LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA EM CANINO RELATO DE CASO CHRONIC LYMPHOCITIC LEUKEMIA IN DOG CASE REPORT
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- Sílvia Padilha Teves
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1 LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA EM CANINO RELATO DE CASO CHRONIC LYMPHOCITIC LEUKEMIA IN DOG CASE REPORT Viviane Mota dos Santos MORETTO¹, Jéssica Iglesias de SOUZA², Aline MAGALHÃES¹, Darlan Henrique CANEI¹, Fernando Henrique FURLAN³, Valeria Régia Franco SOUSA³, Arleana do Bom Parto Ferreira de ALMEIDA³. 1 Aluna de pós-graduação do curso de residência da Faculdade Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá-MT. (vivis.moretto@gmail.com). 2 Aluna de graduação de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT. 3 Professor adjunto da Faculdade Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá-MT. Resumo: O presente relato tem como objetivo descrever o caso de uma fêmea canina, Sem Raça Definida (SRD), nove anos de idade, diagnosticada com leucemia linfocítica crônica (LLC). O hemograma revelou intensa leucocitose por linfocitose, e juntamente à citologia em esfregaço sanguíneo, indicaram a Leucemia como provável diagnóstico. A leucemia linfocítica crônica foi confirmada posteriormente após a necropsia por meio da histopatologia, que constatou presença de linfócitos atípicos em substância branca (sistema nervoso central), coração, pulmão, fígado, rins, linfonodos, e pela observação de uma massa substituindo a medula óssea, composta de linfócitos pequenos e bem diferenciados. Palavras-chave: leucemia, linfócitos atípicos, medula óssea, histopatologia. Keywords: leukemia, atypical lymphocytes, bone marrow, histopathology. Revisão de literatura: Leucemia é um termo que se refere a neoplasias malignas no sistema hematopoiético com origem na medula óssea, onde pode ser encontrada uma grande quantidade de células neoplásicas na corrente sanguínea ou não (McGAVIN, 2013). A classificação das leucemias é baseada na linhagem das células afetadas, podendo ser linfoide ou mieloide (SANTOS et al., 2016). Podem também ser classificadas como agudas ou crônicas, baseando-se no grau de diferenciação das células. A leucemia linfocítica aguda (LLA) ocorre com maior frequência (ADAM et Anais do 38º CBA, p.1859
2 al., 2009). As leucemias crônicas possuem um curso longo, com percurssores tardios e células bem diferenciadas (NELSON e COUTO et al., 2015), estas sendo morfologicamente semelhantes à linfócitos normais e maduros (PRESLEY, 2006). A leucemia linfocítica crônica (LLC) é relatada como uma patologia rara, com ocorrência mais frequente em cães adultos ou idosos (MEYER, 1998). Os aspectos clínicos da LLC são inespecíficos, e alguns dos sinais incluem letargia, êmese, hepatomegalia, esplenomegalia, leve aumento dos linfonodos, diarreia, hipertermia e perda de peso (NELSON e COUTO et al., 2015). A causa para esta enfermidade permanece não conhecida (PRESLEY, 2006). Diante do exposto, este resumo tem por objetivo relatar um caso de leucemia linfocítica crônica em um cão atendido no Hospital Veterinário da UFMT-Cuiabá, através dos sinais clínicos, exame físico, alterações em exames e achados histopatológicos. Descrição do Caso: Canina, SRD, nove anos de idade, fêmea, foi atendida no setor de clínica médica de pequenos animais do Hospital Veterinário da UFMT-Cuiabá, sob a queixa de hiporexia, membros pélvicos edemaciados e dificuldade locomotora há três dias. Ao exame clínico constatou-se secreção ocular, nistagmo, membros pélvicos edemaciados, hepatoesplenomegalia a palpação e febre (40,2 C). Durante a triagem do animal foi pedido o teste rápido SensPert, para diagnóstico de cinomose, devido a secreção ocular, nistagmo e dificuldade locomotora, porém o teste foi negativo para cinomose. Foram solicitados também radiografia de membros pélvicos, sem alterações dignas de nota, hemograma e bioquímica sérica (Alanino aminotransferase (ALT), Albumina, Uréia e Creatinina), tendo como anormalidades bioquímicas hipoalbuminemia (1,5 g/dl) e aumento de ALT (106 g/l). A alteração mais significativa foi no hemograma que revelou anemia (18,4%), trombocitopenia (31 x10³/mm³) e linfocitose acentuada (225,4x10³/µL), que em esfregaço sanguíneo foi observado linfócitos atípicos (75%), com núcleos irregulares e vacúolos no citoplasma. A partir da considerável linfocitose e citologia em esfregaço sanguíneo a Leucemia foi considerada como diagnóstico. No mesmo dia de atendimento o animal foi internado, permanecendo apenas um dia devido à óbito. Durante a internação animal apresentou convulsão, hipotermia e diarreia com presença de endoparasitas. Anais do 38º CBA, p.1860
