CAPITAL INTELECTUAL EM ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES INTELLECTUAL CAPITAL IN HOSPITAL ORGANIZATIONS

Transcrição

1 CAPITAL INTELECTUAL EM ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES INTELLECTUAL CAPITAL IN HOSPITAL ORGANIZATIONS

2 AUTORES Régio Marcio Toesca Gimenes Pós-Doutor em Finanças pela FEA/USP UFGD - Universidade Federal da Grande Dourados Telefone: regiomtoesca@gmail.com Fátima Maria Pegorini Gimenes Doutorado em Administração de Empresas UFGD - Universidade Federal da Grande Dourados Telefone: fmgimenes@gmail.com Diego Vinicius Tapia Graduando de Ciências Contábeis UNIPAR - Universidade Paranaense Campus III Telefone: diegotapia100@hotmail.com Clóvis Uliana Mestre em Contabilidade e Finanças UNIPAR - Universidade Paranaense Campus III Telefone: uliana@unipar.br

3 INTRODUÇÃO O conhecimento organizacional ou capital intelectual, conhecimento acumulado e aplicável, tornou-se o principal ativo das organizações. São ativos intangíveis com elevada capacidade de gerar benefícios econômicos para as entidades que o controlam sua aplicação. Na literatura é cada vez mais intenso o interesse pelos conceitos de aprendizagem e conhecimento, bem como pelas habilidades e capacitação incorporadas pelo capital humano no sentido de estabelecer as condições essenciais para uma organização criar valor econômico. A gestão do conhecimento impacta este valor, desta forma, as mudanças advindas das novas tecnologias e das novas formas da organização se inserir nos mercados onde atua, exige novas formas de identificar e mensurar o capital intelectual.

4 OBJETIVOS IDENTIFICAR A PRESENÇA E AS CORRELAÇÕES ENTRE OS ELEMENTOS FORMADORES DO CAPITAL INTELECTUAL EM UMA ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR. CAPITAL HUMANO CAPITAL RELACIONAL CAPITAL ESTRUTURAL

5 A ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR Uma instituição destinada ao diagnóstico e tratamento de doentes internos e externos; planejada e construída ou modernizada com orientação técnica; bem organizada e convenientemente administrada consoante padrões e normas estabelecidas, oficial ou particular, com finalidades diversas; grande ou pequena; custosa ou modesta para atender os ricos, os menos afortunados; os indigentes e necessitados, recebendo doentes gratuitos ou contribuintes; servindo ao mesmo tempo para prevenir contra a doença e promover a saúde, a prática, a pesquisa e o ensino da medicina e da cirurgia, da enfermagem e da dietética, e das demais especialidades afins (ALMEIDA, 1983, p. 205).

6 CARACTERÍSTICAS Difícil identificação do produto hospitalar Gestão Fonte de renda Altamente especializada, profissionalizada e departamentalizada, as organizações hospitalares não podem, efetivamente, funcionar sem motivação, coordenação interna, autodisciplina, ajustes informais e voluntários de sua equipe (CARNELUTTI, 2006).

7 ATIVOS INTANGÍVEIS São ativos sem substância física (CPC 04), isto é, sem corpo físico e representados por direitos de uso de um bem ou direitos adquiridos associados a uma organização

8 ATIVOS INTANGÍVEIS Como reconhecer um ativo intangível: Deve ser mensurado com segurança Deve gerar benefícios econômicos futuros Deve ser identificável e separável do patrimônio

9 CAPITAL INTELECTUAL Fonte: Cordeiro (2013).

10 METODOLOGIA INVESTIGAÇÃO QUANTITATIVA: APLICAÇÃO DE UM QUESTIONÁRIO RESPONDIDO POR COLABORADORES DE ALTO NÍVEL HIERÁRQUICO (CHEFIA INTERMEDIÁRIA E DIRETORES) DE UMA ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR, CUJA SELEÇÃO FOI BASEADA EM SEU GRAU DE CONHECIMENTO DA EMPRESA, INCLUINDO SEUS ASPECTOS ESTRATÉGICOS. QUESTIONÁRIO COM 52 QUESTÕES: 18 PARA O CAPITAL HUMANO, 18 PARA O CAPITAL RELACIONAL 16 PARA O CAPITAL ESTRUTURAL. ESCALA LIKERT DE 5 PONTOS: (1) DISCORDO TOTALMENTE; (2) DISCORDO PARCIALMENTE; (3) NÃO DISCORDO, NEM CONCORDO; (4) CONCORDO PARCIALMENTE E (5) CONCORDO TOTALMENTE. O TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS FOI REALIZADO COM O PACOTE ESTATÍSTICO SPSS VERSÃO OS DADOS FORAM COLETADOS ENTRE JUNHO E OUTUBRO DE 2015

