MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA-GERAL CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO. Processo PGT/CCR /PP nº /2010

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1 Origem:Rep 0262/2010 PRT/ 17ª Região Interessado 1: PRT/17ª Região Interessado 2: MPT Assunto: Conflito de Competência (conflito negativo de atribuições entre Membros da PRT/17ª Região) EMENTA: Conflito negativo de atribuições. Distribuição imediata. Pela atribuição do suscitante. I - RELATÓRIO Trata-se de conflito negativo de atribuições suscitado pelo Exmº Procurador do Trabalho, Dr. Estanislau Tallon Bózi. Após denúncia da Promotoria Cível de Vitória, foi aberta a Rep 262/2010, em face das empresas CSE Mecânica e Instrumentação (de propriedade de Antonio Sergio Pereira Gil) e Santos Treinamento. O objeto da investigação é possível fraude na emissão de certificados de Curso de Segurança (NR- 10 e NR-33), o qual é exigido pela Petrobrás para trabalho em espaço confinado. A distribuição foi realizada ao Dr. Estanislau Tallon Bózi, em 15/03/2010 (fl. 26). O Dr. Estanislau Tallon Bózi suscitou, em 20/08/2010, conflito negativo de atribuição, aduzindo, em apertada síntese, que a distribuição não foi imediata, como estabelece a Constituição e a legislação interna corporis. Assim se posicionou (fls. 28/32): Assim, a denúncia foi recebida na Procuradoria Regional do Trabalho em 02 de março de 2010, como se vê no registro de protocolo (n ) de fl. 03. Nessa ocasião encontrávamos em gozo de férias regulares. 1

2 Segundo Certidão de Distribuição e Conclusão (fl. 26), os autos foram-nos distribuídos em 15 de março de 2010!!!! Ora, a análise das normas jurídicas e dos fatos conduzem à conclusão de que a distribuição realizada não se enquadra na moldura desenhada pelo Constituinte e pelo Legislador interna corporis. O Dr. Estanislau Tallon Bózi determinou, ao final, que fosse dada ciência do conflito suscitado aos demais Procuradores em efetivo exercício na data de 02 de março de 2010 e ainda que fosse designado membro para resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes. Tomaram ciência do conflito os seguintes membros: Anita Cardoso da Silva, Antonio Carlos Lopes Soares, Maria de Lourdes Hora Rocha, Valério Soares Heringer, Ana Lúcia Coelho de Lima (fls. 33/36). Em 14/09/2010, a Exmª Procuradora-Chefe, Dra. Daniele Correa Santa Catarina, prolatou o seguinte despacho (fl. 37): Vistos, etc. Ciente. Deixo de designar membro para atuar provisoriamente nos presentes autos, por entender que tal atribuição é de competência da própria Câmara de Coordenação e Revisão, já que não se trata de caso urgente. Além disso, no entendimento desta Procuradora-chefe, até que haja deliberação em sentido contrário pela CCR, o Procurador a quem foi distribuído o procedimento é responsável por adotar as medidas que entender cabíveis nos autos, sendo responsável por eventual prejuízo causado às partes e a terceiros. Junte-se cópia dos dois pedidos de providências que tratam da matéria, nºs /2010 e /2010, bem como da decisão da Exmª Corregedora acerca do tema e do relatório da CCR no Procedimento nº PGT/CCR/PP nº 2958/2010. Os autos foram recebidos neste Gabinete em 21 de setembro de É o relatório. 2

3 II ADMISSIBILIDADE Atendido o disposto no art. 3º da Res. 69/2007 do CSMPT, recebo o presente conflito negativo de atribuições com fulcro no art. 103, VI, da LC 75/93. III FUNDAMENTAÇÃO Após denúncia da Promotoria Cível de Vitória, foi aberta a Rep 262/2010, em face das empresas CSE Mecânica e Instrumentação (de propriedade de Antonio Sergio Pereira Gil) e Santos Treinamento. O objeto da investigação é possível fraude na emissão de certificados de Curso de Segurança (NR- 10 e NR-33), o qual é exigido pela Petrobrás para trabalho em espaço confinado. A denúncia foi protocolizada na PRT/17ª Região em 02/03/2010 (fl. 003), autuada em 10/03/2010 (capa) e distribuída ao Dr. Estanislau Tallon Bózi em 15/03/2010. O Dr. Estanislau Tallon Bózi suscitou, em 20/08/2010, conflito negativo de atribuição, aduzindo, em apertada síntese, que a distribuição não foi imediata, como estabelece a Constituição e a legislação interna corporis. Assim, a referida distribuição deveria ter ocorrido em 02/03/2010, e não 15/03/2010. Ocorre que em 02/03/2010 o referido Procurador encontrava-se em gozo de férias, motivo pelo qual a Rep 262/2010 não poderia ter sido a ele distribuída. A tese do suscitante já foi analisada, e refutada, pela Câmara de Coordenação e Revisão, nos autos do processo PGT/CCR/2958/2010(176ª Reunião Ordinária, de 27/04/2010. Certo é que todos os esforços devem ser empreendidos na busca da distribuição imediata, como bem estabelece a Carta Magna. Todavia, a efetivação do referido dispositivo constitucional necessita de todo um aparato de recursos materiais e humanos no âmbito desta Instituição, sendo certo que não somente a PRT/17ª Região, mas o Ministério Público do Trabalho como um todo, está trabalhando para materializar o que foi estabelecido pelo legislador (inclusive o interna corporis, CSMPT). No caso dos autos, verifica-se que ocorreu um curto lapso temporal entre a data do recebimento da denúncia 3

