MODELO DE FECHAMENTO PARA DENSIDADE DE FORÇA INTERFACIAL DO MODELO DE DOIS FLUIDOS SEM DECOMPOSIÇÃO DE FORÇAS SOBRE A INTERFACE

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Transcrição:

MODELO DE FECHAMENTO PARA DENSIDADE DE FORÇA INTERFACIAL DO MODELO DE DOIS FLUIDOS SEM DECOMPOSIÇÃO DE FORÇAS SOBRE A INTERFACE R. V. P. REZENDE 1, R. A. ALMEIDA 2, I. C. GEORG 3, A. A. ULSON DE SOUZA 1, S. M. A. GUELLI U. DE SOUZA 1 1 Unversdade do Federal de Santa Catarna, Depto. Eng. Químca. 2 Unversdade Estadual de Marngá, Depto. Eng. Químca. 3 Unversdade Comuntára da Regão de Chapecó, Depto. Eng. Químca. E-mal para contato: rezendervp@gmal.com RESUMO A modelagem matemátca de escoamentos multfáscos vem sendo desenvolvda e aprmorada nos últmos anos e, dentre as váras abordagens, assnala-se a formulação Euler-Euler que embasa o Modelo de Dos Fludos. O problema de fechamento do modelo decorrente da promedação das equações nstantâneas locas é comumente resolvdo por meo da decomposção da densdade de força nterfacal em dversos mecansmos: Arrasto, Massa Vrtual, Sustentação, etc. Tas modelos tem grande sucesso nos sstemas para os quas foram desenvolvdos e calbrados, mas carecem de generaldade e aplcação ampla e rrestrta. O presente trabalho propõe uma solução alternatva ao problema de fechamento sem a decomposção e postulação de quas forças agem e de quas seram os modelos que as descrevem. O modelo se propõe a descrever o efeto de todo o Tensor Tensão sobre a nterface - a força resultante - dexando a cargo da própra físca e dnâmca do escoamento defnr como as fases se nfluencam. Um caso de teste fo escolhdo ncalmente onde se comparam a abordagem padrão e a proposta, resolvendo-se por meo de smulação numérca dreta no códgo comercal ANSYS CFX a nstabldade de Raylegh-Taylor. Os dados obtdos demonstram que a proposta, mesmo que anda ncpente, apresenta-se como promssora, vsto os resultados entre ambas as abordagens apresentarem boa concordânca entre s e com a comparação expermental. 1. INTRODUÇÃO O estudo de escoamentos multfáscos desponta hoje como um avanço no campo da Mecânca dos Fludos, da mesma manera que o estudo da turbulênca o fo na vrada do século XX. Grande parte desta latênca se deve à complexdade deste tpo de escoamento, pos soluções analítcas são dfíces de serem obtdas e lmtadas em sua abrangênca. O uso de smulação numérca, até pouco tempo, era pouco prátca na maora dos casos devdo às lmtações computaconas e mesmo fnancera, restrngndo-se a stuações e geometras smples. Na ndústra, o estudo de escoamentos multfáscos faz-se presente constantemente, encontrando-se fenômenos deste tpo nas mas dversas áreas como na ndústra aeroespacal, químca, almentos, cvl, mecânca e nuclear. E em todas, muto esforço tem sdo dedcado

