12 de setembro de 2014

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Transcrição:

Capacidade de promover mudanças Para o rating brasileiro a recuperação econômica conduzida por investimento e o rígido cumprimento das metas de superávit primário entre 2% e 3% são essenciais. Por outro lado, ausência de sinais de interrupção e reversão da atual tendência dos indicadores fiscais e da dívida do governo e evolução do PIB abaixo da tendência são mortais. Ricardo Tadeu Martins Economista rmartins@planner.com.br +55 11 2172-2605 Cristiano de Barros Caris ccaris@plannercorretora.com.br +55 11 2172-2564 Reversão positiva do IBC-Br em julho demonstra movimento corretivo: A economia brasileira evoluiu 1,50% em julho, segundo o IBC-Br, após retração de 1,51% em junho, dado revisado de queda de 1,48%. As expectativas de mercado consideravam intervalo entre 0,3% a 1,56% de alta. Dinâmica salarial continua originando pressão inflacionária: Copom mantém o alerta de que um risco significativo reside na possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a inflação. IGP-M confirma reversão de tendência deflacionária: Após deflação de 0,31% na primeira prévia de agosto o IGP-M mostrou alta de 0,26% na primeira prévia de setembro. A aceleração foi provocada por preços mais altos tanto no atacado como no varejo. Criação espetacular de empregos em agosto é a pior desde 2004: Se comparada a julho (11.796) e junho (25.363) a criação de empregos em agosto foi espetacular, de 101.425 postos de trabalho segundo o Caged. Contudo, é 20,54% inferior a agosto de 2013. Vendas no varejo em julho surpreendem negativamente: O volume de vendas no varejo caiu 1,1% em julho sobre junho que ainda recuou 0,7% ante maio. A média das expectativas de mercado era de alta de 0,7%, com intervalo de baixa de 0,1% a alta de 1,3%. Indicadores americanos mantém sinalização de confiança do consumidor: Indicador que mede sentimento ficou em 84,6 na leitura preliminar de setembro, após 82,5 na pesquisa final de agosto. O resultado mais recente é o melhor desde julho de 2013. Produção industrial na Europa se recupera em julho: A produção industrial na Zona do Euro subiu 1% em julho sobre junho e 0,7% na União Européia. Em junho, a indústria teve queda de 0,3% e 0,1%, respectivamente. Em relação a julho de 2013 cresceu 2,2% na ZE e 2% na UE. Estimativas de mercado para os principais indicadores da economia brasileira 2011 2012 2013 2014e 2015e IPCA (%) 6,50% 5,84% 5,91% 6,29% 6,29% IGP-DI (%) 5,01% 8,11% 5,52% 3,80% 5,52% IGP-M (%) 5,10% 7,82% 5,51% 3,81% 5,58% Taxa de câmbio - fim de período (R$/US$) 1,87 2,04 2,34 2,33 2,49 Taxa de câmbio - média de período (R$/US$) 1,67 1,95 2,16 2,28 2,44 Meta Taxa Selic - fim de período (a/a) 11,00% 7,25% 10,00% 11,00% 11,63% Meta Taxa Selic - média de período (a/a) 11,66% 8,52% 8,29% 10,91% 11,52% PIB (% de crescimento) 2,73% 0,87% 2,30% 0,48% 1,10% Fonte: Valor Econômico, IBGE, FGV e BCB. Expectativas Focus-BCB. Página 1

