Supremo Tribunal Federal

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1 RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO MINAS GERAIS RELATORA RECTE.(S) ADV.(A/S) RECDO.(A/S) ADV.(A/S) : MIN. CÁRMEN LÚCIA :NET BELO HORIZONTE LTDA : MARLYTON SANTIAGO DUTRA E OUTRO(A/S) :JOAO BATISTA DE OLIVEIRA FILHO : THIAGO LOPES LIMA NAVES E OUTRO(A/S) DECISÃO AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSUMIDOR. COBRANÇA DE ALUGUEL DE DECODER EM PONTO EXTRA DE TV POR ASSINATURA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO: SÚMULAS 282 E 356 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DE FATOS, DE PROVAS, DE LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL E DA CLÁUSULAS CONTRATUAIS: SÚMULAS N. 279 E 454 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. AGRAVO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. Relatório 1. Agravo nos autos principais contra decisão que inadmitiu recurso extraordinário interposto com base no art. 102, inc. III, alínea a, da Constituição da República. O recurso extraordinário foi interposto contra o seguinte julgado da 10ª Turma Recursal da Comarca de Belo Horizonte: Com efeito, como bem lançado na sentença hostilizada, uma

2 vez que o valor cobrado pela instalação e manutenção do ponto extra encontra-se expresso nas faturas do autor, bastando simples operação aritmética para se chegar ao montante total reclamado, a perícia é dispensável. No mérito, melhor sorte não socorre ao Recorrente, como bem fundamentado pelo D. sentenciante, conquanto após , a Resolução nº 488 de da Anatel, que alterou o art. 30, do Regulamento de Proteção e Defesa dos dos Assinantes dos Serviços de Televisão por Assinatura, excluiu tal possibilidade. ISSO POSTO e por tudo mais que dos autos consta, NEGO PROVIMENTO ao Recurso interposto por NET BELO HORIZONTE LTDA. 2. A Agravante alega que o Tribunal a quo teria contrariado os arts. 1º, inc. IV, 5º, inc. II, e 170, inc. V, da Constituição da República. Argumenta que estabelece o artigo 5º inciso II da Constituição Federal, que ( ). Diante tal dispositivo, conclui-se que a cobrança referente ao aluguel do DECODER instalado no ponto extra contratado pelo recorrido, não é ilegal, pois não existe lei proibindo tal cobrança. A recorrente está sendo condenada a restituir valores cobrados cancelar todos os valores cobrados referente à taxa de aluguel de equipamento decoder instalados nos pontos extras contratados pela recorrida e, ainda a devolver valores pagos pela recorrida, o que causa prejuízo para a recorrente, sendo que a não cobrança do valor pode inviabilizar a prestação dos serviços do ponto extra, o que pode vir a prejudicar os consumidores, caso a recorrente tenha que parar de disponibilizar pontos extras de tv a cabo, por não poder cobrar pelo aluguel do equipamento decoder instalado no ponto extra. 3. O recurso extraordinário foi inadmitido pelo Tribunal de origem sob os fundamentos de incidência da Súmula 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal e de ausência de ofensa constitucional direta. Examinados os elementos havidos no processo, DECIDO. 4. O art. 544 do Código de Processo Civil, com as alterações da Lei n. 2

3 12.322/2010, estabeleceu que o agravo contra decisão que inadmitiu recurso extraordinário processa-se nos autos do processo, ou seja, sem a necessidade de formação de instrumento, sendo este o caso. Analisam-se, portanto, os argumentos postos no agravo, de cuja decisão se terá, então, na sequência, se for o caso, exame do recurso extraordinário. 5. Razão jurídica não assiste à Agravante. 6. Como assentado na decisão agravada, os arts. 1º, inc. IV, 5º, inc. II, 170, inc. V, da Constituição da República, não foram objeto de debate e decisão prévios pelo Tribunal de origem, tampouco foram opostos embargos de declaração com a finalidade de comprovar ter havido, no momento processual próprio, o seu prequestionamento. Incidem na espécie vertente as Súmulas n. 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal. Nesse sentido: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PENAL. CRIME DE ROUBO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA CONSTITUCIONAL. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 282 E 356 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE DO REEXAME DE PROVAS (SÚMULA 279 DO SUPREMO TRIBUNAL). PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO (AI AgR, de minha relatoria, Primeira Turma, DJe ). 7. Ademais, concluir de modo diverso do que decidido nas instâncias originárias demandaria o reexame do conjunto fáticoprobatório constante do processo, da legislação infraconstitucional aplicável à espécie (Resolução n. 488/2009 da Anatel, Código de Defesa do Consumidor e Código de Processo Civil) e do contrato firmado entre as partes, o que inviabiliza o recurso extraordinário. Incidem as Súmulas n. 3

4 279 e 454 do Supremo Tribunal: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇO DE TELEVISÃO POR ASSINATURA. COBRANÇA DO CHAMADO PONTO EXTRA. CONTROVÉRSIA CIRCUNSCRITA AO ÂMBITO INFRACONSTITUCIONAL. PRECEDENTES. VIOLAÇÃO AO INCISO IX DO ART. 93 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INEXISTÊNCIA. 1. Não é possível, em recurso extraordinário, reexaminar a legislação infraconstitucional aplicada ao caso. 2. O aresto impugnado, em que pese haver dissentido dos interesses da parte agravante, está devidamente fundamentado. 3. Agravo regimental desprovido (ARE AgR/RS, Relator o Ministro Ayres Britto, Segunda Turma, DJ ). EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Prequestionamento. Ausência. TV por assinatura. Ponto adicional. Cobrança. Ofensa reflexa. Reexame de cláusulas contratuais e de fatos e provas. Precedentes. 1. Não se admite o recurso extraordinário quando os dispositivos constitucionais que nele se alega violados não estão devidamente prequestionados. Incidência das Súmulas nºs 282 e 356/STF. 2. A afronta aos princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório, dos limites da coisa julgada e da prestação jurisdicional, quando depende, para ser reconhecida como tal, da análise de normas infraconstitucionais, configura apenas ofensa indireta ou reflexa à Constituição da República. 3. Inadmissível, em recurso extraordinário, o reexame de cláusulas contratuais, dos fatos e das provas dos autos e da legislação infraconstitucional. Incidência das Súmulas nºs 454, 279 e 636/STF. 4. Agravo regimental não provido (ARE AgR/RS, Relator o Ministro Dias Toffoli, Primeira Turma, DJ ). EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CONSUMIDOR. TELEVISÃO POR ASSINATURA. COBRANÇA DE PONTO ADICIONAL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA 4

5 CONSTITUCIONAL INDIRETA. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO (ARE AgR/RS, de minha relatoria, Segunda Turma, DJ ). EMENTA DIREITO DO CONSUMIDOR. TV POR ASSINATURA. PONTO ADICIONAL. COBRANÇA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL NÃO CONFIGURADA. EVENTUAL VIOLAÇÃO REFLEXA DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA NÃO VIABILIZA O MANEJO DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO (AI AgR/RJ, Relatora a Ministra Rosa Weber, Primeira Turma, DJ ). Nada há a prover quanto às alegações da Agravante. 8. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo (art. 544, 4º, inc. II, alínea a, do Código de Processo Civil, com as alterações da Lei n /2010, e art. 21, 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal). Publique-se. Brasília, 23 de abril de Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora 5