DESEMPENHO DO SATÉLITE TRMM NA ESTIMATIVA DE PRECIPITAÇÃO SOBRE A BACIA DO PARAGUAI SUPERIOR Performace of TRMM satellite precipitatio estimates over the Upper Paraguai River Basi Bruo Collischo Daiel Allasia Walter Collischo Carlos Eduardo Morelli Tucci Istituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH-UFRGS) Av. Beto Goçalves, 9500 CEP 950-970 Porto Alegre (RS) e-mail: 00094284@ufrgs.br RESUMO A bacia do Paraguai Superior, situada o plaalto da Bacia do Alto Paraguai, gera sigificativa parcela do aporte de vazão que garate ao Pataal a sua alterâcia atural etre secas e cheias. A estimativa de sua pluviosidade, o etato, sofre icertezas devido ao baixo úmero de pluviômetros a bacia. Neste cotexto, estimativas espaciais de precipitação podem se costituir uma ferrameta extremamete útil. Estas estimativas, embora pouco precisas quado comparadas com valores putuais medidos o solo, forecem uma boa oção da distribuição espacial das chuvas. Neste trabalho, são aalisados os campos de precipitação e as precipitações médias obtidos do satélite TRMM, laçado com o ituito específico de estimar precipitação os trópicos. Os campos foram comparados com os obtidos a partir de dados de pluviômetros o solo sobre a bacia do Alto Paraguai até a Fazeda Descalvados. Os resultados são muito satisfatórios, mostrado que as estimativas deste satélite podem ser uma fote alterativa de dados em caso de escassez de iformação. Palavras-chave: precipitação estimada por satélite, TRMM, bacia do Alto Paraguai. ABSTRACT The Higher Paraguai river, a tributary of the Upper Paraguai Basi, geerates a sigificative share of the flows that maitais the atural oscillatio betwee floods ad droughts i the Pataal. However, a precise estimatio of its raifall variability is ucertai, due to the low umber of rai gauges at the basi. Thus, areal estimates of precipitatio obtaied from remote sesig ca become a very useful data source. Such estimates, although ot as precise as puctual measuremets, have the advatage to give very fair represetatios of spatial distributio of rai. I this work, we aalysed rai fields ad mea rai heights derived from the Tropical RaifallMeasurig Missio (TRMM) satellite. Comparisos with groud data area made to the Upper Paraguai Basi, limited by the flow gauge of Descalvados. Results are very promisig, showig that rai estimates provided by this satellite ca be a reliable data source for basis with strog scarcity of data. Keywords: satellite-estimated precipitatio, TRMM, upper Paraguai Basi.. Revista Brasileira de Cartografia N o 59/0, Abril 2007. (ISSN808-0936) 93
2. INTRODUÇÃO As sub-bacias situadas o Plaalto da Bacia do Alto Paraguai (Paraguai, Cuiabá, São Loureço, Taquari, Mirada e Aquidauaa) geram as vazões que alimetam o ciclo vital do Pataal, cuja alterâcia etre períodos de iudação e seca garatem a sobrevivêcia de um complexo ecossistema. Desta forma, cohecer detalhadamete a variabilidade e a distribuição espacial da precipitação sobre estas bacias é fudametal para diagóstico e previsão de feômeos ligados à hidrologia pataeira. No etato, a Bacia do Alto Paraguai como um todo apreseta uma desidade de pluviômetros muito baixa, gerado a ecessidade de iterpolação dos dados. Com a prática de extrapolação/ iterpolação, admite-se uma estimativa de precipitação para áreas mais distates dos potos medidos sem qualquer idício físico real sobre a quatidade de precipitação verdadeiramete ocorrida (Coti, 2002). Diversas metodologias para estimativa de precipitação através de images de satélite vêm sedo propostas. Estas metodologias se baseiam em images feitas por vários satélites, em diversas badas do espectro eletromagético. Destacam-se os satélites da série GOES (Geoestatioary Operatioal Evirometal System), e o satélite Tropical Raifall Measurig Missio (TRMM), este último com o objetivo específico de medição de precipitação os trópicos. 