Cenário Interno Capacidade de promover mudanças Como não poderia deixar de ser, além de inquestionável, mas em momento inesperado, o baixo crescimento econômico brasileiro, a deterioração nos indicadores de endividamento público e o consequente impacto negativo no sentimento dos investidores, levou a agência de rating Moody's, a exemplo do que já tinha feito a Standard & Poor s (S&P) em março, a revisar a perspectiva da nota do Brasil, mantida em "Baa2", de "estável" para "negativa". Na verdade, se avaliarmos as condições atuais e a necessidade de ajustes que o próximo governo precisará fazer, o Brasil corre um sério risco de ser rebaixado. A Moody s analisará o próximo governo para tomar novas decisões, devendo esperar, conforme período regulamentar, de 12 a 18 meses, para avaliar a capacidade do novo governo em promover mudanças. Desde o movimento da S&P a política econômica não mudou muito e a reação da Moody's a respeito era esperada. A Fitch também se manifestou em nota, afirmando que a cada ano realiza revisões e "irá atualizar seus ratings se acreditar que os fundamentos de crédito mudaram significativamente", mantendo a nota "BBB" do Brasil com perspectiva "estável". A Moody's aguarda da próxima administração mais conservadorismo na questão fiscal. A perspectiva "negativa", contudo, reflete a "tarefa crescentemente desafiadora enfrentada pelo próximo governo". Ou seja, quando a S&P rebaixou o Brasil, o resultado primário do governo saiu de um superávit de R$ 3,579 bilhões para um déficit de R$ 4,715 bilhões em julho. Em igual período a dívida bruta em proporção do PIB subiu de 57,52% para 59%. Com relação ao momento da divulgação, a Moody's deixava claro desde o começo do ano a necessidade e relevância de melhorias que o Brasil precisava entregar, mas não houve nada significante. Até junho a Moody s mantinha-se otimista com as perspectivas para o Brasil e pretendia esperar as eleições passarem. Contudo, o cenário começou a ficar mais complicado e resolveram realizar a alteração, inclusive confirmado pelo desempenho do PIB no 2º trimestre de 2014 (2T14). Uma reversão desse posicionamento, ou seja, revisão positiva na nota, para "estável", seria necessário segundo a Moody s a "consolidação de uma recuperação econômica conduzida por investimento" e "o cumprimento rígido das metas de superávit primário no intervalo de 2% a 3%". A Moody s considera "improvável" uma elevação do rating brasileiro nos próximos dois anos, já que trabalha com expectativa para o PIB do Brasil de evolução abaixo de 1% em 2014 e abaixo de 2% em 2015, como também de que há poucos sinais de retorno do crescimento ao nível potencial no curto prazo. O rebaixamento da nota do Brasil, segundo a Moody's, poderá vir a acontecer se não houver sinais de que a tendência dos indicadores fiscais e da dívida do governo não vai ser interrompida e revertida, além do crescimento do PIB permanecer abaixo da tendência. "Será essencial para o rating ver quão capaz o próximo governo será de melhorar a trajetória da economia". Página 2

Reversão positiva do IBC-Br em julho demonstra movimento corretivo A economia brasileira evoluiu 1,50% em julho, segundo o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), após retração de 1,51% em junho, dado revisado de queda de 1,48%, considerando a série com ajuste sazonal. As expectativas de mercado consideravam alta de 1%, com intervalo de projeções entre 0,3% a 1,56% de alta. A retração da atividade com as revisões realizadas no 2º trimestre de 2014 ficou em 0,83%, ante 1,2%, sobre o 1T14. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) já havia divulgado o desempenho do PIB, demonstrando retração de 0,6% no 2T14 sobre 1T14. Em relação a julho de 2013 o IBC-Br apresentou baixa de 0,23% na série sem ajuste e queda de 0,31% com ajuste. No acumulado de 2014 o crescimento é de 0,07% sem ajuste assim como com ajuste. Em 12 meses, a evolução é de 1,17% e de 1,14% com ajuste. Face às constantes revisões o IBC-Br medido em 12 meses é mais estável do que a medição mensal, assim como o próprio PIB. Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) 2,00% 1,50% 1,09% 1,00% 1,50% 0,50% 0,00% -0,50% -1,00% -1,50% -2,00% 0,22% 0,37% -0,06% -0,20% -0,11% Dessazonalizado -1,41% 0,10% -0,09% -0,13% -0,46% -1,51% Fonte: Banco Central O indicador do BC leva em conta a trajetória das variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia - agropecuária, indústria e serviços. A estimativa do IBC-Br incorpora a produção estimada para os três setores acrescida dos impostos sobre produtos. O PIB calculado pelo IBGE, por sua vez, é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país durante certo período. No Relatório de Inflação de junho, o BC projetou crescimento do PIB de 1,6% em 2014, dado revisado de 2%. O BC revisará sua projeção no fim de setembro, apresentando nova edição do relatório. Já a pesquisa do Boletim Focus estima crescimento do PIB de 0,48% para a economia em 2014. Página 3

