 8 dígtos até 1988, 10 dígtos até 1996, e da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) a 8 dígtos a partr de Ver GUIMARÃES, Eduardo Augusto; PI- NHEIRO, Armando Castelar; FALCÃO, Carmen; POURCHET, Henry; MARKWALD, Rcardo Andrés Índces de Preços e Quantum das Exportações Brasleras, Texto para Dscussão 121, Fundação Centro de Estudos do Comérco Exteror FUNCEX, versão atualzada, 11p., Ro de Janero, abrl de A exceção fcou por conta das mportações de petróleo bruto entre 1973 e 1974, que foram mantdas nos cálculos embora devessem ser elmnadas pelo crtéro geral. Esse procedmento é dêntco ao aplcado pela FUNCEX, que também elmna os produtos abaxo do percentl 5% e acma do percentl 95% da dstrbução, ver GUIMARÃES et al. (1997). 6 O grau de cobertura fo calculado pela razão entre a soma dos valores das amostras a cada par de anos consecutvos e a soma dos valores totas dos mesmos anos. É nteressante notar que, mesmo com os cortes, a cobertura fo sgnfcatvamente alta. 7 Lamentavelmente, as memóras de cálculos das séres da CE-FGV não foram encontradas nem na FGV-RJ, nem no IBGE. Desse modo, não é claro qual era exatamente o grau de cobertura das amostras a cada ano. Ver: GONÇALVES, Renaldo. Índces de Comérco Exteror do Brasl, Revsta Braslera de Estatístca, volume 42, no. 168, p.p , out./dez Revsta de Economa Polítca 27 (2), 2007
4 Os novos índces quantum para as exportações e mportações no período entre 1964 e 1974 revelam que as estmatvas da CE-FGV subestmaram as taxas de crescmento das quantdades exportadas e mportadas pelo Brasl neste período. 8 Os índces de Fsher, quando comparados aos índces que exstem para o período posteror ao ano de 1974, tornam evdente a excepconaldade do período A taxa de crescmento das quantdades exportadas nesse período fo a mas alta comparada a qualquer outro período de dez anos consecutvos entre 1964 e Nas mportações, a taxa de crescmento entre 1964 e 1974 só fo nferor às obtdas nos períodos de dez anos fndos em 1975 (16,9% a.a.) e 1998 (17,7% a.a.). A análse dos índces dretos de preço de Fsher revela que os preços de exportação acompanharam os preços de mportação até 1973, mantendo os termos de troca em nível relatvamente elevado. 9 O PAPEL DOS MANUFATURADOS NOS ÍNDICES DE EXPORTAÇÃO O Gráfco 1 revela, em escala logarítmca, os índces dretos de Fsher para os preços das exportações brasleras por fator agregado. 10 O índce de preço dos produtos manufaturados aumentou em méda 5,6% ao ano entre 1964 e 1974, abaxo dos 6,2% ao ano dos produtos báscos. Porém, os preços que mas subram foram os dos sem-manufaturados (taxa méda de 11,2% ao ano). De fato, o período é marcado por fortes altas nos preços nternaconas de commodtes, sobretudo nos metas. Em 1974, os preços dos nossos sem-manufaturados subram 70,6% 11, ante um aumento de 30,2% no índce de preço agregado. 8 Nas novas séres para o período , a taxa de crescmento do índce mplícto de quantum de Fsher fo de 10,0% ao ano para as exportações e de 16,7% para as mportações. Essas taxas são naturalmente nferores às do índce dreto de Laspeyres de 10,5% para as exportações e de 18,6% para as mportações. Contudo, tas taxas são superores aos 9,5% e 15,9% das exportações e mportações, respectvamente, determnados pelo quantum dreto de Laspeyres da CE-FGV. Todas as taxas de crescmento neste trabalho foram calculadas ajustando-se uma reta aos valores anuas em logartmo. 9 De fato, a méda móvel de cnco anos dos termos de troca tem um pco em 1973 que, em todo o período entre 1968 e 2005, só perde para 1977, quando o preço do café no mercado nternaconal sofreu uma alta extraordnára. Os termos de troca estmados anterormente pela CE-FGV, embora rgorosamente não pudessem ser comparados com as séres da FUNCEX, não alteram sgnfcatvamente essa análse. Contudo, os índces mplíctos de preços de Laspeyres da CE-FGV de exportações e mportações estavam ambos superestmados em relação aos novos índces mplíctos de preços de Laspeyres. 10 Embora a Secretara de Comérco Exteror tenha as séres em dólares das exportações por fator agregado desde 1964, não há tabelas de conversão da NAB, NBM a oto dígtos, ou SITC-Revsão 1 para essa classfcação por fator agregado. Sendo assm, tvemos que partr da atual tabela de conversão da NCM a oto dígtos até chegar a SITC Revsão Taxa quase dêntca aos 70,2% de aumento dos preços dos metas (SITC 67 e 68) exportados pelo país. Revsta de Economa Polítca 27 (2),
