OS IMPACTOS DAS FUSÕES E AQUISIÇÕES OCORRIDAS NA INDÚSTRIA AVÍCOLA SOBRE A CONCENTRAÇÃO DO MERCADO.

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Transcrição:

OS IMPACTOS DAS FUSÕES E AQUISIÇÕES OCORRIDAS NA INDÚSTRIA AVÍCOLA SOBRE A CONCENTRAÇÃO DO MERCADO. jbzll@upf.br Apresentação Oral-Estrutura, Evolução e Dnâmca dos Sstemas Agroalmentares e Cadeas Agrondustras JULCEMAR BRUNO ZILLI 1 ; MARCIA AZANHA FERRAZ DIAS DE MORAES 2. 1.UPF, PASSO FUNDO - RS - BRASIL; 2.ESALQ/USP, PIRACICABA - SP - BRASIL. Os mpactos das Fusões e Aqusções ocorrdas na ndústra avícola sobre a concentração do mercado Grupo de Pesqusa: 4 - Estrutura, Evolução e Dnâmca dos Sstemas Agroalmentares e Cadeas Agrondustras. Resumo Dante dos processos de fusões e aqusções percebdos na ndústra avícola braslera, mensurou-se o mpacto desses processos na concentração de mercado no setor avícola entre 2000 e 2007 utlzando o modelo de decomposção dos efetos desenvolvdo por Wess (1965). Concluu-se que há ndícos de aumento na concentração de mercado no subgrupo das quatro maores empresas do setor avícola. Corroborando com esta conclusão observou-se que a partcpação dessas empresas apresentou elevações que não foram percebdas nas demas empresas. A contrbução das fusões e aqusções na varação da razão de concentração fo sgnfcatva no período, entretanto, esses efetos foram amortecdos pelos efetos contráros do crescmento nterno das frmas. Palavras-chaves: Fusões. Aqusções. Indústra avícola. Concentração. Abstract Faced procedures for mergers and acqustons perceved n the Brazlan poultry ndustry, measure s the mpact of these processes n the concentraton of market poultry ndustry between 2000 and 2007 usng the model of the effects of decomposton developed by Wess (1965). It was concluded that there s evdence of an ncrease n market concentraton n the subgroup of the four largest companes n the poultry sector. Corroboratng wth ths concluson t was observed that the partcpaton of these companes had elevatons that were not perceved n other companes. The contrbuton of mergers and acqustons change n the concentraton rato was sgnfcant at the perod; however, these effects were "cushoned" by the effects contrary nternal growth of frms. Key Words: Merger. Acquston. Poultry Industry. Concentraton. 1. INTRODUÇÃO As transformações que ocorreram no setor agropecuáro nas últmas décadas foram mpulsonadas, prncpalmente, pela abertura dos mercados, desregulamentação e Socedade Braslera de Economa, Admnstração e Socologa Rural 1

dmnução da ntervenção do Estado e pela establzação econômca do país. Assm, o setor agrondustral encontra-se permanentemente em busca de novações tecnológcas que possbltem a manutenção e a sustentabldade da compettvdade no mercado. Nesse sentdo, os avanços percebdos na ndústra avícola mpressonam pela competênca e pelo dnamsmo alcançado pelas empresas. Entre 1986 e 2006 a produção braslera de frango atngu cerca de 10 mlhões de toneladas, representando um crescmento médo de 25,60% a.a., posconando o país como o segundo maor produtor mundal de frango de corte. A busca por um elevado grau de efcênca econômca assocado à compettvdade acrrada entre as empresas do setor levou as empresas a aderrem novos processos produtvos que propcassem maores ganhos de escala. Além dsso, o complexo agrondustral avícola, através de um processo de ntegração vertcal, passou a adotar novas tecnologas para, assm, melhorar a coordenação de suas atvdades e, conseqüentemente, manter-se compettvo no mercado (SILVA et al., 2004). Para superar a forte concorrênca mpulsonada pelo aumento sgnfcatvo na demanda pela carne de frango nos últmos anos, algumas empresas, que não estavam bem estruturadas nesses períodos, compraram atvos ou se fundram a outras empresas para melhorar a sua partcpação na ndústra. Alguns autores argumentam que as fusões e aqusções têm por objetvo alcançar vantagens compettvas, o que aumenta a efcênca do mercado, mas ao mesmo tempo eleva o poder de mercado, vsto o aumento da concentração decorrente. Contudo, o aumento da concentração de mercado pode advr também do crescmento nterno das empresas já estabelecdas, o que da mesma forma nfluenca o desempenho do mercado. Dessa forma, observou o surgmento de mudanças sgnfcatvas na economa empresaral e o setor compettvo cedeu lugar a estruturas de mercado mas concentradas. As transações empresaras que envolveram fusões ou aqusções alteraram o cenáro compettvo da ndústra avícola. O exame das mudanças na concentração e das forças que contrbuíram para sua ocorrênca parece ser relevante na evolução recente da ndústra braslera. Dante das fusões e aqusções presencadas no setor avícola naconal busca-se esclarecer qual fo o comportamento dos índces de concentração ndustral? Qual o papel das fusões e aqusções na alteração do poder de mercado das empresas? Assm, o objetvo central é analsar o comportamento da razão de concentração de mercado perante as fusões e aqusções ocorrdas no período. Especfcamente, busca-se mensurar o mpacto das fusões e aqusções na concentração de mercado. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA As últmas décadas foram marcadas por um crescente aumento das operações de fusões e aqusções envolvendo empresas de dferentes países, setores e tamanhos varados. Segundo KPMG (2008) as transações no Brasl passaram de 175 em 1994 para 699 em 2007, representando uma elevação de 300% durante o período. Essas transações têm causado profundas mudanças estruturas, alterando as estruturas de mercado e, com sso, os padrões de gestão, produção e emprego no mundo todo. Especfcamente, a ndústra avícola tem apresentado um comportamento semelhante. Para algumas empresas a fusão ou aqusção é uma estratéga para melhorar a Socedade Braslera de Economa, Admnstração e Socologa Rural 2

