O sistema de cotas no Brasil: um estudo de caso na Universidade Estadual do Norte Fluminense -UENF



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Transcrição:

O sistem de cots no Brsil: um estudo de cso n Universidde Estdul do Norte Fluminense -UENF Ludmil Gonçlves d Mtt Doutor em Sociologi Polític Professor do Mestrdo em Plnejmento Regionl e Gestão de Ciddes d Universidde Cândido Mendes - UCAM- Cmpos dos Goytczes -RJ- Brsil ludmtt@yhoo.com.br RESUMO Apresento nesse rtigo os resultdos de um estudo sobre o sistem de cots n UENF. As cots n UENF brcm os seguintes beneficiários: negros, estudntes de escol públic, deficientes, indígens, filhos de policiis militres mortos ou incpcitdos em serviço, sendo ind necessári comprovção de crênci. O estudo centrou-se n nálise comprtiv dos vestibulres de 2008 e 2009. Foi nlisd relção entre ofert e demnd de vgs e tmbém s nots de provção. A nálise revelou que há um mior demnd por cots nos cursos em que relção cndidto/vg é mior e que em muitos cursos s cots são desnecessáris pr provção. Plvrs-chve: educção; cots; polítics públics.

1.Introdução Ns dus últims décds muito se tem fldo sobre polític de cots e tem crescido tmbém o interesse em estudr ess temátic no Brsil. Todvi, pesr d profícu produção cdêmic sobre o tem, poucos estudos têm se dedicdo o exme empírico. Esse trblho tem como objetivo presentr os resultdos do estudo relizdo com lunos que ingressrm n Universidde Estdul do Norte Fluminense/UENF por meio do sistem de cots. O regime de cots d UENF dmite três forms de ingresso: negros, estudntes de escol públic, rend fmilir econômic mínim. Foi feit um nálise comprtiv dos ddos de vestibulres de 2008 e 2009 em relção à ofert de vgs e demnd e um levntmento ds nots de provção dos vestibulndos que entrrm por cots em comprção os não cotists. A nálise revelou que há um mior demnd por cots nos cursos em que relção cndidto/vg é mior; que os cursos de mior relção cndidto/vg são tmbém queles em que há um mior número de inscritos pr o sistem de cots; que s vgs destinds s cots tem ficdo ocioss. Nos cursos considerdos de mior destque n universidde há um mior procur pels cots, como é o cso ds engenhris. Dos quinze cursos oferecidos pel UENF pr o Vestibulr Estdul em 2008 pens em três deles s cots form necessáris pr provção dos cndidtos: Engenhri Civil, Engenhri de Explorção e Produção de Petróleo e Engenhri de Produção, justmente os cursos cuj relção cndidto/vg é mior. 2. UENF e crreirs A UENF é um universidde nov, fundd em 1993, plnejd e idelizd intelectulmente por um grupo de cientists sob lidernç de Drcy Ribeiro 1 e projetd fisicmente por Oscr Niemeyer e está loclizd no município de Cmpos dos Goytczes, n Região Norte do Estdo do Rio de Jneiro. Este município tem um populção de 442.363 hbitntes (IBGE, 2010). 1 Drcy Ribeiro nsceu em 1922 n cidde mineir de Montes Clros e fleceu em 1997 em Brsíli. Formou-sen Escol de Sociologi e Polític de São Pulo em 1946. Dedicou grnde prte de su vid Etnologi. N educção se destcou pel implementção d UnB, Universidde Ncionl d Cost Ric, pel Universidde de Argel e d UENF.

