Anais do III Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova

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1 Anais do III Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova 29/11/2016 Ponte Nova/MG

2 ANAIS ISSN Anais do III Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova 2º edição Ponte Nova/MG 2016

3 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) AN532 Anais do III Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova. Anais...Ponte Nova(MG) FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DE PONTE NOVA, 2016 Disponível em < ISSN: Educação 2. Administração e serviços auxiliares 3. Medicina e saúde FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DE PONTE NOVA CDD Ficha catalográfica elaborada por Even3 Sistema de Gestão de Eventos

4 CORPO EDITORAL COMISSÃO CIENTIFICA FERNANDO DE SOUSA SANTANA SAMUEL GONÇALVES PINTO MARI LIA DE SOUSA MAROTA COMISSÃO ORGANIZADORA FERNANDO DE SOUSA SANTANA WELLERSON DAVID VIANA TELMA DE OLIVEIRA DE OLIVEIRA CARLOS ALBERTO PEREIRA GIOVANA DA CRUZ PEREIRA

5 ARTIGO CIÊNCIAS HUMANAS A IMPORTÂNCIA DO FUTSAL NOS ANOS ESCOLARES INICIAS 1 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM INFANTIL 8 EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA NO ENSINO SUPERIOR: PLANEJAMENTO E REALIDADE 18 EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: ACORDAI BRASIL 28 ESTRUTURA CURRICULAR: NOVOS OLHARES 42 O CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 60 O PRECONCEITO NO FUTEBOL E FUTSAL FEMININO O CASO DE MARIANA/MG. O SEGREDO DO SUCESSO DE LEICESTER CITY E SEVILLA FÚTBOL CLUB CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS A GESTÃO E CONTABILIZAÇÃO DO FATOR HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES A IMPORTÂNCIA DO RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES GILSON JOSÉ DE OLIVEIRA 122 IDENTIFICAÇÃO DO NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS ASSOCIADOS DO SICOOB UNIÃO IMPORTÂNCIA DO PERFIL EMPREENDEDOR PARA OS GESTORES/COORDENADORES EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR TERCEIRO SETOR E A COMUNICAÇÃO COM FINS SOCIAIS 166 CIÊNCIAS DA SAÚDE ANÁLISE DE FORÇA EM ALUNAS PRATICANTES DE TREINAMENTO 176

6 FUNCIONAL EM ACADEMIAS DA ZONA DA MATA MINEIRA ATIVIDADE FÍSICA E DESENVOLVIMENTO COGNITIVO: NUANCES DE SUA PRÁTICA NO COTIDIANO DE IDOSOS ATIVIDADE FÍSICA E TERCEIRA IDADE: ADERÊNCIA DE IDOSOS À ATIVIDADE FÍSICA EM UMA ACADEMIA DE PONTE NOVA-MG ATIVIDADE FÍSICA, ENVELHECIMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO EDUCAÇÃO FÍSICA, TRANSFORMAÇÃO SOCIAL E CIDADANIA: UM ESTUDO DE CASO ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: (DES)ENCONTROS POSSÍVEIS FATORES INTERVENIENTES QUE INFLUENCIAM PARA O AUMENTO DA OBESIDADE GINASTICA LABORAL E OS BENEFÍCIOS NA PRODUTIVIDADE 260 INCIDÊNCIA DE GOLS NO CAMPEONATO BRASILEIRO DA SÉRIE A DOS ANOS DE 2015 E 2016: QUAL A SUA RELAÇÃO COM A NUTRIÇÃO? LOCAL E INCIDÊNCIA TEMPORAL DOS GOLS NO CAMPEONATO BRASILEIRO 2015 SÉRIE A E B O ENSINO DO FUTSAL NO CONTEXTO NÃO ESCOLAR E O DESENVOLVIMENTO DO ALUNO OS SALTOS EM ATLETAS AMADORES DE VOLEIBOL DE PONTE NOVA PRÁTICA DE EXERCÍCIO FÍSICO POR POLICIAIS MILITARES EM UM MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS TREINAMENTO DESPORTIVO COLETIVO EM UMA ESCOLINHA DE FUTSAL RESUMO EXPANDIDO CIÊNCIAS HUMANAS A LÍNGUA DE SINAIS COMO UMA FORMA LEGÍTIMA DE FALAR 333 ENVELHECIMENTO COM SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA 338 INCLUSÃO E INSERÇÃO NA SOCIEDADE-JUNTOS SOMOS MAIS 342 LEITURA COMO HÁBITO PRIMORDIAL PARA O APRENDIZADO 348

7 RESUMO AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA EM EDUCAÇÃO FÍSICA 351 CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS ANÁLISE DO DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO DO SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA 355 PEDAGOGIA E A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 359 CIÊNCIAS DA SAÚDE A APRENDIZAGEM DA NATAÇÃO E SEUS BENEFÍCIOS 363 A IMPORTÂNICA DE SER... E VOLUNTARIAR RIO 2016: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE: BENEFÍCIOS DAS ATIVIDADES FÍSICAS PARA IDOSOS EQUOTERAPIA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO FATORES DE RISCO PARA O DIABETES MELLITUS EM ALUNOS DE UMA ACADEMIA DE DOM SILVÉRIO/MG FRATURAS, LUXAÇÃO E SUAS IMOBILIZAÇÕES 387 INTOXICAÇÃO E ENVENENAMENTO NO ÂMBITO ESCOLAR 390 OBESIDADE INFANTIL 393 QUEIMADURAS: O QUE FAZER 401

8 A IMPORTÂNCIA DO FUTSAL NOS ANOS ESCOLARES INICIAS Rivison José da Costa Júnior RESUMO O presente estudo visa relatar a importância de ensinar futsal para crianças, nos primeiros anos de escolaridade, conhecer as regras e objetivos desse esporte. Com isso, este trabalho tem como objetivo mostrar como que, através da prática de futsal, a criança desenvolve suas áreas cognitivas e motoras. A ideia principal é analizar essa atividade dentro do Ensino Fundamental e mostrar aos alunos que o futsal na escola deve ter uma formação básica, desenvolvendo as habilidades físico-mentais: consciência corporal, coordenação, flexibilidade, ritmo, agilidade, equilíbrio, percepção espaço-temporal e descontração. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica considerando as contribuições de autores como BRACHT (1996), FILGUEIRA (2006), MORATO (2004), entre outros, procurando ressaltar sempre a interação entre esporte e educação. Palavras-chave: Futsal. Atividade Física. Desenvolvimento Criança. Esporte

9 Introdução O jovem e o adolescente precisam por toda a sua vida educacional, de atividades que lhes possibilitem o desenvolvimento global, ou seja, a motivação para aprender e para interagir. Desde o Ensino Fundamental a escola já prepara os alunos para atuarem em sociedade, exercitando corpo e mente por meio de atividades que envolvem o esporte e lazer. Portanto, cabe ao professor propor atividades que oportunize o desenvolvimento de habilidades motoras, visto que elas trazem contribuições para o cognitivo, psicomotor e favorece a socialização, quer seja no cotidiano de sala de aula, quer seja através de jogos, em atividades lúdicas. Comportamentos do ser humano, assim como suas habilidades inatas podem e devem ser desenvolvidos através da educação, essencialmente na Educação Física. A prática das atividades físicas na Educação Física escolar favorece aspectos como melhora dos processos mentais, a integração do indivíduo ao grupo, autoconhecimento, percepção corporal, temporal e espacial, domínio das habilidades e destrezas físicas entre outros. Observamos como conteúdo nas aulas de Educação Física escolar a prática dos esportes. Faz-se extremamente necessária a oportunidade de vivência de diversos esportes por parte dos alunos a fim de um melhor desenvolvimento global da criança e do adolescente. Entre os esportes praticados o futsal é muito popular e ganhou a preferência de muitos. É um esporte que traz certa facilidade para ser executado visto que necessita apenas de uma bola, de um espaço e de jogadores. Atualmente, o futsal é o esporte que possui o maior número de praticantes no Brasil. No mundo, são mais de setenta países que praticam esse esporte em quatro continentes, tendo como destaque Paraguai, Espanha, Portugal, Itália, Austrália e Rússia (VOSER, 2004, p. 16 e 27). Por isso, deve-se analisar a importância de se ensinar prática do futsal no Ensino Fundamental-I para ajudar no desenvolvimento cognitivo e motor da criança

10 Objetivo Geral Analisar a importância do Futsal para o desenvolvimento global de crianças de 4 e 5 anos na escolinha de Futsal da Escola Nossa Senhora Auxiliadora na cidade de Ponte Nova- MG. Justificativa Ao se ensinar futsal na escola é possível compartilhar mais do que regras, técnicas e táticas. Além de aprender habilidades e desenvolver capacidades, a criança constrói valores e atitudes. A prática de futsal proporciona o prazer, a evolução da consciência, a cultura de esportes e lazer, a construção da cidadania e a valorização da autoestima. Trata-se de uma concepção pedagógica que apesar de se contrapor a outra também tem por finalidade a procura da excelência (torna-se melhor do que se é, não melhor que o outro). Esse modo de ensinar deve facilitar às crianças à busca da autonomia. A infância é o período para construir atitudes, afirmar habilidades e desenvolver capacidades que possam contribuir para sua atuação no mundo. Entre essas atitudes estão a participação, o respeito mútuo, a cooperação e autonomia, a autoestima. O futsal ensinado na infância deve ter por objetivo ser elaborado com as características próprias do crescimento e desenvolvimento infantil, considerando sempre cada faixa etária. A educação física é uma disciplina pedagógica permeada de pensadores e professores preocupados com a melhoria do seu tratamento pedagógico no contexto escolar. Os procedimentos pedagógicos são os mais diversificados e todos complementares, pois a escola atende a sociedade, e atender a sociedade é lidar com contextos socioculturais expressivos, além das características físicas e desenvolvimentistas que cada aluno apresenta. A ideia básica é que o professor, ao ensinar futsal na escola, deve ter conhecimentos sobre os procedimentos de ensino e escolher os mais adequados para a realidade de sua escola e de cada turma que trabalha

11 Fundamentação Teórica A prática de esportes na escola é importante por ser facilitador das intervenções relativas aos princípios norteadores, aos valores e aos modos de comportamento das crianças na vida social e escolar. Além disso pode-se destacar sua importância como recurso pedagógico de uma proposta que tem como objetivo dar aos aluno uma oportunidade de conhecer, aprender e utilizar o esporte em diferentes contextos. É nas aulas de Educação Física que são trabalhados os princípios indispensáveis para o desenvolvimento da personalidade da criança, como cooperação, participação e convivência. Segundo Baseggio (2011), as atividades realizadas em aulas, principalmente os jogos desportivos coletivos são instrumentos facilitadores do desenvolvimento global da criança e do adolescente. De acordo com Bayer (MORATO, 2004) o futsal é um Jogo Desportivo Coletivo por possuir as seis invariantes atribuídas a esta categoria, por uma bola ou implemento similar, um espaço de jogo, adversários, parceiros, um alvo a atacar e outro para defender e regras específicas. Praticar futsal é saber jogar sem a pose da bola quanto com a posse da mesma. Sem a bola, o aluno precisa se movimentar e buscar e espaços para si mesmo e para seus parceiros, tornando-se opção de passe e procurando oportunidades de finalização. Na defesa, todos precisam estar organizados de forma a fechar os espaços dos adversários e estar atentos para cobrir os espaços deixados por seus parceiros que falharam em sua função, pois a defesa, assim como o ataque é de missão coletiva (MORATO, 2004). Segundo Graça (MORATO, 2004) no processo de aprendizagem há duas ordens de problemas. Sendo que a primeira está ligada à busca da resposta adequada à situação do momento (o quê, o quando e o porquê). A segunda busca ligação a resposta motora (o como). São as perguntas que os alunos fazem para eles mesmos que arrastão a ação externa para seu mundo interior. A atuação do professor e a composição das aulas devem proporcionar que os alunos compreendam a "intenção tática" (o que deve ser feito) antes da "modalidade técnica" (como deve ser feito), de modo que as ações que serão escolhidas pelos alunos estejam de acordo com a antecipação das ações que os adversários pretendem aplicar (MORATO, 2004)

12 O futsal na escola deve ter uma formação básica, desenvolvendo as habilidades físicomentais: consciência corporal, coordenação, flexibilidade, ritmo, agilidade, equilíbrio, percepção espaço-temporal e descontração. A tática esportiva utilizada principalmente no futsal esta ligada à capacidade cognitiva, técnica adquirida e capacidade psicofísica, estando voltada para uma aprendizagem ideal em competições, mobilizando todo o potencial individual que cada aluno possui (FILGUEIRA, 2006). Segundo Freire (FILGUEIRA, 2006) os alunos que tenham aulas de futsal em uma escola devem receber uma formação teórica, seguindo um critério: quanto menos idade tiver o aluno, menos teoria será aplicada; quanto mais idade, mais teoria poderá ser aplicada. Metodologia Foi realizada uma revisão literária para entender a importância de se ensinar Futsal nos anos iniciais para que a criança desempenhe suas habilidades motoras de forma correta. Pesquisa realizada para especificar o quão é fundamental a aprendizagem e o estudo do futsal. Sendo assim, foi solicitado que profissionais da área de Educação Física respondessem a um questionário direcionado, onde puderam exaltar a importância de se trabalhar nesta área e no que o estudo do futsal pode auxiliar na aprendizagem e desenvolvimento dos alunos. Análise de dados Através de um questionário direcionado, profissionais da área disseram que, a Educação Física possui muitos benefícios ao cotidiano das crianças, é uma oportunidade de desenvolver as potencialidades de cada um (devem sempre superar a sim mesmo, não ao outro), melhora o condicionamento físico das crianças e traz benefícios cognitivos, físicos e fisiológicos. Em outro momento também explicaram que o futsal desenvolve na criança as capacidades de socialização, entender e respeitar regras, além de compreender o significado de trabalho em equipe e com se esforçar para atingir seus objetivos, podendo os tornar pessoas críticas, além de explorar a sua cultura corporal. A criança pode passar a perceber a importância de se auto superar, de querer sempre se aperfeiçoar e melhorar suas habilidades

13 Conclusão Os principais objetivos da Educação Física é o despertar para o prazer de aprender a aprender; Potencializar a capacidade de criar e recriar situações de aprendizagem; ampliar a capacidade de comunicação; Prevenir dificuldades relacionais, emocionais, motoras e de aprendizagem; Incentivar a autoestima e facilitar a socialização; Prevenir dificuldades relacionais de desenvolvimento e de aprendizagem; Exercer uma prática terapêutica no caso de dificuldades relacionais de desenvolvimento e de aprendizagem já instalados; oportunizar uma estruturação mais saudável da personalidade. Essa perspectiva vai ao encontro ao que, segundo Bracht (1996), é o modelo de ensino esportivo no contexto escolar, onde encontramos como base da aprendizagem as características do esporte de rendimento, fazendo com que seja incorporado para dentro da escola valores como: rendimento, competição, recorde, racionalização e cientificação. Através das informações relatadas, neste trabalho os professores de Educação Física nas escolas poderão utilizá-las com sabedoria e criatividade, fazendo com que todos os alunos apreciem a pratica do futsal na escola até mesmo aqueles que não gostam das práticas da Educação Física. O Professor deve saber respeitar a individualidade de cada aluno, e com isso fazer com que suas aulas não se tornem desgastantes e monótonas. O futsal faz com que o aluno tenha que andar, correr, saltar, chutar, agachar, arremessar, ter o controle da bola e para tudo isso ele terá sempre que utilizar o raciocínio durante a sua pratica. Os professores de Educação Física devem ter em mente que a pratica do futsal na escola é diferente da utilizada no auto rendimento desportivo, pois são vários os fatores que diferenciam um do outro, os professores nas escolas formarão cidadãos e a prática do futsal nas aulas de Educação Física nas escolas tem como objetivo de inserir na vida dos alunos a praticar da Educação Física e que isso vire um habito na sua vida dos alunos. Por isso é importante ressaltar que sua prática não deve ser vinculada apenas ao ensinamento da técnica e em busca do alto rendimento, mas sim ao desenvolvimento de diferentes aspectos que serão de extrema importância para um melhor desenvolvimento global da criança e do adolescente e que serão essenciais na vida adulta

14 Referências BASEGGIO, T.S. Oficinas socioeducativas de futsal como ações complementares no processo educacional. Ebookbrowse, BRACHT, V. Educação Física no 1º grau: conhecimento e especificidade. Rev. paul. Educ. Fís, São Paulo, supl.2, p.23-28, FILGUEIRA, Fabrício Moreira. Aspectos físicos, técnicos e táticos da iniciação ao futebol. Revista Digital, Buenos Aires, ano 11, N 103, dez Disponível em:< em 26/09/2016. MORATO, Márcio Pereira. Treinamento defensivo no futsal. Revista Digital, Buenos Aires, ano 10, N 77, out Disponível em: < Acesso em 27/09/2016. VOSER, R.C. Iniciação ao futsal. Abordagem recreativa. 3ª ed. Canoas: ULBRA, p

15 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO APRENDIZAGEM INFANTIL Bethânia Gonçalves Monteiro Samira Maciel de Macedo Marina Castro de Oliveira RESUMO O presente trabalho visa ressaltar a importância da utilização do lúdico, por meio das brincadeiras e dos jogos, na educação infantil. Destaca-se a infância como uma fase particular do desenvolvimento humano na qual a vivência do lúdico é essencial para o desenvolvimento e a aprendizagem. A presença do lúdico na infância é reconhecida como intrínseca a essa fase e está relacionada ao desenvolvimento e aprendizagem de habilidades como a criatividade, o pensamento, a comunicação, a interação, o respeito ao próximo bem como o equilíbrio das emoções. Identifica-se políticas públicas e produções acadêmicas que ressaltam a importância da presença do lúdico para a promoção da aprendizagem na educação infantil, contudo, identifica-se também uma realidade escolar carente de atividades lúdicas. Desta forma, aponta-se como imprescindível uma mudança no cenário atual, destacando-se a importância de uma formação adequada e uma atitude de reflexão, por parte do educador, que leve à inserção de atividades lúdicas no planejamento pedagógico, bem como o uso dessas atividades de forma efetiva. Palavras-chave: lúdico, jogos, brincadeiras, aprendizagem, desenvolvimento. 1. INTRODUÇÃO - 8 -

16 A infância é um período de extrema importância para o desenvolvimento humano que possui inúmeras particularidades. A possibilidade de vivenciar o lúdico é uma especificidade dessa fase e tal vivência é fundamental para o desenvolvimento da criança (MARCELLINO, 2009). O lúdico é considerado um componente da cultura. É entendido como um fim em si mesmo, tem como objetivo a vivência prazerosa da atividade, se baseia na atualidade e privilegia a criatividade e a espontaneidade. Observa-se uma dimensão lúdica consistente em atividades como a brincadeira e o jogo (MACEDO et al. 2008; KISHIMOTO, 2006). A manifestação lúdica tem sua importância reconhecida tanto pelo meio científico, quanto pelos gestores de políticas públicas. Defende-se que a criança tem por direito o repouso, tempo livre e o acesso a jogos e atividades recreativas. Ressalta-se ainda, que tal acesso ao lúdico é imprescindível para uma educação de qualidade (BRASIL,1998; MARCELLINO, 2009; KISHIMOTO, 2006). Contudo, na prática escolar, percebe-se que há uma valorização das atividades tradicionais em detrimento do lúdico e do brincar que acabam sendo relegados à dimensão do lazer, de importância secundária. Tal concepção dual, diferente da concepção integrada defendida pela literatura da área, acaba por tomar conta da escola criando barreiras que dificultam a inserção do lúdico na sala de aula (MARCELLINO, 2009). Diante desse contexto, o objetivo do presente trabalho é realizar uma revisão teórica consistente, a fim de evidenciar a importância dos jogos e brincadeiras, dentro da construção do processo ensino-aprendizagem, no contexto da escola. Tem-se ainda a pretensão de despertar uma reflexão, por parte do profissional da educação, sobre a importância da inserção das atividades lúdicas em seu planejamento pedagógico, de forma efetiva. 2. POSSIBILIDADES E BENEFÍCIOS DO LÚDICO Na infância a brincadeira está intimamente relacionada à vida da criança, é considerada fundamental para o seu desenvolvimento e sua principal atividade quando não está dedicada às suas necessidades de sobrevivência (MACEDO et al. 2005). A infância é considerada uma fase crucial do desenvolvimento. Uma fase peculiar com especificidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas, na qual o brincar representa uma - 9 -

17 forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil (BRASIL, 1998). A tentativa de entender o mundo ocorre desde as primeiras interações da criança com as pessoas e com o meio. O conhecimento é então construído a partir dessas interações que por sua vez são permeadas pelo lúdico. Dessa forma percebe-se a importância do lúdico para a aprendizagem (BRASIL, 1998). O lúdico está presente, sobretudo, na brincadeira e no jogo. Tais atividades apresentam particularidades, mas contribuem diretamente para o desenvolvimento da criança, de forma complementar. Macedo et al (2005) define que o brincar é um jogar com ideias, sentimentos, pessoas, situações e objetos em que as regulações e os objetos não estão necessariamente predeterminados. Já o jogo seria o brincar no contexto de regras e com um objetivo prédefinido. A brincadeira pode ser classificada como livre ou como direcionada. Na brincadeira livre a criança se expressa e desenvolve sua criatividade sem interferência de um adulto. Na brincadeira direcionada, por sua vez, a criança tem uma meta a alcançar, estabelecida pelo adulto que é o mediador do processo. Ambas consideradas importantes e necessárias para o desenvolvimento da criança (LIRA; RUBIO, 2014 ). O brincar possibilita o desenvolvimento da criança uma vez que, através da brincadeira ela se expressa, fantasia, aprende consigo mesma e com o outro, cria problema e o resolve. Desenvolve o individual, habilidades como o pensamento e a comunicação. Desenvolve também habilidades relacionadas ao coletivo, na brincadeira ocorre a interiorização de determinados modelos de adultos no âmbito de grupos sociais diversos, valoriza-se a cultura popular e a socialização (BRASIL, 1998; WAJSKOP, 2005). O brincar possibilita ainda o desenvolvimento da independência, estimula a sensibilidade visual e auditiva, desenvolve habilidades motoras, exercita sua criatividade e o equilíbrio das emoções (DALLABONA; GOMES, 2004; MACEDO et al. 2005;). O jogo é o substituto importantíssimo do brincar. Uma vez que o jogar envolve objetivos, habilidades e regras a serem cumpridas. Possibilita que a criança aprenda a conviver com o outro, aceitar e compreender imposições estabelecidas, perder, ganhar e adquirir conhecimentos (MACEDO et al. 2005). Os jogos possibilitam que a criança conheça a si e ao outro, seja criativa, saiba expressar-se, interagir com o outro e com o mundo, respeitar seus pares, compartilhar tarefas, elaborar estratégias. Permite ainda o exercício da concentração e por meio disso alcançar

18 níveis complexos de desenvolvimento cognitivo como habilidades, pensamentos e sentimentos (WAJSKOP, 2005). Conforme Macedo et al. (2005, p. 14): O brincar é sério, uma vez que supõe atenção e concentração. Atenção no sentido de que envolve muitos aspectos inter-relacionados, e concentração no sentido de que requer um foco, mesmo que fugidio, para motivar as brincadeiras. O brincar supõe também disponibilidade, já que as coisas mais importantes da vida da criança espaço, o tempo, seu corpo, seus conhecimentos, suas relações com pessoas, objetos e atividades são oferecidas a uma situação na qual ela, quase sempre, é a única protagonista, a responsável pelas ações e fantasias que compõem essa atividade. Diante disso, torna-se evidente os potenciais benefícios dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento e aprendizagem da criança como um todo. Torna-se então imprescindível a adoção de atividades lúdicas em todos os momentos da vida da criança, inclusive no contexto escolar, principalmente na educação infantil. 3. O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Retomando a concepção de que na infância o lúdico está intimamente relacionado à vida da criança, uma vez inseridos na educação satisfarão em grande parte seus interesses, necessidades e desejos. Esta forma seria uma maneira lúdica de envolvê-las nas atividades e aprender de forma prazerosa (MACEDO et al. 2005). Diante dessa realidade, a políticas públicas voltadas para a infância e para a educação defendem e buscam garantir o direito da criança vivenciar o lúdico, seja na escola ou fora dela. A Convenção dos Direitos da Criança, por meio do artigo 31, destaca que o brincar é um direito da criança e que governantes e legisladores devem adotar medidas específicas, visando respeitar e proteger tal direito de cada criança. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº de 1990, a criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. Sendo que tal direito à liberdade compreende o direito de brincar, praticar esportes e divertir-se

19 Por fim, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, (RCNEI), Brasil, (1998) defende o brincar como um direito, uma forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação entre as crianças. Ressalta ser um direito da criança para desenvolver seu pensamento e capacidade de expressão, além de situá-la em sua cultura. O RCNEI explicita que o objetivo da educação infantil é o desenvolvimento integral da criança, obtido a partir da integração entre aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais da criança. Define que educar, nessa fase do desenvolvimento, significa propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada (BRASIL, 1998). As atividades lúdicas possuem possibilidades de desenvolverem habilidades no educando quando abordadas de forma correta pelo docente. De acordo com Dallabona; Gomes (2004, p. 7): Brincar é sinônimo de aprender, pois o brincar e o jogar geram um espaço para pensar, sendo que a criança avança no raciocínio, desenvolve o pensamento, estabelece contatos sociais, compreende o meio, satisfaz desejos, desenvolve habilidades, conhecimentos e criatividade. As intenções que o brincar e o jogo oportunizam oferecem a superação do egocentrismo, desenvolvendo a solidariedade e a empatia, e introduzem, especialmente no compartilhamento de jogos e brinquedos, novos sentidos para a posse e o consumo. Contudo, o próprio RCNEI reconhece que tal documento orienta as atividades da educação infantil mas só terá sentido quando traduzir as vontades dos sujeitos envolvidos com a educação das crianças, sejam pais, professores, funcionários de incorporá-lo no projeto educativo da instituição ao qual estão ligados (BRASIL, 1998). Observa-se que na prática, as escolas de educação infantil não dão a ênfase necessária ao desenvolvimento de atividades lúdicas para uma aprendizagem significativa, dando prioridade ao uso de métodos tradicionais como, por exemplo, conceitos prontos. Sendo assim não promovem adequadamente o desenvolvimento das habilidades já explicitas no presente trabalho (MACEDO et al. 2005). Marcellino et al. (2009) aponta que a especificidade da infância que é a possibilidade de vivenciar o lúdico é ignorada em prol da disciplina, do esforço, da aquisição de responsabilidade. Havendo assim a negligência do momento presente e da infância em função

20 de um pretenso foco no futuro, uma vez que acredita-se estar preparando a criança para a vida adulta. De acordo com Dallabona; Gomes (2004) o lúdico está escasso das atividades rotineiras das crianças, devido à falta de tempo por estarem ocupados com jogos eletrônicos e por causa da ausência de espaços físico destinados a esse fim. Menciona também que é de fundamental importância e de conhecimento da educação infantil disponibilizar espaços adequados para que as atividades lúdicas sejam concretizadas. Conforme Gomes; Ferlin (2008), existem alguns educadores que resistem a mudanças nas prática pedagógica com inovações ou não sabem os benefícios e como inserir em seu planejamento por exigir cuidado e dedicação na sua elaboração para aplicá-lo. O livro apresenta vários exemplos de jogos e atividades lúdicas para a sala de aula. O jogo na prática pedagógica, além da diversão favorece interação entre aluno e professor e o aluno se colocar no mundo de forma crítica. Alguns educadores resistem à mudança descartando a possibilidade de um trabalho mais dinâmico por exigirem maior empenho e cuidado na sua preparação ou por não saberem de que forma realiza-lo. A criança, no entanto, é extremamente beneficiada com este trabalho, pois este efeito de atenção é bastante eficiente para encorajá-la a ter melhor desempenho nas atividades [...]. (FERLIN; GOMES, 2008, p. 13). Além disso, quando a brincadeira se mostra uma realidade na escola, os docentes não as tem introduzido no planejamento das aulas atividades lúdicas de forma adequada. Não há a devida consideração sobre o conhecimento que transmitem e as habilidades que podem ser desenvolvidas e sobre o conhecimento prévio dos alunos. Dessa forma, sem a mediação do professor a brincadeira se reduziria a uma forma de entretenimento, conforme diz Wajskop (2005): Enquanto as crianças brincavam, a professora observava-as de longe e, vez por outra, dissipava grupos de garotos que, segundo ela, estavam fazendo muito barulho ou desenvolvendo brincadeiras muito agressivas. No entanto se observasse com detalhes a atividade infantil nesse período, constataria a diversidade de temas utilizados [...]. A postura da professora ante as brincadeiras infantis, nesse caso, não apenas reitera os comportamentos esperados socialmente na utilização dessas ações como preparação para a vida adulta, como impede que esses mesmos jogos apresentados pelas crianças sejam intercambiados, enriquecidos e transformados em instrumentos de construção de conhecimentos por elas mesmas. Na medida

21 em que não participava das ações das crianças, abstendo-se de uma intervenção pedagógica enriquecedora, apenas reiterava a forma ritualística, repetitiva, e obsessiva como as brincadeiras são vividas pelas crianças. (WAJSKOP, 2005, p.p. 74, 75). A literatura aponta que o indicado seria que as escolas de educação infantil tenham espaços e recursos para promover o lúdico de diferentes formas e nos diferentes espaços, interno e externo, da instituição. Deve-se promover a brincadeira livre onde a criança se expressa e desenvolve sua criatividade, o professor não interfere, mas observa e busca entender as ações da criança; Deve-se proporcionar a brincadeira dirigida na qual o professor funciona como mediador e parceiro do processo e considera vários fatores no planejamento da atividade (GOMES; FERLIN, 2008; LIRA; RUBIO, 2014). O RNCE ressalta que ao planejar uma atividade o professor precisa considerar as singularidades das diferentes idades, hábitos, costumes, valores e crenças. As situações de aprendizagem devem ser organizadas de forma que articulem os recursos e capacidades de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos do conhecimento. Ressalta-se ainda que a observação do brincar pode gerar valiosos registros a respeito das capacidades de uso da linguagem, capacidades sociais e recursos afetivos de cada criança (BRASIL, 1998). Para que consigamos alcançar efetivamente a inserção do lúdico na educação infantil, é necessário que o professor apreenda a importância de tal mudança. É imprescindível que o educador entenda o brincar e se motive a observar as crianças no ato da brincadeira e para tanto é necessário que tal temática seja abordada tanto durante a graduação como na formação continuada (TEIXEIRA; VOLPINI, 2014). O educador precisa estar ciente de que sua ação é fundamental no processo denominado brincadeira, uma vez que sua intermediação poderá ser requisitada a qualquer momento, seja para incentivar ou para moderar as atividades. E ao mesmo tempo se policie uma vez que oferecer rotineiramente atividades exclusivamente dirigidas, inibe o processo de criação, curiosidade e espontaneidade da criança (BRASIL, 1998; TEIXEIRA; VOLPINI, 2014). 4. CONCLUSÃO

22 O trabalho com educação infantil é muito delicado por se tratar do início da vida escolar e também o início da formação das crianças. Sendo assim, a inserção de atividades lúdicas como os jogos e brincadeiras é imprescindível para a criança em formação, uma vez que para ela apenas faz sentido o que é lúdico proporcionando-a prazer, entretenimento e consecutivamente o envolvimento nas atividades, ou seja, despertando-lhe o interesse. É importante destacar que as brincadeiras e jogos em geral proporcionam aprendizagens às crianças. Não é apenas na escola, no contexto de aprendizagem educacional, que proporcionará o desenvolvimento de habilidades, mas também nas brincadeiras livres, na interação com o outro, por meio do diálogo sem mediação do professor ou do adulto. Ainda hoje, poucas instituições dão a devida importância à utilização de jogos e brincadeiras no cotidiano escolar. Embora a legislação exija a utilização de jogos e brincadeiras na Educação Infantil, quando acontecem, muitos não são elaborados adequadamente, gerando desencontros e não oferecendo resultados esperados. O fato de se brincar e jogar não devem ser visto de forma aleatória, é necessário um norte, instruções da equipe pedagógica ou cursos de capacitação, os quais fornecerão subsídios para desenvolver o trabalho. A aprendizagem por meio de brincadeiras desenvolve-se o individual, o coletivo, habilidades internas, pensamentos, o convívio em sociedade, aprendizagem de regras, promove a criatividade, imaginação se forem trabalhados de forma adequada. As brincadeiras livres e espontâneas são extremamente importantes, mas precisam ser devidamente observadas pelo professor e somadas às brincadeiras dirigidas com a mediação e intervenção do professor. É indispensável o planejamento da atividade lúdica com objetivos claros do que se espera que o educando adquira, como também o apoio pedagógico da escola e espaço físico para esse fim pedagógico. No que se refere à aplicação dessas atividades, os docentes devem estar preparados para colocá-las em prática. De acordo com a literatura, fica evidente a importância de resgatar a ludicidade infantil, uma vez que esta traz benefícios comprovados no desenvolvimento da formação da criança, uma vez que, as brincadeiras andam lado a lado com a infância. Cabe ressaltar, no entanto, que as crianças estão brincando cada vez menos devido a tempo excessivo na frente da televisão, objetos eletrônicos, que fazem tudo pelas crianças, tarefas excessivas como dança, natação e esportes em geral, sendo assim sobra pouco tempo para a criatividade e o faz de conta. Conclui-se que a inserção de atividades lúdicas na educação infantil traz muitos benefícios ao educando, por meio delas descobrem o mundo que as cerca. Por esse motivo,

23 deve ser parte intrínseca do planejamento diário dos docentes. Contudo, não é a inserção de brincadeiras de passatempo, ingênuas e vulgares, mas brincadeiras lúdicas, ou seja, agradáveis significativas e prazerosas. Portanto, espera-se que os profissionais da área compreendam a importância da utilização dos jogos e brincadeiras no cotidiano escolar como estratégias que possibilitam uma aprendizagem prazerosa, significativa e eficaz com a utilização desses recursos e contribuir para melhoria do ensino ao educando. 5. REFERÊNCIAS

24 BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº de 13 de julho de Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF, BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Referencial curricular nacional para a educação infantil: formação pessoal e social. Brasília: MEC/SEF, v.01 e p. DALLABONA, Sandra Regina; MENDES, Sueli Maria Schmitt. O lúdico na educação infantil: jogar, brincar, uma forma de educar. Santa Catarina: Instituto Catarinense de Pós- Graduação. Disponível em < >, acesso em 04/06/2016, às 13h40min. GOMES, Daisy; FERLIN, Ana Maria. 90 Ideias de jogos e atividades para sala de aula. Vozes, KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogos infantis: o jogo, a criança e a educação. Ed. 13. Petrópolis: Vozes, LIRA, Natali Alves Barros; RUBIO, Juliana de Alcântra Silveira. A Importância do Brincar na Educação Infantil. Revista Eletrônica Saberes da Educação Volume 5 nº 1, 1-22, MACEDO, Lino de; PETTY, Ana Lúcia Sícoli; PASSOS, Norimar Christe. Os jogos e o lúdico na aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed, MARCELLINO, Nelso Carvalho. (Org). Lúdico, Educação e Educação Física. Rio Grande do Sul: Unijuí, TEIXEIRA, Hélita Carla; VOLPINI, Maria Neli. A importância do brincar no contexto da educação infantil: creche e pré-escola. Cadernos de Educação: Ensino e Sociedade, Bebedouro-SP, 1 (1): 76-88, ONU. Convenção sobre os Direitos da Criança. Disponível em < Acesso em 17 out WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola. Ed. 6. São Paulo: Cortez,

25 EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA NO ENSINO SUPERIOR: PLANEJAMENTO E REALIDADE Resumo: Telma de Oliveira Vidigal FUPAC Ponte Nova/MG Samuel Gonçalves Pinto FUPAC Ponte Nova/MG Fernando de Sousa Santana FUPAC Ponte Nova/MG Ronaldo de Andrade Allocca FUPAC Ponte Nova/MG Carlos Alberto Pereira de Sousa FUPAC Ponte Nova/MG O objetivo do presente trabalho, é avaliar através de uma pesquisa de campo a viabilização de inserção da carga horária de 20% em EaD em cursos presenciais, junto aos coordenadores responsáveis e envolvidos nos mesmos. Os resultados apresentados nesse trabalho apontam para um posicionamento favorável a esse mecanismo de implantação, considerando-se, não haver perda de qualidade nos cursos de graduação semipresenciais, se comparados aos presenciais. A globalização dos conhecimentos e a incorporação das novas tecnologias contribuem para implementação de um novo modelo de Educação Superior. Palavras Chave: Educação à Distância, Carga Horária, Ensino Superior Introdução É inegável a utilização cada vez mais intensa da Educação à Distância (EaD), modalidade que se dá fundamentalmente através do uso intenso das tecnologias de informação e comunicação, estando professores e alunos separados fisicamente no tempo e/ou espaço, nas mais diversas etapas da Educação, desde a Básica, até a Superior, assim como em cursos abertos, entre outros. Progressivamente a interligação via Internet e a recuperação, construção e reconstrução de informações via Web fazem parte de atividades tanto de trabalho quanto de estudo. Muitos autores apresentam inclusive mudanças significativas nos aspectos cognitivos influenciados pelas tecnologias (VEEN; VRAKING, 2009). Por possibilitar a transposição de obstáculos que se apresentam na busca pelo conhecimento, através de tecnologias de informação e comunicação, a EaD pode ser considerada a forma de educação mais democrática. Esta modalidade de educação vem colaborando dia após na ampliação da democratização do ensino e na aquisição dos mais variados conhecimentos,

26 principalmente pelo fato de se constituir em um instrumento capaz de atender um incontável número de pessoas de forma simultânea, chegar a indivíduos que estão distantes dos locais onde são ministrados os ensinamentos e/ou que não podem estudar em horários pré-estabelecido. Nos dias de hoje, a educação profissional, além de agregar valores na carreira do indivíduo, seja em qual for sua área de atuação, passou a ser uma exigência do mercado de trabalho. A EaD vem de encontro às necessidades das pessoas que, por falta de tempo ou por longas distâncias a serem percorridas entre trabalho, escola e residência, optam por este tipo de ensino, como uma nova opção na hora da escolha por um curso profissionalizante. A oferta de cursos formais e informais através da modalidade de EaD, vem crescendo em todas as áreas de forma global. As experiências brasileiras nessa modalidade de educação, governamentais e privadas, foram muitas e representaram, nas últimas décadas, a mobilização de grandes contingentes de recursos. Segundo Belloni, A Educação a Distância (EaD) está expandindo cada vez mais, por ser uma modalidade que busca atender as novas demandas educacionais decorrentes das mudanças na nova ordem econômica mundial, que vêm acontecendo em ritmo acelerado sendo visíveis no crescente avanço das tecnologias de comunicação e informação, tendo como consequências mudanças no campo educacional (BELLONI, 2001). Uma das habilidades esperadas principalmente nos jovens ingressantes no mercado de trabalho, observando-se esse contexto, é a capacidade de aprender de forma autônoma. Sendo assim, uma forma das instituições de ensino superior (IESs) tratarem estas questões, pode ser o investimento em tecnologias educacionais e em EaD, utilizando ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs). Mesmo que já se tenha conquistado progressos consideráveis nessa caminhada, muito ainda há que se caminhar, até que a EaD alcance posição de destaque no meio educacional, em todos os níveis, quebrando paradigmas e vencendo preconceitos, como o de que os cursos na modalidade EaD, não possuem controle de aprendizagem e tão pouco regulamentações adequadas. O presente trabalho objetiva através de uma pesquisa de campo, avaliar a viabilização da implantação da carga horária de 20% em EaD nos cursos presenciais, sob as perspectivas e apontamentos dos coordenadores de cursos, envolvidos nesse processo

27 O conhecimento em questão: especificidades da Educação à Distância Analisando de um prisma diferente, para além da formação de professores, a EaD desempenha um papel primordial para a democratização dos conhecimentos, ao tornar o mesmo acessível a todos em condição de igualdade, utilizando os recursos técnicos da comunicação. Para tal, basta que se tenha um educador (tutor), devidamente capacitado e adaptado ao uso desses recursos tecnológicos, que atuará como um facilitador do processo de aprendizagem aos alunos do curso, sem que esses tenham algum tipo de perda de qualidade no conteúdo aprendido. Procedimentos Metodológicos Diante do problema de pesquisa proposto e dos objetivos traçados, esta pesquisa tem caráter descritivo-explicativo, sendo um estudo de caso, tendo o questionário estruturado enquanto técnica de coleta de dados. Os questionários foram direcionados aos coordenadores (n=3) de curso em versão impressa, no momento dessa entrega, foi explicado o objetivo da pesquisa, bem como o comprometimento com o envio das considerações finais do estudo. Os dados foram tabulados e analisados e dialogados com a literatura em questão. No que se refere ao estudo de caso Yin (2001), nos mostra que o mesmo é encarado como delineamento mais adequado para a investigação de um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto real, onde os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente percebidos Ora, nas ciências sociais a distinção entre fenômeno e seu contexto representa uma das grandes dificuldades com que se deparam os pesquisadores; o que, muitas vezes, chega a impedir o tratamento de determinados problemas mediante procedimentos caracterizados por alto nível de estruturação, como os experimentos e levantamentos. Daí, então, a crescente utilização do estudo de caso no âmbito dessas ciências, com diferentes propósitos, tais como: a) explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; b) preservar o caráter unitário do objetivo estudado; c) descrever a situação do contexto em que esta sendo feita determinada investigação; d) formular hipóteses e desenvolver teorias; e

28 e) explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamento e experimentos. Para analisar os questionários, foi utilizada a análise de discurso, na perspectiva de Orlandi (1999 apud CAPPELLLE et al, 2003), onde a mesma o considera como uma prática, uma ação do sujeito sobre o mundo. Por isso, sua aparição deve ser contextualizada como um acontecimento, pois funda uma interpretação e constrói uma vontade de verdade. Quando pronunciamos um discurso agimos sobre o mundo, marcamos uma posição - ora selecionando sentidos, ora excluindo-os no processo interlocutório. A unidade do discurso é um efeito de sentido, como Orlandi explica, a palavra discurso, etimologicamente, tem em si a idéia de curso, de percurso, de correr por, de movimento (1999, p. 15). Os discursos se movem em direção a outros. Nunca está só, sempre está atravessado por vozes que o antecederam e que mantêm com ele constante duelo, ora o legitimando, ora o confrontando. A formação de um discurso está baseada nesse princípio constitutivo o dialogismo. Os discursos vêm ao mundo povoado por outros discursos, com os quais dialogam. Esses discursos podem estar dispersos pelo tempo e pelo espaço, mas se unem por que são atravessadas por uma mesma regra de aparição: uma mesma escolha temática, mesmos conceitos, objetos, modalidades ou um acontecimento. Por isso que o discurso é uma unidade na dispersão. Trechos e contextos: a análise dos dados A seguir estão dispostos os dados encontrados, acerca da questão da inserção dessa possibilidade metodológica de trato com o conhecimento em determina instituição de ensino superior. No que se refere aos dados encontrados sobre o olhar do grupo estudado frente a utilização de 20% da carga horária em EaD, nos cursos de graduação presenciais no Ensino Superior, os mesmos foram categorizados e se encontram dispostos a seguir: a) Aspectos Positivos sobre a Implantação de 20% da carga horária em EaD, nos cursos de graduação presenciais no Ensino Superior:

29 Como pontos positivos cito a flexibilidade de horário para os alunos, a exigência sobre o aluno para que ele se torne autodidata, a maior adoção das novas Tecnologias de Informação e Comunicação pelo professor. Percebe-seno depoimento acima que questões relacionadas a esfera tempo-ação e autonomia são destacadas enquanto características positivas desse processo. A possibilidade de reconstruir a lógica de envolvimento com estimulações diferentes, aponta de modo direto para a forma como a relação vai se estabelecer no processo de ensino. A gestão do tempo flexível no meu ponto de vista, se afina com os novos tempos da tecnologia e no atendimento às demandas daqueles alunos que necessitam trabalhar e, por muitas vezes, deixam de ingressar no curso superior devido a sua indisponibilidade. Nos vemos dentro de uma pedagogia interativa e construtivista e em contrapartida vem favorecer a autonomia no processo de aprendizagem(coordenador B). A incorporação por novas tecnologias tem contribuído de maneira significante na aprendizagem daqueles alunos que, devido à indisponibilidade de tempo, vem ingressando e apostando nos cursos à distância. Portanto torna-se um meio acessível e um ambiente de aprendizagem, reflexo da integração e articulação das tecnologias educacionais. Positivos: Trabalhar com esse tipo de modalidade ressignifica as relações pedagógicas e o trato com a questão do conhecimento. Os sujeitos envolvidos no processo vão se deparar com novas formas de se relacionar entre si e com a questão do aprendizado. Considero que o processo pode ser extremamente positivo porque há diversificação das maneiras de se abordar o conteúdo através de mecanismos e processos que podem contemplar diferentes estilos de aprendizagem. A noção de flexibilização e organização do tempo/momento de estudo é também muito interessante pois pode dinamizar e criar outras lógicas de envolvimento entre aluno, professor e ensino(coordenador C) Existem formas diversificadas para o processo da aprendizagem. Ingressar em um curso à distância pode se apresentar de acordo com o depoimento acima, como uma experiência enriquecedora, uma vez que, a EaD pode proporcionas excelentes condições para que alunos e professores trabalharem de forma integrada, usufruindo assim o conhecimento

30 b) Aspectos Negativos sobre a Implantação de 20% da carga horária em EaD,nos cursos de graduação presenciais no Ensino Superior: Há que se pensar que apesar da disseminação do avanço da tecnologia, conforme dito pelas mídias, pode ocorrer que haverãoalunos que possuem limitados conhecimentos desses recursos e por esta razão justificarem suas dificuldade de se conectarem e usufruírem das modalidades a distancia. Conseqüentemente, até que estes alunos se adaptem a esta realidade isto pode gerar um entrave no desenvolvimento dos processos ministrados a distância.(coordenador B). Para o coordenador acima, o avanço da tecnologia tem sido um dos fatores essenciais para o desenvolvimento mundial. Porém, por mais que surja novos recursos tecnológicos, há ainda a existência de limitações que prejudicam diretamente à busca do conhecimento pelo aluno. Portanto esse fator de alguma forma pode vir à intervir nos processos de aprendizagem ministrados à distância ocasionando um entrave no desenvolvimento. Mudanças culturais no que se refere à desvalorização do ensino presencial frente a educação a distância; barreiras tecnológicas referentes ao acesso e relação dos sujeitos com o sistema; dificuldades relacionadas a interação entre aluno, professor e conhecimento; envolvimento docente com a questão da organização frente à flexibilidade temporal da EAD. (Coordenador C) Mudanças culturais interferem de maneira significante para a minimização de preconceitos voltados as instituições á distância proporcionado o amadurecimento da modalidade. Outro fator intrigante são as formas de interação entre discente e docente uma vez que o novo recurso de conhecimento requer desafios. Implantar novos meios da aprendizagem é estar aberto á novas mudanças. Como pontos negativos cito a possibilidade de mau uso pelo aluno desta flexibilidade de horário para se dedicar a outras coisas e não utilizar tal beneficio para estudos (Coordenador A)

31 A dificuldade em ter a consciência plena da compreensão de que o horário destinado à dedicação dos estudos é um fato que deve ser observado, A interação entre organização do tempo e implementação das ações é um condicionante estrutural para a efetividade da assimilação de conhecimento. c) Sobre a implantação desse processo na Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova/MG -FUPAC/PN: perspectivas e possibilidades Acredito que num primeiro momento haverão desafios e limites a serem transpostos. Entretanto com o planejamento que está sendo desenvolvido, não havendo prejuízo das atividades acadêmicas, a possibilidade de crescimento com a inserção de novas tecnologias será muito satisfatório. (Coordenador C). Para o coordenador destacado acima, o surgimento e implantação de um novo recurso, como a inserção do cursos à distância no ensino superior requer grandes desafios, sendo necessário estudar com detalhe as possibilidades e perspectivas, proporcionando um grande desenvolvimento tecnológico à instituição. É uma nova experiência e um novo tempo para o espaço acadêmico o que coloca a instituição frente a um desafio dianteda prática educativa, uma vez que demanda da utilização da tecnologia. Não pode ser desconsiderado que é uma novidade e para tanto é importante que se trabalhe o tempo da adaptação. Pois, embora seja, uma realidade com base em legislações e resoluções, caso não seja compreendida pelo ambiente de professores e alunos, pode ocorrer que estes não entendam que esta modalidade prima pela complementação do conhecimento em sala de aula (Coordenador B). A inserção dos cursos à distância incita à instituição de ensino uma proposta que consiste na integração e articulação das tecnologias educacionais digitais, proporcionando assim a entidade a novas experiências. Dessa maneira, professores e alunos devem buscar adaptar-se aos novos meios de aquisição de conhecimento, uma vez que a não habituação aos novos recursos podem promover consequências. Vejo que a implantação desse processo irá permitir o maior uso nas novas tecnologias na informação e comunicação o que permitirá inovações no processo de ensino aprendizagem,

32 aprimorando este processo de forma a atender à nova geração tão acostumada a essas novas tecnologias. (Coordenador A). A utilização de novos meios tecnológicos pela instituição para a busca do conhecimento proporciona uma revolução na aprendizagem possibilitando o incentivo à produção e à veiculação de novos conteúdos educativos com as necessidades de aprendizagem dos alunos. CONSIDERAÇÕES FINAIS A Educação a Distância (EaD) pode ser abordada como uma modalidade educacional que utiliza processos que vão além da ideia de superar a distância física, quando usadas adequadamente como instâncias mediadoras do processo educativo. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) não servem apenas para diminuir a distância física entre aqueles que aprendem e aqueles que ensinam, elas são eficazes em várias situações. Para o grupo estudado, a luta pela implantação da Educação à Distância requer grandes desafios a serem debatidos. Sabe-se que tal recurso vem sendo submetido a uma verdadeira revolução no advento das tecnologias de informações, fortalecendo e transformando-se em prática educativa com forte poder pedagógico. Dessa maneira, cabe a instituição, docentes e discentes adaptar-se positivamente às mudanças proporcionando assim meios eficazes para a busca da aprendizagem e conhecimento. Esta aprendizagem desenvolve no educando sua autonomia à medida que procura novas fontes de pesquisa, crescendo o interesse na busca de respostas aos questionamentos. As trocas de experiências, ideias e pontos de vista entre grupos, trazem desafios na aprendizagem. Neste processo, a socialização e o conhecimento produzido rompem com o tradicionalismo, direcionando para um educador mais reflexivo, com uma postura pedagógica onde a concepção de conhecimento passa a ser uma produção coletiva. A visualização de cada passo a ser desenvolvido no contexto do processo de ensino e aprendizagem, interliga os trabalhos do educando e do educador. As informações chegam de forma adequada ao educando fazendo com que adquira as competências necessárias para o seu desenvolvimento profissional. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

33 ALVES, L. Educação à Distância: Conceitos e História no Brasil e no Mundo.Rio De Janeiro: Universidade Federal Do Rio De Janeiro,2011. BELLONI, M. L. Educação a Distância. 2 ed. Campinas: Autores Associados, CAPELLE, M. C. A.; MELO, M. C. O. L.; GONÇALVES, C. A. Análise de conteúdo e análise de discurso nas ciências sociais. Revista Eletrônica de Administração da UFLA. Lavras, vol.5, n.1, Disponível em < Acessado em GONTIJO, S. B. F.; MORAIS, C. M. de. Análise da implementação de disciplinas na modalidade semi-presencial em um curso de pedagogia. XV Congresso Internacional da ABED. São Paulo: ABED, abril de Disponível em: em: 23 jan LITWI, E. Educação a distância: temas para debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed Editora, LOBO,C P.Educação à Distância no Ensino Superior:avanços e dificuldades. Rio de Janeiro :Universidade Estácio de Sá, MANGAN, P. K. V.; ORTH, M.; DIAS, M. L. Estratégias institucionais para a implementação dos 20% de EaD dos cursos de graduação a distância. Revista Digital da CVA-RICESU, v. 7, n. 26, 1-15, Disponível em:< Acesso em: 18 jan PORTARIA Nº 4.059, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2004 (DOU de 13/12/2004, Seção 1, p. 34).MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. PRETI, Oreste. Apoio à aprendizagem: o orientador acadêmico. In: Integração das tecnologias na educação: salto para o futuro. Brasília: Ministério da Educação, ROCHA, H. V. da ; FREIRE, F. M P ; OTSUKA, J. L.. O tripé da EaD: Metodologia, Tecnologia e Conteúdo. In: Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, 19., 2008, Fortaleza. XIX Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, Disponível em ROSA, M. C. da.a educação inclusiva de professores de arte a distância: possibilidades e conflitos. Educação, Santa Maria, v.31, n.2, p.326, VEEN, Wim & VRAKKING, Ben. Homo zappiens: educando na era digital. (Tradução Vinicius Figueira). Porto Alegre: Artmed, 2009 VIANNEY, João; TORRES, Patrícia; SILVA, Elizabeth. A Universidade Virtual no Brasil: os números do ensino superior a distância no país em Informe preparado para o Seminário Internacional sobre Universidades Virtuais na América Latina e Caribe Quito Equador, 13 e 14 fev Disponível em:

34 < por.pdf>. Acesso em: 27 out

35 EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: ACORDAI BRASIL PAIVA, Maria da Conceição Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova Resumo A Educação em Direitos é essencialmente a formação de uma cultura de respeito à dignidade humana através da promoção e da vivência dos valores da liberdade, da justiça, da igualdade, da solidariedade, da cooperação, da tolerância e da paz. Portanto, a formação desta cultura significa criar, influenciar, compartilhar e consolidar mentalidades, costumes, atitudes, hábitos e comportamentos que decorrem, todos daqueles valores essenciais citados os quais não põem se perder, devem transformar em práticas. a Educação em Direitos Humanos parte de alguns pontos essenciais: um, é uma educação de natureza permanente, continuada e global. O outro é uma educação necessariamente voltada para a mudança, e terceiro, é uma inculcação de valores, para se atingir corações e mentes e não apenas instrução, meramente transmissora de conhecimentos. Acrescente-se, ainda, que esta educação deva ser compartilhada por aqueles que estão envolvidos no processo da construção do conhecimento e do processo educativo os professores, estudantes, acadêmicos e os segmentos educacionais que se encontram envolvidos na construção de seres humanos portadores de cidadania e dignidade. É uma educação comprometida em atingir tanto a razão quanto a emoção, sobretudo promover, consolidar e difundir a necessária mudança cultural de forma a superar modelos historicamente arraigados no Brasil e nos Brasis. Palavras Chave: Educação - Direitos Humanos- Solidariedade Cultura da Paz. INTRODUÇÃO Antes de falarmos sobre Educação em Direitos Humanos (EDH) torna-se importante conceituá-lo e situá-lo historicamente ao longo de sua trajetória temporal. Do ponto de vista conceitual, reportando-nos a Benevides (2000), que afirma serem os direitos comuns a todas as pessoas, a todos os seres humanos, de qualquer lugar ou origem e por isso são fundamentais e homogêneos. É um patrimônio de todos os homens porque não distinguem as características pessoais tais como, a nacionalidade, etnia, sexualidade, credo religioso, faixa etária, classe social, profissão, condição física ou mental, opção ou opinião política ou filosófica, nível educacional e julgamento moral. Já Rabenhorst (2008), em seus estudos convencionou chamar Direitos Humanos, exatamente os direitos correspondentes à dignidade dos seres humanos. São direitos que possuímos não porque o Estado assim decidiu, através de suas leis, ou porque nós mesmos

36 assim o fizemos, por intermédio dos nossos acordos. São, sobretudo, os direitos que possuímos pelo simples fato de que somos seres humanos. Numa síntese histórica podemos afirmar que manifestações acerca dos direitos humanos teve como geração precursora, contemporânea das Revoluções Burguesas do final do século XVIII e de todo o século XIX, a dos direitos civis e das liberdades individuais, liberdades consagradas pelo liberalismo, quando o direito do cidadão dirige-se contra a opressão do Estado ou de poderes arbitrários, contra as perseguições políticas e religiosas, a liberdade de viver sem medo. Dessa geração, considerada primeira, nasce os direitos de locomoção, de propriedade, de segurança e integridade física, de justiça, expressão e opinião. Tais liberdades surgem nas Declarações de Direitos, documentos das Revoluções: Francesa e Americana Século XVIII e foram acolhidas em diversas Constituições do século XIX. A geração seguinte, não abrange apenas os indivíduos, mas os grupos sociais e surge no início do século XX na esteira das lutas operárias e do pensamento socialista na Europa Ocidental, explicitando-se, na prática, nas experiências da socialdemocracia, para consolidarse, ao longo do século, nas formas do Estado do Bem Estar Social. Refere-se ao conjunto dos direitos sociais, econômicos e culturais: os de caráter trabalhista, como salário justo, férias, previdência e seguridade social e os de caráter social mais geral, independentemente de vínculo empregatício, como saúde, educação, habitação, acesso aos bens culturais etc. Em complemento às duas gerações anteriores, surgiu a terceira dimensão incluindo os direitos coletivos da humanidade, como direito à paz, ao desenvolvimento, à autodeterminação dos povos, ao patrimônio científico, tecnológico e cultural da humanidade, ao meio ambiente ecologicamente preservado; são os direitos ditos de solidariedade planetária. Tais gerações mostram como continuam vivas na bandeira da revolução francesa: a liberdade, a igualdade e a solidariedade. A liberdade nos primeiros direitos civis e individuais, a igualdade nos direitos sociais, a solidariedade como responsabilidade social pelos mais fracos e em relação aos direitos da humanidade. No Brasil, os Direitos Humanos passam a ser contados a partir dos diferentes momentos históricos, onde várias Constituições foram sendo construídas, levando em consideração o contexto histórico vivido internamente e externamente. E, a partir das transformações externas, passou-se a discutir os diferentes casos de abusos dos Direitos Humanos, no país. Com a Constituição Federal de 1988, passou-se a reconhecer o documento escrito em 1948 pela ONU (Carta de Intenções dos Direitos Humanos) e a partir daí os direitos à cidadania passam a fazer

37 parte dos discursos e de ações dos movimentos sociais, dos discursos políticos e mais tarde vira bandeira de luta das ONGs. Assim, do ponto de vista histórico, vale ressaltar que a prática da EDH, no Brasil, teve sua gênese nos momentos de obscuridade política, que por muitos anos massacrou o povo brasileiro. Sader (207) em seus estudos destaca que o regime militar instalado em 31 de março de 1964, e que perdurou até o início do ano de 1985, foi, sem dúvida, avassalador. De forma contundente e sistemática, reprimiu os direitos políticos do povo brasileiro, ao tempo em que expropriou outros direitos, tais como, os econômicos e sociais. Diante desse quadro de repressão política, a liberdade passou a ter um valor inestimável, sendo transformada em bandeira de luta constante das classes sociais inferiores, que exigiam imediatas mudanças na conjuntura política, econômica e social de então. Citando, ainda, Sader (2007) verifica-se que foi durante o enfrentamento ao autoritarismo instalado que surgiram a reorganização da sociedade civil e as lutas em defesa dos Direitos Humanos rumo ao retorno da democracia. Portanto, foi no decorrer do regime militar que a EDH assegurou seu espaço. A repressão da ditadura militar permitiu que fosse conquistado um espaço para o tema dos Direitos Humanos, mesmo nos órgãos de imprensa conservadores. Essa foi a maior conquista da educação nos Direitos Humanos, que começou na resistência à ditadura, com a repressão diretamente política, mas sobreviveu posteriormente, incorporando-se ao que tudo indica com permanência ao discurso democrático. Educação em Direitos Humanos Uma compreensão histórica de direitos humanos traz como eixo principal e óbvio o reconhecimento do direito à vida, sem o qual todos os demais direitos perdem o sentido. Mas, o que é Educação em Direitos Humanos? A Educação em Direitos é essencialmente a formação de uma cultura de respeito à dignidade humana através da promoção e da vivência dos valores da liberdade, da justiça, da igualdade, da solidariedade, da cooperação, da tolerância e da paz. Portanto, a formação desta cultura significa criar, influenciar, compartilhar e consolidar mentalidades, costumes, atitudes, hábitos e comportamentos que decorrem, todos daqueles valores essenciais citados os quais não põem se perder, devem transformar em práticas. Para a Professora e Socióloga, Maria Victoria Benevides quando falamos em cultura, é importante deixar claro que não estamos nos limitando a uma visão tradicional de cultura como conservação: dos costumes, das tradições, das crenças e dos valores

38 Pelo contrário, quando falamos em formação de uma cultura de respeito aos direitos humanos, à dignidade humana, estamos enfatizando, sobretudo no caso brasileiro, uma necessidade radical de mudança. Assim, falamos em cultura nos termos da mudança cultural, uma mudança que possa realmente mexer com o que está mais enraizado nas mentalidades, muitas vezes marcadas por preconceitos, por discriminação, pela não aceitação dos direitos de todos, pela não aceitação da diferença. Trata-se, portanto, de uma mudança cultural especialmente importante no Brasil, pois implica a derrocada de valores e costumes arraigados entre nós, decorrentes de vários fatores historicamente definidos: nosso longo período de escravidão, que significou exatamente a violação de todos os princípios de respeito à dignidade da pessoa humana, a começar pelo direito à vida; nossa política oligárquica e patrimonial; nosso sistema de ensino autoritário, elitista, e com uma preocupação muito mais voltada para a moral privada do que para a ética pública; nossa complacência com a corrupção, dos governantes e das elites, assim como em relação aos privilégios concedidos aos cidadãos ditos de primeira classe ou acima de qualquer suspeita; nosso descaso com a violência, quando ela é exercida exclusivamente contra os pobres e os socialmente discriminados; nossas práticas religiosas essencialmente ligadas ao valor da caridade em detrimento do valor da justiça; nosso sistema familiar patriarcal; nossa sociedade racista e preconceituosa contra todos os considerados diferentes; nosso desinteresse pela participação cidadã e pelo associativismo solidário; nosso individualismo consumista, decorrente de uma falsa idéia de modernidade. Não podemos perder de vista que a Educação em Direitos Humanos parte de alguns pontos essenciais: um, é uma educação de natureza permanente, continuada e global. O outro é uma educação necessariamente voltada para a mudança, e terceiro, é uma inculcação de valores, para se atingir corações e mentes e não apenas instrução, meramente transmissora de conhecimentos. Acrescente-se, ainda, que esta educação deva ser compartilhada por aqueles que estão envolvidos no processo da construção do conhecimento e do processo educativo os professores, estudantes, acadêmicos e os segmentos educacionais que se encontram envolvidos na construção de seres humanos portadores de cidadania e dignidade. É uma educação comprometida em atingir tanto a razão quanto a emoção, sobretudo promover, consolidar e difundir a necessária mudança cultural de forma a superar modelos historicamente arraigados no Brasil e nos Brasis. É necessário o enfrentamento da herança anteriormente dita e, ainda, ser instrumento de reação a duas grandes deturpações existentes em nosso meio social que distorcem quanto ao entendimento do que sejam direitos humanos. A primeira delas, muito comentada atualmente e bastante difundida na sociedade, inclusive entre as classes populares, refere-se à