2.. A estimativa de precipitação através de satélites As images de satélite têm se costituído uma ferrameta para obteção das mais diversas compoetes do ciclo hidrológico. Mesmo ates do primeiro satélite meteorológico, o TIROS (Televisio ad IfraRed Observatio Satellite) forecer as primeiras images de topos de uves, em abril de 960, já se supuha que a ocorrêcia e mesmo a itesidade de evetos chuvosos poderia ser iferida a partir da resposta espectral de cojutos de uves (Petty, 995). O pricípio da estimativa de precipitação de chuva através de sesoriameto em badas o visível é o fato de que o brilho da luz do sol refletida por uves pode ser uma idicação razoável de sua espessura e coseqüetemete do volume de água em seu iterior (Petty, 995). Da mesma forma, temperaturas de topo de uvem baixas estão associadas a um maior desevolvimeto vertical de uma uvem e coseqüetemete a uma taxa de precipitação maior. A temperatura do topo de uvem pode ser obtida a partir de medições de reflectâcia em badas de ifravermelho. As hipóteses cotidas este parágrafo e o aterior foram a pedra fudametal das primeiras tetativas de estimar precipitação a partir do espaço. Porém, rapidamete se torou evidete o fato de que em toda a uvem brilhate e em toda uvem com topo frio (ou seja, com reflectâcia baixa o IR) está efetivamete produzido precipitação. De fato, estimativas o ifravermelho e o visível podem ser feitas apeas localmete, forecedo maus resultados quado traspostas para outras regiões (Wilheit, 986, Petty, 995), sedo essa provavelmete a sua pricipal limitação. Um divisor de águas a estimativa de precipitação por satélite foi o emprego de sesores de microodas que respodem de forma razoavelmete física à preseça de água e/ou cristais de gelo as uves. De forma geral, as estimativas baseadas em images de microodas são melhore do que as obtidas com base em images o ifravermelho (Ramage et al., 2003). Em países idustrializados, poucos trabalhos que procuravam estimar chuva com images de satélite foram ecotrados. Isto se deve provavelmete ao fato de que estes países possuem maior úmero de radares meteorológicos, os quais forecem melhores represetações da distribuição espacial das chuvas. Porém, o mesmo ão vale para países em desevolvimeto, que em geral possuem esparsa rede de pluviômetros e dificuldades de toda ordem de acesso aos dados. Não parece ser por acaso, portato, o úmero razoável de trabalhos ecotrados que estimam precipitação via satélite sobre países da África. No caso do Brasil, há trabalhos potuais com o objetivo de estimar precipitação por satélite. Um dos pioeiros é o trabalho de Coti (2002), bastate completo e abragete, que realizou aida um estudo de caso para o estado do Rio Grade do Sul, obtedo resultados satisfatórios. Destaca-se, também, o trabalho de Araújo e Guetter (2005), que compararam estimativas de satélites de órbita baixa com medições de solo em pequeas e médias bacias do estado do Paraá, cocluido que há boa aderêcia das estimativas. Recetemete, Collischo et al.(2006) mostrou que a estimativa de precipitação do satélite TRMM é bastate precisa quado comparada com dados de solo a bacia do alto São Fracisco. Em aplicação semelhate para a bacia do Tapajós, Collischo (2006) mostrou que além de dar bos resultados, a estimativa de satélite pode ajudar a idetificar pluviômetros com problemas a leitura ou mal localizados, costituido-se em ferrameta para cosistêcia de dados. Em fução de ser o satélite mais bem equipado em termos de istrumetos para estimativa de precipitação, o satélite TRMM forece estimativas mais precisas do que as técicas idiretas, baseadas em images de outros satélites (Barrera, 2005), sedo usado iclusive para validação destas técicas. Também Nicholso (2005) afirma que o projeto TRMM resultou em medidas cosideravelmete mais cofiáveis do que as estimativas feitas até etão. Em vista disso e também do fato de que as séries dispoíveis estimadas a partir deste satélite são mais logas, usar-se-ão Revista Brasileira de Cartografia N o 59/0, Abril 2007. (ISSN808-0936) 94
