. Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba Gabinete do Desembargador José Ricardo Porto o ACÓRDÃO EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N 001.2008.012917-21001 RELATOR : Desembargador José Ricardo Porto, EMBARGANTE UNIMED Campina Grande Cooperativa de Trabalho Médico Ltda. ADVOGADO : Ramona Porto Amorim e outros EMBARGADO : Josefa Lyra dos Santos. ADVOGADO : Félix Araújo Neto, Félix Araújo Filho e outros EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE )-t OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. EMBARGOS REJEITADOS. Rejeitam-se os embargos declara tórios quando o em. bargante não logra apontar qualquer omissão. obscuridade ou contradição na decisão impugnada A -inconformação aclaratória não é meio idôneo para corrigir os fundamentos de urna decisão. Para tanto, deve a parte insatisfeita valer-se dos recursos verticais previstos no ordenamento processual em vigor. \VISTOS, relatados e discutidos o's autos acima referenciados.
ACOR DAa Primeira Câmara Chiei do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, rejeitar os Embargos de Declaração, divergindo, o Des. Manoel Soares Monteiro apenas no tocante à aplicação de multa em desfavor do Embargante. RELATÓRIO Trata-se de Embargos de Declaração opostos pela UNIMED Campina Grande Cooperativa de Trabalho Médico Ltda, contra o acórdão de fls. 329/338 que negou provimento ao seu Agravo Interno. A Embargante aponta obscuridade no decisum, a fim de que. seja indicado "qual o documento existente nos autos que prova ser a situaçào de urgêncialemergência"(fl. 342). Pugna, ainda, pela manifestação acerca de documentos que foram acostados aos autos pela aludida Cooperativa de Trabalho Médico. Igualmente, aduz pretensa violação aos seguintes dispositivos: a) - ao art. 14, 3, II, do Código de Defesa do Consumidor; b) aos artigos 186 e 188, I, do Código Civil e; c) ao art. 500 do Código de Processo Civil. É o breve relatório. VOTO. do Aresta colegiado. Cumpre analisar pontualmente as razões suscitadas para'a reforma 1. Das obscuridadas. Inicialmente, a Recorrente sustenta que a decisão combatida ;é obscura, uma vez que não declinou qual elemento probatório capaz de respaldar a conclusão de que a Recorrida se encontrava sob premente necessidade, quando houve a recu do atendimento médico.
Vejamos: Todavia, consta no acórdão trecho expresso acerca da questão. 'É oportuno lembrar que a Recorrida é idosa, contando com 73 (setenta e três) anos (1t9 idade, precisando de constantes cuidados médicos por sofrer de hipertensão e de problemas cardíacos e cardiovasculares". (fl. 335) Pois bem, em relação à idade, a cópia da carteira de identidade da. Suplicada demonstra a data do seu nascimento (fl. 15). Já no tocante às doenças - hipertensão e patologia cardíaca e cardiovascular -, a petição inicial está acompanhada de laudos médicos que atestam as condições da Embargada (fls. 39/40). Demais disso, * tal fato não fora especificamente impugnado pela Embargante, o que induz à presunção de veracidade a que se reporta o art. 302 do diploma processual civil. Quanto ao suposto dever que teria o órgão julgador de tratar de todas as provas colacionadas durante o trâmite processual, cumpre lembrar que na atual sistemática processual vigora o princípio do livre convencimento do magistrado, previsto no art. 131 do CPC: Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados. pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento. No presente caso, foram elencados todos os fatos e documentos que levaram ao resultado contra o qual a Suplicante - se opõe. Ademais, o Magistrado não está obrigado a mencionar tudo "o que foi produzido durante a dilação probatória, sendo satisfatório o julgamento que traga. em sua fundamentação, os elementos nos quais está firmado seu posicionamento. Nesse sentido, a jurisprudência: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO. PREQUESTIONAMENTO. REGISTRO EXPRESSO DE