39 identificação entre direitos humanos e direitos da marginalidade, ou seja, são vistos como direitos dos bandidos contra os direitos das pessoas de bem. Essa deturpação decorre certamente da ignorância e da desinformação, mas também de uma perversa e eficiente manipulação, sobretudo nos meios de comunicação de massa, como ocorre com certos programas de rádio e televisão, voltados para a exploração sensacionalista da violência e da miséria humana. A segunda, evidente nos meios de maior nível de instrução (meio acadêmico, mas também de políticos e empresários), refere-se à crença de que direitos humanos se reduzem essencialmente às liberdades individuais do liberalismo clássico e, portanto, não se consideram como direitos fundamentais os direitos sociais, os direitos de solidariedade universal. Assim, os liberais adeptos dessa crença aceitam a defesa dos direitos humanos como direitos civis e políticos, direitos individuais à segurança e à propriedade; mas não aceitam a legitimidade da reivindicação, em nome dos direitos humanos, dos direitos econômicos e sociais, a serem usufruídos individual ou coletivamente, ou seja, aqueles vinculados ao mundo do trabalho, à educação, à saúde, à previdência e seguridade social etc. É comum depararmos com deturpações em relação ao conceito de direito humanos, feito por grupos ou pessoas interessadas em desmoralizar esta luta histórica pelo reconhecimento de direitos para todos, porque querem manter seus privilégios ou querem controlar e usar a violência, sobretudo a institucional, apenas contra os pobres, contra aqueles considerados classes perigosas - assim, ao trabalharmos com Educação em Direitos Humanos, temos fazer numa perspectiva de mudanças e não da conservação do que aí está. Precisamos trabalhar com a ideia de uma nova cultura de respeito à dignidade humana; portanto, numa construção de mudança cultural. O Brasil traça-nos um quadro negativo em relação á política de direitos, deveres, obrigações e cidadania, mas não deve jamais ser um empecilho para o desafio de se trabalhar com Educação em Direitos Humanos, pois ao contrário, deve ser um incentivo para que possamos dar voz e mudanças para os filhos e filhas dos trabalhadores muitas vezes esquecidos nas políticas públicas desenvolvidas pelos nossos governantes. Com razoável otimismo, pois já existem várias iniciativas de grupos de defesa de direitos humanos, no sistema de ensino público e privado, nos movimentos sociais e nas ONGs em geral inclusive a Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos. Portanto, ser a favor de uma educação que significa a formação de uma cultura de respeito à dignidade da pessoa humana, significa querer uma mudança cultural, que se dará através de um processo educativo. Significa essencialmente que queremos outra sociedade, que não estamos satisfeitos com os valores que embasam esta sociedade e queremos outros

40 Direitos humanos são fundamentais porque são indispensáveis para a vida com dignidade. Quando insistimos nessa questão da dignidade, muitas vezes esbarramos numa certa incompreensão, como se o termo fosse indefinível e tratasse de algo extremamente abstrato em relação à concretude do ser humano. DIGNIDADE E PROCESSO EDUCATIVO Durante muito tempo o fundamento da concepção de dignidade podia ser encontrado na esfera sobrenatural da revelação religiosa, da criação divina o ser humano criado à imagem e semelhança do Criador. Hoje, numa visão mais contemporânea, percebe-se como todos os textos nacionais e internacionais de defesa dos direitos humanos explicam a dignidade pela própria transcendência do ser humano, ou seja, foi o homem que criou ele mesmo o Direito. Ele mesmo criou as formas da ideia de dignidade em grandes textos normativos que podem ser sintetizados no artigo 1 º da Declaração Internacional de Direitos Humanos de 1948: todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Como dizia Kant, é o único ser cuja existência é um valor absoluto, é um fim em si e não um meio para outras coisas. Os direitos humanos são naturais e universais, pois estão profundamente ligados à essência do ser humano, independentemente de qualquer ato normativo, e valem para todos; são interdependentes e indivisíveis, pois não podemos separá-los, aceitando apenas os direitos individuais, ou só os sociais, ou só os de defesa ambiental. Essa indivisibilidade é importante porque temos exemplos históricos, também no século XX, de regimes políticos que valorizaram exclusivamente os direitos sociais, como o regime soviético, em detrimento da liberdade; assim como temos vários regimes liberais que pregam a liberdade, mas descartam a obrigatoriedade dos direitos sociais. Direitos humanos são históricos, pois foram sendo reconhecidos e consagrados em determinados momentos históricos, e é possível pensarmos que novos direitos ainda podem ser identificados e consolidados. A história da humanidade comprova a evolução da consciência dos direitos; na Bíblia, por exemplo, lemos casos de aceitação de sacrifícios humanos e de escravidão. Os liberais da América, do Norte e dos Sul, conviviam com a posse de escravos, embora defendessem a liberdade e a igualdade de todos diante da lei. Direitos humanos são históricos na medida em que vão crescendo em abrangência e em profundidade, até que se consolidem na consciência universal. Hoje, por exemplo, reconhecemos que existe consciência universal de que a escravidão, seja por que motivo for, é uma violação radical dos direitos humanos, assim como a exploração

41 do trabalho infantil, a dominação sobre as mulheres, as formas variadas de racismo e de discriminação por motivos religiosos, políticos, étnicos, sexuais etc. Quando falamos em Educação em Direitos Humanos falamos também em educação para a cidadania. É preciso entender aqui que as duas propostas andam muito juntas, mas não são sinônimos. Basta lembrar, por exemplo, que todos os projetos oficiais, do Ministério da Educação às Secretarias Municipais e Estaduais afirmam que seu objetivo principal é a educação para a cidadania. No entanto, a concepção e as experiências nos têm acenado para caminhos diferentes em conceitos e práticas, que às vezes temos a certeza que o conceito de cidadania tenha se esgarçado ao longo do tempo. É comum ouvirmos que a educação para a cidadania deva ser entendida como se fosse um conjunto de ideias e de práticas pedagógicas de educação moral e cívica. Numa exaltação da pátria, de seus símbolos, heróis e datas históricas, fomentando um nacionalismo ingênuo e às vezes agressivo, sem a percepção de que o conceito de nação não é um todo homogêneo, mas um todo heterogêneo, com conflitos, classes sociais antagônicas e grupos de interesses diferentes. Portanto, a idéia de educação para a cidadania não pode partir de uma visão da sociedade homogênea, como uma grande comunidade, nem permanecer no nível do civismo nacionalista. Torna-se necessário entender educação para a cidadania como formação do cidadão participativo e solidário, consciente de seus deveres e direitos e, então, associá-la à educação em direitos humanos. Só assim teremos uma base para uma visão mais global do que seja uma educação democrática, que é, afinal, o que desejamos com a educação em direitos humanos, entendendo democracia no sentido mais radical radical no sentido de raízes ou seja, como o regime da soberania popular com pleno respeito aos direitos humanos. Não existe democracia sem direitos humanos, assim como não existe direitos humanos sem a prática da democracia. Em relação especificamente à educação em direitos humanos, o que desejamos? Que efeitos queremos com esse processo educativo? Queremos uma formação que leve em conta algumas premissas. Em primeiro lugar, o aprendizado deve estar ligado à vivência do valor da igualdade em dignidade e direitos para todos e deve propiciar o desenvolvimento de sentimentos e atitudes de cooperação e solidariedade. Ao mesmo tempo, a educação para a tolerância se impõe como um valor ativo vinculado à solidariedade e não apenas como tolerância passiva da mera aceitação do outro, com o qual pode-se não estar solidário. Em seguida, o aprendizado deve levar ao desenvolvimento da capacidade de se perceber as consequências pessoais e sociais de cada escolha. Ou seja, deve levar ao senso de responsabilidade. Esse processo educativo deve, ainda, visar à formação do cidadão

42 participante, crítico, responsável e comprometido com a mudança daquelas práticas e condições da sociedade que violam ou negam os direitos humanos. Mais ainda, deve visar à formação de personalidades autônomas, intelectual e afetivamente, sujeitos de deveres e de direitos, capazes de julgar, escolher, tomar decisões, serem responsáveis e prontos para exigir que não apenas seus direitos, mas também os direitos dos outros sejam respeitados e cumpridos. Será realisticamente possível educar em direitos humanos? A questão tem pertinência, pois se trata, sem dúvida, de um processo extremamente complexo, difícil e em longo prazo. O educador em direitos humanos na escola, por exemplo, sabe que não terá resultados no final do ano, como ao ensinar uma matéria que será completada à medida que o conjunto daquele programa for bem entendido e avaliado pelos alunos. Trata-se de uma educação permanente e global, complexa e difícil, mas não impossível. O que será indispensável para este processo educativo, partindo-se da constatação de que, apesar das dificuldades, é possível desenvolver um processo educativo em direitos humanos? Em primeiro lugar, o conhecimento dos direitos humanos, das suas garantias, das suas instituições de defesa e promoção, das declarações oficiais, de âmbito nacional e internacional, com a consciência de que os direitos humanos não são neutros, não são meramente declamações retóricas. Eles exigem certas atitudes e repelem outras. Portanto, exigem também uma vivência compartilhada. A palavra deverá sempre estar ligada a práticas, embasadas nos valores dos direitos humanos e na realidade social. Na escola, por exemplo, deverá estar vinculada à realidade concreta dos alunos, dos professores, dos diretores, dos funcionários, da comunidade que a cerca. A Educação em Direitos Humanos, na concepção de Adams (2009), é essencialmente a formação de uma cultura de respeito à dignidade humana através da promoção e da vivência dos valores da liberdade, da justiça, da igualdade, da solidariedade, da cooperação, da tolerância e da paz. Portanto, a formação desta cultura significa criar, influenciar, compartilhar e consolidar mentalidades, costumes, atitudes, hábitos e comportamentos que decorrem, todos, daqueles valores essenciais citados os quais devem se transformar em práticas. No conceito de EDH três dimensões educativas promotoras da cidadania/democracia devem ser levadas em consideração: a educação política, a educação jurídica e a educação valorativa ou axiológica. Na verdade a EDH é a que possibilita sensibilizar e conscientizar as pessoas para a importância do respeito ao ser humano, apresentando-se na atualidade, como uma ferramenta fundamental na construção da formação cidadã

43 Como na afirmação de tais direitos (Tavares, 2007) afirma que na escola faz-se necessário imperar práticas democráticas com perspectiva na construção da cidadania ativa. A educação nela vivenciada deverá voltar-se para a formação de sujeitos autônomos, conscientes e independentes. A educação instituída no ambiente escolar necessariamente deverá estar acompanhada de práticas consideradas cidadãs, pois se assim não for, em sentido contrário, segue a ensejar práticas de dominação, antidemocrátidas e antidialógicas, a impedir o exercício da cidadania em sua plenitude (BERWIG, 1997). A escola é, consoante afirma Teodoro (2003): um espaço público de experimentação institucional, no qual se podem dotar as futuras e atuais gerações com novos modos de pensar a construção de um mundo mais justo. Em sendo assim, se estamos em um Estado Democrático de Direito, e se a Constituição assegura a defesa e preservação dos Direitos Humanos e da cidadania, e se as escolas estão amparadas pela própria legislação para promoverem a construção da cidadania ativa ou democrática, não há porque temer ou se inibir de adotar práticas pedagógicas no sentido de estabelecer uma cultura de EDH a partir do ambiente escolar. Teodoro (2003) afirma categoricamente que o sistema de educação escolar pode afirmar-se como um lugar central de afirmação da cidadania, numa sociedade comunicacional gerida de um modo dialógico, embora tendo sempre presente que a escola é um local de luta e de compromisso, que não muda por decreto ou discurso retórico, como lembrava Paulo Freire. Para atingir essa meta, Sacavino, (2010) diz ser imprescindível reinventar o sonho e a participação, como meios indispensáveis à reinvenção da cidadania, desse modo, dando significado à própria maneira de fazer e a uma forma de ser Único. Finalmente, quais seriam os pontos principais do conteúdo da educação em direitos humanos? Há um conteúdo óbvio, que decorre da própria definição de direitos humanos e do conhecimento sobre as gerações ou dimensões históricas, sobre as possibilidades de reivindicação e de garantias. Este conteúdo deve estar efetivamente vinculado a uma noção de direitos mas também de deveres, estes decorrentes das obrigações do cidadão e de seu compromisso com a solidariedade. É importante, ainda, que sejam mostradas as razões e as consequências da obediência a normas e regras de convivência. Em seguida, este conteúdo deve conter a discussão para a vivência dos grandes valores da ética republicana e da ética democrática. Os valores da ética republicana incluem o respeito às leis legitimamente elaboradas, a prioridade do bem público acima dos interesses pessoais ou grupais, e a noção da responsabilidade, ou seja, de prestação de contas de nossos atos como cidadãos. Por sua vez, os valores democráticos estão

44 profundamente vinculados ao conjunto dos direitos humanos, os quais se resumem no valor da igualdade, no valor da liberdade e no valor da solidariedade. CONCLUSÃO Para efeito de construção de uma educação canalizada para os Direitos Humanos e a cidadania democrática, devem todos os protagonistas da educação, segundo orientação da Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos RBEDH, atuarem em três dimensões, a saber: a) dimensão intelectual e a informação. Para formar o cidadão é preciso começar por informá-lo e introduzi-lo às diferentes áreas do conhecimento, pois a falta ou insuficiência de informações reforça as desigualdades, fomenta injustiças e pode levar a uma verdadeira segregação; b) dimensão ética. Vinculada a uma didática dos valores republicanos e democráticos, que não se aprendem intelectualmente apenas, mas especialmente através da consciência ética; formada tanto por sentimentos quanto pela razão; fruto da conquista de corações e mentes e, c) dimensão política. Desde a escola de educação infantil e ensino fundamental, no sentido de enraizar hábitos de tolerância diante do diferente ou divergente, assim como o aprendizado da cooperação ativa e da subordinação ao interesse pessoal ou de grupo ao interesse geral, ao bem comum. No entanto, para alcançar essa multi-dimensionalidade, a EDH necessariamente terá de respaldar-se numa pedagogia que adote como linhas de atuação, no mínimo, três metodologias, por serem os condutos indispensáveis que levam a uma educação política, jurídica e valorativa do homem cidadão: a metodologia sócio-humanizadora, que utiliza os métodos axiológicos ou valorativos; da mediatização dos conflitos; da problematização ou crítico-reflexivo; da formação de sujeitos autônomos, políticos e de direitos; da socialização/interação ou dialogicidade; do empoderamento - empowerment, assim como, a metodologia de construção coletiva do conhecimento, que utiliza os recursos dos ciclos de debates; seminários/conferências; pesquisas grupais; exposições coletivas de trabalhos; leitura coletiva de textos; oficinas pedagógicas permanentes e projetos pedagógicos. E como estratégia metodológica, possibilitadora das duas primeiras metodologias, deve priorizar a metodologia interdisciplinar/transversal para que os atores institucionais possam vivenciar, a um só tempo e lugar, e em todas as disciplinas, os mesmos princípios, diretrizes, teorias e práticas da EDH

45 Cabe ao educador/professor entender que repensar a educação, principalmente a sua prática, é uma maneira salutar e indireta de repensar a sociedade (GADOTTI, 1978) e que a partir do instante no qual se entregam à atividade educacional, assumirão, indiretamente, o compromisso de promover e defender os direitos, essencialmente os Direitos Humanos (SÁ, 2009). Sabe-se que o cotidiano escolar, os alunos e alunas diferentes, estranhos/as, por raça, etnia, classe social, gênero, religião, deficiência, orientação sexual, entre outras categorias são alvos de estereótipos e preconceitos, as mensagens discriminatórias e as representações negativas criadas no espaço escolar são devastadoras e impregnadas de perversidade, os /as tornando objetos de crueldades verbais e físicas. Desta forma, o ambiente escolar, não propicia direitos e oportunidades educacionais iguais, esses alunos/as são tratados como objeto gerando um sentimento de inutilidade e coisificação violando a suas identidades e os seus direitos, portanto a escola é um micro espaço assimétrico e excludente onde os direitos humanos são violados e estes fatos comprometem a eficiência e eficácia do processo ensino-aprendizagem e a função social e política da educação. O uso repetitivo na escola, dos termos e expressões tais como: cidadania, liberdade, justiça, fraternidade, ética, igualdade, respeito, direitos, deveres, entre outros, tornaram-se tão comuns e usados indistintamente, que acabam sendo tratados como algo transcendente, uma verdade absoluta, inerente ao ser humano e ao ato de educar, um fim em si mesmo e do mais: a produção acadêmica de pesquisas, estudos e investigações que abordam a importância da temática Direitos Humanos na Educação e para a escola ainda é escassa, como também a divulgação de informações sobre o progresso de programas e ações voltadas para os direitos humanos na educação não chegam ao chão da escola. È neste cenário de paradoxos, incertezas e ambigüidades, que luzes estão sendo lançadas e nos enquadramentos de mudanças e novos paradigmas as discussões em torno da Educação para os Direitos Humanos (EDH) marcam a agenda dos governos, organismos internacionais, e a sociedade em geral, por entender-se de que a EDH, precisa lidar com uma orientação pedagógica não só para problemas específicos (direitos, deveres destruição ambiental, pobreza e fome, guerras, injustiça social, destruição, vícios, tráfico de drogas, trabalho infantil, fanatismo, prostituição, desemprego, terrorismo, violência, criminalidade entre outros) mais também de uma aprendizagem onde se possa manejar a ignorância, na dimensão intelectual; a diferença, na dimensão social; a desunião, na dimensão, afetiva; e a consciência, na dimensão, ética, e com o argumento de que a mesma pode consolidar cada vez

46 mais o papel da educação e contribuir para uma escola cidadã como agência libertadora e de mudança social. BIBLIOGRAFIA BENEVIDES, Maria Victoria. Cidadania e Direitos Humanos, BRASIL. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Programa Nacional de Direitos Humanos. Brasília: MJ/Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, Direitos Humanos, Ética e Cidadania: construindo valores na escola e na sociedade. Módulo 3. Direitos Humanos. Programa de Desenvolvimento Profissional Continuado. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, Ministério da Justiça, UNESCO, CANDAU, Vera Maria. Educação em direitos humanos: desafios atuais. In: SILVEIRA, Rosa Maria Godoy; DIAS, Adelaide Alves; FERREIRA, Lúcia de Fátima Guerra et al. Educação em direitos humanos: fundamentos teórico-metodológicos. João Pessoa: Editora Universitária, CARBONARI, Paulo César. Sujeito de direitos humanos: questões abertas e em construção. In: SILVEIRA, Rosa Maria Godoy; DIAS, Adelaide Alves; FERREIRA, Lúcia de Fátima Guerra et al. Educação em direitos humanos: fundamentos teórico-metodológicos. João Pessoa: Editora Universitária, 2007, GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direitos Humanos, cidadania e educação. Uma nova concepção introduzida pela Constituição Federal de Jus Navigandi, Teresina, ano 5, n. 51, out OLIVEIRA, Flávia de Paiva M. de; GUIMARÃES, Flávio Romero. Direito, Meio Ambiente e Cidadania: uma abordagem interdisciplinar. São Paulo: Madras,

47 RABENHORST, Eduardo R. Necessidades básicas e Direitos Humanos. In: BITTAR, Eduardo C.B.; TOSI, Giuseppe (orgs.). Democracia e Educação em Direitos Humanos numa época de insegurança. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, 2008, 345 p. SÁ, Evanilson Alves de. Pressupostos teóricos e metodológicos da Educação em Direitos Humanos, SACAVINO, Susana Beatriz. Democracia e educação em direitos humanos na América Latina. Rio de Janeiro: Novamerica, 2009, 292 p.. Formação de Educadores/as em/para os Direitos Humanos: um horizonte de sentido uma maneira de fazer uma forma de ser, SADER, Emir. Contexto histórico e educação em direitos humanos no Brasil: da ditadura à atualidade. In: SILVEIRA, Rosa Maria Godoy; DIAS, Adelaide Alves; FERREIRA, Lúcia de Fátima Guerra et al. Educação em direitos humanos: fundamentos teórico-metodológicos. João Pessoa: Editora Universitária, 2007, p SANTOS, Boaventura de Sousa. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. Porto: Afrontamento, SOUSA, Bruno Alves de. Direitos, direitos. Humanos à parte? a educação em direitos humanos. Ceará, TAVARES. Celma. Educar em direitos humanos, o desafio da formação dos educadores numa perspectiva interdisciplinar. In: SILVEIRA, Rosa Maria Godoy et al. Educação em direitos humanos: fundamentos teórico-metodológicos. João Pessoa: Editora Universitária, TEODORO, António. Globalização e educação: políticas educacionais e novos modos de governação. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, WICHER, Carolina La Torre. Docentes, direitos humanos e (in) disciplina no espaço escolar: perspectivas e limites Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade de São Paulo, São Paulo,

48 ZENAIDE, Maria de Nazaré Tavares. O educador e a prática de educação em Direitos Humanos na Paraíba. In: ZENAIDE, Maria de Nazaré Tavares (org.). Relatório de experiências de Educação em Direitos Humanos na Paraíba. João Pessoa: JB Editora,

49 ESTRUTURA CURRICULAR: NOVOS OLHARES FERREIRA, Maria das Graças Lima Nunes Mestre em Educação com Ênfase em Gestão Educativa pela UPS. Correio eletrônico: Professora no Curso de Pedagogia da Faculdade Presidente Antônio Carlos Ponte Nova Resumo Este artigo apresenta um estudo sobre as concepções curriculares que perpassaram o contexto escolar ao longo dos tempos e delineia uma nova estrutura curricular, considerando que o conhecimento a ser apropriado pelos alunos, deve ser visto como uma rede de significados. Nesta nova estrutura curricular, está circunscrito que a apropriação do conhecimento acontece como um processo ininterrupto de transformação e de atribuição de significados e, ainda, de estabelecimento de relações entre esses significados. E assim, na prática escolar, essa perspectiva implica articular ensino e aprendizagem, conteúdo e forma de transmiti-lo, em um ambiente escolar cada vez mais favorável ao desenvolvimento do sujeito que aprende. Nesse ambiente, todas as ações devem favorecer o processo múltiplo, complexo e relacional de conhecer e incorporar dados novos ao repertório de significados daquele que aprende, de modo que ele possa utilizá-lo na compreensão orgânica dos fenômenos e no entendimento da prática social. Propõe-se então, um currículo que estabelece uma relação com os sujeitos e a sua cultura, num processo dialético, dinâmico, promovendo aprendizagens duradouras e significativas. Palavras-chave: concepções curriculares, currículo, culturas. Área temática: Educação: currículo Uma nova estrutura curricular

50 I-Introdução Estamos vivendo novos tempos e podemos reconhecer que nos defrontamos com umanova sociedade. Uma sociedade marcada pela globalização, repleta de inovações, de desafios que nos impulsiona a viver de forma diferente. Saímos de uma situação de conforto e nos dirigimos para uma situação onde tudo é mutável, provisório, renovada a cada instante e, portanto, possuidora de novos paradigmas. Paradigmas que levam a importantes reflexões humanas, sobretudo no campo educativo. Nesse contexto se encontram as grandes discussões acerca do currículo escolar que sem dúvida é a mola mestra da ação educativa. Ao longo da história o currículo foi ganhando diferentes concepções e hoje é entendido como toda a atividade humana desenvolvida de forma intencional no contexto escolar, que é fruto das culturas que são elaboradas nesse ambiente educativo. Um ambiente educativo compreendido em todas as suas dimensões e diversidades, capaz de produzir, elaborar, resgatar, transformar e construir culturas. Uma cultura que passa a existir em razão do humano e das relações que são estabelecidas. Nesse sentido, nãoserá enfatizada uma visão de currículobaseado numa cultura, fundamentalmente estática, concebida como produto pronto e acabado, que pode ser dado, transmitido, recebido, mas uma concepção de currículo, que tem como base a dinamicidade da cultura, que vai se efetivar em um contexto de relações, de negociação, de conflito e de poder. Surge então uma nova estrutura curricular para fazer refletir sobre esse novo momento que estamos vivendo, esse novo homem que precisa ser formado para essa nova sociedade. II-Concepções de currículo ao longo da história Concepções de currículo foram sendo delineadas e marcadas pelas diferentes concepções de mundo, de homem, de sociedade, de educação que resultaram da ação reflexão humana ao longo dos tempos, e nas mais diversas condições culturais, caracterizadas por diferentes enfoques, pontos de vista e paradigmas. Sobre estas concepções, Silva (2006)revela as diferentes visões de currículo que foram se delineando ao longo da história: 1- A tradicional, humanista, baseada numa concepção conservadora da cultura (fixa, estável, herdada) e do conhecimento (como fato, como informação), uma visão que, por sua vez, se baseia numa perspectiva conservadora da função social e cultural da educação;

51 2- A tecnicista, em muitos aspectos similares à tradicional, mas enfatizando as dimensões instrumentais, utilitárias e econômicas da educação; 3- A crítica, de orientação marxista, baseada numa análise da escola e da educação como instituições voltadas para a reprodução das estruturas de classe da sociedade capitalista: o currículo reflete e reproduz essa estrutura; 4- A pós-estruturalista, que retoma e reformula algumas análises da tradição crítica neomarxista, enfatizando o currículo como prática cultural e como prática de significação. ( SILVA, 2006, p.12) Considerando todas essas concepções de currículo, entendemos que não é simplesmente selecionar ou organizar experiências de aprendizagem, mas definir a finalidade da educação. Antes de conceituar currículo e definir como o queremos, precisamos refletir sobre que pessoa queremos formar; por que a concepção de currículo tem que ser enraizada, plasmada no sujeito que aprende e que ensina. É preciso também interrogar sobre as intenções e funções sociais da escola e quais os saberes relevantes em cada cultura que se deseja que os seus cidadãos possuam. Nesse sentido, a função do currículo seria a de materializar todas essas intenções, tornando-as explícitas, susceptíveis de serem debatidas e conhecidas pelo conjunto da sociedade, e para poderem servir de orientação aos diversos agentes que irão intervir na planificação e concretização do processo de ensino e aprendizagem. III- A relação entre currículo e cultura O sentido da cultura aqui empregado é entendido como prática de significação e o papel da linguagem e do discurso na constituição do social são elementos fundantes nessa concepção de currículo. De acordo com Silva (2006) a cultura nessa visão, é um campo de luta em torno da construção e da imposição de significados sobre o mundo social. A cultura é e não é feita, não se transforma. Ela existe em razão do humano e das relações que estabelece. Valemo-nos agora de seis princípios defendidos por Pierre Bourdier(1998, apud Santos, 2000) no qual servirão de base e de enriquecimento para a nova estrutura curricular. São princípios fundamentados na reestruturação ocorrida na divisão do conhecimento, em uma nova definição das formas de transmissão de conhecimento, na necessidade de eliminação de noções datadas e na importância da introdução na escola de novos conhecimentos provenientes, tanto da pesquisa, como das mudanças econômicas, sociais e técnicas. Os princípios se resumem pelas seguintes ideias:

52 1- Os conteúdos escolares devem ser constantemente revistos; 2- A educação deve dar prioridade para as áreas que desenvolvem o pensamento; 3- Os currículos devem ser flexíveis, mas apresentar conexão vertical e horizontal entre os conteúdos; 4- O ensino deve procurar melhorar a eficácia do processo de transmissão pela diversificação dos métodos de ensino; 5- A prática curricular deve buscar integrar o trabalho de professores de diferentes disciplinas, superando divisões existentes entre elas, já superadas pela evolução das ciências; 6- Os currículos escolares devem conciliar o universalismo inerente ao pensamento científico, com o relativismo ensinado através das ciências históricas, refletindo a pluralidade de estilos de vida e de tradições culturais. (BOURDIER, 1998, APUD SANTOS, 2000) Esta proposta de Bourdier revela que há uma defesa de um currículo acadêmico, modernizado pela introdução de novos conhecimentos e habilidades, necessários à vida contemporânea, trazidos pelo desenvolvimento científico e tecnológico e pelas inovações produzidas no campo pedagógico. Nessa nova proposta curricular esses princípios serão altamente eficazes, pois se defende um currículo centrado, preferencialmente, em situações práticas, problemas do cotidiano, envolvendo as experiências das crianças e seus interesses para, neste contexto, explorar aspectos do conhecimento sistematizado. Acrescentamos ainda, que este tipo de abordagem curricular, rompe com a estrutura disciplinar do currículo, com a organização sequencial do conhecimento, voltando-se para os processos de aquisição, ao invés de para os processos de transmissão de saberes. É valorizada, nesta abordagem, a experiência de alunos e professores, suas vivências, extraídas do cotidiano e sobretudo a inserção cultural e a cultura enquanto produção e prática de significação. IV- O projeto cultural e a formação humana: princípios da nova estrutura curricular O primeiro princípio é estabelecer um currículo que seja necessariamente um projeto cultural, ou seja, que tenha flexibilidade para que os professores intervenham nele, que seja aberto, que atenda às especificidades de cada sujeito e contemple as dimensões política, social e cultural. Que seja pautado nas questões subjetivas e objetivas do conhecimento, abrangendo conteúdos e métodos que atendam às necessidades de apropriação dos saberes culturalmente válidos

53 Sobre cultura, apresentaremos aqui, um maior aprofundamento, que segundo Silva, 2006, ela pode ser muitas coisas (modo de vida, prática material etc.) mas ela é fundamentalmente, prática de significação. Segundo Silva (2006): A cultura é feita, nessa perspectiva, de formas de compreender o mundo social, de torná-lo inteligível. Ela está centralmente envolvida na produção de formas de inteligibilidade. A cultura diz respeito, sobretudo, à produção de sentido. ( SILVA, 2006) Nesse sentido, destaca-se o caráter fundamentalmente produtivo e criativo, que cultura possui, para produzir tais sentidos. A cultura nesta perspectiva é entendida não como produto final, concluído, o que ela também é, mas sobretudo como atividade, como prática de produção, de criação. Segundo Silva, 2006, se ignorarmos ou secundarizarmos a dimensão produtiva da cultura, significa cristalizá-la, imobilizá-la, abstraí-la do processo de sua criação. Sendo assim, cultura é atividade, ação, experiência. Silva (2006) corrobora, dizendo que: A cultura é sempre trabalhada sobre alguma coisa, sobre materiais existentes. Vê-la como produção não significa dizer que ela opera sobre o vazio, que a criação se dá a partir de nada. Mas, significa, sim, dizer que os materiais existentes, as matérias significantes vistas como produtos, como coisas, não estão aí apenas para ser contempladas ou para ser simplesmente recebidas, aceitas e passivamente consumidas. A cultura nunca é apenas consumo passivo. Os significados, os sentidos recebidos, a matéria significante, o material cultural são, sempre, embora às vezes de forma desajeitada, oblíqua, submetidos a um novo trabalho, a uma nova atividade de significação. São traduzidos, transpostos, deslocados, condensados, desdobrados, redefinidos, sofrem, enfim, umcomplexo e indeterminado processo de transformação. ( SILVA, 2006). É nesse contexto que o projeto cultural vai se estabelecer, considerando os conteúdos frutos de uma cultura, vinculados por sua vez aos processos e às práticas de significação e às relações sociais. O segundo princípio que irá nortear esta nova proposta curricular, é o princípio da formação humana, que além dos conhecimentos de mundo, será fonte de mudança de

54 comportamento, que acontecerá, por meio da aquisição de valores, que por sua vez, reverterão em atitudes e habilidades de pensamento. O que se deseja é que seja formado um cidadão do futuro, que seja capaz de quebrar todas as estruturas que regem a desonestidade, a falta de ética, a não consciência sobre o meio ambiente, a desvalorização do outro, a falta de respeito, enfim, princípios de uma estrutura de sociedade falida, corrupta, individualista, responsável por tantos desencontros entre o humano e o real valor da vida. Para isso, a proposta curricular em questão será articulada com a realidade histórica em que os sujeitos estão envolvidos e nesse caso, essa necessidade da formação humana, historicamente nunca perdeu seu valor, mas considera-se que hoje ela é imprescindível. Imprescindível por estar vinculada a uma sociedade em que os modos de vida e de relações humanas foram alteradas, tendo em vista as novas tecnologias da informação e da comunicação. As pessoas se comunicam através das redes sociais e os limites entre o particular e público está cada vez mais minimizado, considerando o valor humano instituído para estas relações. Desta forma, a proposta curricular que está em foco, será responsável por educar e formar pessoas, orientando e comunicando valores em meio ao ensino sistematizado dos conhecimentos específicos. Isso implica em uma integração co-responsável de todos os segmentos do processo educativo em torno de um projeto comum. O sistema de valores aqui proposto irá estabelecer uma relação entre a vida cotidiana, as necessidades de educar para uma sociedade justa e solidária e os conteúdos escolares específicos de cada uma das áreas do conhecimento. Os valores não serão trabalhados de forma neutralizada e alienada, serão articulados dentro de toda a proposta pedagógica, no qual fará engendrar um novo ser humano. Um ser humano capaz de construir a própria identidade, a partir da liberdade e responsabilidade desenvolvidas desde cedo, um ser humano capaz de comprometer-se com os outros e consigo mesmo, um ser humano capaz de construir a felicidade e de entender estas tarefas como uma possibilidade de crescimento contínuo. E por fim, um ser humano que consiga fazer uma síntese entre vida, cultura, ciência e fé. V- Estrutura do Projeto Curricular

55 Iremos apresentar uma estrutura básica do currículo proposto. Definiremos em linhas gerais em que consistem os seguintes itens: 1- os componentes curriculares e suas áreas de conhecimento; 2- os objetivos gerais; 3- os conteúdos; 4- as habilidades específicas; 5- as orientações didáticas, que implicam em opção metodológica, procedimentos de ensino e avaliação. 1-Os componentes curriculares e suas áreas do conhecimento: de acordo com Parâmetros Curriculares Nacionais, as áreas do conhecimento se definem em: Ciências Humanas e suas Tecnologias, composta pelos componentes curriculares Geografia, História, Filosofia, Sociologia, Ensino Religioso; Ciências da Natureza e suas Tecnologias, composta pelos componentes curriculares Ciências, Biologia, Química, Física; Matemática e suas Tecnologias, composta pelo componente curricular Matemática e Linguagens e Códigos e suas Tecnologias, composta pelos componentes curriculares Língua Portuguesa, Línguas Estrangeiras, Informática e Educação Física. Faremos desta a nossa estrutura de componentes curriculares divididos em áreas, não ferindo, portanto, o que está estabelecido na legislação e nas Diretrizes Curriculares do Ministério da Educação e Cultura. 2-Os objetivos gerais serão definidos tendo como referência a área do conhecimento em que cada componente curricular está situado, acrescido da compreensão do mundo em seus aspectos mais amplos e da formação humana do sujeito enquanto protagonista do processo social e cultural de seu tempo. 3- Os conteúdos serão definidos tendo como referência a concepção de conteúdos que está explicitamente entendida como o conjunto de formas culturais e de saberes selecionados para integrar as diferentes áreas curriculares, em função dos objetivos estabelecidos em cada área. Os conteúdos serão fatos discretos, conceitos, conhecimentos acumulados pela humanidade ao longo dos tempos, princípios, procedimentos, valores, normas e atitudes. Aqui ficarão explícitos os princípios que fundamentam esta estrutura curricular. Fundamentados em Coll (1986) os conteúdos, denominados por ele como novos conteúdos, seriam também referência para esta proposta curricular, pois são assim definidos como conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. Segundo ele, esta divisão corresponderia às seguintes questões: O que devemos saber, como devemos fazer e como devemos ser. Estes aspectos são considerados por nós de fundamental importância por constituir o eixo norteador da nossa visão de educação

56 Assim sendo, segundo Coll (1986) os conteúdos conceituais estão relacionados com conceitos propriamente ditos e dele ramifica-se os conteúdos factuais, ou seja, os conhecimentos relacionados aos fatos, acontecimentos, dados, nomes e códigos. Os conteúdos conceituais são mais abstratos, eles demandam compreensão, reflexão, análise, comparação. As condições necessárias para a aprendizagem dos conteúdos conceituais demandam atividades que desencadeiem um processo de construção pessoal, que privilegie atividades experimentais que acionem os conhecimentos prévios dos alunos promovendo atividade mental. Para tanto, as aulas meramente expositivas que lance mão apenas da memorização, não são recomendáveis. Já os conteúdos procedimentais envolvem ações ordenadas com um fim, ou seja, direcionadas para realização de um objetivo, aquilo que se aprende a fazer, fazendo, como: saltar, escrever com letra cursiva, desenhar, cozinhar, dirigir- podem ser chamados de regras, técnicas métodos, destrezas ou habilidades. Os conteúdos atitudinais podem ser agrupados em: valores, atitudes ou normas. Dentre esses conteúdos podemos destacar a título de exemplo: a cooperação, a solidariedade, o trabalho em grupo, o gosto pela leitura, o respeito, a ética. Vale ainda salientar que esses conteúdos estão impregnados nas relações afetivas e de conivência que de forma alguma podem ser desconsiderados pela escola como conteúdos importantes de serem trabalhados. Assim, Coll (1997) propõe os conteúdos: Factuais e Conceituais - que correspondem ao compromisso científico da escola: transmitir o conhecimento socialmente produzido. Atitudinais - (normas e valores)- que correspondem ao compromisso filosófico da escola: promover aspectos que nos completam como seres humanos, que dão uma dimensão maior, que dão razão e sentido para o conhecimento científico. Procedimentais - que são os objetivos, resultados e meios para alcançá-los, articulados por ações, passos ou procedimentos a serem implementados e aprendidos. (COLL, 1997) O trabalho pedagógico será portanto, balizado pela (Filosofia) e conhecimento científico ( Ciência) para instrumentalizar-se teórica e praticamente. 4-As habilidades específicas serão o reflexo de todos os conteúdos desenvolvidos numa trajetória escolar, aqui denominada Ensino Fundamental, anos finais. Aprender fatos, conceitos, conhecimentos, significa ser capaz de identificar, reconhecer, classificar, descrever, analisar, relacionar objetos, conhecimentos ou ideias

57 Aprender um princípio é ser capaz de identificar, reconhecer, classificar, descrever e comparar as relações entre os conceitos, conhecimentos ou fatos aos quais o princípio se refere. São aprendizagens esperadas e construídas pelo sujeito que aprende a partir de uma intervenção pedagógica mediadora, que propõe desenvolver habilidades, que propõe introduzir o educando em um contexto de reflexão, de desenvolvimento do pensar e formas as tais habilidades. Ronca (1995) nos apresenta a ideia do pensamento operatório, que para ele, deve ser motivado a funcionar. Lembremo-nos, também, de que cada pensamento operatório que desejamos ver desenvolvido, tanto nos jovens como em nós mesmos, não é uma entidade isolada, mas está submerso numa realidade social e histórica, que o forma e o projeta. Cada pensamento operatório que um jovem aprende elaborar constitui-se, pois, na continuidade de um denso e grave movimento histórico. A trama do operatório é incrível e dialética: ao mesmo tempo que submetido ao sócio-cultural, nele interfere, ajudando o Homem a se superar em busca da felicidade. ( RONCA, 1995, pág 58) Há, além das descritas acima, outras habilidades que serão definidas como eixo norteador da proposta curricular em questão e que são denominadas também, por Ronca, 1995, como pensamento operatório. Eis alguns exemplos e suas definições: ANALISAR: Decompor o objetivo a ser analisado (dados, gráficos, tabelas, figuras, desenhos, mapas, fatos, situações, fenômenos, processos, resultados de experiências, opiniões, argumentos, textos, etc.) a fim de examinar e identificar as partes, relações, ideias e os princípios envolvidos que levam à compreensão do todo. Análise pressupõe exame, investigação, estudo detalhado; deve-se, portanto, partir dos efeitos para as causas, do particular para o geral, da parte para o todo, do simples para o complexo. APLICAR: Empregar o conhecimento já construído em contextos e situações específicas e concretas em outras palavras, consiste em usar informações, ideias, conceitos, relações para resolver questões e problemas concretos. ARGUMENTAR: Enuncia os raciocínios que constituem um pensamento; defender ideias, opiniões a respeito de um determinado assunto. Em uma argumentação, não é suficiente expor um ponto de vista; é imprescindível apresentar razões e evidências que o comprovem e o sustente a fim de persuadir o eleitor ou interlocutor.(ronca, 1995) Aprender um procedimento significa ser capaz de utilizá-lo em diversas situações e de diferentes maneiras para resolver os problemas postos pela vida cotidiana e pelo mundo contemporâneo. Como exemplo, podemos citar as seguintes habilidades: manejar, confeccionar, utilizar, construir, aplicar, coletar, representar, aplicar, observar,

58 experimentar, testar, elaborar, simular, demonstrar, reconstruir, planejar, executar, compor e outros. Aprender um valor, segundo Coll (2007) denota ser capaz de regular o próprio comportamento de acordo com o princípio normativo estipulado por este valor. Aprender uma norma significa ser capaz de comportar-se de acordo com a mesma. Ainda conforme Coll (2007) aprender uma atitude significa mostrar uma tendência consistente e perseverante a comportar-se de determinada maneira perante situações, objetos, acontecimentos ou pessoas. Desta forma, compreende-se que ao final de um processo de escolarização, o educando seja capaz de tomar atitudes diante da vida coerentes com o projeto curricular proposto. Estas atitudes podem ser exemplificadas como: comportar-se(de acordo com), respeitar, tolerar, apreciar, ponderar(positiva ou negativamente), aceitar, praticar, ser consciente de, reagir a, conhecer, perceber, estar sensibilizado, sentir, prestar atenção a, interessar-se por, obedecer, permitir, aceder a, preocupar-se com, deleitar-se com, recrear-se, preferir, inclinar-se a e outras atitudes que estarão na mesma direção. 5-As orientações didáticas serão definidas em cada área do conhecimento e por componente curricular, balizadas pelos princípios que norteiam esta proposta curricular, pelos objetivos gerais de cada área curricular e pelas habilidades específicas estruturadoras do planejamento do professor. Considerando então a visão pós estruturalista de currículo, no qual tem como base a cultura como prática de significação visão que fundamenta esta proposta curricular -, apresentaremos as orientações didáticas, que nortearão o processo pedagógico em questão. Iniciaremos por estabelecer nossas crenças em relação ao processo de transformação da escola, onde a paixão pelo conhecimento seja a mola mestra e a educação de melhores cidadãos seja o horizonte ao qual deverá se dirigir. Acreditamos que a escola precisa explorar novos caminhos que permitam sair de uma estrutura fragmentária, compartimentalizada, autoritária, regida por grades horárias e formas que formatam professor e aluno, para uma estrutura mais aberta, que deixe ser uma comunidade de aprendizagem, que possibilita aos cidadãos, melhores condições de vida

59 Para atender a esta demanda, optamos por depositar na pedagogia de projetos todas as nossas forças e crenças para uma possível mudança da forma de trabalhar o conhecimento na escola. Orientados por Hernández(1998), que defende a Pedagogia de Projetos como estrutura pedagógica capaz de transgredir as amarras tradicionais que se consolidaram na escola, apresentamos as características que nos impulsionaram a optar por esta pedagogia: 1- Um percurso por um tema-problema que favorece a análise, a interpretação e a crítica ( como contrastes de pontos de vista). Esse tema- problema pode partir de uma situação que algum aluno apresente em aula ou pode ser sugerido pelo docente. Em ambos os casos, o importante é que o desencadeante contenha uma questão valiosa, substantiva, para ser explorada. 2- Onde predomina a atitude de cooperação e o professor é um aprendiz, e não um especialista ( pois ajuda a aprender sobre temas que irá estudar com os alunos). 3- Um percurso que busca estabelecer conexões entre os fenômenos e que questiona a ideia de uma versão única da realidade. 4- Cada percurso é singular e é trabalhado com diferentes tipos de informação. 5- O docente ensina a escutar: do que os outros dizem também podemos aprender. 6- Há diferentes formas de aprender aquilo que queremos ensinar ( e não sabemos se aprenderão isso ou outras coisas). 7- Uma aproximação atualizada aos problemas das disciplinas e dos saberes. 8- Uma forma de aprendizagem em que se leva em conta que todos os alunos podem aprender. 9- Não se esquece de que a aprendizagem se vincula ao fazer, á atividade manual e à intuição é uma forma de aprendizagem. ( HERNÁNDEZ, 1998) A partir dessas características, fica claro que trabalhar mediante projetos, é uma orientação didática que permite romper com toda uma estrutura que engessa professor e alunos e introduz, não uma estratégia ou um método, mas uma maneira de refletir sobre a escola e sua função, que abre um caminho para reposicionar o saber escolar e a função da própria escola. Gostaríamos ainda de insistir na reflexão sobre a finalidade dos projetos de trabalho, como orientadores da prática pedagógica dos professores, por considerá-los não uma metodologia didática, mas uma maneira de entender o sentido da escolaridade baseado no ensino para a compreensão. Citaremos, com base em Hernández (1998) algumas de suas implicações que viabilizam o ensino para a compreensão:

60 a) Os educandos participam de um processo de pesquisa que tem sentido para eles e que utilizam diferentes estratégias de pesquisa. b) Os educandos podem participar do processo de planejamento da própria aprendizagem. c) Os educandos são ajudados a serem flexíveis, reconhecer o outro e compreender seu próprio entorno pessoal e cultural. (HERNÁNDEZ, 1998). Assim sendo, a finalidade do ensino nesta perspectiva, é promover, nos alunos, a compreensão dos problemas que investigam. E nesse contexto, compreender é ir além da informação dada, é poder reconhecer as diferentes versões de um fato e buscar explicações além de propor hipóteses sobre as conseqüências dessa pluralidade de pontos de vista. Para Hernández (1998) compreender é uma atividade cognoscitiva e experiencial, de tradução-relação entre uma informação, um problema e o conhecimento pessoal e grupal que se relaciona com ela. Ampliando as orientações didáticas acerca de uma nova experiência pedagógica, enfatizaremos também a aprendizagem significativa, que está estritamente relacionada com a pedagogia de projetos e no cerne desta proposta curricular. A aprendizagem significativa é aquela que corresponde a conhecimentos que estão relacionados com as representações prévias, com a busca do que é relevante e culturalmente significativo para o educando. Baseados na Teoria da Aprendizagem Significativa, desenvolvida pelo psicólogo norte-americano D. P. Ausubel, afirmamos que a aprendizagem é muito mais significativa à medida que o novo conteúdo é incorporado àsestruturas de conhecimento de um aluno e adquire significado para ele a partir da relação com seuconhecimento prévio. Se acontece o contrário, a aprendizagem se torna mecânica ou repetitiva, uma vez que se produziumenos essa incorporação e atribuição de significado, e o novo conteúdo passa a ser armazenadoisoladamente ou por meio de associações arbitrárias na estrutura cognitiva. De acordo com os estudos desenvolvidos,para haver aprendizagem significativa são necessárias duas condições. Em primeiro lugar, oaluno precisa ter uma disposição para aprender: se o indivíduo quiser memorizar o conteúdo arbitráriae literalmente, então a aprendizagem será mecânica. Em segundo, o conteúdo escolar a ser aprendidotem que ser potencialmente significativo, ou seja, ele tem que ser lógica e psicologicamente significativo:o significado lógico depende somente da natureza do

61 conteúdo, e o significado psicológico é umaexperiência que cada indivíduo tem. Cada aprendiz faz uma filtragem dos conteúdos que têm significadoou não para si próprio. Nesse sentido, a intervenção educativa tem que necessariamente passar por uma mudança de ótica substancial, na qual nãosomente abranja o saber, mas também o saber fazer, não tanto o aprender, como o aprender a aprender. Para isso, algumas orientações acerca da ação didática devem ser seguidas pelo professor. De acordo com AUSUBEL (1982) a primeira ação do professor deve ser partir do nível de desenvolvimento do aluno, isto é, a ação educativa está condicionada pelo nível de desenvolvimento dos alunos, os quais nem sempre vêm marcados pelos estudos evolutivos existentes e que, por tal motivo, devem complementar-se com a exploração dos conhecimentos prévios dos educandos, o que já sabem ou têm construído em seus esquemas cognitivos. A soma de sua competência cognitiva e de seus conhecimentos prévios marcará o nível de desenvolvimento dos alunos. Em segundo, a construção das aprendizagens significativas implica a conexão ou vinculação do que o aluno sabe com os conhecimentos novos, quer dizer, o antigo com o novo. A clássica repetição para aprender deve ser deixada de fora na medida do possível; uma vez que se deseja que seja funcional, deve-se assegurar a auto estruturação significativa. Nesse sentido, sugere-se que os alunos realizem aprendizagens significativas por si próprios, o que é o mesmo que aprendam o aprender. Assim, garantem-se a compreensão e a facilitação de novas aprendizagens ao ter-se um suporte básico na estrutura cognitiva prévia construída pelo sujeito. Em terceiro, faz-se necessário modificar os esquemas do sujeito, como resultado do aprender significativamente. Uma maneira adequada de ampliar e/ou modificar as estruturas do aluno consiste em provocar discordâncias ou conflitos cognitivos que representem desequilíbrios a partir dos quais, mediante atividades, o aluno consiga reequilibrar-se, superando a discordância reconstruindo o conhecimento (PIAGET, 1997). Para isso, é necessário que as aprendizagens não sejam excessivamente simples, o que provocaria frustração ou rejeição. Sendo assim, o que propomos com estas orientações didáticas desse novo modelo curricular é a participação ativa do sujeito, sua atividade auto-estruturante, envolvente, o que supõe a participação pessoal do aluno na aquisição de conhecimentos, de maneira que eles não sejam uma repetição ou cópia dos formulados pelo professor ou pelo livro-texto, mas uma reelaboração pessoal

62 Outra e importante orientação didática que merece destaque e que estará relacionada com as demais, é o enfrentamento de uma proposta que insira no trabalho didático as Novas Tecnologias da Informação e Comunicação. Sabemos que os alunos estão naturalmente envolvidos com tecnologias da informação e comunicação dos mais variados tipos. Nesse sentido, o trabalho pedagógico do professor, não poderá deixar de estar associado a esses mecanismos. Sugere-se então, que sejam usadas as novas TICs, para ampliar as formas de interação e de aprendizagem dos alunos. O que se espera é que os alunos estejam familiarizados com essa linguagem, não apenas na sua dimensão de sistemas de representação ou de tecnologia de comunicação, mas na sua dimensão de uso, aquela que a implica na construção e manutenção do conhecimento e das relações sociais. A qualificação do processo de aprendizagem significativa,estará amplamente relacionada ao fazer da sala de aula, em que o professor irá explorar as potencialidades didáticas das TICs em relação aos objetivos de ensino das suas áreas de conhecimento. Trataremos agora da questão da avaliação da aprendizagem, que percorre todo o processo de ensino e aprendizagem, e que por muito tempo significou o buraco negro da escola. Nesta proposta curricular queremos desmistificar a ideia da prova como vilã ou vedete do processo avaliativo escolar e colocar em evidência algumas considerações acerca da reconstrução da prática avaliativa. Nesse sentido, retomamos o que já consideramos anteriormente sobre a pedagogia de projetos que em sua essência postula que os sujeitos aprendem de maneiras variadas, ou seja, há diferentes formas de aprender aquilo que queremos ensinar, e não sabemos se aprenderão isso ou outras coisas. Um dos grandes mitos que reina na educação é que os alunos aprendem o que os professores ensinam. Precisamente, a avaliação pretende garantir o recolhimento de evidências sobre o cumprimento dessa premissa. No entanto, qualquer professor reconhece que, na sala de aula, os alunos de maneiras diferentes, que alguns estabelecem relações com alguns aspectos dos trabalhos em sala e outros se conectam a conteúdos diferentes. A relação em aula não é unidirecional e unívoca. Ao contrário, caracteriza-se por sua dispersão e pela interpretação que cada estudante faz daquilo que, supostamente, deva aprender. Caso optemos pelo trabalho pedagógico mediante projetos, potencializam-se os caminhos alternativos de avaliação, os processos individuais de aprendizagem. Segundo

63 Hernández, 1998, a avaliação é uma situação que não está separada do projeto, ela permite a cada aluno, reconstruir seu trajeto e transferi-lo para outras situações. Então, a avaliação terá que ser processual, contínua, dinâmica e receber atuação mediadora do professor. Para isto, há que se ter uma mudança das concepções do professor mediantetoda a proposta curricular que se estabelece. A avaliação nesta proposta deve ser como se fosse uma lente que permite uma visão cada vez mais detalhada sobre o processo de ensinar e aprender. Ela é o elemento articulador do processo de ensino aprendizagem pelo acompanhamento que faz das ações pedagógicas e seus resultados junto aos alunos. A avaliação, portanto, será como se fosse um inventário vivo, intenso e complexo, podendo significar o modo pelo qual, todos tomam consciência de suas identidades, suas diferenças, responsabilidades e avanços, na busca da autonomia necessária para compreender o mundo em que está inserido. Serão utilizados, diferentes instrumentos para dar o sentido processual, dinâmico e mediador que se deseja. Instrumentos como portfólios, provas contextualizadas, observação e registro pelo professor, análise de produções e registros dos alunos, análise de erros, auto avaliação, avaliação entre os pares, farão parte do processo avaliativo. Salientamos que esses instrumentos terão sentido em algumas situações e em outros não. Cabe ao professor ter visão clara dos fundamentos da sua área de conhecimento, daquilo que é nuclear no projeto desenvolvido, dos critérios norteadores do seu trabalho, dos pontos importantes da sua ação didática e dos indicadores que ele valoriza e pretende ver desenvolvido em seus alunos e escolher um instrumento. Cada instrumento tem um propósito específico, seja de garantir o autoconhecimento, ou a confiança em si mesmo, confiança no outro, diagnosticar para intervir ou avaliar compartilhadamente. Nesse caso, é o professor quem escolhe e direciona os caminhos. Apresentamos então, a forma como será desencadeado na prática pedagógica escolar o currículo de uma escola que tem a pretensão de atuar com competência na formação de uma geração de novos brasileiros, ou seja, brasileiros do futuro: éticos, conscientes, felizes, inovadores, atuantes, conscientes, empreendedores e solidários

64 VI- CONSIDERAÇÕES FINAIS As concepções de currículo decorrem das contribuições do universo social, econômico, político e cultural em que a instituição educativa está inserida e do universo ao qual o professor pertence. Essas relações norteiam o fazer da escola e o fazer do professor, de maneira espontânea, articulada, interativa, como fruto das relações estabelecidas entre o meio e o sujeito que atua sobre ele, seja ele o aluno, o professor, a escola de maneira ampla, como ambiente educativo de relações específicas e abrangentes. A escola então, diante do contexto em que está inserida, precisa ser uma escola aberta, criar condições para a crítica, questionar a ordem vigente e assim, como consequência, receber as influências da sociedade hodierna e influenciar de forma simultânea a mesma sociedade. Como a escola não é neutra, fechada e obsoleta em sua dinâmica, a estrutura social também circunscreve o currículo, orienta a sua organização, ajuda a refletir sobre os conteúdos, tempos e espaços escolares. Considerando a sociedadecontemporânea na qual estamos inseridos e os desafios postos pela mesma no que se refere à concepção de currículo e a uma nova estrutura curricular, conclui-se que o seu significado se amplia e o dimensiona como representação de cultura, uma escolha que se faz em um amplo universo de possibilidades que estão embutidas nas relações de poder, produção de identidades sociais e conhecimento escolar. Portanto, currículo é práxis, práxis que se dá em vista da multiculturalidade expressa no cotidiano escolar pelas representações sociais múltiplas dos seus sujeitos, que denominamos de projeto cultural

65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APPLE, M. Ideologia e Currículo. São Paulo: Brasiliense, Educação e Poder. Porto Alegre: Artes Médicas, AUSUBEL, D. P. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, BARDIM. Laurence. Análise de Conteúdo. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004 BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Curriculares Nacionais, CAMPOS. Casemiro de Medeiros. Saberes Docentes e Autonomia dos Professores. Petrópolis, RJ: Vozes, CANDAU, Maria Vera. Sociedade multicultural e educação: tensões e desafios. In CANDAU, Maria Vera (org). Cultura(s) e educação: entre o crítico e pós-crítico. Rio de Janeiro: DP&A, COLL, César. Psicologia e Currículo: uma aproximação psicopedagógica à elaboração do currículo escolar. São Paulo: Ática, 2007 FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Loyola, (1 ed. 1996, Série Leituras Filosóficas). FRAGO, Antônio Vinão. Alfabetização na Sociedade e na História. Porto alegre: Artes Médicas, FREIRE. Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 2007 GADOTTI. Moacyr. Pedagogia da Práxis. São Paulo: Cortez, 2003 Perspectivas atuais da educação. Revista São Paulo em Perspectiva. v.14, n 2, GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, KOHL, Marta Oliveira de. Vygotsky: Aprendizagem e desenvolvimento, um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, LOURO. Guacira. L. Gênero, sexualidade e educação. Petropóles: Vozes MINGUET, P. A. (Org.) A construção do conhecimento na educação. Porto Alegre: Artmed,

66 MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários á educação do futuro. Catarina E. F. da Silva e JeanaSawaya( trad.) São Paulo: Cortez, Brasília, DF: UNESCO, MOREIRA, Marco Antonio. Aprendizagem significativa. Brasília: Ed. da UnB, MOREIRA e Masini, E.F.S. (1982) Aprendizagem significativa: a teoria de aprendizagem e David Ausubel.São Paulo: Editora Moraes. Aprendizagem significativa: a teoria de aprendizagem e David Ausubel.São Paulo: Centauro Editora. 2ª edição, NOGUEIRA, Juliana Keller, etal. Conceitos de gênero, etnia e raça: reflexões sobre a diversidade cultural na educação escolar. www. sciello.com.br OGIBA, Sonia M. M. A produção do conhecimento didático e o pós estruturalismo: potencialidades analíticas. IN: VEIGA-NETO, Alfredo J. (org).crítica pósestruturalista e educação. Porto Alegre: Sulina, 1995, p OLIVEIRA, Marta Khol de. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento- um processo sócio histórico. São Paulo SP: Editora Scipioni, PACHECO, J. A.Estudos Curriculares: para a compreensão crítica da educação. Porto Alegre: Porto Editora, PERRENOUD, Philippe. A prática reflexiva no ofício do professor- profissionalização e razão pedagógica. Tradução Cláudia Schilling. Porto Alegre: ArtMed, PEDRA, José Alberto. Currículo e conhecimento: níveis de seleção do conteúdo. Em Aberto. Brasília, ano 12. n.58, abr./jun Currículo, conhecimento e suas representações. São Paulo: Pairus, SACRISTÁN, G. Currículo e diversidade cultural. In: SILVA, T. T.; MOREIRA, A. F. (Orgs.). Territórios contestados. Petrópolis: Vozes, SACRISTÁN, G. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3ª Ed. Porto Alegre: ArtMed Editora, SILVA, Tomaz Tadeu. Prefácio. In: GOODSON, Ivor F. Currículo: teoria e história.tradução Atílio Brunneta. 6ªEd. Petrópolis, RJ: Vozes Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do Currículo. Belo Horizonte: Autêntica, O currículo como fetiche: a poética e a política do texto curricular. Belo Horizonte: Autêntica,

67 O CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO INFANTIL BARBOSA, Francislene Aparecida; FERRAZ, Camila Lizardo; GOMES, Denise Lizardo Vieira; VIEIRA Giani Claudia Setto; VIDIGAL, Telma de Oliveira Acadêmicas do 7ª período do curso Pedagogia da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova (Fupac). RESUMO Este trabalho observa o papel do currículo integrado à proposta pedagógica da Educação Infantil e sua importância para a construção do conhecimento. A construção da proposta pedagógica integrada ao currículo é caracterizada e contextualizada com a realidade do discente e com o processo de aprendizagem, considerando os aspectos sociais e culturais de forma a valorizar a diversidade. O objetivo deste trabalho consiste em compreender a criança como um ser pertencente ao contexto social, onde a proposta pedagógica deve ter a interação escola e comunidade. Tais especificidades buscam contribuir para o debate das propostas curriculares no âmbito da educação infantil. Palavras Chave: Currículo; Educação Infantil; Proposta Pedagógica; Cuidar e educar. ABSTRACT This study aims to present the role of the integrated curriculum to the educational proposal of early childhood education and its importance for the construction of the student's knowledge. It also presents the concept of curriculum, the definition of the pedagogical proposal and its objectives, the importance of caring for and educating at the same time. Throughout the work, also shows up the importance of building integrated pedagogical approach to the curriculum in context for learning is significantly always starting from the reality of the student, always considering its social and cultural aspects and always valuing diversity. Keywords: Curriculum. Child education. Pedagogical proposal. Care and education. 1. INTRODUÇÃO O currículo é considerado parte integrante da proposta pedagógica quando se menciona educação infantil. A educação passou por vários processos de mudança, o perfil

68 de uma educação tradicionalista e autocrática ficou obsoleto. Com essa mudança a educação passou a ser vista como um processo de socialização do sujeito, a construção de um conhecimento crítico e os conteúdos contextualizados para proporcionar uma aprendizagem significativa aos discentes. Com essa nova visão de educação, a proposta curricular da Educação Infantil, deve ser construída com a participação coletiva de todos os segmentos do processo educativo e com bases nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil. As mudanças na educação proporcionaram também, alterações no currículo, sendo possível perceber a realidade do contexto escolar. Desde forma, o currículo não pode ser trabalhado de forma isolada, onde o grande desafio é a inserção do mesmo na proposta pedagógica, visando o desenvolvimento da criança. Também deve ser levada em consideração, a necessidade de organização e planejamento das atividades propostas, considerando a diversidade e variedade na proposição dos tempos e espaços nas instituições infantis, para que seja possível a maior interação, bem como a relação espaços internos e externos (SOUZA, 2001). Diante do exposto, buscar-se-á responder neste estudo, ao seguinte problema de pesquisa: Como deve ser construída a proposta pedagógica de forma a propiciar a integração do currículo em todas as suas dimensões, de maneira que contemple e valorize a diversidade cultural, social e histórica dos discentes? A partir deste contexto, é possível perceber a realidade na qual estão inseridos, trabalhando o concreto, e quando compreendido, avançar para o abstrato, respeitando os níveis e etapas de desenvolvimento. Como objetivo geral deste trabalho, é proposto compreender a criança como um ser pertencente ao contexto social, onde a proposta pedagógica deve ser desenvolvida a partir de observações da escola e da comunidade. Como objetivos específicos, buscar-se-á analisar as transformações de todo o processo ensino-aprendizagem; e demonstrar a importância da flexibilização e contextualização do currículo no processo de ensino aprendizagem. A justificativa do trabalho proposto compreende em entender o papel do currículo na proposta pedagógica, dando ênfase ao desenvolvimento da autonomia da criança, considerando seus aspectos nas diversas dimensões, intelectual, cognitivo e emocional, assim, um currículo contextualizado e situado no cotidiano do discente, levará à criticidade em sua formação, tornando-o um sujeito ativo e participativo na sociedade, reconhecendose com sujeito de sua própria aprendizagem, sabendo resolver conflitos e sendo cidadão consciente

69 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 A Proposta Pedagógica No ambiente Educacional, a proposta pedagógica é uma ferramenta que conduz a prática escolar. Para que a proposta pedagógica seja eficaz e traga recursos que contribuam para a prática, é necessário que ela seja construída de forma conjunta e colaborativa de todos da comunidade escolar. Segundo Brasil (2010, p.13), define como proposta pedagógica: Proposta pedagógica ou projeto político pedagógico é o plano orientador das ações da instituição e define as metas que se pretende para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças que nela são educados e cuidados. É elaborado num processo coletivo, com a participação da direção, dos professores e da comunidade escolar. Segundo Faria e Salles (2012), é um documento que sistematiza, organiza e orienta a prática. É uma perspectiva democrática e apoio da Secretaria de educação na sua elaboração. A proposta pedagógica traça metas e objetivos para Educação Infantil, com a finalidade de garantir o desenvolvimento pleno da criança, além disso, ela aponta sentidos e razões para a construção da identidade da instituição, tendo a criança como foco do processo educativo. A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo garantir à criança acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças. (BRASIL, 2010, p. 18). 2.2 As teorias de Currículo O currículo é um dos elementos da proposta pedagógica e com o passar do tempo, seus conceitos passaram por diversas transformações. Antes o currículo era visto como definição de conteúdos, objetivos, atividades e metodologia a serem trabalhadas pela instituição escolar, estabelecidas por faixa etária. Atualmente essa visão passou por um processo de mudança, pois a ideia de currículo é articulada com todos os elementos de uma