Atulmente estrutur d UENF brig qutro Centros Acdêmicos (Centro de Ciêncis do Homem; Centro de Ciênci e Tecnologi; Centro de Biociêncis e Biotecnologi; Centro de Ciêncis e Tecnologis Agropecuáris) 17 cursos de grdução ( Ciêncis Sociis, Administrção Públic e Licencitur em Pedgogi; Engenhri Civil; Engenhri Metlúrgic e de Mteriis; Engenhri de Produção; Engenhri de Explorção e Produção de Petróleo; Ciênci d Computção e Informátic e s licencitur em Mtemátic, Químic e Físic; bchreldo e licencitur em Biologi; Zootecni; Agronomi; Medicin Veterinári) e 13 Progrms de Pós-grdução (Cognição e Lingugem (Ms); Polítics Sociis (Ms); Sociologi Polític (Ms e Ds); Ciêncis de Engenhri (Ms); Engenhri Civil (Ms); Engenhri de Reservtório e de Explorção (Ms); Engenhri e Ciêncis de Mteriis (Ms e Ds); Ecologi e Recursos Nturis (Ms e Ds); Biociêncis e Biotecnologi (Ms e Ds); Ciêncis Nturis (Ms); Produção Vegetl (Ms e Ds); Produção Animl (Ms e Ds); Genétic e Melhormento de Plnts (Ms e Ds)). O corpo docente d UENF é constituído por 255 professores doutores e o qudro de funcionários técnicos é formdo por 569 técnicos-dministrtivos. Estudm n UENF 3.554 lunos nos cursos de grdução, sendo 1.960 em cursos presenciis e 1.994 em cursos à distânci. Temos nos progrms de Pós-grdução 941 lunos, sendo 437 doutorndos e 504 mestrndos. 13 As crreirs mis procurds n UENF são s ligds s Engenhri e Medicin Veterinári. 3. O vestibulr em nálise: ofert e demnd Pr esse trblho fizemos um nálise comprd dos resultdos dos vestibulres de 2008 e 2009. A escolh por esses períodos foi feit em rzão d relizção do Vestibulr Estdul (prov unificd pr UENF/UERJ /UEZO). A relção cndidto/vg dos cursos d UENF vem sofrendo consideráveis mudnçs. Tendo em vist, bix procur por determindos cursos (ver Qudro 1), UENF começou prtir de 2009 um processo de desvinculção do Vestibulr Estdul 13 Ddos fornecidos pel Secretri Acdêmic -UENF.em 06/09/2011

(este er coordendo pel UERJ). Inicilmente foi relizdo um vestibulr específico pr os cursos de Agronomi, Licencitur em Pedgogi e Zootecni, cursos estes com bix procur, enqunto os demis cursos continurm treldos o Vestibulr Estdul. Em 2010, lém dos cursos nteriores, o vestibulr específico incluiu todos os cursos de licencitur. E, neste no, não foi relizd um prov específic e sim doção d prov do ENEM 2 com clssificção trvés do SISU 3. Em 2011 UENF pssou dotr prov do ENEM e o SISU como form exclusiv de ingresso pr todos os cursos. Considerndo que prov do ENEM é relizd em todo o território ncionl e que o SISU possibilit o cndidto um mior flexibilidde em relção à escolh d universidde e do curso que ele pretende fzer, relção cndidto/vg sofreu mudnçs. Os cursos de licencitur, que ntes sofrim com bix procur, pssrm ser mis concorridos. Entretnto, pesr ds mudnçs, os cursos mis concorridos ind são s Engenhris e Medicin Veterinári, e os menos concorridos s Licenciturs em Físic e Mtemátic. 3.1 Vestibulr 2008 Em 2008 o vestibulr d UENF foi relizdo conjuntmente com o d UERJ e d UEZO, sendo chmdo de Vestibulr Estdul. As vgs form seleciond de cordo com Lei Estdul n 0 4.151/2003 ( 20% pr rede públic; 20% pr negros e 5% pr deficientes e indígens). Form oferecids 521 vgs: 279 sem reserv; 105 rede públic; 105 negros; 32 deficientes. Desss, form preenchids pens 451; 416 sem reserv; 32 rede públic, 8 negros e 1 deficiente. Ficndo 70 vgs ocioss. O que podemos observr é que ocupção foi menor entre s vgs de deficientes, onde form preenchids pens 3,2% ds vgs. Dentre s vgs destinds às cots, s d rede públic form s que tiverm mior ocupção, com 30,5%, reserv pr negros preencheu pens 7,7% ds vgs. Em contrprtid, s vgs não reservds ocuprm 150% do totl ds vgs, pois de cordo com legislção s vgs não ocupds pels cots devem ser disponibilizds pr mpl concorrênci. 2 Exme Ncionl do Ensino Médio- prov relizd pelo governo Federl pr vlir os concluintes do ensino médio 3 Sistem de Seleção Unificd- sistem que selecion estudntes pr s vgs ds universiddes públics.

