Superior Tribunal de Justiça

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1 RELATOR : MINISTRO MASSAMI UYEDA EMENTA AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO - PROCESSUAL CIVIL RESPONSABILIDADE CIVIL - DANOS MORAIS - ASSALTO À MÃO ARMADA EM ÔNIBUS COLETIVO - FORÇA MAIOR - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA EMPRESA TRANSPORTADORA - INEXISTÊNCIA - PRECEDENTES - ENTENDIMENTO DO TRIBUNAL A QUO COADUNA-SE COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE - INCIDÊNCIA DA SÚMULA 83/STJ - AGRAVO IMPROVIDO. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, a Turma, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro. Os Srs. Ministros Fernando Gonçalves, João Otávio de Noronha e Hélio Quaglia Barbosa votaram com o Sr. Ministro. Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Aldir Passarinho Junior. Brasília, 20 de novembro de 2007(data do julgamento). MINISTRO MASSAMI UYEDA Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 17/12/2007 Página 1 de 5

2 AGRAVANTE ADVOGADO AGRAVADO ADVOGADO : MARIA DE LOURDES FIDELIS DA SILVA : SERGIO MANTOVANI E OUTRO(S) : METRA - SISTEMA METROPOLITANO DE TRANSPORTES LTDA : S/ REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO MASSAMI UYEDA (): Cuida-se de agravo regimental interposto por MARIA DE LOURDES FIDELIS DA SILVA em face da decisão de fls. 98/99, desta relatoria, assim ementada: "AGRAVO DE INSTRUMENTO - RESPONSABILIDADE CIVIL - DANOS MORAIS - ASSALTO À MÃO ARMADA EM ÔNIBUS COLETIVO - FORÇA MAIOR - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA EMPRESA TRANSPORTADORA - INEXISTÊNCIA - SÚMULA Nº 83 - INCIDÊNCIA - AGRAVO IMPROVIDO. 1. "Constitui causa excludente da responsabilidade da empresa transportadora o fato inteiramente estranho ao transporte em si, como é o assalto ocorrido no interior do coletivo. Precedentes." (REsp /RJ, 2º Seção, Rel. Min. Barros Monteiro, DJ ). 2. Agravo de instrumento improvido." Busca a ora agravante a reforma da r. decisão, sustentando, em síntese, que não se trata de caso fortuito ou força maior, tendo em vista que "o preposto da empresa ré/agravada deu causa ao acidente noticiado na inaugural e que deu ensejo à propositura da ação indenizatória". Em razão disso, assevera que o dano poderia ter sido evitado se o condutor do ônibus, preposto da empresa ré, tivesse obedecido às ordens dos assaltantes de não colocar o veículo em movimento (fls. 113/121). É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 17/12/2007 Página 2 de 5

3 EMENTA AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO - PROCESSUAL CIVIL RESPONSABILIDADE CIVIL - DANOS MORAIS - ASSALTO À MÃO ARMADA EM ÔNIBUS COLETIVO - FORÇA MAIOR - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA EMPRESA TRANSPORTADORA - INEXISTÊNCIA - PRECEDENTES - ENTENDIMENTO DO TRIBUNAL A QUO COADUNA-SE COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE - INCIDÊNCIA DA SÚMULA 83/STJ - AGRAVO IMPROVIDO. VOTO O EXMO. SR. MINISTRO MASSAMI UYEDA: Não comporta reparos a decisão ora impugnada. Com efeito. O presente agravo regimental não merece provimento, uma vez que, in casu, não foi trazido qualquer subsídio pela agravante com capacidade de possibilitar a alteração dos fundamentos da r. decisão vergastada, e, nesses termos, continuam imaculados e impassíveis os argumentos nos quais o entendimento foi firmado, subsistindo em si mesmas as razões assentadas anteriormente. Observa-se na espécie, que o acórdão recorrido deixou assente que: "Apesar do teor da Súmula 187 do Supremo Tribunal Federal, que dispõe que 'a responsabilidade contratual do transportador pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva', entendo que a mesma não é aplicável ao caso em tela, pelos motivos a seguir expostos e já abordados pela r. sentença. No presente caso, os elementos configurativos do caso fortuito ou força maior estão presentes, já que não se pode ter como presumível a ocorrência de disparos de arma de foto em coletivos. Ademais, trata-se de fato externo e não inerente aos riscos do transporte em si. Embora tenha o transportador, em face do contrato de transporte, obrigação de levar o passageiro, são e salvo, até o seu destino, o assalto ao coletivo consubstancia fato de terceiro, alheio ao transporte em si, rompendo a responsabilidade da transportadora. Não há causalidade entre o assalto, fato estranho à exploração do transporte aos riscos normais deste, e o contrato de transporte, devendo, pois, ser havido como fator excludente da responsabilidade da transportadora. Ademais, no caso em tela, no qual a passageira não sofreu dano algum, a não ser a má experiência de presenciar o assalto e o Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 17/12/2007 Página 3 de 5

4 homicídio do motorista de ônibus. Ora, a prevenção da delinqüência não compete à empresa transportadora, mas sim ao poder público. Portanto, não há como responsabilizar a empresa pelas lesões sofridas pelo passageiro pelo ato de terceiro, completamente estranho ao contrato de transporte." (fls. 56/57) Verifica-se que o v. acórdão recorrido não dissentiu do entendimento deste Tribunal sobre a questão, pois a jurisprudência desta Casa é uníssona no sentido de que o assalto ocorrido no interior de veículo coletivo constitui causa excludente de responsabilidade da empresa transportadora, pois configura fato inteiramente estranho ao contrato de transporte em si. Nesse sentido, já se pronunciou esta Corte: "RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. MORTE DECORRENTE DE ASSALTO À MÃO ARMADA. VIAGEM INTERESTADUAL. FORÇA MAIOR. CONFIGURAÇÃO. A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que assalto à mão armada ocorrido dentro de veículo coletivo constitui excludente de responsabilidade da empresa transportadora (REsp n /RJ, Rel. Min. Barros Monteiro, DJ de ). Recurso especial conhecido e provido." (REsp /MS, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJU p. 370) Bem de ver ser inafastável, in casu, a incidência, por analogia, do enunciado sumular n. 83 desta Corte, inviabilizando o presente recurso. Nega-se, portanto, provimento ao agravo regimental. MINISTRO MASSAMI UYEDA Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 17/12/2007 Página 4 de 5

5 CERTIDÃO DE JULGAMENTO QUARTA TURMA AgRg no Número Registro: 2006/ Ag / SP Números Origem: EM MESA JULGADO: 20/11/2007 Exmo. Sr. Ministro MASSAMI UYEDA Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. ANTÔNIO CARLOS PESSOA LINS Secretária Bela. CLAUDIA AUSTREGÉSILO DE ATHAYDE BECK AUTUAÇÃO ASSUNTO: Civil - Responsabilidade Civil - Indenização AGRAVO REGIMENTAL CERTIDÃO Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro. Os Srs. Ministros Fernando Gonçalves, João Otávio de Noronha e Hélio Quaglia Barbosa votaram com o Sr. Ministro. Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Aldir Passarinho Junior. Brasília, 20 de novembro de 2007 CLAUDIA AUSTREGÉSILO DE ATHAYDE BECK Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 17/12/2007 Página 5 de 5