70 proposta pedagógica, não podendo ser construído de forma isolada, tem de ser contextualizado e adaptado para atender as necessidades da criança como um todo. Conforme Brasil (2012, p. 12), diz respeito, Conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade. Ao longo da história da educação e sua evolução, as mudanças se fizeram necessárias, proporcionando melhorias no processo de ensino aprendizagem: Pode-se dizer que currículo é a vida da escola, incluindo todos os movimentos no convívio escolar- as experiência e vivência que ocorrem dentro de um ambiente educativo formal. Currículo é o que é percebido por nós, pelos alunos, professores, gestores, funcionários, pais (ou seja, pela comunidade escolar), mas também apresenta vários aspectos que não conseguimos perceber. Dessa forma, o currículo quando se transforma em ações utiliza uma forma de expressar-se, por isso utilizamos a expressão linguagem do currículo ; isto é, a forma como ele se apresenta na prática escolar. O currículo é tudo que é possível dentro do mundo possível da educação. (ULBRA, 2007, p ). Desta forma, a eficácia do currículo está assegurada desde que ele permita que o docente planeje suas ações e faça as alterações que forem necessárias, de maneira contextualizada, crítica e valorizando a diversidade. É possível perceber os avanços e os retrocessos no processo de ensino-aprendizagem, onde o currículo pode apresentar em três formas distintas, dentre elas, o currículo formal, o currículo informal e currículo oculto. As experiências de aprendizagens vivenciadas pelos alunos, as quais não emergiram diretamente dos programas propostos pela escola, é denominado de currículo oculto (UBRA, 2007). O fundamento do currículo oculto é o aprendizado de valores, costumes, comportamentos, atitudes, orientações, da ética, da moral. O currículo oculto, nesse sentido, representa uma emergência a partir do currículo manifesto, uma vez que possibilita aprendizagens que não resultam do conjunto formal e organizado pela instituição, mas a aprendizagens relacionadas a valores, atitudes e visão de mundo. (ULBRA, 2007, p.21). Quanto às características do currículo formal, este é composto de formalidades e prescrições que as Diretrizes Curriculares Nacionais estabelecem e é estabelecido na

71 escola, através da proposta pedagógica, dos regimentos escolares, dos projetos políticos pedagógicos e outros documentos que fazem parte da escola. O currículo formal estabelece relações com a dinâmica do ensino em situações formais, que constitui a substância do sistema, com a pretensão de constituir o processo de formação do cidadão (ULBRA, 2007). O Currículo informal não segue as formalidades das Diretrizes Curriculares Nacionais, mas tem objetivo de educar e ensinar a criança de alguma forma. O caráter do currículo informal é o de educar e conduzir as crianças ao conhecimento, assim como o formal, porém o que vai diferenciá-lo é que não segue as formalidades das Diretrizes Curriculares Nacionais. 2.3 Educação Infantil A educação infantil compreende crianças da faixa etária de 0 a 5 anos com o propósito de desenvolver as competências e habilidades das crianças, por meios de jogos, brincadeiras lúdicas, atividades que trabalhem o cognitivo, o motor, o emocional e temas transversais. É uma fase marcada por grandes descobertas, por curiosidades, imaginação e interação com o meio. Primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré-escolas, às quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social. (BRASIL, 2010, p.12). É nesta etapa que a criança aprende por meio do concreto, daí a importância de trabalhar com um currículo contextualizado, que contemple a diversidade, levando em consideração os conhecimentos prévios trazidos pela criança e a comunidade na qual eles estão inseridos, com isso, a criança desenvolverá a sua autonomia, sendo o sujeito de sua aprendizagem e o professor tem o papel de mediador desse processo. A educação infantil é marcada pela fase das descobertas, da imaginação e da criatividade da criança. Nesta fase a criança começa a desenvolver as habilidades que serão de fundamental importância nos próximos anos de sua vida. A educação infantil é uma etapa tão importante quanto às outras, sendo necessário e obrigatório que toda criança a partir de quatro anos seja matriculada em uma escola ou creche. 2.4 Criança

72 A criança é um ser pertencente a um contexto social, têm diretos, e é amparada pelo Estatuto da criança e do adolescente. É um ser capaz de pensar, criar, imaginar, descobrir e aprender. Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. (BRASIL, 2010, p.12). A criança é um ser em constante desenvolvimento, seja motor, físico, cognitivo, psicológico. É uma fase que necessita de estímulos, de cuidados, proteção, educação, orientação, afeto, atenção. Portanto, é fundamental a presença de um adulto mediando este processo de desenvolvimento. A fase da infância é marcada pela curiosidade, pela interação com o meio, por grandes descobertas. Envolve mudanças de comportamento, é o período em que constrói conhecimentos que dão base para a formação da personalidade. O desenvolvimento da criança implica uma série de experiências, aprendizagens, de convívio social, cultural, que serão indispensáveis e essenciais para sua formação, posteriormente, como adulto. 2.5 Cuidar e educar Com o avanço e necessidades da vida cotidiana surgiram as primeiras creches. As creches foram criadas com a finalidade de abrigar as crianças enquanto os pais operários trabalhavam em longas jornadas nas indústrias. Foram criadas também para tirar as crianças das ruas, que ficavam vulneráveis aos perigos e a violência que a rua podia oferecer. Num primeiro momento, as creches apenas atendiam uma necessidade social, pois os pais tinham que trabalhar, as indústrias precisavam da mão de obra e a sociedade temia o aumento da violência. Finalmente a questão de cuidar e educar estão associados à educação infantil. Segundo Faria e Salles (2012, p.67), o termo cuidar traz a ideia de preservação da vida, de atenção, de acolhimento, envolvendo uma relação afetiva e de proteção. Cumpre o papel de propiciar ao outro bem-estar, segurança, saúde e higiene. Outra questão fundamental no contexto coletivo em educação, é que não é suficiente a participação representativa dos pais, como reuniões organizadas por eles, se faz mais do que isso, sendo necessários dispositivos múltiplos, para que possam ser atendidas as

73 demandas das diversas famílias, considerando suas limitações e necessidades, logo, os primeiros dias de adaptação na escola devem ter atenção diária (RAYNA, 2013). Em qualquer situação o educar deve estar associado ao cuidar, principalmente quando se trata da educação infantil, na qual, as crianças nessa fase precisam de mais atenção, afeto, proteção e estímulos para que possam desenvolver seu processo de construção de conhecimento. O termo educar tem a conotação de orientar, ensinar, possibilitar que o outro se aproprie de conhecimentos e valores que favoreçam seu crescimento pessoal, a integração e a transformação do seu meio físico e social (FARIA; SALLES, 2012, p. 67). Na educação infantil o cuidar e o educar devem ocorrer de forma lúdica, direcionando a educação a partir das vivências e experiências do dia-a-dia. Com ênfase no cuidar e o educar, a creche possibilita a criança a seguir rotinas no que diz respeito a horários, socialização, participação, exposição de ideias, adquirindo autonomia, conduzindo para a construção da sua própria identidade. 3. CONCLUSÃO O currículo e a proposta pedagógica devem-se homogeneizar para que a educação infantil proporcione um aprendizado crítico e significativo as crianças, sendo necessário construção do currículo integrado à proposta pedagógica. Assim, a criança deve ser considerada como um todo, tanto no ambiente social como cultural e histórico. Como um dos elementos da proposta pedagógica, o currículo deve ser construído de forma coletiva, com a participação de todos os atores educativos, principalmente se tratando de uma fase da educação que compreende crianças de zero a cinco anos. Está fase é evidenciada pela importância do cuidar e do educar, desenvolvimento e aprendizado, interação da criança com o meio, socialização e descobertas. O currículo é uma ponte entre a teoria e a ação, que irá mediar todo o processo de ensino aprendizagem, daí a importância da sua flexibilização e contextualização, considerando a realidade do aluno, de forma a valorizar a cultura e diversidade. Quando construído de maneira lúdica, proporciona significações ao aprendizado dos alunos, que permite a plena formação do sujeito

74 Para que a aprendizagem seja efetiva, é fundamental que o aluno seja sujeito de seu conhecimento, então se faz necessário no contexto atual da educação um currículo que considere a criança em suas diversas dimensões, dentre elas a cognitiva, intelectual, psicológica, emocional e social. Em função das modificações e transformações no meio educacional, a reformulação da proposta pedagógica deve contemplar os variados tipos de currículo, como o formal, informal e o currículo oculto, para que desta forma seja possível garantir uma aprendizagem significativa na formação dos cidadãos e sociedade. Finamente, considera-se a importância que cada escola têm na participação da construção de sua proposta pedagógica e currículo, de forma coletiva e ampla, considerando a realidade na qual está inserida, ou seja, uma espécie de identidade, para que o pleno desenvolvimento da criança seja garantido. 3. REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Brasília: MEC, SEB, FARIA, Vitória; SALLES, Fátima. Currículo na Educação Infantil. 2 ed. São Paulo: Àtica, RAYNA, Sylvie. Revista Pró-Posições. Campinas, n. 3, v. 24, set./dez., Disponível em: Acesso em 04 de novembro de SOUZA, Gisele de. Currículo para os pequenos: o espaço em discussão. Revista Educar. Curitiba: UFPR, n. 17, p , 2001 Disponível em: Acesso em 04 de novembro de UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL. Escola e Currículo. Curitiba: Ibpex,

75 O PRECONCEITO NO FUTEBOL E FUTSAL FEMININO O CASO DE MARIANA/MG. Daniela Gomes Rosado Victor Lana Gonçalves Janaína Mendes RESUMO O presente estudo buscou avaliar a existência do preconceito no futebol e futsal feminino na cidade de Mariana, Minas Gerais. A proposta foi discutir os preconceitos enfrentados pelas mulheres que praticam esse esporte, dentre eles o preconceito da família, da sociedade e da própria equipe de atletas. A avaliação foi desenvolvida por meio de uma entrevista semiestruturada com 11 atletas da equipe Style da cidade de Mariana, sendo esta a amostra do estudo. As atletas representam a cidade em campeonatos municipais e regionais. Os resultados encontrados indicam que, em pleno o século XXI, ainda existe o preconceito da sociedade, da mídia e da família, na participação das mulheres (amadoras ou profissionais) no futebol e futsal feminino. As alegações mais observadas foram que o futebol é um esporte para homens e que a mulher é um ser frágil e dependente. Foi possível concluir, deste modo, que apesar de todos os preconceitos encontrados, as entrevistadas não deixaram de praticar o futsal/futebol e estão em constante luta pelo respeito e igualdade dentro desse esporte. Palavras chaves: Mulher, Preconceito, Futebol. Área temática: Ciências Humanas

76 1. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, é crescente participação da mulher em ambientes legitimamente considerados como masculinos. Tal condição tem revelado uma nova dinâmica social caracterizada, especialmente, pela redução das diferenças entre os gêneros (RAGO, 2007; BATISTA & DEVIDE, 2009). O movimento de emancipação feminina é visto de diversas formas nos dias atuais. Essas formas acontecem desde a adoção de estilos de vida muito próximos ao masculino, até a flexibilização nas maneiras como as mulheres lidam com o seu próprio corpo. Segundo HULT (1994), a participação feminina no esporte sempre foi alvo de muitas controvérsias. Há algumas décadas, as mulheres eram proibidas de participar de qualquer atividade esportiva, sob diversas alegações. Alegações essas que apontavam desde a fragilidade física, passando pela sua condição materna, indo até mesmo ao fato de que a arena esportiva fortalecia o espírito do guerreiro masculino, sendo apontado como o único local no qual a supremacia masculina seria incontestável. Mesmo em ritmo lento e considerando todas essas questões, as mulheres estão conquistando diversos embates pelos direitos iguais, possibilitando assim a conquista de vários setores da sociedade, que antes eram vivenciados apenas pelos homens. As diferenças entre o corpo da mulher e do homem foi durante muito tempo visto em patamares hierarquicamente diferentes, em que o corpo do homem é supervalorizado em relação ao corpo da mulher. A cada ano que se passa, é possível perceber uma maior participação da mulher no fenômeno esportivo, em diversos aspectos, seja assumindo posições nas transmissões, atuando nas comissões técnicas, trabalhando na arbitragem e também de forma destacada como atleta profissional e/ou amador. No caso do futebol, um esporte tradicionalmente associado à virilidade e ao esforço físico masculino, tem-se notado um aumento na participação feminina, principalmente impulsionada pelas competições internacionais de destaque, como a Copa do mundo e também o fortalecimento nacional, com o surgimento da secretária ministerial responsável pelo fomento e desenvolvimento do futebol feminino e pelo nascimento do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino luta antiga das atletas brasileiras. Independente da falta de apoio e de visibilidade ao futebol feminino, o mesmo tem trazido ao país resultados expressivos em campeonatos internacionais, como o 3º lugar conquistada na Copa do Mundo (1999), o 3º lugar no Mundial Sub-20 (2006), a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio em 2007, o 2º lugar na Copa do Mundo (2007), além de termos a melhor atleta de todos os tempos, com cinco prêmios da FIFA, Marta Vieira da Silva. Todos esses elementos levam o Brasil, também no futebol feminino, a se destacar em diversas competições esportivas e sempre ser considerada uma das equipes mais fortes para disputar o título. Nos últimos tempos, a participação da mulher na sociedade tem reduzido as diferenças entre os gêneros e a igualdade de direito (RAGO, 2007; DEVIDE, 2009). De acordo com Martin (2006), do espaço privado ao espaço público da convivência social, do trabalho doméstico ao trabalho assalariado, a ampliação dos espaços sociais, conquistados pelas mulheres, se consolidou a partir de resistências e reivindicações que não cessaram de reclamar condições de igualdade em relação ao homem, mostrando assim seu poder e sua força, acreditando nas mudanças de um país mais justo e pessoas menos preconceituosas. Diante dos objetivos, a presente investigação questiona: Será que esse avanço é visível no futebol? Será que as atletas ainda enfrentam preconceito? Será que sua sexualidade é

77 questionada devido a escolha da prática desse esporte? Quem são as pessoas que discriminam essas mulheres: família, amigos, parentes ou sociedade? Como elas enfrentam esse preconceito? Porque resolveram praticar uma atividade socialmente determinada como masculina? A existência do preconceito contra a mulher tem sido evidente em diversos contextos da sociedade. No ambiente esportivo essa condição, possivelmente, não deve apresentar outro comportamento. Muitas são as críticas realizadas as mulheres que se arriscam a participar de modalidades esportivas que se limitavam anteriormente, em tese, à participação masculina. A relevância desse trabalho, portanto, está em avaliar o preconceito presente na vida de mulheres que decidiram praticar futebol e futsal, sendo este esporte reconhecido e valorizado para o gênero masculino. Dessa forma, é importante compreender e analisar esse contexto do preconceito enfrentado pelas mulheres de Mariana que praticam futebol e futsal, para poder aprofundar as discussões nesse tema que é tão caro ao desenvolvimento da sociedade contemporânea. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Fundamentação Teórica O início do futebol feminino no Brasil Existem diferentes versões quanto às primeiras práticas do futebol feminino no Brasil. Segundo Salles et. al. (1996), o início dessa modalidade esportiva aconteceu nos anos de 1975, em partidas de futebol feminino, realizadas no Leblon, bairro do Rio de janeiro. Esse registro foi realizado pelo Jornal do Brasil e publicado em 29 de novembro de No relato desse mesmo jornal, as partidas de futebol feminino aconteciam tarde da noite em função das jogadoras serem empregadas domésticas e passarem a maior parte do dia trabalhando. Já a Revista Veja, publicada no ano de 1996, relata em uma das suas matérias que o futebol feminino teve seu início marcado por jogos organizados por diferentes boates gays no final da década de 70. Ainda tendo como debate o início do futebol no país, o Jornal Brasil, também no ano de 1996, revela que o futebol feminino esteve relacionado a peladas de rua e a jogos beneficentes. Para exemplificar, o mesmo cita um jogo ocorrido em 1959 por atrizes do teatro de revista, que jogaram uma partida beneficente no estádio do Pacaembu. Na verdade, o futebol feminino institucionalizado teve o início em meados da década de 80. Salles et al. (1996) afirmam que no Rio de Janeiro constam informações que a primeira liga de futebol feminino do Estado do Rio de Janeiro foi fundada em 1981, e que muitos campeonatos que se seguiram eram patrocinados por diferentes empresas. Ocorreu o I Campeonato de Praia Feminino do Rio de Janeiro- Copertone Open de Futebol Feminino, I Torneio de Futebol Society Feminino Casas Pernambucanas; I Copa Regine's Cinzano de Futebol Feminino, Copa Unibanco de Futebol Feminino e outros. De acordo com o Jornal Brasil (1996), em rápido resumo da história do esporte, a explosão do futebol feminino no país ocorreu na década de 80. O time carioca Radar colecionou títulos nacionais e internacionais. Em 1982, conquistou o Women's Cup of Spain, derrotando seleções da Espanha, Portugal e França. A vitória estimulou o nascimento de novos times e, em 1987, a CBF já havia cadastrado 2 mil clubes e 40 mil jogadoras. No ano seguinte, o Rio de Janeiro organizou o Campeonato Estadual e a primeira seleção nacional conquistou o terceiro lugar no inédito Mundial da China. O ano de 1988 marcou também o início da decadência do Radar e, com ele, do futebol feminino do Brasil. Somente em janeiro de 1991, os dirigentes voltaram a procurar as jogadoras para formar uma seleção para o Mundial na China. Nessa época, o regulamento já era o mesmo do futebol

78 masculino. Com a entrada do esporte nos Jogos Olímpicos, o Brasil novamente, alcançou o quarto lugar na Olimpíada de Atlanta. Mas, por quê depois de décadas sendo praticado quase que exclusivamente por homens, o futebol passa a ser praticado por mulheres? No contexto do início da prática do futebol feminino no Brasil não é possível deixar de lado o papel desempenhado pela mídia, especificamente, da Rede Bandeirantes atualmente BAND, que teve papel decisivo no fortalecimento e divulgação desta modalidade no Brasil, possivelmente, por interesses econômicos e não na tentativa de romper com os valores sexistas e discriminadores. Em meados da década de 80, a televisão passou a exibir os jogos de futebol feminino, pois, como afirmou Kenski (1995), o esporte é um ótimo investimento, já que o espetáculo é fácil de ser produzido, os cenários e atletas já estão preparados e custa pouco para os investidores, sendo que, para a mídia em geral, o esporte é uma fonte inesgotável de notícias, de público e de lucro. A Rede Bandeirantes detinha na época um grande espaço dedicado aos esportes em geral e levando-se em conta que o futebol masculino é disputado por diferentes redes a um custo mais alto, a emissora, para preencher os espaços destinados ao esporte, abriu oportunidades para o futebol feminino na televisão. Talvez seja esse o início da popularização do futebol feminino no Brasil. Em 1997, Todaro coordenou uma pesquisa que objetivava compreender melhor o início do futebol feminino no país, tendo em vista principalmente resultado expressivo da seleção brasileira na Olimpíada de 1996 e para tal ouviu uma atleta que esteve na olimpíada e deu boas contribuições ao trabalho: "Eu sempre fui muito sapeca. Gostava de subir em árvores, eu era muito ativa e geralmente as meninas de meu tempo eram "paradas", não gostavam de correr, de brincar e geralmente quem fazia estas coisas eram os meninos, principalmente a nível de escola. Eu sempre ficava com os meninos brincando, jogava com meus irmãos, meus primos e as meninas ficavam brincando de boneca e casinha. Isto não me interessava. Eu adorava fazer tudo o que tinha vontade" (Todaro, 1997). Na verdade, este depoimento retrata os desejos e a expressão das potencialidades humanas existentes em cada um e que são muitas vezes dificultadas pelos estereótipos de gênero. O futebol feminino cada vez mais vem evoluindo, conquistando vários títulos, e resultados expressivos, como o próprio Comitê Olímpico Brasileiro afirma Nos jogos Olímpicos as brasileiras tem tido um melhor desempenho, pois desde a primeira vez em que o futebol feminino participou das Olimpíadas, nossa seleção esteve sempre entre as quatro melhores (COB, 2010). Preconceito e Futebol Feminino O preconceito com relação às mulheres acontece desde o início da propriedade privada, na qual o homem considerava as suas senhoras como propriedade e estas serviam apenas para procriar, como relata Engels (2002). Sendo assim, as mesmas não poderiam expressar suas vontades e eram submissas aos homens. Por hipótese, podemos sugerir que esse preconceito se apresenta também nas atividades esportivas, e dentre elas o futebol. Já que as práticas esportivas não brotaram do chão nem desceram do céu, elas são frutos das contradições e mediações impostas pelo modo como o homem estabelece suas relações sociais que são determinadas pelo modo de produção e de reprodução da vida (MARX, 1985)

79 Segundo Daólio (1997), o preconceito se apresenta de várias formas. E ainda o autor exemplifica suas manifestações na cultura, pois por meio dela podemos observar que desde pequena as crianças são influenciadas pelos familiares, ao brincar com determinados brinquedos de acordo com o gênero, ou seja, se forem meninas, brincam de boneca, caso contrário, jogam bola, brincam de carrinho. Outra forma de preconceito é o de gênero, no qual se quer delimitar o tipo de esporte que se deve praticar de acordo com o sexo do indivíduo e não através do desenvolvimento corporal nas modalidades esportivas, independente de gênero. Em relação à mulher nas modalidades esportivas e neste caso, no futebol, o preconceito existe de diversas formas e apesar de haver diversos estudos sobre este tema, ainda há necessidade de conhecimento sobre o assunto abordado, sendo de suma importância para a sociedade. A cultura exerceu grande influência com relação ao preconceito no futebol feminino, pois delimitou desde crianças, espaços e brinquedos lúdicos específicos para meninos e para meninas. Daolio (1997) explanou que as crianças, ao nascerem, eram condicionadas, dependendo de qual era o sexo, a agir de uma forma determinada, ter certas preferências. Sendo meninas ganhavam bonecas, miniaturas de utensílios domésticos; sendo meninos ganhavam carrinhos, bonecos de super-heróis. Por consequência da cultura de que meninas deveriam ficar em casa ajudando as mães nos afazeres domésticos enquanto os meninos deveriam ficar pelas ruas correndo, pulando, jogando bola, andando de bicicleta, enfim, se divertindo. Surgiu então, a criação do Decreto Lei nº 3.199, de 14/04/1941, que estabelecia a base de organização do desporto nacional. Em seu artigo 54, o presente decreto proibia às mulheres de praticarem desportos incompatíveis com as condições de sua natureza. Todavia, este decreto só foi regulamentado em 1965 pelo Conselho Nacional de Desportos, o qual estabeleceu normas em relação à prática esportiva pelas mulheres, não permitindo que as mesmas praticassem lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de praia, futebol de salão, halterofilismo, beisebol e pólo (MOURÃO; MOREL, 2005). De acordo com Sugimoto (2003), ainda surgiram médicos, os quais afirmavam que os choques que poderiam acontecer entre as mulheres durante as partidas, seriam prejudiciais aos órgãos reprodutores. Contudo, como eles chegaram a esse indício de que as mulheres poderiam se prejudicar na prática de esportes com altos índices de contato físico, se os homens, também praticantes destes esportes, possuíam órgãos reprodutores e não sofriam com problemas de saúde? Pelo contrário, a prática da atividade física só os beneficiava. Segundo o mesmo autor, houve o envio de uma carta datada de 25/04/1940, ao Presidente Getúlio Vargas pelo cidadão José Fuzeira, a qual repercutiu em toda imprensa. Fuzeira estava preocupado com o número de clubes femininos de futebol que estavam surgindo, tentando com este aviso, alertar o governo sobre o quanto afetaria a saúde das mulheres, se as mesmas continuassem a praticá-lo. De acordo com Viana (2012), meninas que tinham preferências por esportes que tinham hegemonia masculina, sofriam bastante preconceito. A autora teve esse tipo de experiência em casa, através dos pais os quais não a queriam jogando futebol. A mãe a colocou no balé, o qual participou dos 4 aos 14 anos, pois era coisa de mulher já que era delicado, feminino, enquanto o futebol era coisa de homem. A mesma citou que não sabiam informá-la sobre o que era ser feminina, nem mesmo ser masculino, porém era algo que ela escutava com frequência e não entendia o significado. No entanto, mesmo sem o consentimento dos pais, Viana (2012) praticou futebol em um time formado apenas por meninas de 15 a 20 anos. Outro preconceito observado pela autora foi o relacionado à orientação sexual das meninas. Aquelas que escolhiam usar bermudas largas, camisas grandes, e tinham cabelos curtos, eram tidas como homossexuais, já que na concepção

80 de algumas meninas, o tipo físico, a forma com que algumas praticantes se vestiam, eram indícios de que eram homo afetivas e por isso, não seriam bem vindas ao time. Esta idealização em relação aos homossexuais vem de um estereótipo de que mulheres que se vestem parecidas com os homens, são gays e vice-versa, está impregnada na cultura brasileira e em consequência, nas práticas esportivas. Não é somente no futebol que acontece esse tipo de preconceito. Em diversos esportes que têm uma denotação de serem somente para homens também é encontrado. Contudo, sabe-se que não é bem assim. Tanto mulheres femininas como homens masculinos também são homossexuais. Daí, podemos perceber o quão enraizado está o preconceito, que é exposto de variadas formas e através de diferentes pessoas, sejam eles adolescentes, adultos e em ambos os sexos. O modelo popular do esporte britânico materializa a crença estendida de que homens e mulheres têm naturezas biológicas e psicológicas fixas, essencialmente diferentes, sendo que o esporte constitui-se em um domínio natural dos homens. A autora admite ainda que o esporte constitui-se em uma fonte importante de discriminação sexual, na medida em que o desportista representa o foco simbólico do poder masculino (HARGREAVES, 1993). Neste sentido os esportes de contato como o futebol, estão ligados totalmente ao ideal de força e arrogância masculino, em contraposição às representações de timidez, fragilidade e dependência, vinculadas ao universo feminino (MOURA, 2005). Assim, a força e a agressividade, próprios de atividades como o boxe, o rúgbi ou o futebol implicam a ideia de que os homens se preparam também para o trabalho e a batalha e, pelo contrário, os esportes considerados femininos como a ginástica, o nado sincronizado e a patinação no gelo, enfatizam o equilíbrio, a coordenação, a flexibilidade e a graça, e idealizam as imagens populares de feminilidade. Hargreaves (1993) lembra ainda que o conflito entre a participação em esportes vigorosos e as imagens de feminilidade é óbvio. Isso se reflete na recorrente utilização de imagens de mulheres atuando nos esportes considerados mais apropriados a elas como o tênis, a ginástica, a patinação e a natação para veiculação em revistas femininas, externando ainda o ideal de mulher objeto para satisfazer os desejos masculinos, por meio de fotos provocantes e sensuais. Sob esta mesma ótica, Goellner (2005) discute e critica a utilização do apelo à beleza e à erotização dos corpos femininos como uma estratégia de marketing, no sentido de atrair uma quantidade maior de espectadores aos estádios e consequentemente, patrocinadores ao esporte, no caso o futebol. A autora reforça tais afirmações recorrendo à estratégia adotada pela Federação Paulista de Futebol (FPF) que explicitava em seu regulamento do campeonato paulista de futebol feminino de 2001, a expectativa de realizar um evento no qual seria valorizada a questão estética e não apenas os aspectos técnico-táticos. Referindo-se ao mesmo episódio, Franzini (2005) classifica a estratégia levada à cabo pela FPF e pela empresa Pelé Sports & Marketing como mais um demonstrativo da ideologia machista que predominava no universo do futebol brasileiro. Segundo o autor, a prerrogativa assumida pelos organizadores do torneio, segundo a qual deveriam ser implementadas ações que enaltecessem a beleza e a sensualidade da jogadora para atrair o público masculino, poderia ser traduzida como calções minúsculos, maquiagem e cabelos longos, presos em rabos-decavalo. Este cenário sustenta a imagem da atleta símbolo sexual, que deve assumir os atributos de sensualidade em uma instância superior aos atributos de atleta. A mulher atleta que não se enquadra neste perfil passa a ser taxada como lésbica ou mulher-macho (HARGREAVES, 1993). A título de exemplo é possível verificar que as meninas que jogam futebol, conforme afirma Seabra Júnior (2009)

81 [...] são estereotipadas como machonas, homossexuais, já que o futebol é colocado como coisa de homem ; de outro lado os meninos apresentam uma tendência de se comportarem como os donos da bola, assumindo muitas vezes comportamentos agressivos, externados física e/ou verbalmente contra as meninas, na intenção de exercer seu papel de dominação, mostrando por meio do futebol sua masculinidade (SEABRA JÚNIOR, 2009). Estes mecanismos de dominação utilizados como forma de expressão da masculinidade, podem ser encontrados na tendência dos homens a se opor às tentativas das mulheres em participar ativamente de esportes que eles consideravam como uma reserva particular (MOURA, 2005). Em contrapartida, não se pode perder de vista as inúmeras conquistas da mulher no espaço público, permitindo que cada vez mais elas ocupem territórios ditos masculinos na esfera do esporte e do lazer. De acordo com Dunning (2003), estas conquistas estariam motivadas por fatores como a busca pelas mesmas satisfações miméticas, sociais e de mobilidade obtidas pelos homens nos esportes, juntamente com melhoria na identidade, autoestima, segurança e hábitos, bem como pelo desejo de igualdade com os homens, superando as frustrações impostas por experiências de coação e limitações tradicionalmente ao papel feminino. Seguindo esta lógica, o autor admite que as mulheres têm obtido consideráveis avanços em esportes que tradicionalmente são considerados como inadequados para o sexo feminino, como o boxe, rúgbi e o futebol. Tais esportes envolvem o contato corporal e/ou formas de combate que realçam a combinação de força, agressividade e velocidade, entrando em contradição com as noções socialmente dominantes de feminilidade (DUNNING, 2003). No entanto, é importante que se tenha em mente que a aproximação da mulher com o universo do esporte e, em especial, àquela instância do esporte legitimado como masculino, quase sempre se faz por meio de lutas que envolvem avanços e retrocessos. No documentário Deixa que eu chuto 11, que trata da realidade do futebol feminino brasileiro, podemos assistir a uma constante luta pela autoafirmação de meninas e mulheres, pelo e para o futebol. Nesta luta, cabe destacar o depoimento de uma das garotas, Aline, que de forma bastante lúcida sinaliza - não exatamente com estes termos - para as desigualdades entre o futebol feminino e masculino, como representação de um contexto macrossocial, traduzido tanto na construção cultural dos corpos masculinos e femininos, como pelo enorme abismo entre as condições enfrentadas pelas mulheres que pretendem jogar futebol e desfrutadas pelos homens que jogam futebol. No mesmo documentário, chama a atenção o depoimento da atleta Nildinha, que admite que realizar sonhos no futebol feminino estaria ligado a ter uma casa própria e viver bem e, da jogadora Marta que sonha com uma liga de futebol no Brasil para que as próximas gerações tenham uma boa estrutura para jogar e viver de forma digna, coisa que a sua geração não teve. De acordo Goellner (2003), nossa hipótese é de que, diferentemente do futebol masculino, o futebol feminino não usufrui das mesmas condições de visibilidade e do mesmo reconhecimento social devido a relações conflituosas de gênero, decorrentes da inserção da mulher no espaço esportivo, culturalmente considerado como masculino (GOELLNER, 2003, p. 267). Por outro lado, o preconceito está vinculado à necessidade de assegurar a reprodução do arquétipo feminino de "maternidade" e "dona do lar" de maneira a impedir, bloquear ou retardar a quebra da hegemonia econômica capitalista que reconhece a divisão binária entre "homem/sexo forte" e "mulher/sexo frágil" como a única legítima aos olhos da sociedade. Por isso é tão importante discutir o papel da mulher num espaço e tempo considerado extremamente masculino como futebol

82 2.2 Metodologia Esse trabalho foi um estudo qualitativo, descritivo, transversal e de campo, que foi realizado com as jogadoras de futebol/futsal feminino da Cidade de Mariana MG. Segue-se de um elemento indispensável para o desenvolvimento da pesquisa: a revisão bibliográfica. Segundo Gil (2008) esta é uma etapa fundamental para qualquer pesquisa, pois permite ao investigador a cobertura de uma gama de fenômeno de maneira muito mais ampla do que aquele que poderia pesquisar diretamente como também, o possibilita compreender mais profundamente o objeto estudado, através da leitura das produções científicas historicamente publicadas na temática abordada (GIL, 2008). A pesquisa foi feita com uma equipe de futsal, tal escolha se justifica por existir um maior número de equipes de futsal feminino do que de futebol de campo, no município analisado. Esse fato deve-se, em grande parte, a maior facilidade de organização de equipes de futsal do que de futebol de campo, pois o número de jogadoras necessárias para jogar é inferior, bem como o espaço físico necessário é menor. Isso já evidencia parte das dificuldades enfrentadas para do futebol feminino Foi selecionada uma equipe da cidade de Mariana-MG que oferece oportunidades esportivas em diferentes modalidades, dentre elas, o futebol de campo e o futsal. Definimos por realizar a pesquisa com um time com o qual eu faço parte, sendo mais fácil a coleta de dados. Apresentei a proposta de trabalho para todas as integrantes da equipe e todas ficaram entusiasmadas com a ideia de poder contribuir com o estudo. As entrevistas foram realizadas a partir do mês de Maio de 2016, sendo que ao final foram realizadas um total de 11 entrevistas. Elas foram gravadas por meio de gravador de áudio e posteriormente transcritas integralmente. A coleta dos dados aconteceu no local do treino, em ambiente reservado e protegido. Antecedendo a realização das entrevistas, foi informado o objetivo da pesquisa e apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Uma cópia assinada do TCLE foi entregue a cada voluntária. Os nomes das atletas não serão identificados no estudo, serão utilizados nomes fictícios. As protagonistas As mulheres entrevistadas atualmente treinam no time de futsal Style. Este é um time amador da cidade de Mariana. É uma região desenvolvida e é caracterizada pela mineração. Apenas algumas atletas moram na cidade, o restante vem de diferentes Cidades de Minas para integrar a equipe (Belo Horizonte, Itabirito, Pedro Leopoldo, Ouro Preto). A equipe Style foi fundada em 2006, pois várias atletas do time se reunião para jogar bola em uma das quadras da cidade a boa e velha pelada. A partir desses encontros semanais, decidiram se inscrever em um campeonato, primeiro passo para institucionalização da equipe. Atualmente a equipe Style disputa torneios municipais e regionais e conta com 18 atletas, 1 técnico, 1 auxiliar técnico e 1 roupeiro. Destaca-se o fato de que são atletas amadoras que não obtém lucros financeiros com está prática e possuem faixa etária entre dezoito e trinta anos. Para o desenvolvimento do estudo foi realizado uma busca de artigos nas bases de dados Bireme, MEDLINE, LILACS, SCIELO, ADOLEC e IBECS utilizando os seguintes descritores e palavras-chave nas línguas inglesa e portuguesa: "futebol feminino", "futebol", "mulher", "preconceito de gênero", "esporte", "mulheres", "esportes", "preconceito de gênero"

83 2.3 Resultados Antes de iniciar a apresentação e a discussão dos resultados, cabe destacar que a fim de proteger a identidade dos voluntários do estudo, os nomes utilizados serão fictícios. Em razão da temática do trabalho, optou-se por adotar nomes de grandes clubes do futebol brasileiro. A idade das entrevistadas variou entre 18 e 30 anos, sendo uma com 18 anos, duas com 21 anos, duas com 22 anos, uma com 23 anos, duas com 24 anos e três com 30 anos. Quando se é perguntada as atletas qual é a sua relação com futebol, as 11 jogadoras entrevistadas praticam esse esporte desde muito cedo, mas não falarão a idade certa, e deixando bem claro sua paixão pelo futebol, como indica o depoimento da entrevistada Internacional. Minha relação com o futebol é de amor. Jogo futebol desde os 10 anos de idade sou apaixonada com o futebol, mesmo que pareça um pouco estranho na minha vida futebol é uma necessidade, e foi de grande importância na minha formação. O futebol excita nossas emoções e purifica nossa alma, jogar futebol me faz sentir um grande prazer.(internacional) A questão número dois da entrevista, procura saber se as mulheres sofrem preconceito como praticante do futebol? Se (Qual? Como?) a sociedade, próprio time, e se elas já sofreram? Todas as atletas entrevistadas afirmaram que infelizmente as mulheres sofrem o preconceito por praticar esse esporte, sendo que as formas mais comuns estão relacionadas a questão da opção sexual, como nos casos que afirmam que mulheres que jogam futebol são consideradas sapatonas ou Macho fêmea. Sofre bastante né, a sociedade em geral acha que futebol não foi feito pra mulher que toda mulher que joga é considerada sapatão (Cruzeiro). O tempo toda a mulher ela sofre preconceito, o tempo todo principalmente dentro do futebol porque é a mulher quando ela se sujeita a entrar dentro de um campo ou de uma quadra ela é taxada como Maria macho como sapatona ou algo que diretamente implica ou compare ela com atitudes masculinas (Vasco). Outro ponto que se chama atenção refere-se ao preconceito da sociedade que muitas vezes não consegue ver com bons olhos mulheres jogando futebol e julgam por não ter um conhecimento e visibilidade. Essa passagem fica claro quando a atleta entrevistada diz: Existe o preconceito da sociedade porque na verdade não é visível o futebol feminino tem ai o preconceito (Flamengo). Na sociedade principalmente. Quando a pessoa pergunta o que eu faço logo respondo que jogo futebol, às vezes nem disfarçam e logo ficam com aqueles olhares de surpresos, mas tem também as pessoas que admiram muito. Pra algumas pessoas de mente fechada ainda o futebol é apenas para homens, mas vivemos em uma sociedade bem moderna onde o futebol feminino já bateu recordes sobre o masculino e estamos ganhando mais espaço a cada dia (América). E existe o preconceito também em torno de investimento em campeonatos, atletas, infra estrutura, mídia, sendo pouco reconhecido e valorizado por ser praticados por mulheres, muito diferente quando se trata de homens, como diz a atleta entrevistada Infelizmente acho que a sociedade e mídia contribuem também com esse preconceito pois vivemos em um país onde o futebol é o esporte mais popular, em jogos masculinos podemos ver lotações máxima de estádios e jogos sendo transmitidos em horários de destaques nas emissoras. Já com o futebol feminino não se vê tanto destaque, sem falar na diferença de salários para com o masculino que chegam a ganhar milhões diferentemente das atletas femininas (Corinthians)

84 Os preconceitos acontecem até nos dias de hoje, sempre em competições os troféus do masculino são maiores que os do feminino. Os juízes sempre são os mais fracos, os que não tem curso. As quadras são sempre as piores (Atlético). A desigualdade nas oportunidades ainda é bastante percebida, seja nas condições de acesso ao esporte, nas premiações de campeonatos, na relação com os patrocinadores e em tantos outros (Santos). Questionadas sobre o relacionamento da família com relação a pratica do futebol, as atletas afirmaram que algumas famílias apoiam estando presente e contribuindo para o sonho de sua filha, e outras não por achar que o esporte é agressivo e que meninas tem que brincar de boneca, como podemos perceber a fala da atleta Flamengo Algumas sim outras não, alguns acham que é um esporte masculino que mulher não pode praticar ai vem o preconceito, mas muitas famílias incentivam, ajudam e apoiam (Flamengo). Desde pequenas as crianças são influenciadas pelos familiares, ao brincar com determinados brinquedos, se forem meninas, brincam de boneca, caso contrário, jogam bola, brincam de carrinho. Nos dias de hoje depois de certa idade tem uma melhora em relação às famílias incentivarem as mulheres nesse esporte, mesmo assim ainda tem uma barreira, pois a mídia expõe que time feminino só tem Lésbica (Santos). Não acredito que a maioria dos pais incentiva suas filhas a jogarem futebol quando crianças não, a menina sempre é direcionada a brincar de bonecas e a brincar de casinha (Corínthias). Geralmente as famílias só incentivam homens a jogar futebol (Palmeiras). E quando foi perguntado se suas próprias famílias as apoiam, dez jogadoras apontaram que as famílias acompanham e incentivam em todos os fatores, tanto psicológicos quanto financeiros, sendo deste modo os principais incentivadores para que elas possam estar praticando. Esse ponto de vista fica evidente em vários trechos das respostas. Na minha família sempre tive incentivo, meus pais sempre me apoiaram tanto no financeiro quanto no psicológico (Atlético). Minha família sempre me apoiou. Principalmente minha avó materna, sempre me acompanhou em treinos, viagens e jogos. É ela a culpada por eu já ter jogado profissionalmente e por até hoje está com essa paixão pelo futebol. Minha mãe é meio contra porque deixo certos compromissos pra dar prioridade ao futebol (Risos), mas sei que no fundo ela me entende, torce e tem orgulho de mim de mais quando chego em casa com uma nova medalha (América). Comei a jogar na escola, quem mais me incentivou foi minha família (Botafogo). Uma atleta do time afirmou que sua família não apoia e são contra ela estar praticando essa modalidade, pensam que é um esporte que não existe futuro para as mulheres nesse mercado, principalmente por ser um esporte pouco valorizado e reconhecido, como cita a atleta entrevistada. No meu caso o povo critica fala que nunca vou pra frente mais não escuto muito eles, faço o que eu gosto e não dou ouvidos para ninguém (Cruzeiro)

85 O que mais me chamou a atenção foi que três atletas disseram que o pai foi o maior incentivador para que elas pratiquem essa modalidade, acompanhando e levando em estádios, jogos, campeonatos. Foi através dos pais que tiveram o conhecimento, apaixonaram-se e estão praticando até hoje. Minha relação com o futebol já vem de família, isso já está no sangue, mas o responsável por tudo é o meu pai que sempre me levou para assistir aos jogos (Santos). Eu comecei a praticar pelo incentivo do meu pai e meu irmão que sempre foram no campo jogar, sempre foram ao estádio e eu sempre ia com eles, eu sempre gostei desse esporte e na escola jogando futsal...futsal...futsal...e foi indo até hoje (Flamengo). Diretamente pelo meu pai que sempre acompanhou o futebol através dele que sempre me levava com isso comecei a conhecer a modalidade futsal (Vasco). Questionadas em relação ao que se pensa sobre a relação sexualidade, mulher e futebol, todas as entrevistadas remeteram imediatamente a questão da homossexualidade, sem que esse tema ao menos tenha sido mencionado pela pesquisadora. Tal situação revela que a homossexualidade encontra-se bastante presente na percepção social do futebol feminino brasileiro. Todas as entrevistadas afirmaram que Opção sexual não está ligada ao esporte como muitos rotulam, essas falas ficam evidentes em várias entrevistas como apresentamos a seguir: Por mim não tem nada a ver uma mulher jogar futebol e continuar sua vida de casada ou namorando com homem ou mulher. Tem preconceito sobre isso, porque muitas pessoas já chegam de cara e perguntam assim: a você joga futebol então você é lésbica? (Risos) é constrangedora essa pergunta, mas pra tudo tem uma resposta. Algumas ficam sim outras não. O que influencia certas atletas a serem ou não lésbicas não é em si o tipo de esporte mas são as amizades que acabam despertando certas curiosidades. O esporte futebol não tem culpa de nada (Risos) e existe muito respeito nesse meio com quem é lésbica ou com quem não é (América). Pra mim a relação entre mulher futebol e sexualidade é relativa, nem toda mulher que joga futebol, é homossexual, mas muitas pessoas julgam as mulheres que praticam esse esporte, pois pensam que é um esporte apenas para homens (Palmeiras). Eu vejo essa relação ligada ao preconceito, principalmente na questão da sexualidade, mais em minha opinião não existe relação alguma, eu sou mulher e gosto de futebol, sou heterossexual, não vejo problema nenhum em relação as minhas opções. Opção sexual não está ligada ao esporte como muitos rotulam (Internacional). Picazio et al (1999) admite que pessoas que desempenham papeis sexuais diferentes dos habituais, como mulher que joga bola, passa a carregar o estigma de homossexual. Os autores acrescentam ainda que uma mulher não é homossexual apenas por jogar futebol, não importa quão masculino ela apareça, o que define sua homossexualidade é o desejo de se relacionar com pessoas do mesmo sexo (PICAZIO et al, 1999 Apud AREIAS, 2006, p.78). Na última questão a pergunta era o que elas achavam das mulheres atuando profissionalmente no mundo do futebol (atletas, árbitros, técnicos, dirigentes), e foi visível em todas as entrevistadas a satisfação e emoção por muitas atuarem nesse cenário como atletas, árbitras e dirigentes, como elas próprias dizem. Eu acho muito bom está dando a visibilidade para mulher e mostrando que a mulher está cada vez mais capaz em fazer coisas que diziam que eram só para homens, principalmente as atletas profissionais que é uma coisa muito difícil de acontecer

86 3. CONCLUSÃO quando elas conseguem é um prazer assistir, é muito bom isso está acontecendo agora (Flamengo). Quando me deparo com uma mulher em um campo ou quadra de futebol trabalhando em jogos como arbitras, sinto muito orgulho pois acredito que a mulher tem seu espaço em todos os lugares que quiserem atuar sendo jogando profissionalmente ou trabalhando, a mulher deve ser respeitada sempre (Atlético). Eu acho simplesmente um máximo quando vejo mulheres como treinadoras, arbitras ou no comando da diretoria de algum time. Já tive treinadores homens e tive apenas uma treinadora mulher e ela foi extremamente muito importante pro meu crescimento dentro do futebol. Eu sou treinadora de futsal da categoria sub 5 até sub 13 e eu adoro fazer isso, amo muito mesmo. Tanto os alunos quanto os pais deles respeitam muito o que faço, por ser mulher às vezes ficam admirados mas respeitam (América). Quando me deparo com uma mulher em um campo ou quadra de futebol trabalhando em jogos como arbitras, sinto muito orgulho, pois acredito que a mulher tem seu espaço em todos os lugares que quiserem atuar sendo jogando profissionalmente ou trabalhando, a mulher deve ser respeitada sempre (Corinthians). Essa pesquisa percebeu através das respostas dadas pelas jogadoras entrevistadas, que mesmo em pleno o século XXI e de todos os resultados positivos que o futebol feminino conseguiu, ainda existe um grande preconceito da sociedade por pensar ser um esporte masculino, agressivo e principalmente pela questão da orientação sexual. O papel fundamental da família no processo de incentivo e apoio a prática esportiva foi destacado pelas atletas entrevistadas, os pais foram lembrados como os maiores incentivadores de suas filhas, no entanto, também existem casos de família que não apoiam seus filhos por acreditar não ser este um esporte financeiramente viável para mulheres e as vezes até agressivo por demais. Com relação à sexualidade, futebol e mulher podemos perceber que todas as atletas remeteram-se diretamente a opção sexual, deixando bem claro que a orientação sexual não está ligada ao esporte, onde esperam respeito de todas as pessoas. É visível a satisfação e emoção das entrevistadas ao se perguntar sua opinião sobre a participação das mulheres atuando profissionalmente no mundo do futebol, ganhando seu espaço e derrubando obstáculos, pela igualdade dos direitos e todos esses sentimentos foram relatados nas transcrições e trazidos para discussão no trabalho. Pode-se concluir, por fim, que a discussão sobre preconceito no esporte e especificamente no futebol/futsal feminino brasileiro ainda tem muito o que caminhar. Por esse recorte feito com as atletas de Mariana-MG, ficou evidente que as tensões sobre sexualidade, apoio familiar, apoio institucional e apoio financeiro/midiático estão presentes no cotidiano dessa equipe, bem como de muitas outras espalhadas pelo Brasil. Espera-se com essa pesquisa que tenha sido dado o pontapé para que os cursos de Educação Física, as aulas de Educação Física na escola e demais espaços de troca de conhecimento possam abrir suas portas para que essa temática seja discutida abertamente e o esporte feminino brasileiro possa continuar sua natureza de crescimento e de muitas vitórias. 4. REFERÊNCIAS MEZZAROBA, Cristiano. Os herdeiros : questões sobre o campo esportivo

87 COI, 2010, Wikipédia, a enciclopédia livre. Seleção Brasileira de Futebol Feminino. Disponível em: DAOLIO (1997). Izabela Almeida dos Santos. As formas de preconceito no futebol feminino. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº Mayo de Disponível em: DUNNING (2003) Osmar Moreira de Souza Júnior. A bola rola mais que as mulheres: A difícil busca de identidade no país do futebol (masculino) 2009, Disponível em: ENGELS (2002) Izabela Almeida dos Santos. As formas de preconceito no futebol feminino. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº Mayo de Disponível em: FRANZINI (2005) Osmar Moreira de Souza Júnior. A bola rola mais que as mulheres: A difícil busca de identidade no país do futebol (masculino) 2009, Disponível em: GIL (2008), Como Elaborar Projetos de Pesquisa. Antônio Carlos Gil, São Paulo. Disponíveis em GOELLNER (2003, p. 267), Fábio Luís Santos Teixeira. Preconceito no futebol feminino brasileiro: uma revisão sistemática uma revisão sistemática, v. 19, n. 01, p , jan/mar de 2013 Disponíveis em: file:///c:/users/usuario/downloads/ PB%20(6).pdf GOELLNER (2005) Osmar Moreira de Souza Júnior. A bola rola mais que as mulheres: A difícil busca de identidade no país do futebol (masculino) 2009, Disponível em: HARGREAVES (1993), Osmar Moreira de Souza Júnior. A bola rola mais que as mulheres: A difícil busca de identidade no país do futebol (masculino) 2009, Disponível em: HULT (1994), Lívia Bonafé D Ávila Junior. Futebol Feminino e Sexualidade.Revista das Faculdades Integradas Claretianas -N -2 janeiro/dezembro de 2009 Disponível em: JORNAL (Brasil , p.5) Suraya Cristina Darido O início do futebol no Brasil Motriz 8.2 (2002): Disponível: KENSKI (199), Frederico Witier Mazzonetto. A influência da mídia na escolha dos conteúdos das aulas de Educação Física. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de Disponivel em: LIMA, ( 1997), Edna Lúcia da Silva, Metodologia da Pesquisa e Elaboração de Dissertação, Florianópolis Disponíveis em:

88 MARX, (1985) Izabela Almeida dos Santos. As formas de preconceito no futebol feminino. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº Mayo de Disponível em : MOURÃO e MOREL, 2005, Giovana Capucim e Silva. Futebol feminino: proibido para quem? uma análise de duas reportagens sobre o futebol praticado por mulheres no período anterior a sua regulamentação como esporte. Florianopolis, Disponivel em: RAGO, 2007, BATISTA; DEVIDE, Fábio Luís Santos Teixeira. Preconceito no futebol feminino brasileiro: uma revisão sistemática, v. 19, n. 01, p , jan/mar de 2013 Disponíveis em: file:///c:/users/usuario/downloads/ pb%20(6).pdf Revista Linhas. Florianópolis, v. 15, n. 29, p , jul./dez Disponível em: REVISTA VEJA (Flores , p ) Suraya Cristina Darido O início do futebol no Brasil Motriz 8.2 (2002): Disponível: SALLES et al. (1996), Ramon Missias Moreira. A mulher no futebol brasileiro: uma ampla visão. Revista Digital Buenos Aires - Ano 13-N 120-Mayo de 2008 Disponivel em: SALLES et. al. (1996), Suraya Cristina Darido. Futebol Feminino no Brasil: Do seu Início à Prática Pedagógica. Motriz 8.2 (2002): Disponível em SEABRA JÚNIOR (2009) Osmar Moreira de Souza Júnior. A bola rola mais que as mulheres: A difícil busca de identidade no país do futebol (masculino) 2009, Disponível em: TODARO, 1997, Suraya Cristina Darido. Futebol Feminino no Brasil: Do seu Início à Prática Pedagógica Motriz 8.2 (2002): Disponível em: VIANA (2012), Osmar Moreira de Souza Júnior. A bola rola mais que as mulheres: A difícil busca de identidade no país do futebol (masculino) 2009, Disponível em:

89 O SEGREDO DO SUCESSO DE LEICESTER CITY E SEVILLA FÚTBOL CLUB Alexandre Duque Souza¹ 4 Luma de Oliveira Comini¹ Filipe Gomide Carelli² 4 Giovani Blasi Martino Lanna 3 1 Universidade Federal de Viçosa UFV - Minas Gerais Brasil. 2 Universidade Estácio de Sá - UNESA Minas Gerais Brasil. 3 - Faculdade Presidente Antônio Carlos - Visconde do Rio Branco - FUPAC/VR Minas Gerais Brasil. 4 Viçosa Esporte e Lazer VEL Minas Gerais Brasil. RESUMO Diante do sucesso alcançando pela gestão do Leicester City e Sevilla F.C cria-se a necessidade de entender como clubes de baixa arrecadação financeira podem maximizar seus resultados mesmo em um mercado competitivo como o europeu. Foi definido como amostra do estudo o gerenciamento utilizado pelo o clube inglês, Leicester City e o do clube espanhol Sevilla F.C nas temporadas 2010/2016. Como base comparativa, foram utilizadas os principais resultados de clubes da Primeira Liga da Alemanha, França, Espanha, Inglaterra e Itália, temporada 2015/2016. As principais atividades da gestão definidas para amostra do estudo foram: Aquisição do clube, Investimento, Controle de Despesas, Contratações e Maximização de Receitas A Pesquisa teve cunho documental, onde foram coletados dados em websites, livros e artigos científicos que abordam a relação econômica das transações financeiras dos atletas, a gestão de clubes no futebol e suas conquistas. A aquisição mudou o cunho associativo sem fins lucrativos do clube para uma empresa com fins lucrativos. O investimento feito pelos gestores supre as necessidades do clube e centraliza o poder. O controle de despesas mantém a saúde financeira e maximiza seu lucro. As contratações qualificaram o plantel tornando o competitivo dentro de campo. A maximização de receitas aumenta o poder de negociação da equipe dentro do mercado competitivo e maximiza seu lucro líquido. A partir de uma gestão bem elaborada, clubes de baixa arrecadação financeira podem ser eficientes e mesmo em um mercado tão concorrido como o europeu apresentar resultados satisfatórios a seus torcedores. PALAVRAS CHAVE: Futebol, Análise, Maximização de resultados e Arrecadação Financeira. Área Temática: Ciências Humanas

90 INTRODUÇÃO Os valores financeiros movimentados no esporte crescem a cada dia, consolidando-o como uma das principais atividades de lazer e entretenimento. Hoje, o futebol como atividade empreendedora gera receitas para vários setores da economia mundial participando ativamente na composição do PIB de países como Inglaterra, Espanha, Alemanha e Brasil. (MOSKO, 2007) Devido à complexidade e importância de suas operações dentro de uma economia, o futebol requer eficiência em demasia no gerenciamento de seus processos, pois a proporção de receitas geradas pelo esporte criou uma grande necessidade de enxergar o futebol como empresa e, consequentemente, o tratar como tal. (MATTAR, 2014) As discussões recentes na impressa esportiva sobre a viabilidade financeira de alguns clubes, o elevado endividamento, a falta de controle financeiro e os problemas de governança corporativa alertam para a relevância da gestão administrativa para estas entidades. Através de uma gestão de qualidade é possível ter acesso a mais informações que auxiliaram para as tomadas de decisão da gestão dos clubes. (SILVA; TEIXEIRA; NIYAMA; 2008). O PIB do esporte no Brasil teve aumento de suas a taxas anuais em 7,1%, entre o ano de 2007 e o ano de 2011, taxas muito acima dos 4,2% da economia como um todo. No ano de 2012 o esporte representava 1,6% do PIB do país, o equivalente a R$ 67 bilhões e, ainda existia a expectativa de que essa taxa atingisse 1,9% do PIB até Na União Europeia, o esporte é mais importante para a economia do que a agricultura, correspondendo por 1,76% do PIB. Na Inglaterra, país que possui a liga de clubes mais rentável do Futebol, o esporte é de suma importância para a economia, tendo em vista que 2,3% de todo o consumo da população está diretamente ligado aos esportes. O seu PIB esportivo na temporada de 2008/09 foi de R$ 89,78 bilhões, sendo o futebol, o principal responsável por este resultado, representando no ano de 2012, 0,2% do PIB nacional, em cifras cerca de R$ 17,85 bilhões. (PLURI CONSULTORIA, 2014) As receitas do Futebol no Brasil tiveram grande aumento nos últimos anos em relação a qualquer mercado europeu. O Campeonato Brasileiro 1 Série A é a sexta liga de clubes que mais gera receitas no mundo, sendo a maior fora do continente europeu. A renda do Campeonato Brasileiro Série A, em 2012, atingiu R$ 2,4 bilhões, desde 2007 seu crescimento foi de 300%. Em 2015, o faturamento dos 12 maiores clubes de Futebol do Brasil cresceu 12%, chegando a R$ 2,58 bilhões. Cabe ressaltar que os custos cresceram menos que as receitas, atingindo 2,34 bilhões de reais, aumento de 6% em relação ao ano anterior. No continente europeu, salvo o Sevilla Fútbol Club, clube que foi campeão por três temporadas consecutivas da UEFA Europa League, e o Leicester City F.C, atual campeão da Barclays Premier League, durante as últimas temporadas, as equipes que figuram no cenário futebolístico mundial são aquelas que possuem maior arrecadação financeira e/ou possuem altos investimentos privados em sua estrutura de capital, tornando equipes que possuem pouca arrecadação financeira inexpressivas no cenário esportivo. O Real Madrid, pelo décimo primeiro ano consecutivo, foi o líder da Money League 2, seguido pelo Barcelona, Manchester United, Paris Saint Germam, Bayern de Munich, Manchester City, Arsenal, Chelsea, Liverpool e Juventus. A título de informação estes são os principais clubes que disputam a UEFA Champions League, UEFA Europa League e suas divisões domésticas. Este cenário demonstra que as equipes mais competitivas são aquelas que possuem mais arrecadação financeira, isto, por que seu poder de aquisição de jogadores e barganha são maiores do que o de outras equipes

91 Através da gestão eficiente de seus recursos, mesmo em um mercado extremamente competitivo, o Sevilla e o Leicester se sobressaíram aos demais, então se pressupõe que os demais clubes podem atingir resultados positivos dentro e fora de campo mesmo não se equiparando financeiramente aos grandes clubes europeus. Segundo a consultoria Deloitte, dentre os 20 principais clubes a figurarem na Money League, o Sevilla, tampouco, o Leicester estão presente entre eles. As reflexões relativas ao Futebol têm sido, na maior parte das vezes, norteadas por demasiados juízos de valor. O conhecimento científico é escasso e pouco consistente (GARGANTA; PINTO, 1994). Existe uma necessidade de estudos científicos que possam auxiliar na maximização dos resultados do Futebol como atividade complexa e dinâmica, logo, existe a necessidade de se estudar e mensurar fatores que possam criar um modelo de gestão para que o mercado futebolístico se torne mais competitivo, equipararando os clubes de baixa renda aos de alta renda, assim, melhorando a qualidade do espetáculo futebol. Diante do exposto, levanta se o seguinte problema: como clubes de futebol de baixa arrecadação financeira podem gerir seus recursos otimizando seus resultados e atendendo as demandas de seus gestores e torcedores? A pesquisa propõe-se a mensurar os fatores que auxiliaram na gestão de clubes vitoriosos da era moderna a atingir as demandas impostas pelos gestores e pelos torcedores do clube mesmo possuindo baixa arrecadação financeira. Para isso será feito um estudo de caso da gestão do clube Leicester City Football Club, atual campeão da Premier League (1ªDivisão inglesa) e, a gestão do Sevilla Fútbol Club, atual tricampeão da Europa League. Baseando no fato de que o futebol é uma atividade importante para a econômica de um país, o torcedor como principal agente de financiamento do clube, a gestão não satisfatória dos clubes do futebol e a falta de competitividade entre clubes de menor expressão e clubes de maior expressão justifica-se a necessidade de criar novas formas de gerir os recursos dos clubes de futebol, precisamente, aqueles que possuem menor arrecadação financeira. O objetivo principal da pesquisa é mensurar quais fatores possibilitam a gestão de clubes de menor expressão a conquistar resultados satisfatórios no cenário esportivo europeu e a partir da análise destas estratégias sugerir princípios básicos a serem seguidos pelos gestores dos clubes do futebol mundial. O objetivo específico do estudo é propor princípios básicos de planejamento de gestão de um clube de pequeno porte, baseando na gestão do Leicester City e Sevilla F.C, proporcionando maior competitividade dentro de campo e maximizando de suas receitas, para que assim aumente seu poder de barganha frente a clubes de alta arrecadação financeira. O estudo está estruturado em quatro itens. O primeiro apresenta a contextualização do tema frisando a importância do futebol para economia e a atual gestão dos clubes, seguido do problema, a justificativa e o objetivo do estudo. Logo depois será apresentada a metodologia utilizada. Em terceiro, serão apresentados os princípios básicos para a gestão de um clube de menor arrecadação financeira, para isso será feito um estudo de caso do modelo de Gestão do Leicester City e Sevilla F.C, estes princípios estão separados nos subtítulos: Aquisição do Clube, Investimento, Controle de Despesas, Contratações e Maximização de Receitas. Após este tópico serão apresentadas as considerações finais feitas após a análise dos fatores acima citados, bem como as recomendações para pesquisas futuras. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O futebol é responsável, em grande parte, pela projeção do Brasil no mundo e, como tal, deve ter como base a seriedade dos princípios de administração, através da determinação de objetivos, planejamento, gestão administrativa e controle de resultados. (MACK, 1980)

