EFEITOS DO ENVELHECIMENTO E DA ATIVIDADE FÍSICA NO COMPORTAMENTO LOCOMOTOR: a tarefa de descer degraus de ônibus

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "EFEITOS DO ENVELHECIMENTO E DA ATIVIDADE FÍSICA NO COMPORTAMENTO LOCOMOTOR: a tarefa de descer degraus de ônibus"

Transcrição

1 EFEITOS DO ENVELHECIMENTO E DA ATIVIDADE FÍSICA NO COMPORTAMENTO LOCOMOTOR: a tarefa de descer degraus de ônibus VERONICA MIYASIKE DA SILVA Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências da Motricidade (Área de Motricidade Humana) RIO CLARO Estado de São Paulo-Brasil Agosto de 2003

2 EFEITOS DO ENVELHECIMENTO E DA ATIVIDADE FÍSICA NO COMPORTAMENTO LOCOMOTOR: a tarefa de descer degraus de ônibus VERONICA MIYASIKE DA SILVA Orientadora: LILIAN TERESA BUCKEN GOBBI Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências da Motricidade (Área de Motricidade Humana) RIO CLARO Estado de São Paulo-Brasil Agosto de 2003

3 ii DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, minha irmã Silvana e meu marido Rodrigo, pelo carinho e apoio.

4 iii AGRADECIMENTOS À FUNDUNESP (processo nº 00062/02-DFP), pelo apoio financeiro para construção do equipamento utilizado neste trabalho. À CAPES, pela bolsa mestrado. À minha orientadora e amiga Lilian, pela atenção, amizade e paciência durante estes 6 anos de convivência. Ao Prof. Dr. José Luis Riani, pela avaliação médica aos participantes idosos. Aos alunos do PROFIT e demais participantes dos experimentos desta dissertação, pelo respeito e dedicação. Aos membros do LEPLO, por todo o auxílio nas coletas de dados: Marcolino, Élson, Jean, Teíte, Ana Carolina, Carol, Rodrigo, Vivi, Amanda, Andréia e Felipe. Ao LEM e seus membros, pela concessão do local e disponibilidade durante as coletas de dados, em especial ao Paulo, pela atenção e paciência. Aos membros do Laboratório de Percepção e Ação pelo auxílio na captura de imagens. À TCR S/A, pela colaboração com o primeiro estudo. Às meninas da República, pela amizade e pelos sorvetes : Elaine, Sabrina, Tati, Priscila, Vivi e Kátia.

5 RESUMO iv Com o envelhecimento, indivíduos passam a enfrentar dificuldades em realizar atividades que requerem mobilidade. Para continuar realizando tais tarefas, o idoso utiliza estratégias comportamentais, alterando o padrão de movimento normalmente realizado pelos mais jovens. Além disso, a prática de atividade física pode minimizar os efeitos destas alterações favorecendo a aptidão funcional do idoso. Assim, o objetivo deste trabalho foi analisar o comportamento locomotor durante o descer degraus, estabelecendo relações com o envelhecimento e nível de atividade física em uma situação da vida diária: o descer degraus de ônibus. Para tanto, foram realizados 2 estudos. O Estudo 1 pretendeu observar, em situação real, analisando qualitativamente, o comportamento de idosos descendo degraus de ônibus. Sessenta e seis idosos distribuídos em 5 grupos (G1: 60-64,9 anos; G2: 65-69,9 anos; G3: 70-74,9 anos; G4: 75-79,9 anos; G5: mais de 80 anos) foram filmados durante a descida dos degraus de ônibus. O Estudo 2 verificou os efeitos da atividade física e do envelhecimento no comportamento locomotor durante a descida de degraus em uma escada simuladora das encontradas em ônibus, por meio da análise de variáveis cinemáticas e cinéticas. Participaram 36 indivíduos distribuídos em 4 grupos etários: adultos jovens (21-30 anos), adultos de meia-idade (41-50 anos), idosos (61-70 anos) e muito idosos (71-80 anos). A tarefa consistiu em descer um lance de 3 degraus que simulava os degraus de ônibus, com 10 tentativas em 2 condições de altura entre o último degrau e o solo (28 cm e 43 cm). A análise e discussão dos resultados permitiram concluir que: a) a população idosa utilitária de transportes públicos é majoritariamente constituída por indivíduos de baixo nível de atividade física; b) idosos utilizam mais estratégias comportamentais (posicionamento lateral dos pés em relação ao degrau, passo unido e utilização dos corrimãos), principalmente quando a altura entre o degrau e o solo aumenta. A utilização destas estratégias faz com que a percepção de dificuldade em realizar a tarefa diminua; c) não ocorrem alterações locomotoras entre a idade adulta jovem e meia-idade nos parâmetros cinéticos (pico vertical de força de reação do solo, taxa de crescimento),

6 v cinemáticos (velocidade horizontal e vertical do tornozelo, joelho e quadril) e temporais (duração da descida, fases absolutas e relativas de apoio e oscilação). A interação entre os efeitos do envelhecimento, da atividade física e das condições do ambiente no comportamento locomotor ao descer degraus de ônibus ocorreu em direções opostas, ou seja, idosos ativos conseguem manter comportamentos locomotores semelhantes aos adultos jovens e de meia idade em ambas as alturas do último degrau, enquanto que idosos sedentários apresentam um comportamento locomotor mais conservador, buscando maior segurança durante a descida de degraus de ônibus, especialmente com o aumento da altura do último degrau. Palavras-chave: envelhecimento, atividade física, locomoção em degraus, transporte público, situação real e laboratorial, análises qualitativa e quantitativa.

7 SUMÁRIO vi Páginas AGRADECIMENTOS...iii RESUMO...iv LISTA DE TABELAS...ix LISTA DE QUADROS...xi LISTA DE FIGURAS...xii 1. INTRODUÇÃO OBJETIVOS Objetivo Geral Objetivos Específicos REVISÃO DA LITERATURA A tarefa de descer degraus Performance de idosos na locomoção sobre degraus Efeito da atividade física sobre a locomoção de idosos em escadas ESTUDO 1 O DESCER DEGRAUS DE ÔNIBUS EM AMBIENTE REAL Objetivos Hipóteses Material e Método Participantes Procedimentos Análise dos dados Resultados Questionário: características da amostra Prática de atividade física Quedas Meio de transporte preferencial Freqüência semanal de utilização do ônibus Percepção de dificuldade para subir e descer os degraus dos ônibus Estratégias comportamentais Posicionamento dos pés Tipo de passo Utilização dos membros superiores Discussão Características da escada de ônibus A percepção de dificuldade de idosos... 35

8 vii As estratégias comportamentais ESTUDO 2 VARIÁVEIS CINEMÁTICAS E CINÉTICAS DO DESCER DE ÔNIBUS Objetivo Hipóteses Material e Método Participantes Procedimentos Coleta e Análise dos dados Dados obtidos através das filmagens e do questionário Variáveis cinéticas Variáveis cinemáticas Resultados Questionário: características da amostra Nível de atividade física Quedas Meio de transporte preferencial Freqüência semanal de utilização do ônibus Percepção de dificuldade para subir e descer degraus de ônibus Estratégias comportamentais Posicionamento dos pés Tipo de passo Utilização dos membros superiores Variáveis cinéticas Força de reação do solo vertical Taxa de crescimento Variáveis cinemáticas Velocidade linear do tornozelo Velocidade linear do joelho Velocidade linear do quadril Duração total da descida dos degraus Tempo de descida dos degraus superiores Tempo de descida do último degrau Discussão Condição ambiental Processo de envelhecimento Atividade física Interação entre os fatores... 92

9 viii 5. RELAÇÕES ENTRE ESTUDO 1 E ESTUDO CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABSTRACT APÊNDICES APÊNDICE APÊNDICE APÊNDICE APÊNDICE APÊNDICE APÊNDICE

10 LISTA DE TABELAS ix Tabela 1 Caracterização dos grupos etários com número de participantes (n), idades mínima e máxima dos participantes de cada grupo (amplitude), média de idade, desviopadrão (DP) e gênero Tabela 2 - Porcentagem (números absolutos) de indivíduos de ativos e sedentários por grupo etário Tabela 3 - Porcentagem (números absolutos) de indivíduos que sofreram quedas nos últimos 12 meses Tabela 4 - Transporte preferencial utilizado pelos idosos em porcentagem (números absolutos) Tabela 5 - Freqüência semanal de utilização do ônibus pelos grupos etários em porcentagem (números absolutos) Tabela 6 - Percepção de dificuldade na tarefa de subir degraus de ônibus em porcentagem (números absolutos) Tabela 7 - Percepção de dificuldade na tarefa de descer degraus de ônibus em porcentagem (números absolutos) Tabela 8 Variáveis que explicam o emprego das estratégias de posicionamento dos pés durante a descida dos degraus superiores e do último degrau Tabela 9 Variáveis que explicam a variabilidade no tipo de passo empregado durante a descida dos degraus superiores e do último degrau Tabela 10 Variáveis que explicam a utilização dos membros superiores durante a descida dos degraus superiores e do último degrau Tabela 11 Caracterização dos grupos etários com número de participantes (n), idades mínima e máxima para cada grupo (amplitude), média de idade e desvio-padrão (MÉDIA±DP) e gênero Tabela 12 Distribuição dos participantes de cada grupo etário em função do nível de atividade física. Os valores estão apresentados em porcentagem do grupo (número de participantes) Tabela 13 Porcentagem (números absolutos) de indivíduos que sofreram quedas nos últimos 12 meses Tabela 14 Meio de transporte mais utilizado pelos participantes em porcentagem (números absolutos de indivíduos) Tabela 15 Freqüência semanal de utilização do ônibus em porcentagem de indivíduos por grupo etário (números de indivíduos) Tabela 16 Percepção de dificuldade na tarefa de subir degraus de ônibus em porcentagem (números absolutos) de participantes

11 x Tabela 17 Percepção de dificuldade na tarefa de descer degraus de ônibus em porcentagem (números absolutos) de participantes Tabela 18 Variáveis que explicam o emprego das estratégias de posicionamento dos pés durante a descida dos degraus superiores e do último degrau Tabela 19 Variáveis que explicam o emprego dos tipos de passadas ações dos membros inferiores durante a descida dos degraus superiores e do último degrau Tabela 20 Variáveis que explicam o emprego das estratégias de utilização dos membros superiores durante a descida dos degraus superiores e do último degrau Tabela 21 Padrões de descida identificados em número de tentativas (indivíduos) Tabela 22 - Porcentagem (números absolutos) de ocorrências das estratégias de posicionamento do pé durante a locomoção sobre os degraus superiores e no último degrau, por grupo etário Tabela 23 - Porcentagem (números absolutos) de ocorrências das estratégias forma de apoio durante a locomoção sobre os degraus superiores e no último degrau, por grupo etário Tabela 24 - Porcentagem (números absolutos) de ocorrências das estratégias de padrão locomotor durante a locomoção sobre os degraus superiores e no último degrau, por grupo etário Tabela 25 Dados individuais dos participantes: número do participante (part.), gênero, idade, massa corporal (mc), estatura, comprimento de coxa (coxa), comprimento da perna (perna), altura do tornozelo (torn.), comprimento do pé(c.pé) e largura do pé (l.pé) Tabela 26 Dados individuais dos participantes: número do participante (part.), pontuação no questionário (questionário), classificação quanto ao nível de atividade física (nível AF.), transporte preferencial (transp. pref.), freqüência semanal de utilização do ônibus (freq. onib.), ocorrência de quedas nos últimos 12 meses, dificuldade para subir degraus de ônibus (dif. subir) e dificuldade para descer degraus de ônibus (dif. descer) Tabela 27 - Porcentagem (números absolutos) de ocorrências das estratégias de posicionamento do pé durante a locomoção sobre os degraus superiores e no último degrau, por grupo etário Tabela 28 - Porcentagem (números absolutos) de ocorrências das estratégias de tipo de passo durante a locomoção sobre os degraus superiores e no último degrau, por grupo etário Tabela 29 - Porcentagem (números absolutos) de ocorrências das estratégias de utilização dos membros superiores durante a locomoção sobre os degraus superiores e no último degrau, por grupo etário

12 LISTA DE QUADROS xi Quadro 1 Fases do movimento de descer degraus e principais características (adaptado de McFADYEN & WINTER, 1988). 7

13 LISTA DE FIGURAS xii Figura 1 Formas de posicionamento dos pés: a) participante posicionando os pés de frente para o sentido da progressão; b) participante posicionando os pés lateralmente ao degrau e c) participante executando a descida de costas Figura 2 - Posicionamento dos pés durante a descida em função do grupo etário: a) nos degraus superiores e b) no último degrau Figura 3 Tipo de passo: a) descida com passadas alternadas, cada degrau é tocado com apenas um dos pés; b) os pés são unidos em cada degrau antes da descida para o degrau seguinte Figura 4 Porcentagem de indivíduos que utilizou cada tipo de passo por grupo etário durante a descida dos degraus superiores (a) e durante a descida do último degrau (b) Figura 5 Estratégias de utilização dos membros superiores: a) participante descendo os degraus do ônibus sem auxílio dos membros superiores; b) participante utilizando apenas uma das mãos para realizar a tarefa; c) participante utilizando ambas as mãos para descer os degraus do ônibus Figura 6 Porcentagem de utilização dos membros superiores por grupo etário durante a descida dos degraus superiores (a) e durante a descida do último degrau (b) Figura 7 Ilustração do simulador de degraus de ônibus construído com apoio financeiro da FUNDUNESP Figura 8 Esquema representativo das dimensões do simulador de escadas de ônibus. O equipamento possui rodas para facilitar sua movimentação e permite manipular a altura entre o solo e o último degrau, através de um sistema de redutor de empilhadeira, roldanas e cabos de aço Figura 9 - Esquema representativo da situação experimental Figura 10 Representação da força vertical normalizada ao longo do tempo de apoio, indicando o primeiro pico de força vertical e a taxa de crescimento Figura 11 Porcentagem de tentativas em que ocorreram as estratégias de posicionamento dos pés em função do grupo etário: a) nos degraus superiores e b) no último degrau. 55 Figura 12 - Porcentagem de tentativas utilizando as estratégias de tipo de passo em função do grupo etário: a) nos degraus superiores e b) no último degrau Figura 13 - Utilização dos membros superiores durante a descida em função do grupo etário (em porcentagem das tentativas): a) nos degraus superiores e b) no último degrau Figura 14 Pico da componente vertical da força de reação do solo: a) nas duas condições de altura para cada grupo etário; b) nas duas condições de altura de acordo com o nível de atividade física

14 xiii Figura 15 Taxa de crescimento da componente vertical da força de reação do solo nas duas condições de altura para cada nível de atividade física Figura 16 Velocidade do tornozelo nos degraus superiores em função do nível de atividade física, para cada grupo etário: a) velocidade horizontal; b) velocidade vertical Figura 17 Velocidade do tornozelo durante a locomoção sobre o último degrau: a) velocidade horizontal por condição de altura de degrau; b) velocidade horizontal de cada grupo de idade em função do nível de atividade física; c) velocidade vertical de cada grupo etário em função do nível de atividade física Figura 18 Velocidade vertical do joelho durante a descida dos degraus superiores por grupo etário em função do nível de atividade física Figura 19 Velocidade do joelho durante a locomoção sobre o último degrau: a) velocidade horizontal por condição de altura; b) velocidade horizontal por grupo etário em função do nível de atividade física; c) velocidade vertical por condição de altura; d) velocidade vertical por grupo etário em função do nível de atividade física Figura 20 Velocidade horizontal do quadril por grupo etário em função do nível de atividade física, nos degraus superiores Figura 21 Velocidade vertical do quadril no último degrau: a) por condição de altura; b) por grupo etário em função do nível de atividade física Figura 22 Duração da descida de todos os degraus: a) por condição de altura para cada grupo etário; b) por grupo etário em função do nível de atividade física Figura 23 Duração da descida dos degraus superiores por grupo etário, de acordo com o nível de atividade física, nas duas condições de altura Figura 24 Duração da fase de apoio nos degraus superiores: a) em valores absolutos, por grupo etário, nas duas condições de altura e nos três níveis de atividade física; b) em valores relativos por condição de altura Figura 25 Duração da fase de oscilação nos degraus superiores: a) em valores absolutos, grupo etário, nas duas condições de altura, nos três níveis de atividade física; b) em valores relativos, por condição de altura Figura 26 Duração da descida do último degrau por grupo etário, nas duas condições de altura e de acordo com os três níveis de atividade física Figura 27 Fase de apoio no último degrau: a) tempo absoluto na fase de apoio por grupo etário nas duas condições de altura; b) tempo absoluto na fase de apoio por nível de atividade física nas duas condições de altura; c) tempo absoluto na fase de apoio por grupo etário de acordo com o nível de atividade física; d) tempo relativo na fase de apoio em função da condição de altura do último degrau

15 xiv Figura 28 Fase de oscilação no último degrau: a) tempo absoluto por grupo etário, de acordo com o nível de atividade física e a condição de altura; b) tempo relativo por condição de altura

16 1 1. INTRODUÇÃO De acordo com estimativas da OMS, o Brasil vem se deparando com o aumento da população de idosos (CHAIMOWICS, 1997). Esta população possui necessidades específicas determinadas por suas características bio-psico-sociais. Ao mesmo tempo em que a sociedade deve se adaptar no sentido de manter condições que garantam a autonomia e a qualidade de vida do idoso durante seus anos vividos a mais, os idosos também devem manter suas funções íntegras e de forma independente. O andar constitui uma das ações mais realizadas pelos seres humanos ao longo de todo o ciclo vital. Desde os primeiros anos de vida, período em que se adquire o andar independente, até as idades mais avançadas, a locomoção permite ao homem lidar com terrenos dos mais diversos, como por exemplo, escadas e rampas. Isso ocorre devido à flexibilidade do sistema locomotor, permitindo ajustes em virtude das condições ambientais, da tarefa e do indivíduo. Com o processo de envelhecimento ocorre uma série de alterações morfofuncionais que afetam a locomoção, onde se destaca a diminuição da velocidade do andar, o aumento do tempo de reação, a redução da acuidade visual. A existência de doenças comuns na idade mais avançada como a catarata, hipertensão e diabetes, pode comprometer este quadro. Em virtude disso, o idoso já não realiza algumas atividades como em sua juventude e pode alterar sua forma de relacionamento com o ambiente, tanto dentro de casa como na comunidade.