compettvdade no mercado. Entretanto, para outras, os problemas fnanceros obrgaram a venda ou arrendamento dos seus atvos para evtar uma possível falênca. Desta forma, as dferentes estratégas adotadas pelas frmas, assm como as formas de gerencamento craram a necessdade de empresas venderem, fundrem ou arrendarem seus atvos para melhorar a compettvdade no mercado. Assm, a evolução das fusões e aqusções pode ser entendda como uma resposta estratégca das organzações ao surgmento e fortalecmento desse ambente empresaral e compettvo proporconado pelo processo de globalzação (BARROS, 2003). Neste caso, a prmera déa que surge está relaconada com a elevação do poder de mercado através da concentração das frmas. Entretanto, a abordagem da relação entre fusões e aqusções e concentração ndustral é um tema muto presente na lteratura nternaconal, e também fonte de muta controvérsa. Se por um lado exste a vertente da busca pela efcênca, por outro lado, o aumento da concentração pode levar ao aumento no poder de mercado e conseqüente redução no bem-estar. Fusões e aqusções As dferentes estratégas, ndependentemente dos objetvos, podem melhorar a capacdade de gerencamento e nserção das empresas nos mercados relevantes. Para BNDES (1999) o acrramento da concorrênca tem ocasonado uma redução cada vez maor das margens de lucro em mutos mercados obrgando empresas a reestruturam-se para adaptar ao novo ambente. Com sso, novas estratégas de crescmento têm surgdo mutas das quas baseadas na dversfcação das atvdades das frmas em dferentes ndústras. Entre as prncpas estratégas estão as fusões e aqusções, pos são utlzadas como nstrumento para o crescmento organzaconal. Rasmussen (1989) e Copeland (2004) afrmam que as fusões e aqusções tornaram-se um meo muto mportante para a realocação de recursos na economa global e também para a execução de estratégas corporatvas. Para Acqustons (2008), as fusões são junções entre duas ou mas companhas que formam uma únca empresa, geralmente sob controle admnstratvo da maor ou a mas próspera, podendo ser: Fusão por Concentração medante a consttução de uma nova socedade com transferênca dos patrmônos das empresas funddas; Fusão por Incorporação quando um grupo transfere todo o patrmôno de uma ou mas socedades para uma empresa ncorporante. De acordo com Wrght, Kroll e Parnell (2000), a fusão é uma estratéga de crescmento em que uma empresa combna-se com outra, e a nova empresa é referda como empresa sucessora ou combnada. Conforme defnção do artgo 228 da Le 6404/76, a fusão é a operação pela qual se unem duas ou mas socedades para formar uma nova socedade, que lhes sucederá em todos os dretos e obrgações. Barros (2003) complementa que a fusão é um processo que envolve uma completa combnação de duas ou mas empresas que dexam de exstr legalmente para formar uma tercera como nova dentdade, teorcamente sem predomnânca de nenhuma das empresas anterores. Weston et al (1990) defnu o processo de fusão como a combnação de duas empresas para a formação de uma únca. Para Gtman (2002), a fusão empresaral é a Socedade Braslera de Economa, Admnstração e Socologa Rural 3

combnação de duas ou mas empresas, na qual a resultante mantém a dentdade de uma das empresas, geralmente a maor, ressaltando que este conceto no Brasl é chamado de Incorporação. Dependendo da estratéga a ser adotada pelos grupos nteressados, as fusões podem ocorrer de forma horzontal, vertcal, concêntrca e através de conglomerados puros (BNDES, 1999). A fusão horzontal ocorre quando duas frmas, que possuem o mesmo foco de atuação e pertencentes a um mesmo segmento da ndústra, decdem juntar-se ou quando uma adqure a outra formando uma empresa maor. As prncpas vantagens estão relaconadas com o aumento da partcpação de mercado, obtenção de eventuas economas de escala e redução de custos de transação. Mas especfcamente, se cada uma das duas empresas possu uma fábrca e após a fusão uma das plantas é desatvada sendo a outra amplada há, portanto, a possbldade de se obter reduções de custos pelas razões ctadas. Quando frmas de dferentes estágos de produção decdem unr-se ocorre uma fusão vertcal. Neste caso, o ganho de compettvdade, prncpalmente, va redução dos custos e ncorporação de margens de lucro são as prncpas vantagens ctadas. As economas nos custos aparecem com a dmnução dos gastos com transporte dos nsumos, além de reduzr, sgnfcatvamente, os custos de transação. As fusões concêntrcas ou congêneres ocorrem quando empresas que oferecem produtos ou servços não smlares (não atuam no mesmo ramo) que podem apresentar algum tpo de relação snérgca no médo ou longo prazo, mplcando em ganhos de escala e de escopo. As fusões deste tpo buscam reduzr os custos de dstrbução; dversfcar os rscos; obter conhecmentos sobre o novo setor; amplar e/ou entrar em novos produtos. Já a fusão por conglomerado é uma unão que ocorre em ambentes em que as atvdades são completamente dferentes buscando, prncpalmente, dversfcar rscos e realzar nvestmentos em novos setores. A aqusção refere-se à compra do controle aconáro de uma frma por outra, sendo que, no caso de aqusção global do patrmôno da empresa adqurda, a compradora assume o controle total e a empresa adqurda dexa de exstr. Nesse sentdo, a FIPECAFI (2000) dz que os processos de ncorporação, csão e fusão são modaldades de reorganzação socetára, que permtem a empresa, a qualquer tempo, promover as reformulações necessáras para melhorar sua posção no mercado. Todas estas estratégas, segundo Koshama e Martns (2007) geram a déa de que fusões e aqusções tendem a aumentar a concentração ndustral, mas não há consenso sobre a magntude dessa nfluênca. Há dferentes lnhas de pensamento quanto aos mpactos das fusões e aqusções sobre a concentração de mercado. Exstem aqueles que atrbuem às fusões e aqusções o papel de prncpal fator na explcação do aumento da concentração ndustral. Outra corrente dz que o crescmento nterno dferencal de frmas líderes do mercado sera a varável-chave neste processo. Além dsso, têm-se a déa dos que defendem que, muto embora os efetos estátcos das fusões e aqusções sobre a concentração ndustral sejam postvos, seus efetos dnâmcos podem ser postvos, negatvos ou neutros, dependendo das modaldades de reestruturação produtva assocadas a essas transações. Prncpas fusões e aqusções Os processos de fusão e aqusção na ndústra avícola seguram a tendênca das Socedade Braslera de Economa, Admnstração e Socologa Rural 4

