MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA-GERAL CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO. Processo PGT/CCR /PP nº /2010

Transcrição

1 Origem:Rep 0409/2010 PRT/ 17ª Região Interessado 1: PRT/17ª Região Interessado 2: MPT Assunto: Conflito de Competência (conflito negativo de atribuições entre Membros da PRT/17ª Região) EMENTA: Conflito negativo de atribuições. Distribuição que segue o critério adotado pelo colégio de procuradores. Inexistência de compensação. Pela atribuição do suscitante. I - RELATÓRIO Trata-se de conflito negativo de atribuições suscitado pelo Exmº Procurador do Trabalho, Dr. Estanislau Tallon Bózi. O Dr. Estanislau Tallon Bózi atuou como custos legis nos autos da ACP nº 284/2009, ajuizada pelo Sintrahotéis em face do Condomínio do Michelini Plaza Apart Hotel, Sindicondomínios e Atlantica Hotels International Brasil Ltda., e na qual se discutia a legalidade de cláusula de acordo coletivo, que previa percentual de desconto sobre as gorjetas (vide parecer do MPT às fls. 115/156). Tendo sido noticiado nos autos da referida ACP que cláusula semelhante constava de acordo coletivo firmado entre o Sintrahoteis e o Hotel SENAC, o Dr. Estanislau Tallon Bózi houve por bem sugerir a abertura de representação específica (fl. 167). A Exmª Procuradora-Chefe da PRT/17ª Região deixou, todavia, de instaurar procedimento, aduzindo, em síntese, que a questão já havia sido discutida nos autos da Rep 111/2009, que foi arquivada pelo Dr. Levi Scatolin (vide fl. 173). O Dr. Estanislau Tallon Bózi solicitou reconsideração do despacho (fl. 174). 1

2 A Exmª Procuradora-Chefe reviu o posicionamento anterior e determinou, então, a abertura de representação (autuada sob o nº 409/2010). Determinou ainda que a distribuição recaísse no Dr. Estanislau Tallon Bózi, em razão do deliberado pelo Colégio de Procuradores na reunião de 06 de junho de 2005, a saber: Deliberou-se que quando o procurador for designado para acompanhamento de processo judicial ficará vinculado para investigação de fato denunciado relativo à matéria dos autos ou de fato constatado nos autos do processo judicial, com compensação, vencidos a Dra. Daniele e Dr. Carlos Henrique. O Dr. Estanislau Tallon Bózi suscitou, então, conflito negativo de atribuições, por entender que a distribuição a ele vinculada está equivocada. Alega, em síntese (fls. 171/182): A distribuição por vinculação prende-se à deliberação em reunião realizada na Procuradoria Regional do Trabalho da 17ª Região, no longínquo 6 de junho de (...) A Res. 86, de 27 de agosto de 2009, do Colendo Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho, estabelece o regramento para distribuição dos procedimentos. Assim, aplicam-se ao caso vertente as regras de validade das normas jurídicas ou, na pior das hipóteses, os critérios de solução de antinomias. (...) Não há conexão porque: a) não existe procedimento de investigação, em face dos mesmos investigados, versando sobre o mesmo tema da presente Representação; b) não há Termo de Ajustamento de Conduta assinado pelos mesmos investigados, envolvendo o mesmo (s) tema desta Representação; e c) não existe ação, em face dos mesmos investigados, baseada no mesmo tema objeto destes autos. 2

3 Igualmente não há pertinência ou aproximação temática (...) O Dr. Estanislau Tallon Bózi argumentou, ainda, que o mesmo critério não foi seguido para distribuição da Rep 332/2010, alegando falta de isonomia. O Dr. Estanislau Tallon Bózi agrega, ao final, que a distribuição também foi indevida por estar, à época, designado para integrar o Grupo Especial Interinstitucional de Fiscalização Móvel, em operação no Estado do Pará. Por este motivo, e de acordo com o art. 3º, 7º da Res. 86/2009- CSMPT, o feito não poderia ter sido a ele direcionado. Assim se posicionou (fl. 181-v e 182): No período de 13 a 23 de abril de 2009, este Órgão esteve designado, nos termos do dispositivo transcrito, para integrar o Grupo Especial Interinstitucional de Fiscalização Móvel (GEIFM) em operação no Estado do Pará, consoante Ofício n. 097/2010-CONAETE, de 06 de abril de Desse modo, tendo a distribuição se concretizado em 15 de abril de 2010, revelase indevido o ato, pois o Procurador do Trabalho suscitante se encontrava em efetivo exercício desempenhando atividade específica de interesse do Ministério Público do Trabalho, motivo pelo qual toda e qualquer distribuição haveria de ser integralmente compensada. O Dr. Estanislau Tallon Bózi determinou que fosse dada ciência do conflito suscitado aos demais Procuradores em efetivo exercício na data de 15 de abril de 2010 e ainda que fosse designado membro para resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes. Tomaram ciência do conflito os seguintes membros: Anita Cardoso da Silva, Maria de Lourdes Hora Rocha, Keley 3