Dinâmica salarial continua originando pressão inflacionária Os preços seguem em patamares elevados, segundo o Copom (Comitê de Política Monetária) em ata da reunião de 03/9, face o ajuste de preços relativos na economia, determinando, portanto, a manutenção da taxa Selic nos atuais 11% ao ano. A resitência da inflação, no entanto, já não é mais a mesma, sendo retirada da ata e que vinha sendo utilizada desde janeiro de 2013, pouco antes do início do ciclo de aperto da taxa de juros. O Banco Central (BC) até julho considerava na ata que o Copom pondera que a elevada variação dos índices de preços ao consumidor nos últimos 12 meses contribui para que a inflação ainda mostre resistência. Afirmava ainda que o comitê antecipava cenário que "contempla inflação resistente nos próximos trimestres". Já na ata da reunião de 03/9 o Copom eliminou essas duas referências, mas deixa claro que, é plausível afirmar que, mantidas as condições monetárias - isto é, levando em conta estratégia que não contempla redução do instrumento de política monetária - a inflação tende a entrar em trajetória de convergência para a meta nos trimestres finais do horizonte de projeção. Os ajustes de preços relativos têm impactos diretos sobre a inflação, mas o Copom reafirma sua visão de que a política monetária pode e deve conter os efeitos de segunda ordem deles decorrentes. O BC relembra que, para combater essas e outras pressões inflacionárias, as condições monetárias foram apertadas, e reforça que os efeitos da elevação da taxa Selic sobre a inflação, em parte, ainda estão por se materializar. O BC reitera que, na presença de níveis de confiança relativamente modestos, os efeitos das ações de política monetária sobre a inflação tendem a ser potencializados. O Copom reforça ainda a avaliação de que o mercado de trabalho permanece como fonte de pressão inflacionária. O Comitê avalia que a dinâmica salarial ainda permanece originando pressões inflacionárias de custos. Além disso, mantém o alerta de que um risco significativo reside na possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a inflação. IGP-M confirma reversão de tendência deflacionária Após ter registrado deflação de 0,31% na primeira prévia de agosto o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) mostrou alta de 0,26% na primeira prévia de setembro, mas acumula no ano alta de 1,82%. Já em 12 meses, a alta foi de 3,61%. A aceleração do IGP-M foi provocada por preços mais altos no atacado e no varejo. No IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo) - com peso de 60% - observou-se uma queda de 0,56% na parcial de agosto para elevação de 0,31% na parcial de setembro. Os produtos agropecuários tiveram o mesmo comportamento (-1,03% para +0,81%) assim como os produtos industriais (-0,39% para +0,13%). Página 4

IGP-M acumulado em 12 meses 9,00% 8,00% 7,00% Projeções* 6,00% 5,00% 4,88% 4,00% 3,00% 2,00% 1,00% Fonte: FGV *Expectativas Focus - BCB Já o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) subiu de 0,03% na prévia de agosto para 0,18% na prévia de setembro, puxado principalmente pelo grupo Alimentação, que saiu de baixa de 0,23% para avanço de 0,01%. Essa classe de despesa foi influenciada, sobretudo, pelo preço das carnes bovinas (-0,92% para +1,14%). Vestuário e Comunicação tiveram deflação, de 0,37% e 0,17%, respectivamente. Com relação ao INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) registrou alta de 0,12% na primeira prévia de setembro, menos intensa do que a verificada em agosto, de 0,44%. O índice relativo a materiais, equipamentos e serviços aumentou 0,26% e o referente ao custo da mão de obra ficou estável. Criação espetacular de empregos em agosto é a pior desde 2004 Se comparada a julho (11.796) e junho (25.363) a criação de empregos em agosto foi espetacular, de 101.425 postos de trabalho segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho. Contudo, o número indica queda de 20,54% quando comparado a agosto de 2013, quando foram criadas 127.648 vagas. A indústria fechou vagas pelo quinto mês consecutivo, atingindo líquido de 4.111 postos. Os dados estão sem ajuste, sem as informações enviadas pelas empresas fora do prazo. Na comparação com o número ajustado de agosto de 2013, de 162.160 novos empregos, a criação foi 37,4% inferior. Página 5