92 Os clubes do futebol brasileiro não estão sendo capazes de praticar uma boa gestão de seus recursos financeiros, impossibilitando-os de apresentarem resultados satisfatórios dentro de campo. Existe uma indefinição da abordagem de gestão dos clubes de uma maneira geral, criando a necessidade de rápida inclusão de estratégias inovadoras para maximização das atividades do clube, assim, a gestão se encontrará provida de certos recursos que são necessários para melhores resultados. Conforme Proni (2007, p.33): Note-se que o conceito vigente de clube-empresa independe da natureza jurídica dos clubes; o que importa é como cada um explora sua marca, diversifica fontes de receita, aproveita as possibilidades de interação com outros agentes e defende sua liderança nesse mercado globalizado. Como Futebol-empresa o objetivo da gestão do clube será gerar lucro, não diferindo das organizações do mercado comum, que visam sobre tudo gerar superávit no fim de seus exercícios financeiros. Já o objetivo externo será sempre gerar satisfação para seu público alvo. No caso das organizações do mercado comum, seu público alvo são os clientes, no caso do Futebol, os torcedores. A relação clube versus torcedor difere da maneira como empresas se relacionam com seus clientes, o que torna o futebol uma atividade complexa de se mensurar em todos seus aspectos. Sobre a relação clube versus torcedor: Do ponto de vista econômico, diferentemente de setores mais tradicionais, em que a relação entre o consumidor e ofertante é apenas pautada fundamentalmente pela racionalidade, por tanto, a insatisfação originada por uma oferta de baixa qualidade é manifestada pela ruptura no consumo, as teorias econômicas aplicadas ao esporte e, particularmente ao futebol, têm lógica particular: o consumo por parte do torcedor tem um forte peso emocional. O vínculo do torcedor com o clube, jogadores, treinadores e até dirigentes é emocional e o que gera emoção é o jogo em si. Os serviços complementares, nesse contexto, têm valor secundário se comparados a qualidade da equipe, dos jogadores, do treinador e as vitórias e conquistas. (MATTAR, 2014, p. 46). O futebol é uma instituição social profundamente ligada à história do capitalismo contemporâneo sendo um esporte de massas capaz de promover grandes receitas a partir de seus associados ou torcedores. (RIBEIRO; PRONI; MOSKO, 2007). Um dos principais problemas que impedem o desenvolvimento de uma gestão lucrativa no futebol brasileiro parece estar na indefinição do modelo administrativo apresentado pelos clubes (RIBEIRO; PRONI; MOSKO, 2007). É possível que a estrutura semiamadora adotada pelas equipes do futebol brasileiro seja grande responsável pelo cenário atual. O fator decisivo para o sucesso de um clube e/ou competição depende da orientação de gestão praticada pelos seus dirigentes (MATTAR, 2014). A partir dos questionamentos feitos pelos autores, faremos uma investigação da atual gestão do Leicester City e Sevilla Club Fútbol propondo mudanças no atual cenário futebolístico. 3. METODOLOGIA A metodologia da pesquisa será analítica qualitativa visando analisar os principais fatores gerenciais utilizados pelos clubes na conquista de campeonatos de alto nível e na manutenção de sua saúde financeira. Foi definido como amostra do estudo os principais fatores gerenciais utilizados pelo o clube inglês, Leicester City Football Club e o do clube espanhol Sevilla Fútboll Club nas temporadas 2010/2016. Como base comparativa, foram utilizadas as

93 principais atividades dos clubes semifinalistas da UEFA Champions League e UEFA Europa League e dos campeões da Primeira Liga da Alemanha, França, Espanha, Inglaterra e Itália, temporada 2015/2016. As principais atividades da gestão definidas para amostra do estudo foram: A aquisição feita no clube no inglês, Leicester City, tal como seu investimento inicial e despesas incorridas nas últimas cinco temporadas. Para análise de parâmetros de contratação, foram coletados dados referentes os gastos incorridos pelo o Sevilla Fútboll Club e feito a análise descritiva dos gastos dos clubes semifinalistas da UEFA Champions League e UEFA Europa League e dos campeões da Primeira Liga da Alemanha, França, Espanha, Inglaterra e Itália, temporada 2013/2016. Também foi analisado a política de contratações utilizada pelo clube espanhol nas últimas três temporadas. A Pesquisa teve cunho documental, onde foram coletados dados em websites, livros e artigos científicos que abordam a relação econômica das transações financeiras dos atletas e a gestão de clubes no futebol e suas conquistas. Para melhor compreensão o estudo utilizará como unidade monetária o real brasileiro (R$), a cotação utilizada, para o resultado final dos valores, do dólar foi de R$4,00 e a da libra esterlina foi de R$5,19. O período de análise teve início na temporada de 2010/2011 e conclusão na temporada 2015/ RESULTADOS 3.1 Aquisição Dos fatores que levaram o Leicester, segundo o website do clube 3, até a conquista da Premier League, devemos começar citando o acesso a Football League Championship (2ª Divisão Inglesa). Após a conquista do acesso na temporada 2009/10, onde a equipe se sagrou campeã da Football League One (3ª Divisão Inglesa), o clube firmou contrato com a King Power, empresa da área de Free Shoppings de aeroportos, para gestão do clube. Esta aquisição ficaria sob a gestão da família tailandesa Srivaddhanapraba que seria a responsável por gerir todos os processos operacionais do clube. Para tal negócio foi investido inicialmente cerca de R$207,6 milhões, valor considerado fora da realidade para os times que atuavam na Football League Championship. Este tipo de negócio mudou a maneira de gestão do clube inglês, antes o Leicester era concebido sob forma associativa, atuando como uma organização democrática autônoma, sem fins lucrativos. Na visão administrativa de um clube-empresa, este tipo gestão impede a inclusão de novas estratégias de expansão do clube pelo fato de problemas com governança coorporativa, sendo assim, a aquisição do clube feita pela família tailandesa, se torna um fator decisivo para que o clube possa atingir resultados mais ambiciosos. A mudança de clube associativo para clube-empresa é importante, pois: É importante frisar que: 3 Tudo isso tenderia a elevar o grau de responsabilidade, assertividade e comprometimento de seus dirigentes no que se refere à maneira de administrar o clube. Além disso, enquanto empresas, esses clubes teriam suas contas fiscalizadas de maneira mais transparente pelos órgãos públicos, principalmente se comparados a dificuldade que e fiscalizar uma associação. (MATTAR, 2014, p. 71). Este desligamento é fundamental para fazer com que fatores exclusivamente políticos e de poder deixem de ter peso relevante por ocasião da tomada de decisão dos dirigentes, seja ela qual for. Sem este movimento, fica difícil imaginar que os clubes possam, de fato, praticar uma gestão realmente orientada para o mercado, pois em

94 última análise, as decisões importantes sempre estarão submetidas aos interesses da trama política que representa a base estrutural do poder em agremiações. (MATTAR, 2014, p. 130) 3.2 Investimento O clube Leicester City, de acordo com informações do website 4, através de sua aquisição, de patrocínios e de empréstimos na temporada 2010/11, conseguiu além do investimento inicial, a arrecadação de R$519,1 milhões que foram integralizados posteriormente na estrutura de capital do clube. Superficialmente e excluindo outras variáveis, este fato foi um dos principais fatores que levaram o clube a conquista da Premier League 2015/16. De acordo com Assaf Neto (2003, p.275): As decisões de investimentos envolvem a elaboração, avaliação e seleção de propostas de aplicações de capital efetuadas com o objetivo, normalmente de médio e longo prazos, de produzir determinado retorno aos proprietários de ativos. No início da nova gestão do Leicester City, de acordo com informações no site do clube 5, como clube-empresa, a direção do clube incorreu de alto investimento, mesmo sabendo da possibilidade de prejuízo, já que o foco do planejamento não era de manter saúde financeira ao clube mas sim, a primeiro momento, o acesso a Barclays Premier League (1ª Divisão Inglesa). No entendimento dos gestores do clube, a Premier League traria retorno ao esforço financeiro e cobria os prejuízos gerados pelos altos investimentos gastos na segunda divisão. O investimento é o comprometimento atual de dinheiro ou outros recursos na expectativa de colher benefícios no futuro (BODIE; MARCUS; KANE, 2000). Um investimento direto feito na estrutura de capital ou a aquisição do clube, assim como feito no Leicester City, é uma excelente base para se atingir futuros resultados positivos, porém caso a equipe não demonstrasse resultados satisfatórios dentro de campo suas principais formas de receitas, dentre elas os torcedores, não financiaram mais as despesas e os custos dos quais o clube estará incorrendo para manter suas operações, assim obrigando a gestão a integralizar novo investimento, o que oneraria mais o lucro. Como não se pode prever o futuro com certeza absoluta, o conceito de investimento carrega algum grau de risco, além da incerteza inerente a cada empreendimento (GALESNE; FENSTERSEIFER; LAMB, 1999). Ainda que seja levado em conta o risco, este tipo de estratégia tem grande chance de sucesso. Devido à incerteza inerente de um empreendimento, o clube deve adotar uma gestão objetivada em gerar lucros e atender as demandas de seus agentes externos (torcedores, investidores e patrocinadores), neste caso, estes agentes são importantíssimos para o financiamento das atividades do clube e sua manutenção na divisão de elite de seu país. Cabe afirmar que, caso seja feito este tipo de investimento pela gestão do clube ou por terceiros, deve se levar em consideração o custo do capital próprio e o custo do capital de terceiros para a estrutura de capital do clube, além dos fluxos de caixa futuros, levando em conta os cenários de a equipe conseguir, ou não, o acesso. 3.3 Controle de despesas De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, número 00 (2013):

95 Despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma da saída de recursos ou da redução de ativos ou assunção de passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido e que não sejam relacionados com distribuições aos detentores dos instrumentos patrimoniais (distribuição de resultado ou devolução de capital aos proprietários da entidade. O Leicester City durante as quatro temporadas anteriores ao acesso, apresentava decréscimos consideráveis de seu patrimônio. Até o retorno à primeira divisão em 2014/15, a equipe não havia obtido lucro, só obtendo o após a conquista da Premier League, na temporada 2015/2016, como pode ser visto na Tabela 1. TABELA 1 Resultado Financeiro Líquido do Leicester City, nas temporadas 2010/11/12/13/14/15/16. Leicester City F.C Temporada ( milhões) Lucro/Prejuízo 2010/11-41, /12-77, /13-155,7 2013/14-176, / /16 134,9 Fonte: Demonstrativo Financeiro retirados no website 6 A média de prejuízos durante estas cinco temporadas anteriores à conquista da Premier League foi de R$ 90,7 milhões e na temporada 2013/14, chegou-se ao seu valor mais alto, R$ 176,46 milhões. Estes valores se dão por vários fatores, dentre eles, o alto pagamento de juros devido a empréstimos para investimento na infraestrutura do clube e financiamento de custos e despesas, sendo que o custo de seus jogadores era demasiado alto em relação ao retorno com bilheteria e acordo de direitos televisivos, este último possui valores muito baixos devido ao fato de serem fixados para a divisão a qual o clube disputava. A folha de pagamentos no ano de acesso (2013/2014) era a segunda mais alta da competição, girava em torno de R$ 186,84 milhões por ano, atrás apenas do Queens Park Rangers, time que contava com grandes nomes em seu plantel, além de ter sido recémrebaixado, de acordo com dados retirados de sites de esporte. No caso do Leicester City as suas despesas com juros 7 diminuíram em 60,98% em relação à temporada 2014/15. Este resultado é produto da transformação de capital de terceiros (juros maiores) em capital próprio (juros menores), manobra feita pelos gestores do clube para melhorar índices de rentabilidade financeira do clube. Esta manobra é feita usualmente em empresas do mercado comum, tendo como objetivo apresentar melhores resultados financeiros aos Stakeholders e/ou diminuir as suas despesas financeiras. No Brasil as despesas financeiras são umas das principais atividades responsáveis em onerar o resultado líquido dos clubes, porém, a integralização de capital próprio é uma manobra impossível, tendo em vista o caráter associativo e não privado dos clubes brasileiros. Durante a primeira temporada após o acesso, a equipe apresentou lucro de RS 134,9 milhões. Na temporada 2013/2014 8, a equipe do Leicester apresentou prejuízo de R$109 milhões no período. Este aumento considerável nos resultados financeiros da equipe no de

96 se dá pelos novos acordos de televisão propostos pela Premier League, já que agora o Leicester passava a contar com R$ 382,5 milhões em cotas de TV aumento de 1.216% em relação a última temporada. Visto os fatos apresentados nos parágrafos anteriores, é importante frisar que dentro do planejamento do clube deve se estipular um teto salarial, este, será baseado na capacidade que o clube tem em gerar fluxos de caixa durante a temporada, respeitando sempre os objetivos do clube. Não se pode realizar a contratação de jogadores de renome pagando salários astronômicos caso o objetivo do clube seja conquistar acesso à primeira divisão de seu país, isto não condiz com os fluxos de caixa futuro de um clube que joga a segunda divisão, tampouco, com os retornos que ela tem a capacidade de gerar ao clube a curto ou médio prazo. Outro fato que deve ser considerado para estipulação de despesas com folha salarial é se o clube possui arena própria, sendo que, caso ele não possua, deve-se manter consideravelmente baixo teto salarial. A arrecadação financeira com o match day é uma fonte de receita importantíssima para a composição do lucro líquido do clube no final de uma temporada, sem ela o clube teria que realizar dispêndios financeiros obtidos com terceiros para arcar com salários, gerando mais despesas para o clube. Concluímos que o clube para apresentar lucro no final da temporada deve ter em mente sua realidade, o controle das despesas é importantíssimo para atingir os objetivos futuros. Outra conclusão que podemos tirar deste tópico é que o capital de terceiros que compõe a estrutura de capital do clube deve ser frequentemente diminuído, caso ele esteja onerando em demasia o lucro líquido do clube ou sua remuneração seja maior que a do capital próprio. 3.4 Contratações Muitos clubes europeus dispendem exacerbadamente recursos financeiros em contratações na abertura da chamada janela de transferências. Na maioria dos casos, estes gastos são feitos ao início das temporadas e não em seu decorrer. Esta estratégia é muito aconselhável, tendo em vista que ela proporciona maior interação dos atletas em um período de tempo maior, contribuindo para um melhor entrosamento dos jogadores. No mercado europeu sempre é visto jogadores de renome em clubes como Real Madrid, Barcelona, Paris Saint German, Bayern de Munich. Muitos destes jogadores não são formados em seus clubes de atuação, tampouco, tiveram seu processo de adaptação como profissionais, pelo contrário, muitos deles tiveram todo seu desenvolvimento de adaptação em suas equipes anteriores, obrigando estes clubes a dispenderem altas quantias para contratar tais jogadores. Este alto dispêndio tem como objetivo aumentar a qualidade em seu plantel e, consequentemente, aumentar as chances do clube em conquistar títulos e gerar receitas. Através de uma análise mais sucinta dos gastos com transferência dos principais clubes europeus, pode se ver que os gastos com transferências da última temporada não estão correlacionados diretamente às conquistas dos clubes. Na Tabela 2, seguem dados das transferências dos clubes semifinalistas da UEFA Champions League e UEFA Europa League e dos campeões da Primeira Liga da Alemanha, França, Espanha, Inglaterra e Itália, temporada 2015/2016. Tabela 2 Clubes, transferências, número de contratações e valor médio gasto por jogador dos principais clubes europeus na temporada 2015/16 em milhões. Clubes Transferências Nº de Contratações Média Manchester City R$830,0 9 R$92,2 Atlético de Madrid R$492,0 9 R$54,7

97 Juventus R$488,8 10 R$48,9 Liverpool R$464,5 8 R$58,1 Paris Saint German R$464,4 5 R$92,9 Bayern de Munich R$338,0 6 R$56,3 Real Madrid R$328,0 6 R$54,6 Barcelona R$204,0 4 R$51,0 Leicester R$191,2 8 R$23,9 Villarreal R$184,8 8 R$23,1 Sevilla R$103,0 10 R$10,3 Fonte: A partir da análise desta tabela podemos visualizar que equipes como Manchester City e Atlético de Madrid gastaram em demasia para a conquista de títulos desta temporada e ainda assim não se sagraram campeões de nenhuma competição. Claro, não podemos excluir a intenção de ágio na aquisição de atletas, porém, para clubes que possuem tamanho poderio financeiro, não se podem apresentar baixos resultados para seus principais financiadores, os torcedores. Resumindo, se espera que ao final de uma temporada uma equipe que faz tamanho investimento possa apresentar títulos, que é a finalidade de todos os clubes de futebol. A questão proposta no trabalho de criar estratégias para maximização dos resultados das equipes de pequeno porte, sejam eles dentro ou fora de campo, analisando o Leicester e o Sevilla, ganha força, quando feito o levantamento dos custos incorridos por eles e seus resultados conquistados dentro de campo. Juntos, estes clubes, dispenderam cerca de R$ 294,2 milhões na temporada, 22% da quantia gasta por Manchester City e Atlético de Madrid. Cabe ainda ressaltar que a média pela contratação por jogador gasto pelos clubes, além de eficiente, foi muito eficaz. O Leicester gastou R$ 191,2 milhões para conquistar a Premier League e o Sevilla incorreu de gastos de R$ 103 milhões para consagrar o tricampeonato da UEFA Europa League. Deve se levar em consideração que estes títulos proporcionaram uma grande valorização de seu plantel e proporcionarão ágio com a venda de seus jogadores. O clube espanhol Villarreal também chama atenção já que incorreu de gasto em média por jogador o total de R$ 23,1 milhões na temporada 2015/16. Mesmo incorrendo de baixo investimento em contratações a equipe conseguiu chegar até a semifinal da Europa League e terminar na 4ª colocação da Liga Espanhola /2016. No futebol moderno este fato demonstra que a boa gestão dos recursos financeiros vinda da diretoria do Villarreal deu muito resultado quando utilizada de maneira correta. Para melhor análise comparativa será demonstrado na Tabela 3 o valor total gasto em contratações de Manchester City, Atlético de Madrid, Leicester e Sevilla em um período de três temporadas. Assim poderá ser mensurada a conquista das equipes durante as temporadas 2013/14, 2014/15 e 2015/16 e suas contratações em ágios, ou seja, considerando possíveis lucros na aquisição de jogadores. Tabela 3 Clubes, gastos com transferência, número de contratações, valor médio gasto por jogador, títulos e custo por título dos principais clubes europeus nas temporadas 2013/14/15/16 que incorrem de maiores e menores gastos com transferências na temporada 2015/16 em milhões.

98 Clubes Transferências Nº de Contratações Média Títulos Custo Man City R$ 1700,6 20 R$85 3 R$566,9 At.Madrid R$ 1057,6 28 R$37,7 2 R$528,8 Sevilla R$ 288,0 30 R$9,6 3 R$96,0 Leicester R$ 282,2 20 R$14,1 2 R$141,1 Fonte: Em números é visto que cada título conquistado pelo clube Manchester City custou cerca de R$ 566,9 milhões, comparando superficialmente e excluindo outras variáveis, o Sevilla poderia conquistar seis títulos com esta quantia, tendo em vista que a equipe gasta R$ 96 milhões por título conquistado. Feito estas análises, concluísse que o gasto feito com transferências é muito importante para uma gestão de qualidade. Muitas vezes os clubes definem como eficientes às transferências em jogadores caros, que por muitas não trarão benefício algum ao clube e, tampouco, serão eficazes. Como exemplo podemos citar a compra do jogador do Manchester City, Kevin De Bruyne que foi adquirido por R$ 300 milhões e fez apenas sete gols na Premier League, temporada 2015/16 9. Além do custo alto o jogador disputou posição com mais quatro jogadores que poderiam ser titulares em qualquer clube europeu, dando menos rotatividade ao plantel e desvalorizando seus jogadores. Sendo assim, é necessária uma grande análise das carências do elenco do clube, para somente quando mensuradas ir ao mercado de transferência e contratar pontualmente jogadores para suprir as necessidades do plantel. 3.5 Maximização de receitas O Sevilla 10 diferentemente do Leicester utiliza muito bem a política de venda e compra de jogadores como uma das principais formas de arrecadação financeira e resultados dentro de campo. Por muito tempo esta era uma das atividades de maior lucratividade para clubes brasileiros. Pode-se notar na Tabela 4, as operações de compra e venda de jogadores do Sevilla nas últimas temporadas. Tabela 4 Receitas com vendas, custos da aquisição de jogadores e margem líquida das operações com transferências do Sevilla Fútbol Clube nas temporadas 2013/14/15/16 em milhões Sevilla Fútbol Club Venda Aquisição Margem Líquida Temporada 2013/14 R$ 361,4 R$ 113 R$ 248,4 Temporada 2014/15 R$ 185,2 R$ 72 R$ 113,2 Temporada 2015/16 R$ 209,2 R$ 103 R$ 106,2 Total R$ 755,8 R$ 288 R$ 467,68 Fonte: Esta prática é muito importante para clubes de menor porte que buscam maior arrecadação financeira. O Sevilla em um período de três temporadas conseguiu aumentar o poder financeiro do clube em R$ 467,68 milhões. Na visão gerencial este resultado é muito importante para saúde financeira do clube sendo que o custo deste tipo de integralização de

99 capital não existe, logo o resultado financeiro final do clube será menos onerado em despesas financeiras, diferente do capital levantado pela gestão do Leicester que incorrerá de altos juros devido às taxas de empréstimos, onerando em demasia o lucro líquido do clube. Investimento na base e investimento em atletas que figuram como potenciais jogadores devem ser levados em consideração pelos gestores. O Sevilla 11 utiliza uma base de dados bem elaborada, consequentemente, rica em informações que podem auxiliar na tomada de decisão para contratação de tais atletas. Muitas vezes, também é interessante criar vínculos com clubes que se situam em países africanos ou sul-americanos, estes que são grandes fornecedores de jogadores para o mercado mundial de jogadores, na maioria das vezes são baratos e de qualidade. Nos dias de hoje, podemos ver na lista dos 55 melhores jogadores de futebol do mundo, elaborada pela FIFPro 12, o sindicato mundial dos jogadores de futebol, 18 jogadores de etnia sul-americana e 12 jogadores de etnia africana. Será interessante para o clube que possui baixa arrecadação financeira, criar captação de atletas através de parceiros nas chamadas escolinhas de futebol ou na contratação de olheiros. Muitos atletas da base foram revelados através deste tipo de captação 13, no caso do Sevilla podemos citar o lateral direito Dani Alves que mesmo antes de despontar no cenário do futebol brasileiro foi descoberto por olheiros do clube espanhol. A título de informação, Daniel Alves é o terceiro jogador com mais títulos da história do futebol mundial 14. Equipes de futebol com maior raio de prospecção poderão encontrar atletas com maior facilidade em mercados dos quais grandes clubes não tem tanta interação. Estudo feito pelo "Football Observatory" 15, lista que clubes como Patizan Berlgrado, Ajax e Barcelona são os clubes que possuem melhor rede de captação, atualmente revelando cerca 215 jogadores. Estes clubes nos últimos 10 anos são os principais clubes de suas ligas domésticas, seu aproveitamento de conquista é de, respectivamente, 77%, 40% e 60% neste período. Finalizando, as estratégias utilizadas nas contratações pelos clubes são de muita importância para o aumento do poder financeiro do clube, para a composição de elenco e para a conquista de títulos. A estratégia recomendada é a utilizada pelo Sevilla onde se contrata jogadores a baixo custo e os vendem a altos valores. Além disso, ficou provado que gastar muito com contratações, não é regra básica para se conquistar títulos, um clube pode ser campeão e ainda sim incorrer de baixos dispêndios financeiros. Também é interessante ressaltar que equipes que possuem redes de captação de jovens atletas sobressaem em relação às outras equipes no processo de contratação de jovens jogadores. 4 CONCLUSÕES A partir de uma gestão bem elaborada, clubes de baixa arrecadação financeira podem ser eficientes e mesmo em um mercado tão concorrido como o europeu, apresentar resultados satisfatórios a seus torcedores. O planejamento estratégico empregado por estas equipes em busca do sucesso é de fundamental importância para as equipes de baixa arrecadação financeira, tendo em vista a dificuldade em si firmar dentro de um mercado tão competitivo. Observamos que estes princípios foram os principais responsáveis pelas conquistas de Leicester City e Sevilla F.C e possuem grande valor quando empregados de maneira correta, otimizando os processos em prol do clube >

100 Estes princípios também possuem vertentes que podem ser empregados em organizações do mercado comum, já que espera se retorno positivo quando se investe, controla despesas e maximiza suas receitas de alguma forma dentro das atividades da empresa. Com esta análise pode-se traçar um perfil de gestão básico para os clubes de menor arrecadação financeira, mas deve-se ressaltar que dada à complexidade do Futebol como empresa existe a necessidade de se abordar outros fatores para melhores resultados como estratégias de marketing e maximização de outras receitas, além da venda de jogadores como apresentada no estudo. Deve-se ressaltar que ainda existe certa dificuldade em empregar estes princípios dentro da estrutura organizacional dos clubes brasileiros, levando em conta sua natureza associativa e não privada. Recomenda-se a análise de outros clubes que possuem resultados expressivos dentro de campo mesmo tendo baixa arrecadação financeira e o estudo de outras variáveis que os auxiliaram a atingir o sucesso mesmo em um mercado tão complexo como o futebolístico. REFERÊNCIAS ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, BODIE, Z.; MARCUS, A. J.; KANE, A. Fundamentos de investimentos. Porto Alegre: Bookman GALESNE, A.; FENSTERSEIFER, J. E.; LAMB, R. Decisões de investimentos da empresa São Paulo: Atlas, GARGANTA, J.; PINTO, J. O ensino do futebol. In: GRAÇA, A. & OLIVEIRA, J.(orgs.). O ensino dos jogos desportivos: FCDEF-UP: Centro de Estudos dos Jogos Desportivos, p , MATTAR, M.; Na Trave - O que falta para o futebol brasileiro ter uma gestão profissional. 1ª ed. Rio de Janeiro, Editora Elsevier, PLURI CONSULTORIA O PIB do Esporte Brasileiro Disponível em < > Acesso 04/07/2016. PRONI, M; Futebol e Globalização 1º Ed., Jundiaí, Editora Fontoura, RIBEIRO, L; PRONI, M; MOSKO, C.J; Futebol e Globalização 1º ed., Jundiaí, Editora Fontoura, SILVA, C.; TEIXEIRA, H.; NIYAMA, J. Evidenciação Contábil em Entidades Desportivas: Uma Análise dos Clubes de Futebol Brasileiro. In: Congresso USP de Controlodoria e Contabilidade: Disponível em: < Acesso em 20/10/2016. MACK, R. C. V. Futebol Empresa - a Nova Dimensão para o Futebol Brasileiro. Rio de Janeiro: Editora Palestra. p.225, COMITÊ DE PRONUCIAMENTOS CONTÁBEIS 00, Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. Brasília DF, 2013.

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102 A gestão e contabilização do fator humano nas organizações Carlos Alberto Pereira de Sousa FUPAC /Ponte Nova Fernando de Sousa Santana FUPAC /Ponte Nova Graziela Maria Silva Resende - FUPAC /Ponte Nova Maria Cristina da Rocha - Faculdade Redentor Tatyla Epifaneo Zacarias - FUPAC /Ponte Nova RESUMO: Os recursos humanos são ativos e desempenham papel fundamental numa conjuntura que as organizações operam em nível de competitividade global, ambiente de qualidade total e busca incessante pela liderança. Atualmente o crescimento da economia no país vem trazendo um grande crescimento das empresas e com isso o crescimento da concorrência, porém traz como consequência no ambiente interno das organizações um grande desgaste mental e físico de todos os colaboradores independentemente da posição hierárquica exercida. Sendo o departamento de Recursos Humanos um parceiro da organização, especialista em pessoas, visa eficiência e eficácia tendo como consequência a lucratividade através do desenvolvimento do capital Humano. A Gestão de Pessoas é o equilíbrio indispensável nas organizações, pois busca entender os colaboradores e o contexto no qual estão inseridos, alicerçando e compactando num único horizonte. A contabilidade de recursos humanos entra para gerenciar e auxiliar os gestores em tomadas de decisões para saber onde e como investir, saber como seu investimento está sendo aplicado e auxiliar no controle interno de pessoas. Palavras-chave: Organização, Gestão de Pessoas, Processos, Contabilidade de Recursos Humanos. ABSTRACT: Considers that human resources are active and play a key role in an environment in which organizations operate in global competitiveness, total quality environment and relentless pursuit of leadership. Currently the economic growth in the country has brought a large business growth and with it the growth of competition, but has as a consequence the internal environment of the organizations a great mental and physical wear of all employees regardless of rank held. Being the HR department an organization partner, expert people, seeks efficiency and effectiveness resulting in profitability through the development of human capital. The People Management is the indispensable balance in organizations, because it seeks to understand the employees and the context in which they are inserted, basing and compressing a single horizon. The accounting of human resources comes to manage and assist managers in decision making to know where and how to invest, to know how their investment is being spent and. Keywords: Organization, People Management, Process Management, Human Resource Accounting

103 1. INTRODUÇÃO A Gestão de Pessoas ou Administração de Recursos Humanos se faz através de umconjunto de técnicas e instrumentos a fim de fornecer aos trabalhadores e a empresa maiorestabilidade e segurança otimizando o funcionamento eficaz e eficiente através de umapadronização de comportamentos. De acordo com GIL (2009) compete ao gestor de pessoas desenvolver processos desuprimentos, aplicação, desenvolvimento, manutenção e monitoração das pessoas, portandonão deixando de ser um Administrador de Recursos Humanos. Tratar os colaboradores comoparceiros, não apenas meros recursos; elementos ativos que investem na organização e temexpectativas do seu investimento, são atitudes e postura do Gestor de Pessoas; tendo sempre em vista a clara visão de direitos e deveres. De acordo com PACHECO (1996; p.34), a Contabilidade de Recursos Humanos desenvolveu-se de uma tradição de gerenciamento de pessoal conhecida como escola de recursos humanos, que é baseada na premissa de que pessoas são recursos organizacionais valiosos e, portanto, devem ser gerenciados como tal. Continuando, o autor diz que a contabilidade de recursos humanos apresenta duas funções de utilidade para o gerenciamento de pessoal: a Contabilidade de Custos de Recursos Humanos, que se preocupa em medir os investimentos em recursos humanos; e a Contabilidade de Valor em Recursos Humanos, que se preocupa com o valor econômico das pessoas em relação a uma organização. Este artigo tem como objetivo investigar e entender a importância dos colaboradores nasempresas e sua relação com o sucesso organizacional, identificando a importância do serhumano como principal capital ativo no ambiente, sendo que a Gestão de RecursosHumanos tem como meta fazer com que estes se sintam importantes, realizados gerandomaior produtividade e o alcance das metas organizacionais. Busca-se relacionar os fatores quepropiciam o alinhamento da Gestão de Pessoas às estratégias organizacionais. Portanto, em termos mais específicosuma das principais funções da Contabilidade de RH é fornecer informações para tomar decisões sobre pessoal, desde a contratação até o treinamento e avaliação dos recursos humanos, facilitando, assim, a mensuração, em termos monetários, dos investimentos aplicados no setor e nos colaboradores.

104 Para o desenvolvimento do estudooptou-se por pesquisas bibliográficase descritivas, com base em livros, revistas, autores e artigos da internet, onde será analisada a atuação e o papel do RH, a importância das pessoas na organização, o conceito de Gestãode Pessoas e seus processos, bem como a contabilidade derecursos Humanos. Para uma empresa ser bem bem-sucedida, é preciso expandir seus negócios ou nomínimo manter o que já existe. Para um crescimento eficaz, a maior parte se deve à dedicaçãode seus recursos disponíveis, como capital de giro, investimentos em tecnologia e entreoutros. Consequentemente com o crescimento há necessidade que seus colaboradorespotencializem conhecimentos, habilidades e iniciativas que possam agregar ao diferencial daempresa. Com base nessas mudanças surge a grande necessidade de valorizar cada vezmais as pessoas dentro da organização, passando este colaborador de um simples número nafolha de pagamento para um aliado, parceiro, ajudando a expandir os negócios e alcançando osucesso almejado. E este é o grande diferencial na briga competitiva no mundo corporativoatual. 2. O PAPEL EA IMPORTÂNCIA DAS PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES As pessoas são de extrema importância para o sucesso de uma organização, são elas que gerenciam e comandam a empresa, são elas que executam, controlam atividades e processos, são as pessoas também que consomem os produtos de uma determinada empresa. Alguns autores afirmam que a empresa é um organismo vivo, pois a dependência e influência das pessoas são enormes, é por esse motivo que deve ser dada atenção especial ao desenvolvimento dos fatores humanos na empresa com o propósito de aproveitar o talento dessas pessoas nas mais diversas atividades da organização. Conforme uma pessoa é denominada é que percebemos o grande grau de importância que elarecebe dentro de uma organização. A maneira de como as empresas definem as pessoas quenelas trabalham tem um importante significado sendo, o papel e o valor que elas atribuem. Chiavenato (2005, p.4) afirma que as práticas gerenciais estão mudando, pois, asempresas estão investindo mais em pessoas, preparando-as para poder prestar um serviço demelhor qualidade e como consequência a satisfação do cliente e a diferença no mercadoconcorrente. Para tanto, surge a Gestão de Pessoas que é caracterizada pela participação,capacitação, envolvimento e desenvolvimento do bem mais precioso de uma organização queé o Capital Humano. A área de Gestão de Pessoas torna-se um agente de transformação na organização,contando com ferramentas de gestão que contribuem para resultados eficazes

105 e satisfação dosfuncionários, tem uma grande responsabilidade na formação do profissional que a instituiçãodeseja, objetivando o desenvolvimento e crescimento da instituição como o do própriofuncionário As pessoas como parceiras da organização As organizações vêm mudando sua visão e estratégias. Para que o processo produtivose realize da melhor forma, é preciso da participação conjunta de diversos parceiros, ondecada um contribui com algum recurso. Os clientes e consumidores ajudam a organização,comprando seus bens ou serviços. Muitas organizações fortificam seus negócios por meios denovas parcerias, assim com uma estrutura forte a possibilidade de crescimento aumenta. Cadaparceiro investira mais na empresa conforme o retorno obtido de cada investimento. Portantoquanto mais retorno, haverá mais investimentos, portanto, haverá maiscrescimento. As pessoas querem participar do que acontece a sua volta, principalmente quando envolve o seu trabalho. O ser humano tem necessidade de participação, assim como o vestir e o comer, uma necessidade básica, primária do homem social. É possível a utilização da participação das pessoas na organização como instrumento ou ferramenta de solução de problemas em diversas situações e em diferentes tipos de grupo. Mas, a importância da participação vai muito além do seu aspecto utilitário para obter resultados práticos para o grupo. "A participação é o caminho natural para o homem exprimir sua tendência inata de realizar, fazer coisas, afirmar-se a si mesmo e dominar a natureza e o mundo. Além disso, sua prática envolve a satisfação de outras necessidades não menos básicas, tais como a interação com os demais homens, autoexpressão, o desenvolvimento do pensamento reflexivo, o prazer de criar e recriar coisas, e, ainda, a valorização de si mesmo pelos outros"(bordenave,1995,p.16). Desta forma, é essencial a participação das pessoas nas tarefas da organização, principalmente quando se trata das atividades com as quais o indivíduo está diretamente vinculado. As organizações estão cada vez mais reconhecendo que o fator humano é fundamental ao bom funcionamento dos processos. Para Filho (2007, p. 32): A mão de obra deixou de ser considerada como um simples recurso ou insumo dos processos produtivos e passou a ser valorizada, pois é ela que tem a responsabilidade de gerenciar ações empresariais. São as pessoas que promovem as transformações necessárias, estabelecem os limites e as potencialidades das empresas e tomam as decisões que conduzem a organização rumo ao sucesso. 3. GESTÃO DE PESSOAS

106 Para uma boa gestão empresarial é preciso que o os gestoresdas empresas, desempenhe os seguintes passos: planejar, organizar dirigir e controlar. Dessaforma o gestor de pessoas ajuda a melhorar o nível de cada colaborador executando essespassos de uma forma eficiente assim melhorando o desempenho da empresa. A Administração de Recursos Humanos (ARH) refere-se às políticas epráticas necessárias para administrar o trabalho das pessoas, taiscomo: 1. Análise e descrição de cargos de trabalho; 2. Recrutamento e seleção de pessoal e admissão de candidatosselecionados; 3. Orientação e integração de novos funcionários; 4. Administração de cargos e salários; 5. Incentivos salariais e benefícios sociais; 6. Avaliação do desempenho das pessoas 7. Comunicação aos funcionários; 8. Treinamento e desenvolvimento das pessoas; 9. Desenvolvimento organizacional; 10. Higiene, segurança e qualidade de vida no trabalho; 11. Relações com empregados e relações sindicais. (CHIAVENATO,2005, p. 14). As empresas devem preparar seus colaboradores de maneira adequada para aceitar a mudança de forma positiva, fazendo-os entender que aquilo que a princípio pode ser incômodo, vai trazer benefícios ao seu trabalho. As pessoas devem entender que a mudança faz parte da vida de todos e que vai aparecer constantemente nos mais diversos momentos. Os administradores e os profissionais das empresas desde o mais simples funcionário até o diretor têm que aprender a levar em consideração a mudança como um fator sempre presente em seu ambiente de trabalho (MORGAN, 1976, p.14). De acordo com Drucker (1992), é o fator humano que promove o desenvolvimento dentro das organizações. Em um ambiente constantemente em mutação, os gerentes como representantes da alta Administração, são os implementadores da mudança e divulgadores da visão e valores da Direção e portanto, antes de mais nada, precisam estar conscientes da dimensão das mudanças e preparados para levar os seus subordinados a adotarem as mudanças propostas. 3.1 Objetivos da gestão de pessoas As organizações têm como principal ativo as pessoas e tem que ter a consciênciadisso. Uma organização para crescer e ser bem-sucedida tem que investir em

107 seuscolaboradores, capacitá-los para aperfeiçoar seus retornos, prosperar e manter a continuidadeda organização. Quando uma organização está voltada para as pessoas, a sua filosofiaglobal e a cultura organizacional passam a refletir essa crença. Agestão de pessoas é a função que permite a colaboração eficaz daspessoas para alcançar os objetivos organizacionais e individuais. Osnomes como departamento pessoas, relações industriais, recursoshumanos, são utilizados para descrever a unidade, departamento ouequipe relacionada com a gestão de pessoas. Cada qual reflete umamaneira de lidar com as pessoas. O termo Administração de RecursosHumanos (ARH) ou (RH) ainda é o mais comum de todos.(chiavenato, 2005, p. 11). O modo como às pessoas são tratadas dentro de uma organização influenciadiretamente em seu rendimento profissional. Os colaboradores podem ser o sucesso ou oproblema de uma empresa, tudo depende do modo que ele é tratado. Para se alcançar osobjetivos da gestão de pessoas trate-os como elemento básico da eficácia organizacional. Ogestor pode e deve aplicar esses conceitos, de forma a propiciarum melhor atendimento a seus clientes fazendo com a eficácia um bom retorno dosinvestimentos. Para tanto é preciso que, como principal aliado dos investidores,esteja orientando seus clientes de forma a valorizar cada vez mais seus colaboradores,tratando-os de forma respeitável e justa, orientar de forma a apresentar resultados decrescimento após o reconhecimento e respeito aos colaboradores Os processos de gestão de pessoas A gestão de pessoas se caracteriza em um conjunto de processos dinâmico einterativo, os seguintes processos cabem em seis passos nos quais são: Processo de Agregar Pessoas: Esse processo é utilizado na empresa para inserirnovas pessoas, é chamado processo de provisão ou auxilio de pessoas. Incluem chamar eselecionar as pessoas. Processo de Aplicar Pessoas: Esse processo é utilizado para esquematizar o que cadapessoa vai estar destinada a fazer dentro da empresa, deve-se orientar e acompanhar odesempenho. O esquema organizacional e de cargos devem ser incluídos, avaliardesempenho, orientar as pessoas, analisar e descrever os cargos. Processo de Recompensar Pessoas:São um método utilizado de motivação das pessoasa realizar suas necessidades. Nesse método se incluem benefícios, remuneração,recompensas e serviços sociais.

108 Processo de Desenvolver Pessoas: Neste passo se incluem treinamento edesenvolvimento, pessoal e profissional das pessoas, com isso se incrementa e capacitaestimulando mudanças, desenvolvimento de carreiras e programas de comunicação. Processos de Manter Pessoas: Para manter é necessário disponibilizar condiçõespsicológicas e ambientais para a atividade das pessoas, essas condições dependem de higiene,segurança, disciplina, clima, qualidade de vida entre outros. Processos de Monitorar Pessoas: É muito importante monitorar e controlar as suasatividades, assim verifica-se seus resultados. Esses métodos incluem sistema de informaçõesgerenciais e banco de dados. O equilíbrio na condução de todos esses processos é fundamental. Quando um processo é falho, ele compromete todos os demais. Alémdisso, todos esses processos são desenhados de acordo com asexigências das influencias ambientais externas e das influenciasorganizacionais internas para obter a melhor compatibilização entre si.ele deve funcionar como um sistema aberto e interativo.(chiavenato, 2005, p. 15). A Gestão de Pessoas se baseia em três aspectos fundamentais: As pessoas como seres humanos: São possuidores de personalidade própria ediferentes entre si, possuem grande conhecimento, habilidades e competências indispensáveis.tem que tratar as pessoas como humanos, e não como meros recursos da organização. As pessoas como atividades inteligentes de recursos organizacionais: As pessoas sãoelementos impulsionadores da organização e capazes de agrega-la de inteligência, talento eaprendizagem muito valiosa para sua constante renovação e competitividade em um mundocheio de mudanças constantes. As pessoas como parceiros da organização capazes de conduzi-las a excelência e aosucesso: Como parceiros, as pessoas fazem investimento da organização como: esforço,dedicação, responsabilidade, na expectativa de colher retornos desses investimentos comosalários, gratificações, crescimento profissional, etc. Qualquer investimento somente se justifica quando traz um retornorazoável. Na medida em que o retorno é bom e sustentável, atendência certamente será a manutenção ou aumento do investimento.pessoas como parceiros ativos da organização e não como merossujeitos passivos dela. (CHIAVENATO, 2005, p. 9). 4. CONTABILIDADE DE RECURSOS HUMANOS A contabilidade de recursos humanos (CRH), como o próprio nome sugere, é a parte das Ciências Contábeis que tem como preocupação central o serhumano, como sendo este o agente principal de todas as modificações que ocorrem no contexto socioeconômico

109 das empresas. Tem por objetivo principal identificar, medir e classificar informações sobre recursos humanos e comunicá-las aos usuários interessados. Devido ao grande crescimento das empresas e dada maiores importâncias às pessoas,viu-se a necessidade de criar um aliado para um melhor gerenciamento destes recursos. Variaspesquisas foram feitas para desenvolver um plano de conceitos e métodos contábeis paraavaliar e reconhecer investimentos feitos em pessoas. A CRH tem duas funções muito importantes, sendo: A Contabilidade de custos derecursos humanos, que mede os totais investidos nas pessoas, e a Contabilidade dos valores,que verifica os valores econômicos das pessoas em relação à empresa. Portanto a CRH tempor finalidade a medição do capital humano e cuida de seus custos e valores. Podemos perceber que a CRH é uma grande aliada no gerenciamento dos recursos depessoal, proporcionando informações para auxiliar nas tomadas de decisões sobre pessoal,incluindo contratação, desenvolvimento, manutenção, utilização, avaliação e remuneração dopessoal. Com isso constatamos que a CRH envolve a contabilização de ativos humanos comorecursos, atendendo às necessidades gerenciais e/ou financeiras da empresa. A contabilidade de recursos humanos representa ogrande aliado das empresas para um maior e eficaz sucesso no desenvolvimento egerenciamento das pessoas, que é o ativo mais valioso daempresa. Ainda não podemos considerar que a CRH já seja uma aliadapopular entre as empresas, mas já podemos notar que as poucas empresas que se aliaram a estanova ideia estão tendo um ótimo retorno de investimentos e excelentes resultados Funções da Contabilidade de Recursos Humanos A contabilidade de recursos humanos tem duas funções que podem ser úteis para o gerenciamento de pessoal: Contabilidade de custo de recursos humanos, que se preocupa com a medição dos investimentos em recursos humanos, e a contabilidade do valor dos recursos humanos que se preocupa com o valor econômico das pessoas em relação a uma organização. Logo, a contabilidade de recursos humanos preocupa-se com a medição do capital humano, e trata da medição de seus custos e do seu valor. Uma das principais funções da contabilidade de recursos humanos é proporcionar ao gerenciamento de pessoal informações para facilitar todos os aspectos de tomadas de decisões sobre pessoal, incluindo contratação, desenvolvimento, alocação, manutenção, utilização, avaliação e recompensas aosrecursos humanos. A CRH mede os custos incorridos para recrutar, selecionar, contratar, treinar e desenvolver recursos humanos, além de incluir a mensuração do valor econômico das pessoas para as organizações. Em suma, constatamos que ela envolve a contabilização de

110 ativos humanos como recursos organizacionais, com o objetivo de atender às necessidades gerenciais, assim como financeiras, da empresa. Devido a isso, constata-se que "a contabilidade de recursos humanos representa o próximo passo lógico no desenvolvimento de conceitos e ferramentas para contribuir para o gerenciamento efetivo do ativo mais valioso de uma empresa seu pessoal". 5. CONTABILIDADE E GESTÃO ESTRATÉGICA DE RECURSOS (ATIVOS) HUMANOS Os mais atuais métodos de gestão de recursos humanos consistem em criar valoresem todas as áreas da empresa, concentrar-se no cliente, fazer com que os colaboradoressempre saibam a missão da organização, capacitar bem os colaboradores para realizarem suasatividades da melhor maneira, recompensar as atuações dos empregados que geram valoragregado. Vale ressaltar sempre que as empresas não pagam por atividades, mas, sim, porresultados. A contabilidade estratégica de recursos humanos considera o reconhecimento daspessoas como recurso organizacional e estratégico, tendo como objetivo à sobrevivência e àcontinuidade das organizações, no tempo, com o objetivo de serem competitivas, em busca demaiores retornos de investimentos em recursos físicos, tecnológicos e humanos. PACHECO (1996; p.9) diz que a contabilidade de recursos humanos é uma ferramenta que permite identificar, registrar e demonstrar os gastos com investimento em recursos humanos, calculando seu custo e valor. Segundo FIORINI (1982; p.4), a contabilidade de recursos humanos é o processo de identificar, mensurar e comunicar informações sobre recursos humanos, objetivando facilitar uma eficiente administração empresarial, bem como propiciar informações úteis aos usuários externos. O objetivo da gestão de recursos humanos pode ser visto como a necessidade decontribuir para o valor da organização, melhorando o valor de seus ativos. O critério deeficiência pode ser mensurado pela mudança no valor de uma organização. Portanto se oobjetivo de gerar recursos humanos é visto como o aumento dos valores destes recursos, entãoas tarefas de designar, selecionar, a atribuição do papel de desenvolvimento, a análise dedesempenho não são meramente um grupo de funções de serviços a serem avaliados, são, naverdade, um grupo de estratégias avaliáveis, que podem ser adotadas para mudar o valor dosativos humanos e, por sua vez, o valor da organização como um todo. Belakaoui e Belakaoui (1995:02) explicitaram que: "a contabilidade de recursoshumanos fornece mensurações de custos e/ou valor dos recursos humanos. A função para aqual a informação será utilizada deve determinar quais dessas medidas ou

111 combinação demedidas serão aplicadas". Com isso o conceito de valor humano é derivado da teoriaeconômica geral. Assim como todos os outros recursos, as pessoas possuem um valor porqueelas são capazes de prestar serviços futuros. O conhecimento que as pessoas possuem trabalhando nas organizações representaum ativo. Esse conhecimento é subjetivo, é invisível, mas está presente e é o agente que movevárias mudanças, porém não vem, ainda, sendo contabilizado e reconhecido pelasorganizações. Essas analises reforçam a ideia de que investimentos em conhecimento representamverdadeiros ativos e devem ser expostos nas demonstrações contábeis das organizações,apropriadamente, como ativos geradores de futuros fluxos de caixa. A definição de conhecimento pode ser considerada como algo pessoal, isto é,formado dentro de um contexto social e individual. E esse conceito de conhecimento estábaseado em duas perspectivas: a) o conhecimento é, ao mesmo tempo, público e, em grande parte, pessoal, por serconstruído por seres humanos, contém emoções, ou paixão; e b) o conhecimento subjacente ao conhecimento explícito é mais fundamental; todoconhecimento é tácito ou tem raízes no conhecimento prático. O grande uso do conhecimento vem impactando no valor das organizações, pois elasestão cada vez mais materializando esses recursos, juntando-se com as tecnologiasdisponíveis e empregadas para atuar num ambiente globalizado, produzem benefíciosintangíveis que agregam valor às mesmas. Portanto esse conjunto de benefíciosintangíveisdenominou-se capital intelectual da organização Características de um ativo humano Segundo MARION (1996; p.53), ativo são todos os bens e direitos de propriedade da empresa, mensurável monetariamente, que representam benefícios presentes ou benefícios futuros para a empresa. HERMANSON (1964; p.4) diz que ativos são recursos escassos (definidos como serviços, mas agrupados e classificados como agentes), operando dentro da entidade, capazes de serem transferidos por forças da economia, e expressos em termos monetários; que foram adquiridos como resultado de transações atuais ou realizadas no passado, e que possuam capacidade de gerar benefícios econômicos futuros. Sprouse e Moonitz apud IUDÍCIBUS (1987; p.103) explicam que ativos representam benefícios futuros esperados, direitos que foram adquiridos pela entidade como resultado de alguma transação corrente ou passada...

112 IUDÍCIBUS (1987; p.103) refere que a ênfase, nesta definição, está na potencialidade de serviços por parte dos ativos, para a empresa. Aproxima-se de uma definição bastante precisa para nossas finalidades, embora dê, talvez, excessiva ênfase às transações presentes ou passadas. Ativos podem ser constituídos como resultado do esforço de pesquisa da empresa, de natureza contínua, pela organização excelente e por fatores intangíveis não necessariamente ligados a transações com o mundo exterior. De acordo com o ISAR (1989; p. 15), ativos resultam de eventos passados que podem ser transações em dinheiro ou não. Ativos podem ser comprados, trocados por outros ativos, autogerados ou recebidos como subsídios ou donativos. Paton apud TINOCO (1996; p.43) afirma que, ativos não são inerentemente tangíveis ou físicos. Um ativo representa uma quantia econômica. Pode, ou não, estar relacionado ou ser representado por um objeto físico. Entende-se que os gastos com recrutamento, contratação, treinamento, cursos etc., contribuem para a formação e geração dos recursos humanos presentes na empresa. Sendo assim, a empresa estará investindo em seus funcionários, formando capital humano valioso, o qual contribuirá na geração de resultados para a empresa. O IASC (1994; p.64) explicita que um ativo é reconhecido no balanço, quando é provável que a empresa venha a receber dele benefícios econômicos futuros e o ativo tem um custo ou valor que possa ser medido em bases confiáveis. Certos ativos, como gastos operacionais, por exemplo, não geram benefícios imediatos, mas proporcionam condições para que a empresa gere benefícios no futuro. Para saber se um gasto deve ser tratado como um ativo ou despesa, deve-se relacioná-lo com o seu potencial futuro de geração de serviços, ou seja, se ele gerar benefícios futuros deve ser classificado como ativo. Esses gastos só devem ser apropriados como despesas nos períodos em que resultarem em benefícios. Denota-se que as pessoasnão são os ativos humanos de uma organização, visto que os funcionários de uma empresa não podem ser comprados ou possuídos por ela. Porém, podemos considerar como ativo os investimentos feitos nessas pessoas. Pois, esses investimentos estão sujeitos ao controle da empresa, podem ser mensuráveis em termos monetários e representam benefícios futuros. Contudo, se tal gasto não satisfizer um desses critérios, não pode ser classificado como um ativo. MARTINS (1972; p.30) contribui com a seguinte definição de ativo, tendo fundamentação em termos econômicos: ativo é o futuro resultado econômico que se espera obter de um agente. Mais adiante, MARTINS (1972; p.33) diz que, finalmente, também se enquadram todos os recursos humanos, quer os dirigidos para a administração, quer os para a produção de bens ou serviços ou outras funções. São recursos que, caso deles se espera um resultado econômico no futuro, representam itens do Ativo da entidade a que se

113 referem. São recursos econômicos, ativos econômicos e, portanto, merecedores de reconhecimento como ativos contábeis. Ativos humanos são definidos por FIORINI (1982; p.4) como sendo os futuros resultados econômicos que se espera obter do agente Elemento Humano. Nabil Elias apud TINOCO (1996; p.45) define ativos humanos como agregados de serviços potenciais disponíveis ou úteis para operações esperadas da empresa, para seus membros internos, isto é, gerentes e empregados. Os recursos humanos de uma empresa são agentes operantes, responsáveis pela administração, pela produção de bens e serviços e que garantem o sucesso e continuidade da empresa. Portanto, os recursos humanos representam os ativos mais valiosos de uma organização. Pois, uma empresa não evolui sozinha, por mais que seja informatizada e detenha alta tecnologia, ela precisa de pessoas especializadas e qualificadas. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante todo o processo deste artigo, podemos concluir que as empresas realmenteprecisam de um grande aliado: As Pessoas. Observamos que elas podem ser o sucessoou fracasso da empresa, tudo depende de como são administradas. Se há uma boa gestão,um bom programa de treinamentos, normas e procedimentos nos quais elas devem seguir. Diante da atual conjuntura econômica, as empresas precisam adequar-se as mudanças e buscar formas de gestão empresarial que as diferenciem das demais. Dessa forma, o reconhecimento dos recursos humanos, presentes em uma organização, como ativos humanos, capazes de gerar benefícios futuros para a empresa, torna-se vital para identificar a parcela de contribuição que os mesmos têm no resultado empresarial. Com isso a presença do Contador vem como um grande aliado nessa gestão de pessoas, pois éatravés dele que relatórios de gestão, informações importantes, cálculos e números de controlesão essenciais para que o gestor da organização saiba como e onde investir, saber como andaseu investimento e saber também o momento exato de aumentar ou diminuir seu quadro decolaboradores para que seu negócio esteja sempre alinhado com suas metas e objetivos. Issotudo são ferramentas que auxiliam a treinar e capacitar pessoas. Claro que temos que motivá-laspor meio de gratificações, salários, benefícios e um plano de promoções. Lembre-sepessoa motivada é pessoa feliz e dedicada, e se a empresa

114 possui pessoas assim certamenteestará no caminho certo para o sucesso e pode ser também um grande diferencial numa brigade concorrentes. Por fim, acredita-se que gestão de pessoas é, sobretudo, saber agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar, sendo todos somados e colocados em ação, para se obter êxito no crescimento e desenvolvimento de uma organização e do alcance de objetivos de todos que estão inseridos no desenvolvimento da mesma, gerando assim uma gestão sólida e de sucesso. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELKAOUI-MONTI, Janice e BELKAOUI-RIAHI, Ahmed. Human resource valuation: a guide to strategies and techniques. Westport, Quorum Books, BORDENAVE, Juan E. Diaz. O que é participação., 8ª ed. São Paulo: Brasiliense, CARVALHO, Antônio Vieira de/nascimento, Luiz Paulo do. Administração de Recursos Humanos. Volume 1. São Paulo Pioneira, CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas. Segunda Edição, Totalmente Revista eatualizada. Editora Campus, DRUCKER, P. F. Administrando para o futuro: os anos 90 e a virada do século. São Paulo: Pioneira, FILHO, Hayrton Rodrigues do Prado. A valorização do capital humano no ambiente empresarial. Banas da Qualidade, São Paulo, ano XVII, n. 185, p.32-34, out FIORINI, C.V. Contabilidade de recursos humanos. Dissertação de Mestrado emcontabilidade, FEA/USP, FITZ-ENZ, Jac. El valor añadidoladirección de recursos humanos. Una nueva estratégia para los 90.EdicionesDeusto, Bilbao (España), GIL, Antônio Carlos. Gestão de Pessoas. Enfoque nos Papéis Profissionais.1ª ed. São Paulo, Atlas, HERMANSON, Roger H. Accounting for Human Assets. Occasional paper nº 14, Bureauof Business and Economic Research, Graduate School of Business Administration,Michigan, U.S., 1964.

115 IASC - International Accounting Standards Committee. Framework for the preparation and presentation of financial statements.in: International Accounting Standards 1996.London: IASC, 1996, p ISAR - Intergovernmental Working Group of Experts on International Standards ofaccounting and Reporting. Objectives and concepts underlying financial statements.new York: ONU, IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade.2 ed. São Paulo: Atlas, IUDÍCIBUS, S. de. Utilização de informações contábeis para finalidades econômicas. São Paulo: Boletim do contador, n.145, Ibracon, junho de MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial.5. ed. São Paulo, Atlas, MARION,J.C.Contabilidade Empresarial. Atlas,São Paulo MARTINS, Eliseu. Contribuição a avaliação do ativo intangível. Tese de Doutorado. São Paulo, FEA/USP, MONTEIRO, Deny da Rocha. A contabilidade de recursos humanos: uma exposição de suas técnicas e uma visão crítica das suas perspectivas.dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro, COPPE/UFRJ, MORGAN, G. Imagens da organização. São Paulo: Editora Atlas S.A, PACHECO, Vicente. Uma contribuição ao estudo da contabilidade de recursos humanos e seu poder de informação.dissertação de Mestrado. São Paulo, FEA/USP, TINOCO, J.E.P. Contribuição ao Estudo da Contabilidade Estratégica de Recursos Humanos. Tese de Doutoramento em Ciências Contábeis, FEA/USP, 1996.

116 A Importância do Recrutamento e Seleção de Pessoas nas Organizações Carlos Antônio L. Bittencourt FUPAC Ponte Nova Cecília Lopes Trevenzoli Faculdade Redentor Fernando de Sousa Santana FUPAC Ponte Nova Luiz Xisto Alves FUPAC Barão de Cocais Priscila de Souza Fontoura FUPAC Ponte Nova RESUMO: Hoje em dia disputar uma vaga no mercado de trabalho não é sinônimo de possuir um bom Curriculum vitae. Para quem quer alcançar o sucesso, além qualificação técnica deve possuir competências capazes de aumentar o capital empresarial de uma organização e a perspectiva de vida num mercado altamente competitivo. Este artigo tem como objetivo principal demonstrar a relevância do recrutamento e seleção de pessoas em todo o processo produtivo como ferramenta para a eficácia de resultados nas organizações. A pesquisa foi realizada de forma bibliográfica, artigos, revistas e pesquisas na internet. Com base nestas observações, foram identificadas as necessidades de melhoria nos processos de recrutamento e seleção de novos colaboradores, para assim, diminuir o índice de rotatividade interno. São observados alguns pontos falhos neste processo da empresa, e sugeridas algumas alterações visando à melhoria nas contratações, refletindo diretamente em seu desempenho, desde o atendimento até a instalação de seus produtos. Palavras-chave: Eficácia, Recrutamento, Seleção, Pessoas. ABSTRACT: Today competing for a place in the labor market is not synonymous with having a good curriculum vitae. For those who want to achieve success, in addition to technical skills must possess skills able to increase the business capital of an organization and life perspective in a highly competitive market. This article aims to demonstrate the relevance of the recruitment and selection of people throughout the production process as a tool for effective results in organizations. The survey was conducted bibliographic form, articles, magazines and internet searches. Based on these observations, the improvement needs were identified in recruitment and selection of new employees, to thereby reduce he internal rotation rate. They are observed some weak points in this process of the company, and suggested some amendments to the improvement in hiring, reflecting directly on their performance from the service to the installation of its. Keywords: Effectiveness, Recruitment, Selection, People

117 1. INTRODUÇÃO Atualmente, em um mundo de negócios onde há competitividade no mercado, asempresas estão recrutando e selecionando profissionais que vem agregar valores e aumentar sua posição no ambiente econômico a um nível de excelência interna e externa. O objetivo de toda empresa é o sucesso e sua persistência no mercado. Por isso, umaorganização só atingirá seus objetivos ao estabelecer seu perfil por intermédio de mudanças organizacionais do seu quadro de pessoal. A criatividade, o potencial, o aprendizado e a vontade de cada pessoa vencer são valores humanos insubstituíveis, por mais que a tecnologia tenha avanças na era globalizada, as máquinas jamais substituirão a diversidade e capacidade humana em se adaptar dentro de uma organização. Toda empresa procura se destacar entre seus concorrentes, e não basta apenas possuir máquinas e equipamentos de última geração, deve contar com colaboradores bem capacitados e adequados para desempenharem seus cargos e funções de maneira eficiente, buscando sempre a eficácia organizacional. De acordo com Maximiano (2012, p.5) eficiência é a palavra usada para indicar que a organização utiliza produtivamente, ou de maneira econômica, seus recursos. Todo colaborador que trabalha com os conceitos da eficiênciaorganizacional, está realizando o seu trabalho de maneira correta. Toda empresa deve buscar pessoas qualificadas e preparadas para exercer sua função, por isto, deve realizar processos de busca e localização de pessoas adequadas para preencherem os cargos que estão disponíveis. De maneira geral, o fator principal que deve ser constatado, é que todo o cargo dentro das empresas deve ser preenchido pela pessoa que mais tenha as características que este cargo ou função exige de seu ocupante, e isto, atualmente não é uma tarefa fácil, pois, na maioria das vezes as empresas não acham tais pessoas por dois fatores: 1) os candidatos não são aptos para desempenharem o cargo que necessita ser preenchido; 2) a empresa não define o perfil adequado da pessoa que deverá preencher tal cargo, ou mesmo, não descreve o que o cargo exige de seu ocupante. A palavra eficácia é usada para indicar que a organização realiza seus objetivos (MAXIMIANO, 2012, p.5). Desta forma, as empresas que trabalham com eficiência nos seus processos, e tendo colaboradores que trabalham de forma correta, tem uma probabilidade maior de alcançar seus objetivos e metas do que outras que não se preocupam com a sua eficiência.