estratégas adotadas por dversos setores da economa. Esta estratéga tem levado váras empresas a realzarem a unão dos seus atvos para obter compettvdade ou reestruturação fnancera. Em 2000, por exemplo, ncou-se o processo de aqusção das ações do Frgorífco Batáva S.A, até então pertencente ao Grupo Parmalat, pela empresa Perdgão Agrondustral S.A. A compra envolveu a aqusção de 51% das ações do setor de carnes da Batáva S.A no valor de R$ 101 mlhões. No fnal de 2007 a empresa Perdgão conclu a compra da Batáva S.A por R$ 155 mlhões (EXAME, 2007). Além dsso, no fnal do ano, ncou-se o processo de aqusção de 90% das ações da Granja Rezende S.A pelo Grupo Sada S.A. por R$ 134 mlhões (Globo Rural, 2000). Em 2002 a marca Pena Branca, pertencente a Predleto Almentos é comprada pelo grupo amercano OSI Foods. No mesmo ano o grupo Os Foods adqure a Penasul Almentos Ltda. O ano de 2004 fo marcado por estratégas de arrendamento ou parcera de algumas empresas com problemas fnanceros. Nessa lnha, a Sada realzou parceras com a Companha Mnuano de Almentos e o Frgorífco Ncoln, para produzrem produtos com a marca Sada. Com sso, a Sada elevou seu faturamento em R$ 150 mlhões por ano (IEA, 2005). Da mesma forma, a Dplomata Industral e Comercal arrendou a Chapecó Companha Industral de Almentos e amplou sua partcpação no mercado naconal e mundal. Em 2005 ncaram-se os processos de aqusção da empresa Galé Agrondustral e Mary Loze Indústra de Almentos Ltda pela empresa Perdgão. O prmero negóco envolveu o desembolso de R$ 28,5 mlhões. Já a segunda operação envolveu nvestmentos da ordem de R$ 40 mlhões. A resposta fo dada pela Sada, que comprou a empresa Só Frango Produtos Almentícos Ltda, por um montante equvalente a US$ 26,5 mlhões, amplando sua atuação na regão Centro-Oeste. Em 2007 o Grupo Osfrangos Partcpações (Penasul) adquru a Agrofrango Indústra e Comérco de Almentos Ltda e adquru um complexo para expandr a produção de frangos. No fnal de 2007 o grupo Perdgão fundu-se com a Eleva, que era a propretára da marca Avpal, por cerca de R$ 2 blhões. Com essa estratéga a Perdgão ultrapassou o faturamento da Sada, tornando-se a maor empresa braslera de almentos. Dante dsso, nota-se que os processos de fusões, aqusções e parceras têm acrrado a busca pela lderança naconal no segmento de almentos. Entretanto, esta competção pode ter elevado o poder de mercado das prncpas empresas. Referencal teórco Nas economas modernas uma característca geralmente encontrada nas mas dferentes ndústras é a concentração da produção em poder de poucas empresas. Este tem sdo um tópco mportante na análse econômca a ponto de merecer uma área especfca de estudo (organzação ndustral) para analsar os seus determnantes (SANTOS; SANTANA, 2003). Uma das prncpas teoras utlzadas na Organzação Industral está relaconada com a análse da Estrutura-Conduta-Desempenho (ECD) das empresas. Para Church e Socedade Braslera de Economa, Admnstração e Socologa Rural 5

Ware (2000) trata-se de uma relação causal entre a estrutura do mercado, a conduta da frma e o desempenho da mesma. Segundo Azevedo (2004) o paradgma ECD tem como prncpal preocupação a avalação do desempenho de determnado mercado dante do desempenho esperado em uma stuação deal de concorrênca perfeta. 2.3.1 Estrutura As estruturas de mercado captam aspectos nerentes de como os mercados estão organzados. Cada estrutura de mercado destaca alguns aspectos essencas da nteração da oferta e da demanda, e se basea em algumas hpóteses e no realce de característcas observadas em mercados exstentes (TROSTER, 2004). Nesse sentdo, a estrutura de mercado pode ser defnda pelo número de compradores e vendedores, dferencação do produto, barreras à entrada, estruturas de custos, ntegração vertcal e dversfcação do produto. As empresas nserdas em uma organzação de mercado de concorrênca perfeta apresentam curvas de demanda mas elástcas e o preço é dado pela nteração entre a oferta e demanda do produto, sendo que os vendedores e compradores ndvduas não conseguem nfluencar preços. A maxmzação do lucro ocorre com um preço próxmo ao seu custo margnal. Assm, o bem estar socal é máxmo, pos as frmas obtêm lucros "normas" e os consumdores pagam de acordo com sua dsposção de consumr. Em qualquer outra estrutura ndustral, onde as frmas se defrontam com curvas de demanda mas nelástcas, há a possbldade de obtenção e manutenção de lucros excessvos, como no caso dos monopólos. Nesse caso, o produtor possu poder de nfluencar o preço e, com sso, pode cobrar um preço maor do que o verfcado na competção, ou seja, a maxmzação ocorre a um preço maor que seu custo margnal. Assm, se o preço do produto é maor do que o custo de produz-lo, mas deste produto devera ser feto. Porém, o monopolsta restrnge a produção abaxo do ótmo, causando má alocação dos recursos do ponto de vsta socal, ocorrendo perda de bem-estar da socedade. Portanto, estruturas de mercado monopolstas levam a uma alocação nefcente dos recursos e a uma falha na maxmzação do bem-estar econômco total. Isso ocorre porque o monopolsta produz menos que a quantdade socalmente efcente do produto e cobra um preço acma do custo margnal. Já os consumdores que possuem uma dsponbldade a pagar pelo bem maor que o custo margnal e nferor ao preço cobrado pelo monopolsta não rão adqurr o bem. Para estruturas de mercado olgopolzados, essa relação não é tão dreta, uma vez que outros fatores nfluencam na elastcdade da demanda de uma frma: elastcdade da demanda do produto no mercado, partcpação da empresa no mercado e reação esperada das rvas em relação a varações no preço. Anda assm, os preços cobrados pelos olgopolstas tendem a ser superores ao custo margnal, ocorrendo perda do bem estar socal. Na presença de elevada concentração de mercado, a regulamentação possu a função de mpedr os abusos cometdos pelos monopolstas ou olgopolstas, conduzndo as frmas a cobrarem preços nas proxmdades do custo margnal, e mpedndo a prátca de estratégas antcompettvas. Na ndústra avícola, a partcpação das empresas em dferentes estruturas de mercado é decdda segundo o destno dos frangos abatdos. Caso concorram no mercado de frango ntero, pode-se classfcar como um olgopólo compettvo, já que as empresas Socedade Braslera de Economa, Admnstração e Socologa Rural 6