4 (02/03/2010), da autuação (10/03/2010) e da distribuição ao Dr. Estanislau Tallón Bozi (15/03/2010). Oportuno registrar que a conduta da Exmª Procuradora- Chefe da PRT/17ª Região, em especial a ausência de imediatividade na distribuição, já foi questionada pelo douto Procurador suscitante no âmbito da Corregedoria-Geral do MPT, tendo sido autuado como Pedido de Providências nº /2010, o qual foi arquivado nos seguintes termos (fl. 70/71): Ressalto que a requerida, corroborando suas alegações, trouxe aos autos vasta prova documental (fls. 44/100), composta de atas de reuniões do Colégio de Procuradores da Regional, bem como das consultas formuladas ao Conselho Superior e a sua decisão, não conhecendo das referidas consultas. Das citadas atas, verifica-se que a sistemática adotada pela Procuradoria Regional do Trabalho da 17ª Região, quer quanto à distribuição imediata de feitos, quer quanto as distribuições de processos judiciais e procedimentos administrativos aos membros, em suas atuações em primeiro e segundo graus, estão em conformidade com os ditames da Constituição Federal e da Resolução nº 86/2009/CSMPT. A prova documental está também a demonstrar zelo por parte da requerida, na administração da Procuradoria Regional do Trabalho da 17ª Região, principalmente, no tocante a implementação da Resolução nº 86/2009/CSMPT, promovendo diversas reuniões com membros ali lotados, para interpretar e deliberar a respeito das dúvidas surgidas. (...) Verifico, ainda, que na verdade, está o requerente inconformado com as deliberações tomadas pelo Colégio de Procuradores local, no que diz respeito as interpretações dadas a supracitada Resolução, eis que, conforme ressaltado pela requerida e ratificado pelas atas de reuniões carreadas aos autos, [...] é importante ressaltar que o único membro, dos catorze aqui lotados, que vem questionando com freqüência diversos atos que são adotados nesta Regional é o Procurador que apresentou a presente denúncia, Dr. Estanislau Tallon Bozi, restando evidente que 4

5 o descontentamento é individual e não do grupo de Procuradores desta Regional [...] Ressalto, por fim, que em momento algum constatei inércia da administração em relação a implementação dos normativos referidos, tampouco descumprimento dos mesmos (...) - sem grifos no original - Registro, ademais, que a distribuição seguiu o deliberado pelo Colégio de Procuradores da PRT/17ª Região na Reunião Extraordinária de 30 de março de Cite-se trecho da ata: Deliberou-se que a distribuição deverá ser imediata e diária e que deverá ocorrer entre os Membros que estiverem em efetivo exercício na data da efetiva distribuição e não de chegada dos autos ou da denúncia na Procuradoria, vez que é necessário e razoável a concessão de prazo para que a Secretaria adote as medidas administrativas necessárias para realização da distribuição (...) Embora o deliberado acima refira-se a processos judiciais, entendo razoável que se adote o mesmo critério também no que se refere aos procedimentos administrativos. É lamentável a atitude do Dr. Estanislau Tallon Bozi, a qual vem se repetindo em diversos procedimentos, mesmo após a decisão da douta Corregedoria, provocando, assim, um atraso considerável no andamento das representações no âmbito da PRT/17ª Região. O Ministério Público do Trabalho deve primar pelo cumprimento de seu mister (CF/1988, arts. 127 e 129), inclusive pela razoável duração do processo (CF/1988, art. 5º,. LXXVIII), pois os jurisdicionados não podem ficar à mercê de eventuais problemas pelos quais passe a Regional. Assim, estando o suscitante em efetivo exercício na data de 15/03/2010, deve ser mantida a distribuição da Rep. 262/2010 a ele. É como voto. 5

6 IV - CONCLUSÃO Com base na fundamentação supra, recebo o conflito negativo de atribuições, e decido pela competência do Exmº Procurador do Trabalho, Dr. Estanislau Tallon Bózi (suscitante). Brasília/DF, 23 de setembro de Lucinea Alves Ocampos Membro da CCR - Relatora 6