Este apêndice resume os conceitos de álgebra matricial, inclusive da álgebra de probabilidade,



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Transcrição:

D Resumo de Álgebra Matricial Este apêndice resume os conceitos de álgebra matricial, inclusive da álgebra de probabilidade, necessária para o estudo de modelos de regressão linear múltipla usando matrizes, do Apêndice E Nada deste material é usado no texto principal D1 DEFINIÇÕES BÁSICAS DEFINIÇÃO D1 (MATRIZ) Uma matriz é um arranjo retangular de números Mais precisamente, uma matriz m n tem m linhas e n colunas O inteiro positivo m é denominado dimensão da linha,e n é denominado dimensão da coluna Usamos letras maiúsculas em negrito para representar as matrizes Podemos escrever, de forma geral, uma matriz de ordem m n como a a11 12 a 13 a 1n a A [a ij ] 21 a 22 a 23 a 2n, a m1 a m2 a m3 a mn onde a ij representa o elemento na i -ésima linha e na j -ésima coluna Por exemplo, a 25 corresponde ao número na segunda linha e na quinta coluna de A Um exemplo específico de uma matriz 2 3 é A 2 1 7, (D1) 4 5 onde a 13 7 A forma abreviada A [a ij ] é freqüentemente usada para definir operações de matrizes DEFINIÇÃO D2 (MATRIZ QUADRADA) Uma matriz quadrada tem o mesmo número de linhas e colunas A dimensão de uma matriz quadrada é dada por seus números de linhas e colunas DEFINIÇÃO D3 (VETORES) (i) Uma matriz 1 m é chamada vetor linha (de dimensão m) e pode ser escrita como x (x 1, x 2,, x m ) (ii) Uma matriz n 1 é chamada vetor coluna e pode ser escrita como 97

98 Introdução à Econometria Editora Thomson y1 y y 2 n y DEFINIÇÃO D4 (MATRIZ DIAGONAL) Uma matriz quadrada A é uma matriz diagonal quando todos os seus elementos fora da diagonal forem zeros, isto é, a ij para todos i j Podemos sempre escrever uma matriz diagonal como a11 a A 22 a nn DEFINIÇÃO D5 (MATRIZES IDENTIDADE E NULA) (i) A matriz identidade n n, chamada de I, ou algumas vezes I n para enfatizar sua dimensão, é a matriz diagonal com a unidade (um) em cada posição diagonal, e zero nas outras posições: 1 1 1 I I n (ii) A matriz nula m n, chamada de, é a matriz m n com zero em todas as entradas Ela não precisa ser um matriz quadrada D2 OPERAÇÕES COM MATRIZES Adição de Matrizes Duas matrizes A e B, cada uma de dimensão m n, podem ser somadas elemento a elemento: A B [a ij b ij ] Mais precisamente, Por exemplo, a11 b11 a 12 b 12 a 1n b 1n a A B 21 b 21 a 22 b 22 a 2n b 2n a m1 b m1 a m 2 b m 2 a mn b mn 2 4 1 5 7 3 1 3 1 4 4 2 7 3 3 Matrizes de ordens diferentes não podem ser somadas

Wooldridge Apêndice D Resumo de Álgebra Matricial 99 Multiplicação Escalar Dado qualquer número real (freqüentemente chamado de escalar), uma multiplicação escalar é definida como A [a ij ], ou a a11 12 a 1n a A = 21 a 22 a 2n a m1 a m 2 a mn Por exemplo, se = 2, A é a matriz na equação (D1), então, A 4 8 2 1 14 Multiplicação de Matrizes Para multiplicar a matriz A pela matriz B de maneira a formar o produto AB, a dimensão das colunas de A deve ser igual à dimensão das linhas de B Portanto, seja A uma matriz m n e seja B uma matriz n p Então, a multiplicação de matrizes será definida como n AB = a ik b kj k1 Em outras palavras, o (i,j) -ésimo elemento da nova matriz AB é obtido pela multiplicação de cada elemento na i -ésima linha de A pelo elemento correspondente na j -ésima coluna de B e somando-se esses n produtos Um esquema pode ajudar a tornar esse processo mais transparente: A B AB b 1j b 2j i -ésima linha n a a ik b kj i1 a i2 a i3 a in b 3j, k1 b nj p j -ésima coluna (i, j) -ésimo elemento onde, pela definição do operador somatório no Apêndice A, Por exemplo, n k1 a ik b kj a i1 b 1j a i2 b 2j a in b nj