exclusivamete dados de precipitação estimados pelo TRMM este trabalho. 2.2. O Projeto TRMM e a estimativa 3B42 O satélite TRMM é um projeto em parceria etre a NASA e a Agêcia Japoesa de Exploração Aeroespacial (JAXA), e foi laçado em 27 de ovembro de 997 com o objetivo específico de moitorar e estudar a precipitação os trópicos, além de verificar como a mesma ifluecia o clima global (Kummerow et al. 2000). O satélite possui órbita oblíqua ãoheliossícroa bastate baixa (iicialmete 350km, desde 200 cerca de 403km), de forma que o período de traslação é bastate curto (9 miutos), permitido resoluções espacial e temporal comparativamete altos. Os istrumetos a bordo do TRMM são: imageador de microodas (TMI), radar de precipitação (PR), radiômetro o visível e o ifravermelho (VIRS), sesor de eergia radiate da superfície terrestre e das uves (CERES), e sesor para imageameto de relâmpagos (LIS). Para refiar as estimativas, existe um programa paralelo de validação em campo (Groud Validatio ou GV), cotado com radares meteorológicos em diversas estações ao logo da faixa itertropical. O projeto TRMM gera diversos produtos (estimativas) de acordo com a combiação de istrumetos usada o algoritmo de cálculo. O produto 3B42, que será usado este trabalho, usa estimativas de precipitação por microodas do TMI, corrigidas através de iformações sobre a estrutura vertical das uves, obtidas do PR. O projeto TRMM possui aida um programa de validação em campo, para miimização das difereças etre estimativas por satélite e medições o solo. As estimativas são etão covertidas para acumulados mesais através de iterpolação para preecher as lacuas a cotiuidade temporal, decorretes da baixa freqüêcia de passagem, gerado o produto 3B3. Este produto tem alta resolução espacial, de 0,25, porém resolução temporal baixa. Os acumulados mesais são etão usados para corrigir estimativas baseadas em images do ifravermelho de satélites da série GOES, os quais possuem resolução temporal de 3 horas. Cosegue-se assim um produto que combia resoluções temporal e espacial altas. A grade vatagem deste produto em especial é sua alta resolução temporal, de 3 horas, e espacial, de 0.25, a faixa etre 50 S e 50 N. Por outro lado, a desvatagem é a complexidade do algoritmo e o úmero de dados ecessários para gerar o produto, de forma que os dados ão são distribuídos de forma imediata. Mesmo assim, atualmete as estimativas de um mês qualquer são dispoibilizadas até o dia 5 do mês seguite, prazo que pode ser cosiderado relativamete curto. Os dados são dispoibilizados gratuitamete o site da NASA, bastado ao usuário estar registrado. Devido ao relativo sucesso do programa, a NASA prepara um programa para suceder o TRMM, chamado de GPM (Global Precipitatio Measuremet), prevedo para 2007 o laçameto de múltiplos satélites, equipados com sesores e radares similares ao aterior, porém com maior resolução (Flamig, 2004). Isto permite que haja certo otimismo etre hidrólogos, pois icremeta sigificativamete o volume de dados de chuva dispoíveis, problema que tem sido um dos gargalos da modelagem hidrológica em países como o Brasil. 3. OBJETIVO O objetivo deste trabalho foi de avaliar as estimativas de precipitação do satélite TRMM sobre a bacia do Alto Paraguai até Descalvados, verificado se estas estimativas forecem boa resposta tato em termos médios sobre a bacia quato em termos de campos de precipitação. 