5 Contudo, olhando o período todo, de 1964 até 2005, verfca-se que o índce de preço dos produtos manufaturados cresceu 3,4% ao ano, mas rapdamente do que os 2,8% dos sem-manufaturados e os 2,5% dos produtos báscos. 12 Portanto, a ndustralzação da pauta de exportação do Brasl teve um efeto de longo prazo postvo sobre o índce de preços de exportação do país. O gráfco 2 mostra que os índces de preços dos produtos manufaturados tenderam, em geral, a serem menos volátes do que os de produtos báscos e sem-manufaturados no período entre 1964 e Deste modo, a ndustralzação da pauta contrbuu para reduzr a volatldade dos nossos preços de exportação. A tabela 1 mostra o crescmento dos índces de quantum das exportações brasleras por fator agregado para dversos períodos seleconados: a taxa de crescmento para os produtos manufaturados fo quase duas vezes e mea superor à do quantum total exportado pelo Brasl entre 1964 e Desempenho semelhante ocorreu no período entre 1974 e 1981, quando o quantum das exportações de manufaturados contnuou crescendo a uma taxa méda superor a duas vezes a do total das exportações brasleras de mercadoras. Esse desempenho contrasta com o do período a partr de 1981, quando as quantdades exportadas de produtos manufaturados passaram a crescer a taxas médas próxmas às das quantdades totas. De fato, entre 1981 e 1989, o quantum das exportações de manufaturados aumentou bem mas que o dos produtos báscos, porém menos que o dos sem-manufaturados. Mas entre 1989 e 2005, a taxa de crescmento médo do quantum de produtos báscos fo superor à do quantum de manufaturados. Portanto, verfca-se que o extraordnáro crescmento das exportações brasleras de mercadoras no período entre 1964 e 1981, e muto especalmente entre 1964 e 1974, fo amplamente lderado pela expansão do quantum de produtos manufaturados. Essa lderança está bascamente concentrada nesse período. 13 Resta agora avalar a contrbução dos produtos manufaturados para a receta das exportações no período entre 1964 e 1974 com o uso do conhecdo modelo de Market Share Constante. O MODELO DE MARKET SHARE CONSTANTE O modelo de Market Share Constante (MSC) decompõe a varação das exportações em um determnado ntervalo de tempo (X t -X ) em três efetos prn- 12 Deve-se ressaltar que essa comparação não era rgorosamente possível anterormente a este trabalho, pos não se dspunha de índces de preços e quantdades por fator agregado para o período entre 1964 e Calculando-se a taxa de crescmento das quantdades exportadas de produtos manufaturados dos últmos cnco anos a cada ano, observa-se que essa taxa qünqüenal teve um pco em 1973, atngndo 32,5% ao ano, a maor de todo o período Revsta de Economa Polítca 27 (2), 2007
