Apos./Apes.: Acordam no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução

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PN 2239.02-51; AP: Tc Valongo; Ape.2/Apo.: Apos./Apes.:. Acordam no Tribunal da Relação do Porto I. Introdução (a) Os recorrentes não se conformam com a decisão de 1ª instância, através da qual foi fixada uma indemnização no montante de Pte.: 11 924 00 0$00, a suportar por da e, correspondente aos danos sofridos por da, em acidente de viação de que foi responsável o 1º Ape., quantum acrescido de juros moratórios desde a citação; entretanto absolveu a Companhia de Seguros Tranquilidade do pedido, por ter esgotado o capital da apólice. (b) Da sentença: (1) Na óptica dos AA. o acidente de viação em causa deveu-se exclusivamente a culpa do R. marido, porquanto a viatura que conduzia, e ao efectuar uma ultrapassagem a um outro velocípede, numa curva, foi invadir a semi-faixa de rodagem de sentido contrário, onde seguia o A. marido de ciclomotor: a perspectiva apresentada pelos AA. ficou provada. 1 Vistos: Des.). 2 Adv.: Dr.. 3 Adv.: Dr. A.. 1

(2) Relativamente aos danos não patrimoniais do sinistro resultou para o A... traumatismo do ombro esquerdo com lesão do flexo braquial, traumatismo do cotovelo esquerdo, fractura exposta do fémur esquerdo, fractura do tornozelo esquerdo, além de outras lesões e ferimentos de menor gravidade; depois da primeira intervenção cirúrgica..., foi submetido a mais outras três, com internamento no Natal e por mais de 75 dias consecutivos; sofreu, depois, mais quatro outras intervenções cirúrgicas e manteve a perna esquerda engessada durante mais de um ano; não poderá exercer ma is a profissão, com IPG. 60% e IPP. 100%, incapaz de esforços, actividade física intensa, ou mesmo da simples permanência em pé; caminha apoiado numa canadiana e claudica muito, devido ao encurtamento do membro inferior esquerdo e a anquilose e deformação do pé;...continua doente e está sujeito a tratamento regular de fisioterapia;...a título de danos não patrimoniais é adequado fixar o montante de Pte.: 5 000 000$00. (3) Relativamente aos danos patrimoniais a A., mulher, ajudava os sogros diariamente ( ou quase) na sua actividade de doceiros, no que auferia deles uma média mensal de Pte.: 30 000$00, em retribuição, tendo deixado de auferir no total... cerca de Pte.: 360 000$00; e despendeu só em transportes, para visitar o A., marido, hospitalizado, cerca de Pte.: 100 000$00; assim, haverá a pagar aos AA., a título de danos emergentes, Pte.: 460 000$00. (4) Relativamente aos danos patrimoniais futuros (i) o A., devido ao acidente, esteve doente e incapacitado absolutamente para o exercício da sua profissão... num total de 35 meses consecutivos, menos 5 dias; (ii) recebeu [da Companhia de Seguros], por esses 35 meses de doença com incapacidade absoluta para o trabalho, o montante de Pte.: 2 400 000$00, por conta de salários;... e o reembolso das despesas hospitalares de Pte.: 1 258 780$00, de despesas no posto médico, Pte.: 2 037 000$00, e de despesas de transportes e outras, Pte.: 1 398 212$00; (iii) acresceu ter recebido por último, o montante de Pte.: 4 636 000$00, que restava do total do capital seguro; (iv) nasceu em 61.07.16, e mercê do acidente ficou com uma incapacidade permanente geral de 60%, profissional de 100%, ficando-lhe por isso vedado qualquer exercício da profissão que tinha, ou de qualquer outra que exija esforços ou actividade 2

