CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ UNIDADE III CIÊNCIAS CONTÁBEIS TEMA: ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL PROFª: PAOLA SANTOS ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
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1 UNIDADE III CIÊNCIAS CONTÁBEIS TEMA: ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL PROFª: PAOLA SANTOS ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 1. CONCEITO CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ O estabelecimento empresarial também pode ser chamado de azienda (por influência do Direito italiano), fundo de empresa e negócio empresarial. É relevante, em princípio, esclarecer que o estabelecimento não se confunde com a "casa comercial", ou seja, o estabelecmento físico em que se situa o empresário. Fábio Ulhoa compara o estabelecimento empresarial a uma biblioteca (a soma dos livros com a organização racional humana), significando que o fundo empresarial consiste na reunião de bens organizados racionalmente pelo empresário, o que Rubens Requião chama de aviamento. O artigo do Código Civil brasileiro de 2002, tendo sido fortemente influenciado pelo Código Civil italiano (artigo 2.555), nos define juridicamente o conceito de estabelecimento: considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária, visando à produção de bens e serviços para o mercado. Os bens podem ser divididos em: (i) corpóreos: máquinas, balcões, estoque, veículos, imóvel onde pratica atividades etc.; (ii) incorpóreos: marca, estratégia, logística, Know How etc. Diante do conceito disposto no art , temos que o estabelecimento é formado pelo conjunto de bens corpóreos e incorpóreos, organizados pelo empresário ou sociedade empresária, para o desenvolvimento da sua atividade. É o instrumento da atividade empresarial. O estabelecimento é dado como elemento essencial à empresa, pois não há como desenvolver quaisquer atividades econômicas sem a organização do mesmo. Contudo, é importante ressalvar que estes bens comporão o patrimônio próprio da empresa, que irá utilizá-los para exercer a atividade econômica a qual ela se destina, não podendo confundi-los com os bens próprios do empresário. Neste sentido, a figura do empresário será responsável por reunir e organizar os bens de tal forma que os mesmos serão, então, reconhecidos como uma unidade, que servirá de instrumento para exercer atividade de sua empresa.
2 No entanto, embora o estabelecimento seja resultante da reunião de diversos bens com vistas ao exercicio da atividade econômica, ele pode ser descentralizado, ou seja, o empresário pode manter filiais, sucursais ou agências, depósitos em prédios isolados, unidades de organização administrativa lotadas em locais próprios, etc. Vale ressaltar que cada elemento do estabelecimento empresarial tem sua proteção jurídica específica, vejamos: O Direito Civil e o penal compreedem as normas pertinentes à proteção dos bens corpóreos (proteção possessória, responsabilidade civil, crime de dano, roubo etc.); O Direito Industrial tutela a propriedade da marca, invenções etc.; A Lei de Locações protege o ponto explorado pelo emresário; A proteção ao nome tem seu estatuto próprio; Logo o Direito Comercial se preocupou com a abordagem apenas da tutela dos bens incorpóreos do estabelecimento empresarial, uma vez que do regime dos bens corpóreos costumam cuidar outros ramos do saber jurídico. 2. NATUREZA JURÍDICA O art do Código Civil mostra que o estabelecimento é uma universalidade de direito, pois com a venda do estabelecimento seguem as dívidas contabilizadas. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou o arrendamento do estabelecimento só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na Imprensa Oficial. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir da notificação. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a aprtir, quanto
