ADMINISTRAÇÃO GERAL Abordagem Comportamental Teoria Comportamental / Teoria do Desenvolvimento Organizacional DO Parte 3 Prof. Fábio Arruda
ESTILOS DE ADMINISTRAÇÃO A Teoria Comportamental oferece uma variedade de estilos de administração à disposição do administrador. A administração das organizações em geral é condicionada pelos estilos com que os administradores dirigem, dentro delas, o comportamento das pessoas. Por sua vez, os estilos de administração dependem das convicções que os administradores têm a respeito do comportamento humano na organização.
1- Teoria X e Teoria Y McGregor compara dois estilos opostos e antagônicos de administrar: de um lado, um estilo baseado na teoria tradicional, mecanicista e pragmática (a que deu o nome de Teoria X) e, de outro, um estilo baseado nas concepções modernas a respeito do comportamento humano (a que denominou Teoria Y).
a) Teoria X É a concepção tradicional de administração e baseia-se em convicções errôneas e incorretas sobre o comportamento humano: O homem é indolente e preguiçoso por natureza. Ele trabalha o mínimo possível, em troca de recompensas salariais. Falta-lhe ambição: não gosta de assumir responsabilidades e prefere ser dirigido e sentir-se seguro nessa dependência. O homem é egocêntrico e seus objetivos pessoais opõem-se, em geral, aos objetivos da organização. A sua própria natureza leva-o a resistir à mudanças, pois procura sua segurança e pretende não assumir riscos que o ponham em perigo. A sua dependência torna-o incapaz de autocontrole e autodisciplina: ele precisa ser dirigido e controlado pela administração.
A Teoria X representa o típico estilo de administração da Administração Científica de Taylor, da Teoria Clássica de Fayol e da Teoria da Burocracia de Weber: bitolamento da iniciativa individual, aprisionamento da criatividade, estreitamento da atividade profissional através do método e da rotina de trabalho. Quando um administrador impõe arbitrariamente um esquema de trabalho e passa a controlar o comportamento dos subordinados, estará fazendo Teoria X. O fato dele impor autocrática ou suavemente não faz diferença: ambas são maneiras diferentes de se fazer Teoria X. Nota importante: A própria Teoria das Relações Humanas, em seu caráter demagógico e manipulativo, também é uma forma suave e enganosa de se fazer Teoria X.
b) Teoria Y É a moderna concepção de administração de acordo com a Teoria Comportamental. A Teoria Y baseia-se em concepções e premissas atuais e sem preconceitos a respeito da natureza humana. As pessoas não têm desprazer inerente em trabalhar. Dependendo de certas condições, o trabalho pode ser uma fonte de satisfação e recompensa. As pessoas não são passivas ou resistentes às necessidades da empresa. Elas podem tornar-se assim como resultado de sua experiência profissional negativa em outras empresas.
As pessoas têm motivação, potencial de desenvolvimento e capacidade de assumir responsabilidades. O funcionário deve exercitar autodireção e autocontrole. O homem médio aprende sob certas condições, a aceitar, mas também a procurar responsabilidade. A criatividade na solução de problemas empresariais é amplamente distribuída entre as pessoas. Nas condições da vida moderna, as potencialidades intelectuais das pessoas são apenas parcialmente utilizadas.
A Teoria Y propõe um estilo de administração participativo e baseado nos valores humanos e sociais. Enquanto a Teoria X é uma administração através de controles externos impostos às pessoas, a Teoria Y é uma administração por objetivos que realça a iniciativa individual. As duas teorias são opostas entre si. A ideia proposta por McGregor a administração deve criar um ambiente organizacional no qual os membros da organização, em todos os níveis, possam alcançar seus próprios objetivos, dirigindo seus esforços para os objetivos da organização tem levado muitos autores behavioristas (como Argyris, Blake e outros) a buscar um modelo de fusão entre objetivos individuais e objetivos organizacionais. McGregor estava pensando em desenvolver uma Teoria Z quando faleceu.
2- Teoria Z A teoria administrativa tem sido permeada de modismos nas últimas décadas, como APO, CCQ, Teoria X e Y, enriquecimento de cargos, Desenvolvimento Organizacional etc. No início da década de 1980, surgiu outra novidade em alta moda: a Teoria Z, formulada por William Ouchi. Na ocasião, o sucesso econômico do Japão e o elevado padrão de vida da sociedade japonesa despertaram o interesse dos demais países do mundo, que passaram a estudar os fatores determinantes desse notável desempenho.