A prtir desses ddos fic indgção: Por que bix procur pels cots? Um ds explicções mis correntes é de que o grglo está n escol públic. Ou sej, grnde prte dos estudntes não conseguem nem mesmo terminr o ensino médio e qundo terminm não possuem s qulificções necessáris pr o ingresso n universidde. O que pode ser evidencido ns explicções de Schwrtmn: A principl limitção o cesso o ensino superior hoje não é flt de vgs, nem flt de dinheiro, e muito menos lgum tipo de discriminção socil que poss hver nos sistems de seleção. O grnde funil é o ensino médio, que ind não form pessos em quntidde suficiente pr limentr expnsão que o ensino superior vem tendo. (2008,p.26) A problemátic d inclusão e permnênci dos estudntes ns universiddes públics tem ocupdo considerável espço no meio cdêmico. A revisão de litertur ness áre tem demonstrdo que mplição do ensino superior tem ocorrido mis fortemente no ensino privdo e que o ensino público ind é um relidde distnte pr muits pessos. Diferentemente do que firmou Schwrtmn (2008), pr Zgo (2005) o número de vgs no ensino superior público é sim um entrve pr o cesso ds clsses mis pobres universidde públic. Observmos um crescimento crescente d rede privd, em detrimento do ensino público superior, ms são s universiddes públics s mis procurds pel populção e s rzões são relcionds tnto o seu cráter de grtuidde qunto à reputção que represent enqunto modelo de excelênci n produção e difusão do conhecimento. Dinte d relção ltmente competitiv por um vg n universidde públic, o cesso o ensino superior nests instituições represent, pr o estudnte, um grnde desfio.(zago, 2008, p. 3-4) Outr explicção pr o cso seri o fto d UENF oferecer pens cursos integris (com disciplins ocorrendo em qulquer horário) e em su miori diurnos, o que exige do estudnte dedicção exclusiv. Impedindo-os de trblhr. E como os estudntes mis pobres (justmente queles que terim direito s cots, um vez que ess tem como exigênci crênci) precism trblhr pr custer os estudos e té mesmo judr fmíli, UENF seri inviável. Entretnto, propomos nesse trblho complementr ess nálise com outr perspectiv, de que bix procur pels cots estri relciond dinâmic d relção cndidto/vg e escolh d crreir. Ess nálise tmbém foi pontd nos estudos de Zgo (2008):

Ao chmr tenção pr problemátic do cesso o ensino superior brsileiro, não podemos deixr de mencionr outros mecnismos de discriminção, como por exemplo, diferencição socil de cursos e crreirs. Os ddos relciondos às áres e cursos, revelm s diferençs sociis observds entre s crreirs universitáris, conforme relidde tmbém verificd em outrs instituições de ensino público superior do pís. Certos cursos têm seu público formdo essencilmente por estudntes oriundos de escols públics, enqunto em outros ocorre situção invers, sugerindo intensificção d seletividde socil n escolh ds crreirs. (ZAGO, p.4) A hipótese que levntmos neste cso é que estudntes cuj trjetóri cdêmic é considerd deficitári (neste cso inclui-se estudntes d rede públic de ensino, estudntes que tiverm que trblhr durnte relizção do ensino médio, queles que não tiverm cesso um cursinho pré-vestibulr) tendem, o tentr o cesso universidde, buscr crreirs de menor concorrênci em detrimento de escolher crreir dos sonhos no jrgão dos estudntes. Esse fenômeno revel que os estudntes dos extrtos mis pobres d populção podem té cessr um vg n universidde públic, ms qundo cessm nem sempre é nos cursos que relmente pretendim, ms nos cursos em que sus chnces são miores, condição objetiv. Entretnto, os ftores não objetivos têm grnde peso sobre o processo de escolh. E nesse cso o mis frequente é que esses estudntes não escolhem, eles são os escolhidos pr ocuprem s crreirs de menor prestígio socil, mntendo ssim, o ciclo d reprodução socil (BOURDIEU, 2007, p.250): Eis í um dos mecnismos mis poderosos de uto perpetução do corpo docente, sber, dilétic d consgrção e do reconhecimento o fim d qul escol escolhe os que escolhem porque el os escolhe: qundo um instituição como, por exemplo, o sistem de ensino control completmente su própri reprodução, está em condições de trir (ou fstr) pr junto de si - pel consgrção que lhes concede-, os indivíduos e os mis dispostos à perpetuá-l idêntic el mesm. Nesse embte é que o cesso diferencido, como é o cso ds cots, tem sido pontdo como solução pr que os estudntes de fto tenhm possibilidde de escolher. Pois o cesso às crreirs mis concorrids seri fcilitdo, um vez que se colocm pessos com perfis e trjetóris cdêmics proximds pr concorrerem entre si. Desse modo fzemos nálise do seguinte qudro: Qudro 1 : Vestibulr Estdul 2008- UENF Relção Cndidto\Vg

