ACÓRDÃO. t: +, g+ f-/-, Poder Judiciário Estado da Paraíba Tribunal de Justiça

Transcrição

1 t: + g+ f-/- Poder Judiciário Estado da Paraíba Tribunal de Justiça ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N /001 CAPITAL RELATOR : Miguel de Britto Lyra Filho - Juiz de Direito convocado 1 APELANTE : Banco Santander Brasil S/A ADVOGADOS : Janaina Rangel Monteiro e outros 2 APELANTE : Antero Costa Aranha ADVOGADO : João Paulo de Justino e Figueiredo APELADOS : Os mesmos 1' APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA MORA - LIMINAR DEFERIDA BEM ARREMATADO NA 6" VARA DO TRABALHO EM RAZÃO DE DÍVIDA TRABALHISTA AUSÊNCIA DE INTERESSE PROCESSUAL DO PROMOVENTE NÃO CONFIGURAÇÃO POSSIBILIDADE DA CONVERSÃO DA AÇÃO BUSCA E APREENSÃO EM DEPÓSITO APLICAÇÃO DO ART. 40 DO DECRETO- LEI 911/69 E DO ART. 902 I DO CPC PROVIMENTO. - Comprovada as condições da ação bem como os requisitos aptos a sustentar a ação de busca e apreensão e não estando o bem na posse do promovido é admissivel converter a ação de busca e apreensão em depósito com a finalidade de eventualmente compelir o devedor a consignar o valor equivalente do bem em dinheiro. - Art. 40 do Decreto-Lei 911/69 - Se o bem alienado fiduciariamente não for encontrado ou não se achar na posse do devedor o credor poderá requerer a conversão do pedido de busca e apreensão nos mesmos autos em ação de depósito na forma prevista no Capitulo II do Titulo I do Livro IV do Código de Processo Civil. - Art Na petição inicial instruída com a prova literal do depósito e a estimativa do valor da coisa se não constar do contrato o autor pedirá a citação do réu para no prazo de cinco (5) dias: I entregar a coisa depositá-la em juízo ou consignar-lhe o equivalente em dinheiro. 2 APELAÇÃO CÍVEL. INTEMPESTIVIDADE. COMPROVAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO. - O prazo para interposição do recurso de apelação é de quinze dias. A ultrapassagem desse limite legal implica no reconhecimento da extemporaneidade recursal o que obsta seu conhecimento.

2 VISTOS relatados e discutidos os autos acima referenciados. ACORDA a Primeira Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba por maioria para dar provimento à primeira apelação e por unanimidade não conhecer a segunda apelação. RELATÓRIO Trata-se de Ação de Busca e Apreensão proposta pelo BANCO SANTANDER BRASIL S/A em face de ANTERO COSTA ARANHA sob o fundamento de que o requerido deixou de efetuar os pagamentos das prestações contratuais vencidas a partir de 27 de outubro de 2005 incorrendo em mora desde então. O Autor pugnou pela expedição de mandado liminar de busca e apreensão do veículo objeto da obrigação. Deferida liminarmente a busca e apreensão não foi possível I encontrar o veículo pedindo o autor à conversão da busca e apreensão em Ação de Depósito nos termos do Decreto-Lei n 911 de 1969 ante a impossibilidade de ser encontrado o bem dado em garantia do cumprimento do pacto firmado. O promovido contestou admitindo que o bem objeto do litígio da presente ação fora arrematado na Justiça do Trabalho e que tal fato acarreta a carência de ação protestando pela extinção da ação. O MM. Juiz a quo (fls. 86/90) declarou extinto o processo sem julgamento do mérito na forma do art. 267 inc. VI do Código de Processo Civil considerando a falta de interesse processual revogando a liminar concedida. 411 Irresignado o Banco apelou (fls. 92/101) alegando que a sentença merece reforma vez que o Decreto Lei 911/69 determina que se o bem não for encontrado ou não for achado na posse do devedor é facultada ao credor requerer a conversão da busca e apreensão em ação de depósito cabendo ao devedor pagar o equivalente em dinheiro. O apelado apresentou contra-razões às fls. 123/126 pugnando pela manutenção de toda a fundamentação do magistrado sentenciante. O promovido também apelou (fls. 103/109). Não foram apresentadas as contrarrazões do segundo apelo. A douta Procuradoria Geral de Justiça exarou parecer pelo indeferimento do recurso manifestado pelo promovido e pelo provimento do recurso agitado pelo promovente para que seja cassada a sentença a quo. É o relatório. VOTO: Juiz MIGUEL DE BRITTO LYRA FILHO - Relator - P APELAÇÃO: Trata-se de Ação de Busca e Apreensão do veículo marca/modelo Ford Fiesta Sedan gasolina ano modelo/fabricação 2005/2005 cor prata placa MNI2837

