SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO - SIGI: UMA TAREFA MULTIDISCIPLINAR Renata Alves Campos, MSc. Mestre em Engenharia Elétrica Automação - pela Universidade Federal do Espírito Santo UFES Professora do Departamento de Engenharia Elétrica Faculdade Novo Milênio renatacampos1@terra.com.br José Ricardo de Moraes Lopes, MSc. Mestre em Sistemas de Gestão Gestão do Meio Ambiente - pelo Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal Fluminense UFF Professor da Faculdade de Administração Faculdade Estácio de Sá de Vitória e Vila Velha jrlopes21@terra.com.br Resumo: A informação como instrumento de gestão integrado tem um valor altamente significativo, pois representa poder para quem a utiliza. Ela está presente nas atividades que envolvam pessoas, atividades gerenciais em unidades de negócios, processos, sistemas, recursos financeiros, tecnologia, etc., por essa razão, os autores propõem no presente artigo uma nova metodologia denominada de SIGI Sistemas Integrados de Gestão da Informação. Com esta abordagem, a organização poderá evoluir para a chamada empresa baseada na informação integrada, onde compartilhamento da informação e dos trabalhos executados, de forma cooperativa, são os principais focos da estratégia da gestão proposta. Este artigo apresenta uma proposta metodológica de gestão dos sistemas de informação e sua abrangência multidisciplinar na era do conhecimento e dos novos sentidos do trabalho numa corporação que dependa das interações e capacitações que os Sistemas Integrados de Gestão da Informação são capazes de fazer. Eles representam uma resposta adequada aos interesses da gestão corporativa integrada e aos processos decisórios que envolvam riscos de forma a manter as margens de externalidades negativas minimizadas e em condições necessárias de ganhos e oportunidades. Palavras-chaves: gestão integrada, sistemas, informação, tecnologia e multidisciplinaridade.
1. Introdução As técnicas carregam consigo projetos, idéias, interesses econômicos, implicações sociais e culturais. Sua presença e uso em lugar e época determinados cristalizam relações de força sempre diferentes entre seres humanos. Não se pode falar de tecnologia, sem mencionar os efeitos sócio-culturais que elas trazem. Uma técnica é produzida dentro de uma cultura e uma sociedade encontra-se condicionada por suas técnicas. Dizer que a técnica condiciona, significa dizer que abre algumas possibilidades, que algumas opções culturais ou sociais não poderiam ser pensadas sem sua presença. Ao longo da história da humanidade diversas tecnologias foram inventadas para facilitar a comunicação, que é instrumento fundamental na interação entre sujeitos. Entre estas tecnologias, destacam-se: o alfabeto, a imprensa, o cinema e o correio. O desenvolvimento da sociedade se acentuou a partir da invenção da imprensa e conseqüente popularização do texto impresso, revolucionando a divulgação de idéias. Recentemente, a menos de 60 anos, surgiu o computador. A sua popularização viabilizou a chegada destas máquinas, primeiramente no cenário do trabalho, posteriormente nas casas e nas escolas. Através dele pode-se integrar diferentes mídias, ampliando assim a linguagem com que podemos desenvolver as nossas produções. O mundo da hipermídia amplia as possibilidades de agir e de comunicação, desafia a criatividade e funciona como elemento de motivação. A maioria dos usuários de computadores não está interessada no computador em si, mas na obtenção de informação. De acordo com esta realidade, percebe-se a necessidade de desenvolver Sistemas Integrados de Gestão da Informação que sejam amigáveis, naturais, intuitivos, enfim, que sejam úteis e que de alguma forma se adaptem ao usuário de acordo com suas características e necessidades. Isto trouxe para a área de desenvolvimento de sistemas a necessidade de inúmeros novos conhecimentos de ordem humanística, psicológica, ergonômica, lingüística, semiótica, de design, de comunicação em geral e também de engenharia cognitiva.