concorrem por preço e a tecnologa não é uma barrera à entrada sgnfcatva. A prncpal barrera para manter essa estrutura olgopolzada é a escala, que não permte que mutas empresas partcpem desse mercado, pos, caso contráro, havera problemas de efcênca quanto à escala mínma de produção (FLORIDA, 2001). Quando os frangos abatdos são dreconados à produção de cortes, a estrutura de mercado vgente também é um olgopólo compettvo, porém com capacdade de dferencação pelo tpo de corte realzado e pela forma como se vende a mercadora. Ou seja, pode-se assocar mas o produto à marca e, assm, consegur dferencar o produto. Dessa forma, anda permanece um olgopólo compettvo, porém com maor poder de mercado por parte das empresas concorrentes (FLORIDA, 2001). Entretanto, se o frango abatdo for destnado à ndustralzação, as empresas já passam a concorrer em uma estrutura de olgopólo dferencado, tendo em vsta a capacdade das frmas de dferencar seus produtos e desenvolver novos mercados, assocando o produto à marca. É o tpo de mercado a que se dedca maor parte de pesqusa e desenvolvmento, consderando a relevânca da dferencação do produto (FLORIDA, 2001). Por fm, se o frango for dreconado ao mercado nternaconal, as empresas estão concorrendo em um mercado compettvo, pos se negoca, bascamente, frangos nteros e de cortes, sem se assocar muto o produto à marca, e compete-se com empresas de grande porte. Entretanto, em função do grande número delas concorrendo nesse tpo de mercado, as empresas não têm capacdade de nfluencar o mercado (FLORIDA, 2001). 2.3.2 Conduta O desempenho do sstema econômco é determnado pelo conjunto de estratégas que defne a conduta das frmas. Cada empresa tem a possbldade de desenvolver estratégas com a fnaldade de ganhar partcpação no mercado. No entanto, cada estratéga tem mpacto dstnto sobre o desempenho (AZEVEDO, 2004). Nesse sentdo, o estudo da conduta busca analsar as dferentes estratégas das frmas. Dentre elas, têm-se as estratégas de preço, estratégas de produto e propaganda, pesqusa e novação, nvestmentos, tátcas legas e acordos. Mesmo que as frmas tenham autonoma para traçar sua conduta por meo de um grande número de estratégas que são determnadas pela estrutura de mercado em que a empresa está nserda. Assm, a estrutura de mercado condcona as decsões. Entretanto, a análse da conduta no modelo ECD é dfícl ou mpossível de ser observada dretamente. O foco é dentfcar as varáves estruturas observáves e mensuráves e que são lgadas ao poder de mercado ou colusão. Se for estabelecda uma relação entre as varáves estruturas e o poder de mercado, então as mplcações do modelo são que as varáves estruturas facltam o exercíco do poder de mercado. As meddas de barreras à entrada mas utlzadas são as economas de escala (para uma nova frma entrar no mercado deve produzr grandes quantdades), dferencação de produto (marca forte) e vantagens absolutas de custo (quando a frma estabelecda tem vantagens absolutas de custo, a entrada torna-se não lucratva). 2.3.3 Desempenho A déa básca do paradgma Estrutura-Conduta-Desempenho é estabelecer relações Socedade Braslera de Economa, Admnstração e Socologa Rural 7

entre as varáves estruturas e o desempenho de mercado que se sustentem entre as ndústras. As relações entre estrutura e o desempenho de mercado tem gerado duas hpóteses: a hpótese tradconal (BAIN, 1959), que postula que a estrutura de mercado nfluenca o comportamento ou conduta da frma. O ponto central é que, em mercados concentrados, os preços cobrados serão menos favoráves ao consumdor devdo à ausênca de compettvdade que surge em tas mercados; a hpótese de efcênca (DEMSETZ, 1973; PELTZMAN, 1977) que propõe que a concentração do mercado é resultado da efcênca da frma, que leva a uma maor partcpação de mercado que, por sua vez, resulta em um melhor desempenho. As meddas de desempenho de mercado são utlzadas para verfcar se as frmas estão exercendo seu poder de mercado 1. Dentre elas, destaca-se a Taxas de retorno, Tobn`s q e a Margem Preço-Custo (Índce de Lerner). Taxa de retorno mede quanto é o ganho para cada undade monetára nvestda. Esta medda de desempenho ncorre em dversas dfculdades: o valor do captal não é apropradamente estmado, pos lucro contábl é dferente de lucro econômco, dferentes métodos de deprecação, dfculdades de valorar os programas de P&D e propaganda em que os mpactos são sentdos no médo ou longo prazo, a taxa de nflação reas ou nomnas (CHURCH; WARE, 2000). A medda de desempenho Tobn`s q é a razão entre o valor de mercado dos atvos da frma em relação ao custo de reposção dos atvos. Entretanto, necessta de uma medda precsa do valor de mercado da frma e do custo de reposção dos atvos. O Índce de Lerner depende da elastcdade de demanda (fator chave para medr poder de mercado da frma) enfrentada pelo monopolsta. Sob competção o preço é gual ao custo margnal e a margem é gual à zero. Assm, quanto mas elástca a demanda, menor a dstorção de preços (menor seu poder de mercado). Quanto mas à frma se afasta do mercado compettvo maor será o Índce de Lerner. Assm, as dferentes meddas de desempenho analsam a efcênca alocatva e produtva, a qualdade do produto, progresso técnco, lucros, avanços tecnológcos e poder de mercado. Neste caso, a teora do olgopólo dz que exste uma relação postva entre poder de mercado e concentração. Segundo Hoffmann (1998) a concentração pode ser defnda como a stuação verfcada quando uma grande proporção da produção total orgna-se de um pequeno número de frmas, caracterzando uma stuação de olgopólo. Da mesma forma, George e Joll (1983) dzem que a concentração da produção ou das vendas refere-se à dstrbução por tamanho das frmas que vendem determnado produto. É uma dmensão sgnfcatva da estrutura de mercado, pos deve desempenhar mportante papel na determnação do comportamento e do desempenho da empresa. Assm, a dstrbução do número e do tamanho das frmas pode nfluencar as expectatvas relaconadas ao comportamento das rvas. Assm, o grau de concentração observado em uma ndústra, qualquer que seja o ndcador utlzado para medí-lo, consttu-se em um dos prncpas ndcadores de sua estrutura. Então, quanto maor for o índce de concentração desta ndústra, maor a possbldade de se encontrar estruturas olgopolstas ou olgopólo com franja. Para Lete e Santana (1998) o termo concentração é bastante dfunddo nos estudos 1 Como poder de mercado entende-se a capacdade de uma empresa aumentar os preços, de forma sustentada no tempo, acma dos seus custos margnas. Socedade Braslera de Economa, Admnstração e Socologa Rural 8