Curso Totl Não-reserv Rede Públic Negros Deficientese outros V g s Ins cri tos cnd\ vg V gs Inscr itos cnd\ vg V gs Agronomi 50 95 1,9 27 91 3,37 10 4 0,4 10 - - 3 - - Ciênci d 25 84 3,36 13 81 6,23 5 3 0,6 5 - - 2 - - Computçã o e Informátic Ciêncis 80 18 2,25 44 176 4 16 4 0,25 16 - - 4 - - Biológics 0 Ciêncis 30 65 2,17 16 62 3,88 6 2 0,33 6 1 0,17 2 - - Sociis Eng.Civil 30 11 3,87 16 107 6,69 6 6 1,0 6 2 0,33 2 1 0,5 6 Eng.Explor 20 11 5,7 11 107 9,73 4 3 0,75 4 4 1,0 1 - - ção e 4 Produção de Petróleo Eng.de 28 16 5,82 14 156 11,14 6 4 0,67 6 3 0,5 2 - - Produção 3 Eng. Metlúrgic - hbilitção em Mteriis 30 10 9 3,63 16 102 6,38 6 5 0,83 6 2 0,33 2 - - Licenc. em Biologi Licenc. Em Físic Licenc. em Mtemátic Inscr itos cnd\ vg V gs Inscr itos cnd\ vg 40 43 1,08 22 37 1,68 8 5 0,63 8 1 0,13 2 - - 30 37 1,23 16 36 2,25 6 1 0,17 6 - - 2 - - 30 30 1,0 16 23 1,44 6 6 1,0 6 1 0,17 2 - - Licenc. em 30 7 0,23 16 6 0,38 6 1 0,17 6 - - 2 - - Pedgogi Licenc. em 30 34 1,13 16 31 1,94 6 3 0,5 6 - - 2 - - Químic Medicin 40 22 5,53 22 209 9,5 8 11 1,38 8 1 0,13 2 - - Veterinári 1 Zootecni 28 32 1,14 14 31 2,21 6 1 0,17 6 - - 2 - - Gerl 52 1 13 30 2,55 27 9 1255 4,5 10 5 59 0,56 10 5 15 0,14 32 1 0,03 Fonte: Secretri Acdêmic\UENF Em 2008 o curso com mior relção cndidto/vg foi o curso de Engenhri de Produção com relção de 5,82 c/v, e o de menor foi o curso de Licencitur em Pedgogi com relção de 0,23 c/v, isso no qudro gerl. Todvi, qundo nlismos por ctegori de ingresso ( não-reserv; cots rede públic; cots pr negros; ) o cenário difere. V gs Inscr itos cnd\ vg N ctegori de ingresso não-reserv, o curso de Engenhri de Produção foi o mis procurdo com relção de 11,14 c/v seguido do curso de Engenhri de Explorção e Produção de Petróleo com relção de 9,73 c/v e o de menor procur continuou sendo Licencitur em Pedgogi (conforme qudro 4.1).

