: MIN. GILMAR MENDES S/A

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1 AGRAVO DE INSTRUMENTO SANTA CATARINA RELATOR AGTE.(S) ADV.(A/S) AGDO.(A/S) ADV.(A/S) : MIN. GILMAR MENDES :COMPANHIA DE SEGUROS ALIANÇA DO BRASIL S/A :JEAN ANDRADE DOS SANTOS :PAULO ROBERTO FABRE :IRAN JOSÉ DE CHAVES DECISÃO: Trata-se de agravo de instrumento contra decisão de inadmissibilidade de recurso extraordinário que impugna acórdão assim ementado: SEGURO DE VIDA INVALIDEZ PERMANENTE COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL AUSÊNCIA DAS CAUSAS À DATA DO AJUSTE INADIMPLEMENTO SOB ALEGATIVA DE DOENÇA PREEXISTENTE CONFIGURAÇÃO DE DANOS EXTRAPATRIMONIAIS INCIDÊNCIA DE JUROS MORATÓRIOS A PARTIR DA CITAÇÃO APELO DA RÉ PROVIDO EM PARTE DESPROVIDO O RECURSO ADESIVO. Inexistindo elementos capazes de indicar que o segurado sofria da doença que ensejou sua aposentadoria por invalidez, à época da contratação do seguro, descabe a recusa ao pagamento da indenização, quanto mais não restar evidenciado que a ré não exigiu qualquer exame médico antes na pessoa do segurado da contratação do seguro, condição fundamental para exclui-lo do risco assumido, no que se refere à eventualidade de doença preexistente. O dano moral exsurge cristalino pelo aborrecimento, a frustração, o tempo despendido com providências entre outros fatores que retiram a qualidade de vida das pessoas, decorrente da atitude irresponsável da requerida. O termo inicial da correção monetária conta-se da ciência inequívoca do sinistro por parte da seguradora. Os lucros cessantes são contados da data da negativa do seguro, enquanto os juros de mora são devidos a partir da citação (Des. Alcides Aguiar) (fls. 160). No recurso extraordinário, interposto com fundamento no artigo

2 102, III, a, da Constituição Federal, aponta-se violação aos artigos 5º, II, X e LV; e 93, IX, do texto constitucional. Nas razões recursais, sustenta-se ausência de prestação jurisdicional e violação aos princípios constitucionais da legalidade e do devido processo legal. Ademais, insurge-se contra a condenação ao pagamento de indenização por danos morais ou, caso esta seja mantida, pleiteia-se a diminuição do quantum arbitrado. Decido. A pretensão recursal não merece prosperar. Inicialmente, verifico que o acórdão recorrido encontra-se devidamente fundamentado, sendo pacífico o entendimento do Supremo Tribunal Federal no sentido de que, se a decisão estiver apropriadamente fundamentada, ainda que não tenha enfrentado especificamente todos os argumentos trazidos pelo recorrente, não há que se falar em violação aos artigos 5º, XXXV; e 93, IX, da Constituição Federal. Saliento, ainda, que esta Corte reconheceu a repercussão geral da questão constitucional acima discutida, ementada nos seguintes termos: Questão de ordem. Agravo de Instrumento. Conversão em recurso extraordinário (CPC, art. 544, 3 e 4 ). 2. Alegação de ofensa aos incisos XXXV e LX do art. 5º e ao inciso IX do art. 93 da Constituição Federal. Inocorrência. 3. O art. 93, IX, da Constituição Federal exige que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas, nem que sejam corretos os fundamentos da decisão. 4. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar a jurisprudência do Tribunal, negar provimento ao recurso e autorizar a adoção dos procedimentos relacionados à repercussão geral (AI-QO-RG , de minha relatoria, Pleno, DJe ). Na espécie, o Tribunal de origem apreciou as questões suscitadas, fundamentando-as de modo suficiente a demonstrar as razões objetivas 2