de Organzação Industral, tendo em vsta que este é um dos elementos mas mportantes na descrção das estruturas de mercado. Assm, a mensuração da concentração do mercado fornece ndícos necessáros para a análse do nível de competção em uma ndústra e seu poder. Ensna a teora econômca que exste uma relação dreta entre o grau de concentração ndustral e o grau de poder de mercado. Para Vasconcelos (2005) a análse do grau de concentração ndustral é um mportante nstrumento para a avalação do poder de mercado e, consequentemente, para o estudo de casos relaconados com comportamentos antcompettvos ou com fusões. Meddas de concentração As dferentes maneras conhecdas para se mensurar o grau de concentração em uma ndústra tendem a valorzar um determnado aspecto partcular. Alguns métodos referem-se a um setor ndustral como um todo e outros consderam apenas um pequeno número das maores empresas (parcas). Obvamente ndcadores dferentes quando comparados entre s tendem a gerar algum tpo de conflto. No entanto quando observados soladamente revelam aspectos específcos da conjuntura estudada. Segundo Resende (1994) passa-se de uma etapa nas quas os estudos pratcamente se lmtam à contagem de frmas para chegar-se à utlzação de índces que consderam segundo algum fator de ponderação, a partcpação de cada frma no mercado. De todo o modo, o que deve fcar claro, desde logo, é que ao se utlzar índces de concentração, estar-se-á tentando resumr em um únco ndcador um conceto com múltplas dmensões, o que ndca a necessdade de análses complementares ao cálculo de índces de concentração entre s. Para Lete e Santana (1998) dfclmente uma únca medda reflete todos os aspectos relaconados à concentração, logo uma análse mas detalhada apresenta complementarmente dversas meddas de concentração. De modo geral, o uso de dferentes meddas leva à obtenção de resultados também dferentes. As meddas mas utlzadas são a razão de concentração e o índce de Herfndahl-Hrschman. A medda da razão de concentração tem sdo um dos ndcadores mas utlzados para dentfcar o nível de concentração das dferentes ndústras. Nesse caso, suponha M frmas em um mercado, em que as N prmeras frmas ( 1,2,..., N ) têm as maores partcpações do mercado. Defne-se como razão de concentração ( CR N ) a segunte expressão: CR N = N = M = 1 = 1 Q j = 1 Q N s (1) Onde Q é a varável para o cálculo da partcpação da frma no mercado (produção, faturamento, vendas, etc.); Q j representa o total do mercado para a varável de referênca e s é a partcpação das frmas no mercado (Market Share); N representa o número Socedade Braslera de Economa, Admnstração e Socologa Rural 9

de frmas a serem analsadas, por exemplo, o CR 4 utlza as 4 maores empresas e, por fm, M ndca todas as empresas pertencentes à ndústra analsada. Uma varação postva desta medda se dá quando uma das frmas, que faz parte das N anterormente escolhdas, se funde com uma das frmas fora do conjunto das N frmas. Uma varação nula ocorre se ambas as frmas estão fora das N empresas e permanecem fora após a fusão. Por fm, uma varação negatva nunca é verfcada quando ocorrerem fusões ou aqusções. Assm, a razão de concentração refere-se a uma medda absoluta de concentração que mostra, por exemplo, a proporção de uma varável que é controlada pela maor empresa, pelas 4 maores empresas, pelas 8 maores empresas e assm por dante. Para Troster (2004) esta medda absoluta mostra apenas um ponto da chamada curva de concentração da varável econômca, que relaconara a partcpação acumulada da mesma varável em função do número de empresas. As prncpas vantagens da utlzação desta medda de concentração estão relaconadas com a facldade da realzação dos cálculos e a necessdade de nformações sobre a partcpação ndvdual de poucas empresas. As desvantagens da utlzação da razão de concentração como medda de poder de mercado são: as M maores frmas em um período consderado podem não ser as mesmas em outros períodos; desconsdera a concentração relatva entre frmas, seja dentro do grupo das M maores frmas seja no grupo das demas, os efetos das fusões que ocorram dentro dos grupos das N M frmas não serão captadas em termos de um aumento do valor desse índce, tampouco serão consderadas mudanças na partcpação relatva de cada frma pertencente ao grupo das M maores, e, por fm, não capta desgualdades. O índce de Herfndahl-Hrschman ( HHI ) é uma das meddas mas utlzadas na mensuração da concentração de mercado, pos além de captar a partcpação de cada frma capta também a desgualdade. Entretanto, são necessáras nformações da partcpação de todas as frmas do mercado. Suponha M frmas em um mercado, defne-se como o HHI através da segunte equação: HHI = M = M = 1 = 1 Q j= 1 Q j 2 N s 2 (2) Onde s é a partcpação de cada frma no mercado. Normalmente, este índce é meddo em percentual de partcpação (%). Assm, o 10000 HHI para N frmas de mesmo tamanho vara entre HHI 10000. Sendo N 10000 na ausênca de competdores (monopólo) e tendendo a zero quanto mas se aproxma da competção perfeta ( N ). De outra forma, o HHI vara de zero a 1. No caso de monopólo, a parcela de mercado de uma únca frma é gual a 1 e, portanto, o HHI será gual a 1. Conforme mas frmas dvdem o mercado, o HHI se reduz tendendo a zero no caso de competção perfeta. Para Resende (1994) toda a explanação anteror defende a superordade da medda Socedade Braslera de Economa, Admnstração e Socologa Rural 10

sumára de Herfndahl em relação às populares razões de concentração. Entretanto, Baley e Boyle (1971) apud Resende (1994) concluíram que estes índces são substtutos entre s. Para tanto, calcularam coefcentes de correlação entre os dversos índces tendo como base os dados da ndústra amercana. Como constataram uma elevada correlação entre os dversos índces, sugerram a utlzação das razões de concentração dada à facldade de cálculo. Todava, Boyes e Smyth (1979) apud Resende (1998) mostraram uma perfeta correlação entre meddas de concentração alternatvas não é sufcente para garantr a substtutbldade entre essas, quando se deseja avalar as mudanças na concentração ao longo do tempo ou medr o grau de sensbldade de uma varável à concentração. Portanto, Slva e Moraes (2006) apontam que o número e dstrbução por tamanho através do tempo das empresas de uma ndústra são o resultado da concorrênca entre elas. As empresas mas efcentes aprovetam da melhor manera as oportundades exstentes, tornam-se mas lucratvas e ganham fatas de mercado. As menos efcentes têm prejuízo, perdem fata de mercado, são absorvdas por outras mas efcentes ou encerram suas atvdades. A noção de efcênca é gualmente assocada à competênca e agressvdade empresaral-admnstratva e à predsposção a adotar novas técncas. Modelo teórco Não são mutos os estudos voltados para a caracterzação e análse do mpacto das transações de fusões e aqusções sobre o nível e a evolução da concentração ndustral braslera. O modelo desenvolvdo por Wess (1965) busca dentfcar meddas de dferentes componentes na varação na razão de concentração durante dos períodos para uma determnada ndústra. Assm, esta medda é utlzada para calcular a contrbução proporconal das fusões e aqusções nas mudanças da razão de concentração verfcadas nos períodos analsados. O modelo utlzado decompõe a mudança no nível da concentração do mercado em 5 componentes: crescmento nterno, deslocamento, fusões e aqusções, saídas e entradas de frmas no mercado. Segundo Koshyama e Martns (2007) a prncpal vantagem da utlzação deste modelo está na possbldade de consderar separadamente os efetos das entradas e saídas de frmas no mercado. A varação total do índce de concentração entre dos períodos pode ser decomposta de forma a destacar o papel das fusões e aqusções no processo de concentração ndustral. A decomposção pode ser expressa por: CR n = Cres + Desl + FA + Saf + Entf (3) onde CRn mede a varação da razão de concentração das n frmas entre dos períodos; Cres representa o crescmento nterno entre o níco e o fm do período para as n frmas que eram líderes no período fnal; Desl denota o deslocamento, ou seja, a parcela de crescmento (nterno e através das fusões e aqusções) que se refere ao ncremento necessáro para que as novas frmas líderes (no fnal do período) alcancem o patamar das frmas líderes no níco do período; FA mensura o market share adqurdo pelas fusões e aqusções, entre os dos períodos, pelas n frmas líderes no ano fnal; Saf capta o efeto da saída de frmas do mercado e Entf capta o efeto das entradas de frmas no mercado. O crescmento nterno das n frmas líderes, exclundo o crescmento através das Socedade Braslera de Economa, Admnstração e Socologa Rural 11