3 aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. Nao havendo autorização expressa, o alienante nao pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição persistirá durante o prazo do contrato. A cessao de créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeitos em relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente. 3. ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL A alienação do estabelecimento empresarial está sujeita à observância de cautelas específicas que a lei criou com o objetivo de proteger os credores. Em primeiro lugar, o contrato de alienação deve ser celebrado por escrito para que possa ser arquivado na Junta Comercial e publicado na Imprensa Oficial (CC, art ). Enquanto não providenciadas essas formalidades, a alienação não produzirá efeitos perante terceiros. O empresário tem sobre o estabelecimento empresarial a mesma livre disponibilidade que tem sobre os demais bens de seu patrimônio. Ocorre que a lei sujeita a alienação do estabelecimento à anuência dos seus credores. Podendo ser expressa ou tácita, decorrendo esta última modalidade do silencio do credor por mais de 30 dias da notificação da alienação que o devedor lhe endereçar. (CC, art ). O empresário deve, ao proceder a alienação de seu estabelecimento, colher a concordância por escrito de seus credores, ou fazer notificação a eles, pois somente se dispensa essa formalidade quando restarem, em seu patrimônio, bens suficientes para solvência do passivo. Se o empresário não observar tais cautelas, poderá ter sua falência decretada, com fundamento no art. 94, III, c, da LF, e, vindo a falir, a alienação será considerada ineficaz, perante a massa falida, nos termos do art. 129, VI, da LF, podendo o estabelecimento empresarial ser reivindicado das mãos do seu adquirente. Portanto, a anuência dos credores em relação à alienação do
4 estabelecimento empresarial é cautela que interessa mais ao adquirente que propriamente ao alienante. O passivo regularmente escriturado do alienante transfere-se ao adquirente do estabelecimento empresarial. Continua o alienante responsável por esse passivo, durante certo prazo (1 ano, contado da publicação do contrato de alienação, para as obrigações vencidas antes do negócio; e contado da data de vencimento, para as demais). Na hipótese de transferência do estabelecimento, portanto, o adquirente será sucessor do alienante, podendo os credores deste demandar aquele para cobrança de seus créditos. A cláusula de não-transferência do estabelecimento de passivo, por certo, não libera o adquirente, que poderá ser demandado pelo credor, cabendo-lhe, então, o direito de regresso contra o alienante. De modo particular o credor trabalhista, está protegido do alienante do estabelecimento empresarial. Nos termos do art. 448 da CLT, que consagra imunidade dos contratos de trabalho em face da estrutura jurídica da empresa, o empregado pode demandar o adquirente ou o alienante, indiferentemente. O credor tributário está sujeito a condições específicas, na hipótese de venda do estabelecimento empresarial.consoante previsto pelo art. 133 do CTN, o adquirente tem responsabilidade subsidiária ou integral palas obrigações fiscais do alienante, caso este continue ou não a explorar atividade econômica. O adquirente não responde, porém pelas obrigações do alienante inclusive as de natureza trabalhista e fiscal se adquiriu o estabelecimento empresarial mediante lance dado em leilão judicial promovido em processo de recuperação judicial ou falência (LF, arts. 60, p. u., e 141, II). 4. PROTEÇÃO AO PONTO (LOCAÇÃO EMPRESARIAL) Ponto compreende o local específico em que se encontra o estabelecimento empresarial. Se o empresário se encontra estabelecido em imóvel de sua propriedade, a proteção jurídica deste valor se faz pelas normas da propriedade imobiliária do direito civil. Já, se está estabelecido em imóvel alheio, que locou, a proteção jurídica do valor agregado pelo estabelecimento seguirá a disciplina da locação não-residencial (art. 51 da Lei de Locação).
