AVIÕES EMBRAER BANDEIRANTE MILITARES

Tamanho: px

Começar a partir da página:

Download "AVIÕES EMBRAER BANDEIRANTE MILITARES"

Larissa Domingos Zagalo
7 Há anos
Visualizações:

1 AVIÕES EMBRAER BANDEIRANTE MILITARES Roberto Portella Bertazzo, Bacharel em História pela UFJF, Membro da Sociedade Latino Americana de Historiadores Aeronáuticos (LAAHS), Membro do Centro de Pesquisas Estratégicas Paulino Soares de Souza da UFJF. As origens do avião Bandeirante e da Embraer remontam a março de 1964, quando Ozires Silva se reuniu com José Carlos de Barros Neiva (Presidente da Indústria Aeronáutica Neiva) e o projetista francês Max Holste. O projetista francês tinha planos de trabalhar no Brasil, mas Barros Neiva considerava que as empresas privadas não poderiam desenvolver novas aeronaves a curto prazo. Holste, que já havia projetado o avião Broussard e o Nord 262, na França, tinha a intenção de desenvolver em princípio um monomotor de asa alta, com motor à pistão para até seis passageiros. Porém, Ozires tinha em seu poder estudos que indicavam que o mercado brasileiro demandava um avião de transporte de maiores dimensões, que atendesse com eficiência as cidades que haviam deixado de ser servidas pelo transporte aéreo regular. Ambos concordaram que essa aeronave deveria ser pelo menos equipada com motores turbo-hélice e poder transportar de nove a doze passageiros. A intenção era projetar um avião para o qual deveria haver compradores e poucos concorrentes. A autorização para a execução do projeto IPD 6504 foi dada pelo Ministro da Aeronáutica, Brigadeiro Eduardo Gomes, em 25 de junho de 1965, com a condição de que o projeto seria executado sem verbas adicionais. Com uma equipe de aproximadamente cem técnicos, sob a orientação de Max Holste, foi iniciado o projeto do que seria no futuro o Bandeirante. Para propulsar o novo avião um novo tipo de motor foi escolhido: tratava-se do Pratt & Whitney PT- 6A20 de 550HP. Sua escolha foi muito acertada e seria determinante para a aceitação futura do Bandeirante no mercado norte americano. Desde o início do programa do IPD 6504 houve a decisão de não se verticalizar a produção do mesmo. Ou seja, não se fabricaria o que se podia adquirir de outros provedores.

2 No início de 1967 foram fabricadas as primeiras peças do IPD6504, e o primeiro vôo do mesmo foi realizado no dia 22 de outubro de O avião recebeu a matrícula FAB 2130 e a designação YC-95. Esta aeronave, atualmente, encontra-se preservado no Museu Aeroespacial no Rio de Janeiro. Em 1969, não acreditando no futuro do projeto, Max Holste se separou da equipe e desistiu de seus direitos a royalties sobre a aeronave. Após o vôo do primeiro protótipo, foram feitas inúmeras viagens de demonstração para convencer as autoridades a iniciar a produção industrial do modelo. Inúmeras reuniões foram feitas com funcionários e ministros do governo, havendo voado no protótipo até mesmo o Presidente da República. Em 19 de agosto de 1969, pelo decreto lei nº770, assinado pelo presidente Arthur da Costa e Silva, foi criada a Embraer que deveria ser uma empresa de capital misto e teria benefícios fiscais. Com o passar do tempo, o Bandeirante viria a ser o primeiro grande sucesso mundial da indústria aeronáutica brasileira, com quase 500 unidades fabricadas, sendo que muitas tiveram emprego militar na América do Sul e na África, a saber: BRASIL O primeiro e principal operador militar do Embraer Bandeirante foi a Força Aérea Brasileira que em maio de 1970, fez a primeira encomenda de oitenta aviões Bandeirante à Embraer, que modificou o projeto do avião original com uma fuselagem quase dois metros mais comprida e um nariz mais aerodinâmico. Este novo modelo foi designado EMB-110 pela Embraer e C-95 pela FAB, voando pela primeira vez em Esta primeira versão de produção tinha motores mais potentes, o P&W PT-6A-27 de 680hp e capacidade de transportar até 12 passageiros. Mais tarde foi lançado o Embraer-110K1 ou C-95A, que teve o comprimento aumentado em oitenta e cinco centímetros, e motores PT-6A-34, de 750 hp. Isso permitiu o transporte de kg de carga. A versão seguinte foi designada Embraer-110P1K designado C-95B um modelo conversível entre passageiro e carga. As versões especiais foram: Embraer-110A, designado EC-95 e utilizada na tarefa de calibração de radio ajudas; Embraer-110B, designado R-95, versão de vigilância aérea com câmeras Zeiss; Embraer-110P1SAR, designado SC-95B com janelas especiais e destinado à missão de busca e resgate. Também existe a versão de patrulha marítima designada Embraer 111 e designada P-95A e B na FAB. Uma grande quantidade de Bandeirantes ainda operam com a FAB e estão passando por um extenso programa de modernização, que deverá substituir seus motores e sua aviônica analógica por uma digital. No momento, a FAB ainda opera 84 unidades do Embraer Bandeirante em missões de Transporte, Calibração, Foto e SAR.

