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AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA 2.169 ESPÍRITO SANTO RELATORA AUTOR(A/S)(ES) PROC.(A/S)(ES) RÉU(É)(S) PROC.(A/S)(ES) : MIN. CÁRMEN LÚCIA :MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO :PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO :MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO :PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA DECISÃO CONFLITO NEGATIVO DE ATRIBUIÇÕES. MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESPÍRITO SANTO E MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO SOBRE CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS GUARDA-VIDAS DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA/ES. CONTRATAÇÃO POR TEMPO DETERMINADO. APURAÇÃO DE LESÃO AO MEIO AMBIENTE DE TRABALHO. MATÉRIA NÃO APRECIADA NO JULGAMENTO DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE N. 3.395. SÚMULA 736. PRECEDENTES. COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA DIRIMIR O CONFLITO. ATRIBUIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. O caso 1. Conflito negativo de atribuições apresentado neste Supremo Tribunal Federal, em 26.6.2013, e autuado como Ação Cível Originária, objetivando a solução de conflito negativo de atribuições entre o

Ministério Público do Espírito Santo e o Ministério Público do Trabalho quanto à apuração de irregularidades relacionadas às condições às quais estão submetidos os guarda-vidas do Município de Vitória/ES no exercício de suas funções. Em 28.2.2011, foi instaurado procedimento preparatório de inquérito civil público na Procuradoria Regional do Trabalho da 17ª Região para apurar denúncia de irregularidades no meio ambiente de trabalho dos Guarda-Vidas contratados por diversos Municípios d[o Estado do Espírito Santo], dentre os quais o Município de Vitória (fl. 8, grifos nossos). Em 13.7.2012, o procedimento foi remetido ao Ministério Público Estadual, ao fundamento de que os guarda-vidas do Município de Vitória/ES seriam servidores estatutários efetivos ou contratados por tempo determinado e que, por tratar-se de regime especial administrativo, compet[iria] à justiça estadual comum processar e julgar controvérsias entre o Município e seus servidores, ainda que a contratação tenha ocorrido em caráter precário ou desvirtuado, conforme sedimentou a jurisprudência d[o Supremo Tribunal Federal] (fl. 98). Em 27.5.2013, o Promotor de Justiça da 26ª Promotoria de Justiça Cível de Vitória/ES suscitou o presente conflito negativo de atribuições, por entender competir à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas envolvendo o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores (fl. 106), nos termos da Súmula n. 736 deste Supremo Tribunal. 2. Em 26.6.2013, o presente conflito negativo de atribuições foi autuado neste Supremo Tribunal como Ação Cível Originária n. 2.169/ES. 3. Em 28.8.2013, o Procurador-Geral da República opinou pelo reconhecimento da atribuição do Ministério Público do Trabalho. 2

Examinados os elementos havidos nos autos, DECIDO. 4. O objeto da presente Ação Cível Originária é a definição da atribuição do Ministério Público do Espírito Santo ou do Ministério Público do Trabalho para apurar denúncia de irregularidades relacionadas ao meio ambiente de trabalho dos guarda-vidas do Município de Vitória/ES. 5. O presente conflito de atribuições deve ser conhecido. Na assentada de 28.9.2005, ao julgar a Petição n. 3.528/BA, Relator o Ministro Marco Aurélio, este Supremo Tribunal reconheceu sua competência para solucionar conflito de atribuições entre órgãos no Ministério Público de diferentes entidades da federação, conforme previsto no art. 102, inc. I, alínea f, da Constituição da República: COMPETÊNCIA - CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES - MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL VERSUS MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. Compete ao Supremo a solução de conflito de atribuições a envolver o Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual. CONFLITO NEGATIVO DE ATRIBUIÇÕES - MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL VERSUS MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL - ROUBO E DESCAMINHO. Define-se o conflito considerado o crime de que cuida o processo. A circunstância de, no roubo, tratar-se de mercadoria alvo de contrabando não desloca a atribuição, para denunciar, do Ministério Público Estadual para o Federal (PET 3.528/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno, DJ 3.3.2006). 6. Na espécie vertente, a Procuradoria Regional do Trabalho da 17ª Região determinou a remessa do procedimento administrativo em foco ao Ministério Público Estadual, ao fundamento de que os guarda-vidas teriam sido contratados por tempo determinado pelo Município de Vitória/ES. Assim, nos termos do que teria sido assentado no julgamento 3

da Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3.395, trata[ndo-se] de regime especial administrativo, compet[iria] à justiça estadual comum processar e julgar controvérsias entre o Município e seus servidores, ainda que a contratação tenha ocorrido em caráter precário ou desvirtuado (fl. 98). 7. Esse entendimento não foi perfilhado pelo Procuradoria-Geral da República, que distinguiu a questão envolvendo o descumprimento de direitos sociais trabalhistas daquela tratada na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3.395. Nessa linha, realçou: [A] jurisprudência dessa Suprema Corte firmou-se no sentido de que é competente a Justiça do Trabalho para processar e julgar ação civil pública referente a ambiente, às condições e à organização do trabalho. ( ) Nesse sentido cumpre destacar a Súmula n. 736 do STF, segundo a qual compete à Justiça do Trabalho a competência para julgar demandas relacionadas a descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde do s trabalhadores. Na espécie, a Procuradoria Regional do Trabalho da 17ª Região instaurou inquérito civil público para apurar o descumprimento das normas relativas ao meio ambiente de trabalho dos guarda vidas contratados pelo Município de Vitória. Como se vê, o referido inquérito civil servirá de base para a propositura de ação civil pública a ser ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho, com o fim de exigir do Poder Público do Município de Vitória o cumprimento de normas relativas à higiene, segurança e saúde dos trabalhadores. De fato, a controvérsia não tem como pano de fundo causa entre a Administração Pública e servidores a ela vinculados, isto é, não se volta a questão em torno de qualquer direito que decorra do regime jurídico administrativo, mas sim, de direito social trabalhista, de alcance coletivo geral, pouco importando a diversidade dos regimes jurídicos dos trabalhadores, uma vez que todos eles estão submetidos às mesmas condições de trabalho (fls. 121-122, grifos nossos). 4

Como apontado pela Procuradoria-Geral da República, a natureza do vínculo jurídico que une os guarda-vidas ao ente público municipal não está em questão naquele procedimento administrativo, que apura irregularidades no meio ambiente de trabalho dos Guarda-Vidas (fl. 8), pelo que inexistiria contrariedade ao que decidido no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3.395/DF, tampouco óbice à atuação do Ministério Público do Trabalho. 8. Em caso análogo ao presente, ao apreciar o alegado desrespeito ao que decidido no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3.395, que decorreria do processamento na Justiça do Trabalho de ação civil pública ajuizada com o objetivo compelir o ente público estadual a cumprir normas trabalhistas relativas à saúde, segurança e higiene no trabalho, este Supremo Tribunal decidiu: EMENTA: CONSTITUCIONAL. RECLAMAÇÃO. ADI 3.395-MC. AÇÃO CIVIL PÚBLICA PROPOSTA NA JUSTIÇA DO TRABALHO, PARA IMPOR AO PODER PÚBLICO PIAUIENSE A OBSERVÂNCIA DAS NORMAS DE SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO NO ÂMBITO DO INSTITUTO MÉDICO LEGAL. IMPROCEDÊNCIA. 1. Alegação de desrespeito ao decidido na ADI 3.395-MC não verificada, porquanto a ação civil pública em foco tem por objeto exigir o cumprimento, pelo Poder Público piauiense, das normas trabalhistas relativas à higiene, segurança e saúde dos trabalhadores. 2. Reclamação improcedente. Prejudicado o agravo regimental interposto (Rcl 3303, Relator o Ministro Ayres Britto, Plenário, DJe 16.5.2008, grifos nossos). A partir dos debates que se travaram naquela assentada, reconheceuse a inexistência de identidade material entre o ato impugnado e a decisão apontada como paradigma de descumprimento. Confira-se, a propósito, os seguintes trechos: O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO: Há um aspecto interessante: como se cuida de uma ação civil pública, o 5