física intensa, ou mesmo simples permanência em pé; (v) auferia Pte.: 80 000$00 + 40 000$00, dos trabalhos profissionais a que se dedicava, que não pôde nem poderá manter; (vi) há que atender ao tempo provável de vida activa do A., em princípio, 65 anos de idade (por corresponder à média de vida activa dos portugueses: teria a receber mais 34 anos, contados desde a data do acidente); (vii) considerando o vencimento global do A., teríamos um capital anual de Pte.: 1 600 000$00 ilíquidos e um capital total de Pte.: 54 400 000$00 ilíquidos; (viii) terá de ser tida em atenção a taxa anual de crescimento da prestação a pagar, decorrente da inflação e dos ganhos de produtividade, bem como a eventual progressão na carreira; (ix) no entanto, há que ter em atenção que o lesado vai receber de uma só vez aquilo que em princípio deveria receber em fracções anuais, ficando-lhe aberta a possibilidade das aplicações financeiras, e além disso vai receber um valor líquido, e o capital da indemnização não pode ser aquele que produza rendimento igual ao dos proventos do lesado, reduzido sob pena de este ficar injustamente enriquecido, porque receberia juros sem dispêndio do capital, já que este ficaria intacto no termo do período para que fora estimado; (x) no presente caso, tudo ponderado, designadamente a idade do lesado (com o consequente período de tempo que teria de aguardar para recebimento do capital) o tribunal entende que será de aplicar um desconto de 25% sobre o capital de Pte.: 54 000 000$00, pelo que o valor líquido a fixar seria o valor do pedido Pte.: 13 500 000$00 (8 500 000$00 + 5 000 000$00 ), deduzido no entanto a tal valor o montante de Pte.: 7 036 000$00, satisfeito pela R. Companhia de Seguros, restando assim uma indemnização de Pte.: 6 464 000$00. (5) Face ao exposto e em conformidade, reconhecer-se-á aos AA. uma indemnização global no montante de Pte.: 11 924 000$00. (6) No que diz respeito à obrigação de pagar este montante apurado, e face ao limite coevo do seguro obrigatório Pte.: 12 000 000$00, por lesado verifica-se que a R. Companhia de Seguros esgotou o capital com os pagamentos efectuados a propósito do acidente, pelo que terá de ser absolvida do pedido. 3

II. Matéria Assente. (1) 92.09.16, 18.45h, EN 209, KM 20,400, Sobrado, Valongo: acidente de viação, no qual intervieram o veículo automóvel ligeiro misto QI-42-17 (pertencente a da c/c, e conduzido pelo primeiro, no inter esse do casal) e o velo cípede com o motor 1- VLG-43-11, (pertencente a da c/c, conduzido pelo marido). (2) QI circulava no sentido Valongo/Lordelo, e 1-VLG em sentido oposto. (3) A faixa de rodagem, com cerca de 6 metros de largura e pavimento asfaltado, em regular estado de conservação, forma no local uma curva à direita, no sentido Valongo/Lordelo, com boa visibilidade. (4) A responsabilidade civil pelos danos causados a terceiros na circulação rodoviária de QI achava-se transferida para a R. Tranquilidade, mediante contrato de seguro titular pela ap. 00833940, até ao limite fixado pelo seguro obrigatório: ao tempo, Pte.: 12 000 000$00. (5) sofreu no acidente danos corpor ais de muito vulta, mormente nos membros do lado esquerdo, além doutros no velocípede, estes já ressarcidos pela seguradora. (6) Após ter estado internado no HS, passou ao regime ambulatório e também a ser assistido por Tranquilidade Seguros nos serviços clínicos d esta, e no HS. (7) Foi sujeito a muitos outros tratamentos, sobretudo fisioterapia, e que se arrastaram, d esde a data do acidente até à data da alta pelos serviços médicos de Tranquilidade Seguros, 95.08.11. (8), devido ao acidente, esteve doente incapacitado absolutamente para o exercício da profissão que tinha, ITA, desde 92.09.16/95.08.11, num total de 35 meses consecutivos, menos 5 dias. (9) Depois da alta ficou a sofrer de rigidez do cotovelo esquerdo, rigidez do punho esquerdo (na flexão/extensão), calo exuberante do fémur esquerdo, rigidez do joelho esquerdo, anquilose do tornozelo esquerdo com deformidade do pé e encurtamento do membro inferior esquerdo (5 cm). 4