6 cpas: efeto demanda, efeto produto e efeto compettvdade. Esses três efetos são mostrados no lado dreto da dentdade (1) abaxo: X t X rx (1) r-r X X-X -rx, na qual M M (2) r e (3) M (respectvamente, a taxa de crescmento das mportações mundas do produto e a taxa de crescmento das mportações mundas totas entre e t). O efeto produto reflete em que medda a varação no valor exportado pelo país pode ser atrbuída à concentração de suas exportações em produtos para os quas as mportações mundas estão crescendo mas ou menos rapdamente que o crescmento do comérco mundal. Alternatvamente, podemos passar o efeto demanda para o lado esquerdo da dentdade (1) e substtur as taxas de crescmento das mportações com base nas equações (2) e (3): (4) varações das exportações = ( ) t X t M + ( ) efeto demanda efeto produto r M M M ( ) = t X M M X t M M t M M + X X =1 M M M t =1 efeto produto + ( ) efeto compettvdade efeto compettvdade Do lado esquerdo da gualdade temos o valor a mas ou a menos em relação ao que o país devera ter exportado no período fnal para manter sua partcpação nas mportações mundas totas (macro share) constante. O efeto compettvdade reflete em que medda os ganhos (perdas) do macro share do país são atrbuídos aos ganhos (perdas) de partcpação nas mportações mundas de cada produto (mcro shares). Na dentdade (4), o efeto produto pondera a varação nas partcpações de cada produto nas mportações mundas pelo valor das exportações do país no período ncal, como no índce de Laspeyres. O efeto compettvdade pondera a varação no market share do país em cada produto pelo valor das mportações mundas no período fnal, como no índce de Paasche. Caso ambos os efetos fossem ponderados por valores do período ncal, um tercero efeto resdual aparecera na dentdade gual à soma dos produtos entre os mcro shares e as varações nas mportações mundas de cada produto: (5) t X X M M M X t Mt M M M + X X =1 M M M X X + ( M M ) =1 M M efeto produto efeto compettvdade efeto adaptação Revsta de Economa Polítca 27 (2),
7 Fagerberg e Solle (1987:1575) mostraram que esse tercero efeto, chamado de adaptação relatva, reflete em que medda o país exportador teve sucesso em adaptar a sua pauta de exportação às mudanças na composção por produto do mercado mundal de mportações. 14 RESULTADOS DO MODELO PARA 1964/ /74 O modelo de market share constante fo aplcado à partcpação das exportações do Brasl nas mportações mundas, consderando o valor médo das exportações brasleras e das mportações mundas nos anos de 1964 e 1965 (período ncal) e nos anos de 1973 e 1974 (período fnal). 15 Os resultados do modelo são apresentados na tabela 2. Observa-se que os efetos demanda e compettvdade foram postvos, porém, o efeto produto fo negatvo para o total das exportações brasleras. 16 O efeto compettvdade postvo mas que compensou o efeto produto negatvo, de tal forma que, em 1973/74, as exportações brasleras cresceram US$ 937 mlhões (62% das exportações brasleras no período ncal) acma do que sera necessáro para manter constante o market share do Brasl. O efeto adaptação relatva respondeu por 74% do efeto compettvdade de Paasche. O restante deveu-se ao efeto Laspeyres. Subdvdndo-se esses efetos pelas exportações brasleras classfcadas por fator agregado, verfca-se que os produtos báscos foram os grandes responsáves pelo efeto produto negatvo. De fato, para os produtos báscos, o efeto compettvdade postvo não fo sufcente para compensar o efeto produto negatvo, levando à redução do market share do Brasl no total dos produtos báscos. Por outro lado, as mportações de manufaturados exportados pelo Brasl cresceram acma da méda das mportações mundas totas, gerando um efeto produto postvo. Como os ganhos de compettvdade dos produtos manufaturados brasleros foram da mesma magntude dos ganhos dos produtos báscos, mas muto superores em relação aos valores exportados nessas duas categoras, 14 A adaptação é relatva, pos o efeto será zero quando o país muda sua pauta de exportação na mesma taxa que a méda de todos os países exportadores para o mercado. Ver FAGERBERG, Jan e SOLLIE, Gunnar. The method of constant market shares analyss reconsdered, Appled Economcs, 1989,19, p Utlzou-se mas uma vez a classfcação SITC, Revsão 1, a quatro e cnco dígtos da base de dados Comtrade das Nações Undas. Foram ncluídos um total de 362 produtos, sendo 294 a 3, 4 e 5 dígtos, correspondentes aos prncpas produtos de exportação do Brasl no período, e 68 resíduos dos grupos a 1, 2, 3 e 4 dígtos, de modo a cobrr o total das exportações brasleras e das mportações mundas nos dos períodos. 16 Caso o efeto produto fosse zero (se os mercados de mportação por produto exportado pelo Brasl tvessem crescdo à mesma taxa das mportações mundas totas) as nossas exportações teram crescdo 538%, e não os 368% efetvamente observados. 190 Revsta de Economa Polítca 27 (2), 2007
