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PN 550.05-5; Ag: TC Resende ( Age.: Ago.: MP Acordam no Tribunal da Relação do Porto I- INTRODUÇÃO: (a) Os ages. insur gem-se co ntra a modalidade de pagamento das despesas com o patrocínio oficioso acolhida e decidida pelo Tribunal de 1.ª instância. (b) Do desp acho recorrido: (1) nos termos do art. 48/1 Lei 30 E/2000, 20.12, os advogados em qualquer caso de apoio judiciário, tem direito a receber reembolsos das despesas realizadas, que devidamente compro vem. (2) A ilustre advogada apresenta, a título dessas mesmas despesas: cartas aos clientes, fax e registos ao colega, fax e registo ao tribunal, fotocópias, deslocações e almoço. (3) Está excluído, segundo Salvador da Costa2 daquele conceito a obtenção de fotocópias do processo, o gasto de material de escritório e os telefonemas, os quais se destinam naturalmente à preparação da defesa e, como tal, se incluem na fixação de honorários, sob pena de serem duplamente creditados3: o reembolso das despesas apenas operará relativamente a actos directamente relacionados mas separados do patrocínio como é o caso de obtenção de certidões ou outros documentos4. 1 Adv., a própria Dr.ª 2Aut. Cit., O apoio judiciário, 3.ª. Ed. p.199 3 No mesmo sentido, Ac STJ, 96.09.26, BMJ, 459/421 4 Ac RG, 03.0 3.24, CJ, XXVIII, II/290, 291 1

(4) Assim as fotocópias e almoço não podem ser atendidos como despesas5 e quanto às despesas de correio deve ser apresentado o respectivo comprovativo. (5) Relativamente ás despesas com deslocações com dia designado para realização de Audiência de Discussão e julgamento pague-se em conformidade com o disposto no art. 36 CCJ. II- MATÉ RIA ASSENTE: (1) A ilustre advogada, Sr.ª Dr.ª Verónica Mendes foi nomeada para exercer o patrocínio oficioso nos autos com o n.º 11/98, acção com processo sumário que corre no Tribunal da Comarca de Resende. (2) Requereu, proferida a sentença, que lhe fossem fixados os honorários e reembolsadas as despesas de patrocínio. (3) Na nota de despesas apontou portes com registo de correio decorrentes das notificações entre mandatários e da correspondência com o Tribunal, a saber: i.cartas aos clientes [indicação de todas as d atas] 8,00 ii.fax e registos ao colega [idem] 6,00 iii. Fax e registos ao tribunal [idem] 6,00 iv.fo tocópias 3,15. v.almoço 3,90 vi.deslocações[150km X2X2x0,22] 222.00 (4) Identificou-as e relacionou-as, com menção das datas, referidas aos documentos apropriados, excepto as despesas postais. III- CLS/ALEGAÇÕES: (a) O conceito de despesas não pode ser subsumido ao conceito de honorários ou relacionado com serviços prestados. 5 Ac STJ, cit. nota 2 2

(b) Entretanto, a conta de honorários de despesas do mandatário dev erá revestir a forma de conta corrente, devendo nela constar quer a identificação e a relação discriminada dos serviços prestados (actos jurídicos), qu er a identificação e a relação discriminada das despesas efectu adas para o cumprimento do patrocínio (deslocações, expediente, certidões, despesas judiciais ou outras). (c) A recorrente cumpriu este programa e o preceito constitucional do acesso ao direito e aos tribunais não pode resultar em custos de um advogado/providência: livre para o exercício do apoio judiciário, se o aceitar contudo não lhe é imposto um sacrifício da sua própria actividade. (d) Assim, tal qual as ajudas de custo, as despesas de transportes não poderão ser incluídas nos honorários, sob pena de qualquer carenciado não poder recorrer a um advogado de concelho diferente, considerad as as despesas que as deslocaçõ es para consulta do processo e intervir em Audiência de Julgamento importariam, ou não ser o advogado remunerado equitativamente. (e) Por fim, tem de se discordar da inclusão das despesas e encargos com a obrigação legal de notificação entre mandatários e de correspondência com o juízo no campo do patrocínio e portanto da retribuição através de hono rários. (f) Enfim, a decidirem em sentido diverso destas conclusões, o despacho recorrido infringiu o art. 20 CRP, o art. 48 L 30 E/00, 20.12, e o ponto 1.1.2.3 tab. anx. Port. 150/02 D, 19.02. (g) Deve ser revogado e substituído por outro que defira o plano de pagamento das despesas. IV- CONTRA-ALEGAÇÕES: não houve. V- RECURSO: pronto para julgamento nos termos do art. 705 CPC. VI- SEQUÊNCIA: (1) Em contrário das conclusões do recurso, verifica-se que as despesas de transporte foram mandad as abonar tal como ajudas de custo e que as despesas do correio foram consideradas como despesas para além dos honorários, pedindo o despacho recorrido apenas que viessem a ser documentadas. 3

(2) Por conseguinte, o objectivo útil deste agravo seria tão só fazer incluir na conta do patrocínio as despesas com o almoço e com as fotocópias, i.e., 3,90 + 3,15. (3) De qualquer modo, a despesa de almoço é gasto quotidiano, que deve ser provido pelo rendimento comum, integrando os honorários evidentemente: surgem apenas dúvidas no que diz respeito às fotocópias. (4) Ora, o preço destas é custo do processo que, por isso mesmo, não é coberto pelos honorários, no limite, contrapartida, estes, do Know-how forense, a que aquelas fotocópias não dizem respeito 6: em boa verdade deveriam ter sido reembolsadas. (5) Contudo, teremos de enfrentar, aqui chegados, o problema de saber se o despacho em crise pode ser atacado por via de recurso, dado o valor da causa: a regra é só poderem subir agravos cujo interesse económico ex ceda a alçada do tribunal de 1.ª instância e não é de todo este o caso. (6) Pode, porém, aceitar-se uma linha de argumentação favorável com base no enquadramento constitucional de protecção aos direitos, liberdades e garantias fundamentais para onde, em última análise, somos remetidos. (7) Na verdade, estando o acesso ao direito previsto nesse capítulo constitucional, tudo quanto lhe disser respeito poderá ser visto no campo da aplicabilidade directa, sistema que, quanto mais não seja, governa interpretativamente a aplicação das normas de algum modo regulamentares dos direitos fundamentais negativos. (8) Ora, é incontornável que o debate judiciário acerca dos litígios que se situem de algum modo neste campo problemático deve ter conex a a garantia dos recursos, independentemente do critério económico: trata-se de interesses imateriais, que caiem no âmbito de aplicação do art. 312 CPC. (9) Por conseguinte, confirmado o recebimento do recurso, pelas razões ex postas, concede-se em parte provimento ao agravo, devendo ser abonada à ilustre advogada a despesa com fotocópias ( 3,15). 6 Não po de seguir-se a o pinião de Salvador da Co sta, citada na sentença: num certo sentido, as fotocópias têm, por u m lado, uma taxa legal, em tudo equiparável às taxas devidas pela emissão de documentos; por outro, não dizem respeito às condições gerais da actividade prestada pelo advogado, mas àquele caso concreto e só àquele, por isso, despesas de patrocínio. Não são, com efeito, a mesma coisa que gastos de material d e escritório ou telefonemas ou, como vimos atrás gastos quotidianos do advogado. 4

VII- CUSTAS: pela age. na proporção da sucumbência. 5