fusões e aqusções, pode ser expresso por: Cres = PT P f f, f N f Pf, + M PT X f, (4) Onde os subscrtos e f representam, respectvamente, os anos ncas e fnas da análse; P, representa a produção total das n frmas líderes no ano fnal, meddo neste mesmo ano; f f P, representa a produção total das m frmas líderes no período fnal, f meddo no ano-base ; PT e PT f ndcam a produção total da ndústra no ano ncal e ano fnal; N f representa a produção das frmas que entraram no mercado, meddo no ano fnal; X é a produção das frmas que saíram do mercado e M f, é a produção das frmas adqurdas pelas n frmas líderes do ano fnal, meddo no ano-base. O deslocamento é um ajuste em vrtude da troca de posções entre algumas das frmas líderes antgas e as novas frmas líderes, podendo ser expressas por: Desl = P, P f, PT X (5) O market share das frmas líderes advndos da fusão e aqusção mede o efeto das fusões e aqusções nas varações das razões de concentração, é dado por: FA = M f, PT X (6) O efeto das saídas das frmas do mercado é captado pela dferença entre a parcela da produção total pertencente às frmas líderes e sua parcela na produção total das frmas sobrevventes, subtrando a produção das frmas que saíram do mercado durante o período: Saf P,, = (7) PT X P PT O efeto das entradas é determnado por: Entf = P f, f PT f Pf, f PT N f f (8) Mutos estudos foram realzados com a utlzação desta metodologa. Wess (1965) avalou os processos de fusões em ses ndústras amercanas 2 e concluu que o crescmento nterno das frmas é mas mportante do que as fusões e aqusções na contrbução para a varação da razão de concentração quando se analsa as quatro maores frmas, mas não 2 As ndústras de Refno, Aço, Cmento, Automóves, Farnha de trgo e cervejaras (Ver WEISS, 1965) Socedade Braslera de Economa, Admnstração e Socologa Rural 12

para as oto maores empresas. Hannah e Kay (1976) analsaram a relação entre concentração e fusões e aqusções na ndústra de transformação brtânca. O estudo compreendeu o período que va do níco do século XX ao fnal da década de 60, conclundo que as transações de fusões e aqusções foram responsáves por cerca de 70% a 80% do aumento da concentração, no período de 1919 a 1930. Entretanto, este estudo fo crtcado por Hart (1981 apud KOSHIYAMA e MARTINS, 2007) e Pras (1981 apud KOSHIYAMA e MARTINS, 2007) que argumentaram que, devdo ao método utlzado para a construção da amostra de empresas, aquele estudo contera um vés, superestmando a contrbução das fusões para o aumento da concentração. Para eles, a hpótese de que tera sdo o crescmento nterno dferencal e não fusões e aqusções, o fator determnante para o aumento da concentração no Reno Undo até meados da década de 1950. A ndústra alemã fo estudada por Muller (1976), que nvestgou o mpacto das fusões e aqusções sobre o grau de concentração ndustral no período de 1958 a 1971. O estudo evdencou um elevado aumento da concentração para o conjunto da ndústra: a razão de concentração para as quatro maores frmas (CR 4 ) aumentou de 11,82% em 1958 para 12,91% em 1965, e para 33,86% em 1971. Poucos são os estudos realzados no Brasl voltados para a caracterzação e análse do mpacto das transações de fusões e aqusções sobre o nível e a evolução da concentração de mercado. Rocha e Kupfer (2002) analsaram a evolução da concentração ndustral braslera na década de 90, com base em uma amostra de 300 empresas líderes. Constataram que alguns segmentos ndustras apresentaram aumento da concentração enquanto outros expermentaram desconcentração econômca. Rocha (2003), retomando e amplando a análse de Rocha e Kupfer (2002), nvestgou um total de 104 setores ndustras no período 1996-2000, concentrando-se na avalação do mpacto das fusões e aqusções sobre o nível e evolução da concentração ndustral. As conclusões deste estudo foram que: () houve uma pequena elevação na concentração méda dos setores ndustras brasleros; () o efeto exercdo pelas fusões e aqusções sobre esse resultado não parece ter sdo forte; ) houve uma grande dspersão nas taxas de crescmento da concentração entre os setores de atvdades, sugerndo a necessdade de estudos mas desagregados. Benett (2002) nvestgou a relação entre fusões e aqusções e concentração na ndústra braslera de suprmentos agrícolas, conclundo que estas contrbuíram postvamente para a elevação da concentração e o aumento da desnaconalzação verfcado nessa ndústra na década de 1990. Desta forma, é nteressante a aplcação da metodologa desenvolvda por Wess para uma ndústra braslera e, prncpalmente, a sua contrbução na análse dos mpactos das fusões e aqusções. 3. MATERIAL E MÉTODOS Métodos A mensuração das meddas de concentração de mercado é normalmente realzada através da razão de concentração ( CR n ) e do Índce Herfndhall-Hrschmann (HHI). Dentre as meddas mas utlzadas, a razão de concentração, que é defnda pelo somatóro Socedade Braslera de Economa, Admnstração e Socologa Rural 13