17 2 A ocorrência de quedas é um sério problema na faixa idosa e um grande número delas ocorre durante o andar. Muitas variáveis favorecem este quadro, como: diminuição do controle do equilíbrio, perda de força dos membros inferiores, menor flexibilidade, perdas visuais, vestibulares e somatossensoriais (SHUMWAY-COOK & WOOLLACOTT, 1995). Idosos costumam relatar dificuldades em realizar algumas tarefas de seu cotidiano como sentar e levantar, e subir e descer escadas (ANDREOTTI & OKUMA, 1999). A locomoção sobre degraus é uma das cinco tarefas consideradas como mais difícil de se executar por indivíduos acima de 60 anos (REUBEN E SIU, 1990; WILLIAMSON & FRIED, 1996). A ocorrência de acidentes em escadas aumenta com a idade e quando envolvem idosos, normalmente resultam em hospitalizações e múltiplas lesões (TEMPLER, 1992; STARTZELL, OWENS, MULFINGER & CAVANAGH, 2000). Durante a locomoção sobre degraus, os acidentes podem ocorrer em função tanto da estrutura da escada, quanto pela forma e características de seus usuários (TEMPLER, 1992; WYATT, BEARD & BUSUTTIL, 1999). Sendo assim, um caminho para a prevenção de quedas seria agir sobre os fatores causadores de acidentes, como, por exemplo, a construção de escadas com estruturas adequadas que permitam um andar mais seguro. Outra alternativa seria manter os idosos em condições adequadas para utilizar escadas de forma segura. A prática de atividades físicas atua positivamente sobre os níveis de aptidão física e integração sensório-motora, contribuindo assim para a realização de atividades diárias. O estilo de vida ativo, particularmente em idosos, auxilia na manutenção da independência funcional. Muitos estudos têm encontrado alta relação entre controle postural e quedas. A maioria desses estudos utiliza tarefas estáticas para avaliar a postura (HORAK, MIRKA & SHUPERT, 1989; WADE, LINDQUIST, TAYLOR & TREAT-JACOBSON, 1995). Entretanto, utilizando uma tarefa dinâmica como a locomoção sobre degraus, poderiam ser identificados fatores adicionais que estariam contribuindo na ocorrência de quedas, visto que as quedas ocorrem em sua maioria durante o andar e o descer escadas (TINETTI, SPEECHLEY & GINTER,

18 3 1988). Apesar da dificuldade que os idosos presenciam durante a locomoção sobre degraus, não se encontram na literatura pesquisas de locomoção sobre degraus de ônibus, uma ação muito comum na vida diária. A locomoção sobre degraus de ônibus é uma situação diferente da locomoção em escadas encontradas em ambientes públicos e domésticos. Particularmente durante a descida dos degraus do ônibus, o indivíduo sofre influência do deslocamento do ônibus até sua parada total para efetuar a descida. A informação da aceleração linear desse movimento, captada pelo sistema vestibular, é utilizada para realizar ajustes posturais. Os degraus possuem dimensões diferentes de acordo com o modelo do ônibus, além de alguns possuírem dimensões variadas de um degrau para o outro, em virtude das portas e corrimãos. A distância entre o último degrau e o solo é outra variante, pois nem sempre a parada do ônibus ocorre próxima à calçada. Se um ônibus executar a parada longe da calçada, por exemplo, o indivíduo deve superar uma altura 15 cm (altura padrão da calçada) maior do que se o ônibus parar próximo ao meio-fio. Além disso, a tarefa de descer degraus de ônibus possui uma limitação temporal. A descida deve ocorrer rapidamente devido ao fluxo de outras pessoas para executar a mesma tarefa e à partida do ônibus. Dentro deste contexto, este trabalho procurou levantar uma atividade do dia-a-dia do idoso, e tentar aproximar esta à situação experimental, visando entender melhor o processo de envelhecimento e o comportamento do idoso frente às demandas do ambiente. Para isso, esse trabalho pretendeu, primeiramente, observar o comportamento de idosos descendo degraus em uma atividade cotidiana, que é o descer degraus de ônibus. E, em seguida, em laboratório, simulando o ambiente real na situação experimental, mensurar variáveis cinemáticas e cinéticas da locomoção sobre degraus, buscando identificar estratégias adaptativas empregadas por indivíduos em diferentes fases da vida adulta e de acordo com o nível atividade física.

19 OBJETIVOS Objetivo Geral Este estudo teve por objetivo analisar o comportamento locomotor durante o descer degraus, estabelecendo relações com o envelhecimento e nível de atividade física. Para isso foi selecionada uma situação da vida diária: o descer degraus de ônibus Objetivos Específicos O Estudo 1 visou realizar uma análise qualitativa do comportamento locomotor de idosos de diferentes faixas etárias durante a descida de ônibus em situação real, considerando a idade e a prática regular de atividade física entre outras características dos idosos usuários de ônibus. O Estudo 2, realizado em laboratório, pretendeu verificar os efeitos da atividade física e do envelhecimento no comportamento locomotor durante a tarefa de descer degraus em uma escada semelhante às encontradas em ônibus, por meio da análise de variáveis cinemáticas e cinéticas.

20 5 2. REVISÃO DA LITERATURA A revisão que se segue aborda aspectos relacionados ao envelhecimento e à atividade física que influenciam a realização de atividades da vida diária, particularmente a locomoção sobre degraus. A tarefa alvo deste estudo é o descer degraus de ônibus, entretanto, não se encontram na literatura pesquisas específicas a respeito desse assunto. Portanto, as informações referentes à locomoção sobre degraus vêm de estudos utilizando escadas convencionais e de diferentes dimensões A tarefa de descer degraus A ação sobre escadas pode ser dividida em duas partes: o ato real de se locomover, escalar a escada ou marcha, e os processos cognitivos e sensoriais que são utilizados para perceber os degraus e a escada. Essas ações são sincronizadas e sinérgicas, entretanto a percepção e a cognição são utilizadas antecipatoriamente (TEMPLER, 1992). O descer degraus demanda uma marcha diferente do subir, além dos acidentes e lesões resultantes de quedas também serem diferentes (TEMPLER, 1992). A descida em escadas ocorre através do controle da força da gravidade por contrações excêntricas dos músculos reto femoral, vasto lateral, sóleo e gastrocnêmio medial. Comparado ao subir, a ativação muscular no

21 6 descer degraus é menor. Isso é justificado pela colocação do corpo em uma posição ótima, com o centro de massa mais ajustado em relação ao ponto de apoio (McFADYEN & WINTER, 1988). McFADYEN E WINTER (1988) realizaram uma análise biomecânica do subir e descer escadas dividindo o movimento em fase de apoio e fase de balanço. O Quadro 1 mostra os eventos de cada fase e as principais características destes no descer degraus.

22 7 Quadro 1 Fases do movimento de descer degraus e principais características (adaptado de McFADYEN & WINTER, 1988). Fases Subfases Características Fase de apoio Fase de balanço Acomodação da carga Progressão à frente Rebaixamento controlado Balanço Preparação para o apoio do pé Do contato do pé até a saída do pé contra-lateral; O contato no solo ocorre pela porção lateral do pé; Domina a absorção da energia nas articulações do joelho e tornozelo controladas pela ação do tríceps sural seguida pela do reto femoral e vasto lateral; O tornozelo é a articulação mais importante no desempenho da absorção de energia por sua dominância relativa, devido à menor sessão transversa dos flexores plantares comparados aos extensores do joelho; Na porção final desta fase, o corpo já está no nível do degrau inferior, ocorrendo uma co-contração entre tibial anterior e sóleo para estabilizar o tornozelo. O corpo é suportado sobre uma única perna; Uma força na direção posterior é exercida pelo corpo contra o solo para deslocá-lo à frente. Ocorre aproximadamente entre o apoio médio e o início do balanço; O corpo é rebaixado para o próximo degrau; Fase de maior progressão durante a descida de um degrau para o outro; O quadríceps tem sua atividade aumentada e são contraídos excentricamente; No final desta subfase há geração de energia positiva no quadril para levantar a perna do degrau e levá-la à próxima posição; Os extensores do joelho estão contraídos excentricamente para controlar a flexão; Os flexores plantares, pela ação do sóleo, geram energia de pequena magnitude, tanto que o segundo pico da força vertical é menor do que o peso corporal; A atividade no nível do tornozelo não é fonte principal de propulsão, mas usada para atenuar uma posição dorsifletida extrema do pé e auxiliar o balanço da perna; Os torques no joelho e tornozelo são menores no segundo pico do apoio, provavelmente devido ao centro de massa estar mais centralmente localizado em relação ao ponto de contato do pé e assim, em uma posição mais estável. A perna de balanço mantém sua orientação com pouca atividade muscular; A flexão plantar é resultado da perna sendo balançada como um pêndulo. Todas as articulações do membro de balanço estão estendidas, preparadas para receber a carga na fase de colocação do pé; O pé entra em contato com o solo pela borda lateral controlada pela ação do tibial anterior.

23 8 A fase de oscilação durante o descer degraus, assim como no subir, tem uma duração maior quando comparado com o andar no plano. Isso é justificado pelo aumento no comprimento do passo imposto pela escada, que resulta em maiores deslocamentos horizontais do membro livre, dois degraus abaixo, e a exigência de maior trabalho de frenagem da perna livre contra a ação da gravidade. Em virtude da descida controlada, o conceito de movimento pendular, tradicionalmente retratando esta fase, não pode ser aplicado para o descer degraus. A duração também é maior em indivíduos com maiores comprimentos segmentares do membro inferior, entretanto, a duração relativa (levando-se em conta a duração de uma passada completa) se mantém constante, quando comparado com o andar no plano (LOBO-DA-COSTA, 1995). Na locomoção sobre degraus, os movimentos do centro de gravidade no eixo vertical e horizontal são significativos, diferentemente do andar no plano em que predomina o deslocamento horizontal. Entretanto, a força vertical de reação do solo mantém dois picos máximos como no andar no plano (McFADYEN & WINTER, 1988; LOBO-DA-COSTA, 1995). As quedas em escadas podem ocorrer durante a subida ou a descida, entretanto, nesta última situação, os acidentes tendem a resultar em lesões mais sérias (fraturas e ferimentos na cabeça), uma vez que a queda pode fazer com que o usuário desça toda a escada, batendo em um grande número de degraus (TEMPLER, 1992). Existe um grande número de fatores que favorece as quedas em escadas, entre eles a dimensão e o desenho da escada, a forma de sua construção e manutenção, o material de sua superfície (carpete, madeira, ferro), o ambiente em que se encontra e a forma como as pessoas a utilizam, além das próprias características de seus usuários (condição de saúde e capacidade de proteção durante uma queda; TEMPLER, 1992; WYATT et al., 1999). Há também alguns momentos durante a descida de degraus em que o risco de ocorrência de queda é maior: a) quando a perna de balanço entra em contato com o degrau e todo o peso do corpo é transferido para ela, b) quando há perda de contato de um pé com o solo; e c) quando o pé de balanço chocase com as bordas do degrau (TEMPLER, 1992). De acordo com a classificação de McFADYEN E WINTER (1988), estes três eventos estão na fase de acomodação da carga. Neste caso, a

24 9 velocidade com que o membro inferior oscila pode influenciar sua aterrissagem. Uma velocidade maior, por exemplo, requereria maior controle do sistema motor. Uma escada pode ser a potencial causadora de acidentes se as dimensões dos degraus variam entre si e quando a profundidade do degrau é pequena os riscos para descer são aumentados. ROY (2001) relata que organizações britânicas consideram aceitáveis degraus variando entre 100 e 220 milímetros de altura. Quanto à profundidade (distância horizontal entre dos degraus), são recomendados valores entre 220 e 350 milímetros. Quando a profundidade do degrau é menor do que o comprimento do pé, o usuário precisa virar o pé em um ângulo agudo ao sentido da linha do andar, ou os dedos do pé ficarão fora dos limites do degrau. Se nada disso ocorrer, há o risco de bater o calcanhar no degrau de cima. Se os dedos ficarem além dos limites do degrau, quando o outro pé alcançar o degrau inferior, realizando uma queda controlada, pode ocorrer um escorregamento do pé que está mal posicionado no degrau superior. Dependendo de onde está o centro de gravidade em relação ao pé, e da ação adotada para proteção (como segurar nos corrimãos), o indivíduo poderá sofrer uma queda para frente ou para trás. Cair para trás, apesar de ser dolorido, tem um risco relativamente mais baixo de causar lesões sérias. Entretanto, cair para frente, resultaria em lesões mais sérias (TEMPLER, 1992). Para preservar a postura em pé são utilizadas estratégias adaptativas e algumas delas são empregadas antes do início do movimento. Estas estratégias buscam aumentar a base de suporte e rigidez articular através de co-contrações. O uso do corrimão, antes de iniciar a locomoção sobre um lance de degraus, apresenta-se como uma fonte adicional de suporte que auxilia a realização da tarefa. Neste caso, trata-se de um ajustamento postural feedforward (FRANK & EARL, 1990). Durante o movimento locomotor sobre degraus, o corrimão também auxilia na manutenção do equilíbrio. MAKI, PERRY & McILROY (1998) criaram uma situação experimental que simulava uma queda para frente em uma escada, com e sem a presença de corrimãos. Os adultos jovens que participaram deste experimento apresentaram uma redução significativa das