1 Introdução à Econometria Editora Thomson 1 12 1 1 1 2 24 1 Também podemos multiplicar uma matriz e um vetor Se A for uma matriz n m e y for um vetor m 1, Ay será um vetor de ordem n 1 Se x for um vetor 1 n, xa será um vetor 1 m A adição de matrizes, a multiplicação escalar e a multiplicação de matrizes podem ser combinadas de várias maneiras, e essas operações satisfazem várias regras das operações básicas com números que nos são familiares Na lista de propriedades seguinte, A, B e C são matrizes com dimensões apropriadas para aplicar cada operação, e e são números reais A maioria dessas propriedades pode ser ilustrada facilmente a partir das definições PROPRIEDADES DA MULTIPLICAÇÃO DE MATRIZES: (1) ( )A A A; (2) (A B) A B; (3) ()A (A); (4) (AB) (A)B; (5) A B B A; (6) (A B) C A (B C); (7) (AB)C A(BC); (8) A(B C) AB AC; (9) (A B)C AC BC; (1) IA AI A; (11) A A A; (12) A A ; (13) A A ; e (14) AB BA, mesmo quando ambos os produtos forem definidos A última propriedade merece um comentário adicional Se A for n m e B for m p, então, AB será definida, mas BA somente será definida se n p (a ordem de linha da A é igual a ordem de coluna da B) Se A for m n e B for n m, então, AB e BA serão ambas definidas, mas normalmente não serão a mesma matriz; de fato, elas possuem dimensões diferentes, a menos que A e B sejam ambas matrizes quadradas Mesmo quando A e B são quadradas, AB BA, exceto sob circunstâncias especiais Transposta 2 4 1 1 1 3 1 2 6 DEFINIÇÃO D6 (TRANSPOSTA) Seja A [a ij ] uma matriz m n A transposta de A, chamada de A (A linha), é a matriz de ordem n m, obtida intercambiando as linhas e colunas de A Podemos escrevê-la como A [aji] Por exemplo, A, A 2 4 2 1 7 1 5 4 5 7 PROPRIEDADES DA TRANSPOSTA: (1) (A)A; (2) (A) = A para qualquer escalar ; (3) (A B) A B; (4) (AB) BA, quando A for m n e B for n k; (5) xx x 2 i, onde x é um vetor n 1; e (6) se A for uma matriz n k com linhas dadas pelos vetores 1 k a 1, a 2,, a n,de forma que possamos escrever a1 a A 2 n, a então, A (a 1 a 2 a n ) n i1

Wooldridge Apêndice D Resumo de Álgebra Matricial 11 DEFINIÇÃO D7 (MATRIZ SIMÉTRICA) Uma matriz quadrada A é uma matriz simétrica se, e somente se, A A Se X for qualquer matriz n k, XX é sempre definida e é uma matriz simétrica, como poderá ser visto pela aplicação das primeira e quarta propriedades da transposta (veja o Problema D3) Multiplicação de Matrizes Particionadas Seja A uma matriz n k com linhas dadas pelos vetores 1 k a 1, a 2,, a n, e seja B uma matriz n m com linhas dadas pelos vetores 1 m b 1, b 2,, b n ; Então, a1 b1 a A 2 n b, B 2 n a b AB a i b i, onde para cada i, a i b i é uma matriz k m Portanto, AB pode ser escrita como a soma de n matrizes, cada uma delas sendo k m Como um caso especial, temos onde a i a i é uma matriz k k de todos os i Traço AA O traço de uma matriz é uma operação bastante simples definida somente para matrizes quadradas DEFINIÇÃO D8 (TRAÇO) Para qualquer matriz A n n, otraço de uma matriz A, representado por tr(a), será a soma dos elementos de sua diagonal Matematicamente, a i a i tr(a) a ii PROPRIEDADES DO TRAÇO: (1) tr(i n ) n; (2) tr(a) tr(a); (3) tr(a B) tr(a) tr(b); (4) tr(a) tr(a), para qualquer escalar ; e (5) tr(ab) tr(ba), onde A é m n e B é n m Inversa A noção da inversa de uma matriz é muito importante para matrizes quadradas n i1 n i1 n i1