próprio Ministério Público do Trabalho, que a promove (e interveio neste processo como interessado), destaca a inocorrência de ofensa à nossa decisão proferida na ADI 3.395/DF, ao salientar que a Súmula 736/STF reconhece a competência da Justiça do Trabalho para julgar ações como esta que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores (fls. 185). Observou-se, ainda, que os trabalhadores do IML não têm vínculo estatutário nem estão submetidos a regime especial. Quer dizer, trata-se, no caso, de uma decisão judicial, proferida em sede de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho, contra determinada entidade estatal, em decorrência de suposto descumprimento, pelo Poder Público local, de normas de saúde, de higiene e de segurança do trabalho. Descumprimento que, alegadamente, ocorreria no âmbito de uma determinada autarquia estadual ou mesmo no de um órgão da administração pública centralizada. O fato é que essa causa petendi estaria a sugerir, longe de qualquer debate sobre a natureza do vínculo (se laboral, ou não, se de caráter estatutário, ou não), que se pretende, na realidade, e numa perspectiva de pura metaindividualidade, provocada pela iniciativa do Ministério Público, saber se normas referentes à higiene e à saúde do trabalho estariam sendo observadas, ou não, por determinado ente público. O EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO MENEZES DIREITO: Exatamente por esse aspecto o Relator não enfrentou a questão do vínculo. Examina-se, na realidade, apenas a justiça competente para julgar uma ação civil pública relativa à higiene do trabalho. ( ) O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO: Na realidade, o próprio fundamento constitucional da pretensão deduzida pelo Ministério Público do Trabalho, em sede de ação civil pública, reside no inciso II do art. 129 da Constituição. Ora, esse dispositivo, ao dispor sobre as funções institucionais do Ministério Público, qualifica o Parquet como verdadeiro defensor do povo, ao estabelecer que cabe, ao Ministério Público, zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos 6

e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia. Dentre esses direitos de essencialidade inquestionável, está, por sua clara natureza, o direito à saúde. Portanto, não estamos discutindo, no fundo, a natureza do vínculo, nem estamos em face de uma ofensa ou transgressão à autoridade da decisão proferida por esta Corte, em sede cautelar, na ação direta de inconstitucionalidade invocada como paradigma de confronto. Na realidade, o Ministério Público, legitimado ativamente ao ajuizamento da ação civil pública, invoca a proteção jurisdicional a direitos e a interesses transindividuais, com apoio numa cláusula da Constituição que lhe assegura uma das mais relevantes funções institucionais: a de atuar como verdadeiro defensor do povo. ( ) A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - Senhora Presidente, só faço uma ressalva: acompanho, mas exclusivamente pelo fundamento de que, na ação civil pública, o que se questionou foi a condição de trabalho desses servidores, os quais estão submetidos a condições especiais de trabalho, que, segundo o Ministério Público, na ação civil pública, não estariam sendo observadas, e, por isso mesmo, penso que não descumpre, absolutamente, a decisão deste Tribunal, porque não há pertinência com o que foi decidido por este Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3.395 (DJe 16.5.2008). Essa mesma orientação foi reproduzida no julgamento das Reclamações n. 13.113/AM e 12.642/ES, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe 22.3.2013 e 2.3.2012, respectivamente. 9. A apuração dos fatos e a adoção das medidas administrativas ou judiciais necessárias à correção de potencial desrespeito às normas trabalhistas relacionadas ao meio ambiente de trabalho se inserem nas atribuições do Ministério Público Trabalho. Deve-se, por isso, reconhecer a atribuição do Ministério Público do Trabalho para apurar se o Município de Vitória/ES tem, ou não, 7

propiciado adequadas condições para o desempenho das atividades dos guarda-vidas a ele vinculados. 10. Pelo exposto, conheço da presente Ação Cível Originária e declaro competente o Ministério Público do Trabalho para apuração de irregularidades relacionadas às condições de trabalho dos guarda-vidas do Município de Vitória/ES. Publique-se. Brasília, 18 de setembro de 2013. Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora 8