3 - chassi 9BFZF20BX e RENAVAN adquirido pelo promovido mediante contrato de financiamento. Ocorre que o promovido encontra-se inadimplente com as prestações vencidas em 27/10/2005 e seguintes o que gerou a presente ação de busca e apreensão. A liminar do pedido de busca e apreensão do citado veículo foi deferida porém não pôde ser cumprida tendo em vista que o veículo fora arrematado pelo Sr. Marcos Félix da Silva nos autos do Processo n da 6 Vara do Trabalho. Na impugnação à contestação o promovente requer que seja convertida em depósito a ação de busca e apreensão para que a parte apresente o bem em juízo ou deposite o valor correspondente. O juízo a quo declarou extinto o processo sem julgamento do mérito na forma do art. 267 VI do CPC revogando a liminar concedida. O Banco apelou pugnando pela reforma da sentença. Merece provimento a primeira apelação. I Verifico que estão presentes as condições da ação quais sejam: a legitimidade da parte a possibilidade jurídica do pedido e o interesse processual. Faz-se mister salientar que o interesse processual do promovente existe pois o fato do bem objeto do litígio ter sido arrematado e não mais estar na posse do promovido não faz com que o promovente deixe de ter interesse processual pois segundo o Decreto-lei 911/69 art 4 0 determina que quando o bem não for encontrado ou não se encontre mais na posse do devedor é facultada ao credor requerer a conversão da ação de busca e apreensão em depósito cabendo ao devedor entregar o bem ou pagar o equivalente em dinheiro. Vejamos: - Art. 4 do Decreto-Lei 911/69 - Se o bem alienado fiduciariamente não for encontrado ou não se achar na posse do devedor o credor poderá requerer a conversão do pedido de busca e apreensão nos mesmos autos em acão de depósito na forma prevista no Capítulo II do Título I do Livro IV do Código de Processo Civil. Assim foi feito pelo Banco que ao saber que o bem tinha sido arrematado pediu imediatamente a conversão da ação de busca e apreensão em depósito não havendo assim que se falar em perda do objeto uma vez que sendo feita a conversão desta em depósito a obrigação do promovido passa a ser a prestação pecuniária quando restar configurada a impossibilidade do depósito da coisa em Juízo. Nesse sentido destaco jurisprudência do STJ: PROCESSUAL CIVIL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. DESAPARECIMENTO DO BEM POR MOTIVO DE INCÊNDIO. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. CONVERSÃO EM DEPÓSITO. PROSSEGUIMENTO PARA EXECUÇÃO DO EQUIVALENTE EM DINHEIRO AO BEM DESAPARECIDO. CPC ART I. A jurisprudência da 2" Seção do STJ consolidou-se no sentido de que em caso de desaparecimento do bem