25 10 quedas nas tentativas em que os corrimãos estavam disponíveis. A ação de agarrar o corrimão gerou força em magnitude e tempo suficiente para reagir aos distúrbios posturais (cerca de 60% do peso corporal em menos de 1 segundo). A maioria dos acidentes em escadas ocorre nos três degraus superiores ou inferiores. Geralmente esses acidentes são causados por erros perceptuais, mostrando a importância da informação sensorial adequada para precisamente localizar as transições planodegrau e degrau-plano (CAVANAGH, MULFINGER & OWENS, 1997). Pensando na locomoção em degraus de ônibus, que possui apenas três degraus, o monitoramento deve estar ocorrendo durante todo o tempo de realização da tarefa. Alguns modelos de ônibus possuem degraus com dimensões diferentes, o que deve exigir maior atenção por parte do executante para extrair as informações ambientais a cada passo. Segundo STARTZELL et al. (2000), a função visual é o principal fator para o sucesso na locomoção sobre degraus. Isso ocorre porque a informação visual é requerida em várias fases, como por exemplo, durante o rastreamento conceitual inicial para a obtenção de informação sensorial, na detecção de riscos, escolha da rota, percepção visual da localização do degrau e monitoramento contínuo. Se esses processos forem interrompidos, o risco de um indivíduo sofrer uma queda aumenta (TEMPLER, 1992). O campo visual central fornece informação para o reconhecimento de objetos e superfícies e distância (perspectiva e contornos). Durante a locomoção sobre degraus, a visão central fornece informações importantes sobre a estrutura dos degraus (dimensões e composição). Quanto ao campo visual periférico, sua função está relacionada com a percepção do ambiente de forma inconsciente (STARTZELL et al, 2000). Neste caso, a utilização do corrimão seria guiada pela visão periférica. Para exemplificar a importância da visão na locomoção sobre degraus, a visualização de escadas com variadas dimensões permite precisamente perceber a altura ótima e máxima de acordo com as dimensões corporais do indivíduo (WARREN, 1984; MEEUWSEN, 1991). O julgamento da altura ideal também está relacionado com as restrições biomecânicas do

26 11 indivíduo, como o comprimento da perna e amplitude de movimento no quadril. KONCZAK, MEEUWSEN e CRESS (1992) apresentaram, a indivíduos jovens e idosos, lances de degraus com alturas diferentes para julgamento da altura máxima que eles seriam capazes de subir sem auxílio das mãos ou dos joelhos. Após o julgamento, os participantes foram convidados a subir o lance de degraus escolhido. Os idosos foram mais precisos nos julgamentos perceptuais comparados aos jovens, o que os autores justificaram por questões de segurança, já que qualquer erro pode levar à perda de equilíbrio, gerando sérias conseqüências como fraturas. Entretanto, neste experimento, realizado em laboratório, não foram impostas restrições de tempo para a seleção da altura ideal de degrau. Em situações da vida diária, como, por exemplo, durante a locomoção em degraus de ônibus, esses julgamentos ocorrem com restrição de tempo e, além disso, as dimensões dos degraus são variáveis em um mesmo lance. Isso exigiria um monitoramento constante a cada degrau e os julgamentos poderiam não ser tão precisos e eficientes Performance de idosos na locomoção sobre degraus Do início da idade adulta até os anos intermediários, as mudanças sensoriais e motoras são pequenas e graduais, quase imperceptíveis. A partir dos 45 anos, essas mudanças passam a ser mais acentuadas (PAPALIA & OLDS, 2000), atingindo os sistemas sensoriais (visual, vestibular e somatossensorial) e as capacidades motoras como força, flexibilidade, tempo de reação e coordenação (SPIRDUSO, 1995; VANDERVOORT, 1998). A força e a coordenação diminuem gradualmente, principalmente nos membros inferiores, devido à atrofia da massa muscular. O tempo de reação tanto simples quanto de escolha aumentam (PAPALIA & OLDS, 2000). A flexibilidade sofre uma redução a partir da entrada na idade adulta (SPIRDUSO, 1995). Todas essas capacidades físicas estão intimamente

27 12 relacionadas com a locomoção e o desempenho em atividades diárias, inclusivo na locomoção sobre degraus. A sarcopenia (perda de massa muscular associada com a idade) é freqüentemente apontada como responsável pela menor performance em testes que utilizam o subir e descer degraus. Entretanto, há um grande número de outros fatores envolvidos com os declínios na realização destas tarefas por idosos, como a diminuição da função sensorial (STARTZELL et al., 2000). O fluxo sangüíneo cerebral diminui com a idade tornando o funcionamento cerebral mais restrito. Com isso, o fluxo sangüíneo da retina também diminui afetando os receptores oculares. Dessa forma, o olho passa por alterações fisiológicas, tendendo a declinar a acuidade visual com a idade (SPIRDUSO, 1995). Este declínio é ainda acentuado por patologias visuais como catarata, degeneração da mácula e glaucoma (STARTZELL et al., 2000). Idosos em simuladores para motoristas exibem uma perda progressiva na determinação da direção com a redução da iluminação, ao contrário de indivíduos jovens, que conseguem manter esta capacidade mesmo em condições visuais degradadas, entre elas ambiente enevoado e com baixa iluminação (OWENS & TYRRELL, 1999). Além das perdas das capacidades visuais, distorções óticas decorrentes do uso de lentes multifocais também têm efeitos deletérios no lidar com degraus. Pacientes optométricos freqüentemente reclamam que as lentes bifocais provocam ações de saltar quando ocorre mudança de fixação entre o segmento distante e próximo da lente. Isso também pode produzir distorções do fluxo óptico, prejudicando a orientação visual e locomoção em terreno irregular ou com obstáculos, particularmente quando transições aparecem no plano próximo (PAULUS, STRAUBE, QUINTERN & BRANDT, 1989). Dessa forma, tanto distorções causadas pelo uso de lentes, como a própria diminuição da função visual decorrente do envelhecimento dificultam o descer degraus, podendo provocar percepções errôneas das características do degrau e do meio circundante.

28 13 O sistema vestibular, responsável pela manutenção do equilíbrio e orientação dos movimentos corporais e da cabeça, também sofre mudanças morfológicas, especialmente nas estruturas receptoras (otólito e canais semicirculares), contribuindo para uma diminuição da capacidade de orientação no espaço (VANDERVOORT, 1998). Antes de descer degraus de ônibus, o ônibus está em movimento e realizando a parada. As alterações de velocidade nesse momento requerem dos passageiros ajustes posturais para manutenção do equilíbrio. A função vestibular diminuída pode requerer de idosos, um maior tempo para que correções sejam efetuadas, refletindo num atraso no início da ação e num ato de descida mais lento ou com menos controle. Nos idosos, a informação somatossensorial está reduzida, quando comparados a adultos jovens. Os tecidos cutâneos dos idosos tornam-se menos sensíveis (MEINEL, 1984), incluindo diminuição da sensibilidade à vibração, pressão tátil, dor e temperatura (DESROSIERS, HÉBERT, BRAVO & DUTIL, 1996; VANDERVOORT, 1998). As implicações da perda da sensação periférica para o andar em escadas em idosos não têm sido estudadas diretamente, entretanto, STARTZELL et al., (2000) sugerem que a propriocepção deve ser a informação sensorial dominantemente usada na região média das escadas, porque se assume que o usuário tenha percebido as dimensões da escada após ter andado sobre os primeiros degraus. Ainda relacionado com a informação somatossensorial, o uso do corrimão durante a locomoção em escadas, além de servir como apoio mecânico, também pode ser fonte de informação sensorial para controle da postura. Estudos sobre controle postural encontram menor oscilação corporal quando os indivíduos realizam um toque leve sobre uma barra (BARELA, JEKA & CLARK, 1999). Nesse sentido, idosos que apresentam neuropatia periférica ou déficits em função do envelhecimento podem ter maior dificuldade para lidar com a região média de uma escada e, em caso de problemas visuais, a substituição da informação somatossensorial pela visual estaria comprometida, principalmente em ambientes com condições visuais desfavoráveis (STARTZELL et al, 2000). Particularmente nas escadas de ônibus, devido ao pequeno número de

29 14 degraus e, em muitos casos, à falta de simetria entre os degraus, a utilização da informação proprioceptiva pode ser comprometida. A mobilidade, que constitui a capacidade de se mover independentemente de um ponto a outro e é um elemento fundamental para realização de muitas atividades da vida diária, como se locomover dentro de casa e na comunidade. Dessa forma, o indivíduo deve ser capaz de lidar com ambientes com objetos, escadas e rampas. A mobilidade requer que o idoso se adapte apropriadamente às mudanças no ambiente e, quando isso não ocorre, os riscos de tropeços e quedas aumentam (PATLA & SHUMWAY-COOK, 1999; MIYASIKE-DA-SILVA, GONÇALVES, SILVA & GOBBI, 2003). Para garantir a mobilidade, duas ações são comumente tomadas. A primeira delas é adequar o ambiente, tornando-o mais seguro, otimizando espaços tanto dentro de casa quanto na comunidade (PINTO, MEDIC, VAN SANT, BIANCHI, ZLOTNICKI & NAPOLI, 2000). A segunda consiste na capacitação de idosos para realizar tarefas de acordo com as características destas. A ocorrência de quedas é um problema que aflige a população idosa, particularmente por suas conseqüências. TINETTI e colaboradores (1988) investigaram a ocorrência de quedas em indivíduos com mais de 75 anos. Dos 336 participantes, 32% tiveram pelo menos uma queda em um ano. Dez por cento das quedas ocorreram em escadas: em valores absolutos, foram registradas 20 quedas durante a descida e 5 quedas durante a subida. Este dado exemplifica o maior número de acidentes durante a descida do que durante a subida de degraus. O subir e descer escadas estão associados com a mais alta proporção de quedas em locais públicos, principalmente durante as descidas (SHUMWAY-COOK & WOOLLACOTT, 1995). Além disso, relatos dos próprios idosos mostraram que subir e descer degraus de ônibus constitui a atividade locomotora que eles encontram maior dificuldade, seguida pelas tarefas de percorrer médias distâncias, sentar e levantar, deitar e levantar, subir e descer escadas, entrar e sair do carro e carregar pesos (ANDREOTTI & OKUMA, 1999). REUBEN e SIU (1990), avaliando múltiplos domínios da performance física em idosos, identificaram a tarefa de andar em escada como o item de maior dificuldade.

30 15 A maioria dos idosos é capaz de usar todas as formas de transporte público sem qualquer problema. Entretanto, aqueles com deficiências de audição, visão e mobilidade encontram algumas dificuldades. O Disabled Persons Transport Advisory Committee (DPTAC/Inglaterra) tem consultado pessoas com incapacidades e recomendou melhoras na estrutura dos ônibus, incluindo, degraus mais baixos, kneeling buses (mecanismo que permite abaixar o ônibus e diminuir a altura dos degraus), melhores corrimãos, superfície sem rupturas e sinais de solicitação de parada com fácil acesso (ROPER & MULLEY, 1996). Idosos podem utilizar mais os corrimão buscando uma maior segurança durante o andar sobre degraus com um apoio adicional. Entretanto, o emprego desta estratégia é influenciado pela disposição e formato do corrimão. Outros fatores como ter as mãos livres para realizar o apoio e o próprio medo de uma possível queda também podem interferir neste comportamento. Os idosos costumam substituir o padrão de andar de colocar um pé em cada degrau por pisar com ambos os pés no mesmo degrau. Apesar dessa última estratégia de locomoção demandar maior gasto energético, ela estaria compensando outras perdas como a de força muscular (principalmente a força excêntrica no nível do joelho e tornozelo), amplitude de movimento e equilíbrio. Neste caso, o uso de escadas com degraus de alturas menores do que o convencional 17,8 cm favoreceria o emprego da estratégia de pisar com um pé em cada degrau, que é mais econômica do ponto de vista energético e em condições compatíveis com a amplitude de movimento de idosos (STARTZELL et al., 2000). Além disso, ao empregar a estratégia de pisar com ambos os pés em cada degrau, o tempo para descer torna-se mais prolongado, fato este que favorece uma descida mais controlada pela menor distância deslocada a cada passo e também pode facilitar a captação e utilização de informações do ambiente. É interessante observar que idosos ativos apresentam menor incidência de quedas e relatam menores dificuldades em atividades da vida diária. Como a prática regular de atividade física pode propiciar estes benefícios é o assunto abordado a seguir.

31 Efeito da atividade física sobre a locomoção de idosos em escadas O uso de escadas é estimulado em ambientes públicos com cartazes e avisos, visando aumentar o nível de atividade física da população. Essas intervenções têm efeitos positivos principalmente para indivíduos jovens (KERR, EVES & CARROLL, 2001). Possivelmente, limitações decorrentes do envelhecimento e o próprio medo de quedas possam inibir o uso de escadas pela população idosa. Estudos têm encontrado que pessoas idosas respondem favoravelmente ao exercício, tendo performances melhores que grupos de idosos sedentários em componentes da aptidão como equilíbrio, flexibilidade, agilidade, tempo de reação, coordenação e força (SPIRDUSO, 1995; VAN NORMAN, 1995; POLASTRI, MIYASIKE-DA-SILVA, VILLAR, ZAGO & GOBBI, 1999; HONG, LI & ROBINSON, 2000; MIYASIKE-DA-SILVA, VILLAR, ZAGO, POLASTRI & GOBBI, 2002). A atividade física favorece a prevenção a quedas, visto que a diminuição dessas capacidades tem mostrado ser grande agravante deste fenômeno em idosos (BOUCHARD, SHEPHARD & STEPHENS, 1993; LORD, LLOYD & LI, 1998; WALKER, 1998). O treinamento em tarefas visando especificamente os sistemas sensoriais envolvidos na manutenção da estabilidade postural resulta em melhoras no equilíbrio de idosos (SPIRDUSO, 1995; SHUMWAY-COOK & WOOLLACOTT, 1995; MIYASIKE-DA-SILVA et al., 2003). Exercícios aeróbios melhoram o fluxo sangüíneo para a região cerebral e órgãos sensoriais localizados na cabeça, contribuindo assim para a manutenção dos níveis ótimos da função perceptiva. Um melhor fluxo sangüíneo também aumenta a capilarização das extremidades corporais, favorecendo a manutenção da contractibilidade das fibras musculares e da sensibilidade da pele (BOUCHARD et al., 1993; SPIRDUSO, 1995). A prática regular de atividade física reduz a amplitude das oscilações corporais quando se compara idosos ativos com sedentários, devido a seus efeitos tanto sobre os sistemas sensoriais como no sistema motor (FERRAZ, 1999).

32 17 Ainda não há evidências concretas de que os efeitos do treinamento de exercícios de equilibro estático possam se transferir para outras tarefas funcionais, como, por exemplo, o caminhar, resultando em uma redução significativa das quedas na vida diária. Aparentemente, para aumentar as habilidades de controle do equilíbrio durante o andar, exercícios locomotores em combinação com várias tarefas de equilíbrio devem ser incorporados aos programas de treinamento (TANG & WOOLLACOTT, 1996). MIYASIKE-DA-SILVA, GONÇALVES, SILVA & GOBBI (2003) verificaram os efeitos da atividade física regular e de um programa específico de treinamento em mobilidade utilizando uma tarefa dinâmica, na qual os idosos deveriam percorrer dois circuitos compostos por objetos existentes na vida diária. Os idosos deveriam andar o mais rápido possível evitando efetuar contatos com os objetos. Tanto a atividade física regular quanto o programa de treinamento tiveram um efeito positivo na redução do tempo para execução da tarefa e na diminuição do número de contatos, quando comparados idosos ativos e idosos sedentários. Tarefas da vida diária, como a mobilidade em ambiente doméstico (GONÇALVES, 2001; MIYASIKE-DA-SILVA et al., 2003), têm favorecido a observação do comportamento de idosos e, em conseqüência, permitido acessar alterações decorrentes do envelhecimento e da atividade física. Neste contexto, a locomoção sobre degraus apresenta-se como uma das tarefas considerada de difícil execução pelos idosos, como já mencionado, e ainda pouco estudada.

