Supremo Tribunal Federal

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1 CONFLITO DE COMPETÊNCIA DISTRITO FEDERAL RELATORA SUSTE.(S) ADV.(A/S) : MIN. ROSA WEBER :VASP - VIAÇÃO AÉREA SÃO PAULO S/A :MARCUS VINÍCIUS DE ALMEIDA RAMOS :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (RECLAMAÇÃO Nº 2771) :JUIZ DO TRABALHO DA 14ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO (ACP Nº 507/05) :TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS (MEDIDA CAUTELAR Nº E AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº ) :JUIZ DE DIREITO DA 16ª VARA CÍVEL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE BRASÍLIA (PROCESSO Nº /04) :JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DE FALÊNCIAS E RECUPERAÇÕES JUDICIAIS DO FORO CENTRAL DA COMARCA DE SÃO PAULO (PROCESSO Nº ) Vistos etc. Trata-se de conflito de competência que tem por suscitante a VASP Viação Aérea São Paulo S/A e por suscitados o Superior Tribunal de Justiça, o Juízo da 14ª Vara do Trabalho de São Paulo, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, o Juízo de Direito da 16ª Vara Cível da Circunscrição Judiciária de Brasília e o Juízo de Direito da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central da Comarca de São Paulo. O Ministério Público Federal resumiu a questão da seguinte maneira: Trata-se de conflito de competência com pedido de medida liminar, suscitado pela Viação Aérea São Paulo S/A VASP, entre o Superior Tribunal de Justiça (Rcl. nº 2.771), o Juízo da 14ª Vara do Trabalho de São Paulo (ACP nº 507/2005), a

2 5ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (MC nº e AI nº ), o Juízo da 16ª Vara Cível de Brasília-DF (Processo nº /04) e o Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central da Comarca de São Paulo (Processo nº ). O Excelentíssimo Sr. Ministro Ricardo Lewandowski, analisando a medida liminar, submeteu a questão à apreciação da Presidência para exame de eventual redistribuição do feito... [...] Com efeito, o Excelentíssimo Senhor Ministro Gilmar Mendes, Presidente do Supremo Tribunal Federal, decidiu, às fls. 294/296, no sentido deste conflito de competência ser redistribuído a Excelentíssima Senhora Ministra Ellen Gracie, relatora do conflito de competência nº (fls ). Os processos citados dizem respeito a disputa por imóvel do Hotel Nacional, que transferiu os bens à SECURINVEST, que, por sua vez, veio a falir. A VASP contesta a alienação dos bens, pois não teria sido sequer consultada, já que era a única acionista do Hotel Nacional. O Juízo de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central da Comarca de São Paulo declarou nula a alienação e determinou que os bens constassem no plano de recuperação judicial da VASP. O Juízo da 14ª Vara do Trabalho de São Paulo determinou constrição dos bens para fins de garantia de execução de crédito trabalhista. O Juízo da 16ª Vara Cível da Seção Especial Judiciária de Brasília determinou a posse do imóvel pertencente ao Hotel Nacional em favor da SECURINVEST. Os processos que correm no TJDFT e no STJ decorrem dessa disputa. O Ministério Público Federal posiciona-se no sentido de que não há invasão de competência do STJ nas esferas de atuação dos demais órgãos, pois sua atuação restringiu-se à apreciação de medida cautelar para suspender os efeitos de decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, sem, de modo algum, entrar no mérito da questão. Opina, pois, pelo não conhecimento do conflito de competência. O pedido deduzido pela suscitante é de que seja reconhecido o conflito de competência para que o Juízo da 1ª Vara de Falências e 2

