Supremo Tribunal Federal

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1 RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO RIO DE JANEIRO RELATORA RECTE.(S) ADV.(A/S) : MIN. CÁRMEN LÚCIA : TATIANA DO ESPIRITO SANTO E OUTRO(A/S) :LEONARDO ORSINI DE CASTRO AMARANTE E OUTRO(A/S) RECDO.(A/S) :ECATUR- EMPRESA CABISTA DE ADV.(A/S) DESENVOLVIMENTO URBANO E TURISMO DE ARRAIAL DO CABO :DAYSE COSTA BARBALHO RECDO.(A/S) :MUNICÍPIO DE ARRAIAL DO CABO PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR GERAL DO MUNICÍPIO DE ARRAIAL DO CABO DECISÃO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO- PROBATÓRIO: SÚMULA N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA: AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. AGRAVO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. Relatório 1. Agravo nos autos principais contra inadmissão de recurso extraordinário, interposto com base na al. a do inc. III do art. 102 da Constituição da República. 2. A Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro

2 decidiu: Agravo Inominado. Art. 557 do C.P.C. Apelação que teve o seu seguimento negado por R. Decisão Monocrática deste Relator. Ação Indenizatória. SUMÁRIO. I - Responsabilidade Civil. Colisão dos Autores com uma caçamba de lixo. R. Sentença julgando improcedente o pedido. Apelo dos Demandantes. A despeito de a caçamba de lixo estar situada em local de estacionamento proibido se percebe por foto colacionada aos autos ser plenamente possível à passagem de uma motocicleta pela via sem a ocorrência de colisão. Falta de diligência do condutor na direção do veículo. II - Acidente ocorrido em dia chuvoso. Fato confirmado pelos Autores e por uma das Testemunhas em seus depoimentos. Admissão do Segundo Autor, condutor da motocicleta, em depoimento prestado quando do Registro de Ocorrência junto ao 25º Batalhão da Polícia Militar de Cabo Frio, que não observou a presença de uma caçamba de entulhos a sua frente, tendo sua visibilidade prejudicada em razão de seus óculos estarem molhados no momento da colisão. III - Falta de cuidado objetivo dos Autores, especialmente do guia do veículo, na ocasião na qual ocorreu o abalroamento, pois sabedor das condições adversas de tempo e da dificuldade de visão deveria ter dirigido de forma prudente. Conduta dentro do âmbito de previsibilidade de qualquer motorista. Presença de uma das excludentes da responsabilidade civil do Estado. Culpa exclusiva da vítima. IV - Malgrado o I. Magistrado tenha considerado ausente o nexo de causalidade em suas razões de decidir, entende-se não estar afastado tal requisito da demonstração de culpa. Resta comprovada a existência da conduta e do dano gerado por ela, na forma bem esclarecida pela I. Perita. V - Atitude das vítimas frente ao evento danoso foi crucial para ocorrência das lesões corporais e o mais conexo. Não se pode imputar aos Agravados a reparação pelos prejuízos sofridos. Precedentes deste Colendo Sodalício. R. Sentença que se mantém. Manifesta improcedência do Recurso que autoriza a aplicação do art. 557 do C.P.C. c.c. art. 31, inciso VIII, do Regimento Interno deste Tribunal. 2

3 Negado Provimento (grifos nossos). Os embargos declaratórios opostos foram rejeitados. 3. Na decisão agravada, foram adotados como fundamentos para a inadmissibilidade do recurso extraordinário: a) insuficiência da preliminar formal de repercussão geral; b) incidência da Súmula n. 279 do Supremo Tribunal Federal; c) contrariedade indireta à Constituição da República. 4. As Agravantes argumentam que cumpre elucidar que os agravantes propuseram a presente demanda buscando a devida reparação pelos danos decorrentes de grave acidente de trânsito consistente na colisão da motocicleta em que estavam os autores com uma caçamba em péssimo estado de conservação colocada e mantida no meio da via pública, exatamente em frente a uma placa de sinalização de trânsito proibindo estacionamento, estando o local desprovido de qualquer iluminação ou sinalização que pudesse alertar os motoristas da existência da referida caçamba na rua. Evidencia-se, pois, a má aplicação ao caso do Direito vigente, posto que, a toda evidência, a análise da responsabilidade das recorridas deveria respeitar a Teoria do Risco Administrativo, que gera presunção fática em favor da vitima e impõe a ré o ônus de atestar a inexistência de sua responsabilidade de maneira escorreita, o que não ocorreu consoante se depreende da leitura do aresto recorrido. No recurso extraordinário, alega-se ter o Tribunal de origem contrariado os arts. 5, inc. LV, e 37, 6º, da Constituição da República. Apreciada a matéria trazida na espécie, DECIDO. 5. O art. 544 do Código de Processo Civil, com as alterações da Lei n /2010, estabelece que o agravo contra decisão que não admite 3

4 recurso extraordinário processa-se nos autos deste recurso, ou seja, sem a necessidade da formação de instrumento. Sendo este o caso, analisam-se, inicialmente, os argumentos expostos no agravo, de cuja decisão se terá, então, se for o caso, exame do recurso extraordinário. 6. Inicialmente, cumpre afastar o óbice oposto na decisão agravada relativo à insuficiência da preliminar de repercussão geral, pois as Agravantes cumpriram a exigência constitucional relativa a esse item. A superação desse fundamento, todavia, não é suficiente para se acolher a pretensão das Agravantes. 7. A apreciação do pleito recursal dependeria do reexame de provas, procedimento inviável em recurso extraordinário, nos termos da Súmula n. 279 do Supremo Tribunal Federal: ADMINISTRATIVO. SEGUNDO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ALEGADA VIOLAÇÃO AO ART. 37, 6º, DA CF. OFENSA CONSTITUCIONAL REFLEXA. ANÁLISE DOS ASPECTOS FÁTICOS DO NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A CONDUTA DO ESTADO E O DANO. REEXAME DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ÓBICE DA SÚMULA 279/STF. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO (RE AgR-segundo, Relator o Ministro Teori Zavascki, Segunda Turma, DJe , grifos nossos). AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. NECESSIDADE DO REEXAME DE LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL E DO CONJUNTO PROBATÓRIO. OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 279 DO SUPREMO 4

5 TRIBUNAL FEDERAL. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO (AI AgR, de minha relatoria, Primeira Turma, DJe ). 8. Ademais, no julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo n , Relator o Ministro Gilmar Mendes, este Supremo Tribunal assentou inexistir repercussão geral nas alegações de contrariedade aos princípios do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, quando o exame da questão depende de prévia análise da adequada aplicação de normas infraconstitucionais: Alegação de cerceamento do direito de defesa. Tema relativo à suposta violação aos princípios do contraditório, da ampla defesa, dos limites da coisa julgada e do devido processo legal. Julgamento da causa dependente de prévia análise da adequada aplicação das normas infraconstitucionais. Rejeição da repercussão geral (DJe 1º , grifos nossos). Declarada a ausência de repercussão geral, os recursos extraordinários e agravos nos quais suscitada a mesma questão constitucional podem ter o seguimento negado pelos respectivos relatores, conforme o 1º do art. 327 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. Nada há a prover quanto às alegações das Agravantes. 9. Pelo exposto, nego seguimento a este agravo (art. 544, 4º, inc. I, do Código de Processo Civil e arts. 21, 1º, e 327, 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal). Publique-se. Brasília, 21 de agosto de Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora 5