Já ns vgs reservds pr rede públic o de mior procur foi o curso de Medicin Veterinári com relção de 1,38 c/v, seguido pel Engenhri Metlúrgic. E os de menor relção cndidto/vg form Licencitur em Pedgogi e Bchreldo em Zootecni com relção de 0,17 c/v. Entre s vgs reservds pr cots de negros mior concorrênci foi n Engenhri Civil e Metlúrgic com relção de 0,33 c/v. Ns vgs reservds pr cots de deficientes e indígens só houve um inscrito pr o curso de Engenhri Civil. Desses ddos é possível inferir que os cursos de mior relção cndidto/ vg são tmbém queles em que há um mior número de inscritos pr o sistem de cots. E tmbém se observ que nos cursos considerdos de mior destque n universidde há um mior procur pels cots, como é o cso ds engenhris. Dos 59 inscritos pr cots de rede públic, 18 se inscreverm nos cursos de engenhri, ou sej, 30% dos inscritos. E dos 15 inscritos pr cots de negros, 11 form pr s Engenhris, o que represent 73,3%, e, entre os deficientes, 100%. Outro fto tmbém relevnte é o cruzmento desses ddos com not de ingresso conforme present o qudro: Curso Qudro 2 : Inscrição e Aprovção - Vestibulr Estdul 2008- UENF Inscrito s RP Aprovdo s RP Inscrito s N Aprovdo s N Inscrito s DI Aprovdo s DI Menor not de ingress o cotist Menor not de ingress o nãocotist Agronomi 4 2 - - - 25,25 20,25 C.Computçã 3 1 - - - 34,5 28,25 o C.Biológics 4 1 - - - 31,25 20,25 C.Sociis 2 1 1 - - 31,75 24,5 Eng.Civil 6 3 2 2 1 1 27,0 34,75 Eng. Petróleo 3 2 4 2-22,25 57,5 Eng. 4 2 3 1-21,0 42,75 Produção Eng. 5 3 2 2-22,25 20,0 Metlúrgic Lic.Biologi 5 2 1 - - 23,75 20,5 Lic.Físic 1 - - - - - 21 Lic.Mtemátic 6 1 1 1-33,75 20,24 Lic.Pedgogi 1 1 - - - 23,05 20,75 Lic.Químic 3 2 - - - 20,5 20,5 M.Veterinári 11 6 1 - - 24,25 20,5 Zootecni 1 - - - - - 20,25

Fonte: Secretri Acdêmic RP = Cotist rede públic N+ Cotist negro DI= Cotist deficiente e indígen Dos quinze cursos d UENF que prticiprm do Vestibulr Estdul 2008 em pens três deles s cots form necessáris pr provção dos cndidtos, esses cursos form Engenhri Civil, Engenhri de Explorção e Produção de Petróleo e Engenhri de Produção, justmente os cursos cuj relção cndidto/vg é mior. 3.2 Vestibulr 2009 Em 2009 houve o Vestibulr Estdul e tmbém um vestibulr específico pr os cursos de Agronomi, Zootecni e Licencitur em Pedgogi. As vgs form seleciond de cordo com Lei Estdul n 0 5.346 de 11 de dezembro de 2008 ( 20% pr rede públic; 20% pr negros e 5% pr deficientes e filhos de policiis civis e militres, bombeiros e de inspetores de segurnç e dministrção penitenciári, mortos ou incpcitdos em rzão de serviço). Qudro 3: Vestibulr Estdul 2009- UENF Relção Cndidto\Vg Curso Totl Não-reserv Rede Públic Negros Deficie ntes e outros Vg s Inscrit os cnd \vg Vgs Inscrit os cnd\v g Ciênci d 25 65 2,6 13 59 4,54 5 6 1,2 5 - - 2 - - Computção e Informátic Ciêncis 80 205 2,56 44 199 4,52 1 5 0,31 16 1 0, 4 - - Biológics 6 06 Ciêncis 30 59 1,97 16 55 3,44 6 2 0,33 6 2 0, 2 - - Sociis 33 Eng.Civil 30 246 8,2 16 231 14,44 6 11 1,83 6 4 0, 2 - - 67 Eng.Explorç ão e Produção de Petróleo 20 197 9,85 11 184 16,73 4 9 2,25 4 4 1, 0 1 - - Eng.de 28 139 4,96 14 126 9,0 6 11 1,83 6 2 0, 2 - - Produção 33 Eng. 30 97 3,23 16 91 5,69 6 4 0,67 6 2 0, 2 - - V g s In sc rit os cnd \vg V g s In sc rit os c nd \v g V g s I n s c r i t o s c n d \ v g

