Aula 08 TEXTO NÃO-VERBAL
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- Edison Aveiro Malheiro
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1 Aula 08 TEXTO NÃO-VERBAL E então, está contente por ter aprendido, de fato, a fazer resumos e resenhas??? Que bom!!!! A nona aula de nossa disciplina versará, mais detalhadamente, sobre a linguagem não-verbal. Você já percebeu qual é sua reação quando se depara com a capa de uma revista nas bancas de jornal, quando admira a arquitetura de um prédio, quando assiste a um filme, quando ouve o som de um instrumento? Pois, bem, essas e outras formas comunicativas pertencem à linguagem não-verbal. 51
2 Vamos entender um pouco mais de texto (linguagem) não-verbal??? TEXTO NÃO-VERBAL Quando se fala em texto ou linguagem, normalmente se pensa em texto e linguagem verbais orais, ou seja, naquela capacidade humana ligada ao pensamento que se concretiza numa determinada língua e se manifesta por palavras (verbum, em latim). Mas, além dessa, há outras formas de linguagem, como a pintura, a mímica, a dança, a música e outras mais. Com efeito, por meio dessas atividades, o homem também representa o mundo, exprime seu pensamento, comunica-se e influencia os outros. Tanto a linguagem verbal quanto as linguagens não-verbais expressam sentidos e, para isso, utilizam-se de signos, com a diferença de que, na primeira, os signos são constituídos dos sons da língua (por exemplo, mesa, fada, árvore), ao passo que nas outras exploram-se outros signos, como as formas, as cores, os gestos, os sons musicais, entre outros. Em todos os tipos de linguagem, os signos são combinados entre si, de acordo com certas leis, obedecendo a mecanismos de organização. Vamos destacar, sobretudo, as semelhanças e demonstrar que muitos processos da linguagem verbal encontram correspondência em linguagens não-verbais. Embora essa correspondência não seja absoluta e um mesmo tipo de mecanismo assuma contornos específicos em cada tipo de linguagem, muitos dos processos estudados nesta aula poderão ajudá-lo a compreender e analisar produtos (ou textos) da linguagem não-verbal. 52
3 SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS Platão & Fiorin (2002), afirmam que uma diferença muito nítida encontramos no fato de que a linguagem verbal é linear. Isto quer dizer que seus signos e os sons que a constituem não se superpõem, mas se sucedem destacadamente um depois do outro no tempo da fala ou no espaço da linha escrita. Em outras palavras, cada signo e cada som são usados num momento distinto do outro. Essa característica pode ser observada em qualquer tipo de enunciado lingüístico, como neste verso de Drummond: T/e/u/som/b/r/o/ss/u/p/o/r/t/amo/m/un/d/o. Na linguagem não-verbal, ao contrário, vários signos podem ocorrer simultaneamente. Se, na linguagem verbal é impossível conceber uma palavra encavalada em outra, na pintura, por exemplo, várias figuras ocorrem simultaneamente. Quando contemplamos um quadro, captamos de maneira imediata a totalidade de seus elementos e, depois, por um processo analítico, podemos ir decompondo essa totalidade. Observe este quadro de Picasso!! A mulher do leque (Pablo Picasso) Extraído do site: O texto não-verbal pode, em princípio, ser considerado dominantemente descritivo, pois representa uma realidade singular e concreta, num ponto estático do tempo. Uma foto, por exemplo, de um homem de capa preta e chapéu, com a mão na maçaneta de uma porta é descritiva, pois capta um estado isolado e não uma transformação de estado, típica da narrativa. Podemos organizar uma seqüência de fotos em progressão narrativa, por exemplo, assim: a) foto de um homem com a mão na maçaneta da porta; 53