no entendmento da físca destes fenômenos, na sua descrção matemátca e, consequentemente, em métodos de predção do comportamento destes sstemas. Para a ndústra petroquímca, por exemplo, este conhecmento é fundamental, vsto que pratcamente todas as operações untáras de refno tratam de sstemas multfáscos de alta complexdade, tanto sob o ponto de vsta físco-químco, quanto matemátco. Outras área da cênca como meteorologa, oceanografa e medcna também são setores carentes de maor empenho em pesqusas neste campo. 1.1. Escoamentos Multfáscos Escoamentos multfáscos são uma classe de escoamentos onde há a presença de mas de uma fase como, por exemplo, água e óleo, ar e água ou ar e poera; sendo estes exemplos de sstemas líqudo-líqudo, gás-líqudo e gás-sóldo, respectvamente e encontrados faclmente na Natureza. Uma fase pode ser formada por uma substânca pura como a água; por um sstema multcomponente formado por mas de uma espéce químca como, por exemplo, água do mar ou o ar atmosférco; ou colodal, como a maonese ou pasta de dente, formadas por dferentes materas em dversos estados físcos msturados em uma escala dmnuta e que em conjunto tem um comportamento reológco própro. A prncpal dfculdade do tratamento matemátco destes escoamentos resde no comportamento das nterfaces (Ish e Mshma, 1984). Localmente, um escoamento multfásco consste em certo número de regões preenchdas por uma únca fase lmtada por meo da nterface que as separa. O contorno desta dfculdade trata o escoamento através da descrção do comportamento médo dos campos envolvdos, como feto no tratamento da turbulênca. E, da mesma manera, o processo de promedação das equações nstantâneas de conservação gera um problema de fechamento do sstema. No fechamento do sstema deve-se descrever matematcamente de que manera as fases nteragem e trocam nformações, como quantdade de movmento, energa e massa. Os modelos de fechamento dsponíves são extremamente dependentes da morfologa e do regme do escoamento e carecem de generaldade, prncpalmente quando há varação de ambos (Drew, 1983, 1989, 1892; Chahed et al., 2003; Burns, 2002; Patankar e Joseph, 2001). Tome-se como exemplo o transporte de fludos em gasodutos ou oleodutos. Hdrocarbonetos podem mudar de estado físco durante seu escoamento por uma sére de fatores, e um sstema monofásco antes líqudo (ou gasoso) muda para um padrão multfásco gás-líqudo, apresentando uma sére de regmes e padrões de escoamentos que podem mutas vezes ser danosos às estruturas das tubulações e a outros equpamentos envolvdos, como válvulas, meddores de vazão, etc. (Rezende et al., 2008 a; Paladno, 2005). 2. MODELAGEM MATEMÁTICA A descrção dos campos nstantâneos locas é mpratcável na maora das stuações, e, dferentemente da turbulênca, a solução dos campos nstantâneos locas não é apenas um problema de escala espacal e temporal - que também exste. Assocada a nterface há uma descontnudade de todos os campos, e as equações dferencas de conservação, representadas

em sua forma canônca pela Equação 1, tornam-se sngulares, e sobre a nterface uma condção de salto deve ser aplcada, a Equação 2; S t u J, (1) ˆ u u S J n. (2) Frente a sto, a descrção de um comportamento médo é preferível. Assm, um procedmento de promedação é efetuado às equações nstantâneas, neste caso a méda de conjunto (ensemble average) (Drew, 1989),,, ; f x t f x t dm. (3) E Dante da descontnudade dos campos, um artfíco matemátco é utlzado: a função ndcadora de fase, xt 1 se em t x, 0 se em t x, (4) onde representa a fase. Este artfíco matemátco é mportante, pos a méda na função ndcadora de fase, representa a presença potencal da fase (Burns, 2002), ou a probabldade de se encontrar a fase em uma coordenada de tempo e espaço qualquer. É comum também se referr a esta grandeza como fração volumétrca, r, assm, r, que é contnua, afastando os problemas de sngulardade nas nterfaces. Todo o procedmento algébrco detalhado de obtenção das equações promedadas pode ser encontrado em (Rezende, 2008 b). A Equação 1 é multplcada pela função ndcadora de fase e o operador de promedação conjunta é então aplcado. Após defnrem-se as varáves promedadas de manera a elmnar (Burns, 2002; Rezende, 2008 a, b), obtém-se, t r r r r S u J u u J. (5) O termo do lado dreto da gualdade representa a perda da nformação das equações nstantâneas locas devdo à promedação. Quando a varável em questão é u, a Equação 5 passa a representar a equação de conservação de quantdade de movmento promedada,