Metlúrgichbilitção 33 em Mteriis Licenc. em 40 34 0,85 22 27 1,23 8 7 0,88 8 - - 2 - - Biologi Licenc. Em 30 24 0,8 16 24 1,5 6 - - 6 - - 2 - - Físic Licenc. em 30 17 0,57 16 13 0,81 6 4 0,67 6 - - 2 - - Mtemátic Licenc. em 30 47 1,57 16 43 2,69 6 2 0,33 6 2 0, 2 - - Químic 33 Medicin 40 240 6,0 22 229 10,41 8 6 0,75 8 5 0, 2 - - Veterinári 63 Gerl 413 1370 3,32 222 1281 5,77 8 67 0,81 83 22 0, 2 - - 3 27 5 Fonte: Secretri Acdêmic\UENF O que se observ é que pesr de em 2009 s vgs não reservds ind terem um ocupção mior que s demis, ess diminuiu em relção o no nterior, ficndo em 138,7% de ocupção. Já s vgs destinds cots de rede públic tiverm 49,3% de ocupção, s de cots pr negros 12%. Números estes, tmbém miores que do no nterior. Não form ocupds s vgs destinds deficientes e filhos de policiis. O número de inscritos tmbém umentou em relção 2008, n concorrênci gerl tiverm 1370 inscritos pr concorrer gor 413 vgs, distribuíds entre os 12 cursos oferecidos no Vestibulr Estdul. Ou sej, um relção de 3,3 cndidto/vg. O número de inscritos pr o sistem de cots tmbém umentou: entre s vgs destinds às cots de rede públic sltou-se de 59 inscritos em 2008 pr 67 inscritos em 2009; e entre s vgs destinds s cots pr negros sltou-se de 15 inscritos em 2008 pr 22 inscritos em 2009. Já pr deficientes e filhos de policiis não houve inscrições. Como no no de 2009 seleção pr os cursos de Agronomi, Zootecni e Licencitur em Pedgogi (cursos com relção cndidto/vg menor) foi relizd de form seprd. Observou-se, porém, um mudnç em relção os cursos menos concorridos. Em 2009 o curso com mior relção cndidto/vg foi o curso de Engenhri de Explorção e Produção de Petróleo com relção de 9,85 c/v, e o de menor foi o curso de Licencitur em Mtemátic com relção de 0,57 c/v. Anlisndo por ctegori de ingresso, n ctegori não reserv os cursos de mior e menor concorrênci são os mesmos do gerl. Ou sej, Engenhri de Explorção e Produção de Petróleo com relção de 16,73 c/v e Licencitur em

Mtemátic com relção de 0,81 c/v, ms neste cso com um umento n concorrênci em relção o gerl. Ns vgs reservds pr rede públic o curso de mior procur tmbém foi Engenhri de Explorção e Produção de Petróleo com relção de 2,25 c/v e os de menor procur foi o curso de Ciêncis Biológics com relção de 0,31c/v. Ns vgs reservds pr negros mior concorrênci continuou no curso de Engenhri de Explorção e Produção de Petróleo. Ns vgs de deficientes e filhos de policiis não houve inscritos. Assim como em 2008, os cursos de mior relção cndidto/vg são tmbém queles em que há mior número de inscritos pr o sistem de cots, ssim como tmbém permnecem mior procur pels engenhris. E n nálise sobre provção (qudro 4) observmos que o número de estudntes que necessitrm ds cots pr provção umentou em relção 2008. Os cursos de Engenhri continurm sendo os cursos em que o sistem é mis utilizdo e s Licenciturs os cursos de menor incidênci. Ou sej, permnece perspectiv de que nos cursos de mior concorrênci há um mior procur pels cots. Tl fto present um ddo importnte, um vez que presenç de estudntes oriundos d rede públic de ensino, negros e crentes nos cursos de menor prestígio socil sempre foi mis sensível. Entretnto, o debte sobre lei de cots trz justmente esse ponto, pois ess lei se mostr necessári efetivmente pr corrigir distorções de cesso os cursos de mior prestígio socil. Curso Qudro 4 : Inscrição e Aprovção - Vestibulr Estdul 2009- UENF Inscrito s RP Aprovdo s RP Inscrito s N Aprovdo s N Inscrito s DI Aprovdo s DI Menor not de ingress o cotist Menor not de ingress o nãocotist C.Computçã 6 4 - - - 25,0 23,0 o C.Biológics 5 2 - - - 32,25 20,5 C.Sociis 2 1 2 1-20,5 23,0