3 do convencimento do julgador. A prestação jurisdicional foi concedida nos termos da legislação vigente, apesar de ter sido a conclusão contrária aos interesses do recorrente. Portanto, não prospera a alegação de nulidade do acórdão por falta de fundamentação. Ademais, a jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que a alegação de afronta aos princípios do contraditório, da ampla defesa, do devido processo legal e da legalidade configura ofensa meramente reflexa ao texto constitucional quando a controvérsia cingir-se à interpretação ou aplicação de normas infraconstitucionais, o que inviabiliza o prosseguimento do recurso extraordinário. Cito, a propósito, os seguintes precedentes: AI-AgR , Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, DJe ; RE-AgR , Rel. Min. Ellen Gracie, Segunda Turma, DJe ; e o AI-AgR , Rel. Min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJe , este último com acórdão assim ementado: FINANCEIRO. PRECATÓRIO. MÉTODO DE COBRANÇA DE JUROS. DISCUSSÃO BASEADA NA FORÇA DO TRÂNSITO EM JULGADO DE SENTENÇA. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL SUFICIENTE QUE NÃO FOI DEVIDAMENTE ATACADA. AGRAVO REGIMENTAL. Em regra, as alegações de desrespeito aos postulados da legalidade, da motivação dos atos decisórios, do contraditório, do devido processo legal, dos limites da coisa julgada e da prestação jurisdicional podem configurar, quando muito, situações caracterizadoras de ofensa meramente reflexa ao texto da Constituição, hipóteses em que também não se revelará cabível o recurso extraordinário (AI AgR, rel. min. Celso de Mello). Excepcionalidade ausente. Caráter infraconstitucional confirmado. Fundamento suficiente e inatacado. Agravo regimental ao qual se nega provimento. No tocante à condenação ao pagamento de indenização por danos morais e ao valor arbitrado a tal título, o Tribunal de origem decidiu o seguinte: 3

4 No mérito persiste a seguradora na tese de má-fé do segurado ao argumento de que, quando da contratação do seguro de vida este omitiu dados relevantes quanto a sua condição de saúde. Inexistem nos autos elementos a indicar que o segurado sofria da doença que ensejou sua aposentadoria por invalidez, à época da contratação do seguro. Pelo contrário, o relatório de averiguação de sinistro demonstrou a inexistência da doença na época da celebração do contrato. (...) Ademais, dos autos restou evidenciado que a ré não exigiu qualquer exame médico, na pessoa do segurado, antes da contratação do seguro, condição fundamental para exclui-lo do risco assumido, no que se refere à eventualidade de doença preexistente. (...) Ao contrário do afirmado pela seguradora, o magistrado a quo, em que pese de forma concisa, efetuou correta e percuciente análise das circunstâncias que envolveram o caso concreto, inclusive no que diz respeito ao reconhecimento da conduta dolosa praticada pela recorrente. Considerando-se que se deverá observar o caráter compensatório/punitivo da indenização na fixação da verba, mormente em se tratando de prestação de serviços, bem como a condição econômica favorável da ofensora, majoro o quantum ao patamar de R$ ,00 (cento e vinte mil reais), para que se possa compensar devidamente os prejuízos morais sofridos, sem acarretar enriquecimento indevido ao segurado. Para ultrapassar as premissas firmadas nas instâncias originárias, faz-se imprescindível o reexame do acervo fático-probatório, das cláusulas constantes do contrato celebrado entre as partes e da legislação infraconstitucional aplicável à espécie, providência vedada na via do apelo extremo, nos termos das Súmulas 279, 454 e 636 do STF. Nesse sentido, os seguintes precedentes: AI-AgR , Rel. Min. 4

5 Cármen Lúcia, Primeira Turma, DJe e RE-AgR , Rel. Min. Ellen Gracie, Segunda Turma, DJe , este último com acórdão assim ementado: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS. REDUÇÃO DO VALOR DA CONDENAÇÃO. ART. 5º V e X CF/ É inadmissível o recurso extraordinário no qual, a pretexto de ofensa a princípios constitucionais, pretende-se a análise de legislação infraconstitucional. Hipótese de contrariedade indireta ou reflexa ao art. 5º, V e X da Constituição Federal. 2. Agravo regimental não provido. Ante o exposto, nego seguimento ao recurso (arts. 21, 1º, do RISTF e 557, caput, do CPC). Publique-se. Brasília, 28 de agosto de Ministro GILMAR MENDES Relator Documento assinado digitalmente. 5