11 METODOLOGIA INTERVALOS DE VALOR E NÍVEIS DE PRESENÇA DE CAPITAL INTELECTUAL Intervalo de valor Inferior a 2,43 Entre 2,44 e 3,92 Superior a 3,92 Nível de presença de capital intelectual Fraca Média Forte INTERVALOS DE VALOR E GRAU DE CORRELAÇÃO ENTRE OS ELEMENTOS DO CAPITAL INTELECTUAL Intervalo de valor Inferior a 0,19 De 0,20 a 0,39 De 0,40 a 0,69 De 0,70 a 0,89 De 0,90 a 1,00 Grau de correlação Muito Fraca Fraca Moderada Forte Muito Forte

12 RESULTADOS RELAÇÃO ENTRE OS ELEMENTOS DO CAPITAL INTELECTUAL A RELAÇÃO ENTRE CAPITAL ESTRUTURAL E CAPITAL RELACIONAL APRESENTOU-SE POSITIVA E SIGNIFICATIVA (-0,58/*P<0.05), OU SEJA, OS PROCESSOS INTERNOS, A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO, OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO, BEM COMO A CULTURA, A APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL E A INOVAÇÃO, FAVORECEM A RELAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR COM SEUS CLIENTES, FORNECEDORES, FUNCIONÁRIOS E PARCEIROS. NO QUE SE REFERE A RELAÇÃO ENTRE O CAPITAL HUMANO E O CAPITAL RELACIONAL CONSTATA-SE UMA INFLUÊNCIA POSITIVA E SIGNIFICATIVA (0,62/*P<0.05), OU SEJA A COMPETÊNCIA E HABILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS INFLUENCIAM POSITIVAMENTE OS NÍVEIS DE SATISFAÇÃO, LEALDADE E RETENÇÃO DE CLIENTES. Fonte: Elaborado pelos autores. O VALOR APURADO (-0,74/*P<0.05) DETERMINA UMA RELAÇÃO NEGATIVA E SIGNIFICATIVA ENTRE OS ELEMENTOS CAPITAL HUMANO E CAPITAL ESTRUTURAL. OS RESULTADOS APURADOS PERMITEM SUGERIR QUE QUANTO MAIOR O CONHECIMENTO E AS HABILIDADES DOS FUNCIONÁRIOS DA ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR EM ESTUDO, MENOS ELES A TRANSMITEM PARA OS DEMAIS FUNCIONÁRIOS.

13 RESULTADOS RELAÇÃO ENTRE AS QUESTÕES DO ELEMENTO CAPITAL HUMANO OS RESULTADOS DA ASSOCIAÇÃO ENTRE AS QUESTÕES DO ELEMENTO CAPITAL HUMANO SUGEREM QUE A CULTURA DELINEADA AO LONGO DOS ANOS, CARACTERIZADA PELA LIBERDADE DOS FUNCIONÁRIOS DE EXPOR E DISCUTIR AS IDEIAS, ESTIMULOU A DISSEMINAÇÃO DO CONHECIMENTO PELA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL, TORNANDO O DESEMPENHO DAS EQUIPES DE TRABALHO UM DIFERENCIAL DO HOSPITAL. Fonte: Elaborado pelos autores.

14 RESULTADOS RELAÇÃO ENTRE AS QUESTÕES DO ELEMENTO CAPITAL RELACIONAL SOBRE AS RELAÇÕES ESTABELECIDAS ENTRE AS QUESTÕES DO ELEMENTO CAPITAL RELACIONAL, A DE MAIOR MÉDIA TRATA DA PARTICIPAÇÃO NO MERCADO DA ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR. SEGUNDO AS RESPOSTAS DOS FUNCIONÁRIOS, ESSA MAIOR PARTICIPAÇÃO ESTÁ DIRETAMENTE RELACIONADA, EM MAIOR GRAU, À CAPACIDADE DOS GESTORES DE OBTER E USAR AS INFORMAÇÕES SOBRE O PERFIL E COMPORTAMENTO DOS CLIENTES (0,001) E À CONFIANÇA FIDELIZADA AO LONGO DO TEMPO ENTRE O HOSPITAL E SEUS CLIENTES (0,0017). Fonte: Elaborado pelos autores.