8 foram os manufaturados os prncpas responsáves pelo crescmento das nossas exportações a uma taxa superor à das mportações mundas. Vale lembrar que os efetos produto negatvos dos produtos báscos e semmanufaturados ocorreram a despeto da substancal elevação dos preços desses produtos no período. Isso sgnfca que a demanda mundal por esses produtos dmnuu relatvamente a demanda por produtos manufaturados. Examnando-se as prncpas ndústras exportadoras, observa-se que o efeto produto fo negatvo para os conjuntos de manufaturados da agrondústra e da ndústra têxtl. 17 Os prncpas responsáves pelo efeto produto postvo dentre os manufaturados foram os bens de captal. Quanto ao efeto compettvdade postvo, os maores destaques foram as ndústras de almentos (café solúvel, sucos de frutas, carnes ndustralzadas etc.), têxtes, vestuáro, calçados e bens de captal. CONSIDERAÇÕES FINAIS A ndustralzação da pauta de exportações brasleras teve efeto postvo sobre o volume e sobre as recetas de exportação no período entre 1964 e No longo prazo, o efeto sobre o índce de preços de exportação também tem sdo postvo, melhorando os termos de troca e reduzndo a volatldade desse índce. O efeto produto negatvo dos produtos báscos e prmáros de exportação do Brasl, que reflete a ausênca de dnamsmo das mportações mundas desses produtos, ocorreu mesmo no período entre 1964 e 1974, a despeto do substancal aumento nos preços dos produtos baseados em recursos naturas nesse período. A ausênca de dnamsmo das mportações mundas desses produtos tem sdo constatada para dversos períodos desde a década de 70. No entanto, sso não sgnfca que a ndustralzação da pauta de exportação deva ser feta a qualquer custo. A especalzação em manufaturados não baseados em recursos naturas não é garanta de exportações dnâmcas, e a especalzação em um subconjunto de produtos baseados em recursos naturas pode ser dnâmca. 18 7,00 6,50 6,00 5,50 5,00 4,50 Gráfco 1: Índce dreto de preços de Fsher das exportações brasleras (em log) 4, AGREGADO BÁSICOS SEMI - MANUFATURADOS MANUFATURADOS 17 SITC de 0 a 4 e SITC 65, respectvamente. 18 Ver, por exemplo, BATISTA, Jorge Cham, Latn Amercan export specalzaton n resource-based products: mplcatons for growth, The Developng Economes. Revsta de Economa Polítca 27 (2),
9 Gráfco 2: Volatldade dos preços de exportações por valor agregado (coefcente de varação = desvo padrão/méda) para períodos de 10 anos 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10 0, BÁSICOS SEMI - MANUFATURADOS MANUFATURADOS Tabela 1: Taxas de crescmento do quantum exportado pelo Brasl Período Agregado Báscos Sem-manufaturados Manufaturados ,0% 6,7% 7,1% 25,0% ,2% 3,6% 8,7% 21,1% ,7% 4,1% 8,8% 10,9% ,8% 1,9% 13,7% 16,7% ,1% 1,0% 12,1% 6,4% ,0% 8,0% 6,3% 6,9% Taxas calculadas ajustando-se uma reta aos logartmos dos índces. Tabela 2: Resultados do Modelo de Market Share Constante para 1964/ /74 (US$ mlhões) Exportações por Efeto Efeto (Paasche) Efeto Efeto Efeto (Laspeyres) Efeto Adaptação fator agregado total compettvdade produto demanda compettvdade relatva Báscos -636, , , ,3 458, ,1 Semmanufaturados 68,8 163,5-94,7 411,1 52,5 110,9 Manufaturados 1.402, ,6 0,8 320,8 336, ,7 Transações especas 102,6 116,5-13,9 23,7 51,4 65,1 Não classfcados -0,2-0,1-0,1 0,1 0,0-0,1 TOTAL 937, , , ,0 898, ,8 192 Revsta de Economa Polítca 27 (2), 2007
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