3 O animal foi encaminhado ao laboratório de Patologia Veterinária do Hospital Veterinário da UFMT-Cuiabá e submetido a necropsia e posterior avaliação histopatológica. Em fragmentos de coração, pulmão, fígado, rins, linfonodos e sistema nervoso central notou-se linfocitose moderada a acentuada difusa, caracterizada por vasos sanguíneos dilatados e repletos de linfócitos pequenos atípicos. Adicionalmente, preenchendo e substituindo o espaço ocupado pela medula óssea haviam incontáveis linfócitos pequenos atípicos. Baseando-se nos sinais clínicos, alterações séricas e alterações morfológicas diagnosticou-se leucemia linfocítica crônica. Discussão: A LLC possui prevalência maior em cães de meia idade, conforme o caso relatado (PRESLEY et al. 2006; ALENCAR, 2008; McGAVIN, 2013; NELSON e COUTO, 2015), porém também ocorrem em cães jovens segundo Santos et al. (2016). De acordo com Nelson e Couto (2015), os achados do exame físico na LLC incluem linfoadenopatia generalizada leve, letargia, esplenomegalia, hepatomegalia, pirexia e palidez de mucosas, sendo os dois últimos raros. Apenas a linfoadenopatia leve não foi um achado de exame físico, ademais, todos foram encontrados. A pirexia e a palidez de mucosas são mais comuns na LLA, ocorrendo palidez em 30-60% e febre em 40-50% nesse tipo de leucemia. Outro achado mais comum na LLA que ocorreu neste caso de LLC foram a dificuldade locomotora e os sinais neurológicos, como o nistagmo e a convulsão. Porém em contrapartida a Nelson e Couto (2015), Alencar (2008) cita em seu relato de LLC a dificuldade locomotora. No animal do presente relato houve uma linfocitose de 225,4x10³/µL, o que condiz com McGavin (2013), Nelson e Couto (2015) e Thrall (2014) que referem que uma contagem de linfócitos maior que 100x10³/µL é o fundamento crucial para o diagnóstico de LLC em cães, além da anemia e trombocitopenia significativa que ocorre na metade dos animais com esse tipo de leucemia e que devido a linfocitose acentuada provavelmente não se trata de uma doença infecciosa (ADAM et al., 2009). Segundo Thrall (2014) em pacientes com leucemias, comumente encontramse células neoplásicas em outros órgãos além da medula óssea, como em baço, fígado e linfonodos e o sinal patognomônico é a infiltração de células linfoides na Anais do 38º CBA, p.1861
4 medula óssea. Também de acordo com a autora, na leucemia linfocítica crônica os linfócitos são pequenos e bem diferenciados, consentindo assim com McGavin (2013), que refere que os achados de necropsia estão relacionados com o estágio da leucemia e que em casos mais evoluídos da doença, possuem infiltração de células neoplásicas nos órgãos, que por sua vez causam a linfoadenopatia, esplenomegalia e hepatomegalia observados nos achados de necropsia, além do que, na histopatologia há na medula óssea excesso de células neoplásicas bem diferenciadas. Sendo assim, os achados de necropsia e histopatologia do presente caso, conferem com a literatura. Conclusão: Conclui-se com este relato, que a leucemia linfocítica crônica é uma patologia rara em cães, caracterizada pela presença de linfócitos maduros e bem diferenciados, que estão em grande número na corrente sanguínea e medula óssea. A leucemia linfocítica crônica, pode ser diagnosticada pelo hemograma quando se tem alta contagem de linfócitos e em conjunto com histopatologia post-morten pela presença maciça de infiltrado linfocítico em medula óssea e demais órgãos. Referências: ADAM, F.; VILLIERS, E.; WATSON, S.; COYNE, K.; BLACKWOOD, L. Clinical pathological and epidemiological assessment of morphologically and immunologically confirmed canine leukaemia. Blackwell Publishing Ltd. Veterinary and Comparative Oncology, v. 7, n. 3, p , ALENCAR, N.X.; MENESES, A.M.C.; KOHAYAGAWA, A.; TAKAHIRA, R.K.; SEQUEIRA, J.L. Leucemia linfocítica crônica em cão: relato de caso. Revista brasileira de Ciência Veterinária, v. 15, n. 3, p , McGAVIN, M. D.; ZACHARY, J. F. Bases da Patologia em Veterinária. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, p. MEYER, D. J.; HARVEY, J. W. Veterinary Laboratory Medicine: Interpretation and Diagnosis. 3. ed. Philadelphia: WB Saunders, p. Anais do 38º CBA, p.1862
5 NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina interna de pequenos animais. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, p. PRESLEY, R. H.; MACKIN, A.; VERNAU, W. Lymphoid leukemia in dogs. Compendium, v. 28, n. 12, p , SANTOS, I.F.C.; BROMBINI, G.C.; TANNUS, F.I.; GOMES, M.V.F.; REIS, M.G.; ASSIS, A.C.G. Leucemia linfocítica B em cão jovem: relato de caso. Arquivo de Ciências Veterinárias e Zoologia da UNIPAR, Umuarama, v. 19, n. 2, p , abr./jun THRALL, M.A.; WEISER, G.; ALLISON, R.W.; CAMPBELL, T.W. Hematologia e Bioquímica - Clínica Veterinária. 2ª ed. São Paulo: Roca, p. Anais do 38º CBA, p.1863
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