(10) Recebeu de Tranquilidade Seguros, por 35 meses de doença com incapacidade absoluta para o trabalho o montante de Pte.: 2 400 000$00, por conta do salário. (11) Entretanto Tranquilidade Seguros custeou outras despesas hospitalares, no montante de Pte.: 1 258 780$00, e despesas no posto médico, Pte.: 2 037 000$00 e de transportes e outras, Pte.: 1 398 212$00. (12) Certo ainda que a R. Tranquilidade pagou po r último a o montante de Pte.: 4 636 000$00 que, segundo ela, restavam do capital seguro. (13) nasceu em 61.07.16. (14) 1-VLG circulava pela semi-faixa direita, correspondente ao sentido de marcha que lhe imprimia, próximo da berma e a uma velocidade inferior a 30 Km/h. (15) Surgiu então repentinamente, em sentido oposto, QI, conduzido por da, numa ultrapassagem a um outro velocípede. (16) E assim, QI invadiu de súbito, sem fazer qualquer sinal, a semi-faixa esquerda, atendo o sentido de marcha que o condutor lhe imprimia, não se apercebendo este de que por ela circulava 1- VLG e, já à muito curta distância de apenas alguns metros. (17) Desta forma, cortando QI a linha de marcha de 1-VLG, que mal pôde desviarse e travar com vista a tentar impedir o sinistro eminente, debalde porém, chocaram os dois veículos. (18) 1-VLG foi embatido lateralmente por QI, na parte da frente do lado esquerdo do velocípede. (19) E foi projectado, por isso, pela berma à direita para fora da estrada, com o automóvel. (20) O embate deu-se quase na extremidade da semi-faixa por onde circulada, a cerca de 1 metro da berma. (21) da e QI circulavam a uma velocidade não superior a 60 Km/h. (22) foi conduzido para HS, e aí assistido pelo serviço de urgência, sendo submetido de imediato a uma 1ª intervenção cirúrgica. 5

(23) Estava consciente e sofria muito fortes e agudas dores, as quais aliás persistiram por muito mais, e ainda hoje se fazem e farão sentir, sobretudo nas mudanças de tempo. (24) Na verdade, do sinistro resultou-lhe, além do mais, traumatismo do ombro esquerdo com lesão do flexo braquial, traumatismo do cotovelo esquerdo, fractura ex posta do fémur esquerdo, fractura do tornozelo esquerdo, além de outras lesões e ferimentos de menor gravidade. (25) E tudo logo lhe acarretou e acarreta ainda as aludidas dores e sofrimentos. (26) Depois da 1ª intervenção cirúrgica, HS, foi submetido lá a mais outras 3, tendo estado internado ali, no Natal, e mais de 75 dias consecutivos. (27) Sofreu depois mais 4 outras intervenções cirúrgicas, e trazendo por tudo isso engessada a perna esquerda, durante mais de um ano. (28) Mais não poderá exercer a profissão dele, pelo menos, com o mínimo de eficiência: era Casqueiro, isto é, fazia designadamente estruturas de sofás e maples. (29) Actividade profissional que exigia dele esforços imensos e demoradas permanências de pé, que agora lhe estão vedadas. (30) Mercê do acidente, ficou com uma incapacidade permanente geral de 60%, e profissional de 100%, estando-lhe pois vedado quer o ex ercício da profissão que tinha, quer o de qualquer outra exigente de esforços ou actividade física intensa, ou mesmo simples permanência em pé. (31) Aliás, só pode estar nesta posição e locomover-se apoiado pelo menos numa can adiana, e tem de se sentar em locais amplos e livres na frente dele, porque a perna esquerda não dobra, devido à rigidez do joelho. (32) Por outro lado, mesmo apoiado numa canadian a, também claudica muito na marcha devido ao encu rtamento de 5 cm do membro inferior esquerdo, já referido, e à anquilose e deformação do pé. (33) Contudo, era são e escorreito, jovem ainda, além de muito robusto, activo e trabalhador. (34) Auferia a títulos e vencimento o montante de Pte.: 80 000$00 mensais, e trabalhando aos Sábados a fazer horas extraordinárias, bem como ajudando os 6