33 18 3. ESTUDO 1 O DESCER DEGRAUS DE ÔNIBUS EM AMBIENTE REAL Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Biociências/UNESP/CRC Objetivos Devido à falta de pesquisas envolvendo especificamente a locomoção em degraus de ônibus, o Estudo 1, de caráter exploratório, teve como objetivo realizar uma análise qualitativa do comportamento locomotor de idosos de diferentes faixas etárias durante a descida de ônibus em situação real, considerando a idade e a prática regular de atividade física entre outras características dos idosos usuários de ônibus. Para isso, idosos foram observados e filmados durante a descida de degraus de ônibus e as estratégias empregadas foram analisadas. O perfil dos idosos que utilizam este meio de transporte também foi computado Hipóteses a) As condições ambientais, como a altura dos degraus, influenciam o comportamento locomotor durante o descer degraus de ônibus; b) Idosos relatam algum grau de dificuldade para descer degraus de ônibus;

34 19 c) A idade é um fator que interfere no comportamento locomotor de indivíduos durante o descer degraus de ônibus Material e Método Participantes Participaram deste estudo 80 passageiros das linhas de ônibus da empresa Rápido São Paulo que presta serviços de transporte público na cidade de Rio Claro/SP. Após as coletas, os idosos foram agrupados por idade. O número de participantes por grupo e suas características são apresentados no início dos resultados deste estudo. Dos 80 indivíduos filmados, 7 tinham idade inferior a 60 anos e, em outros 7 participantes, a filmagem não permitiu que as estratégias comportamentais fossem observadas (erros na coleta, perda de imagem ou obstruções). Sendo assim, os dados de 66 idosos foram utilizados para análise. Esses participantes foram agrupados em 5 grupos etários com amplitude de 5 anos, como segue: a) G1: 60 a 64,9 anos; b) G2: 65 a 69,9 anos; c) G3: 70 a 74,9 anos; d) G4: 75 a 79,9 anos; e) G5: mais de 80 anos Procedimentos Indivíduos ao descer degraus de ônibus foram filmados com uma câmera marca Sony modelo Handycam CCD-TR413PK, em 3 pontos da cidade em que se localizam paradas de

35 20 ônibus. A câmera registrou, no plano frontal, a descida dos degraus do ônibus até a aterrissagem no solo. Devido ao local de parada do veículo ser variável, a câmera permaneceu móvel para permitir maior mobilidade do equipamento. O consentimento de participação (Apêndice 1) foi requisitado após a filmagem para evitar alterações comportamentais decorrentes da observação. Após o consentimento, foi aplicado um pequeno questionário presente na ficha de coleta (Apêndice 2). As questões abrangeram data de nascimento, prática de atividade física, ocorrência de quedas nos últimos 12 meses, utilização de meios de transporte e percepção subjetiva de dificuldade para subir e descer degraus de ônibus. No momento da descida e para cada participante, foi registrada a altura entre o último degrau e o solo, através de uma trena, com precisão de milímetros. Este dado também foi registrado na ficha de coleta juntamente com a identificação do ônibus e linha. Em visita posterior à garagem de ônibus, as dimensões de todos os degraus do ônibus foram registradas. Após a filmagem, as informações comportamentais foram obtidas diretamente por meio de observação do conteúdo das fitas em velocidade lenta. Estas informações foram codificadas em três estratégias comportamentais: a) posicionamento dos pés nos degraus: pés posicionados de frente lateralmente ou de costas em relação ao degrau; b) tipo de passo: pisar com um pé ou ambos os pés em cada degrau; e c) utilização dos membros superiores: uso de uma, ambas as mãos ou nenhuma nos corrimãos e estruturas próximas (portas, por exemplo). Dois observadores treinados registraram as estratégias empregadas por participante. Em caso de respostas discrepantes entre estes, um terceiro observador foi consultado Análise dos dados Foram adotadas como variáveis dependentes as seguintes estratégias comportamentais: a) posicionamento dos pés; b) tipo de passo; e c) utilização dos membros superiores.

36 21 Em virtude da diferença de altura dos degraus superiores com a altura entre o último degrau e o solo, as estratégias empregadas foram analisadas em dois momentos distintos da tarefa: durante a locomoção nos degraus superiores e durante a descida do último degrau para o solo. Os dados obtidos nas filmagens e no questionário foram tratados através de porcentagem de ocorrência. Análises de Regressão Múltipla (stepwise) foram executadas para verificar as relações entre as estratégias comportamentais, os dados do questionário e a altura dos degraus, com significância pré-estabelecida de p<0, Resultados características. A Tabela 1 apresenta o agrupamento dos 66 idosos nos 5 grupos etários e suas Tabela 1 Caracterização dos grupos etários com número de participantes (n), idades mínima e máxima dos participantes de cada grupo (amplitude), média de idade, desvio-padrão (DP) e gênero. GRUPOS n AMPLITUDE MÉDIA ± DP MULHERES HOMENS G ,08 64,84 63,11 ± 1, G ,19 69,36 67,19 ± 1, G ,10 74,51 72,70 ± 1, G ,08 79,59 76,90 ± 1, G ,37 85,76 82,41 ± 1, Total De todos os ônibus utilizados pelos participantes deste estudo, a altura média dos degraus foi de 27,39 cm (variando de 18 até 29 cm). A altura média entre o último degrau e o solo foi de 33,59 cm (variando entre 27,50 e 48,50 cm). Devido à grande variação encontrada nas dimensões dos degraus de ônibus, optou-se por analisar o emprego das estratégias comportamentais nos degraus superiores e no último degrau, separadamente.

37 22 A seguir, são apresentados os resultados obtidos através da análise dos questionários e da observação das estratégias adaptativas empregadas Questionário: características da amostra Os resultados a seguir são apresentados segundo as informações registradas em cada item do questionário (Apêndice 2) Prática de atividade física A Tabela 2 apresenta a composição dos grupos segundo a prática da atividade física. Foram considerados ativos aqueles idosos que praticavam atividade física regular pelo menos 3 vezes por semana com uma hora de duração cada sessão e por um tempo mínimo de 6 meses. Tabela 2 - Porcentagem (números absolutos) de indivíduos de ativos e sedentários por grupo etário. GRUPOS ATIVOS SEDENTÁRIOS G1 18,8 (3) 81,3 (13) G2 30,0 (3) 70,0 (7) G3 13,3 (2) 86,7 (13) G4 16,7 (2) 83,3 (10) G5 30,8 (4) 69,2 (9) Total 21,2 (14) 78,8 (52) A amostra foi composta predominantemente por indivíduos sedentários (78,8%). Os dados da Tabela 2 permitem inferir que o grupo G5 apresentou maior incidência de idosos ativos Quedas A Tabela 3 mostra a porcentagem de indivíduos que declararam ter quedas nos últimos 12 meses. Dos idosos entrevistados, 19,7% declararam ter sofrido pelo menos uma queda

38 23 nos últimos 12 meses. Das 13 quedas registradas, 4 ocorreram durante o uso do transporte público. Tabela 3 - Porcentagem (números absolutos) de indivíduos que sofreram quedas nos últimos 12 meses. GRUPOS QUEDAS G1 12,5 (2) G2 10,0 (1) G3 26,7 (4) G4 33,3 (4) G5 15,4 (2) Total 19,7 (13) Pode-se inferir, por meio da observação da Tabela 3, que os indivíduos de G3 e G4 relataram mais ocorrências de quedas que os demais grupos. Estes grupos também apresentaram porcentagens altas de indivíduos sedentários (Tabela 2) Meio de transporte preferencial O ônibus é o meio transporte preferencial de 62,2% dos idosos entrevistados, seguido de andar a pé (28,8%), bicicleta (6,1) e de carro (3%). A Tabela 4 as mostra as respostas desta questão de acordo com o grupo etário. Tabela 4 - Transporte preferencial utilizado pelos idosos em porcentagem (números absolutos). GRUPOS Ônibus A pé Carro Bicicleta G1 75,0 (12) 12,5 (2) ,5 (2) G2 70,0 (7) 20,0 (2) 10,0 (1) 10,0 (1) G3 73,3 (11) 26,7 (4) G4 41,7 (5) 33,3 (4) 16,7 (2) 8,3 (1) G5 46,2 (6) 53,8 (7) Total 62,1 (41) 28,8 (19) 3,0 (2) 6,1 (4) Observa-se na Tabela 4 que o ônibus é o transporte preferencial em todos os grupos, com exceção do G5 que foi superado pela opção de andar a pé.

39 Freqüência semanal de utilização do ônibus A Tabela 5 mostra a freqüência de utilização dos ônibus por parte dos idosos pertencentes a cada grupo etário. Tabela 5 - Freqüência semanal de utilização do ônibus pelos grupos etários em porcentagem (números absolutos). GRUPOS Menos de 1 vez 1 a 2 vezes 3 a 4 vezes Mais de 4 vezes G1 12,5 (2) 31,3 (5) 12,5 (2) 43,8 (7) G2 30,0 (3) 30,0 (3) 30,0 (3) 10,0 (1) G ,0 (6) 26,7 (4) 33,3 (5) G4 25,0 (3) 25,0 (3) 33.3 (4) 16,7 (2) G5 23,1 (3) 30,8 (4) 23,1 (3) 23,1 (3) Total 16,7 (11) 31,8 (21) 24,2 (16) 27,3 (18) Através da Tabela 5, pode-se observar que o transporte coletivo é muito utilizado pelos idosos de qualquer grupo. No geral, 83,3% utilizam o ônibus mais 1 por semana, caracterizando a amostra como usuários freqüentes deste meio de transporte. A vantagem da passagem gratuita pode ter contribuído para a utilização semanal do transporte coletivo Percepção de dificuldade para subir e descer os degraus dos ônibus Os idosos não consideram difícil a tarefa de subir e descer degraus. Para subir, 62,2% dos participantes considerou a tarefa fácil/muito fácil de ser executada, enquanto que 57,5% consideraram o mesmo para o descer. As Tabelas 6 e 7 apresentam a percepção de dificuldade para o subir e descer degraus de ônibus por grupo etário. Tabela 6 - Percepção de dificuldade na tarefa de subir degraus de ônibus em porcentagem (números absolutos). GRUPOS Muito fácil Fácil Moderado Difícil Muito dífícil G1 6,2 (1) 43,8 (7) 31,3 (7) 12,5 (2) 6,2 (1) G ,0 (5) 20,0 (2) 30,0 (3) G3 13,3 (2) 46,8 (7) 13,3 (2) 13,3 (2) 13,3 (2) G4 16,7 (2) 58,3 (7) 25,0 (3) G5 23,1 (3) 53,8 (7) 7,7 (1) 15,4 (2) Total 12,2 (8) 50 (33) 19,7 (13) 13,6 (9) 4,5 (3)

40 25 Tabela 7 - Percepção de dificuldade na tarefa de descer degraus de ônibus em porcentagem (números absolutos). GRUPOS MUITO FÁCIL FÁCIL MODERADO DIFÍCIL MUITO DIFÍCIL G1 6,3 (1) 50,0 (8) 18,7 (3) 18,7 (3) 6,3 (1) G ,0 (5) 20,0 (2) 30,0 (3) G3 13,3 (2) 46,8 (7) 13,3 (2) 13,3 (2) 13,3 (2) G4 16,7 (2) 41,6 (5) 25,0 (3) 16,7 (2) G5 30,8 (4) 30,8 (4) 15,4 (2) 15,4 (2) 7,6(1) Total 13,6 (9) 43,9 (29) 18,2 (12) 18,2 (12) 6,1 (4) Observa-se nas Tabelas 6 e 7 que, independente do grupo, subir e descer degraus é uma tarefa considerada fácil pela maioria dos idosos. Foram poucos os participantes que em seus relatos manifestaram algum tipo de dificuldade em relação a subir e descer degraus de ônibus Estratégias comportamentais Os resultados a seguir foram obtidos através da análise do conteúdo das filmagens. As estratégias adaptativas empregadas (posicionamento dos pés, ação dos membros inferiores e utilização dos membros superiores) foram observadas em duas fases distintas: durante a locomoção sobre os degraus superiores e durante a descida do último degrau para o solo. Valores absolutos e relativos do emprego de cada estratégia para cada grupo etário são encontrados em tabelas presentes no Apêndice Posicionamento dos pés A estratégia de posicionamento dos pés identifica a forma de colocação dos pés sobre os degraus, que poderiam ser posicionados, em relação ao degrau, de frente, lateralmente ou de costas. Descer os degraus posicionando os pés no sentido da progressão constitui o padrão de movimento habitualmente utilizado. Descer de lado ou de costas são estratégias adaptativas

41 26 empregadas para realizar a tarefa. A Figura 1 ilustra as formas de posicionamento dos pés encontradas neste estudo. a) b) c) Figura 1 Formas de posicionamento dos pés: a) participante posicionando os pés de frente para o sentido da progressão; b) participante posicionando os pés lateralmente ao degrau e c) participante executando a descida de costas.

42 27 Dos idosos filmados, 53% posicionou os pé lateralmente, enquanto que 47% posicionou os pés de frente durante a descida dos degraus superiores. Na descida do último degrau em direção ao solo, 34,8% realizou a descida de frente, enquanto que 63,6% desceu de lado. A Figura 2 apresenta a porcentagem de indivíduos que adotaram cada estratégia em função do grupo etário (ver também Tabela 22 no Apêndice 3). Tentativas (%) a) b) de costas de lado de frente G1 G2 G3 G4 G5 Grupos G1 G2 G3 G4 G5 Grupos Figura 2 - Posicionamento dos pés durante a descida em função do grupo etário: a) nos degraus superiores e b) no último degrau. Observa-se na Figura 2a que durante a descida dos degraus superiores a maioria dos participantes dos grupos G2, G4 e G5 posicionou os pés no sentido da progressão. Entretanto, durante a descida do último degrau (Figura 2b), em todos os grupos, a maioria dos indivíduos deixou de utilizar o padrão de posicionamento dos pés, adotando a estratégia de posicionar os pés lateralmente ao degrau. Inesperadamente, um participante do grupo G5 efetuou a descida de costas, posicionando os pés com os calcanhares voltados para frente. Uma Análise de Regressão Múltipla (stepwise) foi realizada para verificar as relações entre as respostas do questionário, estratégias empregadas e idade no posicionamento dos pés (Tabela 8).

43 28 Tabela 8 Variáveis que explicam o emprego das estratégias de posicionamento dos pés durante a descida dos degraus superiores e do último degrau. Variáveis R 2 Beta Significância DEGRAUS SUPERIORES (R 2 = 0,236, p< 0,001) ÚLTIMO DEGRAU (R 2 = 0,348, p< 0,001) Tipo de passo 0,151 0,389 0,001 Grupo 0,236-0,292 0,010 Variáveis R 2 Beta Significância Tipo de passo 0,223 0,439 0,001 Dificuldade para descer 0,348 0,355 0,001 Os resultados da Análise de Regressão Múltipla identificaram que as variáveis tipo de passo e grupo de idade predizem 23,6% do emprego de estratégias de posicionamento dos pés durante a descida dos degraus superiores. A mudança do tipo de passo de alternado para o de pisar com ambos os pés em cada degrau favoreceu o emprego da estratégia de posicionar os pés lateralmente ao degrau, enquanto que indivíduos mais velhos tenderam a utilizar mais o posicionamento dos pés de frente para o degrau. Durante a descida do último degrau, o tipo de passo e a dificuldade para descer degraus de ônibus explicam 34,8% do posicionamento dos pés, da seguinte forma: o emprego da estratégia adaptativa (posicionamento dos pés de frente ou de costas) acontece juntamente com o emprego da estratégia de passo unido, combinada quando a percepção de dificuldade para descer é maior Tipo de passo O tipo de passo adotado durante a descida de degraus é o de passadas alternadas, ou seja, pisar com apenas um dos pés em cada degrau. Descer unindo os pés a cada degrau, constituiria uma estratégia adaptativa para realizar esta tarefa, comumente utilizada por idosos (STARTZELL et al., 2000). A Figura 3 ilustra a descida de dois participantes executando o padrão alternado e a estratégia adaptativa de pisar com ambos os pés em cada degrau.

44 29 a) ) b) Figura 3 Tipo de passo: a) descida com passadas alternadas, cada degrau é tocado com apenas um dos pés; b) os pés são unidos em cada degrau antes da descida para o degrau seguinte. Dos idosos participantes observados durante a descida dos degraus superiores e do último degrau, 75% e 84,8%, respectivamente, utilizaram a estratégia adaptativa de pisar com ambos os pés em cada degrau. A Figura 4 apresenta a porcentagem de indivíduos que utilizaram os tipos de passo por grupo etário (ver também Tabela 23 no Apêndice 3).