t r u r uu r T r g u M, (6) onde T representa o tensor tensão da fase. Os dos últmos termos à dreta do snal de gualdade representam a transferênca de quantdade de movmento pela nterface devdo à transferênca de massa pela mesma, u u ρu u, (7) e a transferênca de quantdade de movmento devdo às tensões que agem sobre a nterface, M T. (8) Este últmo termo, M, denomna-se densdade de força nterfacal com undades de força por undade de volume e representa um fluxo de quantdade de movmento e é o tema deste trabalho. Densdade de Força Interfacal: Nesta formulação méda, a nformação da posção da nterface, sua forma e velocdade se degenerou em dos termos: u e M, que agora precsam ser modelados para o fechamento do sstema de equações. Com a promedação, temse um modelo determnístco que resolve o comportamento médo do sstema, mas matematcamente ncompleto, pos as condções de salto promedadas agora não passam de restrções para os termos de transferênca nterfacal de quantdade de movmento, N f 1 u M m, (9) e os dos novos termos precsam de equações consttutvas de fechamento. O termo m representa a tração, ou força de tensão superfcal devdo ao desequlíbro de forças do termo a esquerda do snal de gualdade. O tratamento matemátco da densdade de força nterfacal é feto por meo da decomposção, encarando-a como uma superposção lnear de dferentes tpos de forças Drag Lft VM Basset atuantes na nterface, M F F F F, e algumas dessas forças como a de Basset, Basset F, são de dfícl mplementação computaconal sendo quase sempre desconsderadas. Já outras como a de arrasto, Drag F, de massa vrtual, VM F, e a de Lft sustentação, F, tem dversas correlações, sendo cada uma calbrada de acordo com um tpo específco de problema, o que as torna restrtas em sua aplcação. Na hpótese da tensão superfcal ser desprezível e não haver transferênca de massa entre as fases, o únco termo atuante é M. Isto num sstema bfásco mplca em

M M β, ou seja, uma smetra de forças. E, ndferentemente da formulação, as forças são consderadas smétrcas ou recíprocas, F F, mesmo em presença de tensão superfcal, tendo como resultado um desbalanço da equações de conservação, pos M m M, ou seja, realmente não há smetra. A dferença das forças agndo sobre a nterface é equlbrada pela força de tensão nterfacal. Esta smetra postulada é uma das causas de nstabldade numérca do modelo de dos fludos quando do uso de um modelo de tensão superfcal. Todava, esta problemátca surge prncpalmente devdo à decomposção e a consequente smetra das forças. Um dos prncpas motvos para a decomposção é a necessdade de nvarânca galleana das forças de nterface. Drew (1989) demonstra que para que a nvarânca exsta é necessáro que as equações de fechamento sejam funções de grandezas também nvarantes. Todava, recorrendo a Equação 8, o modelo exge que somente duas questões sejam responddas: (1) Como se calcular o tensor tensão sobre a nterface? e (2), Como se calcular o gradente da função ndcadora de fase?. A dedução das equações não pede nenhuma decomposção. Para a segunda questão tem-se r, ou seja, a méda de conjunto do gradente da função ndcadora de fase é o própro gradente de fração volumétrca, que tem a propredade de ser normal a qualquer sossuperfíce do campo de fração volumétrca. Esta constatação é base de uma sére de modelos, sendo o mas conhecdo o de Força de Superfíce Contínua para a tensão superfcal (Brackbll et al., 1999). A Equação 8 portanto, representa a projeção do tensor tensão na dreção do vetor normal à nterface, o gradente de fração volumétrca, cujo o módulo representa a própra área da nterface por undade de volume: M T eˆˆ e e k, (10) T j j k M T e. (11) j j O gradente da função ndcadora de fase opera como uma função Delta de Drac dentro do operador ntegral de méda, E ˆ dm M T x x n, (12) o que pode ser renterpretado como, M T r, onde T representa o tensor tensão na nterface. E o escoamento possu em s todas estas nformações. A prncpal dfculdade está em como se medr o tensor tensão sobre a nterface. Isto expermentalmente é um grande desafo, entretanto, a abordagem numérca permte que se amostre qualquer campo, em qualquer posção a qualquer nstante de tempo e vrtualmente com a precsão que se quser.