Entre as principais características da organização japonesa está o seu sistema trabalhista centrado em três instituições tradicionais e milenares, a saber: a) Emprego Vitalício É uma decorrência do preceito de fidelidade total do japonês à empresa na qual trabalha contrabalançado por um profundo respeito e valorização das pessoas nas empresas japonesas. O emprego vitalício enfatizou a necessidade de as empresas admitirem pessoal recém formado, investindo na sua qualificação ao longo do tempo para formar um quadro de empregados suficientemente versátil para suportar os planos de diversificação, ampliação e modernização.
b) Remuneração por antiguidade, isto é, remuneração por maturidade no emprego, à medida que o empregado adquire mais experiência e conhecimento no trabalho. A remuneração por antiguidade sofreu modificações, pois a preocupação com o aumento da produtividade levou a uma revisão dos critérios de remuneração, associando escolaridade, antiguidade e desempenho, fazendo o sistema passar a chamar-se remuneração por maturidade.
c) Sindicato por empresa: cada empresa tem o seu próprio sindicato. O sindicato por empresa é tipicamente japonês e é um sistema que diverge da noção ocidental de que um sindicato deve ser uma organização que transcenda a estrutura de um único empregador ou companhia. A Teoria Z é um modelo de administração participativa. Uma das ideias centrais da Teoria Z é que em toda organização existem tantas particularidades na tarefa de cada pessoa que a alta ou média administração jamais poderá compreender tão bem esse serviço quanto o responsável por realizá-lo. A conclusão é que a empresa somente será eficaz se permitir que cada pessoa tenha autonomia e liberdade para decisões sobre o próprio trabalho.
3- Sistemas de Administração Rensis Likert, um expoente da Teoria Comportamental, considera a Administração um processo relativo, no qual não existem normas e princípios universais válidos para todas as circunstâncias e situações. A partir de suas pesquisas, Likert propõe uma classificação de sistemas de Administração, definindo quatro perfis organizacionais.
Variáveis Principais Processo Decisorial Sistemas de Comunicação Sistema 1 Sistema 2 Sistema 3 Sistema 4 Autoritário- Coercitivo Totalmente centralizado na cúpula da organização Muito precário. Somente comunicações verticais e descendentes carregando ordens Autoritário- Benevolente Centralizado na cúpula, mas permite alguma delegação, de caráter rotineiro Relativamente precário, prevalecendo comunicações descendentes sobre as ascendentes Consultivo Consulta aos níveis inferiores, permitindo participação de delegação A cúpula procura facilitar o fluxo no sentido vertical (descendente e ascendente) e horizontal Participativo Totalmente descentralizado. A cúpula define políticas e controla resultados. Sistemas de comunicação eficientes são fundamentais para o sucesso da empresa
Variáveis Principais Sistema 1 Sistema 2 Sistema 3 Sistema 4 Autoritário-Coercitivo Autoritário- Benevolente Consultivo Participativo Relações Interpessoais Provocam desconfiança. A organização informal é vedada.. São toleradas, com condescendência. Certa confiança nas pessoas e nas relações.. Confiança mútua, participação e envolvimento grupal intensos. Sistemas de Recompensas e Punições Utilização de punições e medidas disciplinares. Raras recompensas (estritamente salariais) Utilização de punições e medidas disciplinares, mas com menor arbitrariedade. Utilização de recompensas materiais (principalmente salariais). Raras punições ou castigos Utilização de recompensas sociais e recompensas materiais e salariais.
Os quatro sistemas de Likert mostram as diferentes alternativas para administrar as empresas. O Sistema 1 refere-se ao sistema organizacional autoritário e autocrático, lembra a Teoria X de McGregor, enquanto o Sistema 4 no lado diametralmente oposto lembra a Teoria Y.
A Organização como um Sistema Social Cooperativo Antecipando-se ao surgimento da Teoria Comportamental, Chester Barnard, publicou um livro propondo uma teoria da cooperação para explicar as organizações. Para sobrepujar suas limitações e ampliar suas capacidades, as pessoas precisam cooperar entre si para melhor alcançar seus objetivos. Uma organização só existe quando ocorrem, conjuntamente, três condições: interação entre duas ou mais pessoas; desejo e disposição para a cooperação; finalidade de alcançar um objetivo comum.