FX-2 UMA NOVA ABORDAGEM

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Transcrição:

FX-2 UMA NOVA ABORDAGEM Roberto Portella Bertazzo, Bacharel em História pela UFJF, Membro da Sociedade Latino Americana de Historiadores Aeronáuticos (LAAHS), Membro do Centro de Pesquisas Estratégicas Paulino Soares de Souza da UFJF. robertobertazzo@hotmail.com Orestes Piermatei Filho, Doutor em Matemática UFRJ; Prof. Departamento de Matemática - ICE/UFJF. orestes.piermatei@ufjf.edu.br Com o anúncio feito da liberação de verbas no valor de US$2.2 bilhões para a compra de 36 novos caças para a FAB, vários aviões estão sendo considerados como possíveis escolhidos. Alguns dos favoritos para a escolha do programa cancelado FX-1, atualmente estão praticamente descartados devido a uma mudança radical que ocorreu no cenário latino-americano nos últimos anos: a aquisição inicial de 24 aeronaves Sukhoi SU-30 pela Venezuela e a instabilidade gerada por seu líder, o Coronel Hugo Chavez. Sukhoi 30 da Força Aérea Venezuelana. (Foto: FAV)

Aviões como o Lockheed F-16C ou o Dassault Mirage 2000-5 e Saab Gripen que seriam uma escolha plenamente viável para um cenário anterior aos SU-30, tornaram-se inadequados ou pelo menos não ideais como caças de superioridade aérea para enfrentar os aviões russos, principalmente na região amazônica. O Lockheed F-16C Block 50 teria uma séria limitação de alcance e teto operacional. Países que operam o avião, como Grécia e Formosa, utilizam os Mirage 2000-5 como caça de superioridade aérea em conjunto com seus F-16. Já a USAF, tem os F-15C e os F-22 para essa missão. F-16D da Força Aérea Chilena, à esquerda e Gripen da Força Aérea Sueca. (Fotos: autor e Gripen) O Dassault Mirage 2000-5 já não é uma opção atual porque os Dassault Rafale os superaram em todos os aspectos e porque é um avião já em fase inicial de substituição, inclusive com sua linha de produção encerrada. Já o Saab Gripen possui uma limitação dada pelo curto alcance operacional, contrapondo a um dos quesitos desejados pela FAB. Porém este caça possui uma eletrônica embarcada moderna, projetado desde o início para o conceito de Guerra Centrada em Redes (NCW - Network Centric Warfare) e integração de modernos mísseis ar-ar, como Meteor. Restam como opções para a escolha de um novo caça, somente aeronaves grandes, caras de adquirir e de operar. Em um cenário em que operam os Sukhois SU-30 não se pode mais considerar caças baratos e simples para superioridade aérea, porque estes caças simplesmente não poderiam enfrentar o grande avião russo com seu poderoso radar e sua grande carga de mísseis ar-ar de longo alcance. Isso não torna inúteis os AMX-M e os F-5M, que em caso de conflito seriam utilizados como aviões de ataque e os teríamos em grandes quantidades (mais de cem). Ou seja, a modernização destes vetores é um acerto, e sai barato, porém não são para executar a função de caça de superioridade aérea, pois o AMX é um avião de ataque ao solo e o F-5 é um caça de curto raio de ação, sendo adequado apenas para defesa de ponto.

Entre os aviões que poderiam enfrentar os Sukhoi SU-30 no momento, estão os mesmos SU-30 ou seu sucessor imediato o SU-35-1. Estes são os aviões de preço mais baixo e a Rússia não tem muitas restrições na transferência de tecnologia, com grande experiência e bons resultados, como nos contratos com a Índia. O que pesa em contra da aquisição dos Sukhoi SU-30 está o fato de que o modelo já é operado pela Força Aérea da Venezuela - FAV e de serem necessários dois tripulantes para operá-lo com o conseqüente custo humano. Por outro lado, se vê como certa a aquisição futura dos SU-35 pela FAV, que é um avião superior aos SU-30. Ainda corre-se o risco de estar recebendo os SU-30, enquanto a Venezuela inicia o recebimento dos SU-35-1. O SU-35-1 possui alcance superior, motores mais potentes e menor assinatura de radar que o SU-30. O SU-35-1 existe atualmente como protótipo e sua produção em série deverá ser iniciada em 2010. Outra aeronave que poderia fazer frente aos SU-30 seria o Eurofigther Typhoon, que aparentemente não está sendo considerado pelo alto custo de aquisição. O Eurofigther Typhoon também é considerado problemático pela origem multinacional, com partes fabricadas na Alemanha, Inglaterra, Itália e Espanha. O seu radar ECR-90 é tradicional, com antena móvel, multi-modo-pulse-doppler. Considerado um dos favoritos para equipar a FAB, o Dassault Rafale, atualmente na versão F2, ainda não é versão plenamente multifuncional. Porém foi anunciado para 2012 a versão F3 deste caça que será totalmente multifuncional. O míssil MICA que atualmente equipa o Rafale não tem o mesmo alcance do R-77 do SU-30. Futuramente o Rafale será equipado com o míssil ar-ar Meteor, que possui prestações superiores. Atualmente o radar do Rafale é o GIE RBE-2 (Radar à Balayage Electronique) e futuramente será o radar RBE-2-AA AESA (Active Electronally Scanned Array). Aparentemente os franceses acenam com transferência tecnológica e com a possível produção do caça sob licença no país. Claro que a produção local deve depender de uma compra bastante superior a 36 aeronaves. O custo do Rafale é bastante alto, o que faz com que a cifra de US$2.2 bilhões não seja considerada como top nas negociações, pois não daria para a compra de 36 aeronaves.