2. O que é gestão? A gestão pode ser compreendida e definida como o ato de gerir, gerenciar, gestionar, administrar, medir uma empresa ou uma unidade departamental. O ato de gestão sempre envolve pessoas (capital intelectual e mão-de-obra), processos (atividades ou funções) e recursos pertinentes diversos. Para gerir uma empresa ou fazer gestão departamental, será necessário o domínio e conhecimento das principais ferramentas de gestão corporativa, das atividades e habilidades que envolvam diferentes compromissos de gerência e de gestores, ou seja, do planejamento e execução de tarefas, atividades e procedimentos que envolvem os negócios do mercado e da responsabilidade social com as partes interessadas, ou seja, os stakeholders. O termo sistema de gestão na era do conhecimento e da informação no mundo global será aqui abordado como diretrizes multidisciplinares e atividades correlatas às informações gerenciais e de planejamento em empresas e como tarefa multidisciplinar que associa pessoas, administração, tecnologia e organizações e todos os desempenhos operacionais relacionados ao modo de empreender um processo, idéia, programa etc. Fazer gestão envolve planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras tarefas e desempenhos realizados com o objetivo de obter efeitos ou externalidades, se possíveis, positivas, quer reduzindo ou eliminando os impactos, danos, incidentes, acidentes e problemas causados pelas ações humanas com o uso de equipamentos e tecnologias ou não. A expressão gestão aplica-se a uma grande variedade de iniciativas relativas a qualquer tipo de problema que envolva desempenho simples ou complexo, cartesiano ou holístico, unidimensional ou multidimensional, reduzido ou abrangente, limitado ou ilimitado, forte ou fraco etc., ou seja, variedades que definam a lógica e a racionalidade do modelo a ser operacionalizado, desde que a gestão seja de fato uma atitude de planejamento com parâmetros definidos para a correta execução do gerente. Qualquer proposta de gestão a ser executada por um gestor, inicialmente, e por um gerente, posteriormente, deverá incluir no mínimo três dimensões, a saber: 1) a dimensão espacial que concerne à área na qual se espera que as ações de gestão tenham eficiência e eficácia; 2) a dimensão temática que delimita as questões do escopo às quais as ações se destinam, e; 3) a dimensão institucional relativa aos agentes que tomaram decisões e as iniciativas de gestão a serem executadas pelos gerentes.
A maior ênfase ao se pensar em gestão e gestores nas corporações está associada à preocupação com o desenvolvimento global da empresa e sua interação com os mercados, seu crescimento com gestão da qualidade, meio ambiente, saúde e segurança e responsabilidade social normatizadas, produtividade, focando o negócio principal e a competitividade da mesma. Dentre os modelos de gestão supracitados e existentes, para a gestão da tecnologia da informação, recomenda-se a gestão participativa, vinculada à alta administração da empresa e com trabalhos conjuntos entre as unidades de negócios da empresa e com a sociedade e governos. 3. Sistemas de Informação como instrumento de gestão. Segundo [Laudon, Laudon, 2005], Sistema de Informação é um conjunto de componentes inter-relacionados que coleta (ou recupera), processa, armazena e distribui informações destinadas a apoiar a tomada de decisões e o controle em uma organização. Sistemas de Informação não são somente computadores. É preciso entender a organização, a administração e a tecnologia de informação para usá-los de forma eficiente. Sistemas de Informação é um campo multidisciplinar. Não há uma teoria ou perspectiva única preponderante. Em geral, o campo pode ser dividido em duas abordagens básicas: técnicas (ciência da administração, ciência da computação e pesquisa operacional) e comportamentais (psicologia, economia), onde estas disciplinas trabalhadas em PESSOAS conjunto contribuem com problemas, questões e soluções para o estudo dos sistemas de informação. Sistemas de Informação na verdade são sistemas sociotécnicos.
4. Tipos de Sistemas de Informação. As organizações podem ser divididas em níveis estratégicos, administrativos, de conhecimento e operacional e em cinco áreas funcionais principais: vendas e marketing, fabricação, finanças, contabilidade e recursos humanos, conforme ilustrado na figura 1. Os sistemas de informação atendem a cada um desses níveis e funções. Figura 1: Tipos de Sistemas de Informação. Fonte [Laudon, Laudon, 2005] Geralmente, organizações têm sistemas de apoio ao executivo (SAEs) no nível estratégico; sistemas de informação gerenciais (SIGs) e sistemas de apoio a decisão (SADs) no nível gerencial; sistemas de trabalhadores do conhecimento (STCs) e sistemas de automação de escritório no nível do conhecimento e sistemas de processamento de transação (SPTs) no nível operacional. Os sistemas de cada nível são especializados para atender cada uma das áreas funcionais. Embora seja necessário projetar sistemas diferentes para atender aos diferentes níveis e funções da empresa, um número cada vez maior de empresas está descobrindo vantagens na integração.