45 Tentativas (%) a) b) unida alternada G1 G2 G3 G4 G5 Grupos G1 G2 G3 G4 G5 Grupos Figura 4 Porcentagem de indivíduos que utilizou cada tipo de passo por grupo etário durante a descida dos degraus superiores (a) e durante a descida do último degrau (b). 30 Observa-se pelos gráficos da Figura 4 que, independente do degrau da escada (superior ou último degrau) e do grupo etário, predominou o emprego da estratégia adaptativa de unir os pés a cada degrau. Interessante notar por inferência que, durante a descida do último degrau (Figura 5b), a porcentagem de indivíduos que empregaram a estratégia de unir os pés a cada degrau aumentou em comparação a descida dos degraus superiores (Figura 5a). A Análise de Regressão Múltipla (stepwise) verificou as variáveis preditoras do tipo de passo durante a descida dos degraus superiores e do último degrau, que estão apresentadas na Tabela 9. Tabela 9 Variáveis que explicam a variabilidade no tipo de passo empregado durante a descida dos degraus superiores e do último degrau. Variáveis R 2 Beta Significância DEGRAUS SUPERIORES Posicionamento dos pés 0,151 0,379 0,001 (R 2 = 0,207, p < 0,002) Membros superiores 0,207 0,236 0,039 ÚLTIMO DEGRAU Variáveis R 2 Beta Significância (R 2 = 0,223, p< 0,001) Posicionamento dos pés 0,223 0,472 0,001 Conforme a Tabela 9, o posicionamento dos pés e a utilização dos membros superiores explicam 20,7% da variabilidade do tipo de passo adotado durante a descida dos degraus superiores. As duas variáveis tem um relacionamento positivo com o tipo de passo, ou seja, a adoção de estratégias mais conservadoras como a utilização dos corrimãos e o posicionamento dos pés lateralmente ao degrau levam ao emprego da estratégia adaptativa do tipo de passo, que é o de pisar com ambos os pés em cada degrau.

46 31 Durante a descida do último degrau, o posicionamento dos pés explica 22,3% da variabilidade do tipo de passo empregada. Da mesma forma que durante a descida dos degraus superiores, a adoção de uma estratégia adaptativa conservadora de posicionamento dos pés também leva à estratégia de unir os pés a cada passada Utilização dos membros superiores A realização da tarefa de descer degraus de ônibus pode ser auxiliada através da utilização dos membros superiores nos corrimãos e estruturas próximas. O indivíduo pode escolher utilizar uma, ambas ou nenhuma das mãos. A Figura 5 ilustra as formas de utilização dos membros superiores durante a descida dos degraus de ônibus.

47 32 a) b) c) Figura 5 Estratégias de utilização dos membros superiores: a) participante descendo os degraus do ônibus sem auxílio dos membros superiores; b) participante utilizando apenas uma das mãos para realizar a tarefa; c) participante utilizando ambas as mãos para descer os degraus do ônibus. Durante a descida dos degraus superiores e do último degrau, a maioria dos idosos utilizou uma ou ambas as mãos (respectivamente, 53% e 42,5%; 53% e 40,9%) A Figura 6

48 33 apresenta a porcentagem de indivíduos que utilizaram os membros superiores por grupo etário (ver também Tabela 24 no Apêndice 3). a) b) Tentativas (%) duas mãos uma mão nenhuma G1 G2 G3 G4 G5 Grupos 0 G1 G2 G3 G4 G5 Grupos Figura 6 Porcentagem de utilização dos membros superiores por grupo etário durante a descida dos degraus superiores (a) e durante a descida do último degrau (b). Pode-se inferir a partir da Figura 6 que, independente do grupo etário e do momento de descida (degraus superiores Figura 6a ou último degrau Figura 6b), a utilização de um ou ambos os membros superiores foi predominante na maioria dos idosos. Entretanto, durante a descida do último degrau, esta utilização foi levemente menor, o que pode ser decorrente de muitos ônibus não possuírem corrimãos no último degrau, restringindo este comportamento. Outro fator que poderia comprometer a utilização dos membros superiores seria o transporte de algum tipo de objeto. Dos participantes deste estudo, 42,2% transportavam algum tipo de carga (bolsas, carteiras, sacolas, guarda-chuva) em suas mãos. A Análise de Regressão Múltipla apresentada a seguir confirma este resultado. A Análise de Regressão Múltipla (stepwise) executada para verificar as relações entre as respostas do questionário, estratégias empregadas e idade na utilização dos membros superiores confirma a influência do transporte de carga (Tabela 10).

49 34 Tabela 10 Variáveis que explicam a utilização dos membros superiores durante a descida dos degraus superiores e do último degrau. Variáveis R 2 Beta Significância DEGRAUS SUPERIORES (R 2 = 0,273, p< 0,001) ÚLTIMO DEGRAU (R 2 = 0,254, p< 0,001) Transporte de carga 0,167 0,467 0,001 Gênero 0,273 0,331 0,004 Variáveis R 2 Beta Significância Transporte de carga 0,113 0,410 0,001 Tipo de passo 0,195 0,279 0,016 Altura até o solo 0,254-0,248 0,033 Como mostrado na Tabela 10, o transporte de carga e o gênero predizem 27,3% da utilização dos membros superiores durante a descida dos degraus superiores. Além disso, mulheres também utilizam mais estratégias de utilização de membros superiores do que homens. Durante a descida do último degrau, o transporte de carga, o tipo de passo e a altura do último degrau até o solo explicam 25,4% da utilização dos membros superiores. Não transportar carga, adotar a estratégia adaptativa de passo unido e em situações onde a altura entre o degrau e o solo é maior, implicam no contato dos membros superiores nos corrimão e portas do ônibus Discussão A observação de uma tarefa realizada em ambiente real permite identificar características que, muitas vezes, não são passíveis de serem reproduzidos em laboratório. SHUMWHAY-COOK, PATLA, STEWART, FERRUCCI, CIOL e GURALNIK (2002), por exemplo, conseguiram identificar que algumas dimensões são determinantes para a mobilidade na comunidade como fatores temporais (velocidade de andar), carga física (transporte de objetos), características do terreno (presença de escadas, elevadores, obstáculos) e transições posturais (mudanças na posição do corpo durante a locomoção). Estas dimensões só conseguiram ser identificadas com a observação de idosos em ambiente real. Considerando que o objetivo deste estudo foi realizar uma análise qualitativa do comportamento locomotor de idosos durante o descer degraus de ônibus, os resultados encontrados permitem levantar algumas considerações a respeito da tarefa de descer degraus de

50 35 ônibus, a percepção de dificuldade de idosos realizando esta tarefa e as estratégias comportamentais por eles adotadas Características da escada de ônibus Verificou-se que o idoso se depara com um ambiente extremamente variável durante a locomoção sobre degraus de ônibus. Isso é observado nas diferenças encontradas nas dimensões dos degraus e na disposição de corrimãos. Ainda existem fatores adicionais como a distância do ônibus da calçada, visto que o veículo pára em vários pontos da cidade, com características diferentes. As alturas encontradas nos degraus observados mostram dois problemas, também levantados por ROY (2001): os degraus de uma mesma escada são diferentes (principalmente quando se compara o último degrau com os demais) e as alturas dos degraus registradas são bem maiores do que os níveis considerados mais seguros. A variação nas condições ambientais exige do indivíduo adaptar-se às suas demandas. A presença de características físicas no ambiente, que podem transmitir algum risco à locomoção (dentre elas a presença de escadas), levam idosos a evitar tais ambientes, particularmente quando estes são portadores de incapacidades de mobilidade. Conseqüentemente, isso causa uma restrição no repertório motor de um indivíduo, favorecendo a deterioração da condição física e interação social (SHUMWAY-COOK, PATLA, STEWART, FERRUCCI, CIOL & GURALNIK, 2003) A percepção de dificuldade de idosos Apesar desta tarefa se desenvolver em um ambiente complexo, os idosos não deixam de executá-la, o que é notado pela grande utilização deste meio de transporte. Os idosos participantes deste estudo declararam considerar a tarefa de descer degraus de ônibus fácil de se executar, o que não corrobora com o que vem sendo relatado na

51 36 literatura (REUBEN & SIU, 1990; WILLIAMSON & FRIED, 1996; GRIMBY, ANDRÉN, DAVING & WRIGHT, 1998; ANDREOTTI & OKUMA, 1999). A dificuldade auto-relatada para realização de atividades da vida diária pode ser utilizada para identificar indivíduos com incapacidades (LANGLOIS, MAGGI, HARRIS, SINONSICK, FERRUCCI, PAVAN, SARTORI & ENZI, 1996). Entretanto, GRIMBY et al. (1998), avaliando indivíduos vítimas de fraturas, encontraram a dificuldade auto-relatada em níveis mais altos do que o grau de dependência real dos pacientes para utilização do transporte público. A superestimação da dificuldade, neste caso, pode ter sido devido à condição física dos participantes, que após dois dias da fratura, apresentam maior percepção de dificuldade, o que foi explicado pela finalidade de manter maior margem de segurança para realizar tarefas. Já para indivíduos idosos, LANGLOIS et al. (1996) evidenciaram a tendência do aumento da percepção de dificuldade com o aumento da idade, principalmente em mulheres. Os resultados obtidos no presente estudo mostraram percepções de dificuldades semelhantes ao longo dos grupos de idade, o que gera o seguinte questionamento: por que os indivíduos mais velhos não teriam relatado maior dificuldade? Uma possível razão talvez seja a alta incidência de utilização do ônibus e do andar conforme o próprio relato dos indivíduos. Ao lidar com estes ambientes, os idosos desenvolvem comportamentos adaptativos, o que permite menor percepção de dificuldade. Entrevistando idosos, ANDREOTTI e OKUMA (1999) encontraram a tarefa de subir e descer degraus de ônibus como a mais difícil de se executar entre uma série de atividades da vida diária. Entretanto, os autores não apresentam dados sobre a incidência de utilização de ônibus pelos participantes. Paralelamente, o estudo envolveu participantes residentes em uma metrópole, onde o tráfego de veículos possui características diferenciadas, como maior fluxo de carros e ruas irregulares, que limitam a parada do ônibus por períodos mais longos e em locais apropriados. Diante destas considerações, é possível que estes idosos não sejam usuários freqüentes de ônibus e, ao serem questionados sobre a dificuldade em realizar esta tarefa, poderiam ter superestimado a dificuldade, em função de como eles avaliaram as condições em que a tarefa é realizada. Por outro lado, o estudo também não especifica o padrão locomotor a ser

52 37 empregado ao utilizar o transporte público, sendo que os participantes poderiam até ter pensado em realizar a tarefa sem o uso de estratégias comportamentais (passo unido, utilizando o corrimão, etc). É interessante observar também que o estudo de ANDREOTTI e OKUMA (1999) foi composto por idosos ativos, enquanto que, na amostra do presente estudo, prevaleceram idosos sedentários e com grande freqüência de utilização de transportes públicos. Isso pode suscitar o seguinte questionamento: seria a prática de uma atividade da vida diária capaz de treinar os indivíduos adaptando-os melhor a essas circunstâncias? Se este for o caso, pode-se especular que, para a percepção de dificuldade, a realização específica da locomoção em escadas de dimensões elevadas e a prática extensiva da tarefa real têm efeitos mais positivos do que a atividade física generalizada. Quando se compara a percepção de dificuldade com as estratégias empregadas, percebe-se que, apesar de considerar a tarefa fácil, os idosos utilizaram estratégias mais conservadoras para descer o lance de degraus. Talvez, se os idosos utilizassem o padrão locomotor normalmente utilizado por adultos jovens, a tarefa se tornaria mais difícil. Assim, seria possível considerar que o emprego de estratégias adaptativas diminuísse a percepção de dificuldade, o que explica os resultados obtidos neste estudo. WILLIAMSON e FRIED (1996) observaram uma diferença na resposta de idosos com relação à percepção de dificuldade em realizar atividades da vida diária: os idosos atribuíram a dificuldade ou incapacidade em realizar determinada tarefa pela presença de patologias, enquanto mudanças na maneira de realizar a tarefa foram relacionadas com alterações decorrentes do envelhecimento. Além disso, idosos costumam perceber a dificuldade em realizar tarefas de mobilidade quando estes mudam a forma de realizá-las ou executam-nas mais lentamente (GREGORY & FRIED, 2003). Neste sentido, os participantes do presente estudo poderiam não ter observado suas mudanças comportamentais para realizar a tarefa, atribuindo a facilidade em descer degraus de ônibus pela capacidade de realizá-la independentemente, com a adoção de estratégias adaptativas.

53 As estratégias comportamentais A locomoção sobre degraus é considerada como uma das tarefas mais difíceis de se realizar na vida diária em função das diminuições posturais decorrentes do envelhecimento (WILLIAMSON & FRIED, 1996). Através das Análises de Regressão verificou-se que há um relacionamento íntimo entre essas estratégias, podendo-se dizer até que se trata de uma estratégia conjunta mais conservadora. Esta estratégia conjunta conservadora adotada pela maioria dos participantes foi a de posicionar os pés lateralmente em relação ao degrau, utilizar os membros superiores e unir os passos a cada degrau. A adoção das estratégias de descer de lado ou de costas pode transmitir maior segurança, pois, caso uma queda ocorra, a região anterior do corpo estaria protegida. Além disso, descer de costas parece provocar uma menor oscilação do corpo à frente, o que favorece a manutenção da projeção do centro de massa dentro da base de suporte. A posição lateral ao sentido da descida também provoca uma posição protetora da parte anterior do corpo no caso de uma queda ou perda súbita de equilíbrio. Outra alternativa pode estar relacionada com a utilização mais eficiente do corrimão como fonte de suporte, principalmente em modelos de ônibus que não oferecem corrimão dos dois lados dos degraus. Em contrapartida, ao utilizar estas estratégias adaptativas, a captação das informações visuais é prejudicada pelo campo visual mais restrito no sentido da progressão. A adoção de estratégias conservadoras esteve presente na maioria dos idosos. Mudar a ação alternada dos membros inferiores para o de unir os pés a cada degrau já foi observado por STARTZELL et al. (2000). A utilização dos membros superiores é outra estratégia que, dependendo da força aplicada, pode servir de apoio mecânico e/ou fonte de informação somatossensorial, como a superfície de contato funcional utilizada por BARELA et al. (1999) ao estudar o desenvolvimento do controle postural. Seu uso como fonte de suporte adicional, pode atenuar a carga dos membros inferiores, que apresentam menor força e massa muscular em virtude do envelhecimento (PAPALIA & OLDS, 2000). O medo de quedas também pode favorecer

54 39 o uso dos corrimãos. A estratégia de posicionar os pés lateralmente ao degrau, que não foi descrita em nenhum estudo consultado para elaboração da revisão da literatura deste trabalho, pode levar a alterações nos ângulos articulares dos membros inferiores, facilitando da descida. Também foi observado que o transporte de qualquer tipo de carga nas mãos influencia a utilização de seus membros superiores durante a realização da tarefa, podendo comprometer uma fonte de suporte adicional. O Estudo 1 descreveu o comportamento em situação real do descer degraus de ônibus por idosos. Através dele também foi obtida uma descrição do ambiente em que ocorre esta tarefa, como dimensões dos degraus e corrimãos. Quais estratégias serão empregadas quando, em laboratório, a altura do último degrau for manipulada? Como o processo de envelhecimento e a atividade física interferem na ação de descer escadas, mensurada por meio de variáveis cinemáticas e cinéticas? Estas são as questões que norteiam o Estudo 2, apresentado a seguir.

55 40 4. ESTUDO 2 VARIÁVEIS CINEMÁTICAS E CINÉTICAS DO DESCER DE ÔNIBUS 4.1. Objetivo Este estudo teve por objetivo analisar os efeitos do envelhecimento e da atividade física no comportamento locomotor de idosos durante o descer degraus. Para tanto, foram reproduzidas as dimensões de um lance de degraus semelhante ao encontrado em ônibus e, em laboratório, foi observado o emprego de estratégias comportamentais para realizar esta tarefa, variáveis cinemáticas e cinéticas Hipóteses a) A altura entre o último degrau e o solo influencia o comportamento locomotor de indivíduos; b) A idade influencia o comportamento locomotor de idoso na tarefa de descer degraus; c) A atividade física influencia o comportamento locomotor de descer degraus de ônibus.