4 alienado.fiduciariamente é lícito ao credor após a transformação da ação de busca e apreensão em depósito prosseguir nos próprios autos com a cobrança da dívida representada pelo "equivalente em dinheiro" ao automóvel financiado assim entendido o menor entre o seu valor de mercado e o débito apurado. II. Recurso especial conhecido em parte e provido nesta extensão. (REsp / MG. RECURSO ESPECIAL 2007/ Relator(a): Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR (1110). Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA. Data do Julgamento: 18/10/2007. Data da Publicação/Fonte: DJ 10/12/2007 p. 395 estabelece que: Aplica-se também no caso em tela o art. 902 I do CPC que - Art Na petição inicial instruída com a prova literal do depósito e a estimativa do valor da coisa se não constar do contrato o autor pedirá a citação do réu para no prazo de cinco (5) dias: 1 entregar a coisa depositá-la em juizo ou consignar-lhe o equivalente em dinheiro. Com efeito o automóvel pertence ao Banco cabendo ao promovido que exerce pessoalmente o encargo de depositário e detém apenas a posse precária do bem devolvê-lo ou pagar em pecúnia o equivalente. A arrematação do veículo não tem o condão de liberar o ora apelado da responsabilidade de pagar as prestações continuando obrigado contratualmente mormente porque não regularizou sua situação junto ao credor fiduciário. Portanto está claro e evidente que é admissivel converter a ação de busca e apreensão em depósito com a finalidade de eventualmente compelir o devedor a consignar o valor equivalente do bem em dinheiro. Vale ressaltar ainda que o contrato obedeceu aos ditames legais e permitiu diante do inadimplemento a determinação da medida de busca e apreensão do bem que todavia não cumprida ensejou fosse à ação convertida em ação de depósito conforme faculta a lei (artigo 4 do Decreto-lei n 911/69). A mora é evidente as prestações venceram antecipadamente e as conseqüências jurídicas são imperativas. O Réu ora Apelado nos termos do contrato de financiamento com garantia de alienação fiduciária que firmou obrigou-se ao pagamento das prestações e assumiu o encargo de fiel depositário do veiculo alienado fiduciariamente portanto se o bem não se encontra mais na sua posse o mais justo é converter a ação de busca e apreensão em depósito do valor equivalente ao bem objeto da lide. Diante do exposto conheço e dou provimento ao primeiro recurso para reconhecer a existência de interesse processual do promovente no caso em análise declarando em razão disso a conversão da ação de busca e apreensão em depósito para que o réu ora apelado consigne em Juízo o valor equivalente do bem em dinheiro.

5 2" APELAÇÃO: Conforme se observa dos autos a sentença de fls. 86/90 foi publicada na data de 22 de maio de 2008 (fls verso) sendo que a apelação do promovido foi protocolada em 10/06/2008 (fls. 163). Dessa forma verifica-se que o termo final para a interposição do recurso de apelação foi o dia 06/06/2008 prorrogando-se para o dia 09/06/2008. Porém conforme se observa dos autos o recurso interposto pela parte promovente somente foi protocolado na data de 10 de junho de 2008 conforme se percebe com o carimbo de recebimento aposto na petição acostada às fls. 103 dos autos fato que contraria o disposto no art. 508 do Código de Processo Civil. Nesse sentido é o entendimento jurisprudencial: "AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO - APELAÇÃO NÃO CONHECIDA - FALTA DE EXAURIMENTO DA INSTÂNCIA DE ORIGEM NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. Verifica-se que de fato a apelação interposta pelos ora agravados não foi sequer conhecida em face de sua intempestividade. Aplicação da Súmula 281 do STF. Inviável a interposição do recurso especial uma vez que por ter sido o decisório proferido monocraticamente e por não ter sido oposto o recurso eficiente não ocorreu o esgotamento das instâncias ordinárias. Agravo regimental provido para não conhecer do recurso especial." (AgRg no REsp /PB Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS SEGUNDA TURMA julgado em D p. 148) 11 encontrar-se intempestivo. Diante do exposto não conheço do segundo apelo por É corno voto. Presidiu a Sessão o Excelentíssimo Desembargador MANOEL SOARES MONTEIRO. Participaram do julgamento além do Relator Excelentíssimo Doutor MIGUEL DE BRITTO LYRA FILHO Juiz de Direito Convocado em razão da aposentadoria do Exmo. Des. Marcos Antônio Souto Maior o Exmo. Des. Manoel Soares Monteiro revisor e o Exmo. Dr. João Batista Barbosa Juiz convocado em substituição ao Exmo. Desembargador José Di Lorenzo Serpa. Presente à Sessão a Excelentíssima Doutora Sônia Maria Guedes Alcoforado Procuradora de Justiça. Sala das Sessões da Primeira Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba em João Pessoa 17 de dezembro de Jui IG I NO"' YRA FILHO ' or

6 . TRIBUNAL DE JUSTIÇA Coordenador/a Judiciária Registrado em / 09