Eng.Civil 11 7 4 1-20,5 22,75 Eng. Petróleo 9 8 4 1-23,0 55,0 Eng. 4 2 3 1-21,0 42,75 Produção Eng. 4 2 2 2-36,0 26,25 Metlúrgic Lic.Biologi 7 2 - - - 20,75 20,5 Lic.Físic - - - - - - - Lic.Mtemátic 4 2 - - - 20,5 20,25 Lic.Pedgogi 2 2 2 2 - - 36,6 35,0 Lic.Químic 2 1 2 - - 20,5 21,25 M.Veterinári 6 2 5 3-22,75 27,5 Zootecni 2 - - - 32,0 36,0 Fonte: Secretri Acdêmic RP = Cotist rede públic N+ Cotist negro DI= Cotist deficiente e indígen Segundo levntmento feito n UERJ, té 2003, no d instituição ds cots 31,9% dos lunos d universidde pertencim fmílis cuj rend er de té oito slários mínimos e 30% dos lunos d universidde utodeclrrm-se negros ou prdos. Ms o problem er que miori desses estudntes se concentrv nos cursos considerdos de bixo prestígio socil cujo vestibulr é menos concorrido e que projetm, no futuro, menores slários médios. (SANTOS, 2006). 4. Considerções finis Voltndo o questionmento nterior: Por que há um mior demnd pels cots nos cursos mis concorridos? Buscndo rgumentr sobre esse e outros questionmentos é que recorremos s resposts dos lunos um survey explortório. Ds 31 pergunts presentes no questionário um dels foi: Porque optou pels cots? Com s seguintes opções de resposts: 1.Porque o curso que escolhi é muito concorrido e com s cots ficou mis fácil; 2. Porque é um direito e eu não quero brir mão dele; 3. Porque eu tinh medo de não pssr se concorresse sem s cot; 4. Porque fui incentivdo por outrs pessos. A respost mis frequente entre os cotists foi justifictiv do direito, quse metde deles responderm que optrm pels cots por considerá-ls um direito. A segund opção de respost mis frequente foi porque eu tinh medo de não pssr se concorresse sem s cots, no grupo de cotists de rede públic, e porque o curso que escolhi é muito concorrido e com s cots ficou mis fácil no grupo de cotists negros.

Ms será que relmente os cotists estão linhdos com ess perspectiv? De verem ns cots possibilidde de lcnçrem um direito? Pr compreender melhor esse qudro de resposts fizemos lgums nálises correlts prtir d estrtificção ds resposts em ctegoris de cursos. Dividimos os cursos d UENF em três grupos segundo relção cndidto/vgs: cursos de lt concorrênci queles no qul médi ficou entre 5 e 8 (cso dos cursos de Engenhri Civil; Engenhri de Explorção e Produção de Petróleo; Engenhri de Produção e Medicin Veterinári). Os cursos de médi concorrênci, cuj médi ficou entre 2 e 5 c/v (cso dos cursos de Ciênci d Computção; Ciêncis Biológics e Engenhri Metlúrgic e de Mteriis). E os cursos de bix concorrênci que presentm médis entre 0 e 2 c/v (cso dos cursos de Agronomi; Ciêncis Sociis; Zootecni e todos os cursos de licenciturs). A prtir dess clssificção, observmos que, entre os lunos dos cursos de médi concorrênci, justifictiv do direito prece em 2/3 ds resposts dos entrevistdos. O mesmo contece entre os lunos dos cursos de bix concorrênci em que um pouco menos de 2/3 dos entrevistdos mrcrm ess opção de respost. Já entre os lunos dos cursos de lt concorrênci justifictiv do direito não é mis frequente. Entre eles respost porque eu tinh medo de não pssr se concorresse sem s cots foi mis frequente. Ess respost se justific no rgumento de que eles sbem rcionlmente que s chnces são menores num mbiente de mior concorrênci.. Já entre queles que cursm cursos em que concorrênci é menor o rgumento d possibilidde de não lcnçrem êxito no vestibulr não seri muito justificável, sendo opção pelo direito o rgumento mis frequente. Chm tenção, nesse cso, é que pesr ds cots gruprem indivíduos com perfis proximdos (crentes, negros, estudntes de escol públic), mesmo dentro desse grupo existe diferençs em relção busc por determinds crreirs. Mesmo com s cots, indivíduos ind tem dificuldde em cessr s cots pr cursos de mior concorrênci. Colocndo esse fto no contexto d sociedde brsileir veremos que implntção ds ções firmtivs no Brsil vem compnhd de justificções. De cordo com Feres (2006) os rgumentos se dividem em três ordens: reprção, diversidde e justiç socil. A idei de reprção justific-se pelo pssdo em virtude do