56 Material e Método Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Biociências/UNESP/CRC Participantes Participaram deste estudo 36 indivíduos, recrutados da comunidade da cidade de Rio Claro SP. Os participantes foram agrupados em 4 grupos etários: a) adultos jovens: 21 a 30 anos; b) adultos de meia-idade: 41 a 50 anos; c) idosos: 61 a 70 anos; d) muito idosos: 71 a 80 anos. As características dos grupos são apresentadas no início dos resultados deste estudo, enquanto que as características dos participantes são apresentadas no Apêndice 4. Antes da realização dos procedimentos experimentais, os indivíduos dos grupos idoso e muito idoso realizaram uma avaliação médica para verificar se estavam aptos a participar da pesquisa e todos foram aprovados Procedimentos A coleta de dados aconteceu no Laboratório para Estudos do Movimento (LEM) do Departamento de Educação Física, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Campus de Rio Claro. Cada participante foi informado sobre o objetivo e os procedimentos do estudo e, em seguida, assinou o termo de consentimento de participação no estudo (Apêndice 5). Primeiramente, os participantes responderam um questionário sobre nível de atividade física. Os participantes adultos jovens e de meia-idade responderam o Questionário de

57 42 Atividade Física Habitual de Baecke (BAECKE, BUREMA & FRIJTERS, 1982), que contempla questões sobre atividades de trabalho, esportivas e de lazer. Os participantes idosos e muito idosos responderam o Questionário Modificado de Baecke para Idosos (VOORRIPS, RAVELLI, DONGELMANS, DEURENGERG & VAN STAVEREN, 1991), que aborda tarefas diárias, atividades físicas e de lazer. Ambos questionários fornecem um escore total calculado com referência ao gasto energético das atividades. Fez-se necessária a adoção de questionários diferentes, uma vez que as atividades normalmente desenvolvidas em cada grupo etário são diferentes. Aplicar o questionário de Baecke para idosos nos participantes jovens e de meia-idade ou vice-versa não possibilitaria abranger todas as atividades que o indivíduo estaria envolvido. Por exemplo, o questionário para idosos contém uma sessão de atividades da vida diária em substituição a atividades de trabalho, considerando que a maiorias dos idosos é aposentada. Após o preenchimento do questionário, foram obtidos os seguintes dados: a) estatura, através de um estadiômetro com precisão de 0,5 cm; b) medidas segmentares do membro inferior direito: comprimento da coxa, perna e pé; altura do tornozelo; largura do pé, através de uma fita métrica com precisão de 0,5 cm; c) questões referentes à data de nascimento, ocorrência de quedas nos últimos 12 meses, utilização de meios de transporte e percepção subjetiva de dificuldade para subir e descer degraus de ônibus. A percepção subjetiva foi avaliada perguntando ao participante como este considerava a tarefa de subir e a tarefa de descer os degraus do ônibus, em uma escala de cinco itens que iam do muito fácil ao muito difícil. Após a coleta destas informações, o participante foi preparado para realizar a tarefa de descer degraus. Com o participante calçado e trajando bermuda, foram afixados emissores infravermelhos (IREDs), no plano sagital dos membros inferiores, nas seguintes posições anatômicas: a) quadril: projeção do trocanter maior direito; b) joelho: projeção do epicôndilo lateral direito; c) tornozelo: projeção do maléolo lateral direito e maléolo medial esquerdo; d) calcanhar: borda lateral do calcâneo direito e borda medial do calcâneo esquerdo; e)

58 43 metatarso: face lateral da cabeça do 5º metatarso direito e face medial da cabeça do 1º metatarso esquerdo. Baseado na avaliação de ônibus urbanos da cidade de Rio Claro realizada no Estudo 1, e com apoio da FUNDUNESP (processo nº 00062/02-DFP), foi construída uma escada com dimensões idênticas ao modelo de ônibus que apareceu com maior freqüência durante as observações das linhas de ônibus da cidade ocorridas no Estudo 1 (Figura 7). A estrutura da escada é inteira em ferro e com 4 rodízios giratórios para facilitar o transporte. O piso da escada é constituído de chapas 1/8 xadrez galvanizadas. A escada também possui corrimãos de tubos redondos de 3,5 pol., material idêntico ao do transporte público. Além disso, uma manivela permite, manualmente, regular a altura entre o último degrau e o solo, sendo possível variar entre 10 e 47 cm (Figura 8). Figura 7 Ilustração do simulador de degraus de ônibus construído com apoio financeiro da FUNDUNESP.

EQUILÍBRIO DINÂMICO: INFLUÊNCIA DAS RESTRIÇÕES AMBIENTAIS

EQUILÍBRIO DINÂMICO: INFLUÊNCIA DAS RESTRIÇÕES AMBIENTAIS UNESP RIO CLARO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA F LABORATÓRIO RIO DE ESTUDOS DA POSTURA E LOCOMOÇÃO (LEPLO) EQUILÍBRIO DINÂMICO: INFLUÊNCIA DAS RESTRIÇÕES AMBIENTAIS Cássia Borges Lima Cibele Regina Secco

Leia mais

Marcha Normal. José Eduardo Pompeu

Marcha Normal. José Eduardo Pompeu Marcha Normal José Eduardo Pompeu Marcha Humana Deslocamento de um local para outro Percorrer curtas distâncias. Versatilidade funcional dos MMII para se acomodar a: degraus, mudanças de superfícies e

Leia mais

DEFINIÇÃO. Forma de locomoção no qual o corpo ereto e em movimento é apoiado primeiro por uma das pernas e depois pela outra.

DEFINIÇÃO. Forma de locomoção no qual o corpo ereto e em movimento é apoiado primeiro por uma das pernas e depois pela outra. ANÁLISE DA MARCHA DEFINIÇÃO Forma de locomoção no qual o corpo ereto e em movimento é apoiado primeiro por uma das pernas e depois pela outra. Constitui-se se de movimentos automatizados que variam de

Leia mais

Prof. Me. Alexandre Correia Rocha

Prof. Me. Alexandre Correia Rocha Prof. Me. Alexandre Correia Rocha www.professoralexandrerocha.com.br alexandre.personal@hotmail.com alexandre.rocha.944 ProfAlexandreRocha @Prof_Rocha1 prof.alexandrerocha Docência Docência Personal Trainer

Leia mais

Introdução e Classificação das Habilidades Motoras. Prof.ª Luciana Castilho Weinert

Introdução e Classificação das Habilidades Motoras. Prof.ª Luciana Castilho Weinert Introdução e Classificação das Habilidades Motoras Prof.ª Luciana Castilho Weinert Conceitos Habilidade: tarefa com finalidade específica; Habilidade motora: habilidade que exige movimentos voluntários

Leia mais

O corpo em repouso somente entra em movimento sob ação de forças Caminhada em bipedia = pêndulo alternado A força propulsiva na caminhada é a força

O corpo em repouso somente entra em movimento sob ação de forças Caminhada em bipedia = pêndulo alternado A força propulsiva na caminhada é a força O corpo em repouso somente entra em movimento sob ação de forças Caminhada em bipedia = pêndulo alternado A força propulsiva na caminhada é a força de reação exercida pelo piso sobre os pés. Um corpo em

Leia mais

Resistência Muscular. Prof. Dr. Carlos Ovalle

Resistência Muscular. Prof. Dr. Carlos Ovalle Resistência Muscular Prof. Dr. Carlos Ovalle Resistência Muscular Resistência muscular é a capacidade de um grupo muscular executar contrações repetidas por período de tempo suficiente para causar a fadiga

Leia mais

BIOMECÂNICA DA AÇÃO MUSCULAR EXCÊNTRICA NO ESPORTE. Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior

BIOMECÂNICA DA AÇÃO MUSCULAR EXCÊNTRICA NO ESPORTE. Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior BIOMECÂNICA DA AÇÃO MUSCULAR EXCÊNTRICA NO ESPORTE Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior Considerações iniciais EXCÊNTRICA CONCÊNTRICA ISOMÉTRICA F m F m F m P V P V P V = 0 Potência < 0 Potência >

Leia mais

Estudo dos momentos e forças articulares. Problema da dinâmica inversa. Ana de David Universidade de Brasília

Estudo dos momentos e forças articulares. Problema da dinâmica inversa. Ana de David Universidade de Brasília Estudo dos momentos e forças articulares Problema da dinâmica inversa Ana de David Universidade de Brasília Estudo dos momentos e forças articulares Momentos atuam para produzir acelerações lineares enquanto

Leia mais

Centro de Gravidade e Equilíbrio e Referenciais Antropométricos. Prof. Dr. André L.F. Rodacki

Centro de Gravidade e Equilíbrio e Referenciais Antropométricos. Prof. Dr. André L.F. Rodacki Centro de Gravidade e Equilíbrio e Referenciais Antropométricos Prof. Dr. André L.F. Rodacki Centro de Gravidade Lehmkuhl & Smith (1989): único ponto de um corpo ao redor do qual todas as partículas de

Leia mais

Principais variáveis para avaliação da aptidão física

Principais variáveis para avaliação da aptidão física Principais variáveis para avaliação da aptidão física A aptidão física é uma condição na qual o indivíduo possui energia e vitalidade suficientes para realizar as tarefas diárias e participar de atividades

Leia mais

Controle do Alcance e Preensão. Geruza Perlato Bella

Controle do Alcance e Preensão. Geruza Perlato Bella Controle do Alcance e Preensão Geruza Perlato Bella Alcance, Preensão e Manipulação Normais Extremidade Superior Capacidades Motoras Finas Capacidades Motoras Grosseiras Controle da Extremidade Superior

Leia mais

Sistema muscular Resistência Muscular Localizada Flexibilidade Osteoporose Esteróides Anabolizantes

Sistema muscular Resistência Muscular Localizada Flexibilidade Osteoporose Esteróides Anabolizantes MÚSCULOS, ARTICULAÇÕES, FORÇA, FLEXIBILIDADE E ATIVIDADE FÍSICAF Sistema muscular Resistência Muscular Localizada Flexibilidade Osteoporose Esteróides Anabolizantes APARELHO LOCOMOTOR HUMANO Constituição

Leia mais

DISCIPLINA: ALTURA CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS

DISCIPLINA: ALTURA CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS ALTURA 207 DISCIPLINA: ALTURA DOMÍNIO DAS TÉCNICAS I FASE - ENSINO / APRENDIZAGEM FASES / NÍVEIS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS I- Ensino/Aprendizagem Aquisição da noção de saltar para cima, com chamada a um

Leia mais

Recomendações e orientações para a prática de exercícios físicos no idoso. Prof. Dra. Bruna Oneda

Recomendações e orientações para a prática de exercícios físicos no idoso. Prof. Dra. Bruna Oneda Recomendações e orientações para a prática de exercícios físicos no idoso Prof. Dra. Bruna Oneda Exercícios Físicos Estimular de maneira equilibrada todos os sistemas corporais. Trabalhar postura, equilíbrio

Leia mais

Recomendações e orientações para a prática de exercícios. Prof. Dra. Bruna Oneda

Recomendações e orientações para a prática de exercícios. Prof. Dra. Bruna Oneda Recomendações e orientações para a prática de exercícios físicos no idoso Prof. Dra. Bruna Oneda Exercícios Físicos Estimular equilibradamente todos os sistemas corporais. Trabalhar postura, equilíbrio

Leia mais

TREINANDO IDOSOS: DA BENGALA AO SRINT (Módulo I)

TREINANDO IDOSOS: DA BENGALA AO SRINT (Módulo I) TREINANDO IDOSOS: DA BENGALA AO SRINT (Módulo I) Prof. Dr. Igor Conterato Gomes E-mail: igorcontgomes@gmail.com @igorconterato Conteúdos que serão abordados O envelhecimento populacional é a oportunidade;

Leia mais

BE066 Fisiologia do Exercício. Prof. Sergio Gregorio da Silva. É a habilidade de uma articulação se mover através de sua amplitude articular

BE066 Fisiologia do Exercício. Prof. Sergio Gregorio da Silva. É a habilidade de uma articulação se mover através de sua amplitude articular BE066 Fisiologia do Exercício Flexibilidade Prof. Sergio Gregorio da Silva Flexibilidade É a habilidade de uma articulação se mover através de sua amplitude articular É altamente adaptável e é! aumentada

Leia mais

Treinamento: Controle Postural e Locomoção em Idosos. Prof. Dr. Matheus M. Gomes

Treinamento: Controle Postural e Locomoção em Idosos. Prof. Dr. Matheus M. Gomes Treinamento: Controle Postural e Locomoção em Idosos Prof. Dr. Matheus M. Gomes 1 Queda Principal causa de morte acidental de idosos 2/3 Deandrea et al. 2010 5 Quedas 30% idosos caem pelo menos uma

Leia mais

Anexo I Manual de intervenções de enfermagem que previnem o declínio do grau de (in)dependência do doente idoso hospitalizado na realização das suas

Anexo I Manual de intervenções de enfermagem que previnem o declínio do grau de (in)dependência do doente idoso hospitalizado na realização das suas ANEXOS Anexo I Manual de intervenções de enfermagem que previnem o declínio do grau de (in)dependência do doente idoso hospitalizado na realização das suas actividades básicas de vida diária Anexo II

Leia mais

Concepção de uma ortótese para a articulação do joelho

Concepção de uma ortótese para a articulação do joelho Engenharia 2009 inovação & desenvolvimento 25-27 de Novembro Covilhã Universidade da Beira Interior Dynamics of Mechanical Systems Concepção de uma ortótese para a articulação do joelho N. Reina 1 E. Seabra

Leia mais

3. SENTADO SEM SUPORTE PARA AS COSTAS MAS COM OS PÉS APOIADOS SOBRE O CHÃO OU SOBRE UM BANCO

3. SENTADO SEM SUPORTE PARA AS COSTAS MAS COM OS PÉS APOIADOS SOBRE O CHÃO OU SOBRE UM BANCO Escala de Equilíbrio de Berg 1.SENTADO PARA EM PÉ INSTRUÇÕES: Por favor, fique de pé. Tente não usar suas mãos como suporte. ( ) 4 capaz de permanecer em pé sem o auxílio das mãos e estabilizar de maneira

Leia mais

Crescimento, Desenvolvimento e Aprendizagem Motora. Profº Gil Oliveira

Crescimento, Desenvolvimento e Aprendizagem Motora. Profº Gil Oliveira Crescimento, Desenvolvimento e Aprendizagem Motora CONTEXTUALIZAÇÃO E TERMOS Comportamento Motor Comportamento Motor Para Go Tani: Estuda processos neuropsicológicos de organização motora em termos de

Leia mais

CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA INSTRUTOR E PROFESSOR DE TAEKWONDO GRÃO MESTRE ANTONIO JUSSERI DIRETOR TÉCNICO DA FEBRAT

CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA INSTRUTOR E PROFESSOR DE TAEKWONDO GRÃO MESTRE ANTONIO JUSSERI DIRETOR TÉCNICO DA FEBRAT CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA INSTRUTOR E PROFESSOR DE TAEKWONDO GRÃO MESTRE ANTONIO JUSSERI DIRETOR TÉCNICO DA FEBRAT Alongamento é o exercício para preparar e melhorar a flexibilidade muscular, ou seja,

Leia mais

PROGRAMA DE ALONGAMENTO PARA CRIANÇAS DE 10 A 12 ANOS ESTUDANTES DE DANÇA CLÁSSICA

PROGRAMA DE ALONGAMENTO PARA CRIANÇAS DE 10 A 12 ANOS ESTUDANTES DE DANÇA CLÁSSICA PROGRAMA DE ALONGAMENTO PARA CRIANÇAS DE 10 A 12 ANOS ESTUDANTES DE DANÇA CLÁSSICA Introdução: Este estudo de caso seleciou 21 meninos, com idades entre 9 e 12 anos de uma turma do 2º ano da Escola do