pais (doceiros) na actividade destes, sobr etudo como forneiro aos Domingos e nas festas, retirava de tais actividades cerca de mais Pte.: 40 000$00, o que já não pode fazer. (35) ajudava os sogros diariamente (ou quase) na actividade de doceiros, no que auferia uma média mensal de Pte.: 30 000$00, em retribuição. (36) Mas teve lo go que se desligar desta actividade, primeiro, para assistir diariamente no HS, depois, em casa, no período ambulatór io da doença do marido, que disso muito necessitava, quer moralmente, quer porque na prática nada podia fazer sozinho e apenas por si. (37) Despendeu, só em transportes, para visitar no Hospital, cerca de Pte.: 100 000$00 de total, que lhe não foram pagos por Tranquilidade Seguros. (38) E deixou de auferir também da sua actividade em casa dos sogros cerca de Pte.: 360 000$00 de total, que a seguradora lhe não pagou também. (39) Além das inenarráveis dores, sofrimentos e incómodos que suportou no período considerado, e suporta e suportará, transporta também um muito grande e profundo desgosto pelas deformidades, aleijões e incapacidades de que ficou a sofrer para sempre. (40) E em consequência do acidente, no ano 2000, as lesões sofridas por ele agravaram-se, ainda ao ponto de delas continuar doente, com baixa clínica e em tratamento, a última consulta médica que ocorreu em 00.11.15, estando outra designada para 00.11.27, e outra para 01.01, além das mais que se seguiram. (41) No ano 2000, sofr eu já duas intervenções cirúrgicas com internamentos hospitalares de mais de 45 dias consecutivos: convalesce delas. (42) Sofreu e continua a sofrer fortes, agudas e prolongadas dores, com grandes sofrimentos, além d e incomodidades sem conta e imensos transtornos à mistura, para a vida pessoal e familiar dele. (43) Numa das últimas intervenções cirúrgicas foi tratado à rigidez do joelho esquerdo (pós fractura do fémur) sobrevinda no acidente em causa. (44) Na outra, foi-lhe efectuada quadriciplastia mais d esbridamento articular. (45) Os cirurgiões fizeram-lhe ainda limpeza cirúrgica emplastia com excerto cutâneo do joelho (pós necrose de retalhos). 7

(46) mantém penso diário, deambula com uma canadiana e está sujeito a tratamento regular de fisioterapia. III. CLC/Alegações ( e : (a) O quantum indemnizatório encontrado na sentença recorrida quanto aos lucros cessantes é manif estamente reduzido, atendendo aos provados ganhos do trabalho da vítima, mas cobrindo, se é que cobre, os salários ou danos já perdidos na data da sentença; (b) Na sentença recorrida há, ademais, um manifesto erro de cálculo4, que foi também causa manifesta da insuficiente indemnizada arbitrada a título de danos futuros, e deve portanto ser corrigido; (c) Em suma: deve a indemnização a arbitrar ao Ape. ser fixada no pedido, Pte.: 21 164 000$00, globalmente consideradas as verbas, montante acrescido de juros nos termos concedidos, logo em obediência ao art. 562º CC, e os mais aplicáveis, que se mostram violados. IV. Contra-alegações ( da e ): não houve. V. CLS/Alegações ( da e ): (a) À data dos factos, o Ape. tinha contrato de seguro obrigatório com a R. Tranquilidade até ao montante de Pte.: 12 000 000$00, por cada lesado; (b) Foi esgotado por esta R. tal capital seguro; 4 Da min uta:... 9. Fazendo valer o cálculo financeiro utilizado pelo julgador, encontra-se necessariamente um valor muito mais elevado (como ele pró prio começou por encontrar): mesmo deduzindo os 25% ao dito capital encontrado de Pte.: 54 000 000$00, e o s Pte.: 7 036 000$00 pagos pela R. seguradora, o erra de cálculo é flagrante... [11] redu zido só teoricamente em 25%, mas na realidade em mais de 70% ou 80% de Pte.: 54 000 000$00 para Pte.: 6 464 000$00. 8