15 RESULTADOS RELAÇÃO ENTRE OS ELEMENTOS DO CAPITAL ESTRUTURAL NO CASO DO CAPITAL ESTRUTURAL, A QUESTÃO COM A MAIOR MÉDIA TRATA DO INVESTIMENTO DO HOSPITAL NO DESENVOLVIMENTO DE NOVAS IDEIAS, PRODUTOS E PROCESSOS. PARA OS QUE RESPONDERAM O QUESTIONÁRIO, ESTA QUESTÃO ESTÁ ASSOCIADA, EM MAIOR GRAU, AO APOIO DA ORGANIZAÇÃO AOS PROCESSOS DE INOVAÇÃO E, MAIS IMPORTANTE AINDA, À CULTURA CONFORTÁVEL E COMPREENSIVA QUE PERMITE IMPLANTÁ-LOS. Fonte: Elaborado pelos autores.

16 CONCLUSÕES A PRESENTE INVESTIGAÇÃO CHEGOU ÀS SEGUINTES CONCLUSÕES: A ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR EM ESTUDO APRESENTOU UM NÍVEL DE PRESENÇA FORTE PARA O ELEMENTO CAPITAL HUMANO, FRACO PARA O ELEMENTO CAPITAL RELACIONAL E MODERADO PARA O ELEMENTO CAPITAL ESTRUTURAL. OS RESULTADOS DO ESTUDO PERMITEM RECOMENDAR QUE TODA ORGANIZAÇÃO AVALIE A IMPORTÂNCIA RELATIVA DE CADA UM DOS ELEMENTOS FORMADORES DO CAPITAL INTELECTUAL, POIS SEU DESEMPENHO DEPENDE DA COMPLEXA INTERDEPENDÊNCIA ENTRE ELES.

17 Apesar de seu balanço ser um modelo de como balanços devem ser, redigido com grande precisão de forma que todos possam ler; e apesar do agrupamento de ativos ser claro e elogios merecer e o detalhe dado mais que usualmente aparecer; Um ativo é omitido e seu valor eu quero saber: Os homens sem os quais nada poderia acontecer. Sir. Matthew Webster Jenkinson

18

19 REFERÊNCIAS ANASTASI, A. Psychological testing. 6. ed. New York: McMillan, ANTUNES, M. T. P. Capital intelectual. São Paulo: Atlas, A controladoria e o capital intelectual: um estudo empírico sobre sua gestão. Revista Contabilidade & Finanças, São Paulo, v. 17, n. 41, p , maio/ago ANTUNES, M. T. P.; MARTINS, E. Capital intelectual: Verdades e mitos. Revista de Contabilidade & Finanças, São Paulo, v. 13, n. 29, p , maio/ago ARÃO, Q.; GANDOLFO, D.; DA ROSA, W. B. O valor do capital intelectual e a sua correlação com o valor do patrimônio econômicofinanceiro: um estudo de caso. Revista científica eletrônica de ciências sociais aplicadas da Eduvale, Jaciara (MT), ano IV, n. 6, nov Disponível em: < Acesso em: 8 jul BONTIS, N. Intellectual capital: an exploratory study that develops measures and models. Management Decision, v. 36, n. 2, p , Intellectual capital questionnaire. Institute of Intellectual Capital Research Inc. Hamilton, Canada, Managing organizational knowledge by diagnosing intellectual capital. The strategic management of intellectual capital and organizational knowledge. New York: Oxford University Press, FITZ-ENZ, J. Intellectual capital ROI: a causal map of human capital antecedents and consequents. Journal of Intellectual Capital, v. 3, n. 3, p , ; KEOW, W. C.; RICHARDSON, S. Intellectual capital and business performance in Malaysian industries. Journal of Intellectual Capital, v. 1, n. 1, p , BULMER, M. G. Principles of statistics. New York: Routledge, BROOKING, A. El capital intelectual - el principal activo de las empresas del tercer milenio. Barcelona: Ed. Paidós Ibérica, S.A, CABRITA, M. R. M. Capital Intelectual e desempenho organizacional no sector bancário português. Dissertação (Mestrado em Administração) Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, CARNELUTTI, J. G. A competitividade do setor hospitalar de Cruz Alta RS f. Dissertação (Mestrado em Administração) Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, 2006.