Leia mais

Aplicações de Leis de Newton

Aplicações de Leis de Newton Aplicações de Leis de Newton Evandro Bastos dos Santos 22 de Maio de 2017 1 Introdução Na aula anterior vimos o conceito de massa inercial e enunciamos as leis de Newton. Nessa aula, nossa tarefa é aplicar

Leia mais

MOTOR EVALUATION SCALE FOR UPPER EXTREMITY IN STROKE PATIENTS (MESUPES-braço and MESUPES-mão)

MOTOR EVALUATION SCALE FOR UPPER EXTREMITY IN STROKE PATIENTS (MESUPES-braço and MESUPES-mão) MOTOR EVALUATION SCALE FOR UPPER EXTREMITY IN STROKE PATIENTS (MESUPES-braço and MESUPES-mão) Nome do paciente: Data do teste - hora: Nome do avaliador: Duração do teste: min Dominância: direita/esquerda

Leia mais

CORPO E MOVIMENTO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

CORPO E MOVIMENTO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM PSICOMOTRICIDADE CORPO E MOVIMENTO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM PROF. MS. GUSTAVO ROBERTO DE GODOY Introdução Séc XIX Neurologia Dupré (1920) Psicomotricidade Desenvolvimento motor e intelectual Importanterecurso

Leia mais

Estudos Avançados da Ginástica Artística

Estudos Avançados da Ginástica Artística Estudos Avançados da Ginástica Artística 1 Estudos das Ações Motoras - Abertura - Fechamento - Antepulsão - Retropulsão - Repulsão 2 Análise do Movimento Ginástico - Identificação dos músculos e articulações

Leia mais

Força. Aceleração (sai ou volta para o repouso) Força. Vetor. Aumenta ou diminui a velocidade; Muda de direção. Acelerar 1kg de massa a 1m/s 2 (N)

Força. Aceleração (sai ou volta para o repouso) Força. Vetor. Aumenta ou diminui a velocidade; Muda de direção. Acelerar 1kg de massa a 1m/s 2 (N) Força Empurrão ou puxão; Força é algo que acelera ou deforma alguma coisa; A força exercida por um objeto sobre o outro é correspondida por outra igual em magnitude, mas no sentido oposto, que é exercida

Leia mais

Exercícios para a activação geral e o retorno à calma

Exercícios para a activação geral e o retorno à calma Anexo III Exercícios para a activação geral e o retorno à calma Mobilização da articulação do ombro 1 Objectivos: Aumentar a amplitude da mobilização dos ombros e parte superior Modo de execução: na posição

Leia mais

O Dimensionamento do Centro de Produção

O Dimensionamento do Centro de Produção O Dimensionamento do Centro de Produção (posto de trabalho) Antropometria estática - refere-se a medidas gerais de segmentos corporais, estando o indivíduo em posição estática; Antropometria dinâmica refere-se

Leia mais

Biomecânica do Movimento Humano: Graus de Liberdade, Potência articular e Modelamento Biomecânico. Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior

Biomecânica do Movimento Humano: Graus de Liberdade, Potência articular e Modelamento Biomecânico. Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior Biomecânica do Movimento Humano: Graus de Liberdade, Potência articular e Modelamento Biomecânico Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior Conceitos Básicos Modelo simplificado da articulação do cotovelo

Leia mais

ESTRATÉGIAS PARA PREVENÇÃO DE QUEDAS

ESTRATÉGIAS PARA PREVENÇÃO DE QUEDAS ESTRATÉGIAS PARA PREVENÇÃO DE QUEDAS Monica Perracini Oficina Preparatória para a Semana Mundial de Quedas em Idosos QUIZ PERGUNTAS & RESPOSTAS Quando eu acordo para ir ao banheiro durante a noite: A)

Leia mais

MÚSCULOS ESTRIADOS ESQUELÉTICOS COMPONENTES ANATÔMICOS VENTRE MUSCULAR FÁSCIA MUSCULAR TENDÕES E APONEUROSES BAINHAS TENDÍNEAS / SINÓVIAIS

MÚSCULOS ESTRIADOS ESQUELÉTICOS COMPONENTES ANATÔMICOS VENTRE MUSCULAR FÁSCIA MUSCULAR TENDÕES E APONEUROSES BAINHAS TENDÍNEAS / SINÓVIAIS MÚSCULOS MIOLOGIA MÚSCULOS ESTRIADOS ESQUELÉTICOS COMPONENTES ANATÔMICOS VENTRE MUSCULAR FÁSCIA MUSCULAR TENDÕES E APONEUROSES BAINHAS TENDÍNEAS / SINÓVIAIS MÚSCULOS ESTRIADOS ESQUELÉTICOS COMPONENTES

Leia mais

Leis de Newton. Algumas aplicações das leis de Newton

Leis de Newton. Algumas aplicações das leis de Newton Leis de Newton Algumas aplicações das leis de Newton Equilíbrio Uma ginasta com massa 50,0 kg está começando a subir em uma corda presa no teto de uma ginásio. Qual é o peso da ginasta? Qual a força (módulo

Leia mais

Adapação ao meio aquático: Conceitos para a iniciação a atividades aquáticas

Adapação ao meio aquático: Conceitos para a iniciação a atividades aquáticas Adapação ao meio aquático: Conceitos para a iniciação a atividades aquáticas O que significa adaptação ao meio liquídio (aquático): Fase preparatória para aprendizagem seguinte, deve proporcionar relação

Leia mais

EXERCÍCIO PARA IDOSOS

EXERCÍCIO PARA IDOSOS UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS UFSCAR PÓS-GRADUAÇ GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FISIOLÓ FISIOLÓGICAS PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO PARA IDOSOS Qual o tipo de exercício e carga em que os idosos podem se exercitar?

Leia mais

SERVIÇO ESPECIALIZADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO ANEXO III

SERVIÇO ESPECIALIZADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO ANEXO III ANEXO III RECOMENDAÇÕES ERGONÔMICAS O mobiliário deve estar de acordo com as informações contidas nas determinações da Norma Regulamentadora 17, que estabelece: 17.4.2. Nas atividades que envolvam leitura

Leia mais

ESCOAMENTOS UNIFORMES EM CANAIS

ESCOAMENTOS UNIFORMES EM CANAIS ESCOAMENTOS UNIFORMES EM CANAIS Nome: nº turma INTRODUÇÃO Um escoamento em canal aberto é caracterizado pela existência de uma superfície livre. Esta superfície é na realidade uma interface entre dois

Leia mais

Lista6: Dinâmica- Movimento Unidimensional

Lista6: Dinâmica- Movimento Unidimensional Lista 6: Dinâmica Movimento Unidimensional NOME: Matrícula: Turma: Prof. : Importante: i. Nas cinco páginas seguintes contém problemas para se resolver e entregar. ii. Ler os enunciados com atenção. iii.responder

Leia mais

BESTest NÚMERO DO TESTE / CÓDIGO DO INDIVÍDUO NOME DO EXAMINADOR

BESTest NÚMERO DO TESTE / CÓDIGO DO INDIVÍDUO NOME DO EXAMINADOR Appendix 1. BESTest Avaliação do Equilíbrio Teste dos Sistemas NÚMERO DO TESTE / CÓDIGO DO INDIVÍDUO NOME DO EXAMINADOR DATA / / Instruções do BESTest para o EXAMINADOR Equipamentos necessários Functional

Leia mais

Modelamento Biomecânico. Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior

Modelamento Biomecânico. Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior Modelamento Biomecânico Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior O que é um Modelo Biomecânico? O Modelamento Biomecânico se refere à construção de um objeto (real ou virtual) a partir de conhecimentos

Leia mais

Fundamentos do Futebol

Fundamentos do Futebol Fundamentos do Futebol Sumário Apresentação Capítulo 1 O passe 1.1 Passe Simples 1.2 Passe Peito do pé 1.3 Passe com a lateral externa do pé 1.4 Passe de cabeça 1.5 Passe de Calcanhar 1.6 Passe de bico

Leia mais

Formação treinadores AFA

Formação treinadores AFA Preparação específica para a atividade (física e mental) Equilíbrio entre treino e repouso Uso de equipamento adequado à modalidade (ex: equipamento, calçado, proteções) E LONGEVIDADE DO ATLETA Respeito

Leia mais

AGILIDADE E EQUILIBRIO DINÂMICO EM ADULTOS E IDOSOS

AGILIDADE E EQUILIBRIO DINÂMICO EM ADULTOS E IDOSOS AGILIDADE E EQUILIBRIO DINÂMICO EM ADULTOS E IDOSOS Jéssica Cruz de Almeida¹ Joyce Cristina de S. N. Fernandes¹ Jozilma de Medeiros Gonzaga¹ Maria Goretti da Cunha Lisboa¹ Universidade Estadual da Paraíba¹

Leia mais

APTIDÃO FÍSICA DE IDOSAS PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA

APTIDÃO FÍSICA DE IDOSAS PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA APTIDÃO FÍSICA DE IDOSAS PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA FERNANDA ROSSATTO LAMEIRA 1 ANGÉLICA DIAS DA ROSA 2 TATIANA VALÉRIA TREVISAN 3 CATI RECKELBERG AZAMBUJA 4 RESUMO Este resumo apresenta o estudo

Leia mais

Baterias de Fullerton

Baterias de Fullerton Fátima Baptista e Luís B. Sardinha universidade técnica de lisboa FACULDADE DE MOTRICIDADE HUMANA Avaliação da Aptidão Física e do Equilíbrio de Pessoas Idosas Baterias de Fullerton FÁTIMA BAPTISTA LUÍS

Leia mais

MODELAGEM DE MARCHA E SIMULAÇÃO DE DESGASTE EM PRÓTESE DE JOELHO

MODELAGEM DE MARCHA E SIMULAÇÃO DE DESGASTE EM PRÓTESE DE JOELHO MODELAGEM DE MARCHA E SIMULAÇÃO DE DESGASTE EM PRÓTESE DE JOELHO LOPES, Afonso Heitor Favaretto (Engenharia Mecânica/UNIBRASIL) FARIA, Alexandre Pereira de (Engenharia Mecânica / UNIBRASIL) SCHNEIDER,

Leia mais

Lista11: Equilíbrio de Corpos Rígidos

Lista11: Equilíbrio de Corpos Rígidos Lista 11: Equilíbrio dos Corpos Rígidos NOME: Matrícula: Turma: Prof. : Importante: i. Nas cinco páginas seguintes contém problemas para serem resolvidos e entregues. ii. Ler os enunciados com atenção.

Leia mais

AVALIAÇÃO POSTURAL O QUE É UMA AVALIAÇÃO POSTURAL? 16/09/2014

AVALIAÇÃO POSTURAL O QUE É UMA AVALIAÇÃO POSTURAL? 16/09/2014 AVALIAÇÃO POSTURAL O QUE É UMA AVALIAÇÃO POSTURAL? A AVALIAÇÃO POSTURAL CONSISTE EM DETERMINAR E REGISTRAR SE POSSÍVEL ATRAVÉS DE FOTOS, OS DESVIOS OU ATITUDES POSTURAIS DOS INDIVÍDUOS, ONDE O MESMO É

Leia mais

TÍTULO: OS EFEITOS DO EXERCÍCIO RESISTIDO NA PORCENTAGEM DE GORDURA EM IDOSOS

TÍTULO: OS EFEITOS DO EXERCÍCIO RESISTIDO NA PORCENTAGEM DE GORDURA EM IDOSOS Anais do Conic-Semesp. Volume 1, 2013 - Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN 2357-8904 TÍTULO: OS EFEITOS DO EXERCÍCIO RESISTIDO NA PORCENTAGEM DE GORDURA EM IDOSOS CATEGORIA: EM ANDAMENTO

Leia mais

CUIDADOS COM A MOBILIDADE Da infância à terceira idade

CUIDADOS COM A MOBILIDADE Da infância à terceira idade CUIDADOS COM A MOBILIDADE Da infância à terceira idade Christina DCM Faria, P.T., Ph.D. Professora do Departamento de Fisioterapia Universidade Federal de Minas Gerais CUIDADOS COM A MOBILIDADE O que é

Leia mais

INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS

INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS 1 Sexo: - Masculino. (1) - Feminino.. (2) 2 Idade: 3 Estado Civil: - Solteiro (1) - Casado.. (2) - União de Facto (3) - Divorciado..... (4) - Separado..... (5) - Viúvo...

Leia mais

Princípios da Mecânica & Análise de Movimento. Tarefa Casa DESCRIÇÃO MOVIMENTO. s, t, v, a, F. Â, t,,, T

Princípios da Mecânica & Análise de Movimento. Tarefa Casa DESCRIÇÃO MOVIMENTO. s, t, v, a, F. Â, t,,, T Princípios da Mecânica & Análise de Movimento Tarefa Casa PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA Atlas Leitura capitulo Tornozelo e pé (cap. 7) Finalizar exercício de planos e eixos DESCRIÇÃO MOVIMENTO Mecânica

Leia mais

Norma Regulamentadora nº 17 - A famosa NR 17

Norma Regulamentadora nº 17 - A famosa NR 17 Norma Regulamentadora nº 17 - A famosa NR 17 Tudo que se diz respeito à ergonomia e conforto ao trabalho está respaldado na portaria nº 3.751, de 23 de novembro de 1990, Norma Regulamentadora nº 17 - Ergonomia,

Leia mais

Exercite-se com seu diabetes

Exercite-se com seu diabetes Texto de apoio ao curso de Especialização Atividade Física Adaptada e Saúde Prof. Dr. Luzimar Teixeira Exercite-se com seu diabetes Benefícios da atividade física Se você é diabético não tenha medo de

Leia mais

Saúde do Idoso. Quem é idoso? Nos países desenvolvidos, é o indivíduo a partir dos 65 anos e, nos países em desenvolvimento, a partir dos 60 anos.

Saúde do Idoso. Quem é idoso? Nos países desenvolvidos, é o indivíduo a partir dos 65 anos e, nos países em desenvolvimento, a partir dos 60 anos. Saúde do Idoso Quem é idoso? Nos países desenvolvidos, é o indivíduo a partir dos 65 anos e, nos países em desenvolvimento, a partir dos 60 anos. No Brasil, portanto, é classificado como idoso quem completa

Leia mais

Bola Suíça. Ao verem as bolas sendo usadas na Suíça, terapeutas norte americanos deram a ela o nome de bola Suíça.

Bola Suíça. Ao verem as bolas sendo usadas na Suíça, terapeutas norte americanos deram a ela o nome de bola Suíça. BOLA SUIÇA Bola Suíça A bola própria para exercícios terapêuticos foi criada a pedido da fisioterapeuta suíça Susanne Klein- Volgebach por volta de 1963, na Itália, por um fabricante de brinquedos, o Sr.

Leia mais

Por que devemos avaliar a força muscular?

Por que devemos avaliar a força muscular? Por que devemos avaliar a força muscular? Desequilíbrio Muscular; Déficit de força; Prescrição do Treinamento; Avaliação do treinamento. Prof. Alexandre C. Rocha Métodos Direto Indireto Vantagens X Desvantagens

Leia mais

Disciplina: Ginástica Geral Capacidades Físicas. Prof. Dra. Bruna Oneda 2012

Disciplina: Ginástica Geral Capacidades Físicas. Prof. Dra. Bruna Oneda 2012 Disciplina: Ginástica Geral Capacidades Físicas Prof. Dra. Bruna Oneda 2012 Capacidades Físicas Ou habilidades físicas são o conjunto de capacidades individuais, orgânicas, musculares e neurológicas que

Leia mais

QUEDAS NA IDADE SÉNIOR: DO RISCO À PREVENÇÃO!