15cm 09 a 12 de setembro de 2012 Pode-se determnar o produto escalar do tensor tensão em relação ao vetor normal da nterface ou de outra superfíce materal qualquer aonde se quser (Georg et al., 2008): M ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ r u j j r u e e e e j j kr e k x x. (13) A Equação 13 representa o termo fonte das equações de conservação de quantdade de movmento para cada fase, com a vantagem de que se pode consderar ou não a tensão superfcal. Não sendo mas necessáro consderar ou não um tpo de força uma vez que todas, sejam elas quas forem, estão mplíctas no tensor tensão. A função Delta garante que o termo fonte seja calculado somente na regão da nterface. Ela é representada por uma função gaussana centrada na fração volumétrca de 50%. Isto afasta problemas de gradentes acentuados tanto no espaço quanto no tempo. Esta abordagem é smlar ao modelo de força contínua de Brackbll et al. (1999). 3. METODOLOGIA Um problema de teste fo escolhdo para se avalar o efeto que a Equação 13 exercesobre um problema envolvendo duas fases mscíves. Dos fludos, água pura e água salgada, com densdades próxmas possundo uma nterface vertcal e mesma vscosdade (10-3 Pa.s). Ao dexar o sstema segur seu curso, surgem forças de csalhamento devdo à dferença de peso dos fludos que se movem em dreções opostas devdo ao empuxo gerado. Esta movmentação então dá orgem às nstabldades de Raylegh-Taylor. A Fgura 1 lustra a confguração do problema. Os fludos se encontram ncalmente estagnados. As condções de contorno aplcadas as paredes são de não deslzamento. 50cm 50cm kg/m³ kg/m³ Fgura 1 - Domíno de cálculo. O modelo fo resolvdo numercamente no smulador comercal ANSYS CFX v12.1 empregando uma malha hexaédrca regular com 163 ml elementos. A nterface é mposta por meo de uma função de suavzação untára, o que garante uma transção nas propredades e campos gradual, melhorando a establdade numérca. A solução do sstema é obtda com passo de tempo adaptatvo varando de 10-6 s a 10-3 s, mantendo o número de Courant abaxo de 0,02. A solução segregada é preferda devdo à explctação do termo fonte mantendo tanto os termos fontes quanto os campos de fração volumétrca no mesmo nível teratvo.

4. RESULTADOS Na Fgura 2 apresenta-se o transente da camada de csalhamento. A nterface mposta ncalmente dfusa por questões de establdade numérca é rapdamente compactada ao espaçamento de um elemento (~1mm). Esta compactação se dá devdo à atvação do algortmo de compressão da nterface. A nstabldade então logo surge em sua forma característca enovelada. A malha se mostrou adequada na captura da nterface resolvendo todas as escalas da turbulênca a um Reynolds médo de cerca de 5 10 3. A obtenção da solução é de dfícl convergênca devdo à captura destas estruturas e ao modo como os termos fontes são resolvdos pelo códgo, o que requer o passo adaptatvo de tempo e dentro dos lmtes fxados. Os resíduos médos quadrátcos da solução fcaram entre 10-5 a 10-6. Fgura 2 Desenvolvmento das nstabldades de Raylegh-Taylor em ntervalos de 0,5s. Na Fgura 3 apresenta-se a comparação entre o resultado numérco e o obtdo expermentalmente. A dfculdade expermental resde na retrada do septo que acaba por arrastar a nterface, todava, o comportamento qualtatvo mostra-se muto smlar.