5 No direito brasileiro existem duas espécies de locação: a locação residencial e a não-residencial. O uso que o locatário está autorizado a imprimir no imóvel é que distingue essas duas modalidades. A locação residencial é aquela não destinada a explorar de qualquer atividade econômica. Já a não-residencial está contratualmente autorizado a exploração da atividade econômica no imóvel locado. Logo ao locatário, o direito reconhecerá a prerrogativa de renovação contratual compulsória, mas para isso, é necessária que satisfaça três requisitos: a) O locatário deve ser empresário; b) A locação deve ser contratada por tempo determinado de, no mínimo, 5 anos. c) O locatário deve encontrar-se na exploração do mesmo ramo de atividade econômica pelo prazo mínimo e ininterrupto de 3 anos, à data da propositura da ação renovatória. Essa ação deve ser aforada entre 1 ano e 6 meses anteriores ao término do contrato a renovar, sob pena de decadência do direito (LL, art. 51, 5). O direito do locatário, no entanto, é relativo, já que não pode prevalecer sobre o direito de propriedade do locador. Este tem fundamento constitucional e, portanto, o direito de renovação compulsória do contrato de locação não pode desconsiderar o direito de uso, gozo e disposição sobre do bem em que é titular o locador. São os seguintes fatores em que o locador pode suscitar a retomada do imóvel: a) Insuficiência da proposta de renovação apresentada pelo locatário (LL, art. 72, II). Baseia-se no valor locatício de mercado do imóvel devendo o locatário melhorar sua proposta; b) Proposta melhor de terceiro (LL, art. 72, III). Mesmo apresentando proposta compatível com a de mercado, mas o locador possuir proposta melhor de terceiro, a locação não será renovada. Neste caso, o locatário terá direito a indenização pela perda do ponto (LL, art. 52, 3). c) Reforma substancial do prédio locado (LL, art. 52, I). pode ser por determinação do Poder Público ou por conta própria, não tendo o locatário seu direito de inerência ao ponto reconhecido. Nesta hipótese, será devida indenização se o início das obras retardar por mais de 3 meses contados da desocupação. d) Uso Próprio (LL, art. 52, II), cabendo indenização pela perda do ponto ao locatário.
6 e) Transferência de estabelecimento empresarial existente há mais de 1 ano e titularizado por ascendente, descendente ou cônjuge, desde que atue em ramo diverso do locatário (LL, art. 52, II) 5. SHOPPING CENTER O empresário que se dedica ao ramo de shopping centers não é um empreendedor imobiliário comum. O que os distingue é a organização da distribuição da oferta de produtos e serviços centralizados em seu complexo. A ideia básica do negócio é pôr à disposição dos consumidores, em um mesmo local, de cômodo acesso e seguro, a mais ampla gama de produtos e serviços. Em outros termos, deve haver um planejamento de distribuição de oferta, uma relativa organização da competição interna. Assim, as locações dos espaços devem atender às múltiplas necessidades do consumidor, de sorte que não faltem certos tipos de serviços (banco, correio, cinema, lazer etc.) ou de comércio (restaurante, papelaria, farmácia etc. ) mesmo quando há uma atividade central desenvolvida pelo shopping Center (modas, utilidades domesticas, material de construção etc.). Um mero empreendedor imobiliário apenas loca os seus prédios comerciais a quem propuser a pagar o aluguel que ele considera adequado. O empreendedor de shopping Center, por sua vez, organiza o seu complexo, isto é, fica atento às evoluções do mercado consumidor, á ascensão ou decadência das marcas, às novidades tecnológicas e de marketing, bem como ao potencial econômico de cada negociante instalado em seu complexo. A lei reconhece o direito de inerência a determinado pontos aos locatários de espaços de shopping centers (LL, art. 52, 2), mas, em determinadas situações, a renovação compulsória do contrato de locação pode representar entrave ao pleno desenvolvimento do complexo. Se, por exemplo, uma determinada marca de perfumaria tem recebido aceitação entre os consumidores maior que outra, o shopping Center partilhando com os demais locatários, podem substituí-lo pelo titular daquela primeira em ascensão. O contrato de locação desse tipo costuma contemplar um aluguel com características bastante peculiares, desdobrando em parcelas fixas, reajustáveis de acordo com o índice e a periodicidade definidos em instrumento contratual, e em parcelas variáveis, geralmente um percentual do faturamento obtido pelo locatário no estabelecimento locado. Além do aluguel há outras obrigações pecuniárias assumidas pelo locatário de loja em shopping Center.