118 Para que uma organização não seja fadada ao insucesso, as empresas vêm dando muita importância e valor ao processo de recrutamento e seleção de pessoas que irão compor o quadro de funcionários necessários aos cargos disposto. Sendo assim, o objetivo geral deste artigo é identificar os métodos utilizados por empresas para recrutar e selecionar candidatos com perfil visando a qualidade dos serviços e a imagem da empresa na era tecnológica e globalizada em que estamos vivenciando, bem como, diminuir o índice de rotatividade de pessoal, visando melhorias no atendimento e prestação de serviços nas organizações. No planejamento de uma empresa são analisados os riscos de mercado e os caminhos a se percorrer para chegar a um objetivo e o lucro. Em termos mais específicos, para que o objetivo seja alcançado é necessário que o setor de recrutamento e seleção utilize alguns métodos adequados para que possa assim, recrutar um candidato qualificado e com potencial para atingir os objetivos da organização. Por isso, a importância do recrutamento e seleção, pois sem pessoas os objetivos planejados pela empresa não serão alcançados, com um processo de seleção bem planejado além de obter o lucro desejado, a empresa evitará desperdício de tempo, dinheiro e recursos. O recrutamento consiste na procura e atração de candidatos para uma determinada função e a seleção na escolha e tomada de decisão do candidato que ocupará o cargo disponível (ROCHA, 1997; CHIAVENATO, 2000; CÂMARA et al., 2003). Para elaboração e desenvolvimento do estudo utilizou-se de pesquisas bibliográficas e descritivas, artigos, revistas, livros e pesquisas na internet,procurando coletar e descrever informações sobre a importância e técnicas empregadas no processo de recrutamento e seleção na organização, bem como identificar as competências necessárias que um candidato ao assumir um cargo deverá possuir, diminuir riscos e custos nos processos por tratar-se de ferramentas valiosas para um bom desempenho e valorização das empresas no mercado competitivo de negócios. 2. AMBIENTE ORGANIZACIONAL O ambiente organizacional, pode ser definido como o conjunto de fatores internos e externos que tem capacidade para interferir e influenciar nos processos e desempenho da empresa. Toda empresa deve ser considerada uma organização. Na sociedade humana, as organizações fornecem os meios paraatender as necessidades das pessoas. Serviços de saúde, água eenergia, segurança

119 pública, controle de poluição, alimentação,diversão, educação em todos os níveis praticamente tudo dependede organizações (MAXIMIANO, 2012, p. 3). As organizações são importantes, pois, delas vem todos os recursos epossibilidades de satisfação das necessidades humanas. Ainda de acordo com Maximiano (2012, p. 3), uma organização é um sistemade recursos que procura realizar algum tipo de objetivo (ou conjunto de objetivos),assim sendo, as empresas devem ser classificadas como organizações, pois, elassão formadas por pessoas que trabalham com objetivos estabelecidos por suaadministração. As organizações são criadas pelos homens e perpetuam-se por meio deles,são compostas de indivíduos que, assim como as empresas tem seus objetivosgeralmente delineados e específicos (KNAPIK, 2008). Assim como as organizações, os colaboradores também têm seus objetivosindividuais, e cabe às empresas fazer com que os contratados identifiquem seusobjetivos com os da empresa, para assim, criar um vínculo forte. De acordo com Knapik (2008, p. 14 e 15) o comportamento do homem nasorganizações depende de duas variáveis: as pessoais (sua própria personalidade, oque lhe motiva, seus valores, etc.) e as da empresa (como por exemplo o ambientede trabalho, as regras, métodos de trabalho, entre outros). As empresas devem se atentar ao conceito de que são organizações e quetoda organização é formada por seres humanos, e para isso, precisam de indivíduosque realmente se identifiquem com os objetivos organizacionais. 3. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE CARGOS As empresas devem, antes mesmo de iniciar o processo de recrutamento, seatentar ao cargo que necessita ser preenchido, para isso, o órgão responsável pelos seus Recursos Humanos, deve conhecer, descrever e analisar tal cargo. É necessário que exista o preceito de que todo o processo de contratação depessoas, ou até mesmo, de promoções de colaboradores que já fazem parte daorganização, é um processo de comparação entre os indivíduos e suascaracterísticas, que podemos chamar de competências, com as exigências do cargoem questão. Segundo Knapik (2008), as competências de um indivíduo podem serclassificadas por: Conhecimento: que é o saber, ou seja, aquilo que se aprende no decorrer davida;

120 Habilidade: que é o saber fazer, ou seja, experiências e domínio sobrealguma atividade; Atitude: são as características pessoais que levam o indivíduo a colocar emprática, ou não, o que se tem por conhecimento e habilidade. Todas essas características que formam as competências de cada indivíduodevem ser comparadas com todas as características que o cargo exige. Para sabertodas as exigências do cargo, as empresas precisam estabelecer e criar asdescrições e análises de todos os cargos que existam dentro dela. A descrição de cargos é um processo que consiste em enumerar astarefas ou atribuições que compõem um cargo e que o tornamdistinto de todos os outros cargos existentes nas organizações. Adescrição de cargos é o detalhamento das atribuições ou tarefas docargo (o que o ocupante faz), a periodicidade da execução (quandofaz), os métodos empregados para a execução dessas tarefas (como faz), os objetivos do cargo (por que faz) (CHIAVENATTO, 2006, p. 242). A descrição do cargo irá apresentar de forma bem clara, todos os detalhes possíveis para que seu ocupante saiba realmente quais serão suas tarefas a serem desempenhadas com eficiência. Enquanto a descrição de cargos é um simples arrolamento das tarefas ou atribuições que um ocupante desempenha, a análise de cargos é uma verificação comparativa de quais exigências (requisitos) essas tarefas ou atribuições impõem ao ocupante. Em outros termos, quais são os requisitos intelectuais e físicos que o ocupante deveria ter para desempenhar adequadamente o cargo (CHIAVENATTO, 2006, p. 244). A diferença da descrição de cargos, é que a análise de cargos visa apontar quais são as características físicas e intelectuais que o cargo exige que seu ocupante apresente. Em outras palavras, a análise de cargos aponta quais são as competências necessárias que o seu ocupante apresente. Observadas a descrição de cargos e a análise de cargos, fica muito mais prático poder iniciar todo o processo de recrutamento e seleção de pessoas, pois, é uma forma de se ter um parâmetro de comparação entre as duas partes o contratante e o futuro contratado. 4. RECRUTAMENTO DE PESSOAS O recrutamento adequado garantirá condições para uma gestão otimizada que acaba por promover mais sucesso à empresa e também economia com abstinência e rotatividade de pessoas, além de conseguir maiores resultados com pessoas mais eficientes comprometidas com os ideais da organização. (MICHEL, 2007).

121 O recrutamento é a forma utilizada para atrair e localizar candidatos que possuam o perfil adequado ao cargo que necessita ser preenchido. O recrutamento refere-se ao processo que decorre entre a decisão de preencher um cargo vago e o agrupamento dos candidatos que preenchem o perfil da função e reúnem condições para ingressar na empresa (CÃMARA et.al. 2003); As atividades de recrutamento de uma empresa devem ser altamenteestimuladoras, no sentido de fazer com que potenciais candidatos queiram, realmente, ingressar na organização (BULGACOV, 2006, p. 337). O recrutamento deve ser a primeira etapa para a seleção de pessoas, pois, já serve como uma triagem de candidatos adequados ao cargo, comparados com outros que não tenham o perfil necessário. Quando as empresas tomam conhecimento de que precisam preencher alguma vaga em aberto, é necessário fazer com que esta necessidade se torne pública, ou seja, deve ser feito algum tipo de anúncio para que possíveis candidatos saibam desta oportunidade. Não basta apenas atrair candidatos, o fator crucial de um bom recrutamento é atrair potenciais candidatos, que tenham o perfil adequado ao cargo e que possam assumir tais responsabilidades sem dificuldades. Segundo Chiavenato (2006, p. 165) recrutamento é um conjunto de técnicas e procedimentos que visa atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização. As técnicas e procedimentos aplicados ao recrutamento podem ser observados pela maneira de como esse recrutamento é elaborado e descrito. E por se tratar de uma forma de divulgação de uma vaga em aberto, pode-se dizer que o recrutamento se trata de um anúncio ao mercado de trabalho. O objetivo do recrutamento consiste em atrair candidatos e, para que seja eficaz, deverá fazê-lo em número suficiente para fornecer o processo de seleção e assim permitir que este funcione. Trata-se, pois, de um sistema de informação que visa a divulgação de oferta de oportunidades de emprego... (CHIAVENATO, 2000);... antes da divulgação e antes do recurso ao mercado de trabalho, ou seja, antes de proceder ao recrutamento propriamente dito, é necessário efetuar um planejamento... (ROCHA, 1996). Bulgacov (2006), dispõe que toda empresa pode optar por duas formas de recrutamento: 1) Recrutamento interno é o meio de recrutamento em que a empresa busca talentos dentro da própria organização. Assim sendo, o recrutamento interno pode ser uma

122 fonte poderosa de motivação para os funcionários que já fazem parte da organização, sem a necessidade de abrir esta vaga para o mercado externo. Porém, o recrutamento interno somente pode ser aplicado, se a empresa realmente apresentar colaboradores que tenham as competências adequadas que o cargo exige. O gestor de pessoas deve ter um nível elevado de informações sobre os profissionais que atuam na organização, para poder tomar a melhor decisão na escolha do futuro ocupante do cargo (BULGACOV, 2006, p. 338). As principais vantagens do processo interno são: Aproveitar melhor o potencial humano da organização; Motiva e encoraja o desenvolvimento profissional dos atuais funcionários; Incentiva a permanência e a fidelidade dos funcionários; Não reque socialização na organização de novos membros; Probabilidade de melhor seleção, pois o entrevistador já conhece o entrevistado. As principais desvantagens do processo interno são: Pode bloquear a entrada de novas ideias e experiências; Mantém quase inalterado o atual patrimônio humano da organização; Mantém e conserva a cultura organizacional existente; Funciona como um sistema fechado de reciclagem continua. denominado como: O mesmo autor completa sobre a outra forma de recrutamento que segue 2) Recrutamento externo é o meio de recrutamento em que a empresa busca talentos de fora, ou seja, candidatos que buscam oportunidades no mercado de emprego. É feito através de técnicas que atraem candidatos que, no momento não atuam na organização, estejam eles disponíveis ou trabalhando em outras empresas. O recrutamento externo é realizado quando a empresa visa contratar um novo colaborador que esteja disponível para o mercado, isto é, alguém que não está empregado no momento, ou até mesmo, para atrair algum talento que faz parte do quadro de colaboradores de seu concorrente, ou outra empresa. Pode ser visto como uma forma de motivar as pessoas dentro da organização também, pois, é uma maneira de trazer sangue novo para a organização, isto é, com a contratação de alguém de fora da empresa, novas ideias, conceitos e procedimentos diferentes podem ser implantados. De acordo com Knapik (2008, p. 142) o recrutamento externo é realizado por meio de fontes que visam atrair pessoas qualificadas e aptas no mercado. Essas fontes são as ferramentas de divulgação da vaga em aberto, ou seja, a escolha pela mídia mais adequada para este procedimento, por exemplo, jornais, revistas, internet, televisão, o próprio site da empresa, e assim por diante. A escolha pela ferramenta

123 adequada depende muito do cargo em questão, pois, se é um cargo que se sabe que o perfil de seu ocupante não é alguém que utiliza internet, então esta vaga não pode estar anunciada no site da empresa. As principais vantagens do processo externo são: Introduz sangue novo na empresa; Enriquece o patrimônio humano, pelo aporte de novos talentos e habilidades; Aumenta o capital intelectual por incluir novos conhecimentos; Renova a cultura da organização. As principais desvantagens do processo externo são: Afeta negativamente a motivação dos atuais funcionários da organização; Reduz a fidelidade dos funcionários ao oferecer oportunidade a estranhos; Exige esquemas de socialização organizacional para os novos colaboradores; É mais custoso, demorado e inseguro que o recrutamento interno. O recrutamento externo é a maneira de localizar e atrair candidatos aptos para ocupar determinado cargo, este deve ser bem elaborado, contendo todos os requisitos necessários que o candidato tenha para ocupá-lo, sendo muito importante nesta etapa, a descrição e análise do cargo. Somente assim, servirá como a primeira triagem dentre os candidatos interessados. 5. SELEÇÃO DE PESSOAS A finalidade do setor de seleção de pessoal é escolher o candidato mais adequado aos cargos da empresa, o setor cumpre seu objetivo quando contrata, pessoas eficientes e comprometidas a atingir as metas estipuladas na etapa do planejamento empresarial. A seleção de pessoas faz parte do processo de provisão de pessoal, vindo logo depois do recrutamento. O recrutamento e a seleção de recursos humanos devem ser tomados como duas fases de um mesmo processo: a introdução de recurso humanos na organização. Se o recrutamento é uma atividade de divulgação, de chamada, de atenção, de incremento da entrada, portanto, uma atividade positiva e convidativa, a seleção é uma atividade obstativa, de escolha, opção e decisão, de filtragem da entrada, de classificação e, portanto, restritiva (CHIAVENATTO, 2006, p. 185). Geralmente a seleção de pessoas é realizada quando se faz o recrutamento externo. Quando é realizado o recrutamento interno, a empresa já conhece o seu pessoal, portanto, não é necessária a realização de etapas de filtragem. Já quando o recrutamento é externo, existe a necessidade de escolha entre os candidatos que foram recrutados para o processo seletivo.

124 Segundo Chiavenato (2006, p. 190) a seleção deve apoiar-se em algum padrão ou critério, que é extraído com base nas características do cargo a ser preenchido. A seleção deve seguir o mesmo conceito do recrutamento, isto é, todas as etapas e ferramentas utilizadas no processo seletivo devem servir de parâmetro de comparação entre candidatos e cargo. Milkovich e Boudreau (2000) ressaltam: Existem provavelmente uma variedade infinita de formas de medir as informações dos candidatos e outras tantas continuam sendo criadas a cada dia. Os testes informatizados e a triagem genética eram absolutamente desconhecidos há alguns anos; hoje, muitas empresas lançam mão dessas técnicas. No entanto, as técnicas tradicionais de coleta de informações, como o uso de formulários e entrevistas, ainda são as mais amplamente utilizadas. Guimarães &Arieira (2005) assim se expressam: Para Martins (2007): Todo processo de seleção é único e dever ser entendido como uma ferramenta de marketing interno e externo que a empresa pode utilizar a seu favor, dependendo da maneira como é realizado. Ele não termina com a contratação do profissional, pois o mesmo precisa ser apresentado, integrado e acompanhado nos seus primeiros dias ou meses na empresa. A seleção consiste em primeiro lugar, na comparação entre perfis dos candidatos e as exigências do cargo ou função, o ideal é que o perfil e a função se ajustem. Assim, é necessária uma escolha da pessoa certa para o cargo certo, ou seja, entre candidatos recrutados aqueles mais adequados aos cargos existentes na empresa, visando manter ou aumentar a eficiência e desempenho do pessoal. 5.1 Técnicas de seleção Para que se encontre o candidato com o potencial desejado é necessário seguir algumas técnicas de seleção. Essas técnicas são de extrema importância para o setor de recrutamento e seleção, possa captar o melhor talento para o cargo disponível, principalmente se for um processo externo. Ferramentas de seleção são técnicas utilizadas para observar e analisar os candidatos que participam do processo de seleção e comparar com os requisitos exigidos pelo cargo. Devem ter um caráter prognóstico, identificando traços pessoais que podem prever o comportamento futuro do candidato como funcionário da empresa (KNAPIK, 2008, p. 148). O mesmo autor complementa que as ferramentas ou técnicas utilizadas em um processo seletivo são, por exemplo: Entrevista: A entrevista é o primeiro contato do candidato com a empresa, momento em que ele irá se apresentar, falar sobre suas experiências e momento em que o

125 entrevistador poderá verificar as primeiras impressões sobre o candidato. Por isso a entrevista é uma ferramenta de extrema importância no processo de recrutamento e seleção, pois é através dela que o candidato será admitido ou passará para o próximo passo de seleção. A entrevista de seleção é a técnica mais utilizada em processos de seleção. O entrevistador procura conhecer o candidato, pesquisa seus conhecimentos e habilidades (KNAPIK, 2008, p. 149). Provas de conhecimento ou capacidade: instrumento para avaliar se o candidato sabe mesmo que foi dito na entrevista, tais como habilidades adquiridas por meio de estudos ou prática. Exemplos: Provas orais ou escritas.segundo Knapik (2008, p. 152)as provas de conhecimento têm como objetivo identificar como o candidato se comportaria diante de uma situação real do dia-a-dia de trabalho. Dinâmicas de grupos: O objetivo maior das dinâmicas de grupo é verificar como cada candidato se comporta trabalhando em equipe, ou seja, é verificar se ele possui características de trabalhar em equipe. As dinâmicas de grupo são técnicas vivenciais realizadas com um grupo de candidatos e por intermédio de exercícios específicos, ocasião em que são observados determinados comportamentos dos participantes (KNAPIK, 2008, p. 153). Teste psicológico e/ou de personalidade: O teste é geralmente utilizado para servir de base para melhor conhecer as pessoas nas decisões de emprego, de orientação profissional, de avaliação profissional, de diagnósticos de personalidade etc.. (CHIAVENATO, 2009, p.140). São utilizados para apreciar o desenvolvimento mental, aptidões, habilidades e traçar um perfil das características psicológicas do candidato. Os testes psicológicos devem ser elaborados com precisão e rigor científicos, devendo ser estruturados por profissionais competentes e devidamente credenciados em psicologia diferencial e psicologia organizacional, com domínio sobre o método estatístico (CARVALHO, 2007, p.43). Todo teste psicológico deve ser elaborado e aplicado por profissionais da área, para que assim, seus resultados sejam devidamente avaliados. Knapik (2008), afirma que para se assegurar bons resultados no processo de seleção, é importante mais de uma ferramenta de seleção. A escolha das técnicas de seleção deve obedecer às especificações do cargo.

126 Técnicas de Simulação: O candidato realiza uma prova especifica na área, simulando as situações das tarefas que exercerá caso seja contratado. 6. ANÁLISE DOS RESULTADOS A contratação de profissionais adequados e bem qualificados vem diminuindo os custos com pessoal, melhorando assim a qualidade dos serviços e a imagem das empresas. Por isso os processos de Recrutamento e Seleção de Pessoal dentro de uma organização deve ser criterioso. Assim verifica-se a importância de planejar a captação de novos funcionários para as empresas por se tratar de uma atividade com metodologia própria para o preenchimento de vagas. Planejar corretamente a necessidade de pessoal, recrutar, selecionar, capacitar e desenvolver um ambiente produtivo dentro de uma organização é um trabalho que exige um olhar crítico e objetivo visando atender as demandas da empresa. Com o grande número de concorrência entre as empresas e no mercado de trabalho, é de extrema importância um planejamento empresarial e um setor de recrutamento e seleção bem qualificado. Pois, uma empresa organizada evitará desperdícios de dinheiro, mercadoria e recursos, podem assim alcançar seu lucro desejado. E com o setor de recrutamento e seleção trabalhando junto com o planejamento da empresa e utilizado métodos eficazes para uma boa contratação, a mesma terá funcionários aptos e qualificados para atingir os objetivos da empresa. A garantia de um bom processo de recrutamento influenciará diretamente nos objetivos planejados pela organização. Assim fica clara a importância do planejamento empresarial andar de mãos dadas com o recrutamento e seleção, pois as pessoas fazem a diferença dentro do planejamento empresarial, senão houver um belo recrutamento não adiantará de nada o planejamento feito. Ficando claro que o sucesso de um está diretamente ligado ao sucesso do outro. Selecionando colaboradores adequados, a empresa chegará ao objetivo planejado. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após os estudos realizados neste artigo, conclui-se que o recrutamento e a seleção de pessoas são uma poderosa ferramenta de Recursos Humanos para atrair, localizar candidatos adequados ao cargo.além de mostrar que o processo de Recrutamento e Seleção visa valorizar o capital humano de uma organização e que, quando esses

127 processos são feitos adequadamente garantirão a entrada de novos talentos com potencial e qualidade, bem preparados para motivar o processo de crescimento empresarial. Todo recrutamento e seleção de pessoas deve ser um processo de comparação do cargo com as competências individuais de cada pessoa, para que assim, a empresa possa contratar o indivíduo que tenha o perfil que o cargo exige. Isto quer dizer que nem sempre a empresa irá contratar aquele candidato que tenha um grau de escolaridade maior que outro candidato, ou que irá contratar um candidato que tenha mais experiência, ou que fale mais que outros em dinâmicas de grupos, mas irá contratar o candidato que apresente características que o aproximem mais das descrições e análises do cargo. Nota-se que quando a empresa se preocupa em realizar um bom processo seletivo, está de fato procurando a pessoa certa para ocupar um cargo disponível, e não apenas preencher o cargo sem nenhum tipo de critério. Isto afeta significativamente os custos da empresa, a motivação dos funcionários, e consequentemente a sua produtividade. 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARCELOS, M. T. C. Medidas para Redução do Turnover: uma análise no ramo varejista no Brasil BULGACOV, S. Manual de Gestão Empresarial. São Paulo: Atlas, CÂMARA, P. B.; GUERRA, P. P.; RODRIGUES, J. V., Humanator. Recursos Humanos e Sucesso Empresarial. Lisboa: Edições Dom Quixote CARVALHO, A. V. Funções Básicas do Sistema de RH: atrair, escolher e preparar. Rio de Janeiro: Qualitymark, CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. São Paulo: Atlas CHIAVENATO, I. Recursos Humanos: o capital humano das organizações. São Paulo: Atlas, CHIAVENATO, Idalberto. Planejamento, Recrutamento e Seleção de Pessoal. São Paulo: Manole, DUTRA, J. S. Gestão de Pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. São Paulo: Atlas, 2009.

128 ESTRADA, Rolando Juan Soliz; ALMEIDA, Martinho Isnard Ribeiro de. A eficiência e a eficácia da gestão estratégica: Do planejamento estratégico à mudança organizacional.revista de Ciências da Administração, GUIMARÃES, Marilda Ferreira e ARIEIRA,Jailson de Oliveira. O Processo de Recrutamento e Seleção como uma Ferramenta de Gestão. Rev. Ciências Empresariais da UNIPAR, Toledo, GURGEL, A. O. C.; OLIVEIRA, E. RH Positivo: novo mundo do trabalho. Rio de Janeiro: Qualitymark, KNAPIK, J. Gestão de Pessoas e Talentos. Curitiba: Ibpex, MARTINS, Jaime. Recursos Humanos. São Paulo,2012. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Atlas, MILKOVICH, G.T.; BOUDREAU, J. W. Administração de Recursos Humanos, 1. ed. São Paulo, Atlas: MICHEL, Murilo. Tipos de Recrutamento e sua importância para uma Gestão adequada de pessoas aplicadas a empresas. São Paulo, ROCHA, J. A.O., Gestão de Recursos Humanos. Lisboa: Editorial Presença

129 Conceitos Políticos em Hannah Arendt Aparecida Gonçalves Delazari Maciel FUPAC Ponte Nova Gilson José de Oliveira - Fupac Ponte Nova Paulo Sérgio da Silva FUPAC Ponte Nova Telma de Oliveira Vidigal FUPAC Ponte Nova Resumo: Os conceitos políticos elaborados ou refletidos por Hanna Arendt, em meados do século XX têm vigor ainda hoje, quando a política esvazia seu sentido e perde sua eficiência. Reler sua obra é buscar parâmetros éticos onde não os há. Palavras Chave: Teoria Política, Liberdade, Condição Humana Summary: The political concepts elaborated or reflected by Hanna Arendt in the midtwentieth century are still strong today, when politics deprives its meaning and loses its efficiency. To re-read his work is to seek ethical parameters where there are no. Keywords: Political Theory, Freedom, Human Condition

130 Introdução O pensamento de Hannah Arendt é fecundo e oportuno, na medida em que o século XXI se aprofunda em crises de facetas variadas (política, econômica, ecológica, hídrica, ética), que cada vez mais desafiam a condição humana. A realidade sobre a qual refletiu não difere tanto do que hoje, talvez em maior escala, interpela o pensamento de filósofos e sociólogos, além de religiosos e afins. O talvez se deve ao fato de que Arendt viveu duas guerras mundiais, o que por si, acentua uma realidade conflitiva de proporções incalculáveis. Era uma sociedade em transe, numa crise constante, promotora de duas guerras mundiais, de crescimento da técnica, ampliação do consumismo, enfim, uma sociedade sem horizontes, já que assentada em conflitos graves e centrada na técnica sem ética. Suas afirmações no campo da política são iluminadoras para a ação política nos dias atuais. Com o atual acirramento da corrupção, o esvaziamento das instituições, a insistência da fome e das doenças, o quadro de degradação do meio ambiente, recorrer às afirmações de Arendt pode funcionar como o que ela mesma propôs: um recomeço, já que a humanidade traz consigo a capacidade de recomeços sempre. Tal é o seu conceito de natalidade: cada homem que nasce é um novo único, uma possibilidade extraordinária. A abordagem desse artigo se propõe a reler os conceitos de Hannah Arendt em seu contexto político e pinçar luzes que nos apontem caminhos de superação do atual estágio político, absolutamente desolador. Recolocar sua questão fundamental: há um sentido para a política ainda? Dados Biográficos Hannah Arendt ( ) nasceu no subúrbio de Linden, em Hannover, Alemanha, no dia 14 de outubro de Aos três anos muda-se com a família para a Prússia. Aos sete anos perdeu o pai e procurou consolar a mãe: Pense isso acontece com muitas mulheres, teria dito a menina judia

131 Entrou para a Universidade de Marburg em 1924, foi aluna de Martin Heidegger e Karl Jaspers. Em 1926 trocou de universidade, indo estudar na Albert Ludwig, em Freiburg. Concluiu o doutorado em Filosofia na Universidade de Heidelberg, aos 23 anos, com a tese O Conceito de Amor em Santo Agostinho, em Em 1933, Arendt se afastou da filosofia para lutar pela resistência antinazista. Foi presa pela Gestapo e depois de passar oito dias na prisão, resolveu deixar seu país natal. Em Paris, permaneceu seis anos trabalhando com crianças judias expatriadas. Em 1941, foi para os Estados Unidos, onde fixou residência, naturalizando-se americana em 1951, já que em 1937 o regime nazista lhe retirou a nacionalidade. Aí escreveu Origem do Totalitarismo (1951), A Condição Humana (1958) e Eichmann em Jerusalém (1963). De 1963 a 1967, Hannah Arendt lecionou na Universidade de Chicago. Mudou-se então para Nova Iorque, e trabalhou na New School for Social Research, até sua morte, em Contexto de Hannah Arendt Suas primeiras publicações se dão nos meados do século XX, após as duas grandes guerras mundiais. São marcantes em sua personalidade e em seu pensamento as realidades trágicas de Hiroshima e de Auschwitz. Estes eventos, reveladores da perda completa do senso de humanidade, levam-na a pensar a perda ou renúncia ao exercício da responsabilidade individual, as pessoas se escondendo atrás do anonimato para cometer o mal. Reflete ao mesmo tempo sobre os riscos de uma sociedade centrada numa visão instrumental da razão. O modo dos existencialistas rechaça a metafísica, opondo-se à definição de grandes verdades predefinidas, como a Razão, Deus e a Natureza. Busca o sentido da responsabilidade de cada um pelo que ocorre no mundo, não se podendo culpar Deus ou quem quer que seja pela ordem ou desordem dos fatos

132 O século de grandes conquistas da humanidade é também o das contradições, da incapacidade da convivência, da brutalidade manifestada em várias guerras, bem como na desigualdade expressa na fome e nas epidemias. É também o século das ditaduras, dos regimes totalitários, das revoluções. Os totalitarismos Sua obra As Origens dos Totalitarismos (1951) é muito bem recebida, tratada como algo bastante original, na temática e na profundidade. Percebe o totalitarismo como um regime político em que o governo interfere diretamente em todos os espaços da vida privada e pública, concentrando o poder nas mãos de um grupo ou de um partido, eliminando os direitos políticos e as liberdades públicas. Com o advento do Nazismo, Arendt passa atuar contra essa forma de poder, exatamente por eliminar a participação popular e impor atos violentos contra pessoas e grupos políticos ou étnicos. Para ela, o surgimento dos totalitarismos se dá a partir dos acontecimentos que marcaram a primeira metade do século XX: a Primeira Guerra Mundial e a Grande Depressão de O desejo de reconstrução de um povo, a partir destas graves crises, leva as pessoas a aceitarem certos sacrifícios no presente, com o intuito de garantir algo bom no futuro. Assim sendo, o futuro, enquanto utopia, é o verdadeiro ópio do povo, pois a aceitação da promessa de uma superação da crise aguda leva a dissolução das individualidades e a aparição de super-heróis, líderes que encarnam uma falsa esperança. O regime totalitário impõe o terror e elimina a prática política, pois o contraditório e a manifestação ficam proibidos, simplesmente. Nesta situação, não faz sentido a consciência moral, o que permite aos homens se matarem sem razão. Esta é a nova condição humana, exemplificada em Eichmann: um sujeito que cumpre ordens sem avaliar se são boas ou más, se justas ou injustas. O problema é que Eichmanns podem ser tantas pessoas que não

133 pensam por si mesmas, mas agem sob comandos. Nesse ambiente, não há espaço de cidadania, pois o estado tem o monopólio do poder, nega a participação coletiva nos espaços de decisões. Os totalitarismos anulam as consciências, exigem obediência absoluta, negando o espaço da autonomia. Impõem uma ideologia, através da propaganda, o doutrinamento e o terror, intimidando qualquer reação organizada. Também o direito à informação é aviltado, restando o que interessa ao sistema e a propaganda oficial. Os meios de comunicação ficam censurados, controlados, descumprindo sua função social. Banalidade do Mal Ao analisar-se o caso Eichmann, dá conta de que o crime pode se tornar um ato banal, quando o executor é uma peça de uma engrenagem, alguém que se limita a obedecer ordens. A morte então se torna uma ação mecânica, sem o sentido da responsabilidade pessoal. O genocídio nazista começa com motivos banais, na busca de segurança e foi efetivado através de uma burocracia eficiente. A expressão banalidade do mal refere-se a constatação de que o ato mal pode ser executado por pessoas que não pensam, que não analisam o que fazem. O mal se caracteriza pela ausência de pensamento. O mal em si não é banal, mas a sua execução se dá de forma banal. Hoje, a banalidade do mal está nos assassinatos, sequestros, na violência do trânsito, em várias circunstâncias do dia a dia, nas quais as pessoas violentas agem dentro de uma cultura de morte, em que a impunidade e a insensibilidade andam juntas. A realidade violenta e banal está nas telas de TV, nos jogos infantis, no cinema, disseminados individualmente, como se todos fossem programados para matar. Quem não pensa, adere às novidades, às ordens, sejam de quem forem: do poder, do mercado, da mídia, sem passar por um critério, um crivo ético e moral. Esse achar natural e comum o agir amoral é o que tornou Eichmann perigoso para milhões de seres humanos

134 A Condição Humana A Condição Humana, trabalho publicado em 1958, foi como que a consagração da autora e se tornou leitura primordial para compreensão da realidade do século XX. Arendt levanta de novo a questão: Que é o homem? Pergunta que alude a um tipo de homem e denuncia a perda da identidade, do senso de humanidade. Ela estabelece três dimensões básicas da condição humana: Labor: a dimensão relacionada com as necessidades naturais e atividades orgânicas. Diz respeito às tarefas que nos permite sobreviver, como a procura de alimentos. Esta é uma atividade comum a todos os animais, embora o homem se destaque por desenvolver habilidades especiais nesse campo. Trabalho: é o aspecto produtivo, é a interferência para fabricar alguma coisa útil à vida. Os resultados do trabalho são para ser usados, não para ser consumidos. Ele permite a cultura e o artifício. Pelo trabalho o homem domina e transforma a natureza. Ação: refere-se à liberdade e é a própria dimensão humana. Por meio da ação, se produz a vida social e comunitária. Esta dimensão é própria da vida política, da construção ética e moral. Graças à ação e ao manejo da palavra o mundo não é visível somente a partir de uma perspectiva biológica. É também social, nas definições de como se dá a convivência, em que parâmetros é possível e aceitável a vida. A ação está relacionada com a política, política entendida como a negação da violência. É necessário desenvolver a vida ativa das pessoas, para que possam opor-se às formas de dominação e manipulação pela força. Arendt critica a sociedade moderna, porque deu mais importância ao aspecto econômico e tem menosprezado o sentido humano de ação. Em nossa sociedade prevalecem as dimensões do labor e trabalho na vida ativa, menosprezado a terceira perna, a ação política. A condição humana é de perplexidade, na medida em que precisa produzir a vida através do labor, forma escassa nos aglomerados, dado que a desigualdade social dificulta a sobrevivência. Não sem razão, em seu tempo, e ainda hoje, grande parte da humanidade passa fome. O trabalho, enquanto

135 fabrico, que a partir do capitalismo faz surgir a classe operária, se torna escasso, numa economia de exclusão, ao mesmo tempo em que máquinas substituem pessoas. Os índices de desemprego são molas propulsoras das exigências de mudanças políticas, que no entanto, não mudam os sistemas, que continuam produzindo massas desempregadas, tanto ontem quanto hoje. No que tange à dimensão da ação, esta se mostra incapaz de organizar o mundo de forma que equilibre em liberdade e vida digna a condição humana. Portanto a condição humana no século XX, prorrogada no século XXI, requer novos parâmetros, que levem em consideração valores diferentes daqueles que regem o capitalismo. O que é a Política O que é a Política é uma publicação póstuma, contendo fragmentos, ou seja, anotações preliminares de uma obra que seria a Introdução à Política. A primeira parte do livro é composta de Textos de Hannah Arendt, chamados pela edição de Fragmentos, no total de 8. O texto primeiro parte de uma afirmação categórica, que soa como um princípio: a política baseia-se na pluralidade dos homens (ARENDT, 2013, p. 21). Os homens não são iguais em seu comportamento, em sua formação cultural. O fato de ser plural indica um segundo princípio: A política baseia-se na pluralidade dos homens. Deus criou o homem, os homens são um produto humano mundano, e produto da natureza humana (ARENDT, 2013, p. 21). Ou seja, Arendt quer ressaltar que há diferença entre o estabelecer da vida privada e o senso de coletividade. A pluralidade trata da convivência entre diferentes. Aponta assim o objeto da política enquanto investigação: dar sustentação à convivência. E isso é criação cultural, racional, não um dado do Criador. Este deu o homem, mas a pluralidade e a diversidade são

136 consequências da convivência. Os homens organizam politicamente suas coisas em comum, essenciais na aceitação das diferenças. Assim, assinala que a política não tem origem no homem em si, como afirma Aristóteles, mas na relação, no entre-homens. O homem não seria naturalmente político, como quis Aristóteles, mas o político se dá porque os homens são vários, de vários modos, o que exige a ação política para organizar a vida em sociedade. A política surge no entre-os-homens, portanto, totalmente fora do homem. Por conseguinte, não existe nenhuma substância política original. A política surge no intra-espaço e se estabelece como relação (ARENDT, 2013, p.23). Ao analisar os preconceitos contra a política, o raciocínio é simples e claro: a política mostrou-se incapaz de cumprir seus objetivos e garantir seu sentido: a garantia da liberdade e da vida. A política promoveu a matança. A afirmação básica é que o preconceito com a política vem do fracasso da política. Uma das razões para a eficiência e a periculosidade dos preconceitos reside no fato de neles sempre se ocultar um pedaço do passado. Além disso, Observando-se com mais atenção, vemos que um verdadeiro preconceito pode ser reconhecido porque nele se oculta um juízo já formado, o qual originalmente tinha uma legítima causa empírica que lhe era apropriada e que só se tornou preconceito porque foi arrastado através dos tempos, de modo cego e sem ser revisto (ARENDT, 2013, p. 30). Hannah Arendt rejeita a solução do fracasso da política pela formação de um governo mundial, hoje pensamento muito presente em alguns setores. Para ela, um governo mundial só ampliaria a dominação. Tem a política ainda algum sentido? Para pergunta sobre o sentido da política existe uma resposta tão simples e tão concludente em si que se poderia achar outras respostas dispensáveis por completo. Tal

137 resposta seria: o sentido da política é a liberdade. Tem a política algum sentido ainda? O que está em jogo aqui não é apenas a liberdade, mas sim a vida, a continuidade da existência da Humanidade e talvez de toda a vida orgânica da Terra. (ARENDT, 2013, p. 39) Nada muito diferente do que se assiste hoje, quando a ameaça a vida vem além da Guerra Fria e a possibilidade das bombas de total destrui8ção: a destruição já está presente na forma da crise hídrica, da crise ecológica, do aquecimento global. No Fragmento 3b (p. 45) se aprofunda a busca pelo sentido da Política. Com o seu costumeiro método de comparar o velho e o novo, ir à origem, para perceber onde está o erro, o desvio de sentido, Arendt constata: Quase todas as classificações ou definições da coisa política que encontramos em nossa tradição são, quanto ao seu conteúdo original, justificações. Falando-se de maneira bastante geral, todas essas justificações ou definições têm como objetivo classificar a política como um meio para um fim mais elevado, sendo a determinação dessa finalidade bem diferente ao longo dos séculos (ARENDT, 2013, p. 45). Se a liberdade foi o espaço a ser garantido no tempo dos gregos, agora, com a urgência que os tempos exigem, a tarefa e objetivo da política é a garantia da vida no sentido amplo. Para Aristóteles o animal político era uma condição de viver na polis. A política não é natural. A questão central da polis é a liberdade. Ser livre, sentido original de schole, ou otium, a política aí é um objetivo, não um meio. Os terem entre si relações d e liberdade, para além da força, da coação, e do domínio. (Só em tempos de guerras iguais dão ordens a iguais). Fica claro que liberdade, no contexto dos gregos, é não ser dominado nem dominar. Por isso se fala em isonomia, direito igual a atividade política. Que evolui para isologia, direito de falar. Escravos e bárbaros eram aneu logou, sem o domínio da palavra. Era impossível a conversa livre. Os tiranos suprimem o espaço público, a liberdade política. A ideia de liberdade é permanente, enquanto que

138 a tirania segue sendo a piro forma de Estado, com argumento de que é preciso sacrificar a liberdade para o desenvolvimento, quando na verdade só a ação livre dos homens pode dar tal garantia. Falar e agir, entre os gregos é uma coisa só. Desde os relatos de Homero. O homem de grandes feitos é também um grande orador. Archein é um verbo que quer dizer começar e dominar. Prattein, quer dizer agir. A tarefa política, que é um agir e um falar, é levar ao cabo a coisa começada. O homem é um initium, quando nasce, um novo único e profundo, conforme Agostinho, o que abre sempre grandes horizontes. Este início deve ter sequência na vida prática, na ação, na realização de coisas novos, daí a esperança. A liberdade de externar opinião, determinante para a organização da polis, distingue-se da liberdade característica do agir, do fazer um novo começo, porque numa medida muitíssimo maior não pode prescindir da presença de outros e do ser-confrontado com suas opiniões. É verdade que o agir também jamais pode realizar-se em isolamento, porquanto aquele que começa alguma coisa só pode levá-la a cabo se ganhar outros que o ajudem (p. 58). A política é um espaço de discurso, onde a palavra se faz força argumentativa e também espaço de construção do consenso e de possibilidade da convivência plural. É necessário recuperar o espaço de participação da cidadania, numa sociedade em que se promova o valor do sujeito. Deve ser um espaço maior que a simples democracia representativa e a instituições democráticas. Ilustrando seu conceito de democracia, Arendt lembra Sócrates e a situação de Atenas, onde os indivíduos exercitavam o pensamento crítico, discursavam na tentativa de persuadir e emitiam juízo e valoração. Assim, o pensamento, a vontade e o juízo serão, para ela, as condições de responsabilidade moral. A autêntica democracia deve basear-se na individualidade e na participação do cidadão nas questões políticas. Significa que a individualidade não deve ser anulada pelo coletivo, ao contrário, deve ser considerada e somada como parte integrante de um todo

139 O indivíduo só pode realizar-se na democracia. Para Arendt, esse indivíduo é o cidadão, mas ele não desaparece no jogo coletivo, ele não se dilui num outro conceito (cidadão), mas se torna importante, quando, com sua singularidade, soma no coletivo. As dimensões do humano são o pensamento, a vontade e o juízo. Somente a democracia favorece o desenvolvimento dessas três dimensões: uma atitude crítica, ação e participação na vida cívica e política, e uma atitude de compromisso. Pensar, querer e julgar são as condições da responsabilidade moral. Na democracia se exige participação ativa de toda cidadania, na busca de novas formas políticas. Considerações finais Não é sem razão que Hannah Arendt tem sido debatida amplamente nas academias: seu pensamento possui profundidade e amplitude, e á claramente atual, até porque o contexto se intensificou na tecnologia como prevalência sobre a ética, na incapacidade política de gerir o mundo para o bem comum, na falta de sentido para tantas coisas. A desconfiança e o preconceito contra a política são ainda mais patentes agora, quando a corrupção, que confunde público e privado, marca o fracasso da política. A sublevação, as recentes manifestações na América Latina, no Brasil, no mundo árabe, mostram que a paciência coletiva tem limites e faz explodir a reação descoordenada e sem uma proposta objetiva. Mas revelam a incapacidade da política, seja na democracia republicana, seja em monarquias, califados ou regimes fechados, em resolver as expectativas do povo. Caso emblemático é o brasileiro que registra um governo ( ) que foi capaz de superar a fome e a miséria, de realizar a difícil mobilidade social, de elevar a condição de vida de grandes camadas pobres da população, seja com políticas públicas de moradia, de educação, de inclusão, mas não deu conta de estancar a corrupção, nem talvez dela se separar, pelo menos. A história julgará e lançará luzes sobre este período

140 Há caminhos que podem e devem ser percorridos: com toda a gama de possibilidades que a comunicação imediata e a conectividade nos permitem, é possível mundializar não o poder, mas o bem e redefinir o espaço político como de liberdade e vida. Só na liberdade o discurso (falar) produzirá efeito (ação), que atenda às necessidades de todos, aparando as arestas de desigualdade profunda, função do Estado. Há que se rever o arcabouço da modernidade, ainda prevalentes na pós-modernidade, mas não respondem ao cidadão excluído. Os conceitos aqui apresentados indicam o caminho de retorno ao início, como possibilidade de recriação ou reinvenção do novo. Continuar perguntando pelo sentido da política e o que ela é permanece sendo tarefa desafiadora nesse exercício da própria liberdade. Referências Bibliográficas ARENDT, Hannah. O que é Política? 11ª ed. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, ARENDT, Hannah. A Condição Humana. 10ª Ed. Editora Forense Universitária, Rio de Janeiro, ARENDT, Hannah. Origens dos Totalitarismos. Companhia das Letras, São Paulo, ARISTÓTELES. Política. Ed Martin Claret, São Paulo, 2007 HEIDEGGER, Martin. Carta sobre o Humanismo. Centauro editora, São Paulo, NAY, Olivier. História das Ideias Políticas. Ed. Vozes, Petrópolis,

141 Identificação do Nível de Satisfação dos Associados do Sicoob União Aparecida Reis Santos Silva Faculdade Redentor Carlos Alberto Pereira de Sousa FUPAC Ponte Nova Fernando de Sousa Santana - FUPAC Ponte Nova Jaciara Xavier Pereira Ribeiro Faculade Redentor Laís Santiago Pingelli FUPAC Ponte Nova RESUMO: O presente trabalho caracteriza o associado Sicoob União de Rio Casca, segmentando-o. Descreve os produtos que são mais aderidos pelo associado, mostrando que quanto mais tempo o associado permanece na cooperativa, maior será sua rentabilidade. O estudo mostra a satisfação dos associados com relação ao atendimento dos funcionários. O resultado desse estudo discute que através das operações de crédito, como o empréstimo, o associado mantém um relacionamento por um período maior e que leva contratação de outros produtos. É relevante, para satisfazer o associado, toda a cooperativa esteja envolvida e comprometida com essa estratégia e aja de acordo com ela, tendo-a como base para todas as decisões e orientações de produtos/serviços. O associado é a peça principal do ambiente de cooperativismo, por isso a importância de identificar o seu nível de satisfação. Palavras-chaves: Cooperativa de crédito; Satisfação; Relacionamento. ABSTRACT: This study characterizes the Rio Casca Sicoob União associated segmenting it. Describes the products that are more attached by the associated and showing that longer the member remains in the cooperative highest your profitability. The study shows the satisfaction of members with regard to the attendance of employees. The result of this study argues that through loans as the loan the member maintains a relationship for a longer period and that takes hiring other products. It is important to meet the associated whole cooperative is involved and committed to this strategy and act according to it taking it basis for all decisions and guidelines of products / services. The associate is the main part of the cooperative environment as so the importance of identifying their level of satisfaction. Keywords: Credit union; Satisfaction; Relationship

142 1. INTRODUÇÃO O estudo visa identificar o nível de satisfação dos associado Sicoob União Rio Casca, Minas Gerais, com sede em Raul Soares, Minas Gerais. A Cooperativa Sicoob União ( Cooperativa de Credito de Livre Admissão da União dos Vales do Piranga e Matipó LTDA) foi constituída em Assembleia Geral no dia 4 de maio de 1995 com o nome de Cooperativa de Crédito Rural de Raul Soares. Em Assembleia Geral Extraordinária o nome Cooperativa de Credito Rural para Cooperativa de Credito de Raul Soares LTDA SICOOB CREDIRAS, em 8 de outubro de 2010, alterou a denominação CREDIRAS pela Cooperativa de Credito de Livre Admissão da União dos Vales do Piranga e Matipó LTDA (Estatuto Sicoob União). A Cooperativa de Credito de Livre Admissão da União dos Vales do Piranga e Matipó LTDA possui a visão de ser reconhecida como a principal instituição financeira propulsora do desenvolvimento econômico e social dos associados e sua missão é gerar soluções financeiras adequadas e sustentáveis, por meio do cooperativismo, aos associados e suas comunidades. (Sicoob União, 2015) A cooperativa de crédito possui produtos e serviços, é constituída da formação de um grupo de pessoas com objetivos comuns. Pessoas associam se com a intenção de buscar facilidades para seu meio e vida econômica. Segundo Pagnussat, Cooperativas de crédito são sociedades de pessoas, constituídas com o objetivo de prestar serviços financeiros aos seus associados, na forma de ajuda mútua, baseada em valores como igualdade, equidade, solidariedade, democracia e responsabilidade social. Além da prestação de serviços comuns, visam diminuir desigualdades sociais, facilitar o acesso aos serviços financeiros, difundir o espírito da cooperação e estimular a união de todos em prol do bem-estar comum (2004 p.3) O Crúzio diz que cooperativa é uma união de pessoas, cujas necessidades individuais de trabalho, de comercialização ou de prestação de serviços em grupo, e respectivos interesses sociais, políticos e econômicos fundem-se nos objetivos coletivos da associação (2005 p.07). A agência Sicoob União Rio Casca foi inaugurada em abril de 2009, hoje ela possui mais de 400 associados sendo 370 associados ativos. A cada tempo o número 2

143 de associados vem aumentado e diante desse cenário as cooperativas tendem a se preocupar e buscar a satisfação dos seus associados. Ponto principal para qualquer empresa é saber como está sendo vista pelo seu cliente, como estão sendo prestados seu serviço e produtos, inclusive num ambiente atual em que se encontram as empresas, onde os preços, a qualidade e a sobrevivência são ditados pelo mercado. As cooperativas decrédito, não ficam fora a esse processo, devem acompanhar osavanços tecnológicos e operacionais, preservar seus valores e atender asnecessidades dosseus associados,para isso necessita-se estudaro mercado, e nada melhor, que um estudo direcionado à satisfação dos seus associados. O objetivo geral desse estudo é verificar o nível geral de satisfação dos associados da Cooperativa de Crédito de Livre Admissão da União dos Vales Piranga e Matipó LTDA Agência Rio Casca MG e para isso é necessária uma identificação do perfil dos associados, uma análise do nível satisfatório geral com relação a produtos, serviços e atendimento ofertados e apontamento de sugestões para um bom relacionamento entre cooperativa e associado. 2. REFERENCIAL TEORICO 2.1 Conceitos e Definições de Marketing O marketing é conceituado em primeiro momento, como uma focalização ao cliente. Muitos são os conceitos de marketing, segundo Kotler (2000:30), o social e o gerencial. O marketing social é definido como: um processo social por meio dos quais pessoas e grupo de pessoas obtém aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros. O marketing gerencial é normalmente relacionado à comercialização de produtos. Segundo Peter Drucker citado por Kotler(2000), o objetivo do marketing empresarial é preparar o cliente para a compra, fazendo com que ele deseje o seu produto, de forma que a venda por si torne uma coisa secundária. Logo, o papel do marketing é o de conhecer o cliente a tal ponto que se entendam quais suas 3

144 relevantes necessidades, assim adaptar e disponibilizar os produtos e serviços da empresa ao cliente. Para a Associação Americana de Marketing (Neto, Fonseca e Oliveira, 2006) marketing é o processo de se planejar e executar a concepção, o preço, a promoção e a distribuição de bens, serviços e ideias para se criar as trocas que atendam objetivos individuais e organizacionais. A fim de levar a um maior entendimento, são enumeradas a seguir algumas definições: Engel, Blackwell e Miniard (1995:278), explicam a necessidade como uma variável central da motivação, como diferença percebida entre um estado ideal e o estado atual, suficiente para ativar o comportamento. Entendida dessa forma, as necessidades não são criadas pelas organizações ou pela sociedade, mas sim pela condição humana. Segundo Kotler (1998:27) desejos são carências por satisfações específicas para atender à necessidade. Assim, alguém pode ter a satisfação de sua necessidade atendida através de um desejo. Baseados nisso, as necessidades podem ser poucas, porém os desejos são vários, devendo as empresas influenciá-los e estimulá-los, através da moda, dos status da tecnologia, satisfazendo assim uma necessidade percebida pelo cliente. De acordo com Engel, Backwell e Miniard (1995:270). o marketing habilidoso pode estimular uma vontade ou desejo de um produto ou serviço, mas isso não acontecerá se uma necessidade não existir antes. Os produtos e serviços disponíveis no mercado, para Rosa e echristensen (1987:43 são aqueles que atendem a uma necessidade percebida por consumidores que dispõem de recursos para adquiri-los. Relacionamento é exposto por Kotler (1998:30) como a construção satisfatória em longo prazo com partes chaves- consumidores, fornecedores e distribuidores- para reter sua preferência a longo prazo. 4

145 2.2 Relacionamento com clientes. O marketing de relacionamento começou a atrair as atenções no início dos anos 90 quando as empresas começaram a fazer associações de longo prazo para conter os efeitos do aumento da demanda dos clientes e da intensificação da competição global (Cravens, apud Souza, 2004). Segundo Webster, Jr. (apud Souza, 2004), manter continuamente uma base de clientes leais e relacionamentos em duas vias são críticos para sobrevivência das empresas. Identificar os valores do ponto de vista do cliente é essencial para a empresa conhecê-lo profundamente e estar constantemente em contato com ele. Antecipar necessidades e desejos do cliente é de extrema importância para a apresentação de soluções inéditas e contar pontos positivos de relacionamento. Para Leboevf (1996 p.190), a verdade do bom relacionamento é: um cliente satisfeito é a melhor estratégica de negócio. 2.3 O que é um cliente Para Kotler(2000 p.71) o cliente tem a seguinte definição: Um cliente é a pessoa mais importante, quer ele se comunique por carta ou pessoalmente. Um cliente não depende de nós. Nós é que dependemos dele. Um cliente não interrompe nosso trabalho, é a finalidade dele. Não estamos fazendo um favor em servi-lo, ele está nos fazendo um favor dando a nós a oportunidade de fazê-lo. Um cliente não é alguém com quem discutir ou debater. Ninguém jamais venceu uma discussão com um cliente. Um cliente é uma pessoa que nos traz seus desejos. É nossa obrigação lidar com eles de maneira lucrativa para ele e para nós. A satisfação e a retenção de cliente deve ser a meta de qualquer empresa que, no entanto, terá o retorno de fidelização. 5

146 2.4 Expectativas do cliente Expectativa, segundo a visão de Las Casas (2000 p. 41) é o nível de intensidade da busca do prazer, do bem-estar, ou da felicidade, que o consumidor desenvolve com relação a um produto, ou seja, as expectativas que envolvem os sentimentos, sensações e são ligadas aovalor de uso dos produtos ou serviços. As expectativas devem ser estudas e entendidas pelos gestores, por ser um fator essencial no relacionamento cliente-empresa, pois se a empresa conhecer as expectativas dos seus clientes conseguirá atendê-los e torná-los satisfeitos, e se atendidas de forma contínua pode levar o cliente a tornar-se fiel. 2.5 Valor para o cliente De acordo com Magno (2013 p.4) o valor entregue ao cliente é a diferença entre o valor total para o cliente e o custo total para o cliente, ou seja, o valor total é o conjunto de benefícios que os clientes esperam de um determinado produto ou serviço e custo total para o cliente é o conjunto de custos em que os clientes esperam incorrer para avaliar, obter, utilizar e descartar um produto ou serviço. Para Kotler (2007), os benefícios esperados por determinado produto ou serviço, sãochamados de valor total esperado, e o conjunto de custos esperados na avaliação, obtenção euso de produto ou serviço, são chamados então de custo total para o consumidor. A diferençaentre o valor total e o custo total par o consumidor denomina-se valor entregue aoconsumidor, ou seja, é tudo o que o cliente pode adquirir em seu benefício para atender a umanecessidade ou desejo, através de um custo baixo, ou que apresente mais benefícios do quecustos. Bretzke refere-se que: [...] o cliente considera os benefícios e os sacrifícios quando calcula o valor de umrelacionamento com uma empresa. Dessa forma, quando vamos definir um modelode relacionamento, aumenta-se o valor para cliente, reduzindo-se o sacrifício(eficiência de custos) e aumentando-se os benefícios (eficiência de mercado). (2000,p. 90) 6

147 2.6 Satisfação do cliente No âmbito do cenário atual, muitas empresas estão em busca de medir a satisfação de seus clientes, por que o diferencial se encontra no atendimento a esses clientes. Ou seja, para empresas de todos os tamanhos, pequena, média, grande, privadas, S.A ou cooperativas, que querem e pretendem continuar e fixar no mercado, um bom atendimento e uma boa qualidade, é essencial. Segundo Kotler, é: Satisfação consiste na sensação de prazer ou desapontamento resultante da comparação do desempenho(ou resultado) percebido de um produto em relação as expectativas do comprador. Se o desempenho alcançar as expectativas, o cliente ficará satisfeito. Se o desempenho não alcançar as expectativas, o cliente ficará insatisfeito. Se o desempenho for além das expectativas, o cliente ficará altamente satisfeito ou encantado. (2000, p. 8) A empresa deve conhecer e identificar seusclientes, as suas necessidades, expectativas e principalmente saber como estão sendoavaliados os produtos e serviços oferecidos. Como forma de manter os clientes já existentes, buscar novos, alcançar a qualidade total, proporcionando um relacionamento sadio e duradouro. [...] depende do desempenho do produto percebido com relação ao valor relativo às expectativas do comprador. Se o desempenho faz jus às expectativas, o comprador fica satisfeito. Se excede as expectativas, ele fica encantado. As companhias voltadas para marketing desviam-se do seu caminho para manter seus clientes satisfeitos. Clientes satisfeitos repetem suas compras e falam aos outros sobre suas boas experiências com o produto. A chave é equilibrar as expectativas do cliente com o desempenho da empresa. As empresas inteligentes têm como meta encantar os clientes, prometendo somente o que podem oferecer e depois oferecendo mais do que prometeram (KOTLER; ARMSTRONG, 1999, p.6) A empresa de hoje precisa ter em mente que clientes satisfeitos permanecem na empresa por mais tempo, compram mais e falam favoravelmente da organização (KOTLER, 1998: 51). 7

148 2.7 Cooperativas de Crédito A primeira cooperativa de crédito do Brasil surgiu por volta de 1902, no município denova Petrópolis no Estado do Rio Grande do Sul, através de um grupo de produtores rurais liderados pelo padre Theodor Amstard. Os mesmos se organizaram e fundaram umacooperativa para obtenção de crédito e empréstimos a seus associados. A partir do momentoque começou a dar certo a ideia, expandiram-se, foram reconhecidos pelobanco Central, e hoje atuam no mercado financeiro através de lei que os diferenciam de outras instituições financeiras. (Pinho 2004) As cooperativas e credito são diferenciadas no cenário econômico pois são formadas por grupos de pessoas, não possuem lucros e seu resultados excedentes, são tratados como sobras, as mesmas distribuídas a seus associados, não são bancos. Os bancos são formados por sociedade de capital e são regidos pela lei de sociedade anônima. Conforme Schardong, A Cooperativa de Crédito, enquanto espécie do gênero cooperativo, objetiva promover a captação de recursos financeiros para financiar as atividades econômicas dos cooperados, a administração das suas poupanças e a prestação dos serviços de natureza bancária por eles demandada (2003, p. 82). 3. METODOLOGIA A pesquisa de marketing possui várias formas de estudos, segundo Kotler e Armstrong(2003, p. 94): vão de estudos sobre o potencial de mercado e a participação de mercado aavaliação da satisfação e do comportamento de compra de um cliente e a estudos sobredeterminação de preços, produtos, distribuição e atividades promocionais. No presente estudo será feito uma pesquisa quantitativa a mesma poderá identificar opiniões e atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados, pois utilizam instrumentos padronizados (questionários). É utilizada quando se sabe exatamente o que deve ser perguntado para atingir os objetivos da pesquisa. Permite que se realizem projeções para a população representada. Elas testam, de forma precisa, hipóteses levantadas para a pesquisa e fornecem índices que podem ser comparados com outros. A coleta de dados será elaborada em forma e questionário. Gil (apud Souza 2004) traz a concepção de que questionário é 8

149 à técnica de investigação composta por mais ou menos elevado de questões apresentados por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas, etc. Nesse estudofoi aplicado 150questionários, apenas à amostra acessível da população, mediante a uma amostragem de 370 associados ativos. Obtendo uma margem de erro de 6,4% 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Os dados foram tabulados, agrupados mediante as respostas assinaladas pelos entrevistados e feito o percentual de cada um para melhor análise dos mesmos. As respostas foram distribuídas em gráficos para melhor visualização dos resultados. 4-1Identificação do perfil do associado Em relação ao sexo do associado vê-se a predominância do sexo masculino, 67% dos entrevistados, sendo que o sexo feminino representa 33% dos entrevistados. Tal fato conclui-se que a maioria dos associados do PA em Rio Casca são pessoas do sexo masculino. 80% 60% 40% 20% 0% feminino masculino Figura 1. Sexo do associado A faixa etária com maior predominância do associado conforme gráfico é de 31 a 40 anos, representado 36%, porem pode-se dizer que há uma igualdade na faixa etária 9

150 de 41 a 50 anos e maiores de 50 anos, analisando por esse ângulo conclui-se que a maioria dos associados possui uma faixa etária com maiores de 41 anos. 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 16 a a a 50 > 50 anos Figura 2: Idade do associado Foi apurado também nesse estudo a profissão do associado, conforme gráfico a maioria dos entrevistados são produtores rurais 40 % e logo com 22,66 % empresários. 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% produtor rural empresario empregado rural funcionario empresa privada funcionario público outro Figura 3: Profissão do associado De acordo com o gráfico 4 foi apurado que 45% dos associados possuem pelo menos ensino médio completo. Verificou-se que 20% dos entrevistados relatam ter ensino superior completo. Tais índices comprovam que mais da metade dos 10

151 associados possuem um grau de instrução maior, maior informação, consequentemente maior exigência de sua cooperativa. 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% ensino fundamental incompleto ensino fundamental completo ensino medio incompleto ensino medio completo ensino superior incompleto ensino superior completo Figura 4: Escolaridade do associado. 4.2 Análise do nível satisfatório geral com relação a produtos, serviços e atendimento ofertados. Foi apresentado aosassociado alguns produtos disponibilizados aos mesmos e quais deles os associados possuíam. Dos 150 entrevistados 40% possuem aplicação financeira, 90% empréstimo, 60% cartão de crédito, 40% seguro, 6,66% consórcio e 2,66% previdência privada. Deve-se ressaltar que cada entrevistado marcou mais de uma opção. 11

152 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% aplicação financeira empréstimo cartão de crédito seguro consórcio previdência privada Figura 5: Produtos adquiridos. Foi questionado aos associados se já deixaram de realizar alguma operação de crédito junto ao Sicoob União Rio Casca e 100% dos entrevistados responderam que não conforme mostrado no gráfico. 120% 100% 80% 60% 40% 20% 0% sim não Figura 6: Realização de operação de crédito Foi avaliado também o atendimento por parte dos funcionários. Dos entrevistados 90% acham o atendimento ótimo e 10% bom. 12

153 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% ótimo bom médio ruim Figura 7: Avaliação atendimento 5. CONCLUSÃO Nesse trabalho ficou evidente que em relação ao sexo dos associados entrevistados vê-se a predominância do sexo masculino. A maioria possui uma faixa etária de acima de 41 anos, grande parte disse que possui pelo menos ensino médio completo e são produtores rurais. Essa caracterização facilita o conhecimento, por parte da cooperativa, dos seus associados. O conhecimento pode ser facilitador para um bom relacionamento. Verificou-se também quais produtos os associados possuem junto à cooperativa Sicoob União e o empréstimo ficou a frente de todos, mediante a tal fator a cooperativa pode usar esse fator como ferramenta para contribuir para retenção e possível fidelização do seu associado. Por tanto nesse período de relacionamento a agência deve procurar atender todas as necessidades e desejos do seu associado, apresentar a ele outros produtos como cartão de crédito, seguros, consorcio, previdência privada, aplicação financeira para assim fidelizar o mesmo e aumentar as receitas. Foi verificado junto aos associados se por algum motivo deixaram de realizar alguma operação de crédito na instituição, e por unanimidade todos responderam que não. Tal fator mostra que o relacionamento entre cooperativa e associado encontra-se num ambiente muito favorável a novos negócios. Constatou-se nesse estudo que os associados acham o atendimento com relação aos funcionários ótimo, tal situação permite um relacionamento confiável, duradouro e recíproco. 13

154 Nesse estudo foi aberto aos associados, para que os mesmos dessem sugestões para um melhor atendimento, dentre elas são: Priorizar atendimento privativo aos guichês de caixas, impossibilitando acesso aqueles que aguardam atendimento. Disponibilização de cadeiras de espera. Atendimento com senha. Privacidade para falar com o gerente. Atender não associado. Disponibilização de mais um ATM. Liberação das sobras no final do exercício em conta corrente. Reembolso integral das cotas ao encerramento da conte corrente. Evidentemente entende-se que as empresas em geral devem analisar a satisfação dos clientes, almejando um bom relacionamento de ambas as partes. Para tanto, é essencial atentar às necessidades dos associados, pois cada um possui um perfil diferente. Nesse contexto a visão do cliente sobre a empresa é primordial para avaliar deu desempenho e melhor seus pontos fracos, e assim, um planejamento de marketing torna-se uma ferramenta para melhor compreender as expectativas dos clientes, mensurar o reconhecimento da empresa diante seus clientes e o mercado onde está inserida, proporcionando maior competitividade em um marcado acirrado como o de instituições financeiras. Especificamente, as cooperativas de crédito, é fato que não devem ficar a margem desse processo, e sim buscar cada vez mais conhecer, entender, atrair e manter um relacionamento longo e duradouro com seus associados utilizando de ferramentas do marketing como meio para esse processo. No ambiente onde há grande quantidade de oferta e exigência por parte dos clientes, não se pode mais somente disponibilizar produtos e serviços, mas sim um ótimo atendimento que possa atender e satisfazer suas necessidades de forma exemplar e única. 14

155 7- BIBLIOGRAFIA BRETZER, Mirian. Marketing de relacionamento e competição em tempo real com CRM (CustomerRelationsship Management). São Paulo: Atlas, COBRA, Marcos. Marketing de serviços financeiros. 2 ed. São Paulo: Cobra, CRÚZIO, Helnon de Oliveira. Como organizar e administrar uma cooperativa. 4 ed. Rio de Janeiro: FGV, ENGEL, J. ; BLACKWELL, R.; WINIARD, P. Comportamento do consumidor 8ª Ed. Rio de Janeiro: LTC, Estatuto Social Sicoob União GORDON, Jan. Marketing de relacionamento: estratégicas, técnicas e tecnologias para conquistar clientes e mantê-los para sempre. São Paulo: futura, KOTLER, Philip. Administração de Marketing: São Paulo, Futura, KOTLER, Philip. Administração de Marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, KOTLER, Philip, e KELLER, Kevin Lone - Administração de Marketing A bíblia do marketing - 12ª ed. LAS CASAS, Alexandre Luzzi, Marketing de Serviços. 5 ed. São Paulo: Atlas, LAS CASAS, Alexandre Luzzi, Novos rumos do marketing. São Paulo: Atlas, 2001 LEBOUF. Michael. Como conquistar clientes e mantê-los para sempre 1996 ed. Harbra. PAGNUSSATT, Alcenor. Guia do cooperativismo de crédito organização, governança e políticas corporativas. Porto Alegre: Editora Sagra Luzzatto, ROSA, A.: CHRISTENSEN, C. Marketing: teoria e prática no Brasil São Paulo: Atlas, SCHARDONG, Ademar. Cooperativa de crédito: instrumento de organização econômica da sociedade. 2 ed. Porto Alegre: Rigel, SOUZA, Ângela Cristina Rocha de Souza. A orientação para o mercado, o relacionamento com os clientes e o desempenho das empresas: um levantamento junto a empresas que atuam na região nordeste do Brasil. ANPAD, STONE, Merlin., WOODCOCK, Neil. Marketing de relacionamento. São Paulo: LitereraturaMundi,

156 Importância do perfil empreendedor para os gestores/coordenadores em uma instituição de ensino superior Carlos Alberto Pereira de Sousa FUPAC Ponte Nova Cristina Nunes Rocha DOCTUM Manhuaçu Cyntia Siqueira Muniz - FUPAC Barão de Cocais Fernando de Sousa Santana FUPAC Ponte Nova Ulivânia Faustino Vasconcelos FUPAC Ponte Nova RESUMO: O perfil empreendedor tem atraído grandes interesses em virtude de seu potencial ligado a criatividade, autoconfiança, detecção de oportunidades, cálculo o risco, persistência e poder de liderança, além de ter facilidade para acompanhar as mudanças tecnológicas. A presente pesquisa buscou identificar e medir o percentual das características empreendedoras nos gestores/coordenadores de uma instituição de ensino superior, a fim de analisar a importância de se ter empreendedores dentro da Instituição chamados de intra-empreendedores. Teve-se por base o tipo de pesquisa exploratória de caráter descritivo, em que foi realizada uma pesquisa de campo, sendo a coleta de dados através de aplicação de teste de autoavaliação, criado e validado por Dornelas (2005), este teste foi aplicado aos gestores/coordenadores da Instituição de Ensino Superior pesquisada. Com o resultado, foi possível traçar um gráfico que demonstra o percentual empreendedor da instituição, bem como quantos coordenadores podem desenvolver ou já possuem o perfil de administrador. Espera-se contribuir com informações para os administradores em geral e para estudos sobre a atuação do intra-empreendedor como vantagem competitiva para as Instituições de Ensino Superior. Palavras chave: Empreendedor; características empreendedoras; gerente/administrador. ABSTRACT: The profile entrepreneur has attracted great interest because of their potential on creativity, self-confidence, detect opportunities, calculate risk, persistence and power of leadership, in addition to facility to keep up with technological changes. This study sought to identify and measure the percentage of entrepreneurial characteristics in managers / coordinators of a higher education institution in order to analyze the importance of having entrepreneurs within the institution called intrapreneurs. Based on the type of research is exploratory descriptive character, quantitative, data collection was carried out by application of self-assessment test, created and validated by Dornelas (2005) author, this test was applied to managers / coordinators searched Institution. With the result was possible chart that shows the percentage entrepreneur, how can develop, and how many have administrator profile, the chart also exposes the strengths and weaknesses of this management team. Expected to contribute information to administrators in general and for studies on the performance of intra-entrepreneur as a competitive advantage for higher education institutions. Palavras chave: Entrepreneur or intrapreneur; entrepreneurial characteristics; manager / administrator

157 1. INTRODUÇÃO Segundo Abreu e Silva (2010), o perfil empreendedor tem atraído grandes interesses do governo e instituições de ensino, em virtude da sua forte relação com o desenvolvimento regional, contribuindo para o crescimento da economia.objetivou-se identificar este perfil nas instituições de ensino superior, pois, ao contrário que muitos pensam, segundo Fialho (2007), o termo empreendedorismo não está relacionado somente à criação de uma nova empresa, assim, quando o empreendedor está inserido dentro de uma organização, este recebe o nome de intra-empreendedor, são identificados por assumirem responsabilidade de novos projetos e desafios dentro das organizações. A definição de empreendedor, segundo o dicionário Ferreira (1999), é aquele que empreende, sendo ativo, arrojado, competidor. Empreendedor é aquele que tem a visão do negócio e não mede esforços para realizar o empreendimento. A sua realização é ver sua ideia concretizada seja na sua própria empresa ou a qual presta serviços (DEGEN, 2009). Drucker (1987) também define empreendedores como pessoas capazes de ver oportunidades de negócios, que não se limitam aos seus talentos, intuição, criatividade e intelectualidade, gostam de causar mudanças. A presente pesquisa tem como objetivo entender a importância do perfil empreendedor para gestores/coordenadores de uma instituição de ensino superior, a fim de identificar, medir, relacionar o perfil dos gestores, identificando neles características como: AE (auto-eficaz), AR (Assumi riscos Calculados), PL (Planejador), DO (detecta oportunidades), PE (persistência), SO (Sociável), IN (Inovador), e LI (líder). O resultado pretende mostrar a porcentagem do perfil empreendedor, isto é, intra-empreendedor dentro da instituição. Conforme esclarece Silveira (2007), pessoas com características empreendedoras se destacam dentro das organizações, pois são dotados de ideias realistas e inovadoras, propõe mudanças e melhorias, enfrentam obstáculos com otimismo, estimulam a realização das atividades de forma a alcançar as metas. As organizações de hoje enfrentam um ambiente cada vez mais competitivo, sendo necessárias transformações nos métodos administrativos em busca de estruturar os processos, adaptar às mudanças e manter a equipe ativa e entrosada para juntos estar competitivos no mercado (DRUCKER,1987). As instituições de ensino superior têm um grande desafio de gestão, várias novas instituições surgem a cada ano, a competitividade torna-se acirrada. Levanta-se assim o problema da seguinte pesquisa: ter gestores/coordenadores com perfil empreendedor é um diferencial para esta Instituição de Ensino Superior? O envolvimento de todos os

158 integrantes de uma organização na busca pelo melhor caminho a ser seguido pelas empresas torna-se uma tarefa essencial a sobrevivência? (FIALHO, 2007, p. 43) As ideias empreendedoras ganham destaque a partir do século XX, quando foi criada a maioria das invenções que revolucionaram o estilo de vida das pessoas. A competição na economia também forçou novos empresários a adotar paradigmas diferentes, os anos de 1930 a 1970 foram marcados por movimentos como: a racionalização do trabalho, as relações humanas, o funcionalismo estrutural, a contingência ambiental e as novas tecnologias tornaram fundamental o papel do empreendedor na sociedade (DORNELAS, 2005). Referente á metodologia, conforme esclarece Gil (1999), o tipo de pesquisa é exploratório de caráter descritivo, quanto a sua natureza quantitativa, sendo um método de investigação empírica, a fim de identificar, medir, descrever e registrar o perfil empreendedor dos gestores dentro da instituição de ensino superior, adquirindo conhecimento através de aplicação de teste para coleta de dados e, ainda, a pesquisa bibliográfica, foi realizada com base em autores como: Dornelas (2005), Drucker (1987), Dolabela (1999), entre outros. Espera-se, assim, com este artigo, contribuir para estudos na área de Gestão de Pessoas, destacando a importância do gestor/coordenador empreendedor e seu perfil dentro da instituição de ensino superior. Além de mostrar a importância da gestão empreendedora e ampliar ainda mais o conhecimento a fim de contribuir com informações para os administradores em geral. 2. EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO EMPREENDEDORA AO LONGO DA HISTÓRIA A origem do pensamento empreendedor teve início no século XIII e XIX; nesta época, destacam-se três linhas de pensamento sendo: primeiro, os economistas defendiam que o empreendedorismo e a inovação estão totalmente ligados ao desenvolvimento econômico; já os Behavioristas ou comportamentalistas, tentavam em suas discussões traçar o perfil empreendedor e, por último, a escola que estudava os traços de personalidade empreendedora para estudos futuros (CHIAVENATO,2008). Segundo Drucker(1987), em 1965,houve um crescimento diferenciado na economia dos Estados Unidos, passando de 129 para 180 milhões de pessoas trabalhando com carteira assinada; esse crescimento na economia de 40% foi devido a abertura de novos negócios empreendedores, os americanos, a partir de então, começaram a investir no potencial empreendedor dos pequenos negócios.