4 b) foto da porta semi-aberta com o mesmo homem espreitando o interior de um aposento; c) foto de uma mulher deitada na cama, gritando com desespero. Como nessa seqüência, se relata uma transformação de estados que se sucedem progressivamente, configura-se a narração e não a descrição. Essa disposição de imagens em progressão constitui recurso básico das histórias em quadrinho, cinema, etc. "LEIA" os quadrinhos que seguem: Observou que o entendimento da mensagem da tirinha ocorreu mesmo sem nenhuma linguagem verbal??? Sobretudo com relação à fotografia, ao cinema ou à televisão, pode-se pensar que o texto não-verbal seja uma cópia fiel da realidade. Também essa impressão não é verdadeira. Para citar o exemplo da fotografia, o fotógrafo dispõe de muitos expedientes para alterar a realidade: o jogo de luz, o ângulo, o enquadramento, etc. A estatura do indivíduo pode ser alterada pelo ângulo de tomada da câmera, um ovo pode virar uma esfera, um rosto iluminado pode passar impressão de alegria, ao mesmo rosto, sombrio, pode-se dar a impressão de tristeza. Mesmo o texto não-verbal, recria e transforma a realidade segundo a concepção de quem o produz. Nele, há uma simulação da realidade que cria um efeito de verdade. Os textos verbais podem ser figurativos (aqueles que reproduzem elementos concretos, 54
5 produzindo em efeito de realidade) e não-figurativos (aqueles que exploram temas abstratos). Também os textos não-verbais podem ser dominantemente figurativos (as fotos, a escultura clássica) ou nãofigurativos e abstratos. Neste caso, não pretendem simular elementos do mundo real (pintura abstrata com oposições de cores, luz e sombra; esculturas modernas com seus jogos de formas e volumes). Retirada do site Vamos ver como ler um texto não-verbal? Fique atento!!!!!!!!!!!!!!!!! A leitura de textos não-verbais exige muitas competências, as quais não podem ser tratadas numa só aula. Entretanto, como dissemos, muitos conceitos que aprendemos ao longo destas aulas podem ajudar a compreensão desse tipo de texto. Como um filme pode passar para o espectador temas abstratos, como a despersonalização do operário, por exemplo? Charles Chaplin, no filme Tempos modernos, usou figuras expressivas e simples para exprimir esse tema: projetou na tela um rebanho de carneiros em filas compactas e, logo a seguir, um grande número de operários a caminho da fábrica na mesma disposição dos carneiros. As figuras são claramente alusivas ao tema da despersonalização, da perda da individualidade, da desumanização do homem num mundo de máquinas. Ao confrontar operários e carneiros, usou ainda um recurso muito comum da linguagem verbal, a metáfora, e transferiu para o conjunto humano a conotação desairosa que culturalmente é evocada pela figura dos carneiros. Todo o Brasil assistiu à novela Roque Santeiro, de Dias Gomes, que, por meio do relato de acontecimentos que ocorrem na pequena cidade de Asa Branca, figurativiza muitos temas da realidade brasileira. Nesse pequeno cenário de província, que é a figura do próprio Brasil, aparecem várias outras figuras: o padre velho que ainda usa batina figurativiza a igreja tradicional; o padre jovem que usa jeans figurativiza a nova igreja; Sinhozinho Malta, poderoso e rico coronel, figurativiza o poder 55
6 econômico e o Prefeito Florindo Abelha figurativiza a submissão da política ao poder econômico. Assim, quase todos os personagens concretizam um tema da realidade nacional. Sinhozinho Malta Extraído do site: Toda novela é um texto narrativo onde aparecem as fases da seqüência narrativa: a manipulação, a competência, a performance, a sanção. Na mesma novela a que nos referimos, quando o novo promotor, manipulado pela consciência do dever, para instaurar a justiça, faz o delegado intimar Sinhozinho Malta a depor e este executa a tarefa baseado na competência que lhe confere a lei, o promotor recebe a sanção positiva de todo o povo, que quer ver a justiça cumprida. O cinema, o teatro e a televisão são linguagens complexas que exploram, simultaneamente, várias formas de linguagem (a verbal na fala dos personagens, a música, as imagens, etc.). Neste caso, todas as linguagens devem concorrer harmoniosamente para expressar o mesmo sentido. É evidente que nem todos os mecanismos da linguagem verbal se aplicam aos textos não-verbais. A linguagem não-verbal não explora obviamente os recursos fônicos próprios da linguagem verbal tais como aliterações, rima, ritmo, assonância. Num texto não-verbal, como os signos são de outra natureza, vamos encontrar oposições de cores, formas (linhas retas x linhas curvas; horizontais x verticais), oposições de luz e sombra, etc. A