Fgura 3 - Comparação das camadas de csalhamento numérca e expermental. A comparação entre a densdade da força de arrasto dada pelo modelo de mstura padrão (Rezende, 2008 b) e a densdade de força nterfacal é mostrada na Fgura 4. Os vetores apontam na dreção do deslocamento da nterface e a magntude é dferencada para cada pedaço da nterface (mostrada em verde). Pelo modelo de mstura padrão apenas a força de arrasto sera consderada e a sua méda ntegral sobre a área é de cerca de 71N/m³. O valor obtdo pela Equação 13 é cerca de 18% maor resultando em 84N/m³. Densdade da Força de Arrasto Méda: M Modelo 84 N m 3 F Drag 71N m 3 Fgura 4 Vetores da força resultante sobre a nterface e comparação entre a densdade méda da força por undade de volume dada pelo modelo de arrasto padrão e o modelo proposto. Esta dferença pode ser devdo ao modelo em s necesstar de alguma constante de ajuste; ndcar que além do arrasto outras forças estão atuando como Basset, massa Vrtual e Sustentação; ou ambas as hpóteses serem verdaderas. Estudos mas detalhados são necessáros para se quantfcar a contrbução de cada uma delas.

5. CONCLUSÕES O modelo proposto obteve boa descrção do desenvolvmento de uma nstabldade de Raylegh-Taylor. A comparação dos resultados com o observado expermentalmente apresenta boa concordânca qualtatva e os valores da densdade méda da força sobre os obtdos para o modelo de mstura padrão e o proposto foram da mesma ordem de magntude. Sendo a força de arrasto a força predomnante, a dferença entre os resultados pode advr da desconsderação das demas forças; de um ajuste por meo de uma constante de fechamento no modelo proposto; ou mesmo de ambas as hpóteses, o que requer anda estudos mas aprofundados. O modelo também permte a nclusão dreta das componentes do tensor de Reynolds na Equação 13 o que a torna anda mas nteressante dante da possbldade de acoplar a densdade de força nterfacal ao campo turbulento. 6. REFERÊNCIAS BRACKBILL, J. U., D. B. KOTHE, C. ZEMACH. A Contnuum Method for Modelng Surface Tenson. J. Comput. Phys. n. 100, p. 335-354, 1999. BURNS, A. D. Computatonal flud dynamcs modelng of mult-phase flows. In:Multphase Flow Curse. Alpha-Beta Numercs, Lecture Notes. 2002. CHAHED, J., V. ROIG e L. MASBERNAT. Euleran-Euleran two-flud model for turbulent gas-lqud. Int. J. of Multphas Flow, v.29, n.1, p.23-49. 2003. DREW, D. A. Mathematcal flow modelng of two-phase flow. Annu. Rev Flud. Mech, v.15, p.261-291. 1983. DREW, D. A. Effect of partcle velocty flutuatons on the nerta couplng n two-phase flow. In: Consttutve Relatonshps and Models n Contnuum Theores of Multphase Flows, Huntsvlle, p. 172, 1989. DREW, D. A. Analytcal modelng of multphase flows. In: Elsever Scence Publshers. Bolng Heat Transfer: Modern Developments and Advances. Amsterdam; New York, 1992. GEORG, I. C., R. V. P. REZENDE, C. R MALISKA,. Estudo Numérco do Escoamento Ascendente de uma Bolha de Gás em um Meo Líqudo In: 1º Encontro Braslero sobre Ebulção, Condensação e Escoamento Mutlfásco Líqudo-Gás, Floranópols. EBECEM 2008, 2008. ISHII, M. e K. MISHIMA. Two-flud model and hydrodynamc consttutve relatons. Nucl. Eng. Des., v.82, p.107-126. 1984. PATANKAR, N. A. e D. D. JOSEPH. Lagrangan numercal smulaton of partculate flows. Internatonal Journal of Multphase Flow, v.27, n.10, p.1685-1706. 2001.

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