das parcelas de mercado para as n-ésmas maores frmas, servu de base para a dentfcação da concentração de mercado. Além dsso, a dfculdade de obtenção da produção de todas as frmas avícolas nfluencou na utlzação deste ndcador de concentração. Neste sentdo, calculou-se o índce para as quatro, oto, doze e dezesses maores frmas pertencentes à ndústra avícola braslera entre 2000 e 2006. Para mensurar o mpacto das fusões e aqusções na concentração de mercado usouse o modelo desenvolvdo por Wess (1965) que consste bascamente no uso de dados em nível de frma para computar uma medda de concentração contrafactual baseada na hpótese de que todas as fusões e aqusções tenham ocorrdo no níco ou no fnal do período analsado. Para tanto, calculou-se os efetos do crescmento, deslocamento, fusão e aqusção, saídas e entradas de empresas na varação das razões de concentração entre dos períodos. Fonte de Dados Os dados referentes à produção de frangos (frangos abatdos) foram obtdos dos relatóros gerencas dvulgados pela Unão Braslera de Avcultura (UBA), Assocação Braslera dos Produtores e Exportadores de Frango (ABEF) e de Gudoln (2003). Neles obtveram-se as nformações da produção de frango das 50 maores empresas avícolas entre 2000 e 2006, representando mas de 75% das aves abatdas no país. O mercado geográfco relevante de atuação utlzado na análse abrangeu todas as regões do país vsto que a maora das empresas atua no cenáro naconal. Além dsso, como há uma sobreposção horzontal do mercado de aves n natura (frango) entre as frmas analsadas, a defnção do mercado de produto restrngu-se ao mercado de carne de frangos n natura. Procedmentos Com a dentfcação de váras estratégas de fusões e aqusções ocorrdas na ndústra avícola surgu à necessdade de dentfcar qual fo o comportamento dos índces de concentração entre 2000 e 2006. Com a obtenção dos dados, as nformações referentes ao rankng de produção anual de frangos das 50 maores empresas foram complados e analsados para dentfcar possíves dscrepâncas entre os dferentes bancos de dados. O passo segunte abrangeu uma extensa consulta às bblografas dsponíves, nclusve pareceres da Secretára de Acompanhamento Econômco (SEAE/MF), para dentfcar quas foram as fusões, aqusções e arrendamentos realzados na ndústra avícola no período analsado. A produção anual das 50 maores frmas servu para realzar o cálculo da razão de concentração para as n empresas. Por fm, realzou-se a decomposção dos dferentes efetos que nfluencam a varação na razão de concentração com a utlzação do Mcrosoft Excel. A análse levou em consderação três períodos: 2000/2002, 2002/2004 e 2004/2006. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES A mensuração da razão de concentração para as n frmas nos fornece uma Socedade Braslera de Economa, Admnstração e Socologa Rural 14

ndcação do poder de mercado das empresas, pos a teora do olgopólo aponta uma relação postva entre concentração e poder de mercado. Assm, o prncpal objetvo do estudo fo analsar o comportamento da razão de concentração de mercado perante as fusões e aqusções ocorrdas no período. A Tabela 1 apresenta a evolução da concentração na ndústra avícola no período de 2000 a 2006, medda através das razões de concentração das quatro (CR 4 ), oto (CR 8 ), doze (CR 12 ) e dezesses (CR 16 ) maores frmas do setor. Os índces de concentração evdencam um consderável, embora osclatóro, aumento no nível de concentração no setor avícola no período analsado, especalmente a partr de 2001. As quatro maores empresas do setor, por exemplo, detnham 32,28% do mercado no níco do período analsado; no fnal do período, estas frmas já respondam por mas de 37% da produção total de frangos, representando um crescmento de 16% em relação ao níco da década de 2000. As oto maores empresas avícolas foram responsáves por 48,47% da produção de frangos em 2006, apresentando um aumento de 6,69% no período. Tabela 1 - Meddas de razão de concentração para as n maores empresas (%) Razão de concentração 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 CR 4 32,28 35,56 36,00 37,47 37,62 37,09 37,44 CR 8 45,43 49,19 49,32 50,11 49,30 49,05 48,47 CR 12 51,60 55,49 55,28 55,37 55,10 54,84 54,25 CR 16 55,72 59,60 59,10 59,19 59,26 59,13 58,69 CR 20 59,13 62,91 62,54 62,60 62,76 62,82 62,70 Fonte: Dados de pesqusa Com as nformações dspostas na Tabela 1 elaborou-se uma decomposção do mercado em quatro grupos de frmas: as frmas centras CR 4, as grandes frmas ( CR8 CR4 ), as frmas potencas que crescem na franja ( CR12 CR8 ) e as frmas perfércas ( 1 CR12 ), vsando dentfcar quas foram os grupos de frmas que apresentaram maores crescmentos em relação às demas. A decomposção é apresentada na Tabela 2. Os resultados mostram que a partcpação das empresas potencas permaneceu relatvamente estável no período analsado. Por outro lado, enquanto as frmas centras abocanharam uma parcela sgnfcatvamente maor do mercado, as frmas grandes e as perfércas apresentaram uma redução sgnfcatva de market share. Assm, a hpótese de que a absorção das demas empresas pelas centras estara nfluencando na concentração do mercado avícola ganha mportânca nas dscussões relaconadas ao poder de mercado orundo das fusões e aqusções ocorrdas no período analsado. Tabela 2 Índces de razão de concentração para os dferentes tamanhos de frmas (%) Tpo frmas 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Frmas centras 32,28 35,56 36,00 37,47 37,62 37,09 37,44 Frmas grandes 13,15 13,63 13,31 12,64 11,68 11,96 11,03 Frmas potencas 6,17 6,30 5,96 5,26 5,80 5,78 5,78 Socedade Braslera de Economa, Admnstração e Socologa Rural 15

Frmas perfércas 48,40 44,51 44,72 44,63 44,90 45,16 45,75 Fonte: Dados de pesqusa Os resultados obtdos com a aplcação do método de análse desenvolvdo por Wess (1965) estão sumarzados na Tabela 3. Observa-se que a contrbução do crescmento nterno das frmas (Cresc) para a varação total da concentração fo sgnfcatvamente elevada no período 2000/2002 para os dferentes graus de concentração de mercado. Este resultado pode ser explcado pelo sgnfcatvo crescmento obtdo pelo setor no níco da década de 2000 e, com sso, ocorreu um crescmento nterno das frmas para acompanhar a evolução do mercado e atender a demanda crescente por carne de frango n natura. Entretanto, a partr de 2002 os resultados mostram que a contrbução do componente crescmento (Cresc) tornou-se negatva, prncpalmente, entre 2002/2004. Uma explcação plausível para estes resultados pode estar no fato de que três grandes empresas foram adqurdas por empresas que absorveram a produção de frangos dessas e amplaram sua partcpação no mercado. Tabela 3 - Efetos dos dferentes componentes na varação da razão de concentração (%) 2000/2002 CR Cresc Desl FA Saf Entf CR 4 3,73 2,280 0,000 1,211 0,992-0,757 CR 8 3,89 3,438-1,118 1,211 1,397-1,037 CR 12 3,68 2,138-0,092 1,211 1,586-1,163 CR 16 3,38 2,271-0,568 1,211 1,713-1,243 2002/2004 CR Cresc Desl FA Saf Entf CR 4 1,61-0,972 0,000 1,358 2,331-1,105 CR 8-0,02-3,964-2,865 5,068 3,193-1,448 CR 12-0,18-4,341-2,865 5,068 3,579-1,619 CR 16 0,16-2,793-4,200 5,068 3,826-1,741 2004/2006 CR Cresc Desl FA Saf Entf CR 4-0,18-1,435 0,000 1,280 0,773-0,795 CR 8-0,83-2,874 0,000 2,056 1,013-1,029 CR 12-0,85-2,557-0,335 2,056 1,133-1,151 CR 16-0,57-1,812-0,783 2,056 1,218-1,246 Fonte: Dados de pesqusa A parcela de crescmento nterno que se refere ao ncremento necessáro para que as novas frmas líderes alcancem o patamar das antgas frmas líderes (Desl) mostrou-se pouco representatva no período analsado, com exceção de 2002/2004, que demonstrou reduções sgnfcatvas na contrbução para a varação total do índce de concentração para as n frmas. Justfca-se este resultado baseado no fato de que a produção de frangos das maores empresas em 2002 ter sdo superor a produção das maores frmas em 2004 nfluencando, negatvamente, na varação da razão de concentração. O efeto do movmento de saída (Saf) nfluencou postvamente a varação do índce de concentração em todo o período. Por outro lado, as entradas (Entf) contrbuíram negatvamente com a varação da concentração. Estes resultados confrmam a hpótese de Socedade Braslera de Economa, Admnstração e Socologa Rural 16