título de ilustração, pode-se imaginar um filme cujo tema seja a oposição entre a tristeza e a depressão da velhice x a alegria e a euforia da infância. O cineasta pode escolher a oposição de cor entre cenas para reforçar o contraste. Assim, todas as cenas que se referem à velhice são sombrias, com baixa iluminação; as cenas da infância são claras e carregadas de luz. Nesse caso, o contraste entre claro e escuro, que pertence ao plano da expressão, foi explorado para manifestar as noções de alegria x tristeza, que pertencem ao plano do conteúdo. Assim como a linguagem verbal, a não-verbal tem uma sintaxe, uma morfologia e um léxico. No entanto, a sintaxe, a morfologia e o léxico de cada linguagem têm as suas peculiaridades. Num texto de história em quadrinhos, por exemplo, o discurso direto é indicado por um balãozinho dotado de um apêndice que aponta para o personagem que está falando; se esse apêndice é constituído por uma série de bolinhas, é sinal de que ele está pensando e não falando. Esses recursos podem ser considerados como uma morfologia própria da história em quadrinhos. 56
7 No cinema, a montagem (combinação organizada das cenas) constitui uma verdadeira sintaxe dessa linguagem. Segundo essa sintaxe, o diretor combina as imagens para obter um certo significado: pode, por exemplo, opor uma cena de um mendigo catando restos do lixo a outra em que um rato revira os detritos de uma lata. O significado dessa montagem é claro: o homem reduzido à condição de rato. Exemplo clássico de montagem vem ilustrado no filme O encouraçado Potemkin, de S. M. Eisenstein, célebre cineasta soviético. O ENCOURAÇADO POTEMKIN O filme retrata a Revolução de 1905 na Rússia, que pode ser considerado um movimento democrático, contra o autoritarismo do Czar. Os soldados do czar descem uma escada em passo de parada militar, de baionetas caladas, atirando nos revoltosos e na população em geral. Eisenstein cortou a seqüência em dezenas de partes e juntou-as numa outra ordem: pernas e botas de soldados, gente esmagada, a mãe abatida por uma bala, o carrinho do bebê descendo desgovernado escada abaixo. Todas essas imagens, numa ordem aparentemente ilógica, revelam o caos e a tragédia do acontecimento. Percebemos, então, as contribuições que as linguagens verbal e não-verbal dão ao ato comunicativo. Para concluir esta aula, vamos destacar que, assim como existem mecanismos para montar um texto verbal e organizar seus significados, existem mecanismos para montar textos 57
8 não-verbais. Muitos desses mecanismos são comuns a ambos os tipos de textos, mas não todos. Como se aprende a ler um texto verbal, também se pode aprender a ler um texto nãoverbal. Qualquer dúvida, escreva para: nsgarbi@unigran.br Atividade 08 Responda as atividades e envie pelo portfólio, ferramenta do ambiente de aprendizagem UNIGRAN Virtual. Em caso de dúvidas utilize o Quadro de Avisos ou mande para o endereço nsgarbi@unigran.br Opte por fazer a atividade 1 ou 2!!!! 1. Una-se a quatro colegas que cursam esta disciplina, assistam, juntos, ao filme A guerra do fogo e respondam as questões seguintes: a - Qual o grande diferencial entre os dois grupos hominídeos pré-históricos? b - Qual era o grupo mais evoluído e por quê? OBS.: Lembre-se de que as respostas às questões devem aparecer sob a forma de um texto coeso e coerente e que tenha, no máximo, 20 linhas. 2. "Leia" com bastante atenção a capa de uma das revistas que seguem e explique o que significa a linguagem não-verbal utilizada por elas. Seu texto não deve ultrapassar a 17 linhas. OBS.: Não esqueça de que a revista deve ser desta semana. Exame, Isto É, Veja, Globo Ciência ou Super Interessante. SUGESTÕES DE LIVROS CORRÊA Manoel L. G. Linguagem e comunicação social: visões da lingüística moderna. São Paulo: Parábola, PEREZ, Clotilde. Comunicação & marketing. São Paulo: Futura,
9 SUGESTÕES DE SÍTIOS NA INTERNET CTP e SPE - Linguagem não verbal. Disponível em: naoverbal.html O texto escrito. Disponível em: A comunicação verbal e não verbal. Disponível em: comverbn-verb.html 59
10 60 Linguagem e Argumentação - Nara Sgarbi - UNIGRAN
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