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.. Caracterização da bacia do Alto Paraguai até a Fazeda Descalvados A bacia do rio Paraguai situa-se etre as latitudes 4 o e 7 o Sul e as logitudes 56 o e 60º Oeste (Figura ). As ascetes do rio Paraguai estão localizadas a serra dos Parecis e seus pricipais tributários são o rio Jauru, o Cabaçal e o Sepotuba (ANA/GEF/PNUMA/ OEA, 2005). Neste trabalho, cosiderou-se o posto fluviométrico de Descalvados como poto limite da aálise. A motate do posto a bacia hidrográfica tem uma área de dreagem de cerca de 48.530 km 2. A escolha da bacia hidrográfica como uidade de comparação é oportua, uma vez que se pretede futuramete utilizar as estimativas aqui avaliadas como dado de etrada em um modelo hidrológico precipitação-vazão. 4.2. Metodologia de iterpolação de dados Os dados de precipitação, tato os oriudos de pluviômetros quato os de satélite, foram iterpolados para grades regulares, com resolução de 0, (aproximadamete 0 km). Os dados diários de pluviômetros já se ecotravam iterpolados por ANA/GEF/ PNUMA/OEA, o período de //998 a 3/2/999. Os dados de satélite, a partir da grade origial de 0,25, foram iterpolados para a grade de 0,. Além disso, as estimativas do TRMM foram itegradas para acumulados diários, de forma a permitir a comparação com os dados de solo. As iterpolações de ambos foram feitas através da poderação pelo iverso do quadrado da distâcia, tomado para iterpolação os 5 postos (ou pixels) mais próximos sem falha. Revista Brasileira de Cartografia N o 59/0, Abril 2007. (ISSN808-0936) 95
Figura. Iserção da bacia do Alto Paraguai até Descalvados o território acioal A partir das séries de chuva iterpoladas dos pluviômetros e do satélite, foi possível extrair médias diárias da precipitação sobre a bacia iteira. Foram feitas comparações etre as séries de chuvas médias e etre a precipitação acumulada total e mesal, bem como a dispersão etre chuva média de pluviômetros e do satélite o período etre //998 e 3/2/999. Além disso, mais do que observar as difereças médias em termos de bacia hidrográfica, é importate verificar como os campos de precipitação variam o espaço. Para cada célula da grade iterpolada, foi calculada uma série de precipitações iterpolada a partir dos dados dos pluviômetros. Da mesma forma, se calculou uma série iterpolada a partir dos pixels do TRMM mais próximos. Estas iterpolações geraram grades de 0,x0,º. Assim, foi possível calcular estatísticas comparativas em cada célula, possibilitado a idetificação de regiões a bacia ode a similaridade etre as precipitações medidas pelos diferetes istrumetos (pluviômetros e satélite) seja maior ou meor. As estatísticas calculadas foram: Errv(%) -erro relativo de volume precipitado: 00 = Psat Pplu i Pplu i i (eq. ) -coeficiete de correlação ( Psati Psat) ( Pplui Pplu) R = (eq. 2): 2 2 ( Psati Psat) ( Pplui Pplu) ode Psat i é a precipitação iterpolada a partir de estimativas do TRMM o itervalo de tempo i, Pplu i é a precipitação iterpolada a partir de dados dos pluviômetros o itervalo i e a barra superior idica a média dos valores. Os campos de precipitação de satélite foram obtidos a partir das séries estimadas em 44 pixels do satélite TRMM. Já os campos de precipitação iterpolada de pluviômetros sobre a bacia foram obtidos a partir das séries históricas de 27 postos fluviométricos, situados o iterior da bacia ou os arredores. Estes postos foram obtidos juto ao baco de dados Hidroweb da Agêcia Nacioal de Águas (ANA) e são listados em Collischo et al. (2006). A desidade de postos de chuva esta bacia é de aproximadamete posto de chuva a cada 3.000km 2, que é um valor bastate baixo. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.. Comparação etre precipitações médias A partir da grade iterpolada de precipitação do TRMM e dos pluviômetros, foi calculada a precipitação média diária sobre a bacia, o período de //998 a 3/2/999. Para efeito de comparação, a Figura 2 mostra a comparação etre as séries em um período de 6 meses. A Figura 2 mostra que, em termos médios, o TRMM estima de forma bastate razoável a precipitação sobre a bacia cosiderada. Em algus picos, o satélite superestimou a precipitação, em outros subestimou. Outra característica importate é que o satélite TRMM estima corretamete a ausêcia de chuva. Assim, a alterâcia etre estações úmidas e secas, característica da região, é bastate bem represetada. Revista Brasileira de Cartografia N o 59/0, Abril 2007. (ISSN808-0936) 96
Figura 2. Comparação etre a precipitação média a partir dos pluviômetros e do TRMM sobre a bacia, período de //998 a 3/2/998 Há uma tedêcia geeralizada do hietograma oriudo do satélite estar um pouco adiatado em relação ao dos pluviômetros. Este descompasso etre a estimativa do satélite e a medição do pluviômetro já havia sido verificado em aálises feitas para as bacias do São Fracisco e do Tapajós (Collischo, 2006) e aida ão foi completamete explicado, podedo estar relacioado com algum erro de processameto, tato de leitura dos pluviômetros como de geração das estimativas de satélite, ou com uma tedêcia do satélite prever a precipitação ates que ela acoteça. Esta seguda hipótese parece ser meos provável, uma vez que o adiatameto médio é de um dia, o que parece ser um tempo bastate logo em comparação com o próprio processo de geração de chuva covectiva, predomiate a região, que é de algumas horas. Em termos de totais acumulados sobre a bacia os resultados também são bos. A Figura 3 mostra a comparação etre as precipitações acumuladas, de //998 a 3/2/999. Novamete, se percebe que o TRMM acompaha bastate bem a variação sazoal. Há uma tedêcia do satélite superestimar a precipitação total, resultado uma difereça de 8% o total precipitado ao logo dos dois aos de comparação. Essa difereça é da mesma ordem das verificadas em trabalhos ateriores (Ramage et al, 2003, Collischo et al., 2006), e os resultados podem ser cosiderados satisfatórios. 5.2. Comparação etre os campos de precipitação Como dito ateriormete, mais do que aalisar a estimativa de satélite a partir de comparações com as médias, se pretedeu espacializar as difereças (ou erros). Para isso, foram calculadas iicialmete as difereças relativas etre a precipitação iterpolada das duas fotes em cada célula da grade de 0,. Além disso, para verificar a adequação a variabilidade temporal da precipitação, foi calculado o coeficiete de correlação etre as séries iterpoladas em cada célula. Os resultados são mostrados a Figura 4. Figura 3. Comparação etre a precipitação acumulada dos pluviômetros e do TRMM Revista Brasileira de Cartografia N o 59/0, Abril 2007. (ISSN808-0936) 97
Na figura 4(a), as células mais claras idicam áreas ode o valor absoluto da difereça relativa foi mais baixo. As difereças relativas situaram-se a faixa de -22% (o satélite subestimou em 22% a precipitação total a célula) e +35% (superestimou em 35%). No etato, a maior parte das células teve difereças bem aceitáveis, em toro de -0% a +0%. Podem-se perceber áreas em toro de pluviômetros específicos cujo valor da difereça relativa destoa dos valores ecotrados o etoro, o que pode idicar a existêcia de pluviômetros mal localizados ou com problemas de medição (Collischo, 2006). Na figura 4(b), as células mais claras correspodem a áreas ode o coeficiete de correlação etre a precipitação do satélite e dos pluviômetros foi mais alta. Em