4 Kristiane Vago Cristo, Valério Soares Heringer, Antonio Carlos Lopes Soares, Breno da Silva Maia Filho, Ana Lúcia Coelho de Lima (fls. 183 a 187). Após, a Exmª Procuradora-Chefe, Dra. Daniele Correa Santa Catarina, prolatou o seguinte despacho (fl. 188): Vistos, etc. Ciente. Deixo de designar membro para atuar provisoriamente nos presentes autos, por entender que tal atribuição é de competência da própria Câmara de Coordenação e Revisão, já que não se trata de caso urgente. Além disso, no entendimento desta Procuradora-chefe, até que haja deliberação em sentido contrário pela CCR, o Procurador a quem foi distribuído o procedimento é responsável por adotar as medidas que entender cabíveis nos autos, sendo responsável por eventual prejuízo causado às partes e a terceiros. Os autos foram recebidos neste Gabinete em 21 de setembro de É o relatório. II ADMISSIBILIDADE Atendido o disposto no art. 3º da Res. 69/2007 do CSMPT, recebo o presente conflito negativo de atribuições com fulcro no art. 103, VI, da LC 75/93. III FUNDAMENTAÇÃO O Dr. Estanislau Tallon Bózi atuou como custos legis nos autos da ACP nº 284/2009, ajuizada pelo Sintrahotéis em face do Condomínio do Michelini Plaza Apart Hotel, Sindicondomínios e Atlantica Hotels International Brasil Ltda., e na qual se discutia a legalidade de cláusula de 4

5 acordo coletivo, que previa percentual de desconto sobre as gorjetas (vide parecer do MPT às fls. 115/156). Tendo sido noticiado nos autos da referida ACP que cláusula semelhante constava de acordo coletivo firmado entre o Sintrahoteis e o Hotel SENAC, o Dr. Estanislau Tallon Bózi houve por bem sugerir a abertura de representação específica (fl. 167). De fato, não se vislumbra conexão ou ainda pertinência ou aproximação temática a justificar a distribuição por prevenção no presente caso. Todavia, este não foi o fundamento utilizado pela Exmª Procuradora-Chefe da PRT/17ª Região, que determinou que a distribuição da Rep 409/2010 recaísse sobre o Dr. Estanislau Tallón Bozi, com fulcro em deliberação do colégio de Procuradores regional, datada de 05 de junho de Senão vejamos: Deliberou-se que quando o procurador for designado para acompanhamento de processo judicial ficará vinculado para investigação de fato denunciado relativo à matéria dos autos ou de fato constatado nos autos do processo judicial, com compensação, vencidos a Dra. Daniele e Dr. Carlos Henrique. (Ata da Reunião de Procuradores de 06 de junho de 2005). E de acordo com o artigo 29 da Resolução 86/2009- CSMPT, a praxe regional pode ser adotada para resolução dos casos omissos. O Dr. Estanislau Tallon Bózi argumentou ainda que a distribuição foi indevida também por estar, à época, designado para integrar o Grupo Especial Interinstitucional de Fiscalização Móvel, em operação no Estado do Pará. Por este motivo, e de acordo com o art. 3º, 7º da Res. 86/2009- CSMPT, o feito não poderia ter sido a ele direcionado Primeiramente, registro que em 30 de março de 2010, o colégio de Procuradores daquela Regional, decidiu que deveria permanecer a regra atual, qual seja, a inexistência de qualquer compensação, salvo nos afastamentos legais (férias, licença prêmio, licença saúde). E como já dito anteriormente, 5

6 a aplicação da praxe regional é prevista na Res. 86/2009- CSMPT. Ademais, penso que a situação do Dr. Estanislau Tallon Bozi não se enquadra no 7º do art. 3º da REs. 86/2010, conforme por ele fundamentado. Assim diz o dispositivo em comento: 7º: Nas designações de Procurador para desempenho de atividade específica de interesse do Ministério Público do Trabalho haverá compensação integral na distribuição, relativamente aos dias de efetiva realização da respectiva atividade, de acordo com os critérios estabelecidos pelos Membros da Procuradoria, ressalvadas desses critérios as designações do Conselho Nacional do Ministério Público, do Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho e do Procurador-Geral do Trabalho. De fato, a situação do suscitante amolda-se ao disposto no 6º do mesmo dispositivo, já que o Dr. Estanislau Tallon Bózi não é membro da CONAETE, participando apenas como voluntário das operações do Grupo Especial Interinstitucional de Fiscalização Móvel (GEIFM). Senão vejamos: 6º: Não haverá compensação na distribuição do Procurador em razão de participação em audiências judiciais, reuniões internas ou externas, atividades relacionadas à participação voluntária em Coordenação de Fóruns e outras de natureza semelhante. (grifo nosso) Quanto à falta de isonomia, não trouxe o Dr. Estanislau Tallon Bózi qualquer documentação que comprovasse o alegado. 6

7 Por todo o exposto, entendo que deve ser mantida a distribuição ao Dr. Estanislau Tallon Bózi da Rep 409/2010. Entendo oportuno enfatizar que os documentos e deliberações tomadas pelo Colégio de Procuradores da PRT/17ª Região, o qual se reúne constantemente, devem vir aos autos de forma a possibilitar um melhor posicionamento nos conflitos de atribuição, desde que pertinentes à hipótese. É como voto. IV - CONCLUSÃO Com base na fundamentação supra, recebo o conflito negativo de atribuições, e decido pela competência do Exmº Procurador do Trabalho, Dr. Estanislau Tallon Bózi (suscitante). Brasília/DF, 23 de setembro de Lucinea Alves Ocampos Membro da CCR - Relatora 7