20 REFERÊNCIAS COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). Pronunciamento Técnico n. 4. Ativo Intangível. Disponível em: < >. Acesso em: 2 jul CORDEIRO, A. S. G. Capital intelectual e desempenho organizacional no sector farmacêutico português. 86 f. Dissertação (Mestrado em Gestão de Recursos Humanos e Comportamento Organizacional) Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal, CRAMER, D. Basic statistics for social research. London: Routledge, CRONBACH, L. J. Coefficient alpha and the internal structure of tests. Psychometrika, v. 16, n. 3, p , Sept DEMPSTER, A. P.; LAIRD, N. M; RUBIN, D. B. Maximum likelihood from Incomplete Data via the EM Algorithm. Journal of the Royal Statistical Society, Series B, v. 39, n. 1, p. 1-38, EDVINSSON, L.; MALONE, M. Capital intelectual: descobrindo o valor real de sua empresa pela identificação de seus valores internos. São Paulo: Makron Books, GURGEL JUNIOR, G. D.; VIEIRA, M. M. F. Qualidade total e administração hospitalar: explorando disjunções conceituais. Ciência & Saúde Coletiva, São Paulo, v. 7, n. 2, p , HILL, T; LEWICKI, P. Statistics methods and applications. A comprehensive reference for science. Industry and data mining. Tulsa: Stat Soft Inc., HOSKISSON, R.; HITT, M.; WAR, W. et al. Theory and research in strategic management: swings of a pendulum. Journal of Management, v. 25, n. 3, p , LEMOS, V. M. F.; ROCHA, M. H. P. A gestão das organizações hospitalares e suas complexidades. CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO CNEG, 7., 2011, Rio de Janeiro. Anais do VII Congresso Nacional de Excelência em Gestão. Rio de Janeiro: Disponível em: < >. Acesso em: 3 jun LOPES, J. F. Capital intelectual: contribuições à sua mensuração e classificação contábil. Itapetininga: Associação de Ensino de Itapetininga, LUCAS, D. R.; LUCAS, D. S. Capital intelectual: conhecimento, habilidades e competências que geram receitas. SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO, 12., 2009, São Paulo. Disponível em: < Acesso em: 2 jul

21 REFERÊNCIAS MARR, B. Perspectives on intellectual capital Multidisciplinary insights into management, measurement and reporting. Oxford: Butterworth-Heinemann, MATHEUS, L. F. Uma Análise da Identificação e da Gestão do Capital Intelectual nas Usinas Sucroalcooleiras e da Prática dos Princípios Delineadores do Conceito da Avaliação de Empresas na sua Gestão Econômico-Financeira: um estudo exploratório em dez usinas paulistas f. Dissertação (Mestrado em Engenharia da Produção) Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, NAHAPIET, J.; GHOSHAL, S. Social capital, intellectual capital and the organizational advantage. Academy of Management Review, v. 23, n. 2, p , NEUFELD, P. M. Uma breve história dos hospitais. Revista Brasileira de Análises Clínicas, Rio de Janeiro, v. 45, n. 1-4, p NUNNALY, J. C. Psychometric theory. New York: McGraw-Hill, PAULO, E. Capital intelectual: formas alternativas de mensuração. CONGRESSO BRASILEIRO DE CONTABILIDADE, 16., 2000, Goiânia. Anais do XVI Congresso Brasileiro de Contabilidade. Goiânia: Disponível em: < Acesso em: 3 jul PETER, J. P. Construct validity: a review of basic issues and marketing practices. Journal of Marketing Research, v. 18, n. 2, p ROOS, J.; ROOS, G.; DRAGONETTI, N. C. et al. Intellectual capital: navigating the new business landscape. London: Macmillan, SAINT-ONGE, H. Tacit knowledge: the key to the strategic alignment of intellectual capital. Strategy & Leadership, v. 24, n. 2, p , SANTOS, A. C. K. A. A tutela jurídica do capital intelectual das sociedades empresariais f. Tese (Doutorado em Direito) Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, São Paulo, STEWART, T. A. Capital intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas. 4. ed. Rio de Janeiro: Campus, SVEIBY, K. E. Capital intelectual La nueva riqueza de las empresas: Cómo medir y gestionar los activos intangibles para crear valor. Barcelona: Ed. Maxima Laurent du Mensil Éditeur, 2000.