termos do campo de coeficietes de correlação, os valores variaram de 0,25 a 0,64. Estes valores são relativamete baixos, devido ao fato de que ão há uma tedêcia de sub- ou subestimativa do TRMM, coforme Figura 2. Essa aleatoriedade afeta fortemete o coeficiete de correlação. Mesmo assim, a maioria dos valores se situou em toro de 0,5, o que pode ser cosiderado um resultado razoável. Além disso, as difereças ecotradas ão podem ser supervalorizadas, uma vez que se está comparado as estimativas do TRMM com um campo de precipitações obtida de uma rede esparsa de pluviômetros, ao qual está associada uma série de icertezas e que ão pode ser cosiderada como a verdade de campo. É justamete em bacias como esta que as estimativas de satélite podem trazer boa cotribuição. 6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES Neste trabalho se comparou o campo de precipitações e a precipitação média obtida das estimativas de precipitação do satélite TRMM com o campo de precipitações e a precipitação média obtida a partir da rede pluviométrica existete a bacia do Alto Paraguai até Descalvados. As estimativas de precipitação forecidas pelo satélite TRMM são cosistetes. Elas coseguem reproduzir com bastate fidelidade o regime de chuvas da bacia do Alto Paraguai até Descalvados. As variações sazoais da chuva são bem represetadas. Em algus casos, sub- ou superestimam a precipitação de forma potual, mas, quado poderados sobre a bacia, apresetam resultados muito similares àqueles obtidos por iterpolação de pluviômetros. Uma vatagem adicioal das estimativas de precipitação por satélite é o úmero isigificate de falhas as séries temporais. Nas séries obtidas para este trabalho, os itervalos de tempo com falhas represetavam apeas cerca de 0,% da extesão total. Ressalta-se que as falhas ocorrem em grades áreas simultaeamete, porém apeas por ou 2 itervalos de tempo, diferetemete das séries de pluviômetros, em que as falhas ocorrem às vezes por logos períodos, porém dificilmete toda a rede falha simultaeamete. Os resultados deste trabalho mostram que os dados de precipitação estimados a partir de satélites como o TRMM podem ser uma alterativa eficiete e barata quado comparados a istrumetos o solo, como estações pluviométricas com telemetria. Porém, são ecessários testes mais aprofudados, de forma validar as metodologias aqui propostas. Por isso, recomeda-se o a comparação das estimativas do TRMM em outras bacias hidrográficas. Devem ser exploradas técicas para combiar as vatages de cada um dos dados, ou seja, a precisão da medição dos pluviômetros e a boa cobertura espacial da estimativa do satélite, de forma a gerar campos de precipitação para posterior uso em simulação hidrológica ou regioalização. Figura 4. Espacialização das difereças: campo de difereças relativas (a) e de coeficietes de correlação (b) etre precipitação iterpolada dos pluviômetros e do TRMM. Os potos em preto represetam a localização dos pluviômetros cosiderados Revista Brasileira de Cartografia N o 59/0, Abril 2007. (ISSN808-0936) 98
Sugere-se implemetar métodos geoestatísticos em substituição ao método do iverso do quadrado da distâcia para iterpolação de dados de precipitação, idepedete da fote de dados. Vários autores afirmam que o método de krigig é bastate adequado para este fim, por coseguir represetar melhor o comportameto aisotrópico da distribuição espacial da chuva quado da existêcia de direções prefereciais, barreiras topográficas, etc. Deve-se verificar a precisão das estimativas em bacias situadas em latitudes maiores, com predomíio de precipitação frotal, uma vez que a literatura apota que os resultados dos satélites estes locais são meos cofiáveis. Da mesma forma, os resultados em bacias a Serra do Mar, por