Dados do CAGED e Taxa de Desemprego 350.000 300.000 10,6% 299.415 12,0% 10,0% 250.000 239.123 242.126 8,0% 200.000 150.000 100.000 128.915 133.329 190.446 4,9% 100.938 127.648 101.425 6,0% 4,0% 50.000 2,0% 0 0,0% Fonte: Bloomberg e IBGE *Taxa de Desemprego de abril/2014 No ano foram criados 751.456 novos postos, 31,62% inferior a igual período de 2013, quando foram abertas 1,099 milhão de vagas. A comparação leva em conta o saldo ajustado até julho e agosto sem ajuste. Esse é o pior resultado desde 2004, o início da série histórica disponibilizada pelo Ministério do Trabalho. Há dois meses, o Ministério do Trabalho revisou a meta de criação de novos postos de trabalho neste ano para 1 milhão. A meta anterior era entre 1,3 milhão e 1,4 milhão de novas vagas. No entanto, espera resultados positivos no emprego nos próximos meses, pois segundo o Ministério a reação de agosto é uma tendência. Vendas no varejo em julho surpreendem negativamente Conforme a PMC (Pesquisa Mensal do Comércio) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o volume de vendas no varejo caiu 1,1% em julho sobre junho, já descontados os efeitos sazonais, que ainda recuou 0,7% ante maio. Além de ser a segunda queda consecutiva, o resultado é o pior desde outubro de 2008, quando a variação também foi negativa em 1,1%. A média das expectativas de mercado era de alta de 0,7%, com intervalo de baixa de 0,1% a alta de 1,3%. Na comparação com julho de 2013, as vendas no varejo caíram 0,9%. No acumulado até julho, houve expansão de 3,5% e em 12 meses até julho, o crescimento foi de 4,3%. Página 6

Indicadores de Atividade Econômica (com ajuste sazonal) 140 135 130 125 120 Vendas no Varejo IBC-Br 115 110 105 100 Produção Industrial Fonte: BCB e IBGE Base: média 2009 = 100 A receita nominal do varejo, por sua vez, diminuiu 0,7% em julho, depois da queda de 0,1% em junho frente a maio, já descontados os efeitos sazonais - dado revisado de queda de 0,2%, sendo o segundo mês consecutivo com taxa negativa, após 24 meses apresentando crescimento. Na comparação com julho de 2013, a receita nominal do varejo subiu 5,9%. No acumulado do ano até julho, o aumento correspondeu a 9,8%; nos 12 meses até junho, a receita teve alta de 10,8%. No varejo ampliado, que inclui veículos e motos, partes e peças, e materiais de construção, o volume de vendas subiu 0,8% em julho, após queda de 3,4% em junho. Ante julho de 2013, o volume de vendas caiu 4,9%. No ano até julho, o recuo foi de 0,6%. Nos 12 meses até julho, houve incremento de 1,1%. A receita nominal do varejo ampliado subiu 1,9% em julho, após queda de 3,2% em junho. Em relação a julho de 2013, a receita encolheu 1,1%. No acumulado do ano, cresceu 5% e, em 12 meses, subiu 6,7%. Pelo levantamento do IBGE, entre junho e julho, 6 das 10 atividades registraram variações positivas em termos de volume de vendas, como Veículos e motos, partes e peças (4,3%), Material de construção (3,8%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (2,1%). Em contrapartida, houve queda em Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo e em Móveis e eletrodomésticos, de 1,3 e 4,1%, respectivamente. Parte do fraco resultado das vendas do varejo em julho foi creditado ainda aos efeitos da Copa do Mundo e à menor disposição das famílias em consumidor por causa da conjuntura desfavorável, pois há restrição de crédito e a indústria está desacelerando já a algum tempo. Página 7