histórico d desiguldde no Brsil. Esse rgumento tem sido levntdo, principlmente, em fvor d reprção dos dnos cusdos pel escrvidão dos negros e d dizimção dos índios (FERES, 2006, p.55). Entretnto, esse rgumento é um tnto qunto complexo, pois reprção seri feit não quem de fto sofreu o dno, ms os seus descendentes. E quem são os descendentes? Qundo os lunos justificm sus escolhs prtir do rgumento de que estão pleitendo um direito eles estão, vi de regr, tmbém ssumindo ess identidde, ou sej, identidde dqueles que sofrerm um dno e que precism d reprção. O rgumento d diversidde é ind mis complexo qundo se trt do Brsil, ms tem sido frequentemente ciondo pr justificr s ções firmtivs. Pr Feres (2006) utilizção desse rgumento pr justificr s ções firmtivs no Brsil não é muito viável, dd às condições objetivs dos grupos que se beneficirim d polític. Pois em se trtndo do cesso o ensino universitário público, idei de grupos com culturs singulres em relção os demis grupos d sociedde não seri muito fctível, visto que pr chegr esse nível de ensino s pessos obrigtorimente já cumulrm 11 nos de educção forml, o que de cert form introduz um modelo culturl hegemônico (FERES, 2006, p.59). Pr Feres (2006) o rgumento mis viável no contexto brsileiro seri o d justiç socil, um vez que os ddos esttísticos que incluem ctegori rç/cor pontm pr um enorme desiguldde socil entre os diferentes grupos de rç/cor. Os rgumentos que precem no cmpo teórico ou retórico cbm pulverizdos n sociedde e os indivíduos se vlem deles pr justificr sus ções. Portnto, qundo buscmos opinião dos estudntes em relção à escolh pels cots devemos entender que sus resposts estão impregnds d forç de penetrção que tis rgumentos têm no meio socil. Por isso, certos perfis de indivíduos estão mis propensos bsorver o rgumento do direito. 5. Referêncis Bibliográfics BOURDIEU, Pierre (2007). A economi ds trocs simbólics. São Pulo: Perspectiv.

FERES JUNIOR, João (2006). Aspectos normtivos e legis ds polítics de ção firmtiv. In: FERES JUNIOR, João e ZONINSEIN, Jons (orgs.). Ação firmtiv e universidde: experiêncis ncionis comprds. Brsíli: UnB, p.46-62. INSTITUDO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSITCA (IBGE). Censo demográfico 2010. Disponível em: http://censo2010.ibge.gov.br/ Acesso em: 10/07/2012. RIO DE JANEIRO. Lei n. 3.524, de 28 de dezembro de 2000. Dispõe sobre os critérios de seleção e dmissão de estudntes d rede públic estdul de ensino em universiddes públics e dá outrs providêncis. Diário Oficil [do Estdo do Rio de Jneiro], Rio de Jneiro, 29 dez. 2000.. Lei n. 4.151, de 04 de setembro de 2003. Institui nov disciplin sobre o sistem de cots pr ingresso ns universiddes públics estduis e dá outrs providêncis. Diário Oficil [do Estdo do Rio de Jneiro], Rio de Jneiro, 5 set. 2001.. Lei n. 5.346, de 11 de dezembro de 2008. Dispõe sobre o novo sistem de cots pr ingresso ns Universiddes Estduis e dá outrs providêncis. Disponível em: http://gov-rj.jusbrsil.com.br/legislco/87636/lei-5346-08 cesso em: 10/07/2009 SANTOS, Rento Emerson dos (2006). Polític de cots rciis ns universiddes brsileirs ocso d Uerj. In: FERES JUNIOR, João e ZONINSEIN, Jons. Ação firmtiv e universidde: experiêncis ncionis comprds. Brsíli: UnB. p.110-135. SCHWARTZMAN, Simon (2008). A questão d inclusão socil n universidde brsileir. In: PEIXOTO, Mri do Crmo de L..& ARANHA, Antôni Vitóri (orgs.) Universidde públic e inclusão socil. Belo Horizonte: UFMG.