159 Analisando o que havia de comum nos empreendimentos de sucesso naquela época, destacam-se as inovações tecnológicas que, por sua vez, fornecem estímulos para criar uma visão e um espírito empreendedor, trazendo benefícios para a comunidade e a receptividade para ambos, a partir daí surgiram vários novos postos de empregos. Sendo assim, é necessário o pensamento criativo para atuação inovadora, destacando-se o perfil empreendedor, cumpre lembrar que a criatividade se amplia ainda mais com os avanços tecnológicos (ULBRICHT, 2013). Com base em tudo isso, cumpre analisar: qual a importância da gestão empreendedora? Dornelas enfatiza as inovações tecnológicas sendo os principais agentes que impulsionaram os estudos na área do empreendedorismo; essas inovações mudam o mundo, influenciam todos os setores da sociedade. Portanto, a ênfase em empreendedorismo surge muito mais como conseqüência das mudanças tecnológicas e sua rapidez (DORNELAS, 2005, p. 22). Analisando o desenvolvimento ao longo da história, observou-se a estagnação nos antigos setores industriais como a construção de ferrovias, mineração, carvão e tecelagem levaram países como a Grã-Bretanha e França a tempos difíceis na economia. O único fator que explica a diferença de comportamento econômico era um único fator:o Empreendedor. Na Alemanha, por exemplo, o evento isolado mais importante entre 1873 e 1914 foi seguramente a criação do Banco Universal.O primeiro destes, o Deutsche Bank, foi fundado em 1870 por Georg Siemens com a missão especifica de encontrar empreendedores, financiar empreendedores, e forçá-los a uma administração organizada e disciplinada. Na História econômica dos Estados Unidos, banqueiros empreendedores como J.P.Morgan, em Nova York, desempenham papel semelhante (DRUCKER, 1987, p.17). Seguindo os estudos sobre a evolução do empreendedorismo no Brasil, movimentos importantes que marcaram o mundo dos negócios explicam ainda melhor a evolução da administração empreendedora, conforme figura 1, relacionada abaixo:

160 FIGURA 1 - Movimentos que explicam a evolução da administração empreendedora Movimento de racionalização do trabalho Foco na gerência administrativa Movimento das relações humanas : foco nos processos Movimento do funcionalismo estrutural Foco na gerência por objetivos Movimento dos sistemas abertos Foco no planejamento estratégico Movimento das contingências ambientais Foco na competitividade Não se tem um movimento predominante, mas há cada vez mais o foco no papel do empreendedor como gerador de riqueza para a sociedade. Fonte:Dornelas (2005), adaptado pela autora. O movimento, na figura acima, refere-se aos acontecimentos no Brasil que predominaram conforme a década relacionada no quadro; o foco refere-se aos conceitos administrativos predominantes. Dessa forma, fica clara a evolução na administração empreendedora; no início, o foco estava na gerência, depois foco eram as pessoas e os processos, logo em seguida, surge administração por objetivos visando a resultados; para isso, foi necessário o surgimento do planejamento estratégico visando ao mercado externo e à competitividade. Como resultado, geração de riqueza para toda a sociedade. 3. JUSTIFICATIVA PARA INVESTIR NO POTENCIAL EMPREENDEDOR Segundo Dornelas (2005), o tema empreendedorismo se popularizou na década de 90, paralelamente ao processo de privatização das grandes estatais, motivando o mercado interno a abrir concorrência com o mercado externo. Daí a importância de desenvolver empreendedores que ajudem o país no seu crescimento e gere possibilidade de trabalho, renda e maiores investimentos. As Instituições de Ensino Superior, bem como os agentes que nelas se inserem, devem ter gestores preparados para que, através do conhecimento administrativo, possam

161 lidar com as complexas exigências da sociedade; O perfil empreendedor ajuda a ampliar a sua influência sobre o mercado, devendo assim as instituições mostrar aos seus alunos e aos clientes sucesso em sua gestão (ALVES et al, 2011). Para Maêta (2007), negócios ou empresas precisam manter uma vantagem competitiva para se sustentar no mercado, é necessário utilizar o conhecimento para que os negócios sejamrealizados em tempo hábil, gerando o retorno esperado; por isso, as organizações necessitam ser ágeis, inovadoras e adaptáveis as mudanças. A real importância de se ter gestores intra-empreendedores dentro das instituições de ensino superior pode ser entendida, conforme defende Silveira (2007), da seguinte forma: as características empreendedoras fazem total diferença, pois são dotadas de ideias realistas e inovadoras, elas propõe mudanças e melhorias, enfrentam obstáculos com otimismo, estimulam a realização das atividades de forma a alcançar metas. Nesse contexto, ainda segundo Fialho (2007), a importância do intraempreendedorismo dentro de qualquer organização justifica-se pela busca da competitividade, atração e retenção de talentos; estimula a capacidade de inovação dos colaboradores, sendo forte instrumento de motivação intrínseca, agilidade e flexibilidade nos processos internos, gestão participativa, comportamento de dono que defende a organização como se fosse um bem próprio. As pessoas, segundo Mayo (2003), além de administrarem os ativos tangíveis, também mantêm e desenvolvem os intangíveis. A aptidão, a motivação, a criatividade, as habilidades organizacionais e a liderança dependem dos indivíduos e o grande desafio das organizações está em oportunizar o desenvolvimento dessas habilidades. Segundo Dolabela (1999, p. 53), A alta taxa de mortalidade infantil no mundo das empresas emergentes, a regra é falir e não ter sucesso. É necessário ensino inovador sobre as práticas empreendedoras, ter domínio sobre a tecnologia, conhecer bem o negócio, ter ética profissional, afinal os indivíduos sãos guiados por princípios e valores. Isto requer de executivos em todas as instituições que façam da inovação e dos empreendimentos uma atividade normal funcionando, e do dia a dia, uma prática em seu próprio trabalho, e no de suas organizações (DRUCKER, 1987, p. 349).

162 3.1. CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS A Grande pergunta que os pesquisadores fazem é: quais são as características dos empreendedores de sucesso? (DOLABELA,1999, p. 36) Os empreendedores são pessoas diferenciadas, que possuem motivação singular, apaixonadas pelo que fazem, não se contentam em ser mais um na multidão,querem ser reconhecidas e admiradas, referenciadas e imitadas, querem deixar um legado (DORNELAS, 2005,p.21) A fim de definir o perfil empreendedor, baseado em estudos na literatura, estão definidas, abaixo, características que se podem observar no gestor empreendedor dentro das organizações de ensino superior. Conformedescreve Schmidt e Bohnenberger (2009, p. 455), o perfil dos gestores pode ser relacionado identificando neles características, que podem ser assim relacionadas: 1) Auto-eficaz (AE): é a estimativa cognitiva que uma pessoa tem das suas capacidades de mobilizar motivação, recursos cognitivos e cursos de ação necessários para exercitar controle sobre eventos na sua vida (Carland et al., 1988; Chen et al., 1998; Kaufman, 1991; Longenecker et al., 1997; Markman & Baron, 2003). 2) Assume Riscos calculados (AR): pessoa que, diante de um projeto pessoal, relaciona e analisa as variáveis que podem influenciar o seu resultado, decidindo, a partir disso, a continuidade do projeto (Carland et al., 1988; Drucker, 1986; Hisrich & Peters, 2004). 3) Planejador (PL): pessoa que se prepara para o futuro (Filion, 2000; Kaufman, 1991; Souza et al., 2004). 4) Detecta oportunidades (DO): habilidade de capturar, reconhecer e fazer uso efetivo de informações abstratas, implícitas e em constante mudança (Birley & Muzyka, 2001; Degen, 1989; Markman & Baron, 2003). 5) Persistente (PE): capacidade de trabalhar de forma intensiva, sujeitandose até mesmo a privações sociais, em projetos de retorno incerto (Drucker, 1986; Markman & Baron, 2003; Souza et al., 2004). 6) Sociável (SO): grau de utilização da rede social para suporte à atividade profissional (Hisrich & Peters, 2004; Longenecker et al., 1997; Markman & Baron, 2003). 7) Inovador (IN): pessoa que relaciona idéias, fatos, necessidades e demandas de mercado de forma criativa (Birley & Muzyka, 2001; Carland et al., 1988; Degen, 1989; Filion, 2000). 8) Líder (LI): pessoa que, a partir de um objetivo próprio, influencia outras pessoas a adotarem voluntariamente esse objetivo (Filion, 2000; Hisrich & Peters, 2004; Longenecker et al., 1997). Foram observados também nos empreendedores, capacidade de aprender com o fracasso e dar a volta por cima, forte intuição e visão para novas oportunidades, gosto de

163 trabalhar sozinho, iniciativa, auto-confiança, otimismo, necessidade de realização, perseverança, gosto de trabalhar com metas e sabe alcançar resultados (DOLABELA,1999). Segundo Fialho (2007), as tendências empreendedoras resumem-se em necessidade de sucesso, liderança, autonomia ou independência criativa, na capacidade de assumir riscos calculados, visualização do futuro, impulso e determinação. Dornelas (2005) ainda foi mais longe e, através de entrevista com um empreendedor, buscou saber: lado positivo, negativo, forças e fraquezas na visão do próprio empreendedor. Obteve os seguintes resultados: o lado positivo é poder ser o próprio chefe e poder criar as próprias regras empresariais; o ponto negativo é não ter limite, eles trabalham até 24 horas se deixar, não conseguem desligar tão fácil da preocupação com o negócio; sua força foi apontada por criatividade, otimismo e perseverança; suas fraquezas estão nos excessos, querem dar conta de mil tarefas ao mesmo tempo, acabam se desgastando, outra é a dificuldade para dizer não, pois são oportunistas e querem tirar vantagem em todas as oportunidades. O Intra-empreendedor é o empreendedor dentro das organizações, suas características são: visão, polivalência, necessidade de agir, prazer em executar as tarefas correspondentes ao objetivo, visão e ação, dedicação, prioridades, metas, superação de erros, administração de riscos, tendem a ter autoconfiança em sua intuição. O intraempreendedor é o sonhador que consegue transformar uma idéia em uma realidade lucrativa (FIALHO, 2007, p. 28) DIFERENÇA ENTRE O ADMINISTRADOR E OEMPREENDEDOR ou INTRA- EMPREENDEDOR Os gerentes/administradores geralmente vêm de um histórico familiar em que membros de sua família trabalhavam em grandes empresas. Motivam-se por promoções, recompensas da corporação e status, sua atividade principal é delegar e supervisionar, preocupam-se em como são vistos na empresa e necessita estar em um cargo de posição diferenciada. Vêem o risco com cautela, tentam evitar erros, não tomam decisões sozinho, sempre trocam idéias com seus superiores, respeitam hierarquia e buscam ter planejamento em todos os processos da empresa (DORNELAS, 2005). Para Chiavenato (2008, p. 9), Os empreendedores apresentam elevada necessidade de realização em relação as outras pessoas da população em geral, têm capacidade para

164 assumir riscos calculados, enxergam os problemas inerentes a um negócio, porém conseguem ter confiança em si e em suas habilidades para superar desafios. O intra-empreendedor é aquele que assume a responsabilidade por determinado projeto ou produto que exija, acima de tudo, desafio, criatividade, inovação. Estes são os empreendedores citados acima; porém, dedicados a uma organização, o fator que os diferencia dos empreendedores é que não pretendem abrir uma empresa e se sentem motivados a investir no potencial da empresa que já faz parte. Em contrapartida, os empreendedores acima prestam consultorias para outras empresas e atuam em dois ou três ramos (FIALHO, 2007). Os empreendedores se motivam por independência, oportunidade de criar algo novo, ganhar dinheiro, envolver-se diretamente no negócio, necessidade de auto-realização, capacidade de assumir riscos calculados e aprender com próprios erros, segue seus sonhos na hora de tomar decisão, têm como prioridade a satisfação própria e de seus clientes, geralmente vem de famílias que possuem ou já possuíram algum tipo de negócio (DORNELAS, 2005). Segundo Dolabela (1999), Empreendedores e Gerentes/Administradores enxergam de forma diferente a empresa, no comportamento, nas atitudes e na visão do mundo, Análise comparativa entre (G) Gerente e (E) Empreendedor, conforme descreve a baixo(dolabela,1999,p ): G.Tenta otimizar os recursos para atingir metas. E. Estabelece uma visão e objetivos, depois localiza os recursos. G. Busca aquisição de conhecimentos gerenciais e técnicos. E. Apóia-se na auto-imagem geradora de visão, inovação.busca adquirir know-how e know-who. G. A chave é se adaptar as mudanças. E. A chave é iniciar as mudanças. G. Seu padrão de trabalho implica análise racional. E. Seu padrão de trabalho implica imaginação e criatividade. G. Trabalho centrado em processos que se apóiam no meio em que ele se desenvolve. E. Trabalho centrado no planejamento de processos que resultam de uma visão diferenciada do meio. G. Apoiado na cultura da afiliação. E. Apoiado na cultura da liderança. G. Centrado no trabalho em grupo e na comunicação grupal. E. Centrado na Evolução individual. G. Desenvolvimento dos dois lados do celebro, com ênfase no lado esquerdo. E. Desenvolvimento dos dois lados, com ênfase no lado direito.

165 G. Desenvolve padrões para a busca de regras gerais e abstratas. O gerente está em busca de princípios que possam transforma-se em comportamentos empresariais de eficácia. E. Lida com situações concretas e especificas. Uma oportunidade é única, é um caso diferente de outros e deve ser tratada de forma diferenciada. G. Baseia-se no desenvolvimento do conceito de si, com ênfase na adaptabilidade. E. Baseia-se no desenvolvimento do conceito de si, com ênfase na perseverança. G. Voltado para aquisição de know-how em gerenciamento de recursos e da área da própria especialização. E. Voltado para aquisição de know-kow em definir conceitos que á ocupação do mercado). A função do administrador também é de suma importância e merece respeito e reconhecimento pelo planejamento estratégico. Porém, as organizações de hoje, especialmente, enfrentam grandes desafios por causa da rápida mudança e das inovações do mercado; para sobreviver, é necessário ser mais que um gestor, é necessária ousadia, criatividade para resolver problemas, enfrentar o ambiente de riscos, destaca-se assim a importância da gestão empreendedora (DRUCKER,1987) QUALQUER PESSOAL PODE SE TORNAR UM EMPREENDEDOR? É POSSÍVEL ENSINAR O EMPREENDEDORISMO? O empreendedor em potencial pode ser hoje enfermeira, secretária, trabalhador de linha de montagem, mecânico, vendedor, dona de casa, gerente ou engenheiro. O empreendedor em potencial pode ser homem ou mulher de qualquer raça ou nacionalidade (HISRICH E PETERS, 2004 apud MACHADO, 2005, p. 248). O perfil empreendedor pode ser influenciado em parte pela composição genética e/ou em parte pelo ambiente, alguns indivíduos já nascem com o potencial de assumir riscos e inovar. Até o momento, não há estudos científicos que comprovem o sucesso garantido daqueles que apreendem a empreender (MACHADO, 2005). Segundo Chiavenato (2008), para se tornar um empreendedor, é necessário avaliar se o individuo possui três características básicas: a) Necessidade de realização, impulso para realização que reflete nas pessoas ambiciosas; b) Disposição para assumir riscos, veem nos desafios oportunidades e preferem situações arriscadas até o ponto que podem exercer controle pessoal sobre o resultado; c) Autoconfiança, a preferência pelo risco moderado reflete a autoconfiança sobre o resultado do negócio.

166 Vários autores veem estudando a relação entre causa e efeito, ou seja, não se pode afirmar que um indivíduo com tais características citadas acima seja um empreendedor de sucesso, o que pode se afirmar é que, tendo tais características empreendedoras, haverá mais chance de serem bem-sucedidos nas atividades empresariais e econômicas (DOLABELA,1999). Dornelas (2005) é um dos muitos autores que acredita que é possível ensinar sim a prática do empreendedorismo, através de treinamentos e capacitações para estimular o espírito empreendedor. Qualquer curso de empreendedorismo deve focar em identificar o perfil e habilidades empreendedoras, analisar as oportunidades e ameaças, inovar, desenvolver economicamente através de novos negócios, como preparar e utilizar um plano de negócios, como obter financiamentos, como gerenciar e fazer a ideia dar certo. Nota-se a capacidade de muitos em aprender a desenvolver as características de um gestor empreendedor, bem como o potencial de aprender a andar, falar e cantar. È possível aprender sim, o importante é buscar sempre conhecimento e estar inovando (MACHADO, 2005). A metodologia de ensino tradicional de formar empregados no nível universitário e profissionalizante não é mais compatível com a organização da economia mundial. (DOLABELA, 1999). Para aqueles que desejam aprender o sucesso dos empreendedores, o Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas, é a principal entidade de apoio aos empreendedores brasileiros. Administrado pela iniciativa privada, promove cursos e capacitação aos empreendedores, presta consultoria, organiza caravanas para participação de empresas em feiras e eventos (DORNELAS, 2005, p. 198). 4. METODOLOGIA Quanto ao tipo de pesquisa, este estudo classifica-se como exploratória de caráter descritivo, como nos esclarece o autor Gil (1999,p.44), as pesquisas descritivas juntamente com as exploratórias, tem por objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. As pesquisas exploratórias visam aprimorar ideias ou a descoberta de intuições, seu planejamento é flexível, considerando os mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Quanto à natureza, o estudo possui caráter quantitativo, pois tem o objetivo de identificar, medir, analisar e descrever características de um determinado grupo, conforme pesquisa literária em Bertucci (2015); faz-se a opção pelo método estatístico, assim, mediante a utilização de testes, torna-se possível determinar, em termos numéricos, a

167 porcentagem de perfil empreendedor dentro da instituição de ensino superior estudada, sendo este tipo de pesquisa considerado pelo seu razoável grau de precisão, o que se torna aceitável nesta pesquisa. (GIL, 1999). O procedimento adotado para identificar e medir o percentual empreendedor dentro da instituição de ensino superior é o teste criado pelo autor Dornelas (2005, p. 49), uma vez construído e validado pelo autor: a auto-avaliação de perfil empreendedor (ambiente, atitudes e know-how). Segundo Gil (1999, p.150), o significado de teste, é bem mais preciso, pois envolve o sentido de medida. Assim, aplicar um teste significa medir, isto é, comparar com um critério determinado. A amostra escolhida para participar do teste são os gestores/coordenadores dos 14 cursos superiores da instituição pesquisada, sendo caracterizado por 6 homens e 8 mulheres, em um total de 14 testes aplicados pessoalmente pelo pesquisador entre o período de 26 de setembro a 03 de outubro de O teste busca atribuir uma nota de 1 a 5 para cada característica pessoal, dando a possibilidade de escolha para as características empreendedoras citadas anteriormente no referencial teórico. A pontuação do teste define o seguinte resultado: entre 120 a 150 pontos, gestor com características empreendedoras e intra-empreendedoras; de 90 a 119 pontos, tendência a desenvolver e aprimorar as características; de 60 a 89 pontos, características de um administrador; e, menor que 50 pontos, nãopossui características de perfil empreendedor/intra-empreendedor e nem de administrador. 5. RESULTADOS OBTIDOS Após aplicação do teste e tabulação dos resultados, torna possível uma visão geral da equipe de coordenadores/gestores dessa instituição, assim como definição do perfil e avaliação das características individuais, podendo destacar os pontos fortes e fracos, informação relevante para a administração desta instituição de Ensino Superior.

168 Perfil Empreendedor 7% 21% 72% Tem potencial para desenvolver as caracteristicas Empreendedoras Perfil Administrador FIGURA 1 - Gráfico Percentual do Perfil Empreendedor/Intra-Empreendedor Conforme demonstra o gráfico acima, o resultado obtido conforme aplicação de teste para os coordenadores/gestoresda Instituição de Ensino Superior pesquisada demonstra que 72% dos pesquisados demonstraram ter o perfil intra-empreendedor, 21% tem potencial para desenvolver as características intra-empreendedoras; porém, precisam equilibrar seus pontos fortes com seus pontos fracos para obter sucesso em suas decisões, e 7 % se encaixam no perfil de Administradores; conforme Dornelas (2005), os administradores se diferenciam dos empreendedores, pois o administrador concentra-se em planejar, organizar, dirigir e controlar, já os intra-empreendedores são oportunistas e arriscam um pouco mais quando veem oportunidades de possíveis negócios. São de extrema importância tanto o perfil empreendedor quando o perfil administrador, pois, apesar de terem algumas características diferentes, um completa o outro. Assim o empreendedor proprietário de uma empresa nascente, com poucos recursos, tem, necessariamente, que ser também um bom gerente/administrador (DOLABELA, 1999). As características propostas por Dornelas (2005) são: persistência, determinação, capacidade para detectar oportunidades,capacidade para assumir riscos calculados, criatividade e autoconfiança, motivação, superação e liderança. Essas características foram estatisticamente calculadas após a preenchimento do questionário, as respostas obtidas podem ser visualizadas na figura 2, abaixo:

169 FIGURA 2 - Gráfico das características apresentadas pelos coordenadores/gestores Diante da apreciação dos resultados expostos no gráfico acima, as característica mais encontradas nos coordenadores/gestores da Instituição de Ensino Superior pesquisada foram persistência e determinação, 95% deles afirmaram ter essas características que se tornam fundamentais para qualquer profissional, como cita Chiavenato (2008); 85% deles afirmam que têm facilidade para superação dos fracassos e sua motivação é empreendedora. Conforme Dornelas (2005), a motivação dos intra-empreendedores está focada em poder desenvolver algo novo e ganhar dinheiro; a motivação dos administradores, por sua vez, está baseada nas promoções e status. Analisando ainda as características apresentadas pelos coordenadores/gestores, relativas às questões relacionadas a liderança, conforme o teste, 75% responderam como líderes, afinal cada um deles possui equipes e têm o desafio de mantê-los entrosados e focados no objetivo para garantir o sucesso do curso superior oferecido. A respeito da criatividade e da autoconfiança, 70% deles se destacaram, estas características possibilitam criar soluções para problemas enfrentados no dia a dia do gestor e o potencial de explorar e criar novos projetos, a fim de estimular a inovação e buscar melhorias para a Instituição (ALVES, 2011).

170 Em quinto lugar e quase ultimo com 55%, ou seja, pouco mais que a metade deles tem medo de assumir riscos dentro desta instituição; o perfil intra-empreendedor consegue enxergar melhor o risco de tais processos e investimentos; porém, tendo o perfil empreendedor dentro da Instituição, assumem menos riscos, considerando que a maior parte dos riscos se concentra para decisão da administração geral. E, por fim, com apenas 35%, a capacidade de detectar oportunidades fica em sexto lugar, sendo o empreendedor um indivíduo curioso e atento às informações a fim de aproveitar ao máximo as oportunidades (FIALHO, 2007). Após a exposição dos resultados, é evidente os pontos fortes e fracos desta equipe de coordenadores/gestores, sendo possível investir nos pontos fortes como persistência, determinação, motivação, superação, liderança; com base nisso, é possível trabalhar para desenvolver e melhorar os pontos ainda fracos como a capacidade de detectar oportunidades; há ainda o medo de assumir riscos e o estímulo da criatividade para sugerir soluções para os problemas do dia a dia na Instituição. Justifica-se então a importância de análise das características de uma equipe de trabalho, pois justamente elas definem o sucesso ou fracasso da Instituição (DOLABELA, 1999). 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Respondendo a pergunta da presente pesquisa, o perfil empreendedor ou intraempreendedor dentro da Instituição de Ensino Superior pesquisada faz toda a diferença para o sucesso da Instituição, pois tais características citadas e medidas acima através de teste demonstram que persistência, determinação, capacidade para detectar as oportunidades, poder enxergar o risco e ter capacidade para calculá-lo, criatividade e autoconfiança, motivação e superação das dificuldades, liderança contribuem e muito para o desenvolvimento e o crescimento da Instituição. Fialho (2007) considera que, apesar de não ter um padrão psicológico científico estabelecido para se detectar o perfil empreendedor, as várias pesquisas e amostragens nos permitem identificar pessoas que geralmente obtém sucesso nos negócios, seja eles empreendedores, único dono de sua empresa, ou intra-empreendedores, dentro de outras organizações. Conforme Angelo (2016), as estatísticas mostram o crescente aumento de contratações de empreendedores para assumir cargos em Instituições de Ensino Superior. São eles: advogados, empresários, médicos, engenheiros, arquitetosetc.;cumpre ressaltar que tais indivíduos empreendedores se dedicam a vários projetos ao mesmo tempo, é comum o empreendedor ser um professor e, ao mesmo tempo, ter seu próprio negócio,

171 afinal as pessoas deste perfil se realizam em ser multifuncionais. Percebe-se que ter indivíduos com perfil empreendedor dentro da Instituição de Ensino Superior se torna uma vantagem competitiva. Diante da evidente importância do perfil empreendedor para os Coordenadores/gestores da Instituição pesquisada, observa-se que a característica que precisa ser trabalhada ou melhorada entre eles é a capacidade de detectar as oportunidades; essa característica é de extrema importância para a Instituição, pois assim esses gestores serão capazes de transformar ameaças em oportunidades e estarão atentos aos acontecimentos, a fim de ganhar mercado e tornar a Instituição mais competitiva (DORNELAS, 2005). Sugere-se que novas pesquisas sejam realizadas em torno do comportamento do indivíduo intra-empreendedor dentro das Instituições de Ensino Superior, a fim de comparar o desenvolvimento dos cursos que são coordenados por um indivíduo com perfil empreendedor com um curso coordenado por um indivíduo não empreendedor, com o intuito de responder quais as diferenças na coordenação de ambos os cursos e o sucesso ou não relacionado a esse perfil, a fim de refinar este objeto de estudo. 7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, Michele Amaral dos Santos Silva; SILVEIRA, Flávio de Amorim. Desde os Primórdios até hoje em dia: Será que o Empreendedor ainda faz o que Schumpeter dizia? Evolução das Características Empreendedoras de 1983 a Local: editora, Ângelo, Mauricio. Intra-empreendedorismo lições das pioneiras In: revista HSM Management n. 118 Setembro/Outubro, ALVES, Maria Palmira et al. Práticas Inovadoras no Ensino Superior. Instituto de Educação, Universidade do Minho,2011. BAÊTA, Adelaide Maria Coelho, and Guilherme Emrich. A pesquisa no Brasil: o papel do capital empreendedor. Revista USP 73 (2007): BERTUCCI, Janete Lara de Oliveira. Metodologia básica para elaboração de trabalhos de conclusão de cursos (TCC): ênfase na elaboração de TCC de pós- graduação lato Sensu. 1.ed. São Paulo: Atlas,2015. Camargo, Denise de, Sieglind Kind da Cunha, and Yára Lúcia Mazziotti Bulgacov. "A psicologia de McClelland e a economia de Schumpeter no campo do empreendedorismo." RDE-Revista de Desenvolvimento Econômico1017 (2010).

172 CHIAVENATO,Idalberto.Empreendedorismo; dando asas ao espírito empreendedor: empreendedorismo e a viabilização de novas empresas: um guia eficiente para iniciar e tocar seu próprio negócio.3.ed.são Paulo:Saraiva,2008. DA SILVEIRA, Ailton Carlos, et al. Empreendedorismo: a Necessidade de se Aprender a Empreender. Revista Foco 2.1 (2007). DEGEN, Ronald Jean. O empreendedor: empreender como opção de carreira. São Paulo: Pearson Prentice Hall, DE MASI, Domenico. O futuro do trabalho: Fadiga e ócio na sociedade pós-industrial. 3ª ed., Rio de Janeiro: Editora José Olympio Ltda. Brasília: Edit.da UNB,2000. DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: Transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro: Elsevier,2001. DOLABELA, Fernando Celso. Uma ideia, uma paixão e um plano de negócios: Como nasce o empreendedor e se cria uma empresa. O segredo de Luísa. São Paulo. Editora: Cultura Editores Associados, DRUCKER, Peter Ferdinand. Inovação e espírito empreendedor. Entrepreneurship, práticas e princípios. Ed. 6, São Paulo. Editora Pioneira, FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. O dicionário da língua portuguesa. 3.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, FIALHO,Francisco Antônio Pereira, et al In: Empreendedorismo na Era do Conhecimento, Florianópolis; Visual Books, GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa. 5.ed. São Paulo: Atlas, HISRICH, Robert D.; PETERS, Michael P. Empreendedorismo. 5. ed. Porto Alegre,2004. Tradução de Lene Belon Ribeiro. MACHADO, Marcio Roberto Loiola; ANEZ, Miguel Eduardo Moreno; RAMOS, Rubens Eugênio Barreto.A educação superior e o potencial empreendedor: Um estudo de caso em uma Instituição de Ensino Superior In: EGEPE- ENCONTRO DE ESTUDOS SOBRE EMPREENDEDORISMO E GESTÃO DE PEQUENAS EMPRESAS ,Curitiba, Anais...Curitiba,2005, p SCHIMIDT, S. e BOHNENBERGER,M.C.Perfil Empreendedor e Desempenho Organizacional. Curitiba.RAC.v.13,art.6p /Junho/Agosto SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas Disponível em: Acesso em (2016) ULBRICHT, Vania Ribas et al. Contribuições da criatividade em diferentes áreas do conhecimento. Pimenta Cultural, 2013.

173 Novembro 2016 TERCEIRO SETOR E A COMUNICAÇÃO COM FINS SOCIAIS César Augusto de Godoi RESUMO: O presente trabalho aborda a temática do terceiro setor, tal como sua formação, modelos, missão e atuação no contexto social, sua relação e impactos no setor privado e governamental. Discorre também sobre o conceito de comunicação com fins sociais, a difusão desse novo conceito nas empresas e suas variáveis. O trabalho é construído a partir da revisão de literaturas encontradas em artigos cientifico, livros, anuários e revistas eletrônicas. PALAVRAS-CHAVE: Terceiro setor; comunicação; comunicação com fins sociais. 1. INTRODUÇÃO Ao longo das últimas décadas, as ONGs que trabalham em diferentes causas, desde o desenvolvimento social ou ajuda humanitária a pessoas feridas em conflitos armados, à saúde ou assistência social, têm feito uso cada vez maior de comunicação a ser conhecido nas áreas sociais em que trabalham e na sociedade como um todo. Além deste uso, e, mais recentemente, tem havido um fenômeno de expansão e integração da gestão da marca e sua imagem no terceiro setor, como algumas destas entidades têm considerado que, para cumprir seus objetivos e sua missão era necessário se tornar uma grande marca; algo que é uma realidade baseada no contexto comercial. Hoje existem ONGs que tentam veicular sua missão através da construção de uma marca forte, que lhes permitam comunicar com seu público de forma credível e eficiente, assim, cumprirá a sua missão. Por tal, é possível verificar, em algumas destas entidades, mudanças no formato de utilizar a comunicação, estando mais presente nas mídias, gerando assim um alargamento do âmbito de aplicação e divulgação do papel da ONGs na sociedade. Nesse sentido o presente trabalho tem o objetivo de criar uma breve contextualização sobre o terceiro setor e a comunicação com fins sociais, temáticas ainda pouco difundidas no Brasil, através da revisão de literatura encontradas artigos científicos, anuários, livros e revistas eletrônicas. 2. O TERCEIRO SETOR A princípio, é importante explicar que, quando falamos de um TS damos a entender a existência de pelo menos um primeiro e segundo sector. Assim, o primeiro setor é o Estado, encarregado de governar, o segundo é o mercado constituído por empresas do setor privado que se rege por interesses individuais. Em geral, a distinção

174 entre estes setores é razoavelmente consensual, embora às vezes a distinção é um pouco confusa com empresas estatais. Segundo Ramos (2003, p. 7) TS pode ser caracterizado como o setor nãogovernamental e que não tem finalidade lucrativa ; ele sugere ainda que o TS surge da incapacidade das entidades públicas e privadas para atender as demandas apresentadas pela sociedade. Enquanto isso, Fowler (1997, p. 27) afirma que os três setores têm intersecções importantes uns com os outros. Figura1: Os três setores. O dever do governo é proteger, assegurar, regular a vida e as ações dos cidadãos, a fim de assegurar o progresso social, o mercado é fornecer subsistência e criar a acumulação de riqueza. O terceiro setor, portanto, seria responsável pela defesa dos interesses individuais ou sociais, trabalhando para uma vida decente. Outra proposta para definir o TS, é baseada na dimensão estrutural que, segundo Falcone (1999), possui as seguintes características: - Estrutura formal: As organizações que têm uma existência e durabilidade formalmente constituída, mas não necessariamente de forma legal. - Autonomia: As empresas governamentais e privadas não é possível gerenciar essas entidades, que devem ter uma gestão independente e controle interno. Portanto, esta classificação são fundações empresariais realizadas como uma forma de responsabilidade social corporativa ou controlada pelo governo para fins sociais

175 - Não governamentais: Embora financiadas pelo governo, essas organizações não são parte da própria máquina de estado, eles estão sujeitos a leis diferentes. - Não compartilhar renda: Essas não podem ser classificadas como organizações sem fins lucrativos, todo capital levantado pela entidade devem ser reinvestidos em si. Outro ponto importante a ser analisado para compreender se uma organização pode ser parte de TS é a sua missão, ou seja, o que ele faz para a sociedade. Sobre a missão da ONG, Fowler (1997) pertencem ou não pertencem ao TS, depende principalmente da análise de missão que acompanha cada organização (FOWLER, 1997, p.21) 2.1.CATEGORIAS DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR Para classificar melhor as diversas entidades que formam as iniciativas sociais e esclarecer algumas das incertezas sobre o assunto, foram definido alguns termos comumente usados que aparecem em referência as organizações do terceiro setor. Este é um conjunto de classificações que é necessário explicar aqui com mais precisão. Landim (1997) estabelece cinco categorias: 1. Filantrópicas, organizações de caridade. Organizações nesta categoria são voltadas aos serviços de saúde e sociais relacionados à educação e à saúde. Uma característica da filantropia é que, em geral, tendem a não ficar contra o poder estabelecido, como são baseados em valores humanos, tais como o altruísmo, fraternidade, serviço à comunidade; 2. Associações. Em países com tradição jurídica romana, o termo indica Organizações baseadas na que estabelecem contratos entre indivíduos livremente para realizar atividades comuns ou defender interesses comuns. Uma característica de parcerias é que muitos são contra o governo porque surgiu a partir da necessidade de agir pela existência de um descontentamento com o desempenho do governo; 3. Fundações. Este é o conceito puramente legal, e emerge como um resultado de qualquer pessoa que forneça fundos para uma causa específica. Nessas organizações do estatuto é desenvolvida por seus fundadores e não pode ser alterado pelos seus gestores e participantes; 4. Sociedade civil e organizações sem fins lucrativos. Compreende todas as organizações privadas que não têm nenhum propósito comercial e departamental. O autor classifica associações, fundações e asilos como subtipos da sociedade civil. O termo sem fins lucrativos ainda gera muitas discussões, principalmente em bases teóricas, porque ele está sempre atribuído o conceito de imunidade fiscal, algo que não faz sentido quando a questão fiscal não está funcionando. Diz-se frequentemente que responde à iniciativa privada, mas o governo também não tem lucro. Outro conceito também atribuiu sempre está relacionada com a ideia de "voluntário", que muitas vezes não é verdade, porque alguns são compostas de profissionais pagos; 5. ONGs - As organizações não governamentais: ONGs em seu próprio nome diz nenhum governo, isto é, assumem uma conotação sugerindo que as suas orientações não têm qualquer ligação com o

176 governo. ONGs têm como premissa um compromisso com a sociedade civil, movimentos sociais e transformações. Uma característica é que eles estão focados em seu público interno e se em servir os outros (LANDIM, 1997, p ). Nesse sentido é importante se atentar sobre a discussão que existe em torno do uso da palavra ONGs e do enquadramento de várias organizações no contexto do Terceiro setor, pois com a polarização dos termos não-governamental e sem fins lucrativos ambos se tornaram as principais referencias de identificação do terceiro setor. Um fato que influenciou muito na difusão desses termos e os tornando referencias para o terceiro setor, foi o momento que as agências internacionais de desenvolvimento social começou a aplicar o termo ONG formalmente a todas as entidades que desenvolveram qualquer iniciativa social e o resultado é que hoje todas as iniciativas sociais são consideradas ONG. 2.2.MISSÃO DO TERCEIRO SETOR Dada a heterogeneidade do setor, como discutimos nos parágrafos anteriores, a missão torna-se um ponto-chave para a identificação de uma organização; o que ele faz para a sociedade e qual causa está envolvida. Peter Drucker, um austríaco de Viena que foi um dos principais teóricos da administração em matéria de gestão das organizações, argumentou que essas entidades existem para trazer mudanças nos indivíduos e na sociedade (DRUCKER, 1994, p. 3). Assim podemos definir entidades que trabalham para uma finalidade específica e uma missão clara, que dirige o rumo de suas atividades. Para reafirmar a ideia da importância da missão em uma entidade, Hudson define como a razão para a organização existir (1999, p. 74). Dessa forma, podemos entender que todas as entidades surgem por algum motivo. E também diz sobre a missão bem definida no TS, pois muitas organizações compreendem melhor sua missão, que as próprias empresas, porque em geral surgiram para cumprir uma missão (HUDSON, 1999, p. 97). Para definir e cumprir a sua missão é importante ser eficiente, porque é inútil se a missão é somente como uma carta de boas ideias e palavras agradáveis. Muitas vezes, a missão já não é o que é realmente uma entidade, passa a ser uma lista de desejos que reflete o que você quer ser. A este respeito, Drucker afirma que a declaração de missão deve se concentrar no que a instituição realmente tenta levar a cabo de modo a que todos na organização possa dizer que esta é a minha contribuição para a meta (1994, p. 4)

177 Embora a empresa conheça e já tenha definido sua missão é essencial que todas as pessoas que estão envolvidas com as causas tenham conhecimento, pois os membros devem compartilhar a missão e estar ciente de que é uma meta que todos devem alcançar. De acordo com Drucker, a missão deve ser traduzida em ações para orientar as pessoas a alcançar seus objetivos. O resto é a implementação (1994, p. 4). Mas o que acontece é que muitas vezes as pessoas sabem pouco sobre a missão da organização e permanece como uma ação para o futuro e não como um objetivo a ser trabalhado todos os dias. Também defendendo a teoria que é necessário divulgar a missão para todos os envolvidos com a organização, Archangelo explica que para facilitar isso, a missão deve ser declarada e difundida claramente entre os membros da organização. A este respeito, a missão será uma afirmação ampla de personagem em qual é a estratégia de uma entidade (2004, p. 68). Uma vez que entendemos como definir a missão é importante saber que temos que rever estas missões de acordo com o crescimento e amadurecimento da organização. A missão deve descrever a realidade existente e durante a maturação das organizações, e devem ser revistas de acordo com a coerência entre a ação e a razão de ser (ASHOKA, 2001, p. 31) Parece muito lógico que a missão deve mudar, afinal com o passar dos anos acontecem câmbios econômicos, crises e problemas estruturais na organização que torna claro que a missão não pode ser a mesma, é necessário descrever a realidade de uma organização. Para concluir esta seção, Drucker (1994) sugere três requisitos para uma missão está cumprida: - Deve estar aberta às oportunidades oferecidas pelo ambiente, com o passar do tempo. - Estar atenta à competência da organização, para que ela possa fazer uma contribuição significativa em termos do que é proposto. - Conseguir o compromisso das pessoas envolvidas com a organização e seus objetivos. A conclusão é que a missão é o alicerce de uma organização, para que faça sentido exercer seu papel como terceiro setor, a entidade deve colocar em pratica a sua missão os seus valores internos. Para Hudson (1999) e Fowler (1997) valores aparecem como o primeiro elemento que configura uma missão e Drucker quando violar os valores de uma instituição, é provável que irá fazer um mau trabalho (1994, p. 5)

178 3. COMUNICAÇÃO COM FINS SOCIAIS A comunicação sofre mudanças de acordo com os momentos que a sociedade vive, após a revolução industrial começou a surgir empresas, e com elas os primeiros meios de comunicação foram desenvolvidos, os jornais apontando como um dos principais meios utilizados pelas empresas para comunicar as suas ideias, serviços e produtos; atualmente estamos em um contexto que exige uma mudança no sentido da integração dos negócios e a sociedade. Neste momento, existem muitos atores com que as empresas precisam comunicar suas mensagens e ideias, através dos novos meios de comunicação de massa, que surgiram a partir da revolução da Internet, integrando organizações sociais e instituições públicas as quais necessitam comunicar com os cidadãos. A comunicação social passou a ser empregada pelo TS sistematicamente no início dos anos oitenta, quando as ONGs ganharam força nos chamados estados de bem-estar, assumindo um papel de conector entre as necessidades básicas de grupos de pessoas desfavorecidas, populações remotas e os cidadãos dos países desenvolvidos que poderiam ajudar. Por outro lado, no contexto das sociedades desenvolvidas de meados do século XX, surgiu a necessidade de dar respostas aos problemas sociais das sociedades menos desenvolvidas, ficando a comunicação por algumas décadas a serviço do desenvolvimento, o que alguns autores (entre outros Beltran ou Gumucio), hoje consideram um fracasso. A partir de então eles tentaram encontrar alternativas para este modelo de comunicação tradicional ser adaptado ao contexto social. Alfonso Gumucio (2001), um dos principais defensores desta teoria assinala diferentes modelos de comunicação em relação ao cambio social, através deles podemos identificar diferentes momentos da história. São eles: 1. Informações de manipulação (de mercado): surgiu após a Segunda Guerra Mundial, destaca-se no processo de crescimento dos mercados, a partir da necessidade de retomada de crescimento e recondicionamento das industrias pós-guerra. É essencialmente uma comunicação de mercado que ajuda a desenvolver o corpo teórico da publicidade como a conhecemos até hoje, nos tempos da globalização. Entende-se a comunicação do poder dos meios de comunicação e os meios de comunicação são aqueles que têm poder. 2. As informações do assistencialismo (difusionismo): surgiu como uma versão social da publicidade, num momento em que a modernização aparece como a chave para o desenvolvimento: em que as nações subdesenvolvidas precisam aprender com as nações desenvolvidas, dispostos a partilhar generosamente a sua tecnologia e conhecimento. A

179 mídia de massa abre um espaço para este mercado social que deve influenciar a sociedade adotar novos comportamentos e técnicas. 3. Comunicação instrumental (Desenvolvimento): demonstra uma preocupação com o desenvolvimento das partes envolvidas. Inspirado pelas teorias da dependência dos anos sessenta, ele alcança um passo fundamental, com o surgimento das grandes agências de cooperação internacional (FAO, UNESCO e UNICEF, entre outros) que adotam estratégias de comunicação para o desenvolvimento e defendem o direito à informação. 4. Comunicação para o câmbio Social (Ética): é uma comunicação ética, ou seja, com base na identidade e afirmação dos valores; que amplifica as vozes escondidas ou negadas, e pretende aumentar a sua presença nas esferas pública e retomar o diálogo e participação como eixos centrais. Com base neste esquema levantado por Gumucio (2001), podemos destacar dois modelos diferentes: - O difusionista que compreende a modernização como a chave para o desenvolvimento e o crescimento econômico, e que faz uso de mídia e comunicação de massa para divulgar informações e persuadindo sobre o emprego a adoção de inovações ou hábitos; esse moveria o desenvolvimento tradicional da comunicação; - O participativo, onde o ponto de partida é a comunidade ou o beneficiário; e o mais importante é a voz dos protagonistas; Com todas as definições e aplicações que surgem quanto a compreensão do papel da comunicação em relação à mudança social, acreditamos que o melhor é adotar o conceito associado com a abordagem de comunicação para a mudança social no ambiente em que a proposta é trabalhar considerando as mudanças que você deseja alcançar. No entanto, estes dois modelos, podemos adicionar uma nova forma ou maneira de entender a comunicação em relação à mudança social, e é chamado de comunicação para a coesão social, entendida a partir do Mestrado em Comunicação para fins sociais como um processo participativo que ocorre em uma comunidade cujo objetivo é satisfazer um objetivo social em relação a um caso particular; ele também deve conceber, planejar, implementar e avaliar um plano de comunicação, sem nunca perder de vista um quadro para fins sociais

180 Neste sentido volta a comunicação participativa e envolver a sociedade em comunicação, chamada CEDS 1 Comunicação e Educação para o Desenvolvimento Sustentável, que é um instrumento que visa preparar a sociedade para participar na gestão do desenvolvimento, que deve aumentar e trabalhar com a sociedade em busca de compromisso e sensibilizar as pessoas para a importância da mudança. No entanto, para o trabalho de mudança social a ser feita junto com a população para ter sucesso é preciso considerar alguns pontos importantes: - Use as mensagens apropriadas para o público-alvo. Segmentação e profundo conhecimento; - Comunicar os benefícios para o público-alvo. Evite conceitos complexos, mas ineficazes; - Desenvolver conceitos operacionais que termina na própria ação; - Integrar a base da pedagogia e as técnicas pedagógicas, escolher o executor e os meios adequados; - Tornar mais divertido e acessível. Um fator importante no desenvolvimento da comunicação é que, a princípio, foi entendido que era importante envolver os beneficiários em atividades que a participação pode garantir a sustentabilidade do projeto, criando assim uma comunicação participativa. Mas há muitas discussões, principalmente em círculos acadêmicos, sobre a comunicação participativa, pois com a urgência de financiadores, governos, agendas políticas e as burocracias internas das agencias de cooperação internacional para alcançar bons resultados em curto prazo, a comunicação participativa nem sempre possui um impacto real. Sem dúvida, a adoção de uma abordagem e atuação eficaz da comunicação com fins sociais dentro e fora do terceiro setor, pode trazer muitos benefícios para a sociedade. No entanto, na maioria das vezes, as instituições sociais, públicas ou privadas, utilizam da comunicação para promover a imagem institucional e não para o verdadeiro cambio social, bem como afirma Gumucio (2001), em sua maioria usam a comunicação para reforçar a visibilidade institucional, e raramente como uma ferramenta para a mudança social (GUMUCIO, 2001, p. 12). 1 1 Debemos tener en cuenta que la propuesta de la CEDS de promover cambios sociales a través de la comunicación participativa e educación para el desarrollo sostenible, que busca involucrar la sociedad en el proceso debe ser continua, pues lo verbo de acción es comprometer, pero es necesario que los

181 Em relação a esta critica, podemos dizer que, embora seja claro que no contexto atual, as empresas, fundações, associações ONG não podem existir sem comunicação, entretanto devem incorporar definitivamente uma abordagem para fins sociais, evitando a instrumentalização das ações de comunicação para promover apenas sua imagem institucional e sim trabalhar com maior transparência e inclusão do cidadão nos processos em que a comunicação é fundamental para melhorar um problema social. 4. CONCLUSÕES Tal como as empresas, o governo e o mundo não caminha sem o terceiro setor, levando em consideração o momento de desequilibrio economico que afeta diversos países, incluso as grandes potencias económicas e os recorrentes desastres ambientais, fruto do desordenado cambio climático. A atuação do terceiro setor vem sendo fundamental para suprir a ineficiencia na atuação e o apoio dos orgãos governamentais nas causas humanitarias. Nesse sentido, a comunicação pode ser considerada peça chave para potencializar e difundir a atuação do terceiro setor, influenciando os demais setores a incorporar o novo conceito em comunicação com fins sociais, porém devem pratica-la para resultados e beneficios ao âmbito social e não apenas discursos para campanhas impactantes. 5. BIBLIOGRAFIA - ARCHANGELO, A. ONGs como marcam. Uma ferramenta para realização da missao do tercero setor. (Tesis de graduacción). Universidade de São Paulo, Faculdade de Economia, São Paulo Administração e Contabilidade DRUKER. Administrando em Organizações sem fins lucrativos: princípios e práticas. Pioneira - São Paulo FALCONER, A. A Promessa do Terceiro Setor: um estudo sobre a construção do papel das organizações sem fins lucrativos e do seu campo de gestão. Tese (Mestrado em Administração). Universidade de São Paulo. Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade. São Paulo FOWLER, A. (1997). Striking a Balance: a guide do enhancing the effectiveness of nongovernmental organizations in international development. Earthscan Publications- London

182 - GUMUCIO, D. Haciendo olas: historias de comunicación participativa para el cambio social. New York HUDSON, M. Administrando Organizações do Terceiro Setor: o Desafio de Administrar sem Receita. Makron Books. São Paulo LANDIN, L. Defining the Nonprofit Sector in Developing Societies. Manchester University Press - New York LISTA DE SIGLAS TS: Terceiro Setor CEDS: Comunicação e Educação para o Desenvolvimento Sustentável. 7. LISTA DE FIGURAS Figura1: Os três setores. Fonte: Elaboração Própria

183 ANÁLISE DE FORÇA EM ALUNAS PRATICANTES DE TREINAMENTO FUNCIONAL EM ACADEMIAS DA ZONA DA MATA MINEIRA Anselmo Gomes de Moura FAGOC Daniela Gomes Rosado FUPAC Ponte Nova Jéssica Ansaloni Mendes de Oliveira FUPAC Ponte Nova RESUMO: O treinamento funcional (TF) é a mais recente maneira de se melhorar o condicionamento físico para que sejam alcançados padrões de movimento mais eficientes com ênfase no aprimoramento da capacidade funcional. Baseia-se em uma prescrição segura e coerente de exercícios que permite a estimulação do corpo humano, melhorando todas as qualidades do sistema músculo esquelético e seus sistemas interdependentes. No TF, são empregados movimentos baseados nos movimentos fundamentais do homem primitivo, como: empurrar, puxar, saltar, lançar, entre outros; para tal, utilizam-se os seguintes implementos: bolas, barras, superfícies instáveis, elásticos, kettlebells, fitas de suspensão. O objetivo do estudo é verificar os efeitos de um programa de treinamento funcional sobre a resistência muscular localizada de membros superiores, da musculatura abdominal e dos flexores do quadril, e também sobre a potência de membros inferiores. A amostra foi constituída por um grupo de 7 voluntárias fisicamente ativas do sexo feminino com idade entre 17 a 50 anos. Todas realizam treinamento funcional três vezes por semana. As participantes foram submetidas a três testes: Força abdominal, Flexão de braço e Salto Vertical. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes de iniciarem o protocolo experimental. Os dados obtidos foram anotados em um documento desenvolvido para o estudo (ANEXO) e tabulados no software Microsoft Excel 2013 Em seguida, foram calculados os valores médios, as figuras foram desenvolvidas e a classificação das voluntárias de acordo com as tabelas dos protocolos foram postuladas. Para a comparação dos dados, utilizou-se estaticamente a média, o desvio padrão e a porcentagem. Os resultados obtidos demonstraram uma melhoria na resistência muscular localizada de membros superiores, da musculatura abdominal e dos flexores do quadril, e também sobre a potência de membros inferiores. Palavras Chaves: Treinamento funcional; Força. INTRODUÇÃO No Treinamento Funcional (TF), são empregados movimentos baseados nos movimentos fundamentais do homem primitivo, como: empurrar, puxar, saltar, lançar, entre outros; para tal, utilizam-se os seguintes implementos: bolas, barras, superfícies instáveis, elásticos, kettlebells, fitas de suspensão, etc. (RODRIGUES; TRICHÊS, 2012). O TF vê a força como a capacidade do corpo de produzir tensão interna e oferecer resistência contra uma força externa (D ELIA; D ELIA, 2005). Prandi (2011) aponta como elemento do TF o Core Training, que é o treinamento da região central do corpo. Para Alencar e Matias (2009), Monteiro e Evangelista (2010), Santos et al

184 (2009 apud CALVO et al., 2011), o Core se refere ao conjunto de músculos que controlam e oferecem estabilidade aos movimentos da pelve e da coluna lombar, podendo ser identificado como o complexo lombo-pélvico e contendo, 29 músculos, aproximadamente. Logo, entende-se que o Core se refere a um programa de treinamento que visa o fortalecimento da região do corpo onde se localiza o centro de gravidade e o centro de força, e é nessa região que todos os movimentos que realizamos têm início. Dessa forma, para Prandi (2011), torna-se evidente que o fortalecimento do Core possui bases teóricas no tratamento e na prevenção de várias condições músculo esqueléticas. Muitas vezes, as pessoas procuram o TF por oferecer exercícios dinâmicos e variados, em busca de algo novo sem monotonia de exercícios em aparelhos de academia. O TF tem o princípio de preparar o indivíduo para eficiência dos exercícios através do centro corporal chamado por core, que significa núcleo, ou seja, quando esse músculo é fortalecido e contraído durante o treinamento, oferece mais segurança e estabilidade no exercício realizado. Através do exercício, o intuito do TF é possibilitar que o aluno, ao realizar o exercício, tenha controle sobre seu próprio centro de gravidade, para maior eficácia na execução do movimento. Este artigo propõe a aplicação de três testes abdominal completo, salto vertical e flexão de braço para avaliar a força de cada indivíduo e a região do core. O estudo presente é importante para mostrar que um treinamento funcional com movimentos naturais é importante para o ganho de força para o desempenho das atividades cotidianas e esportivas. Este estudo é de grande importância para mostrar que o treinamento funcional traz melhoria na capacidade de força com ênfase na musculatura do abdome para trazer mais resultados. Por isso, o objetivo desta pesquisa foi verificar os efeitos de um programa de treinamento funcional no ganho de força sobre a musculatura abdominal dos membros inferiores e membros superiores. METODOLOGIA

185 Este estudo se caracteriza como quantitativo e descritivo, e transita pela área de Ciências da Saúde, especificamente a Educação Física. Inicialmente, foi realizada uma revisão bibliográfica, que consiste na atividade de localização e consulta de fontes diversas de informações escritas, para coletar dados gerais ou específicos a respeito de um tema (LIMA, 1997). Segundo Gil (2008), essa é uma etapa fundamental para qualquer pesquisa, pois permite ao investigador a cobertura de uma gama de fenômeno de maneira muito mais ampla do que aquele que poderia pesquisar diretamente, como também possibilita compreender mais profundamente o objeto estudado, através da leitura das produções científicas historicamente publicadas na temática abordada. Segundo Triviños (1987, p. 104), não é possível interpretar, explicar e compreender a realidade sem um referencial teórico. Buscou-se estabelecer, através da revisão bibliográfica, um diálogo constante entre a teoria e o problema investigado. Vale ressaltar que ela não está restrita à fase inicial da pesquisa. Ela estará presente desde a gênese do projeto e acompanhará a pesquisa até a análise dos dados e conclusão. De acordo com a metodologia de D Elia e D Elia (2005), o desenvolvimento das habilidades biomotoras fundamentais da força, do equilíbrio, da resistência, da coordenação, da velocidade e da flexibilidade é indispensável, sendo que uma habilidade raramente domina um exercício. Na maioria das vezes, o movimento se origina de uma combinação de uma ou mais habilidades. Dessa forma, o TF desenvolve as habilidades de acordo com a seriedade de cada uma delas no esporte ou na atividade específica, abrangendo também a fase de treinamento na qual o indivíduo se encontra. Para o desenvolvimento do estudo foi realizada uma busca de artigos nas bases de dados LILACS, SCIELO e PORTAL CAPES, utilizando os seguintes descritores e palavras-chave: treinamento funcional, testes" e "força". Os critérios de inclusão foram: artigos escritos em português e que tivessem temáticas relacionadas à pesquisa. Em seguida fez-se uma pesquisa de campo, em que foram aplicadas duas etapas de teste em alunos de TF em duas academias Êxito e Mariana Fitness na cidade de Ponte Nova e Mariana, respectivamente

186 A amostra do estudo foi composta por 2 adolescentes do sexo feminino e 5 mulheres com idade de 18 a 50 anos, com uma média de idade de 25 a 57 anos e com uma média de peso corporal de 58,31kg. Essa pesquisa aplicou pré-testes e pós-testes em alunos praticantes de aulas de treinamento funcional para perceber se existiria uma evolução física nos mesmos após 2 meses de aula da modalidade. A primeira etapa de aplicação dos testes aconteceu na primeira semana de março de 2016, e a segunda etapa, na terceira semana de maio de Os testes aplicados foram: Abdominal Completo (POLLOCK e WILMORE, 1993), salto vertical (JOHNSON; NELSON, 1970) e Flexão de braço (POLLOCK; WILMORE, 1993), como mostra a tabela 1 e as imagens 1,2,e 3. Tabela 1: Testes utilizados antes e após os treinamentos Teste de salto vertical Teste de flexão de braços (máx. repet. em 1 min ) Teste de abdominal (máx. repet. em 1 min ) protocolo Figura 1: Imagem ilustrativa do movimento abdominal completo

187 Figura 2: Imagem ilustrativa do movimento Flexão de braço. Figura 3: Imagem ilustrativa do movimento salto vertical Os testes foram escolhidos pensando na facilidade de aplicação e ausência de material específico. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados e resultados dos pré e pós testes foram anotados manualmente e depois lançados no Microsoft Excel; em seguida, calculou-se a média e construíramse os gráficos, comparando com as tabelas dos protocolos. Fundamentação teórica