Cenário Externo Indicadores americanos mantém sinalização de confiança do consumidor De acordo com pesquisa realizada pela Universidade de Michigan em parceria com a Reuters, a confiança do consumidor americano é a maior em mais de um ano. O indicador que mede esse sentimento ficou em 84,6 na leitura preliminar de setembro, após 82,5 na pesquisa final de agosto. As expectativas eram de uma leitura da ordem de 83. O resultado mais recente é o melhor desde julho de 2013. A pesquisa foi conhecida depois de relatório das vendas do varejo nos Estados Unidos, que tiveram alta de 0,6% em agosto. As vendas no varejo subiram 0,6% em agosto, em relação a julho, e tiveram alta de 5% no comparativo com agosto de 2013, conforme o Departamento do Comércio do país. As vendas de veículos responderam por parte desse avanço, mas excluindo veículos e peças, as vendas varejistas tiveram alta de 0,3% entre julho e agosto. As expectativas eram de um crescimento de 0,6% a 0,7% no varejo americano em agosto. O Departamento revisou o desempenho do comércio varejista em julho, de estabilidade para expansão de 0,3% ante junho. Produção industrial na Europa se recupera em julho A produção industrial na Zona do Euro (ZE) apresentou alta de 1% em julho sobre junho e de 0,7% na União Européia (EU) no mesmo período, conforme a agência de estatísticas Eurostat. Em junho, a indústria teve queda de 0,3% e 0,1%, respectivamente. Em relação a julho de 2013, a produção industrial cresceu 2,2% na ZE e 2% na UE. O resultado pelo comparativo mensal reflete alta na produção industrial na ZE, associado a um aumento de 2,6% nos bens de capital, de 1,2% nos bens de consumo não duráveis e de 0,5% em bens intermediários. Por outro lado, bens de consumo duráveis cederam 1,2% e energia teve baixa de 1,3%. Na UE o avanço da produção industrial decorreu de um incremento de 2,3% em bens de capital, de 0,8% em bens de consumo não duráveis e de 0,4% em bens intermediários. Energia, contudo, caiu 0,6% e bens de consumo duráveis declinaram 0,8%. Página 8

EQUIPE Mario Roberto Mariante, CNPI mmariante@plannercorretora.com.br Cristiano de Barros Caris ccaris@plannercorretora.com.br Luiz Francisco Caetano, CNPI lcaetano@plannercorretora.com.br Victor Luiz de Figueiredo Martins, CNPI vmartins@plannercorretora.com.br Ricardo Tadeu Martins, CNPI* rmartins@planner.com.br DISCLAIMER Este relatório foi preparado pela Planner Corretora e está sendo fornecido exclusivamente com o objetivo de informar. As informações, opiniões, estimativas e projeções referem-se à data presente e estão sujeitas à mudanças como resultado de alterações nas condições de mercado, sem aviso prévio. As informações utilizadas neste relatório foram obtidas das companhias analisadas e de fontes públicas, que acreditamos confiáveis e de boa fé. Contudo, não foram independentemente conferidas e nenhuma garantia, expressa ou implícita, é dada sobre sua exatidão. Nenhuma parte deste relatório pode ser copiada ou redistribuída sem prévio consentimento da Planner Corretora de Valores. (*) Conforme o artigo 16, parágrafo único, da ICVM 483, declaro ser inteiramente responsável pelas informações e afirmações contidas neste relatório de análise. Declaração do(s) analista(s) de valores mobiliários (de investimento), nos termos do art. 17 da ICVM 483 O(s) analista(s) de valores mobiliários (de investimento) envolvido(s) na elaboração deste relatório declara(m) que as recomendações contidas neste refletem exclusivamente sua(s) opinião(ões) pessoal(is) sobre a companhia e seus valores mobiliários e foram elaboradas de forma independente e autônoma, inclusive em relação à Planner Corretora e demais empresas do Grupo. Declaração do empregador do analista, nos termos do art. 18 da ICVM 483 A Planner Corretora e demais empresas do Grupo declaram que podem ser remuneradas por serviços prestados à(s) companhia(s) analisada(s) neste relatório. Página 9