exemplo, ode há predomiâcia de chuva quete (orográfica), devem ser aalisados. Uma das perspectivas mais iteressates do projeto é a possibilidade de estimar a precipitação sobre os oceaos, de forma até mais precisa do que sobre a terra, o que possivelmete represetará um grade avaço em estudos de balaço hídrico global. Estudos de recarga de aqüíferos e dispoibilidade hídrica em geral em regiões sem dados são outras aplicações imagiáveis. BIBLIOGRAFIA ANA/GEF/PNUMA/OEA. Modelo de simulação hidrológica a bacia do Alto Paraguai. Relatório fial. IPH-UFRGS, Porto Alegre ANGELIS, C. F. Aálise dos sistemas precipitates o Brasil a partir de dados processados em um itegrador de iformações adquiridas por pluviômetros, satélites, rede de relâmpagos e radares meteorológicos-precibra. Projeto de Pesquisa. CPTEC-INPE, 2004. ARAÚJO, A; GUETTER, A. Avaliação hidrológica da técica CMORPH de estimativa de chuva por satélite sobre a bacia do Iguaçu. XVI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, 20 a 24 de ovembro de 2005, João Pessoa PB. BARRERA, D. F. Precipitatio estimatio with the hydro-estimator techique: its validatio agaist raigage observatios. VII Cogresso da IAHS, Foz do Iguaçu, 3-9 de abril de 2005. COLLISCHONN, B. Uso de precipitação estimada pelo satélite TRMM em modelo hidrológico distribuído. Dissertação de mestrado, IPH-UFRGS, Porto Alegre, 2006. COLLISCHONN, B; COLLISCHONN, W; TUCCI, C. Aálise do campo de precipitação gerado pelo satélite TRMM sobre a bacia do São Fracisco até Três Marias. I Simpósio de Recursos Hídricos do Sul- Sudeste, 27-29 de agosto, Curitiba, PR, 2006. COLLISCHONN, B; COLLISCHONN, W; ALLASIA, D. TUCCI, C. Estimativa de precipitação por sesoriameto remoto passivo: desempeho do satélite TRMM sobre a Bacia do Alto Paraguai até Descalvados. I Simpósio de Geotecologias do Pataal, 3-5 de ovembro, Campo Grade, MS, 2006. CONTI, G. N. Estimativa da precipitação através de técicas de sesoriameto remoto: Estudo de caso para o estado do Rio Grade do Sul. Dissertação de mestrado, IPH-UFRGS, 2002. FLAMING, G. M. Measuremet of global precipitatio. Publicação da Admiistração Aeroespacial dos EUA (NASA), 2004. HIROSHIMA, K. Raifall observatio from Tropical Raifall Measurig Missio (TRMM) Satellite. Joural of Visualizatio, vol. 2,, pp. 93-98, 999. KUMMEROW, C.; SIMPSON, J.; THIELE, O.; BARNES, W.; CHANG, A. T. C.; STOCKER, E.;ADLER, R. F.; HOU, A.; KAKAR, R.; WENTZ, F.; ASHCROFT, P.; KOZU, T. HONG, Y.; OKAMOTO, K.; IGUCHI, T.; KUROIWA, H.; IM, E.; HADDAD, Z.; HUFFMAN, G.; FERRIER, B.; OLSON, W. S.; ZIPSER, E.; SMITH, E. A.; WILHEIT, T. T.; NORTH, G. KRISHNAMURTI, T.; NAKAMURA, K. The Status of the Tropical Raifall Measurig Missio (TRMM) after Two Years i Orbit. Joural of Applied Meteorology, vol. 39, pp. 965-982, 2000. NICHOLSON, S. O the questio of the recovery of the rais i the West Africa Sahel. Joural of Arid Eviromets 63, p. 65-64, 2005. PETTY, G. W. The Status of Satellite-Based Raifall Estimatio over Lad. Remote Sesig of Eviromet 5, p. 25-37, 995. RAMAGE, K.; JOBARD, I.; LEBEL, T.; DESBOIS, M. Satellite estimatio of -day to 0-day cumulated precipitatio: compariso ad validatio over tropical Africa of TRMM, METEOSAT ad GPCP products. The 2003 EUMETSAT Meterological Satellite Coferece, 29 de setembro a 3 de outubro de 2003, Weimar, Alemaha. SCHULTZ, G. A.; ENGMAN, E. T. Remote Sesig i Hidrology ad Water Maagemet. Spriger, 483p, 2000. WILHEIT, T. T. Some Commets o Passive Microwave Measuremet of Rai. Bulleti of the America Meteorological Society, vol. 67, 0, 986. http://daac.gsfc.asa.gov/data/ Baco de dados da NASA. http://hidroweb.aa.gov.br/ Baco de dados da Agêcia Nacioal de Águas. Revista Brasileira de Cartografia N o 59/0, Abril 2007. (ISSN808-0936) 99