188 Treinamento Funcional O principal objetivo do TF é promover um resgate da aptidão pessoal do indivíduo utilizando-se de um planejamento individualizado e personalizado, independente do seu grau de condição física e das atividades que eles desenvolva, usando exercícios que incluem atividades específicas do individuo e que transferem seus ganhos de forma eficaz para o seu cotidiano. Portanto, o trabalho com o TF propõe utiliza-se de todas as capacidades físicas do individuo e aprimorá-las, sendo que este treinamento ocorre de forma integrada, pois o TF vê o corpo humano de forma complexa (SILVA, 2011; D ELIA,2005 apud RIBEIRO, 2006, p.17). O TF representa uma nova metodologia de condicionamento, norteada pelas leis basais do treinamento e amparada cientificamente por meio de pesquisa e referências bibliografias em todos os seus pontos principais e, sobretudo, avaliadas extensivamente nas salas de treinamento, onde foi possível definir suas linhas básicas. No entanto, a essência do TF está fundamentada no progresso dos aspectos neurológicos que comprometem a capacidade funcional do corpo humano através de treinos estimulantes que desafiam os vários componentes do sistema nervoso e, por isso, geram sua adaptação (CAMPOS e CORAUCCI NETO, 2004; D ELIA e D ELIA, 2005). Todo movimento, realizado nesse treinamento, se origina do que é chamado de core, ou núcleo corporal, e consiste em recrutar os músculos abdominais, lombares e glúteos, trabalhando assim a propriocepção. (GELATTI, 2009). No treinamento funcional, o condicionamento físico é conduzido por meio de exercícios que são integrados para que sejam alcançados padrões de movimento mais eficientes. Já os treinamentos nos quais há fortalecimento de uma musculatura isolada, apresentam resultados referentes ao aumento de massa muscular e força. (MONTEIRO E EVANGELISTA, 2010) De acordo com Monteiro e Evangelista (2010), o TF propõe a utilização dos vários mecanismos para que o corpo consiga manter melhor controle neuromuscular ou estabilidade articular. Corroborando, Leal (2009, p. 62) afirma que: O TF visa melhorar a capacidade funcional, através de exercícios que estimulam os receptores proprioceptivos presentes no corpo, os quais proporcionam melhora no desenvolvimento da consciência sinestésica e do controle; o equilíbrio muscular

189 estático e dinâmico; diminuir a incidência de lesão e aumentar a eficiência dos movimentos. Segundo D Elia e D Elia (2005) o TF treina movimentos, e não somente músculos, através de movimentos multi-articulates e multiplanares e do envolvimento da propriocepção, criando sinergia entre segmentos corporais e entre qualidades físicas, possibilitando ao indivíduo produzir movimentos mais eficientes através de características inconfundíveis: Transferência de treinamento, Estabilização, Desenvolvimento dos padrões de movimentos primários, Desenvolvimento dos fundamentos de movimentos básicos, Desenvolvimento da consciência corporal,desenvolvimento das habilidades biomotoras fundamentais, Aprimoramento da postura, Uso de atividades com os pés no chão, Exercícios multi - articulares, Exercícios multiplanares, Desenvolvimento da sinergia muscular. De acordo com Campos e Neto (2004) a essência do TF está baseada na melhoria dos aspectos neurológicos que afetam a capacidade funcional do corpo humano, através de exercícios que desafiam os diversos componentes do sistema nervoso e, por isso, estimulam sua adaptação. Para Dias (2011), o Treinamento isolado proporciona resultados em termos de ganho de massa muscular e força, pois admite, em sua forma de treinamento, que ocorra fadiga muscular; contudo a metodologia do TF aproxima-se mais dos movimentos reais, ou seja, dos movimentos realizados de forma habitual e que abrangem a conexão entre os movimentos. Deste modo, esse aspecto atende ao principio da especificidade, um dos mais importantes princípios do treinamento. O baixo nível de condicionamento físico é considerado fator de risco para mortalidade, tão importante quanto à hipertensão arterial, diabetes melittus, dislipidemia, obesidade e tabagismo (CIOLAC & GUIMARÃES, 2004). Diversas atividades visam à melhora do condicionamento físico, diminuindo assim a morbimortalidade e, consequentemente, levando à melhora da qualidade de vida. Duas das atividades que mais crescem e são recomendadas para a prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares e outras doenças crônicas, são o treinamento resistido, ou comumente chamado de musculação, e o treinamento funcional resistido. O TF é caracterizado pela semelhança do exercício as necessidades e situações cotidianas, baseando-se na especificidade (TEIXEIRA E GUEDES JR, 2010)

190 Musculatura Abdominal Os músculos abdominais são responsáveis por grande parte dos movimentos e manutenção da postura do ser humano. Estudos realizados mostram que esses músculos perderam grande parte de sua potência devido à posição bipodal. Apesar disso, o indivíduo trabalha permanentemente a musculatura abdominal, razão pela qual tornou-se necessário o seu fortalecimento até mesmo entre aqueles que não praticam exercícios físicos regulares (DOMINGUES FILHO, 2000).. A prática de exercícios abdominais tem sido vasta nas últimas décadas por necessidades estéticas e de saúde da população em geral. Este aumento devese aos inúmeros problemas gerados por uma musculatura abdominal fraca (VAZ e cols,1999).. A pré-ativação dos músculos transverso do abdômen, oblíquo interno e multífido lombar vem sendo apontada como grande responsável pela estabilidade da coluna lombar. A ação desse sistema muscular é coordenada pelo sistema nervoso de tal forma que os músculos estabilizadores devem contrair-se de maneira antecipatória (feed forward) às perturbações do tronco, para que ocorra a devida proteção dos elementos da coluna lombar. É considerado como pré-ativação uma contração muscular ocorrendo entre 100 e +50 ms antes do movimento do membro. (SILVA et AL, 2011). De acordo com Monteiro e Evangelista (2010) o core, como uma unidade funcional integrada, por meio do qual toda cadeia cinética trabalha sinergicamente para produzir força, reduzir e estabilizar dinamicamente (contra 21 uma força anormal. Segundo Clark (apud Monteiro e Evangelista, 2010), o transverso do abdômen provavelmente seja o mais importante dos músculos abdominais, pois funciona de forma que aumente a pressão intra- abdominal, provê estabilização dinâmica contra forças de rotação e translação na coluna lombar e agrega eficiência neuromuscular ótima a todo o complexo lombopélvico. Pesquisas mostram que a contração do transverso precede qualquer movimento nos membros e em todos os músculos abdominais. De acordo com Monteiro e Evangelista (2010), o treinamento do core pode ser descrito por quatro etapas: nivel 1 estabilização neuromuscular; nível

191 força de estabilização; nível 3 força dinâmica; nível 4- força de reação. Essas etapas de treinamento são progressivas, portanto, devem ser respeitadas, para que o aluno desenvolva lentamente sua capacidade de controle neuromuscular para a realização de todos os movimentos com segurança e eficiência. Realizar exercícios convencionais para a região abdominal sem a devida estabilização pélvica aumenta a pressão sobre os discos e as forças de compressão sobre a coluna lombar. (CORE 360, v: 1, p.26) Todo movimento, realizado nesse treinamento, se origina do que é chamado de core, ou núcleo corporal, e consiste em recrutar os músculos abdominais, lombares e glúteos, trabalhando assim a propriocepção. (GELATTI, 2009). Força A força é a capacidade física mais importante no ser humano desde as atividades mais simples até os desportistas de alto rendimento (Sargentim, 2010). Sem a força não existe movimento e sem movimento não tem nenhuma atividade física. Após a ação muscular acontecer todas as outras capacidades físicas recorrentes ao esporte (velocidade, resistência, flexibilidade, coordenação, lateralidade, entre tantas) agem e são solicitadas. O treinamento de força nos dias de hoje tem deixado de ser visto apenas como sinônimo de musculação (RAMOS, 2005). Com o decorrer do tempo as reduções na força e massa muscular, refletem na capacidade funcional dos indivíduos (ANTONIAZZI et al., 1999). A força contribui, de maneira significativa, em relação aos aspectos motores da vida humana, não só na preparação da condição física dos desportistas, mas principalmente no estado físico geral do ser humano, fortalecendo as estruturas musculares e o sistema locomotor (NOVAES; VIANNA, 2003). A independência funcional requer força muscular, equilíbrio, resistência cardiovascular e também motivação. Costuma-se afirmar que a deterioração dessas capacidades é inevitável com o envelhecimento. Mas, está claro que muito dessa deterioração pode ser atribuída ao sedentarismo (FARIA et al., 2003). Variáveis como a força aplicada contra o solo e o tempo de reação de uma tarefa vinculada a uma modalidade específica poderão fornecer informações valiosas sobre o desempenho dos atletas. Dentre as inúmeras tarefas que podem

192 ser citadas, o salto vertical constitui um excelente exemplo de movimento, rico em conceitos físicos (Silva, 2005). RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com as Tabelas 2, 3 e 4, as voluntárias deste estudo se encontram com IMC normal. Tabela 2: Coleta de dados Idade Peso Altura , ,5 55,60 72,3 57,90 IMC 0,70 1,8 0,62 9,81 0,54 0,2 0,60 3,24 0,66 0,2 0,75 0,6 0,60 2,61 Tabela 3: Média dos resultados dos grupos coleta de dados Grupos Média Idade 25,57 Peso 58,31 Altura 1,63 IMC 21,2 Tabela 4: Tabela de IMC do indivíduo adulto CLASSIFICAÇÃO IMC Subpeso <18,5 Normal 18,5 24,9 Sobrepeso 25,0 29,9 Obesidade I 30,0 34,9 Obesidade II 35,0 39,9 Obesidade mórbida >40 Fonte: NHLBI Obesity Initiative Expert Panel (1998)

193 Tabela 5: Tabela de IMC do indivíduo adolescente Baixo PESO Percentil Peso Normal Eutrófico Percentil igual a 5 e menor que 85 Sobrepeso Percentil igual ou maior que 85 Podem ser observados na tabela 2 os valores médios encontrados para os resultados dos dados da tabela 1 Idade, Peso, Altura e IMC dos indivíduos avaliados. A média dos IMC dos participantes deu 21,2. Como para adultos, um IMC entre 20 e 22 indica a quantidade ideal, saudável, de gordura corporal, o que está associado à boa saúde e, portanto, com maior tempo de vida e menor incidência de doenças graves. O primeiro teste a ser analisado os resultados foi o de força absominal (Tabela 6). Observa-se uma diferença estatisticamente significante do pré para o pós-teste em relação aos outros testes. A Média foi de 33 no pré e de 40 no pós, com desvio padrão respectivamente de 13,36 e 16,5; considerando um resultado diferenciado com melhoria. Tabela 6: Média do teste abdome e flexão do quadril Teste Pré/Pós teste Média Desvio/Padrão Porcentagem Força Pré 33 13,36 abdominal Pós 40 16,5 14% Portanto, no teste Abdominal, os resultados também foram positivos, em que A6 obteve uma evolução que se destaca das demais, com 56 repetições no pós teste, enquanto as demais evoluíram com um valor de 14%. Tabela 7: Classificação dos Resultados

194 Fonte: Dallas, Texas, O objetivo do teste abdominal foi medir a eficiência dos músculos abdominais e flexores do quadril. De acordo com as Tabela 6 e 7 podemos classificar Individuo (1) Regular; Individuo (2) Regular; Individuo (3) Regular; Individuo (4) Bom/Excelente; Individuo (5) Regular; Individuo (6) Bom/Superior; Individuo (7) Excelente/Superior. Os resultados foram significantes: todas aumentaram o número de repetições e três aumentaram sua classificação na tabela. É um teste de forma abdominal, em que foi necessária a contração do core e maior estabilização da coluna para a realizar o movimento certo. O segundo teste a ser analisado foi de flexão de braço, como mostra a tabela 8 e figuras 4 e 5. Tabela 8: Média do teste flexão de braço Teste Pré/Pós teste Média Desvio/padrão Porcentagem Flexão de Pré 33 13,

195 braço Pós 35 16,5 6% A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 Série Série Figura 4: Gráfico com resultado pré-teste (série 1) e pós-teste (série 2). Fonte: Dados da pesquisa. Figura 5: Tabela de referência de resultado do protocolo do teste de flexão de braço Fonte: CSEP Health & fitness Programas Health- Related and Counselling Strategy, 3 rd Edition A tabela 8 mostra que não tivermos um resultado estatisticamente significante, mas houve uma melhoria, do pré para o pós, de 6%. No teste flexão de braço, A4 e A6 obtiveram uma evolução destacada de 80% de aproveitamento; A3 e A2 apresentaram um resultado menor mais de acordo com a tabela 10 classifica como regular; e as demais participantes um resultado com aumento de repetições, como mostra as figuras 4 e

196 No teste analisado acima ( flexão de braço) foi possível medir a força dos membros superiores e tronco. De acordo com a figura 5 de classificação do resultados do protocolo, os participantes tiveram os seguintes resultados: A1 Excelente/Excelente, A2 Regular/Bom; A3 Regular/Regular; A4 Excelente/Excelente; A5 Muito/Muito Bom; A6 Excelente/Excelente; A7 Excelente /Excelente. Portanto, de acordo com os teste ouve uma melhora na força de troco e membros superiores dos participantes. O terceiro teste a ser analisado foi de Salto vertical como mostra a tabela 9 e a figura 6 abaixo. TABELA 9: Média e desvio padrão do teste salto vertical. Teste Pré/Pós teste Média Desvio Padrão Flexão de Pré 39, 85 3,02 braço Pós 42,7 3,4 Porcentagem 10% SALTO VERTICAL A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 Série Série Figura 4: Gráfico com resultado pré-teste (série 1) e pós-teste (série 2). Fonte: Dados da pesquisa. A tabela acima mostra um resultado estatisticamente diferenciado do pré para o pós teste significante. Todas as participantes apresentam um resultado significante de força explosiva dos membros inferiores dados em centímetros, nenhuma resultado estava abaixo da média. Contudo o salto vertical apresentou uma melhora de 10%

197 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados deste estudo levam a concluir que o treinamento funcional é eficaz para contribuir no ganho de força da musculatura do abdome, membros superiores e inferiores. Diante das informações expostas acima, podemos concluir que o TF e o treinamento resistido possuem benefícios e podem ser explorados juntos. No entanto, podemos perceber que a metodologia funcional vem, dia a dia, conquistando mais adeptos, devido aos desafios propostos tanto para o aluno quanto para o profissional de Educação Física no que se refere a equipamentos e execução de exercícios, proporcionando ao aluno maiores ganhos de propriocepção corporal, fortalecimento do CORE. A amostra pequena, embora pequena, trouxe um resultado significante. Sugere-se que futuramente esse estudo possa ser feito com iniciantes do treinamento funcional. De acordo com (Barbanti, 1979) força é a capacidade de exercer tensão muscular contra uma resistência, envolvendo fatores mecânicos e fisiológicos, que determinam a força em algum movimento particular, REFERÊNCIAS BARBANTI, V.J Teoria e Prática de treinamento desportivo. São Paulo: Edgard Blucher, Avaliação e Prescrição de atividade física CAMPOS MA, CORAUCCI NETO, B. Treinamento funcional resistido: para melhoria da capacidade funcional e reabilitação de lesões musculoesqueléticas. Rio de Janeiro: Revinter, CARDOSO FS, CUR CAMPOS, M. A; NETO, B.C. Treinamento funcional resistido: para melhoria da capacidade funcional e reabilitação de lesões musculoesqueléticos. Rio de Janeiro: Revinter, CAMPOS, Maurício de Arruda; CORAUCCI NETO, Bruno. Treinamento Funcional Resistido. Rio de Janeiro: Revinter, CIOLAC, E.G.; GUIMARÃES, G.V. Exercício físico e síndrome metabólica, Revista Brasileira de Medicina do Esporte,10 ( 4): 2004 CORE 360: FUNDAMENTOS D TREINAMENTO FUNCIONAL. Apostila de Treinamento Funcional 360: v. 1. Bauru, 26 de outubro de

198 DALLAS, Texas, 2005 Nieman, David C Exercício e saúde: Teste e prescrição do exercícios/ David C. Nieman; Barueri, SP: Manole, 2011 em Fonte: NHLBI Obesity Initiative Expert Panel (1998) pág 731, 6º edição D ELIA, R; D ELIA, L. Treinamento funcional:6º treinamento de professores e instrutores. São Paulo: SESC Serviço Social do Comércio, Apostila D ELIA, Rodrigo; D ELIA, Leandro. Treinamento funcional: 7º treinamento de professores e instrutores. São Paulo: SESC Serviço Social do Comércio, DIAS, Kalysson Araujo. Treinamento Funcional: Um novo conceito de treinamento físico para idosos. Cooperativa do Fitness. DOMINGUES FILHO, L. Exercícios abdominais: estratégias x resultados. Ícone, São Paulo, JOHNSON e NELSON, 1970, Avaliação & Prescrição de Atividade Física: Medidas Motoras e Físicas. 3º edição, ISBN GELATTI, P. O gladiador do futuro. Combat Sport. São Paulo, n. 46, p , fev/mar GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2008 GOUVEIA, KlíssiaMirelli Cavalcanti. GOUVEIA, Ericson Cavalcante. O músculo transverso abdominal e sua função de estabilização da coluna lombar. Revista Fisioterapia e Movimento, v.21, n.3, p.45-50,jul/set, LEAL, S. M O. ET AL. Efeitos do treinamento functional na autonomia functional, equilíbrio e qualidade de vida de idosas. Ver. Bras.Cien. e Mov V.17, N Disponível em Acesso em 15 Jul LIMA, M. C. A Engenharia da Produção Acadêmica. São Paulo: Unidas, MONTEIRO, A. G.; EVANGELISTA, A. L. Treinamento Funcional. Uma Abordagem Prática. São Paulo, SP: Phorte, Nieman, David C Exercício e saúde: Teste e prescrição do exercícios/ David C. Nieman; Barueri, SP: Manole, 2011 em Fonte: NHLBI Obesity Initiative Expert Panel (1998)Pág 141, 6º edição. POLLOCK, M.L., WILMORE, J.H. Exercícios na Saúde e na Doença : Avaliação e Prescrição para Prevenção e Reabilitação. MEDSI Editora Médica e Científica Ltda., , PRANDI, F. Rafaela. Treinamento Funcional e CORE TRAINING: Uma Revisão de Literatura. Tese (Graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,

199 RODRIGUES, Fernanda Reinert; TRICHÊS, Patrícia Barbosa Martins. Aspectos relevantes do Treinamento Funcional, Buenos Aires, Outubro, 2012 SILVA K.R; MAGALHÃES J; GARCIA M.A.C. Desempenho do salto vertical sob diferentes condições de execução. Arquivos em Movimento, Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.17-24, janeiro/junho 2005 SILVA, A. M; MESQUITA, L. S. A; SILVA, J. M. N; Análise comparativa da força dos músculos transverso do abdome e multífidos e da resistência dinâmica e estática do tronco entre judocas e sedentários. Revista Terapia Manual. Brasil, setembro/ outubro 2011; volume 9 nº 45 Teixeira CVLS, Guedes Jr. DP. Musculação perguntas e respostas: as 50 dúvidas mais frequentes nas academias. São Paulo: Phorte; TRIVIÑOS, A. N.S. Introdução à pesquisa em Ciências Sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, WILMORE JH, COSTILL DL. Fisiologia do esporte e do exercício. Barueri: Manole,

200 ATIVIDADE FÍSICA E DESENVOLVIMENTO COGNITIVO: NUANCES DE SUA PRÁTICA NO COTIDIANO DE IDOSOS RESUMO Samuel Gonçalves Pinto Ingride Joice Silva Carmen Lídia Vieira Leite Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova As funções cognitivas constituem a maior conquista do ser humano. Tudo aquilo que sabemos ou supomos acerca da realidade foi mediado, não unicamente pelos nossos órgãos dos sentidos, mas pelos complexos sistemas que interpretam e reinterpretam a informação sensorial (Neisser, 1967). Essas funções possuem um papel fundamental e se suma importância na vida diária, pois todas as tarefas que diariamente realizamos necessitam da atividade cerebral. O objetivo desse estudo é perceber a relação existente entre desenvolvimento cognitivo e prática de atividade física em idosos. Conclui-se portanto que os fatores relacionados ao declínio cognitivo de idosos estão relacionados ao meio intrínseco e extrínseco, ou seja, o idoso pode sofrer quedas no seu desempenho devido ao seu próprio sistema que compõem seu controle postural, doenças, transtornos cognitivos e comportamentos, falta de equilíbrio ou também ao ambiente em que vive, por haver também interferência de fatores culturais ou cuidados de outro indivíduo que exerce a função de apoio. Palavras Chave: Atividade Física, Desenvolvimento Cognitivo, Envelhecimento

201 INTRODUÇÃO: A Organização Mundial de Saúde (OMS, 1984) estabelece como idoso todo indivíduo de 60 anos ou mais, se este residir em países em desenvolvimento; para os países desenvolvidos, esse limite é de 65 anos. O Estatuto do Idoso no Brasil segue o mesmo critério, definindo como idosos aqueles que possuem 60 anos ou mais (CRUZ; CAETANO; LEITE, 2010). O envelhecimento populacional vêm crescendo e sofrendo forte impacto, quando este se relaciona principalmente com o sistema de saúde pública, uma vez que está interligado a processos como o declínio da taxa de fecundidade e natalidade, associado ao aumento progressivo da expectativa de vida, o avanço tecnológico, acesso a prestações de saúde, as mudanças culturais, entre outros. A Organização Pan- Americana de Saúde (OPAS) define envelhecimento com "um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio-ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte" (BRASIL, 2006c). Sendo uma etapa do desenvolvimento humano, a velhice têm forte impacto na vida diária, uma vez que este processo acarreta consequências relacionadas ao bem estar do idoso, afetando sua estrutura física, manifestada através da cognição, sua capacidade e desempenho intelectual. A velhice é uma etapa do ciclo da vida que requer maior atenção e cuidado, pois em grande maioria, limita o idoso à práticas ''normais'' de seu cotidiano, em que o mesmo poderia realizar suas atividades rotineiras sem a ajuda de outra pessoa ou instrumento de auxílio. A cognição envolve todo o funcionamento mental como as habilidades de pensar, de perceber, de lembrar, de sentir, de raciocinar e de responder aos estímulos externos. Embora ocorram mudanças no desempenho cognitivo em alguns domínios com o envelhecimento, estes prejuízos não chegam a afetar a vida cotidiana dos idosos e seus familiares. Para um grande número de idosos, as capacidades cognitivas permanecem preservadas, embora se torne mais difícil armazenar e recuperar informações. Existe grande variabilidade intra e interindividual no funcionamento cognitivo na terceira

202 idade, sendo possível o declínio em áreas diferentes e até mesmo o aperfeiçoamento em outras (Papalia & Olds, 2000). OBJETIVO: Realizar uma revisão atualizada dos estudos relacionados ao declínio cognitivo de idosos. JUSTIFICATIVA: Devido ao intenso processo de envelhecimento no Brasil, é necessário que todo o conjunto social esteja apto a receber as necessidades do idoso para que este consiga exercer seu papel de cidadão em uma das principais etapas da vida. Sendo assim, o presente artigo busca ampliar a visão relacionada aos fatores que levam ao declínio cognitivo de idosos, para que tais fatores possam ser evitados ou trabalhados de forma que não impliquem negativamente na vida do idoso e de quem está ao seu redor. O profissional de Educação Física têm papel fundamental nessa etapa, uma vez que este está diretamente ligado a saúde e qualidade de vida de todo e qualquer indivíduo. O mesmo também deve estar preparado para acolher e saber trabalhar funcionalmente com o idoso, para que este consiga ter uma vida ativa, saudável e feliz. METODOLOGIA: A revisão foi realizada utilizando-se a base de dados de artigos com tema central de fatores relacionados ao declínio cognitivo de idosos, velhice e doenças crônicas. O critério utilizado para a seleção dos artigos foi de que todos deveriam destacar também a etapa do envelhecimento. O método exposto é seguido das normas de revisão de literatua. REVISÃO DE LITERATURA: Apesar dos progressos da medicina contribuir para a longevidade, a época da vida em que surgem as doenças crônicas e incapacidades permanece inalterada. Os anos de vida ganhos aumentam a proporção de incapacitados e doentes, o que ocasiona ônus à

203 família e o crescimento da demanda dos hospitais e centros de reabilitação (CHAIMOWICZ, 1997). Além disso, é importante ressaltar que esses ganhos de vida também acarretam a dependência de suporte para a realização de diversas tarefas do cotidiano. Sendo asssim, a velhice requer maior atenção quando comparado a outras fases da vida, devido ao indivíduo sofrer percas de sua capacidade intrínseca, ou seja, capacidades físicas e mentais que um indivíduo pode apoiar-se em determinado tempo e sua capacidade funcional, conceituada pelos atributos relacionados à saúde, permitindo as pessoas que sejam ou façam o que com motivo valorizam. ''Em suma, o envelhecimento da população revela já repercussões profundas e duradouras consideráveis em todas as esferas da vida quotidiana da humanidade, que acarretam inúmeras oportunidades e desafios à responsabilidade individual e coletiva sob o ponto de vista social, médico e financeiro, com tradução significativa para o desenvolvimento dos países (ONU, 2002).'' As funções cognitivas constituem a maior conquista do ser humano. Tudo aquilo que sabemos ou supomos acerca da realidade foi mediado, não unicamente pelos nossos órgãos dos sentidos, mas pelos complexos sistemas que interpretam e reinterpretam a informação sensorial (Neisser, 1967). Essas funções possuem um papel fundamental e se suma importância na vida diária, pois todas as tarefas que diariamente realizamos necessitam da atividade cerebral. A memória, linguagem, agnosia, apraxia, função executiva e a função visuo-espacial permitem-nos interagir com as pessoas e com o mundo, na busca do sentido da vida. A nossa individualidade é resultante do acúmulo de conhecimentos da nossa história e da cultura que herdamos. Neste sentido, a perda da cognição ou incapacidade cognitiva é, portanto, o desmoronamento da identidade que nos distingue como ser pensante (Moraes & Daker,2008). No que se refere à saúde mental, Papalia e Olds (2000) referem que, o declínio nesta área não é típico na terceira idade e que a doença mental é mais comum no adulto jovem do que no adulto mais velho. Na velhice, as pessoas podem e efetivamente continuam a adquirir novas informações e habilidades, bem como ainda são capazes de lembrar e usar bem aquelas habilidades que já conhecem. Os autores ainda ressaltam que cada espécie tem sua expectativa de vida e padrão de movimento, justificado por um plano normal de desenvolvimento embutido nos genes. Tais processos podem sofrer influências intrínsecas e extrínsecas, ou seja, a genética influencia a longevidade mas

204 os fatores ambientais e de estilo de vida também afetam o indivíduo. A fase seguinte sempre irá refletir a fase anterior. Referente ainda à saúde mental, Taussik & Wagner (2006) destacam que: '' as dificuldades de memória, particularmente durante o envelhecimento, constituem uma questão complexa, uma vez que se constata que essa função cognitiva não constituiu um constructo unitário, como inicialmente se pensava, mas apresenta-se dissociada em processos discretos, alguns mais sensíveis do que outros ao processo de envelhecimento '' ( Taussik & Wagner 2006). Existem processos cognitivos relacionados à linguagem mais vulnerabilizados ao processo de envelhecimento do que outros, porém dentre as habilidades diminuídas do idoso, podem afetar também no declínio da linguagem. Segundo STINE, WINGFIELD & POON, também é observado que, freqüentemente, os idosos utilizam estratégias mais ou menos eficientes para manejar com estas dificuldades, como a utilização de habilidades lingüísticas do tipo top-down, em que o discurso como um todo e o contexto em que ele ocorre é o principal fator considerado na compreensão. Existem estudos que analisam os aspectos fonológico da linguagem na velhice que demonstram um défict na compreensão de fonemas distorcidos ou com ruídos. Os autores Ryan & Laurie 1990, destacam que este déficit muitas vezes está ligado a uma diminuição da audição. Além disso, outros trabalhos observaram que a produção de fonemas no idoso é distinta, sendo identificada por ouvintes como menos clara, apesar de não dificultar demasiadamente sua compreensão. Os órgãos dos sentidos percebem o estímulo do mundo exterior e transmitem-no ao Sistema Nervoso Central (SNC), onde este é descodificado e reconhecido. A agnosia traduz-se na incapacidade de descodificação ou reconhecimento do estímulo, na ausência de comprometimento dos órgãos dos sentidos. Assim sendo, a agnosia não é uma alteração exclusiva das sensações, nem exclusiva da capacidade central de perceber objetos externos mas de uma alteração intermediária entre as sensações e a perceção. Em 34 alguns casos, observa-se a perda da intensidade e da extensão das sensações, permanecendo inalteradas as sensações elementares; noutros casos existe integridade e extensão das sensações mas perde-se a capacidade de reconhecimento dos objetos (Moraes & Lanna, 2008). A apraxia é uma desordem na transmissão motora, no controle de programação e da automaticidade articulatória para uma produção voluntária e resulta da incapacidade

205 de executar movimentos e gestos precisos previamente aprendidos, na ausência de anormalidades sensoriais ou motoras, falta de atenção ou compreensão do comando (Lima, Servelhere & Matos, 2012). Os autores GUIMARÃES,2004 e SANVITO,2010 destacam ainda que a apraxia é a incapacidade de realizar tarefas motoras voluntárias aprendida ao longo da vida, ou seja, incapacidade de realizar um ato complexo da maneira correto, sendo progressiva na DA como sinal de comprometimento do lobo pariental dominante. A apraxia não se deve à fraqueza muscular, dificuldade de compreensão ou falta de coordenação, e sim às lesões em áreas celebrais responsáveis pelo planejamento e sequenciamento das funções motoras. Todas as funções práxicas dependem das áreas parientais de associação, onde os centros psicomotores planejam a função motora dos atos aprendidos. A função executiva que é controlada pelo córtex pré-frontal, responsável pela tomada de decisão. Há evidências de que essa região seja mais afetada pelo envelhecimento do que outras áreas encefálicas. Alguns estudos verificaram piora no desempenho em testes de função executiva com o avançar da idade. A função visuoespacial é a capacidade de localização e percepções das relações dos objetos entre si. Essas funções podem sofrer alterações devido a doença de Alzheimer, adquirida por parte da população idosa. O primeiro sintoma do Alzheimer é o declínio da memória, e desorientação espacial, aspectos cognitivos em boa parte dependentes da formação hipocampal, que é a formação hipocampal é uma importante estrutura do encéfalo relacionada aos processos de aprendizado e memória, sejam declarativos, espaciais ou episódicos CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conclui-se portanto que os fatores relacionados ao declínio cognitivo de idosos estão relacionados ao meio intrínseco e extrínseco, ou seja, o idoso pode sofrer quedas no seu desempenho devido ao seu próprio sistema que compõem seu controle postural, doenças, transtornos cognitivos e comportamentos, falta de equilíbrio ou também ao ambiente em que vive, por haver também interferência de fatores culturais ou cuidados de outro indivíduo que exerce a função de apoio. Apoiando-se a esta conclusão, o autores PAPALIA & OLDS,2000 ressaltam que a cognição envolve todo o funcionamento mental como as habilidades de pensar, de perceber, de lembrar, de

206 sentir, de raciocinar e de responder aos estímulos externos. Embora ocorram mudanças no desempenho cognitivo em alguns domínios com o envelhecimento, estes prejuízos não chegam a afetar a vida cotidiana dos idosos e seus familiares. Para um grande número de idosos as capacidades cognitivas permanecem preservadas, embora se torne mais difícil armazenar e recuperar informações. Existe grande variabilidade intra e inter individual no funcionamento cognitivo na terceira, idade sendo possível o declínio em áreas diferentes e até mesmo o aperfeiçoamento em outras. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRANDÃO, Lenisa; PARENTE, Maria Alice de Mattos Pimenta. Os estudos da linguagem dos idosos neste seculo. Estud. interdiscip. envelhec., Porto Alegre, v.3, p.37-53, disponivel em: pdf. Acesso em: 03/10/2016. CLEMENTE, Rená s. G.; RIBEIRO FILHO, Sergio T. Comprometimento cognitivo leve: aspectos conceituais, abordagem clínica e diagnóstica. Revista Envelhecimento Humano. vol.7, n.1 jan/jun/2008. Disponivel em Acesso em: 04/10/2016. CUSTÓDIO, Elaine Bazilio; JÚNIOR, Joel Malaquias; VOOS, Mariana Callil. Relação entre cognição (função executiva e percepção espacial) e equilíbrio de idosos de baixa escolaridade. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.17, n.1, p.46-51, jan/mar FICHMAN, Helenice Charchat; CARAMELLI, Paulo; SAMESHIMA, Koichi; NITRINI, Ricardo. Declínio da capacidade cognitiva durante o envelhecimento. Rev Bras Psiquiatr. 2005;27(12):

207 MEJIA, Óscar Mauricio Aguilar; BERMEJO, Beatriz Ramírez; MARTINS, Luis Manuel Silva. Agnosia integrativa causada por una epilepsia focal occipital izquierda: estudo de caso. Pontificia Universidad Javeriana, Colombia. 29 de mayo de Disponivel em: Acesso em : 02/10/2016. ZANINI, Rachel Schlindwein. Demência no idoso: aspectos neuropsicológicos. Rev Neurocienc 2010;18(2): Disponivel em: Acesso em 04/10/

208 pdf CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM DE SAÚDE DO IDOSO E GERIATRIA COGNIÇÃO E ENVELHECIMENTO: ESTUDO DE ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E VALIDAÇÃO DO SIX ITEM COGNITIVE IMPAIRMENT TEST (6CIT) ultimo_seculo.pdf HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK

209 " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " HYPERLINK " file:///c:/users/sus%20academia/downloads/artigo_apraxias.pdf O PERFIL DAS APRAXIAS NA DOENÇA DE ALZAIMER Avaliação neuropsicológica do idoso Luciana Schermann Azambuja*

210 ARTIGO ORIGINAL Análise de fatores extrínsecos e intrínsecos que predispõem a quedas em idosos

211 ATIVIDADE FÍSICA E TERCEIRA IDADE: ADERÊNCIA DE IDOSOS À ATIVIDADE FÍSICA EM UMA ACADEMIA DE PONTE NOVA-MG RESUMO Samuel Gonçalves Pinto Taylon Silva Arruda de Lima Guilherme Ítalo Nunes de Oliveira Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova O número de indivíduos classificados como idosos tem aumentando cada vez mais nas ultimas décadas e atividade física vem com de encontro a esse grupo como forma a ajudar na manutenção da saúde e independência (KOPILER, 1997). Diante disso, Maciel (2010) citado por De Souza et al. (2015, p.56) diz que o envelhecimento também é um processo gradual, universal e irreversível, pois provoca perda funcional progressiva no organismo e que é caracterizado por diversas alterações orgânicas ele ainda cita exemplos dessas alterações como: redução de equilíbrio, da mobilidade, e induz a modificações psicológicas. Diante disso, o objetivo deste artigo é perceber a importância da atividade física na vida de idosos que aderiram ao programa de musculação em uma academia da cidade de Ponte Nova/MG, uma vez que a atividade física é o meio mais pratico e barato para se prevenir doenças, além de aprimorar e preservar as capacidades funcionais que vamos perdendo ao longo dos anos. O presente estudo de característica exploratória descritiva qualiquantitativa buscou em uma academia da cidade de Ponte Nova/MG coletar o numero de alunos classificados como idosos que aderiram à pratica de atividade física neste espaço no período de seis meses e comparar com o numero dos mesmos que haviam antes. Chegou a conclusão então de que o número de mulheres idosas que aderiram à prática de atividade física nesta academia da cidade de Ponte Nova MG é maior do que a dos homens também idosos, também foi possível perceber que o número de indivíduos que só aderiram a este novo estilo de vida só é maior devido ao fato de seus médicos orientarem a desenvolver tal atividade. No que diz respeito a academia onde foi realizado este estudo, foi possível perceber um aumento de mais da metade do número de alunos que contrataram os trabalhos oferecidos por ela. Palavras chave: Envelhecimento, atividade física, idosos

212 INTRODUÇÃO Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), são considerados idosos em países em desenvolvimento (como o Brasil) indivíduos com idade cronológica igual ou superior à 60 anos e em países desenvolvidos, indivíduos com idade cronológica igual ou maior que 65 anos. O número de indivíduos classificados como idosos tem aumentando cada vez mais nas ultimas décadas e atividade física vem com de encontro a esse grupo como forma a ajudar na manutenção da saúde e independência (KOPILER, 1997). O envelhecimento biológico é um processo inevitável, ele começa a se a dar Sinai em nosso organismo influenciando em fatores como a perda da massa muscular e a diminuição das capacidades físicas dos mesmos. Diante disso, Maciel (2010) citado por De Souza et al. (2015, p.56) diz que o envelhecimento também é um processo gradual, universal e irreversível, pois provoca perda funcional progressiva no organismo e que é caracterizado por diversas alterações orgânicas ele ainda cita exemplos dessas alterações como: redução de equilíbrio, da mobilidade, e induz a modificações psicológicas. Pensando em tais traumas que podem ser causados pelos efeitos do tempo, Neri (1993) diz que para se atingir uma velhice satisfatória é necessário uma qualidade de interação entre os indivíduos em transformações, relacionando numa sociedade em mudança. A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2006), citada por Maciel (2010, p.1024), diz que um dos componentes mais importantes para se obter uma boa saúde está no estilo de vida dos indivíduos os mesmos citam exemplos como: alimentação, uso de drogas lícitas e/ou ilícitas, prática de atividades físicas regulares, dentre outros. Para Clarck e siebens (2002), citados por Soares (2007, p.10): o processo de envelhecimento e o aumento da expectativa de vida demandam ações preventivas, restauradoras e reabilitadoras, já que desencadeiam alterações nas funções orgânicas e vitais da população, ou seja, paulatinamente, ocorre a perda da capacidade de adaptação do organismo devido à interações de fatores intrínsecos (genéticos), que não são passiveis de intervenção e extrínsecos (ambientais), sobre os quais se pode intervir. SOARES (2007), sobre a atividade física na terceira idade: reduz o risco de quedas, pois mantém a flexibilidade das articulações e a força, o equilíbrio e a coordenação muscular. Os exercícios de relaxamento e de alongamento também são importantes durante o envelhecimento, quando a pessoa está mais sujeita ao enrijecimento dos músculos e das articulações. Seguindo esse raciocínio, Campos; Neto (2004) citados por Silva et al. (2012, p.2) diz que atividade física na forma de exercícios que possam tanto recuperar como conservar as capacidades funcionais, é fundamental para qualquer ser humano independente da fase de vida em que ele se encontra. OBJETIVO

213 OBJETIVO GERAL Perceber a importância da atividade física na vida de idosos que aderiram ao programa de musculação em uma academia da cidade de Ponte Nova/MG. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Quantificar os idosos que aderiram à prática de atividade física em uma academia da cidade de Ponte Nova/MG no período de seis meses; Identificar os motivos que levaram os idosos à pratica de atividade física nesta academia; JUSTIFICATIVA A atividade física é o meio mais pratico e barato para se prevenir doenças, além de aprimorar e preservar as capacidades funcionais que vamos perdendo ao longo dos anos. Para justificar esta afirmativa, este trabalho busca apresentar a crescente de aderência dos idosos à pratica de atividade física. METODOLOGIA O presente estudo de característica exploratória descritiva qualiquantitativa buscou em uma academia da cidade de Ponte Nova/MG coletar o numero de alunos classificados como idosos que aderiram à pratica de atividade física neste espaço no período de seis meses e comparar com o numero dos mesmos que haviam antes. Juntamente com tais dados coletados, foi aplicado um questionário para saber os motivos que levaram tais indivíduos à praticar atividade física neste espaço. Após coletados os dados, foram apresentados e discutidos ao longo deste trabalho. Os objetivos deste trabalho foram apresentados aos responsáveis da academia que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) autorizando a pesquisa no estabelecimento. NO segundo momento, foram abordados os indivíduos que de forma voluntaria, aceitaram participar da pesquisa e assinaram o TCLE após terem ciência e entenderem os objetivos desta pesquisa. REFERENCIAL TEÓRICO A atividade física e o idoso Segundo Telles et al. (2014, p.85), O advento das atividades físicas, impulsionado pelos conceitos da promoção da saúde nos últimos trinta anos, tem se tornado recorrente nas discussões que atrelam de forma significativa às condições de vida e de saúde da população. ACOB FILHO (2006), afirma que vivemos, portanto, um momento marcante e inusitado na história do homem: nunca tantos viveram tanto. E o mesmo autor ainda

214 nos chama atenção dizendo que temos que escolher o nosso futuro modificando de forma eficaz, o nosso modelo de envelhecimento, ou se não estaremos fadados a viver em meio a uma grande comunidade de idosos dependentes e mal assistidos. A partir da década de 1970, o Brasil teve um aumento bastante significativo de sua população idosa, passando assim a despertar uma atenção maior para as questões sociocultural do envelhecimento (TELLES, et al 2014). Alves Jr. (2004), citado por Telles (2014), informa que, no contexto mundial, as iniciativas, no que diz respeito ao campo do idoso, começam a ser recebidas a partir da década de 1950, na Franca por Pierre Laroque, ao ser convidado a desenvolver um relatório diagnosticando o panorama das pessoas idosas da França. Este relatório acabou originando uma politica interventiva acerca do cidadão idoso, que se tornou efetivas nos vinte anos subsequentes. Apoiado em Goldman (2003), Telles (2014) afirma que nos primeiros estudos sobre o envelhecimento, apontavam que a velhice era considerada degenerescência física, um processo de evolução ou até involução, muitas vezes vinculado ao binômio saúde/doença. Segundo Carvalho (1994), citado por Telles (2014), as atividades físicas para idosos surgiram no Brasil relacionada com as atividades para adultos, e nos anos de 1930, com o professor Oswaldo Diniz de Magalhães, onde os idosos usavam o rádio para realizarem atividades físicas em suas próprias casas. Telles (2014) ainda complementa dizendo que a atividade física para os idosos no Brasil parece sofrer influência dos preceitos do campo da saúde. Este mesmo autor ainda ressalta que a importância da atividade física como veiculo à promoção da saúde faz o campo politico começar a desenvolver politicas que buscavam inculcar um ativismo a todos. Fechando seu raciocino, Telles (2014, p.100) conclui que a atividade física surge como um caminho à vida saudável, pois a saúde não é mais a ausência de doenças, e sim um constructo multifatorial. Complementando sua conclusão ele acrescenta ainda que a atividade física surgiu como possibilidade de favorecer esse novo habitus, hoje socialmente aceito e amplamente difundido

215 Para Tribess e Virtuoso Júnior (2005), a atividade física tem sido considerada uma excelente forma de atenuar as degenerações causadas pelos efeitos do envelhecimento dentro dos diversos domínios físicos, psicológicos e sociais. BORGES e MOREIRA (2009), ainda citam Novais et al (2005), que relatam que quanto mais ativa é a pessoa, menos limitações ela tem, concluindo que a atividade física é um fator de proteção funcional não só na velhice, mas em todas as idades. Segundo Salin et al. (2011), cientistas enfatizam cada vez mais ao importância da atividade física em ser parte fundamental, uma vez que neste novo milênio a inatividade física é considerada o principal problema da saúde publica. Tal autor complementa sua informação dizendo que no Brasil, mesmo com a existência de outros programas destinados aos idosos, foi possível observar que a atividade física só é possível quando são averiguadas as características e necessidades dos idosos, pois não adianta investir em determinada modalidade ou tipo de atividade se a mesma não se adapta as necessidades e realidades daquele grupo. Salin et al. (2011) ainda nos alerta que para que os idosos pratiquem atividade física regularmente, eles devem entender e conhecer seus benefícios e buscar superar seus seus vícios e comportamentos considerados inadequados e desenvolver hábitos que sejam propícios à prática. Segundo Borges e Moreira (2009), a prática regular de atividades físicas na terceira idade tem se firmado de forma determinante para a manutenção da qualidade de vida de do bem estar dos indivíduos considerados idosos. BORGES e MOREIRA (2009), apresenta o fato de se tornarem dependentes devido à idade e as deficiências motoras, fazem com que o idoso sinta-se desvalorizado, o mesmo autor ainda chama atenção para o fato deste fator desencadear problemas psicológicos nesses indivíduos. Juntamente com isso, Jacob Filho (2006), citado por Borges e Moreira (2009), o sedentarismo pode ser, isoladamente, responsável por grave estado de limitação da saúde do idoso, mormente os mais longevos

216 Complementando o assunto anterior, Borges e Moreira (2009), traz as falas de Amorim (2002), quando o mesmo diz que atualmente podemos dizer que uma boa estratégia para evitar a perda da autonomia consiste na incorporação de um estilo de vida mais saudável, estando aí incluídas as atividades físicas. Para Tribess e Virtuoso Júnior (2005): O declínio nos neveis de atividade física habitual para idos contribui para a redução da aptidão funcional e a manifestação de diversas doenças, como consequência a perda da capacidade funcional. Neste sentido, tem sido enfatizada a prática de exercícios como estratégias de prevenir as perdas nos componentes da aptidão funcional (TRIBESS e VIRTUOSO JUNIOR (2005). VIDMAR et al (2011, p.418), nos informa que a atenção para as capacidades funcionais tem atraido a atenção, devido ao fato da incapacidade trazer com sigo o aumento de doenças cronicas, além das dificuldades dos indivíduos de manter sua autonomia durante a velhice, fato esse que tem fortes ligações com o estilo de vida da pessoa. Usando Matsudo et al. (2001), Vidmar et al. (2011) nos informa que: um modelo de qualidade de vida na velhice foi elaborado por Lawton (1991), englobando quatro dimensões conceituais: a competência comportamental, condições ambientais, qualidade devida percebida e bem estar subjetivo. A inserção do idoso em atividades físicas resulta em maior capacidade de autonomia, o que por sua vez, pode melhorar a qualidade de vida. KOPILER (1997, p.109) Afirma que a programação da atividade física no idoso não é muito diferente da empregada com os indivíduos mais jovens. O que diferem são alguns cuidados que devem ser levados em consideração caso, haja algum

217 tipo de restrição, que pode estar relacionada às modificações progressivas da idade ou patologias das mais diversas (cardiovasculares, osteoarticulares, outras.). Para Corazza(2001) apud Argento(2010), o envelhecimento é um processo complexo que envolve muitas variáveis que interagem influenciando a maneira pela qual envelhecemos ele ainda nos alerta para o fato de que o processo não é igual para todos os seres humanos, não basta atingir certa idade cronológica para se tornar velho. Citado por Argento (2010), Shephard diz que: o objetivo da prática de exercícios na terceira idade é preservar ou melhorar a autonomia, bem como minimizar ou retardar os efeitos da idade avançada, além de aumentar a qualidade de vida dos indivíduos. Diante do que foi relatado acima, cabe chamar a atenção para a importância de um planejamento sério e que respeite a individualidade biológica, dom idoso, levando em consideração seus resultados observados na avaliação e as morbidades presentes. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com a pesquisa de campo realizada em uma academia da cidade de Ponte Nova- Minas Gerais, foi possível perceber como mostra o Gráfico 1, que em janeiro de 2016 haviam 31 alunos registrados na academia e que são considerados idosos, enquanto quem no mês de agosto de 2016 já haviam 56 indivíduos encaixados nesta mesma categoria. Entre o período de janeiro até agosto de 2016 o número de idosos que aderiram a prática de atividade física na academia subiu 55,36%. Tal vês a resposta possa estar no relato de Shephard (2003) citado por Vidmar; et.al (2011) ao dizer que o envolvimento regular em atividade física pode retardar os declínios normais relacionados à idade nas funções de vários sistemas fisiológicos, como também os efeitos e número de doenças debilitantes

218 Relação de alunos em uma academia (Período de 7 meses) Quantidade Janeiro de 2016 Agosto de 2016 Período de mês Gráfico 1 relação de alunos em academia de Ponte Nova- MG Já no gráfico 2 podemos perceber que o número de mulheres são maiores do que o número de homens considerados idosos que aderiram à prática de atividade física em uma academia da cidade de Ponte Nova MG no período de 7 meses. Gráfico 2: Relação homem x mulher na academia Quantidade Masculino Feminino 0 Janeiro de 2016 Agosto de 2016 Meses Em um terceiro momento procuramos saber através de um questionário o motivo pelo qual essas pessoas resolveram aderir a prática de atividade física nesta academia. Na pergunta deixamos duas resposta para escolha do candidato e como podemos perceber no gráfico 3, mais da metade (58,92%) dos idosos aderiram á prática de atividade física por orientação médica, enquanto 41,08 % foi por vontade própria. Para explicar isso, me apoio nas palavras de Tribess e Virtioso Junior (2005), ao dizerem que os objetivos da prescrição de exercícios devem evidenciar a melhora da aptidão física, a promoção da

219 saúde, uma redução dos fatores de risco para doença crônica e assegurar cuidado durante a participação em exercícios. A atividade física em si é o remédio mais barato para o combate a doenças e a ajudar na manutenção da saúde, diante disso, Vidmar; et al. (2011) cita Santos e Knijnik (2006) ao falar que: A maior parte do declínio da capacidade física dos idosos deve-se ao tédio, à inatividade e à expectativa de enfermidade. Além disso, grande parte deste declínio é provocada pela atrofia por desuso resultante do sedentarismo. Gráfico 3: Motivo de adesão à atividade física 41% 59% Orientação Médica Vontade Própria CONCLUSÃO A partir do presente estudo foi possível concluir que o número de mulheres idosas que aderiram à prática de atividade física nesta academia da cidade de Ponte Nova MG é maior do que a dos homens também idosos, também foi possível perceber que o número de indivíduos que só aderiram a este novo estilo de vida só é maior devido ao fato de seus médicos orientarem a desenvolver tal atividade. No que diz respeito a academia onde foi realizado este estudo, foi possível perceber um aumento de mais da metade do número de alunos que contrataram os trabalhos oferecidos por ela. Diante disso, podemos sugerir maiores estudos voltados para esta temática, uma vez que o número de indivíduos idosos vem crescendo bastante ao longo do tempo. Também sugiro um maior preparo por parte dos profissionais da área par poder saber lidar melhor às necessidade deste grupo

220 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES JUNIOR, Edmundo Drumond. A pastoral do envelhecimento (Tese de Doutorado). Rio de Janiero: UGF, AMORIM, P. R. S. Estilo de vida ativo ou sedentário: Impacto sobre a capacidade funcional. Revista Brasileira de Ciência do Esporte, Campinas. São Paulo, v.23, n.3, p ARGENTO, Rene de Souza Vianello. Benefícios da atividade física na saúde e qualidade de vida do idoso. Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas São Paulo BORGES, Milene Ribeiro Dias; MOREIRA, Ângela Kunzler. Influencia da prática de atividades físicas na terceira idade: estudo comparativo dos níveis de autonomia para o desempenho nas AVDs e AIVDs entre idosos ativos fisicamente e idosos sedentários. Motriz, Rio Claro, v.15, n.3, p , jul/set CARVALHO, Sergio. Hora da ginástica: resgate da obra do prof. Oswaldo Diniz de Magalhães. Santa Maria: Sergio Carvalho, CORAZZA, M. A. Terceira idade e atividade física. 1 ed., São Paulo: Phorte, DE SOUZA, William Cordeiro; MASCARENHAS, Luis Paulo Gomes; GRZELCZAK, Marcos Tadeu; JUNIOR, Douglas Tajes; BRASILINO, Fabrício Faitarone; DE LIMA, Valderi Abreu. Exercício Físico na promoção da saúde na terceira idade. Revista Internacional Saúde e Meio Ambiente. V.4, n.1, p.56, jan./jun Disponível em: Acesso em: 29 de julho de FERREIRA, Taciany Karine de Almeida; PIRES, Vitória Augusta Teles Netto. Atividade física na velhice: avaliação de um grupo de idosas sobre seus benefícios. Revista enfermagem integrada Ipatinga: Unileste, v.8 n.1, jul./ago

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223 ATIVIDADE FÍSICA, ENVELHECIMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO Guilherme Nunes Samuel Gonçalves Pinto Reginaldo Lúcio Lopes da Veiga Carmem Lidia Vieira Leite Ronaldo de Andrade Allocca Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova RESUMO Atualmente, inclusive no Brasil, os idosos tem mostrado interesse na qualidade de vida e na melhora da saúde funcional. Pois de uma maneira geral o maior sofrimento deles são a perda das aptidões funcionais. Fisiologicamente, os idosos também sofrem com a perda da força e resistência muscular e redução da flexibilidade das articulações. Por esse motivo, estudar as características do crescimento da população idosa nessa região, prende- se ao fato de o cronograma comprimido desse envelhecimento pode ser traçado pela revolução médica pública que provocou o declínio da mortalidade há quase meio século. Vários estudos tem mostrado também, que o envelhecimento possui características próprias relacionadas ao sexo masculino, relacionadas a alterações nos hormônios. Já as alterações hormonais características do climatério e da menopausa mostram um perfil sexo-dependente bastante marcante. Sabe-se hoje que o exercício físico pode produzir de imediato um profundo aumento nas funções essenciais de aptidão física de idosos. A literatura reporta que o treinamento físico pode ser capaz de induzir mudanças no controle neural, nos sistemas cardiovascular, respiratório, endócrino, hormonais e outros. A atividade física não pode ser encarada como um privilegio da juventude, levando a respostas fisiológicas benéficas independentemente da idade, o que pode adicionar condições favoráveis a melhora da qualidade de vida dessa população. O termo terceira idade representa a velhice como uma nova etapa de vida, expressa pela pratica de novas atividades sociais e culturais. A representação de estar na terceira idade esta vinculada a nova imagem de envelhecimento, onde os indivíduos com idade avançada constroem novos significados, que favorecem uma participação social, alto valorização, convívio com suas perdas e suas transformações. Assim, as praticas que visam a sociabilidade, o lazer e a educação junto a terceira idade ganham espaço significativo na mídia para a criação e divulgação de uma nova velhice. Palavras Chave: Atividade Física, Envelhecimento e Políticas Públicas

224 INTRODUÇÃO O aumento no número de indivíduos idosos no quadro demográfico de muitos países, inclusive do Brasil, tem mostrado entre outras coisas, que a qualidade de vida da população de um modo geral, melhorou. Essa melhora é resultado de uma série de fatore e entre eles está o avanço tecnológico presenciado em diversos setores da sociedade moderna. O processo de envelhecimento, de uma maneira geral, envolve uma perda progressiva das aptidões funcionais do organismo ( ALVES et al., 2004). Do ponto de vista fisiológico, algumas degenerações comuns a esse processo envolvem diminuição de força e resistência muscular, amplitude articular, perda de massa corporal magra e redução da flexibilidade (FUKAGAWA E PRUE, 2001). Segundo Palloni e Peláez, a importância de se Isso poderá ter implicações na saúde das pessoas que irão alcançar os 60 anos depois de 2000 e que vivenciaram todos os benefícios da tecnologia médica introduzida no período pós- Segunda Guerra mundial, pois os ganhos na sobrevida são mais o resultado da redução á exposição, melhor tratamento e recuperações mais rápidas. Apesar de o envelhecimento ser um processo em que o declínio fisiológico é caracterizado por medidas dos parâmetros globais do organismo,. No caso do processo de envelhecimento do sexo masculino, tem sido observadas alterações hormônio-dependentes, associadas a declínios na massa magra (sarcopenia) e subsequente decréscimo na força muscular e nas habilidades funcionais por outro lado, Esses dados proporcionam importante

225 subsidio para que o exercício físico regular possa ser utilizado como terapia cardioprotetora. 3- De outro ponto de vista a O termo idoso começa a aparecer em decorrência das politicas sociais voltadas para pessoas em idade avançada. Na constituição federal de 1988 art. 230, é assegurado como dever da família, da sociedade e do Estado, cuidar do idoso. A partir dai o termo velho é substituído por idoso nos textos oficiais. Portanto, ele é enfatizado para caracterizar a população envelhecida em geral e os indivíduos originários de camadas sociais favorecidas. A terceira idade, envelhecimento bem sucedido e qualidade de vida implicam a circulação da ideia de um velho identificado como fonte de recursos autônomo, capaz de respostas criativas frentes às mudanças sociais, disponível para ressignificar identidades anteriores, relações familiares e de amizades. Os idosos devem ter cuidado no momento de competir, e respeitar os princípios do treinamento esportivo que segundo Dantas (1998), são: principio da individualidade biológica, da adaptação, da sobrecarga, da independência, volume-intensidade, da continuidade e da especificidade. OBJETIVOS Objetivo Geral: Avaliar a influencia que a atividade física tem na vida dos idosos e em sua autoestima, e quais são os motivos que os levam a pratica desse exercício. Objetivos Específicos: Avaliar como as aulas são ministradas para os idosos Pesquisar a influencia da atividade física na autoestima do aluno Questionar a validade da aula para os idosos e se a realmente benefícios

226 JUSTIFICATIVA Diante de inúmeros problemas a uma grande parte que não pratica exercícios que se deixa se acomodar com o tempo, e aceita todo o processo de envelhecimento como uma doença, e não como uma mudança funcional. O que fica claro é que a maior parte da população não pratica atividades físicas regulares, e esses fatos tornam-se ainda mais evidentes com o envelhecimento. Ainda quando dividimos os exercícios quanto à intensidade, por faixa etária, o idoso tem um percentual ainda menor à medida que a intensidade do esforço aumenta. REFERENCIAL TEÓRICO Uma das mais relevantes contribuições feitas nos últimos anos pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva na área da atividade física e o envelhecimento tem sido o recente posicionamento oficial sobre exercício e atividade física para o idoso23. Os mais renomados especialistas da área concluem que: a) participação em um programa de exercício regular é uma modalidade de intervenção efetiva para reduzir e/ou prevenir alguns dos declínios associados com o envelhecimento; b) o treinamento aeróbico é efetivo para manter e melhorar as funções cardiovasculares e, portanto, o desempenho físico, assim como tem um papel fundamental na prevenção e tratamento de diversas doenças crônico-degenerativas, contribuindo para aumentar a expectativa de vida. O treinamento de força, por sua parte, está relacionado, de acordo com os autores, com a compensação na perda da massa e força muscular, melhorando a capacidade funcional e consequentemente a qualidade de vida. Os autores recomendam naquele documento ênfase ao treinamento do equilíbrio (embora as evidências científicas neste aspecto não sejam ainda suficientes), trabalhando com posturas progressivamente mais difíceis que reduzem a base de apoio, que necessitem de movimentos dinâmicos que ativem o centro de gravidade e estresse de grupos musculares posturalmente importantes. No idoso frágil ou debilitado, no entanto, a prescrição mais difícil é

227 a do treinamento aeróbico devido à presença de algumas condições clínicas, como desordens do andar, artrite, demência, doenças cardiovasculares, problemas ortopédicos e dos pés, incontinência e alterações visuais. Nessas circunstâncias a prioridade é o treinamento de força e do equilíbrio que garantam as condições para iniciar um programa de caminhada. Nos casos em que esta atividade não seja possível, podem ser recomendadas atividades como ergômetro de braços, de pernas ou exercícios sentados dentro da água. Neste sentido, um ponto em comum entre esse posicionamento oficial ou de outros pesquisadores da área24, 36,37 como também da nossa própria visão da atividade física para os indivíduos idosos são as variáveis que devem ser priorizadas para prescrever atividade física na terceira idade para manter a independência funcional do indivíduo: a) força muscular; b) equilíbrio; c) potência aeróbica; d) movimentos corporais totais; e e) por último, mas não menos importante, as mudanças do estilo de vida, sem as quais não acreditamos que seja possível manter na totalidade a capacidade funcional do idoso. O envelhecimento é um processo que provoca alterações e desgastes em vários sistemas funcionais, que ocorrem de forma progressiva e irreversível. O momento em que estas transformações ocorrem, quando passam a ser percebidas e evoluem, diferencia-se de um indivíduo para o outro. Na verdade cada pessoa envelhece de forma diferente. O envelhecimento não é só cronológico, é também biológico, funcional, psicológico e social. Entretanto em idades mais avançadas as limitações funcionais, tais como cognição, equilíbrio, perda de força muscular, bem como surgimento de doenças crônico-degenerativas intensificam se ocasionando perda da capacidade funcional (Fiedler e Peres, 2008). Os resultados desses fatores é a diminuição da capacidade funcional, gerando uma maior dependência em realizar as atividades da vida diária. Segundo o Educador Físico e Gerontologia Anderson Amaral coordenador da CEAFES a visão mais triste do envelhecimento é sob o olhar da incapacidade funcional, ou seja, capacidade de realizar atividades da vida diária. Atividades essas que em geral podem ser comprometidas com o passar dos anos

228 Evidências científicas indicam claramente que a participação em programas de atividades físicas é uma forma independente para reduzir e/ou prevenir uma série de declínios funcionais associados com o envelhecimento (VOGEL et al. 2009; NELSON et al. 2007; OMS, 2005). Assim, os principais benefícios de um comportamento ativo do idoso podem ser classificados basicamente nas esferas biológica, psicológica e social, destacando-se, entre esses benefícios: a) aumento/manutenção da capacidade aeróbia; b) aumento/manutenção da massa muscular; c) redução da taxa de mortalidade total; d) prevenção de doenças coronarianas; e) melhora do perfil lipídico; f) modificação da composição corporal em função da redução da massa gorda e risco de sarcopenia; g) prevenção/controle da diabete tipo II e hipertensão arterial; h) redução da ocorrência de acidente vascular cerebral; i) prevenção primária do câncer de mama e cólon; j) redução da ocorrência de demência; k) melhora da autoestima e da autoconfiança; l) diminuição da ansiedade e do estresse; m) melhora do estado de humor e da qualidade de vida. A prática da atividade física pode ser subdividida em quatro dimensões: 1) lazer (exercícios físico-esportes); 2) deslocamento ativo (andando a pé ou de bicicleta); 3) atividades domésticas (lavar, passar, etc); 4) laboral (atividades relacionadas à tarefa profissional). A primeira dimensão pode ser classificada como uma atividade estruturada (seguindo as características de exercícios físicos), enquanto que as demais, como não estruturadas, realizadas espontaneamente ao longo do dia. Atualmente, Por capacidade funcional entende-se o desempenho para a realização das atividades do cotidiano ou atividades da vida diária. As atividades da vida diária podem ser classificadas por vários índices. As atividades da vida diária (AVD) são referidas como: tomar banho, vestir-se, levantar-se e sentar-se, caminhar a uma pequena distância; ou seja, atividades de cuidados pessoais básicos e, as atividades instrumentais da vida diária (AIVD) como: cozinhar, limpar a casa, fazer compras, jardinagem; ou seja atividades mais complexas da vida cotidiana. Um estilo de vida fisicamente inativo pode ser causa primária da incapacidade para realizar AVD, porém de acordo com seu estudo, um programa de exercícios físicos regulares pode promover mais mudanças qualitativas do que quantitativas, como por exemplo,