3 C-95B da FAB, camuflado e com pintura branca para transporte de passageiros. (Foto: autor) Embraer 111 Bandeirulla da FAB. (Foto: autor) URUGUAY Em agosto de 1975, após uma visita do Presidente do Uruguai à Embraer, foram adquiridos cinco Bandeirante para Força Aérea Uruguaya que se tornou o primeiro cliente internacional do modelo. A FAU emprega seus Embraer 110C Bandeirante no Grupo de Aviación 6 em Carrasco. Em 1978, a FAU adquiriu um Embraer 110B1 de vigilância aérea. Bandeirantes da Força Aérea Uruguaia. (Fotos: FAU)

4 CHILE Em 1976, foi a vez do Chile, que adquiriu três EMB-110 e seis EMB-111 de patrulha marítima para a Aviação Naval. Esses Bandeirante foram entregues entre 1978 e 1979 e possuíam um sistema completo de anti-congelamento no bordo de ataque das asas. Embraer 111 bandeirulha da Av. Naval do Chile. (Fotos: autor) ARGENTINA Na Guerra das Malvinas, em 1982, dois Embraer 111 Bandeirulha da FAB foram emprestados para a Marinha Argentina e utilizados na localização da frota britânica. Os dois aviões voaram por quase 200 horas durante o conflito e posteriormente foram devolvidos a Força Aérea Brasileira após o conflito. O empréstimo dos Bandeirulha, juntamente com a cessão de uma dúzia de Embraer 326GB Xavante, à Argentina, deu origem a uma situação curiosa, na qual Roberto Campos, embaixador brasileiro em Londres, teria sido chamado a dar explicações ao Foreign Office, sobre a atitude brasileira. Roberto Campos teria irado o seu interlocutor britânico, ao dizer que a posição Brasileira era de estrita neutralidade no conflito e que por isso seu governo estava disposto a ceder dois Bandeirulha e uma dúzia de Xavantes aos britânicos, se eles o solicitassem... Embraer 111 Bandeirulha da Armada Argentina na Guerra das Malvinas, em (Fotos: Coleção Santiago Rivas).

5 GABÃO O primeiro Bandeirante do Gabão foi um Embraer 110P1, de transporte, comprado na década de setenta, seguido de mais dois do mesmo modelo em Em 1981 foi adquirido um Embraer 110A Bandeirulha. Embraer 111 Bandeirulha e 110P1 do Gabão. (Fotos: Embraer) GUIANA A Guyana Defense Force operou um Embraer 110P1 adquirido em 1983 que foi utilizado até CABO VERDE A Guarda Costeira de Cabo Verde opera um único Embraer 110P1, que já pertenceu à Força Aérea Brasileira. Bandeirante da Guarda Costeira de Cabo Verde. (Foto: Petr Volek Airliners.net)

6 COLOMBIA A Colômbia comprou dois aviões Bandeirante EMB-110P1A em 1990, versão final de produção. Estes aviões ainda operam com um esquema cinza, padrão da Força Aérea Colombiana. Bandeirante da Força Aérea Colombiana. (Foto: FAC) Apesar de que o uso militar do Bandeirante não se igualou ao êxito alcançado no mercado civil, seu emprego na América do Sul e África foi importante ao considerarmos que na época, a indústria aeronáutica brasileira, não tinha ainda grande destaque e que foram vendas pioneiras num mercado onde a concorrência é muito acirrada. Vários Bandeirantes ainda estão em uso em vários países dos dois continentes.

Documentos relacionados

EMBRAER BANDEIRANTE O DESBRAVADOR

EMBRAER BANDEIRANTE O DESBRAVADOR Roberto Portella Bertazzo, Bacharel em História pela UFJF e Membro da Sociedade Latino Americana de Historiadores Aeronáuticos (LAAHS) robertobertazzo@hotmail.com Logo