3 Recuperações Judiciais do Foro Central da Comarca de São Paulo seja declarado competente para tratar de todas as questões referentes ao litígio indicado. Foi requerida, ainda, a concessão de liminar para que sejam suspensas [a] Reclamação nº 2771, a reintegração de posse em curso perante o i. Juízo da 16ª Vara Cível /04 e a ação civil pública que tramita Perante a 14ª Vara do Trabalho de São Paulo/SP 507/05 e os recursos a essas ações relativos (fl. 22). Cumpre acrescentar que o processo foi redistribuído por prevenção à Ministra Ellen Gracie em razão de ter recebido também o citado CC n após o Ministro Gilmar Mendes relator original do processo - ter assumido a Presidência deste Tribunal e, como presidente, reconhecido a conexão entre os dois feitos. Por fim, ressalto que no aludido CC n o Ministro Gilmar Mendes já havia indeferido o pedido de liminar por não verificar o fumus boni iuris, não visualizada a existência de conflito entre o STJ e os demais órgãos do judiciário referenciados. É o relatório. Decido. Depreende-se do contexto fático tratar-se de conflito de competência suscitado em virtude de decisão do Superior Tribunal de Justiça que influencia execução de decisões do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, bem como dos juízos de primeiro grau mencionados no relatório. Portanto, para apreciar o pedido liminar é necessário, antes, saber se é cabível a instauração do incidente processual. Quando relator do CC nº , o Ministro Gilmar Mendes indeferiu o pedido de liminar por não vislumbrar o fumus boni iuris, à compreensão de não haver conflito de competência entre o STJ e os demais órgãos jurisdicionais envolvidos. Analisando o processo, concluo que o Superior Tribunal de Justiça agiu dentro dos estritos limites da sua competência recursal, sem nem mesmo discutir o mérito da questão relativa à posse ou domínio do imóvel em disputa. Não há falar, portanto, em conflito de competência entre aquela Corte Superior e os demais órgãos jurisdicionais indicados 3

4 pelo suscitante. Com efeito, se conflito existe, ele não envolve o Superior Tribunal de Justiça, não se enquadrando, pois, na hipótese do art. 102, I, o, da Magna Carta. Nessa linha é a jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal: E M E N T A: CONFLITO DE COMPETÊNCIA - INCIDENTE SUSCITADO POR PARTES INTERESSADAS - PRETENDIDO RECONHECIMENTO DA EXISTÊNCIA DE CONFLITO DE COMPETÊNCIA ENTRE TRIBUNAL DE JUSTIÇA E O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - IMPOSSIBILIDADE - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. - Não se revela processualmente possível a instauração de conflito de competência entre o Superior Tribunal de Justiça, de um lado, e os Tribunais de Justiça, de outro, pelo fato - juridicamente relevante - de que o Superior Tribunal de Justiça qualifica-se, constitucionalmente, como instância de superposição em relação a tais Cortes judiciárias, exercendo, em face destas, irrecusável competência de derrogação (CF, art. 105, III). Precedentes. - A posição de eminência do Superior Tribunal de Justiça, no plano da organização constitucional do Poder Judiciário, impede que se configure, entre essa Alta Corte e os Tribunais de Justiça, qualquer conflito, positivo ou negativo, de competência (RTJ 143/550), ainda que o dissenso se verifique entre decisão monocrática proferida por Ministro Relator desse Tribunal de índole nacional e julgamento emanado de órgão colegiado situado na estrutura institucional dos Tribunais de Justiça. (CC 7594 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 22/06/2011, DJe-187 DIVULG PUBLIC EMENT VOL PP-00064) CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA. CONFLITO DE JURISDIÇÃO. T.R.F. VS. S.T.J. INOCORRENCIA DE CONFLITO. I. - HIERARQUIA JURISDICIONAL ENTRE O S.T.J. E OS TRIBUNAIS DE 2. GRAU, FEDERAIS E ESTADUAIS, JÁ QUE AS DECISÕES DESTES SÃO 4

5 SUBMETIDAS, MEDIANTE RECURSO, A JURISDIÇÃO DO S.T.J.. SENDO ASSIM, NÃO HÁ FALAR EM CONFLITO DE JURISDIÇÃO OU DE COMPETÊNCIA ENTRE O S.T.J. E AQUELES TRIBUNAIS DE 2. GRAU. II. - CONFLITO DE JURISDIÇÃO NÃO CONHECIDO. (CC 6997, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 12/08/1992, DJ PP EMENT VOL PP RTJ VOL PP-00547) Ante o exposto, forte no art. 21, 1º, do RISTF, nego seguimento ao presente conflito de competência, razão pela qual fica prejudicado o exame do pedido de liminar. Publique-se. Brasília, 17 de dezembro de Ministra Rosa Weber Relatora 5