4. Sistema Integrado de Gestão da Informação: SIGI Em resposta aos desafios corporativos impostos pelos mais variados sistemas de gestão, várias organizações e governos de diversos países identificaram nas questões relativas aos sistemas de gestão integrados as diretrizes e atividades correlatas às informações gerenciais e de planejamento em empresas. Os importantes fatores de sucesso para a integração sistêmica nas empresas estão associados aos modelos de imput e output dos processos e produtos e a aceitação dos modelos gerenciais, sejam de elaboração de processos e produtos nos mercados interno e externo, especialmente se consideradas as leis e normas vigentes de diferentes gestões já em vigor nos países desenvolvidos, ou que tendam a direcionar parte das atenções para a gestão dos fluxos produtivos e das matérias-primas que compõem os produtos oferecidos aos consumidores nos mais diferentes mercados globais. Desta forma, pensar a importância de um modelo de gestão pode encontrar amparo no pensamento de PEREIRA e SANTOS (2001): Um modelo é, por definição, uma abstração da realidade. É uma representação simplificada de algum fenômeno do mundo real. Por que necessitamos de modelos? Uma razão óbvia é que eles ajudam na compreensão de relações complexas. Do ponto de vista econômico, isso pode ser com freqüência conseguida pelo uso de um modelo a uma fração do custo dos outros métodos. Os modelos podem substituir complexidade por simplicidade. (PEREIRA; SANTOS, 2001, p.37) Diante do exposto, para [LOPES, 2004] entende-se importante que um sistema de gestão integrado esteja representado conceitualmente por um modelo viável para as organizações. A gestão integrada corrobora para aprimorar o conceito de modelo e de desenvolvimento na gestão da produção, que são temas cada vez mais estudados, principalmente na última década, onde grandes partes dos consumidores se tornaram mais exigentes e a população de um modo geral obteve maiores informações a respeito da gestão que pensa no futuro que possa ser planejado. A preocupação com a gestão integrada iniciou uma interação/atuação junto às empresas/indústrias no que tange a administração, tecnologia, organização e sistemas de informação com intuito de gerar e planejar com responsabilidade social conjunta,
políticas de produção e crescimento corretas; dessa forma, qualquer contribuição, mesmo que pequena, é importante para evidenciar e explicitar preocupação com o tema, e dentro desse contexto, a gestão tem como premissa, demonstrar a preocupação das organizações com o aumento da receita e redução dos custos de forma também integrada, no que tange a gestão da produção e suas repercussões na vantagem comercial competitiva presente e futura. Desta forma os autores propõem um modelo para Sistemas Integrados de Gestão da Informação - SIGI que pode ser visualizado na figura 2. SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO SIGI Figura 2: SIGI: Sistemas Integrados de Gestão da Informação. Da perspectiva de uma empresa, o SIGI é uma solução de gestão organizacional complexa, pois envolve tarefas e diálogos constantes e conjuntos entre empresa (nas unidades de negócios), sociedade e governos, bem como, as pessoas dentro e fora da organização, da alta administração, das gerencias e do chão-de-fábrica, tanto para as organizações do mesmo setor, bem como, dos diferentes setores produtivos nos seus diferentes usos de tecnologia adequada. A análise dessa definição deixa clara a ênfase sobre a natureza organizacional e administrativa dos sistemas de informação que devem operacionalizar seus sistemas de forma integrada. 3. Considerações Finais Com a crescente velocidade dos negócios e a evolução tecnológica no ambiente empresarial, os sistemas integrados de gestão das informação tornaram-se ferramentas
essenciais para criar empresas competitivas, gerenciar corporações globais e fornecer serviços e produtos úteis aos clientes. O mundo está na era da informação, em que o conhecimento faz a diferença. A informação e o conhecimento são os diferenciais das empresas e dos profissionais que destacam-se no mercado empresarial inteligente e competitivo. A utilização e a gestão da informação em seus diversos níveis favorecerão as decisões, as soluções e a satisfação dos clientes. O ser humano é parte fundamental neste processo, portanto, deverão ser respeitados seus valores e considerado suas capacidades, experiências e habilidades individuais. Todavia sua capacitação é imprescindível. 4. Referências Bibliográficas [Laudon, Laudon, 2005] Sistemas de Informação Gerenciais: Administrando a empresa digital / Laudon, Kenneth C.; Laudon, Jane P.. 5ª. Edição Pearson Prentice Hall, 2005 LOPES, José Ricardo de Moraes. Sistema de Gestão Ambiental Integrado -SGAI: um modelo conceitual como fundamento da nova administração empresarial. Niterói: UFF, 2004. 196 f.: il. Dissertação (Mestrado em Sistemas de Gestão) Departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal Fluminense, Niteroi, 2004. Orientador: Ubirajara Aluízio de Oliveira Mattos. LOPES, José Ricardo de M. & MATTOS, U. A. O e FORTES, Júlio. Sistema de Gestão Ambiental Integrado (SGAI): proposta metodológica segundo a abordagem da gestão de ruptura. Revista Engenharia: ciência e tecnologia. UFES-CT. ISSN 1414-8692- Volume04- Número 06 Novembro/Dezembro de 2001. PEREIRA, Maria Isabel; SANTOS, Silvio Aparecido dos. Modelo de gestão: uma análise conceitual.são Paulo: Pioneira, 2001.p.37-47.