DISPOSITIVO. DESNECESSIDADE. 1. Não há que se falar em omissão no acórdão embargado, porquanto, com fundamentos claros e nítidos, enfrentou todas as questões suscitadas na peça recursal. 2. O magistrado não está obrigado a julgar a questão posta a seu exame de acordo com o pleiteado pelas parte mas, sim, com o seu livre convencimento (art. 131 do CPC), utilizando-se dos fatos, provas, jurisprudência, aspectos. pertinentes ao tema e da legislação que entender aplicável.ao caso concreto. 3. Para se ter como caracterizado o requisito do prequestionamento, é imprescindível que a matéria controvertida tenha merecido, efetivamente, enfrentamento pelo acórdão.: embargado, não sendo necessário, todavia, que o dispositivo que a contém seja expressamente registrado. 4. Não merecem acolhida os declaratórios quando a pretensão nelesveiculada pretende o mero rejulgamento da lide e a menção expressa de dispositivos i! constitucionais. 5. Embargos rejeitados. (STJ; EDROMS 15771: SP; Primeira Turma; Rel. Min. José Augusto Delgado; Julg. 14/10/2003: DJU 17/11/2003; pág. 00201). proclamado. Por conseguinte, não há no decisum ponto obscuro como Do prequestionamerito. Sob o fundamento de que houve otensa aos artigos 186 e 188: 71,. do CC, 14, 3, II, do CDC e 500 do CPC, a Embargante, de forma implícita, prequestioga a ' é matéria. :4, Com efeito, o art. 14, 3. II, do diploma consumerista foi enfrentado no acórdão vergastado, como pinçado nos seguintes trechos: "Defende nas razões recursais que, diante da atuação de terceiro (art. - 14, 3 0, II, do Código de Defesa do Consumidor)..sua responsabilidade foi afastada. Todavia, não há qualquer prova a respeito de tal alegação, de forma que a UNIMED não se desincumbiu de seu dever de comprovar fato
impeditivo do direito da usuária (art. 333, II, do CPC)" (fl. 330). "Ora, nas relações de consumo, competê sao fornecedor comprovar a ocorrência de culpa exclusiva de terceiro para afastar sua,! 4 ' responsabilidade pelo dano causado pela prestação de serviços, eis. t que tal argumento se caracteriza como fato impeditivo do direito do.:::.. consumidor lesado (art. 333. II, do CPC)" (fl. 334). Assim, o tema foi devidamente tratado no momento do exame *:dq.: Apelo, concluindo-se que não era hipótese de aplicar a mencionada excludente. da... responsabilidade civil da empresa fornecedora. da lei adjetiva também foram malferidos. Segue afirmando que os artigos 186 e 188, I, do Código Civil e.500 A propósito, transcrevo tais dispositivos: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 1 - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido: Art. 500. Cada parte interporá o recurso, independentemente, no prazo e observadas as exigências legais. Sendo, porém. vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderira outra parte. O recurso adesivo fica subordinado ao recurso principal e se rege pelas disposições seguintes Observa-se, pois, que as regras pouco têm identificação com a hipótese dos autos, máxime o art. 500 do CPC. Em relação aos artigos 186 e 188, I, do CC restou vincado no acórdão as razões que impõem a condenação da Recorrente ao pagamento de indenização pelos danos causados. Além disso, a Recorrente sequer fundamentou a pretensa violaçãó razão pela cial se torna, inviável, nesta ocasião, um exame aprofundado da matéria t ventilada.
Na verdade, os Embargantes buscam atribuir efeito infringente ao reáirso horizontal, objetivando a rediscussão dos fundamentos da decisão vergastada; o que é inadmissível na via estreita do recurso em disceptação, salvo em hipóteses excepcionais, não verificadas no caso sub examine. Do exposto, conclui-se, em resumo, pela inviabilidade dos Aclaratórios para instaurar uma nova discussão sobre a controvérsia jurídica já apreciada pela Egrégia Primeira Câmara, mas sim, somente para suprimir obscuridade, contradição. ou omissão, eis que se trata de recurso de integração e não de substituição. DECLARAÇÃO. Com essas considerações, REJEITO OS EMBARGOS DE. É o meu voto. Presidiu a sessão o Excelentíssimo Senhor Desembargador José l Ricardo Porto. Participaram da sessão, além deste relator, o Exmo. Des. Manoel Soares Monteiro e o Exmo. Des. José Di Lorenzo Serpa. Guedes Alcoforado. Presente ao - julgamento a Procuradora de Justiça Sônia Maria Sala de Sessões da Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba. em João Pessoa, 30 junho de 2011. Des. José itrd Rorto R I to.)10 3
TRIBUNAL DE. - JUSTIÇA; Coordenadoria Judiciária. Registrado e'r.