7 Em geral, paga-se uma prestação retributiva das vantagens de se estabelecer em um complexo comercial que já possui clientela própria. Deve o locatário também filiar-se à associação dos lojistas, pagando a mensalidade correspondente. É usual a cobrança do aluguem em dobro no mês de dezembro, em decorrência do extraordinário movimento econômico que se costuma verificar nessa época do ano. Em tempos de recessão econômica, surgem formas especificas de ocupação de estabelecimentos comerciais, que guardam semelhança com os shopping centers apenas em seu aspecto externo, isto é, somente enquanto espaço de concentração de diferentes empresários. Trata-se dos chamados outlet centers, estabelecimento onde os próprios fabricantes, grandes distribuidores e, por vezes, alguns varejistas instalam-se em pequenos stands, para a venda de seus produtos por preços atrativos, com vista a escoamento de estoque. A locação desses espaços é feita por curtíssimo prazo e os locatários assumem obrigação contratual de praticar preços inferiores ao de mercado. 6. PROTEÇÃO AO TÍTULO DO ESTABELECIMENTO O elemento de identificação do estabelecimento não se confunde com o nome empresarial, nem com a marca. Cada elemento de identificação disciplinados no direito comercial recebem da lei uma proteção especifica, consistente na prerrogativa de utilização exclusiva. O título do estabelecimento não precisa, necessariamente, compor-se dos mesmos elementos lingüísticos presentes no nome empresarial e na marca. Ex. uma sociedade empresaria pode chamar-se Comércio e Industria Antonio Silva & Cia Ltda., ser titular da marca Alvorada e seu estabelecimento denominar-se de Loja da Esquina. Terá ele direito de uso exclusivo das três diferentes expressões, observadas as peculiaridades da proteção jurídica deferida a cada um deles. A proteção ao título de estabelecimento se faz, atualmente, por regras de responsabilidade civil e penal, na medida em que caracteriza concorrência desleal (LPI, arts. 195, V, e 209). O empresário que utilizar ou imitar o título de estabelecimento que outro já havia adotado anteriormente deve indenizá-lo por desvio de clientela. 7. COMÉRCIO ELETRÔNICO (INTERNETE)
8 Em virtude da larga utilização da rede mundial de computadores (internete) para a realização de negócios, criou-se um novo tipo de estabelecimento, o virtual. Difere do estabelecimento físico, em razão dos meios de acessibilidade. No virtual, o consumidor ou adquirente de bens ou serviços acessa exclusivamente por transmissão eletrônica de dados, enquanto no estabelecimento físico é acessível pelo deslocamento no espaço. Comercio eletrônico, assim, significa os atos de circulação de bens, prestação ou intermediação de serviços em que as tratativas pré-contratuais e a celebração do contrato se fazem por transmissão e recebimento de dados por via eletrônica, normalmente no ambiente da internete. Muitos empresários, atualmente, mantêm estabelecimento físico e virtual. Há por outro lado, os que possuem só o estabelecimento virtual. Aliás, os que hoje exploram atividade empresarial apenas em estabelecimento físico enfrentam crescentes dificuldades de manterem a competitividade. São três os tipos de estabelecimento virtual: 1) B2B business to business: em que os internautas compradores são também empresários, e se destinam a negociar insumos. Os contratos regem-se pelo direito comercial. 2) B2C business to consumer em que os internautas são consumidores. Os contratos regem-se pelo direito do consumidor. 3) C2C consumer to consumer: em que os negócios são feitos entre internautas consumidores, cumprindo o empresário titular do site a intermediação. Os contratos regem-se pelo direito do consumidor e estão sujeitos ao regime contratual de direito civil. Os estabelecimentos virtuais possuem endereço eletrônico, que é o seu nome de domínio. O da Livraria Saraiva, p. ex., é O nome de domínio cumpre duas funções: a primeira é técnica, trata-se da interconexão dos equipamentos. A segunda função tem sentido juridico: identifica o estabelecimento virtual na rede. Cumpre a mesma função à do titulo de estabelecimento em relação ao ponto. Os nomes de domínio é feito junto ao Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), uma associação civil de direito privado sem fins econômicos.
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