À esquerda versão biplace do Rafale e à direita dois aviões Rafale da Força Aérea Francesa. (Fotos: Dassault) Já opção menos discutida é a de um caça de origem americana. Uma das razões é a atitude tradicional dos Estados Unidos de serem geralmente contrários a qualquer transferência tecnológica. O que se deve considerar é se a limitação americana ou a disposição dos europeus (incluídos os Russos) em transferir tecnologia farão realmente uma diferença que justifique a compra de um ou outro modelo, ou se mais importante seria o resultado final considerando preços, capacidade de combate e custos futuros de operação. Ainda restam as perguntas: quais tecnologias os europeus transfeririam? Nosso parque industrial e tecnológico pode absorver essas tecnologias? Supondo que se demorem alguns anos para absorver tais tecnologias e para criar as condições adequadas de infra-estrutura das indústrias locais, poderá existir algum risco desta tecnologia se tornar ultrapassada quando isso for praticado. Outro fator a ser considerado é que não é totalmente acertado afirmar que os americanos não transferem tecnologias. A tecnologia de usinagem química que possibilitou à Embraer produzir o avião Brasília com características superiores aos seus competidores foi transferida pelos americanos. Sabe-se que a quantidade de transferência de tecnologia repassada é mínima, não se repassa todo o conhecimento adquirido. Assim é necessário que se saibam quais as tecnologias que a FAB e o país desejam, e quais que os fabricantes repassam. A questão principal é que os americanos não liberam os códigos fonte dos radares. Embora eles não liberem essa tecnologia, poderiam compensar com outras vantagens tecnológicas e econômicas. Além do mais, essa limitação não tem impedido seus aliados de montarem forças aéreas poderosas e efetivas.

Um dos aviões americanos a serem considerados é o F-15, que embora seja um projeto mais antigo, ainda é uma aeronave capaz de enfrentar aos oponentes russos, principalmente se equipado com o radar APG-63V(3) Active Electronically Scanned Array -AESA e mísseis AIM- 120C. Provavelmente os F-15 poderiam ser negociados por preços bastante competitivos e ainda há a opção de aquisição futura de aeronaves usadas. Já o Boeing FA-18E/F Block II é uma aeronave mais moderna, equipado com o radar APG-79 Active Electronically Scanned Array-AESA com capacidade de múltiplas missões simultâneas. O FA-18E pode transportar 12 AIM-120C mais dois AIM-9X. No futuro, poderá vir a ser equipado com os AIM-120D (anteriormente designado AIM-120C-8). O FA-18E/F Block II tem datalink e sistema digital integrado de contramedidas eletrônicas, baixa assinatura de radar (quase toda a superfície do FA-18E é de Carbono-Epoxi). O FA-18E/F Block II também incorpora tecnologias comuns à nova geração de caças americanos: F-22 e F-35. O preço de tabela do FA-18E é de US$82 milhões. FA-18F Super Hornet. (Fotos: Boeing) Os aviões americanos não devem ser simplesmente descartados já que uma análise mais ampla pode encontrar vantagens na aquisição destas aeronaves na forma de compensações econômicas, transferência de equipamentos usados (F-18A/C para a Marinha, M-1A1 Abrams para o Exército). Outra vantagem pode ser a uma possível participação brasileira no programa do F-35. Também deve ser considerado o peso político desta aquisição, que seria um recado bastante claro ao líder venezuelano de quem nos respalda na região.