12 Introdução à Econometria Editora Thomson DEFINIÇÃO D9 (INVERSA) Uma matriz A n n tem uma inversa, representada por A 1, desde que A 1 A I n e AA 1 I n Nesse caso, A é chamada de inversível ou não singular Caso contrário, ela será chamada de não inversível ou singular PROPRIEDADES DA INVERSA: (1) Se existir uma inversa, ela será única; (2) (A) 1 (1/)A 1, se e A for inversível; (3) (AB) 1 B 1 A 1, se A e B forem ambas n n e inversíveis; e (4) (A) 1 (A 1 ) Não nos preocuparemos com a mecânica de cálculo da inversa de uma matriz Qualquer texto de álgebra matricial contém exemplos detalhados de tais cálculos D3 INDEPENDÊNCIA LINEAR POSTO DE UMA MATRIZ Para um conjunto de vetores tendo a mesma dimensão, é importante saber se um vetor pode ser expresso como uma combinação linear dos demais vetores DEFINIÇÃO D1 (INDEPENDÊNCIA LINEAR) Seja {x 1, x 2,, x r } um conjunto de vetores n 1 Eles serão vetores linearmente independentes se, e somente se, 1 x 1 2 x 2 r x r (D2) implicar que 1 2 r Se (D2) se sustentar para um conjunto de escalares que não sejam todos zeros, então, {x 1, x 2,, x r } será linearmente dependente A afirmação de que {x 1, x 2,, x r } será linearmente dependente é equivalente a dizer que pelo menos um vetor no conjunto pode ser escrito como uma combinação linear dos demais DEFINIÇÃO D11 (POSTO) (i) Seja A uma matriz n m O posto de uma matriz A, denotada posto(a), é o número máximo de colunas linearmente independentes de A (ii) Se A for n m e posto(a) m, então, A terá posto de colunas completas Se A for n m, seu posto será no máximo m Uma matriz terá posto de colunas completas se suas colunas formarem um conjunto linearmente independente Por exemplo, a matriz 3 2 1 2 3 6 poderá ter no máximo posto 2 De fato, seu posto será apenas um porquê a segunda coluna é três vezes a primeira coluna

Wooldridge Apêndice D Resumo de Álgebra Matricial 13 PROPRIEDADES DO POSTO: (1) posto(a) = posto(a); (2) Se A for n k, então, posto(a) min(n,k); e (3) Se A for k k e posto(a) k, então, A será não singular D4 FORMAS QUADRÁTICAS E MATRIZES POSITIVAS DEFINIDAS DEFINIÇÃO D12 (FORMA QUADRÁTICA) Seja A uma matriz simétrica n n A forma quadrática associada à matriz A será a função de valor real definida para todos os vetores x n 1: f(x) xax a ii x 2 i 2 a ij x i x j DEFINIÇÃO D13 (POSITIVA DEFINIDA E POSITIVA SEMIDEFINIDA) (i) Uma matriz simétrica A é positiva definida (pd) se n i1 n i1 xax para todos os vetores x n 1, exceto x (ii) Uma matriz simétrica A é positiva semidefinida (psd) se j i xax para todos os vetores n 1 Se uma matriz for positiva definida ou positiva semidefinida, ela será automaticamente assumida como sendo simétrica PROPRIEDADES DAS MATRIZES POSITIVAS DEFINIDAS E POSITIVAS SEMIDEFINIDAS: (1) Uma matriz positiva definida tem elementos diagonais que são estritamente positivos, enquanto uma matriz psd tem elementos diagonais não negativos; (2) Se A for uma pd, então, A 1 existe e será pd; (3) Se X for n k, então, XX e XX serão psd; e (4) Se X for n k e posto(x) k, então, XX será pd (e, portanto, não singular) D5 MATRIZES IDEMPOTENTES DEFINIÇÃO D14 (MATRIZ IDEMPOTENTE) Seja A uma matriz simétrica n n Então, A é uma matriz idempotente se, e somente se, AA A Por exemplo, 1 1 é uma matriz idempotente, como é possível verificar pela multiplicação direta