QUEDAS NA IDADE SÉNIOR: DO RISCO À PREVENÇÃO! QUEDAS NA IDADE SÉNIOR: DO RISCO À PREVENÇÃO! Janeiro, 2015 Sumário Processo de envelhecimento Incidência das quedas em Portugal Complicações das quedas Do risco à prevenção de quedas Envelhecimento Velhice

Leia mais

Instituto de Cultura Física

Instituto de Cultura Física Página 1 Instituto de Cultura Física ANÁLISE BIOMECÂNICA Nome: Sexo: Data Nasc: Idade: Cafi Otta M 16/08/78 35 Objetivo: Av. fís. anterior: Av. fís. atual: Alto Rendimento Físico 24/09/12 08/10/13 AVALIAÇÃO

Leia mais

Affordance (cont.) Escala Corporal / Proporção

Affordance (cont.) Escala Corporal / Proporção Affordance A adaptação do homem ao seu envolvimento está normalmente associada a processos de apreciação e percepção das características dos diferentes objectos que o rodeiam: 1 se uma superfície/estrutura

Leia mais

PREVINA OU ELIMINE A BARRIGA

PREVINA OU ELIMINE A BARRIGA PREVINA OU ELIMINE A BARRIGA OS EXERCÍCIOS ABDOMINAIS APRESENTADOS ABAIXO ESTÃO DIVIDIDOS DE ACORDOS COM SEU GRAU DE DIFICULDADE, ESTANDO CLASSIFICADOS COMO: EXERCÍCIOS LEVES EXERCÍCIOS INTERMEDIÁRIOS

Leia mais

xvii. O experimento de Transferência de Calor e Mudanças de Fase, ilustrado na Figura 4.30.

xvii. O experimento de Transferência de Calor e Mudanças de Fase, ilustrado na Figura 4.30. pressão deste gás. O recipiente encontra-se sobre um chapa metálica que efetua transferências de calor para o gás, possibilitando a variação de sua temperatura. O usuário pode inicialmente selecionar três

Leia mais

ANEXO D SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DA FUNÇÃO MOTORA GROSSA PARA PARALISIA CEREBRAL (GMFCS)

ANEXO D SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DA FUNÇÃO MOTORA GROSSA PARA PARALISIA CEREBRAL (GMFCS) 90 ANEXO D SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DA FUNÇÃO MOTORA GROSSA PARA PARALISIA CEREBRAL (GMFCS) Robert Palisano; Peter Rosenbaum; Stephen Walter; Dianne Russell; Ellen Wood; Barbara Galuppi Traduzido por Erika

Leia mais

Colisões. 1. Introdução

Colisões. 1. Introdução Colisões 1. Introdução Uma grandeza muito importante para o estudo de colisões é o momento linear ou quantidade de movimento, representado por e definido por: (1) Onde: é a massa e a velocidade do objeto

Leia mais

Poliomielite um novo Olhar, comemorando a Vida, cuidando da Saúde!

Poliomielite um novo Olhar, comemorando a Vida, cuidando da Saúde! COMO TRATAR A FRAQUEZA MUSCULAR: EXCLUSIVO PARA SÍNDROME PÓS PÓLIO Esse artigo foi extraído do Manual de Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Síndrome Pós-Poliomielite e Co-morbidades. Editado

Leia mais

Cap. 6, An Introduction to Rehabilitation Engineering. Adequação Postural. EN Engenharia de Reabilitação 1

Cap. 6, An Introduction to Rehabilitation Engineering. Adequação Postural. EN Engenharia de Reabilitação 1 Cap. 6, An Introduction to Rehabilitation Engineering Adequação Postural EN2313 - Engenharia de Reabilitação 1 INTRODUÇÃO Na aula passada... Cadeiras de rodas não são apenas dispositivos de mobilidade,

Leia mais

Fasciite PLANTAR UNIFESP - SÃO PAULO. LEDA MAGALHÃES OLIVEIRA REUMATOLOGIA - fisioterapeuta.

Fasciite PLANTAR UNIFESP - SÃO PAULO. LEDA MAGALHÃES OLIVEIRA REUMATOLOGIA - fisioterapeuta. Fasciite PLANTAR LEDA MAGALHÃES OLIVEIRA REUMATOLOGIA - fisioterapeuta americ@uol.com.br UNIFESP - SÃO PAULO Conceitos Considera-se que a fasciite atinja 10 % de corredores Seria resultante de trauma repetido

Leia mais

Os benefícios do método Pilates em indivíduos saudáveis: uma revisão de literatura.

Os benefícios do método Pilates em indivíduos saudáveis: uma revisão de literatura. Os benefícios do método Pilates em indivíduos saudáveis: uma revisão de literatura. Kelly Karyne Chaves Silva; Francisca Jerbiane Silva Costa; Thais Muratori Holanda (Orientadora). Faculdade do Vale do

Leia mais

AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DO IDOSO. Maria do Socorro Simões

AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DO IDOSO. Maria do Socorro Simões AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DO IDOSO Maria do Socorro Simões Em que se diferencia a avaliação fisioterapêutica em idosos? SÍNDROMES GERIÁTRICAS condições multifatoriais que ocorrem quando efeitos cumulativos

Leia mais

Física I - AV 1 (parte 2) 2º período de Eng. Civil Prof. Dr. Luciano Soares Pedroso Data: / /2014 valor: 10 pontos Aluno (a) Turma

Física I - AV 1 (parte 2) 2º período de Eng. Civil Prof. Dr. Luciano Soares Pedroso Data: / /2014 valor: 10 pontos Aluno (a) Turma Física I - AV (parte 2) 2º período de Eng. Civil Prof. Dr. Luciano Soares Pedroso Data: / /204 valor: 0 pontos Aluno (a)turma _. No sistema a seguir, A tem massa mû = 0 kg. B tem massa m½ = 5 kg. = 45.

Leia mais

Lista 12: Rotação de corpos rígidos

Lista 12: Rotação de corpos rígidos Lista 12: Rotação de Corpos Rígidos Importante: i. Ler os enunciados com atenção. ii. Responder a questão de forma organizada, mostrando o seu raciocínio de forma coerente. iii. iv. Siga a estratégia para

Leia mais

Introdução ao Projeto de Aeronaves. Aula 19 Introdução ao estudo de Estabilidade Estática

Introdução ao Projeto de Aeronaves. Aula 19 Introdução ao estudo de Estabilidade Estática Introdução ao Projeto de Aeronaves Aula 19 Introdução ao estudo de Estabilidade Estática Tópicos Abordados Introdução à Estabilidade Estática. Definição de Estabilidade. Determinação da Posição do Centro

Leia mais

LANÇAMENTO DO PESO Técnica Rectilínea Sequência Completa

LANÇAMENTO DO PESO Técnica Rectilínea Sequência Completa LANÇAMENTO DO PESO Técnica Rectilínea Sequência Completa PREPARATION GLIDE DELIVERY RECOVERY DESCRIÇÃO DAS VÁRIAS FASES A Técnica Rectilínea do Lançamento do Peso está dividida nas seguintes fases:,, e.

Leia mais

A AMARRAÇÃO. Alguns conselhos R. Tipos de amarração R BIZART

A AMARRAÇÃO. Alguns conselhos R. Tipos de amarração R BIZART 7 A AMARRAÇÃO Alguns conselhos R Tipos de amarração R Fevereiro 2012 BIZART A amarração Se uma carga não for amarrada de forma adequada, poderá constituir um perigo para si e para terceiros. Uma carga

Leia mais

Treino para Prevenção de Quedas. O que é e como fazer

Treino para Prevenção de Quedas. O que é e como fazer Treino para Prevenção de Quedas O que é e como fazer Orientações Treino Prevenção de Quedas Com este treino você terá melhora no seu equilíbrio, força muscular e bem estar geral, reduzindo seu risco de

Leia mais

TIPOS DE RESISTÊNCIA TIPOS DE RESISTÊNCIA TIPOS DE RESISTÊNCIA TIPOS DE RESISTÊNCIA TIPOS DE RESISTÊNCIA 4- CADEIAS CINÉTICAS 19/8/2011 PESOS LIVRES:

TIPOS DE RESISTÊNCIA TIPOS DE RESISTÊNCIA TIPOS DE RESISTÊNCIA TIPOS DE RESISTÊNCIA TIPOS DE RESISTÊNCIA 4- CADEIAS CINÉTICAS 19/8/2011 PESOS LIVRES: PESOS LIVRES: MENOR CUSTO, MOVIMENTOS FUNCIONAIS VS RESISTÊNCIA VERTICAL, LIMITE DE CARGA, COMPENSAÇÕES POSTURAIS. MÁQUINAS: ELÁSTICOS E MOLAS: MAIOR CARGA, (maior seletividade?, postura de execução?)

Leia mais

Parte 2 - PF de Física I NOME: DRE Teste 1

Parte 2 - PF de Física I NOME: DRE Teste 1 Parte 2 - PF de Física I - 2017-1 NOME: DRE Teste 1 Nota Q1 Questão 1 - [2,5 ponto] Um astronauta está ligado a uma nave no espaço através de uma corda de 120 m de comprimento, que está completamente estendida

Leia mais

Escola de Salto com Vara de Leiria. Princípios do salto com vara

Escola de Salto com Vara de Leiria. Princípios do salto com vara Princípios do salto com vara Caros amigos treinadores e atletas, Nesta breve exposição sobre os princípios do salto com vara pretendo expor o que entendo serem os princípios básicos do salto com vara.

Leia mais

para ante-perna e joelho.

para ante-perna e joelho. NOTAS DE AULA INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA 35 b) Ante-perna e joelho O sistema anatômico para a anteperna e Joelho. Segmento proximal: Fêmur. Segmento distal: Tíbia e fíbula. Articulação: Joelho.

Leia mais

FUNDAÇÃO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE BARUERI. Sistema Muscular

FUNDAÇÃO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE BARUERI. Sistema Muscular 1 FUNDAÇÃO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE BARUERI EEFMT Professora Maria Theodora Pedreira de Freitas Av. Andrômeda, 500 Alphaville Barueri SP CEP 06473-000 Disciplina: Educação Física 6ª Série Ensino Fundamental

Leia mais

ESCALA DE FULG MEYER. NOME: Sexo: Prontuário: Data da Lesão: I MOTRICIDADE PASSIVA E DOR. PACIENTE DEITADO Amplitude Dor Pontuação

ESCALA DE FULG MEYER. NOME: Sexo: Prontuário: Data da Lesão: I MOTRICIDADE PASSIVA E DOR. PACIENTE DEITADO Amplitude Dor Pontuação ESCALA DE FULG MEYER NOME: Sexo: Prontuário: Lado dominante ou parético: (D) (E) Diagnóstico: Idade: Data da Lesão: Data da Avaliação: Avaliador: I MOTRICIDADE PASSIVA E DOR PACIENTE DEITADO Amplitude

Leia mais

Antes de iniciar qualquer atividade física, o aluno deverá realizar todos os exames médicos para que a prática da atividade física descrita nesse

Antes de iniciar qualquer atividade física, o aluno deverá realizar todos os exames médicos para que a prática da atividade física descrita nesse Antes de iniciar qualquer atividade física, o aluno deverá realizar todos os exames médicos para que a prática da atividade física descrita nesse plano de treinamento seja liberada. 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª

Leia mais

NOME: N O : TURMA: 1. PROFESSOR: Glênon Dutra

NOME: N O : TURMA: 1. PROFESSOR: Glênon Dutra Apostila de Revisão n 5 DISCIPLINA: Física NOME: N O : TURMA: 1 PROFESSOR: Glênon Dutra DATA: Mecânica - 5. Trabalho e Energia 5.1. Trabalho realizado por forças constantes. 5.2. Energia cinética. 5.3.

Leia mais

CAPÍTULO. 8.3 Saltos. Atletismo. José Mauro Silva Vidigal Adriana Antunes Vieira. cap8.3.indd 1 27/05/13 18:24

CAPÍTULO. 8.3 Saltos. Atletismo. José Mauro Silva Vidigal Adriana Antunes Vieira. cap8.3.indd 1 27/05/13 18:24 8 CAPÍTULO Atletismo 8.3 Saltos José Mauro Silva Vidigal Adriana Antunes Vieira cap8.3.indd 1 27/05/13 18:24 cap8.3.indd 2 27/05/13 18:24 CAPACIDADES ATLETISMO SALTOS COORDENATIVAS PRESSÃO DE TEMPO ATIVIDADES

Leia mais

Prof. Kemil Rocha Sousa

Prof. Kemil Rocha Sousa Prof. Kemil Rocha Sousa Miostática (miogênica)- A unidade musculotendínea está adaptativamente encurtada com perda significativa de ADM, mas sem patologia muscular específica. Embora possa haver uma redução

Leia mais

Centro de Gravidade e Equilíbrio. Prof. Dr. André L. F. Rodacki

Centro de Gravidade e Equilíbrio. Prof. Dr. André L. F. Rodacki Centro de Gravidade e Equilíbrio Prof. Dr. André L. F. Rodacki Centro de Gravidade n O centro de gravidade pode ser definido como o único ponto de um corpo ao redor do qual todas as partículas de sua massa

Leia mais

Estabilidade de rolamento e estabilidade anti-capotamento no basculamento

Estabilidade de rolamento e estabilidade anti-capotamento no basculamento Generalidades Generalidades Há tipos diferentes de estabilidade de rolamento e estabilidade anti-capotamento no basculamento. Eles incluem especificamente: Estabilidade de rolamento na condução Estabilidade

Leia mais

Fase do movimento Fundamental e Especializado A base para a utilização motora

Fase do movimento Fundamental e Especializado A base para a utilização motora Fase do movimento Fundamental e Especializado A base para a utilização motora Fase do Movimento Fundamental O Foco da infância deve ser o desenvolvimento da competência motora básica e de mecanismos corporais

Leia mais

Caminhões com bomba de concreto. Informações gerais sobre caminhões com bomba de concreto. Modelo

Caminhões com bomba de concreto. Informações gerais sobre caminhões com bomba de concreto. Modelo Informações gerais sobre caminhões com bomba de concreto Informações gerais sobre caminhões com bomba de concreto A carroceria do caminhão com bomba de concreto é considerada muito resistente à torção.

Leia mais

PROGRAD / COSEAC Padrão de Respostas Física Grupos 05 e 20

PROGRAD / COSEAC Padrão de Respostas Física Grupos 05 e 20 1 a QUESTÃO: Dois blocos estão em contato sobre uma mesa horizontal. Não há atrito entre os blocos e a mesa. Uma força horizontal é aplicada a um dos blocos, como mostra a figura. a) Qual é a aceleração

Leia mais

13/4/2011. Quantidade de movimento x Massa Quantidade de movimento x Velocidade. Colisão frontal: ônibus x carro

13/4/2011. Quantidade de movimento x Massa Quantidade de movimento x Velocidade. Colisão frontal: ônibus x carro FORÇA x BRAÇO DE MOMENTO (Unidade: N.m) Régua sobre a mesa Torque = F senθ.r = r sen θ. F = F.d Braço de momento (d) = menor distância ou distância perpendicular do eixo à força Carolina Peixinho carolina@peb.ufrj.br

Leia mais

Exercício 1. Exercício 2.

Exercício 1. Exercício 2. Exercício 1. Em um barbeador elétrico, a lâmina se move para frente e para trás ao longo de uma distância de 2,0 mm em movimento harmônico simples, com frequência de 120 Hz. Encontre: (a) a amplitude,

Leia mais

Sistema muculoesquelético. Prof. Dra. Bruna Oneda

Sistema muculoesquelético. Prof. Dra. Bruna Oneda Sistema muculoesquelético Prof. Dra. Bruna Oneda Sarcopenia Osteoporose A osteoporose é definida como uma desordem esquelética que compromete a força dos ossos acarretando em aumento no risco de quedas.

Leia mais

Trabalho de uma força

Trabalho de uma força Questão 01 Um bloco de massa m desce escorregando por uma rampa inclinada, inicialmente com velocidade v, até atingir a base inferior da rampa com velocidade 2v, como mostra a figura. Sabendo que não há

Leia mais

Análise do movimento Parafuso

Análise do movimento Parafuso Análise do movimento Parafuso 1 Projeto de Pesquisa Trançados musculares saúde corporal e o ensino do frevo Análise do movimento Observador: Giorrdani Gorki Queiroz de Souza (Kiran) Orientação para realização

Leia mais

3. Modelos de funcionamento transiente de motores a dois tempos.

3. Modelos de funcionamento transiente de motores a dois tempos. 3. Modelos de funcionamento transiente de motores a dois tempos. O modo de operação de um motor é resultado da combinação de diversos parâmetros de desempenho: a potência efetiva, kw e, o torque, Q e,

Leia mais