que quanto mas as empresas entrantes produzrem, menor será o efeto na varação de concentração, e quanto maor a produção das empresas que saem do mercado maor a nfluênca na redução da medda de concentração. O componente que mede o efeto das fusões e aqusções (FA) na varação da concentração de mercado forneceu fortes ndícos que a estratéga tem nfluencado postvamente na elevação da concentração do mercado, e consequentemente do poder de mercado das maores frmas. Entretanto, este efeto é absorvdo pela contrbução contrára no componente que mede o crescmento nterno das frmas. Neste caso, a hpótese de que a fusão ou aqusção pode estar prejudcando a efcênca produtva do setor deve ser levada em consderação, prncpalmente, porque as empresas adqurdas encontram-se, normalmente, com problemas fnanceros, e ao serem adqurdas mantêm o total anterormente produzdo. Destaca-se, no entanto, que o método não permte captar alguns possíves mpactos ndretos e dnâmcos das transações de fusões e aqusções. Nesta perspectva, as fusões e aqusções podem afetar o crescmento nterno da frma de forma postva ou negatva ao longo do tempo. Através de uma estratéga de fusão e aqusção, a frma pode aumentar sua compettvdade e melhorar seu market share. Por outro lado, devdo, por exemplo, à maor complexdade gerencal, a frma poderá ncorrer em aumento de custos e perder partcpação no mercado após a transação. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Dante das fusões e aqusções ocorrdas na ndústra avícola na década de 2000 duas questões ganharam relevânca: o comportamento da razão de concentração ( CR n ) da ndústra avícola e a contrbução das fusões e aqusções na evolução da medda de concentração. Prmeramente, conclu-se que ocorreram elevações sgnfcatvas no índce de concentração, prncpalmente, para as quatro maores empresas do setor ( CR 4 ). Com a dstrbução das frmas em grupos conforme sua produção observou-se que, enquanto as empresas centras apresentam elevações na razão de concentração, as demas ndcaram redução na partcpação de mercado. Assm, há mas um ndíco de que a ndústra amplou sua concentração e, com sso, está ocorrendo uma elevação no poder de mercado das maores empresas. Ressalta-se que o efetvo exercíco do poder de mercado não fo analsado neste artgo, e deve ncar-se com a dentfcação da exstênca de barreras de longo prazo. Na seqüênca, conclu-se que há uma sgnfcatva contrbução das fusões e aqusções na evolução da razão de concentração. Entretanto, essas estratégas podem não estar surtndo efeto sobre a razão de concentração, pos se verfcou a exstênca de contrbuções negatvas no crescmento nterno das frmas que amenzaram os efetos das fusões e aqusções. Portanto, as estratégas de fusão e aqusção têm apresentado ndícos de aumento na concentração de mercado nas empresas do setor avícola. Entretanto, estes resultados não permtem nferr conclusões sobre os efetos da concentração nos preços da carne de frango n natura para dentfcar, o efeto do aumento da concentração sobre o desempenho no mercado avícola braslero. Para tanto, sera necessáro calcular um ndcador de desempenho, como por exemplo: Índce de Lerner. Entretanto, sso não fo o objetvo do artgo. Socedade Braslera de Economa, Admnstração e Socologa Rural 17

Desta forma, há necessdade da realzação de estudos para dentfcar se ocorreu elevação nos preços e no poder de mercado das maores empresas. Além dsso, deve-se verfcar as prncpas barreras à entrada e saída das empresas desse mercado. Para fnalzar, sugere-se a realzação de estudos que levam em consderação os preços pratcados no mercado relevante para dentfcar possíves comportamentos que possam prejudcar o bem-estar econômco da socedade braslera. REFERÊNCIAS ABEF Assocação Braslera dos Produtores e Exportadores de Frango. Relatóros Anuas. Dsponível em: <http://www.abef.com.br/relatoros_anuas.php> Acesso em 07 mar.2008 ACQUISITIONS Consultora Empresaral. Fusão & Aqusção para uma Vantagem Compettva: Melhores Prátcas. Dsponível em: <http://www.acqustons.com.br/download/_fusao_aquscao.pdf> Acesso em: 12 mar.2008. AZEVEDO, Paulo Furqum de. Organzação Industral. In: VASCONCELLOS, Marco Antôno Sandoval; PINHO, Dva Benevdes. (Org.). Manual de Economa: Equpe dos Professores da USP. 5. ed. São Paulo, 2004. BAIN, J. Industral organzaton. New York: John Wley and Sons, 1959. 274p. BARROS, B. T. de. Fusões e aqusções no Brasl: entendendo as razões dos sucessos e fracasso. São Paulo: Atlas, 2003. BENETTI, M. D. Reestruturação das Indústras de Suprmentos Agrícolas no Brasl, nos anos 90: Concentração e Desnaconalzação. Indcadores Econômcos FEE, v. 30, nº. 1, 2002, p.137-165. BNDES Banco Naconal de Desenvolvmento Econômco e Socal. Fusões e Aqusções no setor de almentos. Informe Setoral, nº. 15, Abr.1999. Dsponível em: <http://www.bndes.gov.br/conhecmento/setoral/gs1_15.pdf> Acesso em: 10 mar.2008. CHURCH, Jeffrey; WARE, Roger. Industral Organzaton: A strategc Approach. Boston: Irwn McGraw-Hll, 2000. COPELAND, Tom. Avalação de empresas (Valuaton): calculando e gerencando o valor das empresas. 3. ed., São Paulo: Makron Books, 2004. DEMSETZ, H. Industry structure, market rvalry and publc polcy. Journal of Law and Economcs, vol.16, n.1, 1973, p.1-19. EXAME. Perdgão conclu compra da Batáva por R$ 155. Dsponível em: <mhttp://portalexame.abrl.com.br/negocos/m0144947.html> Acesso em: 12 mar.2008. Socedade Braslera de Economa, Admnstração e Socologa Rural 18