14 Introdução à Econometria Editora Thomson PROPRIEDADES DAS MATRIZES IDEMPOTENTES: Seja A uma matriz idempotente n n (1) posto(a) tr(a), e (2) A é positiva semidefinida Podemos construir matrizes idempotentes de forma bem generalizada Seja X uma matriz n k com posto(x) k Defina P X(XX) 1 X M I n X(XX) 1 XI n P Então, P e M serão matrizes simétricas idempotentes, com posto(p) k e posto(m) n k Os postos são obtidos com mais facilidade usando a Propriedade 1: tr(p) tr[(xx) 1 XX] (da Propriedade 5 do traço) tr(i k ) k (pela Propriedade 1 do traço) Facilmente segue que tr(m) tr(i n ) tr(p) n k D6 DIFERENCIAÇÃO DE FORMAS LINEARES E QUADRÁTICAS Para um dado vetor a n 1, considere a função linear definida por f(x) ax, para todos os vetores x n 1 A derivada de f em relação a x será o vetor 1 n das derivadas parciais, que é simplesmente Então, f(x)/x a Para uma matriz simétrica n n A, defina a forma quadrática que é um vetor 1 n g(x) xax g(x)/x 2xA, D7 MOMENTOS E DISTRIBUIÇÕES DE VETORES ALEATÓRIOS Para derivar o valor esperado e a variância dos estimadores MQO usando matrizes, precisamos definir o valor esperado e a variância de um vetor aleatório Como seu nome sugere, um vetor aleatório é simplesmente um vetor de variáveis aleatórias Também precisamos definir a distribuição normal multivariada Esses conceitos são simples extensões daqueles tratados no Apêndice B

Wooldridge Apêndice D Resumo de Álgebra Matricial 15 Valor Esperado DEFINIÇÃO D15 (VALOR ESPERADO) (i) Se y for um vetor aleatório n 1, o valor esperado de y, representado por E(y), é o vetor dos valores esperados: E(y) [E(y 1 ), E(y 2 ),, E(y n )] (ii) Se Z for uma matriz aleatória n m, E(Z) é a matriz n m dos valores esperados: E(Z) [E(z ij )] PROPRIEDADES DO VALOR ESPERADO: (1) Se A for uma matriz m n e b for um vetor n 1, onde ambos são não-aleatórios, E(Ay b) AE(y) b e (2) Se A for p n e B for m k, onde ambas são não-aleatórios, E(AZB) AE(Z)B Matriz de Variância-Covariância DEFINIÇÃO D16 (MATRIZ DE VARIÂNCIA-COVARIÂNCIA) Se y for um vetor aleatório n 1, sua matriz de variância-covariância, representada por Var(y) é definida como 1 2 12 1n 2 Var(y) 21 2 2n 2, n n1 n2 onde 2 j Var(y j ) e ij Cov(y i,y j ) Em outras palavras, a matriz de variância-covariância tem as variâncias de cada elemento de y em sua diagonal, com os termos de covariância fora dela Como Cov(y i,y j ) Cov(y j,y i ), segue imediatamente que uma matriz de variância-covariância é simétrica PROPRIEDADES DA VARIÂNCIA: (1) Se a for um vetor não-aleatório n 1, então, Var(ay) a[var(y)]a ; (2) Se Var(ay) para todo a, Var(y) é positiva definida; (3) Var(y) E[(y )(y )], onde E(y); (4) Se os elementos de y forem não-correlacionados, Var(y) é uma matriz diagonal Se, além disso, Var(y j ) 2 para j 1, 2,, n, então Var(y) 2 I n e (5) Se A for uma matriz não-aleatória m n e b for um vetor não-aleatório n 1, então, Var(Ay b) A[Var(y)]A Distribuição Normal Multivariada A distribuição normal de uma variável aleatória foi discutida em alguma medida no Apêndice B Precisamos estender a distribuição normal aos vetores aleatórios Não forneceremos uma expressão da função de distribuição de probabilidade, já que não precisaremos dela É importante saber que um vetor aleatório normal multivariado é totalmente caracterizado por sua média e pela matriz de variânciacovariância Portanto, se y for um vetor aleatório normal multivariado n 1, com média e matriz de variância-covariância, escrevemos y Normal(,) Agora, apresentamos várias propriedades úteis da distribuição normal multivariada PROPRIEDADES DA DISTRIBUIÇÃO NORMAL MULTIVARIADA: (1) Se y Normal(,), então, cada elemento de y é normalmente distribuído; (2) Se y ~ Normal(,), então, y i e y j, quaisquer dois elementos de y, serão independentes se, e somente se, eles forem não-correlacionados, isto é, ij ; (3) Se y Normal(,), então, Ay b Normal(A b,aa), onde A e b são não-aleatórios; (4) Se y Normal(,), então, para matrizes A e B não-aleatórias, Ay e By serão independentes se, e somente se, AB Particularmente, se 2 I n, então, AB será necessária e suficiente para