(c) O seguro obrigatório de responsabilidade civil foi instituído como medida de alcance social, procurando dar uma resposta bastante aos legítimos interesses dos lesados por acidentes de viação; (d) A indemnização por danos patrimoniais e não patrimoniais atribuída aos Apos. á excessiva, mas é o Estado que deve ser responsabilizado, em função do seguro obrigatório; (e) A indemnização é afix ada com recurso a juízos de equidade, haja culpa ou dolo (arts. 496º/3 e 494º CC, quanto aos danos não patrimoniais, sendo que também o deverá ser relativamente aos danos patrimoniais futuros) mas a que foi arbitrada na senten ça recorrida é d emasiado one na esfera jurídica patrimonial dos Apes., pelo que deverá ser reduzida para montantes mais modestos, e atendendo à r esponsabilidade inerente ao fim social que presidiu à institucionalização do seguro obrigatório; (f) Há assim violação da legislação citad a, pelo que deverá ser reformada, no sentido indicado, a sentença recorrida. VI. Contra-alegações ( e ): (a) A minuta do recurso é destituída de qualquer fund amento sério; (b) o próprio legislador aind a hoje admite, como não poderia deix ar de ser, que o capital seguro em termos de seguro obrigatório não cubra a totalidade dos danos causados, art. 29º/1 b, DL 52/85; (c) Nada impedia (como ainda hoje não impede) que o Ape., se tivesse sido medianamente prudente, como tantos mais o são, tivesse lavrado um contrato de seguro de valor superior; (d) O lesado, sem culpa, é q ue não pode ser prejudicado: não deixará de ser atendida, logo em face dos arts. 483º/1 e 562º CC, a integral reparação do dano causado; (e) Provimento merece sim a apelação dos AA., em face da óbvio exiguidade dos valores encontrados na sentença recorrida, e da extrema gravidade dos danos e sofrimentos do Ape., provados. 9

VII. Recurso: pronto para julgamento. VIII. Sequência (a) A posição dos recorrentes da e é insustentável, como bem dizem e : o tecto mínimo de seguro obrigatório não significa nem que as indemnizações por acidente rodoviário fiquem circunscritas nesse montante, nem que o particular, r esponsável civil, não tenha de acorrer em excesso, para além da apólice. O princípio reitor é o da reintegração plena, e a socialização dos custos motorizados só foi estabelecida por lei até um determinado limite, cumprindo o ressarcimento desbordante aos intervenientes. Por outro lado, não é caso de redução fund ada em mera culpa: a conduta comprovada do responsável pelo acidente, o Apo. da, integra mesmo contravenção grave; logo, a intensidade da negligência opõe-se aqui ao uso da faculdade prevista no art. 494º CC. (b) No que diz respeito ao recurso interposto pelas vítimas, sem dúvida foi cometido na sentença, e segundo a regra de cálculo aceite e acolhida, o erro de conta sublinhado nas alegações. Na verdade 25% de Pte.: 54 400 000$00 são Pte.: 13 600 000$00. Esta quantia soma com Pte.: 12 000 000$00, logo, Pte.: 25 600 000$00. Subtraído depois este montante ao inicial, o resultado é portanto de Pte.: 28 800 000$00: verba indemnizatória que seria devida por todas as consequências danosas, logo somada à verba respeitante aos danos não patrimoniais, Pte.: 5 000 000$00, e à verba dos danos emergentes, Pte.: 460 000$00 5. 5 Seja notado que os danos patrimoniais são havidos, entretanto, como futuros a partir da data do acidente, por apelo à continuação em q ue se manifestam, holística a futuridade. 10

Contudo o pedido foi de Pte.: 21 164 000$00 e a sentença não pode excedê-lo. Mas os juros d e mora vencem sobre este quantitativo (e sob a contagem da sentença de 1ª instância). A indemnização devida é pois esta, e porque nada obsta à recepção, em sede deste recurso, do justificado critério utilizado na recorrida. (c) Em todo o caso deve sublinhar-se que o fraccionamento verba a verba, qualquer que seja, de um montante indemnizatório pedido, não delimita parcelarmente o poder de fixar a indemnização global: o escalonamento das verbas traduz apenas um certo dispositivo de argumentos, e o pedido tem de ser encarado na soma das parcelas, que afinal é de geometria variável. Neste sentido e no sentido do modelo de continuidade dos danos patrimoniais, tudo quanto a Companhia de Seguros ressarciu, claro é ter de abater-se ao cômputo provisional, isto é, o capital inteiro da apólice. (d) Tudo visto, e os arts. 483º, 562º, 564º/2 e 566º/3 CC, decidem alterar a sentença recorrida ap enas no montante da indemnização: fica fixado em Pte.: 9 164 000$00, ou seja, 45 709,84. IX. Custas: pelos Apos., sucumbentes. 11