16 Introdução à Econometria Editora Thomson a independência de Ay e By; (5) Se y Normal(, 2 I n ), A é uma matriz não-aleatória k n, e B é uma matriz simétrica idempotente n n, então, Ay e yby serão independentes se, e somente se, AB ; e (6) Se y Normal(, 2 I n ) e A e B forem matrizes simétricas idempotentes não-aleatórias, então, yay e yby serão independentes se, e somente se, AB DISTRIBUIÇÃO QUI-QUADRADO No Apêndice B, definimos uma variável aleatória qui-quadrada como a soma dos quadrados das variáveis aleatórias normais padrão independentes Em notação vetorial, se u Normal(,I n ), então, uu ~ 2 n PROPRIEDADES DA DISTRIBUIÇÃO QUI-QUADRADO: (1) Se u Normal(,I n ) e A for uma matriz simétrica idempotente n n com posto(a) q, então, uau 2 q ; (2) Se u Normal(,I n ) e A e B forem matrizes simétricas idempotentes n n de tal forma que AB, então, uau e ubu serão variáveis aleatórias qui-quadradas independentes; e (3) Se z Normal(,C) onde C é uma matriz não singular m m, então, zc 1 z 2 m DISTRIBUIÇÃO t Também já definimos a distribuição t no Apêndice B Agora adicionamos uma propriedade importante PROPRIEDADE DA DISTRIBUIÇÃO t: Se u Normal(,I n ), c é um vetor não-aleatório n 1, A é uma matriz não-aleatória simétrica idempotente n n com posto q, e Ac, então,{cu/(cc) 1/2 }/(uau) 1/2 t q DISTRIBUIÇÃO f Recorde-se de que uma variável aleatória F é obtida tomando-se duas variáveis aleatórias qui-quadradas independentes e encontrando-se a razão entre elas, padronizadas pelos graus de liberdade PROPRIEDADE DA DISTRIBUIÇÃO f: Se u Normal(,I n ) e A e B forem matrizes simétricas idempotentes não-aleatórias n n com posto(a) k 1, posto(b) k 2 e AB, então, (uau/k 1 )/(ubu/k 2 ) F k1,k 2 RESUMO Este apêndice contém uma forma condensada das informações básicas necessárias ao estudo do modelo linear clássico usando matrizes Embora o material aqui apresentado não dependa de outros, ele é apresentado com a intenção de servir como uma revisão para os leitores familiarizados com álgebra matricial e estatística multivariada, e será amplamente usado no Apêndice E

Wooldridge Apêndice D Resumo de Álgebra Matricial 17 PROBLEMAS D1 (i) Encontre o produto AB usando A, B 1 6 2 1 7 1 8 4 5 3 (ii) BA existe? D2 Se A e B forem matrizes diagonais n n, demonstre que AB BA D3 Seja X qualquer matriz n k Mostre que XX é uma matriz simétrica D4 (i) Use as propriedades do traço para demonstrar que tr(aa) tr(aa) para qualquer matriz A n m (ii) Para A = 2 3 1, verifique se tr(aa) = tr(aa) D5 (i) Use a definição da inversa para provar o seguinte: se A e B forem matrizes não singulares n n, então, (AB) 1 B 1 A 1 (ii) Se A, B e C forem todas matrizes não singulares n n, encontre (ABC) 1 em termos de A 1, B 1 e C 1 D6 (i) Mostre que, se A for uma matriz positiva definida, simétrica n n, então, A deve ter elementos diagonais estritamente positivos (ii) Escreva uma matriz simétrica 2 2 com elementos diagonais estritamente positivos que não seja positiva definida D7 Seja A uma matriz positiva definida, simétrica n n Mostre que, se P for qualquer matriz não singular n n, então, PAP será positiva definida D8 Prove a Propriedade 5 das variâncias dos vetores, usando a Propriedade 3