229 alteração na forma de realização do movimento, aumento na velocidade de execução da tarefa e adoção de medidas de segurança para realizar a tarefa. Envelhecimento: conceitos e perspectivas O crescimento acentuado do número de idosos na população brasileira incluiu a questão da velhice no rol dos grandes desafios sociais, estando a merecer respostas que melhor qualifiquem esse tempo. da vida. O envelhecimento populacional configura a necessidade de novas ações sociais e políticas públicas, capazes de absorver as demandas dos idosos, de forma que essa etapa do ciclo de vida não se configure num tempo de empobrecimento material e vazio social. O envelhecimento é um processo multidimensional, ou seja, resulta da interação de fatores biológicos, psicoemocionais e socioculturais. Excetuando a razão biológica que tem caráter processual e universal, os demais fatores são composições individuais e sociais, resultado de visões e oportunidades que cada sociedade atribui a seus idosos. Muitas das referências sobre a velhice foram elaboradas a partir de idéias preconceituosas e imagens produzidas por crenças, medo e preconceitos. Para Beauvoir (1990), não é fácil estabelecer uma imagem social global para a velhice, visto que todas as referências variam conforme o tempo e a sociedade, na maioria das vezes incertas e contraditórias, resultantes de impressões preconceituosas. De acordo com Chaimowicz (1997), a população brasileira vem envelhecendo desde o início da década de 60, momento em que a queda das taxas de fecundidade, em algumas regiões mais desenvolvidas do Brasil, começou a modificar a sua estrutura etária. A partir da década de 70, as PNADs (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) começaram a indicar que o fenômeno estava ocorrendo, também, nas demais regiões do País, atingindo todas as classes sociais, nas áreas urbanas e rurais. Haddad (1993) afirma que esse fenômeno está diretamente ligado pela interação de três fatores: decréscimo da fecundidade das mulheres, diminuição da mortalidade e redução da taxa migratória. Aliam-se', a esses, outros fatores, tais como: melhores condições de higiene e de saneamento básico, além da redução da mortalidade infantil

230 O aumento do número de pessoas acima de 60 anos está se dando de forma tão intensa que, em 1998, existiam 12,4 milhões de pessoas acima de 60 anos no País, e a expectativa, segundo Azevedo (1999) é de que, daqui a 21 anos, esse número atinja 25 milhões. A maioria dessas pessoas está concentrada em áreas urbanas, e são do sexo feminino, o que é enfatizado por Goldani (1994), quando diz que as mulheres têm expectativa de vida maior que a dos homens, havendo com isso grande número de viúvas. Enquanto nos países desenvolvidos o aumento da expectativa de vida vem acontecendo há muitos anos, como consequência de melhores condições de vida da população, urbanização planejada adequadamente, avanços nas áreas da saúde, habitação, saneamento, meio ambiente, nutrição e trabalho; nos países em desenvolvimento este fenômeno vem sendo observado desde 1960, relacionado à queda das taxas de natalidade e mortalidade, consequência de campanhas sanitárias, de vacinação e de ampliação da atenção médica na rede publica, que não foram acompanhadas de transformações estruturais que garantissem melhores condições de vida (COSTA; VERAS, 2003). O aumento expressivo de pessoas com 60 anos de idade ou mais é uma das principais características da população mundial neste século. Cerca de 600 milhões de idosos que vivem hoje no mundo, aproximadamente 370 milhões vivem em países em desenvolvimento,. e a expectativa para os próximos 20 anos apontam para uma população de mais de 1 bilhão de idosos, dos quais 70% irão residir em países pobres ou em vias de desenvolvimento. No Brasil, este aumento no número de idosos na população é expressivo: em 1940 era de 4%, passando para 8,6% em 2000 (equivalendo a 15 milhões de pessoas) e projeções recentes indicam que esse segmento passará a 15% em 2020 (IBGE, 2003). Mas, a população idosa também está envelhecendo, 11 % desses idosos apresentam idade de 80 anos ou mais, sendo o segmento da população que mais cresce; em 2050, 19% dos idosos brasileiros estarão nessa faixa etária, o número de pessoas com mais de 100 anos, deverá aumentar em 15 vezes, passando de 145 mil, em 1999, para 2,2 milhões de indivíduos em 2050 (PAPALÉO NETTO; PONTE, 2000). Observando as características dos idosos, Leite (1999, p. 2) afirma que

231 a idade cronológica não é a melhor forma para definir a velhice, sendo "importante levar em conta a autonomia da pessoa, sua capacidade de realizar sozinho determinadas tarefas como tomar banho, ir ao banheiro, cozinhar, fazer compras". Também, Grunewald (1997) afirma que a conceituação de idoso envolve múltiplas dimensões: biológica, cronológica, social, demográfica, cultural, psicológica, política, entre outras. Essas dimensões são também referenciadas por Silva (2005), mostrando que a idade biológica, social e psicológica não coincide necessariamente com a cronológica, de forma que a diferença entre as mesmas é importante, para compreensão das múltiplas dimensões da velhice. Quanto à idade cronológica, Duarte (1999) adverte para que se considere a diversidade de calendários, conforme a sociedade considerada, lembrando que, neste caso, a utilização do calendário greco-romano dá a cada um e à sociedade brasileira a idade própria da civilização euroamericana (mas que diverge de outras culturas como a egípcia ou fenícia). Mesmo a idade cronológica permite que a velhice se apresente sob diversas faces, na sociedade brasileira, marcada pela desigualdade social, onde existe exorbitante concentração de renda em oposição a um alto índice de pobreza, alertando que o jovem pobre de hoje será o idoso pobre de amanhã. Quanto à idade social, Duarte (1999) designa papéis que se pode, que se deve, que se pretende e, ou.que se deseja que as pessoas venham a desempenhar na sociedade, de forma que determinados papéis podem entrar em conflito com aspectos arbitrários da idade cronológica. Um exemplo é a vida dos artistas e modelos que cultuam o corpo na juventude, em relação ao seu futuro. Este conflito entre as idades social, psicológica e cronológica constitui uma forma de discordância, principalmente quando se pensa o isolamento social do idoso, podendo ser ocasionado, muitas vezes, pela aposentadoria ou morte de parentes, antecipando, assim, a morte social frente à biológica. Isto porque, o psicológico envelhecendo, o próprio idoso começa a se impor limites e barreiras quanto às atividades que irá desenvolver, esquivando-se das reuniões e do convívio social, recolhendo-se ao lar e deixando de desenvolver as atividades que sua capacidade biológica permite. Na perspectiva social, o envelhecimento está relacionado com a perda

232 de autonomia e independência, limitando a capacidade de autocuidado, comprometendo a qualidade de vida e gerando relações de dependência que interferem nos processos de interação social. Segundo Duarte (2001, p. 38), a autonomia pode ser definida como a capacidade de decisão e de comando e pode ser mantida mesmo quando o indivíduo é dependente. A qualidade de vida na velhice está diretamente relacionada com os princípios de autonomia, de autodeterminação e de independência; por isso não devem ser poupados esforços em nível de políticas sociais e de saúde, para manter e, se necessário, restaurar estes princípios (PERIAGO, 2005). Para Garcia et ai. (2005, p. 53), os aspectos sociais relacionados com o envelhecimento estão determinados pela diminuição da capacidade de adaptação às mudanças, pois vivemos num momento histórico em que os avanços tecnológicos e a construção de novos conhecimentos determinam transformações muito rápidas em na sociedade, que exigem a introdução de novos conceitos e maneiras de viver como também uma grande flexibilidade, caminhos que o idoso nem sempre pode percorrer. A consequência deste fato é sua marginalização social. Observam-se modificações no status social e no relacionamento do idoso com outras pessoas como consequência dos seguintes fatores: crise de identidade, desencadeado pela perda de papéis sociais; mudanças de papéis no seu meio familiar e comunitários, que exigem capacidade de adaptação; aposentadoria, frequentemente insuficiente para atender suas necessidades e que pode estar acompanhada de um sentimento de inutilidade que acaba mergulhando o idoso no isolamento e na depressão; perda de amigos e parentes, como também, de condição econômica que faz com que o idoso sinta-se sem referencial; e diminuição de contatos sociais em função da tendência individualista de nossa sociedade, em que cada um, preocupa-se em conquistar seu espaço subestimando a importância dos encontros interpessoais (BANDEIRA et ai., 2005). Na verdade, o que está em jogo na velhice é a autonomia, ou seja, a capacidade de determinar e executar seus próprios desígnios. Qualquer pessoa que chegue aos oitenta anos capaz de gerir sua própria vida e determinar quando, onde e como se darão suas as atividades de lazer,

233 convívio social e trabalho (produção em algum nível) certamente será considerada uma pessoa saudável. Pouco importa saber que essa mesma pessoa é hipertensa, diabética, cardíaca e que toma remédio para depressão infelizmente uma combinação bastante freqüente nessa idade. O importante é que, como resultante de um tratamento bem-sucedido, ela mantém sua autonomia, é feliz, integrada socialmente e, para todos os efeitos, uma pessoa idosa saudável (RAMOS, 1993). A velhice é um conceito inserido em um repertório cultural historicamente delimitado, que atravessa o estatuto de um processo biológico inerente ao ser humano, para o de uma construção social. A velhice é tomada atualmente como um problema social, mas essa transformação não deve ser encarada apenas como decorrência do aumento demográfico da população idosa. Um problema social é fruto do cruzamento de fatores muito mais complexos do que simplesmente o resultado do mau funcionamento da sociedade (LENOIR, 1989)_ A transformação do envelhecimento em objeto de estudo está relacionada.a dimensões que vão desde o desgaste fisiológico e o prolongamento da vida, até o desequilibrio demográfico e o custo financeiro das políticas sociais (DEBERT, 1998). Assim, a compreensão da velhice na sociedade contemporânea implica o reconhecimento da sua dimensão histórica e social. CONCLUSÃO Está comprovado que quanto mais ativa é uma pessoa, menos limitações físicas ela tem. Dentre os inúmeros benefícios que a prática de exercícios físicos promove, um dos principais é a proteção da capacidade funcional em todas as idades, principalmente nos idosos. Além de beneficiar a capacidade funcional, o exercício físico promove melhora na aptidão física. No idoso os componentes da aptidão física sofrem um declínio que pode comprometer sua saúde. A aptidão física relacionada à saúde pode ser definida como a capacidade de realizar as atividades do cotidiano com vigor e energia e demonstrar menor risco de desenvolver doenças ou condições crônicas degenerativas, associadas a baixos níveis de atividade física

234 O envelhecimento é cercado de perdas inevitáveis na parte física e também cognitiva. Mas essas perdas podem ser retardadas pela pratica de atividade física ou de lazer ativo devidamente orientada, São inúmeros os benefícios que uma pratica de atividade física traz para um idoso ela previne doenças como : diabetes, depressão, obesidade e doenças cardiovasculares entre outras. O lazer se apresenta no tempo livre que não tem nenhuma obrigação ou regra é uma atividade que é prazerosa para o praticante pode ser uma atividade física ou ate mesmo um descanso. Mas os benefícios de se praticar uma atividade física no seu momento de lazer são inúmeros tanto na prevenção de doenças até a promoção de socialização. Uma proposta para estudos posteriores é verificar os esportes mais indicados para a terceira idade, verificar os riscos e os benefícios de cada esporte em questão e o acesso que a população da melhor idade tem a esses esportes e se possível propor um projeto que abranja essa parcela da população.. Os componentes da aptidão física relacionados à saúde e que podem ser mais influenciados pelas atividades físicas habituais são a aptidão cardiorrespiratória, a força e resistência muscular e a flexibilidade, por isso são os mais avaliados, sendo preditores da condição da saúde

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237 EDUCAÇÃO FÍSICA, TRANSFORMAÇÃO SOCIAL E CIDADANIA: UM ESTUDO DE CASO RESUMO Samuel Gonçalves Pinto Ronaldo de Andrade Allocca Carmen Lídia Vieira Leite Isabella Cristina da Silva Reginaldo Lúcio Lopes da Veiga Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova As aulas de Educação Física não podem ser consideradas como momentos de lazer e recreação simplesmente, ou mesmo como uma oportunidade de se formar atletas que possam trazer troféus e medalhas para a escola, antes é primordial que se atribua a verdadeira importância e valor a esse processo pedagógico, que atua tão diretamente na formação de cidadãos críticos, racionais e atuantes. A Educação Física Escolar deve contemplar a todos os alunos, independentemente de sua classe social, sua raça, seu credo e até mesmo sua deficiência. Todos têm o direito de vivenciar a prática e experimentar o poder transformador através da consciência corporal e da liberdade de expressão pelo movimento. Diante de todo o exposto na elaboração deste estudo, compreende-se que a Educação Física no espaço escolar é de fundamental relevância, pois promove o desenvolvimento psicomotor e é a maior promotora de interação entre os educandos, fornecendo-os não somente conhecimento corporal, mas também ensinando e aprimorando seus valores éticos, morais, sociais, políticos e culturais, e devido a essas peculiaridades devemos dar a Educação Física à mesma importância dispensada a outras disciplinas do currículo por entendermos que somente a Educação Física é capaz de atingir e provocar no aluno um sentimento de liberdade e leveza de pensamento nunca antes experimentado, pois está engajada em desenvolver e aprimorar o corpo e a mente. Nesse sentido torna-se imprescindível que o Educador Físico busque de forma contínua e dedicada sua melhor formação para atuar como um dos principais atores no cenário educacional e social de formação de cidadãos críticos, racionais e participativos. Palavras Chave: educação Física, Transformação Social, Cidadania

238 1- INTRODUÇÃO As aulas de Educação Física não podem ser consideradas como momentos de lazer e recreação simplesmente, ou mesmo como uma oportunidade de se formar atletas que possam trazer troféus e medalhas para a escola, antes é primordial que se atribua a verdadeira importância e valor a esse processo pedagógico, que atua tão diretamente na formação de cidadãos críticos, racionais e atuantes. A Educação Física Escolar deve contemplar a todos os alunos, independentemente de sua classe social, sua raça, seu credo e até mesmo sua deficiência. Todos têm o direito de vivenciar a prática e experimentar o poder transformador através da consciência corporal e da liberdade de expressão pelo movimento. Fica complexo conceber uma Educação Física, a qual se pretende transformadora, utilizando-se de métodos tradicionais de ensino, esporte seletivo e competição acrítica na escola. Pensar em Educação Física transformadora é valorizar a cultura corporal, valorizar a Educação Física como "processo, realimentado pela prática consciente dos sujeitos sobre a realidade esportiva, numa concepção dialética, favorecendo a aprendizagem e avaliação dos resultados", bem como a "atitude de reflexão da realidade modificando a percepção que o indivíduo tem de suas experiências e do mundo que o cerca". (Ferreira, 1984) 2- OBJETIVO O presente estudo tem por finalidade analisar o papel desempenhado pela Educação Física Escolar no processo de formação de um cidadão crítico, racional e atuante, bem como a relevância de uma boa formação dos Educadores Físicos, para o sucesso desse processo. 3- JUSTIFICATIVA Segundo os autores Guimarães et al (2001) a Educação Física vem sendo marginalizada pelas modificações que sofreu ao longo do tempo e pela má qualificação dos profissionais, mas a disciplina abrange aspectos que são de suma importância para o desenvolvimento da criança, dentre eles a formação de atitudes e valores. Difundir para todos os profissionais, pesquisadores e demais interessados no tema em questão, como a Educação Física pode auxiliar na formação social dos alunos, contribuindo também para modificar as representações sociais da Educação Física Escolar

239 Acredita-se também que ampliar o conhecimento sobre os efeitos da Educação Física na formação social dos alunos pode estimular os professores escolares atentarem mais para a Educação Física Escolar na Educação Infantil, bem como buscar uma melhor preparação, através da formação continuada. Diante de tal afirmação, torna-se plausível um estudo que avalie os métodos utilizados, a qualificação dos profissionais que atuam nessa área e também os resultados alcançados na formação do cidadão, numa visão holística sobre o mesmo. 4- METODOLOGIA Trata-se de um estudo qualitativo de revisão narrativa, apropriada para discutir determinado assunto com o objetivo de fundamentar teoricamente um determinado objetivo. De acordo com (Atallah; Castro, 1997) A revisão de literatura, tradicionalmente conhecida como revisão narrativa (RN) apresenta um caráter descritivo-discursivo, caracterizando-se pela ampla apresentação e discussão de temas de interesse científico, é elaborada por profissionais de reconhecido saber e experiência, constituindo-se num importante elemento na literatura científica. As revisões narrativas não utilizam critérios explícitos e sistemáticos para a busca e análise crítica da literatura, a busca pelos estudos não precisa esgotar as fontes de informações, não aplica estratégias de busca sofisticadas e exaustivas. A seleção dos estudos e a interpretação das informações podem estar sujeitas à subjetividade dos autores, tratam-se, basicamente, da interpretação da literatura existente de um determinado assunto de acordo com análise crítica pessoal dos autores. 5- REVISÃO DE LITERATURA 5.1- O papel transformador da Educação Física na formação do cidadão Eleger a cidadania como eixo norteador significa entender que a Educação Física na escola é responsável pela formação de alunos que sejam capazes de: - participar de atividades corporais adotando atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade; - conhecer, valorizar, respeitar e desfrutar da pluralidade de manifestações da cultura corporal; - reconhecer-se como elemento integrante do ambiente, adotando hábitos saudáveis relacionando-os com os efeitos sobre a própria saúde e de melhoria da saúde coletiva; - conhecer a diversidade de padrões de saúde, beleza e desempenho que existem nos diferentes grupos sociais, compreendendo sua inserção dentro da cultura em que são produzidos, analisando criticamente os padrões divulgados pela mídia;

240 reivindicar, organizar e interferir no espaço de forma autônoma, bem como reivindicar locais adequados para promover atividades corporais de lazer (Brasil, 1998a). Nesse sentido a escola desempenha um papel fundamental, e a Educação Física Escolar se torna um fator preponderante, através do qual, o cidadão tem a oportunidade de desenvolver suas potencialidades, capacidade crítica e criativa, socialização, consciência corporal, entre outras. A relevância da Educação Física Escolar é de fato irrefragável em decorrência de sua concepção pedagógica focada em realizar a interação e a inclusão no âmbito social dos envolvidos e, com a formulação e reformulação dos PCNs sua relevância foi exasperada, uma vez que se deu uma ênfase maior a sua disparidade dimensional de conteúdos. Para se entender a importância da Educação Física deveremos antes de tudo conjeturar sobre o seu papel nesta fase que não se prende somente a construção e aprimoramento das habilidades motoras, mas estará também focada na inserção de informação e formação (ZUNINO, 2008). O papel fundamental da educação no desenvolvimento das pessoas e das sociedades ampliase ainda mais no despertar do novo milênio e aponta para a necessidade de se construir uma escola voltada para a formação de cidadãos (PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais, 1998). Cidadãos estes capazes de formar a sua própria opinião, atuantes na sociedade em que estão inseridos, envolvidos nas decisões que são de seu interesse, transformando o conhecimento adquirido na escola em valores essenciais para o longo de suas vidas, valores como a ética, cuidados com a saúde, respeito com as diferenças e as manifestações culturais. Através dos PCNs (1998), verificamse vários objetivos, nos quais através da educação, os alunos do ensino sejam capazes: de compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito; posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas. Existe um senso comum na Educação Física, que a atividade corporal auxilia e muito no desenvolvimento psicomotor das crianças tendo em vista a conscientização de que a mesma também é fundamental para a alfabetização, fazendo com que o lado sócio-afetivo e o cognitivo também sejam desenvolvidos com atividades físicas. Conforme Souza e Peixoto (2006) a Educação Física também é importante na alfabetização de crianças, não só na parte psicomotora, mas também no processo sócio-afetivo e cognitivo, fugindo um pouco da cobrança de tarefas cansativas e repetitivas

241 Barbosa (2004) nos mostra que o movimento, para ser útil à alfabetização, não deve ser encarado apenas em seu aspecto corporal, mas, sobretudo no social, através do qual devem ser exploradas todas as possibilidades sociopolíticas. O objetivo deverá ser o de alfabetizar as crianças de classes populares para que elas possam ler o mundo, tendo assim chance de participarem como cidadãos na construção de uma nova sociedade. Uma sociedade justa onde todos possam ter as mesmas oportunidades, sendo cidadãos atuantes na comunidade que estão inseridos, participando das decisões que vão de encontro aos seus interesses. Em 2003, com a Lei nº , de 1º de dezembro de 2003, que alterou, novamente, o 3º parágrafo do artigo 26º da LDB, a facultabilidade às aulas de Educação Física foi modificada, não se restringindo a todas as pessoas que estudam em período noturno, mas àquelas que, independente do período de estudo, se enquadram nas seguintes condições: mulheres com prole, trabalhadores, militares e pessoas com mais de 30 anos (BRASIL, 2003b). Tais alterações só alavancaram a relevância do ensino da Educação Física na Educação Básica, evidenciando que a mesma deve fazer parte obrigatória da matriz curricular nacional o que atribui aos docentes desta, a mesma responsabilidade educacional dos demais professores. O ensino de Educação Física na Educação Básica em sua concepção favorece a constituição do ser humano desde a fecundação até constituição do ser perfeito, entendendo-se que a mesma colabora para o aprimoramento e desenvolvimento do educando como cidadão crítico e reflexivo e não apenas como preparação física e, diante desta proeminência faz-se importante a ministração/aplicação destas aulas por profissionais capacitados (RODRIGUES, 2013) A relevância de uma boa formação do Educador Físico Segundo Aranha (2006) a escola é o local do trabalho docente, onde a organização escolar é espaço de aprendizagem da profissão, na qual o professor põe em prática suas convicções, seu conhecimento da realidade, suas competências pessoais e profissionais, trocando experiências com os colegas e aprendendo mais sobre seu trabalho, através do convívio com outros profissionais, com os alunos, com os pais, em fim, com todos os que estão envolvidos de forma direta ou indireta na instituição. O mesmo autor complementa que a educação é fundamental para a socialização e a humanização, com vistas à autonomia e à emancipação

242 É fundamental que os profissionais tenham formação específica para exercer a docência da Educação Física, sabendo-se que a mesma tem influência tão significativa no processo formador do aluno/cidadão, muito embora a lei não defina assim. O profissional de Educação Física é um especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações, sejam elas ginásticas, exercícios físicos (...) lazer, recreação (...) e é de sua competência prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde(...) (BRASIL, 2003c). O mesmo para ministrar as aulas de Educação Física deverá ter nível superior com no mínimo licenciatura curta e, somente desta forma estará hábil para exerce a docência na Educação Básica. Apesar dos respaldos, a própria lei abre precedentes que possibilitam a atuação de dois distintos profissionais, um seria o professor (a) regente, com formação em magistério ou com nível superior em Pedagogia, e o outro seria um (a) professor (a) especialista, graduado em licenciatura plena em Educação Física, também em nível superior e, em lei ordinária encontramos somente de forma explícita e taxativa a obrigatoriedade do ensino de Educação Física em toda a Educação Básica, porém esta não dita qual o profissional responsável pela ministração desta tão relevante disciplina. A Educação Física escolar ressente-se da falta de uma fundamentação filosófica que a oriente em direção às suas finalidades educativas. É ai que as escolas de educação física encontram sua função mais relevante: desfazer a imagem tradicional e deformada que a sociedade tem do professor dessa área, visto simplesmente como um fazedor de músculos ou um especialista em dirigir exercícios de ordem unida, conferindo-lhe inadvertidamente o título de disciplinador; criar uma atmosfera que permita o despertar de uma consciência crítica que permitira ao futuro profissional estar apto a cumprir a sua missão: educar; impedir, portanto, que a Educação Física em especial a escolar transforme-se numa máquina de não fazer nada. Desta forma, o maior passo estará dado para que a Educação Física encontre o seu verdadeiro lugar, onde nunca esteve e de onde nunca deverá sair (OLIVEIRA, 1985, p.5). Atualmente os cursos de graduação vivem um conflito interno entre formar o técnico esportivo ou o educador. Se o conflito já existe dentro da graduação, aumentará quando o já professor estiver atuando no magistério (BARBOSA, 2004, p. 24). A questão é ser o professor técnico voltado para os esportes ou ser o professor que age na formação do aluno, transformando-o socialmente, mostrando como a reflexão e a pratica na Educação Física são importantes para o crescimento do aluno

243 Barbosa (2004) nos mostra como o professor de Educação Física deve agir para que o processo de formação dos alunos seja completo, lendo e refletindo fará com que o professor seja agente de dois processos de transformação. Primeiramente, uma transformação interna, no seu modo de entender as relações sociais, depois uma transformação externa, colaborando com a transformação social, ajudando outras pessoas a entenderem o que ele conseguiu entender. Além da capacidade de ensinar conhecimentos específicos, é também papel do professor transmitir, de forma consciente ou não, valores, normas, maneiras de pensar e padrões de comportamento para se viver em sociedade. Fica claro que não se podem transmitir todos esses aspectos descartando o aspecto afetivo a interação professor-aluno (Galvão, 2002). O professor participa ativamente da organização do trabalho escolar, formando com os demais colegas uma equipe de trabalho, aprendendo novos saberes e competências, assim como um modo de agir coletivo, em favor da formação dos alunos (ARANHA, 2006, p. 51).No que se refere à importância da prática de Educação Física, levando-se em consideração as condições adequadas para sua efetivação como atividade que trabalha o corpo e os movimentos, os Parâmetros Curriculares Nacionais destaca que: [...] entende-se que a Educação Física como uma área do conhecimento da cultura corporal de movimento e a Educação Física escolar como uma disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzila e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em beneficio do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida (RODRIGUES, 2013). Além destes conteúdos o professor deve ter em mente que é preciso incentivar para que todos os seus alunos tenham oportunidades iguais dentro de suas aulas, e nesta perspectiva Darido et al (2001) indica que o professor de Educação Física deve valorizar todos os alunos independentemente da etnia, sexo, língua falada, classe social, religião, opinião política ou social. Além desta atitude, o professor deve favorecer discussões entre os alunos sobre o significado do preconceito, da discriminação e da exclusão. O processo ensino aprendizagem deve ser baseado na compreensão, esclarecimentos e entendimento das diferenças. As estratégias escolhidas devem não apenas favorecer a inclusão, como também discuti-la e torná-la clara para os alunos. Barbosa complementa: É justamente neste momento que devemos estar certos de nossos objetivos: não é pelo fato de fazermos a vontade de alguns alunos (jogar futebol ou vôlei, por exemplo), que seremos considerados professores progressistas. Por nossa maior experiência acerca das realidades sociais, temos o direito e o dever de impormos o conteúdo mais propício para o nosso objetivo de formar verdadeiros cidadãos. Não podemos abandonar o processo educativo à não-diretividade, ministrando apenas aulas ditadas pelas classes dominantes, através de

244 suas leis e decretos, que nos obrigam a trabalhar apenas os esportes, como se estes fossem os únicos conteúdos da Educação Física (2004, p. 97). De fato, a Educação Física no Ensino Fundamental I é mais do que favorecer o desenvolvimento de habilidades anatômicas, é aquisição de conhecimento em áreas diversas, é desenvolver a interação e a participação individual e coletiva seja em atividades práticas recreativas como forma de aquilatar a qualidade de vida dos envolvidos, visto que a Educação Física é uma disciplina integradora e provocadora que serve de mediadora entre o social, a cultura corporal e o exercício da cidadania (GONÇALVES, 2009). A proeminência da Educação Física em todas as fases da Educação Básica em especial no Ensino Fundamental I é inquestionável porque instiga o aluno a desenvolver o seu próprio aprendizado tendo no professor a figura de um mediador entre ele e o conhecimento a ser adquirido ou aprimorado, é um estimulo constante fundamentada na interação coletiva, na liberdade intelectual (BRASIL, 1997). 6- ANÁLISE DE DADOS Durante a pesquisa foi realizada uma entrevista com o Diretor, a Supervisora e o Professor de Educação Física, de uma Escola Municipal de Ensino Fundamental, na qual obtive as seguintes falas dos atores: Quando perguntados sobre qual a importância da Educação Física para você?. Sujeito 1- Contribui para a formação integral dos alunos, dando oportunidades para os mesmos se desenvolverem hábitos e práticas para bom desempenho em sua vida diária, podendo com isso aperfeiçoar algum talento esportivo e acima de tudo melhorar sua saúde física e mental. Sujeito 2- É uma oportunidade de desenvolver as potencialidades dos alunos, incluindo-os de forma completa, transmitindo conhecimentos de forma responsável e prazerosa. Sujeito 3- A Educação Física é de fundamental importância na escola, pois aborda no seu contexto aspectos físicos, sociais, culturais e afetivos, aqui retratados na interação social, na promoção da saúde, nos seus diversos aspectos, na aquisição e propagação de conhecimentos, na igualdade de oportunidades, valorização e respeito aos direitos e deveres, no conhecimento dos seus limites físicos e sobretudo na formação da cidadania e qualidade de vida. Em sequência foram perguntados: De que forma seria um trabalho ideal de um professor de Educação Física na escola? Que valores deveriam ser inseridos?

245 Sujeito 1- Trabalho dinâmico, interativo e integrado com as demais disciplinas curriculares, tendo como base os valores essenciais para a vida em grupo, socialização e humanização. Proporcionar aos alunos aulas diversificadas, onde se desenvolvam cognitivamente e fisicamente. Sujeito 2- As aulas devem ser dinâmicas, estimulantes e interessantes. Deve acompanhar o desenvolvimento motor e cognitivo dos alunos de forma diversificada e responsável, não se esquecendo dos valores que estão inseridos no nosso dia-a-dia. Sujeito 3- Primeiramente que os objetivos da disciplina (EFi) estejam bem claros na confecção do PPP (Projeto Político Pedagógico), ou seja que tipo de aluno queremos formar na nossa escola? Ela deve contemplar o fortalecimento dos direitos e deveres do aluno na transformação da sociedade, sem a reprodução das desigualdades, onde a ética predomine, que os alunos se apropriem dos conhecimentos científicos, que sejam conscientes dos benefícios de uma prática saudável, que possam ressignificar os conteúdos, que o trabalho cooperativo seja a tônica, que os educandos sejam críticos e autônomos. 7- COSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se avaliar através dessa revisão que a Educação Física é uma disciplina de suma importância para o currículo escolar, não apenas porque tem a capacidade de desenvolver e aprimorar as habilidades motoras, mas por contribuir de forma relevante para o processo de ensinoaprendizagem, dinamizando o ensino. Devido a sua relevância é papel do professor de Educação Física instigar os alunos a sempre participarem das atividades que foram planejadas para este momento, frisando sempre que esta prática os ajudará, melhorando sua qualidade e os tornando conscientes de suas habilidades e capacidades de percepção e interação do meio em que estão inseridos.. O aprendizado por meio das aulas de Educação Física possibilita uma melhora significativa no comportamento social dos alunos, uma vez que ao se trabalhar a transversalidade entre outros conteúdos, além de desenvolver os aspectos cognitivos e motores, há a formação de cidadãos críticos, racionais e atuantes de forma consciente com a realidade caótica que nos afligem, sendo éticos, maleáveis, tolerantes e respeitosos diante de tanta disparidade. Diante de todo o exposto na elaboração deste estudo, compreende-se que a Educação Física no espaço escolar é de fundamental relevância, pois promove o desenvolvimento psicomotor e é a

246 maior promotora de interação entre os educandos, fornecendo-os não somente conhecimento corporal, mas também ensinando e aprimorando seus valores éticos, morais, sociais, políticos e culturais, e devido a essas peculiaridades devemos dar a Educação Física à mesma importância dispensada a outras disciplinas do currículo por entendermos que somente a Educação Física é capaz de atingir e provocar no aluno um sentimento de liberdade e leveza de pensamento nunca antes experimentado, pois está engajada em desenvolver e aprimorar o corpo e a mente. Nesse sentido torna-se imprescindível que o Educador Físico busque de forma contínua e dedicada sua melhor formação para atuar como um dos principais atores no cenário educacional e social de formação de cidadãos críticos, racionais e participativos. 8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:. Presidência da República. Lei nº , de 1º de dezembro de 2003 Dispensa das aulas de Educação Física. Diário Oficial, Brasília, 2 dezembro 2003b.. Presidência da República. Lei nº , de 1º de dezembro de 2003c Estatuto do Conselho Federal de Educação Física - CONFEF, Brasília, 1 setembro ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 3 ed., São Paulo: Moderna, ATALLAH, N.A.; CASTRO A.A. Revisões sistemáticas da literatura e metanálise: a melhor forma de evidência para tomada de decisão em saúde e a maneira mais rápida de atualização terapêutica. Diagnóstico & Tratamento. v.2, n.2, p.12-15, BARBOSA, Cláudio L. de Alvarenga. Educação Física Escolar: da alienação à libertação. 4 ed., Petrópolis, SP: Vozes, BRASIL, Ministério de Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: Educação Física / Secretaria de Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998a. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: Imprensa Oficial, v.7, Disponível em:<

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248 ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: (DES)ENCONTROS POSSÍVEIS Luciano José da Silva Isabella Cristina da Silva Samuel Gonçalves Pinto Reginaldo Lúcio Lopes da Veiga Carmen Lídia Vieira Leite Faculdade Presidente Antônio Carlos Nova RESUMO: O presente estudo pesquisou na bibliografia relativa a inclusão do futebol nas aulas de Educação Física, a realidade e o que pode se fazer para facilitar a inclusão. Com isso, muitos artigos encontrados, tratavam- se da Educação Física, futebol e inclusão. A educação física escolar abrange vários conteúdos, tanto o lazer e atividades culturais quanto esportivas. Podem ser trabalhadas de forma inclusiva, de modo que todos participantes si sintam satisfeitos com a prática. Focalizando na escola, tem a finalidade de democratizar e gerar cultura pelo movimento de expressão do indivíduo em ação como manifestação social e de exercício crítico da cidadania, evitando a exclusão e a competitividade exacerbada. ( DARIDO; RANGEL, 2008) Assim, mostrando a realidade das aulas de Educação Física escolar quando a metodologia do futebol é colocada em prática, e como a inclusão pode ser concentrada neste meio. Palavras Chave: Esporte, Educação Física Escolar, Licenciatura

249 INTRODUÇÃO A prática da Educação Física vem se constituindo com um campo aberto para estudo, onde o esporte pode ser aplicado de forma recreativa e prazerosa para os praticantes, sem qualquer tipo de exclusão no meio escolar. Segundo BASEI; VIEIRA (2007:32) a transformação didático-pedagógica do esporte centrado na modalidade futebol, acredita-se na necessidade de proporcionar aos alunos a reflexão sobre o esporte e os diferentes contextos que o mesmo se apresenta, seja educacional, de lazer ou de rendimento, e também a reflexão enquanto conteúdo hegemônico das aulas, buscando ampliar o entendimento do mesmo como prática cultural e instrumento de ensino. A Educação Física Escolar pode influenciar muito no desempenho do aluno em matérias teóricas (aplicadas em sala de aula). Claro que isso só acontece quando os professores si unem, o professor que si encontra mais presente na sala deverá passar para o professor de Educação Física quais matérias os alunos si encontram em maior dificuldade. A partir disso o professor aplicará atividades que possam ajudar o desenvolvimento do aluno em sala de aula. Com esse propósito, a Educação Física Escolar adquire um grande papel para o desenvolvimento dessa modalidade no meio escolar, pois através do mesmo pode-se apresentar grande melhoria na vida do aluno praticante, tanto no meio educacional quanto no meio social, já que o futebol pode ser aplicado em muitos lugares e seus equipamentos são fáceis de serem encontrados. Segundo Souza e Araújo (2007) o futebol, enquanto prática desportiva está presente nas escolas e na sociedade como um todo. Se observarmos, os garotos ainda com idade recente, começam a sentir o prazer em jogar futebol, o primeiro presente é sempre uma bola e por ação da gravidade ela, a bola, fica no solo talvez por comodidade ou facilidade acharam melhor impulsioná-la com o pé e, construí-la é o mais fácil. Geralmente uma meia, cheia de papel, pano, costurada à mão, sim é a bola utilizada pelos garotos mais humildes. Eis aí o primeiro fator a favorecer a prática do futebol, a bola é o artigo mais fácil de ser produzido e adaptado. O futebol esta presente em todo lugar, na sociedade, na escola, etc. O primeiro presente de uma criança é uma bola, ou seja, uma das primeiras influências

250 para que o mesmo tenha o desejo de si tornar um jogador. Fácil de ser construída. Para si construir uma bola pode-se usar como material meias, jornais, sacolas, etc. Deste modo o futebol si torna um dos esportes mais desejados, por conta de sua facilidade de prática. Muitos educandos sempre vivenciaram o esporte como, o futebol com muitas limitações, pelo fato de não jogarem tão bem quanto os outros, número de pessoas em cada time, etc. Desse modo muitos optam por outro tipo de esporte ou nenhuma modalidade. Hoje nas aulas de Educação Física Escolar o futebol si tronou a modalidade mais desejada dos alunos. Porém, não trabalhada de forma correta, ou seja, si tornou o famoso rola bola (o professor entrega a bola para os alunos, os mesmos separam suas equipes sem qualquer tipo de instrução). Assim, os alunos não são espostos a nenhum tipo de conhecimento metodológico de modalidade. Mas no meio escolar o futebol pode ser trabalhado de muitas formas, de modo que satisfaça seus praticantes, ou seja, todos poderão praticar sem qualquer tipo de exclusão. A pratica do futebol no meio escolar pode oferecer grandes benefícios aos praticantes, como a melhoria no meio social (solidariedade, harmonia, etc.) e meio educacional (desenvolvimento na aprendizagem, motivação, etc. ),sobre tudo o lazer que é oferecido aos alunos. E através desse método de ensino o educando possa melhor sua auto-estima, confiança no próximo, habilidades corporais, etc. Assim o presente estudo foi realizado para verificar como o esporte (futebol) é recebido no meio escolar, como é aplicado na escola, si é trabalhado de forma inclusiva. Através deste estudo professores até mesmo alunos poderão ter conhecimento, de como o futebol pode ser aplicado no meio escolar, de que forma pode si trabalhar o mesmo de forma inclusiva. Desta forma, o principal objetivo do texto presente é analisar como a metodologia futebol é desenvolvida no meio escolar. REVISÃO DE LITERATURA:

251 Educação Física Escolar em questão:pressupostos teóricos Esta escola como lugar de conhecer, estaria colocando, para o aluno, o que há de grandioso na ciência, ou seja, o homem diante da dúvida, diante de um processo que se constrói pelos erros e pela negação... por rupturas e continuidades e, sobretudo, por interesses humanos. (SOARES, 1996 ) Formar cidadãos, portadores de sólidas aquisições de saberes próprios do ensino fundamental, que lhes auxiliem a interagir em seu meio social, agindo de forma sensível; pessoas que valorizam a cidadania e se posicionam contra desigualdades; aprofundar a sistematização de saberes a respeito de linguagens como a corporal como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias; construção de uma cultura de participação de alunos em jogos escolares, olimpíadas, campeonatos (ESCOLA MUNICIPAL DE CAMPINAS, 2008, p.15) (BUSSO; DAOLIO, 2011) Compreendendo a educação, e mais especificamente a Educação Física como uma das possibilidades de contribuirmos com a emancipação humana, buscamos na proposta crítico-emancipatória (KUNZ, 1994), uma fundamentação teórica para embasar nossas ações. Acreditamos ser de fundamental importância uma compreensão com relação às concepções de mundo, sociedade e educação que norteiam as práticas pedagógicas baseadas em teorias críticas para ampliarmos também as concepções de ensino e esportes. (BASEI; VIEIRA.2007) Segundo Melo (2007), a Educação Física é uma disciplina que possibilita, talvez mais do que as outras, espaços onde se pode dar início a mudanças significativas na maneira de se implementar o processo de ensino/aprendizagem, tendo em vista as diversas situações em que os dados do cotidiano associados à cultura de movimentos podem ser utilizados como objetos para reflexão. (SANTOS; et AL, 2008) A Educação Física tem papel importante na formação global da personalidade da criança e do adolescente, assegurando-lhes autonomia individual e sua integração no meio social e que utiliza como meio no processo educacional os exercícios físicos, os jogos e os desportos, cuja finalidade é de contribuir para adaptação biológica e social do indivíduo (SOUSA; ARAÚJO, 2007). A Educação Física deve propiciar ao aluno o exercício da cidadania, possibilitando a conquista da autonomia, por meio da reflexão-crítica sobre os

252 conhecimentos da cultura corporal de movimento. Contudo, a área carece de subsídios para uma melhor organização de seus conteúdos dentro do currículo escolar. (JÚNIOR; DARIDO, 2010) As práticas pedagógicas da Educação Física Escolar vem se constituindo para professores e pesquisadores da área num amplo campo de estudos e reflexões, tanto no que se refere à metodologia das aulas, avaliação do processo ensino-aprendizagem e organização dos conteúdos, quanto na homogeneização das práticas pedagógicas em torno do conteúdo esporte. (BASEI; VIEIRA, 2007) É importante salientar que cidadania é um tema contemporâneo recorrente. Além de estar inserido não apenas em Projetos Pedagógicos e em Leis brasileiras (como a Constituição Federal e a LDB), que visam e asseguram a formação de cidadãos brasileiros pela Escola, este tema é veiculado nas redes de sociabilidade nacional e internacional. Fala-se sobre cidadania em merchandising, em bares, em jogos de diversas modalidades, em alguma circunstância de desavença que deslegitime direitos legalmente assegurados, enfim, a cidadania está na boca do povo, nas retóricas políticas, sociais e econômicas brasileiras, principalmente após o processo de redemocratização brasileira a partir da década de 1980 (MURILO DE CARVALHO, 2009). A Educação Física assume um papel importante na transmissão da cultura corporal, através dos jogos, da dança, da luta, da ginástica e do esporte. Através destes e da cultura ampla de movimentos permite-se que o indivíduo expresse seu corpo no meio em que vive. (SOUSA; ARAÚJO, 2007) Um ponto de destaque nessa nova significação atribuída à Educação Física é que a área ultrapassa a idéia única de estar voltada apenas para o ensino do gesto motor correto. Muito mais que isso, cabe ao professor de Educação Física problematizar, interpretar, relacionar, compreender com seus alunos as amplas manifestações da cultura corporal de movimento, de tal forma que os alunos compreendam os sentidos e significados impregnados nas práticas corporais. (JÚNIOR; DARIDO, 2010) É preciso deixar claro que a sistematização dos conteúdos é apenas um aspecto, que deve ser discutido academicamente, e que certamente existem muitos outros problemas e questões a serem investigadas no interior da Educação Física escolar. O ponto crucial, anterior à questão da sistematização, é definir o que é

253 absolutamente necessário ensinar nas aulas de Educação Física. (JÚNIOR; DARIDO, 2010) O Esporte no cotidiano da Educação Física A educação física escolar abrange vários conteúdos, tanto o lazer e atividades culturais quanto esportivas. Podem ser trabalhadas de forma inclusiva, de modo que todos participantes si sintam satisfeitos com a prática. Focalizando na escola, tem a finalidade de democratizar e gerar cultura pelo movimento de expressão do indivíduo em ação como manifestação social e de exercício crítico da cidadania, evitando a exclusão e a competitividade exacerbada. ( DARIDO; RANGEL, 2008) O esporte, como conteúdo das aulas de Educação Física deve estar inserido em um contexto maior, abrangendo desde sua história, evolução, contextualização sócio políticoeconômica, fundamentos, técnicas e regras, enfim, é necessário que se pesquise e busque as raízes da práxis, uma vez que, cada modalidade está vinculada a uma concepção de mundo, de sociedade de ser humano e de educação. (SOUSA; ARAÚJO, 2007) O ensino do esporte na escola se dá, exclusivamente, a partir do parâmetros fornecidos pela instituição desportiva, ou seja, a partir de suas normas e regras. (GEBARA; ET AL, 1992) Segundo Vargas (1995), o esporte vem sendo a grande matriz de espetáculos dos dois últimos séculos. Essa manifestação cultural tem espaço em diversos programas de televisão, jornais, revistas, rádios, filmes, internet e outros meios de comunicação. A mídia cobre não somente os jogos, mas também os treinos, preparativos, decisões dos grandes clubes e até a vida pessoal de atletas famosos. (RAMOS; ISAYAMA, 2009) O esporte está inserido no contexto social de nossa sociedade. Grandes eventos como a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos são amplamente explorados pelos meios de comunicação e repercutidos pela população. Contudo, há um grande hiato quando se refere à atenção midiática recebida pelas atletas brasileiras (atletas do gênero feminino) e pelo esporte educacional. Quadro não exclusivo à realidade brasileira e recorrente ao longo da história do esporte moderno. (FRANÇA, 2006) (CASTILHO; 2010)

254 Nos esportes, o maior objetivo é automatizar e treinar o corpo. O corpo é uma máquina que reproduz movimentos, correr e chutar uma bola não deve ser visto como um movimento qualquer. (SOUSA; ARAÚJO, 2007) Espera-se ainda que os alunos aprendam a trabalhar em equipe, a serem solidários com os colegas, a respeitar e valorizar o trabalho dos outros ou não discriminar as pessoas por motivos de gênero, idade ou outro tipo de características individuais. (JÚNIOR; DARIDO, 2010) O Futebol, enquanto prática desportiva está presente nas escolas e na sociedade como um todo. Se observarmos, os garotos ainda com idade recente, começam a sentir o prazer em jogar futebol, o primeiro presente é sempre uma bola e por ação da gravidade ela, a bola, fica no solo talvez por comodidade ou facilidade acharam melhor impulsioná-la com o pé e, construí-la é o mais fácil. Geralmente uma meia, cheia de papel, pano, costurada à mão, sim é a bola utilizada pelos garotos mais humildes. Eis aí o primeiro fator a favorecer a prática do futebol, a bola é o artigo mais fácil de ser produzido e adaptado. (SOUSA; ARAÚJO, 2007) O futebol é o conteúdo que está mais presente nas aulas de Educação Física em nosso país, contudo, o futebol ensinado nestas aulas raramente ultrapassa os aspectos técnicos e o jogar livremente. (JÚNIOR; DARIDO,2010) O Futebol e a Escola: realidades e perspectivas O futebol é umas das modalidades esportivas de maior potenciação no Brasil. Através de sua prática o indivíduo é capaz de melhorar seu psicológico (jogadas de raciocínio rápido), quanto suas habilidades motoras (através do passe, drible, deslocamento, chute ao gol). Dessa forma a pratica do futebol pode ser essencial no desenvolvimento do seu praticante. É consenso que o Futebol pode ser muito bem trabalhado até fora de quadra, na medida em que ele se apresenta nas conversas dos corredores, nas brincadeiras, nas camisetas e vestuários, no humor dos alunos e professores, e todo o meio que utiliza cotidianamente deste esporte, ou seja, que consome mesmo que de forma indireta o Futebol e suas características (CASTILHO; 2010) Os materiais didáticos ou materiais curriculares são instrumentos que proporcionam ao professor critérios e referências para tomar decisões, tanto na

255 intervenção direta do processo de ensino e aprendizagem, quanto no planejamento e na avaliação. (JÚNIOR; DARIDO; 2010) Para Toledo (2000), a evolução das regras, formas e táticas de jogar propiciam a compreensão dos significados simbólicos que permeiam as práticas sociais entre os integrantes do futebol. Isso fica evidente quando se observa que o futebol, passou de um aglomerado de indivíduos correndo atrás de um objeto nem sempre esférico para uma configuração mais estável e organizada.(nascimento; 2009) Para garantir um ensino de qualidade além de diversificar os conteúdos na escola é preciso aprofundar os conhecimentos, ou seja, tratá-los nas três dimensões abordando os diferentes aspectos que compõem as suas significações. Ou seja, quando for tratar o futebol, ir além do fazer (técnicas e táticas), mas abordar a sua presença na cultura, as suas transformações ao longo da história, a dificuldade da expansão do futebol feminino (causas e efeitos), a mitificação dos atletas de futebol, os grandes nomes do passado, a violência nos campos de futebol, entre outras possibilidades. Ou seja, é preciso ir além do costumeiro jogar (DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2007). (JÚNIOR; DARIDO, 2010) O que pretendemos abordar é que o Futebol no Brasil é mais que um esporte, é um fenômeno que está presentemente sendo exposto na mídia, nos bares, nas esquinas ou onde quer que você chegue.lucena (2001.p. 09) afirma que: mesmo o futebol, considerado um esporte coletivo, teve um processo de desenvolvimento autônomo, nunca sistematizado de forma acadêmica ou escolar.este esporte possui uma virtude especial: consagrar os brasileiros de todas as condições de vida.somos um povo marcado por uma perversa herança de exclusão social. (LUCENA.2001.p. 09). (SOUSA; ARAÚJO, 2007) O futebol na escola tem objetivo de satisfazer apenas os que sabem jogar ou até mesmo os melhores, pois não si trabalha a inclusão dos indivíduos, e na maioria das escolas o futebol entra deste modo, sendo praticado através da sistematização dos movimentos. Já o futebol da escolar é completamente diferente, é trabalhado de forma inclusiva visando o desenvolvimento não só pratico do aluno mais também psicológico e social do aluno. O futebol da escolar é trabalhado por professores que visam o bem estar do aluno e sua satisfação de praticar o futebol

256 O autor afirma que além destes fatos e conceitos espera-se que sejam ensinadas estratégias ou habilidades para resolver problemas, selecionar a informação pertinente em uma determinada situação ou utilizar os conhecimentos disponíveis para enfrentar situações novas ou inesperadas, por exemplo. (JÚNIOR; DARIDO, 2010) O que alunos aprendem na Escola e fora dela (driblar, dominar e passar a bola, fazer gol e jogar com regras) possibilita a construção de uma concepção sobre o saber jogar que é semelhante com o trabalho de controle e domínio de bola (com diferentes partes do pé, drible) e saber jogar com regras, considerado pela Escola muitas vezes como formas corretas de se fazer, segundo o Plano. Mas como na Escola há orientação docente, que define o certo e errado, como explicam alunos, jogar fora dela implica saber driblar, dominar, tocar ou passar a bola, fazer gol, jogar com regras do modo como se quer e se sabe. (BUSSO; DAOLIO, 2011) Cabe ao professor inserir o futebol à comunidade, desde inclusão em jogos e campeonatos do bairro, como apropriação do espaço público para as práticas do futebol e aprendizagem de alguns elementos cabíveis de serem realizados indoor. (CASTILHO; 2010) O aluno terá assim um conjunto de informações ou dados sobre um certo fenômeno, organizada através do professor, em que se relacionariam com a realidade a ser estudada, no caso o futebol, organizando assim a apropriação dos significados existentes no movimento humano, notadamente os significados lúdico, artísticos, estético, agonístico e competitivo. (CASTILHO; 2010) Nesse contexto o ensino do futebol na escola é muito mais do que jogar futebol, embora o jogar futebol seja também elemento integrante das aulas de Educação Física, ou seja, não uma forma extremista de se extrair a prática do jogo dos campos e quadras mas sim alocá-los em uma perspectiva que o aluno também perceba O Jogo que existe entre o poder econômico e o poder esportivo, assim como o uso da pessoa humana pelo lucro. (CASTILHO; 2010) CONSIDERAÇÕES FINAIS

257 Ao finalizar este estudo, pude concluir que a Educação Física escolar pedagogicamente visa o trabalho de diversos conteúdos, mas na atualidade o que mais si trabalha é o esporte de auto rendimento, como a modalidade do futebol. Diferentemente dos outros conteúdos o mesmo não é trabalhado de forma correta, ou seja, ministrado com falta de planejamento e ocorre grande exclusão nas aulas. A partir deste estudo, pôde- se perceber que a Educação Física escolar tem muito o que melhorar quando o conteúdo é o futebol, ele deveria ser trabalhado de forma pedagógica, visando e respeitando os valores e diferenças entre os alunos praticantes. 6-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

258 SOUSA; L. R. M; ARAÚJO; D. M. E. O futebol na escola: uma abordagem cultural. Disponível em: A%20UMA%20ABORDAGEM%20CULTURAL(1).pdf BASEI; A. P; VIEIRA, M. A. O futebol como conteúdo de ensino da Educação Física escolar: possibilidades a partir da concepção crítico-emancipatória. In: EfDeportes. Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N Diciembre de 2007 SILVA; E. A. C; RIBEIRO; A. S. A. A Metodologia do Ensino do chute nas aulas de Educação Física Escolar. Disponível em: Acesso em? CASTILHO; M. M. Futebol na escola: sua cultura, espaço e elementos na Educação Física Escolar. Disponível em: Acesso em? SOARES; C.L. EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR : CONHECIMENTO E ESPECIFICIDADE. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.2, p.6-12,

259 FATORES INTERVENIENTES QUE INFLUENCIAM PARA O AUMENTO DA OBESIDADE RESUMO A obesidade é caracterizada como o acúmulo anormal de gordura que pode representar riscos a saúde. Diversos estudos dentro da literatura voltada à obesidade vêm classificando a mesma como doença multifatorial, isto é, podendo ser desencadeada por diversos fatores envolvendo aspectos biológicos, históricos, ecológicos, políticos, socioeconômicos, psicossociais e culturais. Tivemos como objetivo verificar a relação entre a obesidade, as práticas alimentares e estilo de vida de escolares dos anos finais do ensino fundamental dentro e fora do âmbito escolar. A pesquisa foi realizada na Escola Municipal Pedro Furtado, na cidade de Itamarati de Minas- MG, com alunos regulamente matriculado do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. A amostra foi composta por 42 alunos, os quais foram avaliados no estado de sobrepeso e obesidade referentes ao que é indicado pela idade e sexo. De acordo com os resultados encontrados, concluiu-se que o fator que mais contribui para a obesidade é a ingestão incorreta de alimentos, pois o consumo de alimentos ruins é maior que o consumo de alimentos saudáveis. O número de alunos que praticam atividades físicas diariamente é maiores do que os que não praticam, chamando a atenção na relação entre os sexos masculinos (92%) e femininos (55%). Os resultados obtidos neste estudo deixam claro que o sedentarismo não é o principal fator a influenciar o aumento de peso, pois vimos em contrapartida os hábitos alimentares incorretos. Palavras chave: Sobrepeso. Escolares. Estilo de vida. Hábitos alimentares. Área temática: Ciências da Saúde

260 1. Introdução O aumento de peso anormal apresenta-se como um problema agravante nos últimos anos em todo o mundo, tanto para crianças e adolescentes, quanto para os adultos. É definida segundo a Organização Mundial de Saúde (1998), como Doença na qual o excesso de gordura corporal se acumulou a tal ponto que a saúde pode ser afetada, demonstra a preocupação desta entidade com as possíveis consequências do acúmulo de tecido adiposo no organismo (LEÃO et al., 2003). O problema em questão vem crescendo em todo mundo, em todas as classes sociais e inúmeros estudos vêm comprovando seu crescimento de forma acelerada não só nos adultos, mas também em crianças, adolescentes e idosos, passando a ganhar status de epidemia global. A obesidade está associada a inúmeros problemas de saúde e ao risco de doenças crônicas, incluindo problemas cardiovasculares, hipertensão, asma, problemas músculoesquelético e diabetes tipo 2. (LOBSTEIN, et al., 2004, apud PEREIRA e SILVA, 2011). Ela é caracterizada como uma doença multifatorial, isso é, desencadeada por diversos fatores, tais como, genéticos, fisiológicos e metabólico, ou seja, há fatores relacionados ao estilo de vida e hábitos alimentares. Os alimentos ricos em calorias em excesso e a inatividade física, são os principais fatores relacionados ao meio ambiente (OLIVEIRA e FIBERG, 2003). Na população escolar, estudos tem identificados que o nível de prática de atividades físicas dos escolares e a qualidade da ingestão alimentar dentro e fora da escola, e fatores genéticos tem sido as principais causas da obesidade neste público. Logo, a intenção em realizar este estudo com escolares dos anos finais do ensino fundamental partiu do interesse em entender os diversos fatores que influem para que crianças e adolescentes se tornem obesas. Diante do exposto, o objetivo foi verificar a relação entre obesidade, as práticas alimentares e estilo de vida de escolares dentro e fora do âmbito escolar. Entendemos que este tema se configura de suma importância e irá possibilitar o levantamento preliminar de dados sobre a prevalência do sobrepeso em uma parte dos escolares do município de Itamarati- MG, podendo após sua conclusão, tornar-se instrumento para a realização de possíveis propostas em favor da educação física escolar. 2. Metodologia A pesquisa foi realizada em uma escola, na cidade de Itamarati de Minas- MG, com alunos regularmente matriculados no 5º ao 9º ano do ensino fundamental. A amostra foi composta por 42 alunos que foram avaliados o estado nutricional (sobrepeso e obesidade), de acordo com idade e sexo. Para inclusão do aluno n a pesquisa, foi avaliado o seu Índice de Massa Corporal (IMC) e elencados os que apresentavam sobrepeso e obesidade. A amostragem foi aleatória. Foram avaliados 42 estudantes acima do seu peso anormal, aferindo-se: consumo de alimentos, hábitos alimentares e atividade física. O IMC foi à variável dependente utilizada para avaliar e classificar os indivíduos a participarem da pesquisa. Os questionários de práticas alimentares e atividades físicas tiveram como objetivo determinar quais fatores influenciava para os resultados desta pesquisa. Os questionários foram digitados e tabulados em planilhas, utilizando o software Microsoft Excel, que, posteriormente, serviram de base para a geração de gráficos e tabelas. 3. Contextualização Teórica

261 A obesidade é uma doença caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, que produz efeitos deletérios à saúde. (WANDERLE; FERREIRA, 2007) As consequências do aumento de gordura corporal são desastrosas, uma vez que, com o aumento da obesidade, várias doenças são também ampliadas, como a hipertensão arterial, o diabetes, as doenças articulares. (COUTO; SOUSA, 2012). O aumento da obesidade está paralelamente relacionado com a diminuição de atividade e com isso o aumento do sedentarismo. Isso decorrente ao estilo de vida da pessoa, modernização e violência. A intervenção dos pais nos hábitos da prática de atividade física na fase infantil tende a manter o gosto por ela até a fase adulta, diminuindo a chances de a criança virar um futuro sedentário. Já foi comprovada uma grande redução calórica através de uma diminuição das brincadeiras com o aumento do tempo assistindo televisão. (PEREIRA et al., 2003). O interesse na prevenção da obesidade infantil se justifica pelo aumento de sua prevalência com permanência na vida adulta, pela potencialidade enquanto fator de risco para as doenças crônico-degenerativas e mais recentemente pelo aparecimento de doenças como o diabetes mellitus tipo 2 em adolescentes obesos, antes predominante em adultos. Além disso, frequentes intervenções em crianças, principalmente antes dos 10 anos de idade ou na adolescência, reduzem mais a severidade da doença do que as mesmas intervenções na idade adulta, por que mudanças na dieta e na atividade física podem ser influenciadas pelos pais e poucas modificações no balanço calórico são necessárias para causar alterações substanciais no grau de obesidade. (LEÃO et al., 2003) Sedentarismo A partir da década de 80 a comunidade científica de todo o mundo tem alertado exaustivamente a população sobre a redução dos níveis de atividade física que vêm ocorrendo na sociedade. Esse fenômeno ocorre independentemente do gênero ou raça e tem sido associado às mudanças culturais advindas do progresso tecnológico. Pode-se definir o sedentarismo como ausência de atividade física, sendo ela atleta ou não, que resulta em um gasto calórico diário muito baixo. Modernamente, a atividade física vem sendo estudada no sentido de consolidar um saber científico sobre a saúde coletiva. A vida sedentária é reconhecida, mais fortemente, como sendo importante fator contribuinte na ausência de saúde e morte precoce. A Organização Mundial da Saúde e a Federação Internacional do Esporte estimam que metade da população mundial seja inativa fisicamente. No Brasil, cerca de 60% dos brasileiros não praticam nenhum tipo de atividade física. (TOSCANO; EGYPTO, 2001) O sedentarismo é mais preocupante nas regiões com aumento da urbanização, violência, transporte e espaço público. Com isso, as atividades passaram a ser de acessos tecnológicos, como, jogos eletrônicos, computadores, decorrente de um baixo gasto calórico diário, aumentando assim as chances de adquirir um estado sedentário. Uma criança assiste, hoje, em média, a 27 horas de TV por semana, isso corresponde à sua principal ocupação, só sendo ultrapassada pelas horas de sono. Essas mudanças podem contribuir para o aumento da prevalência de diversas doenças crônicas (COUTO; SOUZA, 2012, apud ALVES, 2003). Nas últimas décadas, as crianças tornaram-se menos ativas, incentivadas pelos avanços tecnológicos. Uma relação positiva entre a inatividade, como o tempo gasto assistindo televisão, e o aumento da obesidade em escolares vem sendo observada. A atividade física, por outro lado, diminui o risco de obesidade, atuando na regulação do balanço energético e preservando ou mantendo a massa magra em detrimento da massa de gordura. O aumento do sedentarismo representa um alerta para os educadores físicos, pois isso significa que cada dia aumenta pessoas que exercitam menos. Cabem os Educadores Físicos e

262 estudiosos na prescrição de exercícios, alavancarem sua promoção através de estudos de qualidade para seja uma ferramenta eficaz na diminuição desse problema agravante na população (GUALANO e TINUCCI, 2011) Práticas alimentares No Brasil, tem sido detectada a progressão da transição nutricional, caracterizada pela redução na prevalência dos déficits nutricionais e ocorrência mais expressiva de sobrepeso e obesidade não só na população adulta, mas também em crianças e adolescentes. Essas causas estão relacionadas ao estilo de vida e aos hábitos alimentares. Confirmando essas teorias, verifica-se que a obesidade é mais frequente em regiões mais desenvolvidas do País (Sul e Sudeste), pelas mudanças de hábitos associadas a esse processo (TRICHES; GIUGLIANI, 2005). A obesidade está ligada aos hábitos alimentares não só com a quantidade calórica nutricional, mas também com a qualidade dos alimentos na dieta. Além disso, os padrões alimentares também mudaram devido ao estilo de vida, explicando o aumento de crianças com a obesidade com o aumento do consumo de alimentos industrializados e pouco consumo em alimentos nutritivos e com baixo teor calórico (TRICHES; GIUGLIANI, 2005). No plano alimentar, deve-se levar em consideração os hábitos alimentares dos indivíduos, suas condições socioeconômicas e o acesso aos alimentos. Porém, as mudanças esperadas não são fáceis de serem realizadas, pois envolvem valores arraigados na cultura, nas tradições regionais e no espaço social - alimentar do homem. Diversos autores chamam a atenção para o fato de que a alimentação não se limita a um ato que satisfaz necessidades biológicas: mais do que isso, ela representa valores sociais e culturais, envoltos em aspectos simbólicos que materializam a tradição na forma de ritos e tabus. A visão antropológica da alimentação também se faz necessária quando o tema é abordado pela Saúde Pública. Esse diálogo tem proporcionado vários enfoques, como os da antropologia e da alimentação, que enriquece a compreensão da forma como aspectos sociais e culturais relacionados a hábitos alimentares condicionam o comportamento dos indivíduos de determinada sociedade (SANTOS; ARAÚJO, 2011). Para adquirir hábitos alimentares mais saudáveis, acredita-se que seja importante para as pessoas entenderem um pouco de nutrição e os alimentos. Em alguns estudos não encontrarão diferencia no conhecimento nutricional em crianças e adolescentes com obesidade. Já em outro estudo utilizando estratégia nutricional na intervenção da obesidade em escolares, mostraram melhoras no conhecimento nutricional e atitudes perante o assunto, podendo influenciar o meio em que vive. Entretanto, o conhecimento parece não ser suficiente para mudar a prática alimentar levando a modificações no IMC. (TRICHES; GIUGLIANI, 2005). Em busca de novas estratégias de combate à obesidade, a educação nutricional vem sendo abordada como novo binômio a ser seguido educação/nutrição, além do já elencado renda/nutrição. As crianças têm poucos conhecimentos em nutrição e hábitos alimentares, evidenciando que as escolas, os pais e a mídia têm veiculado mensagens insuficientes e ineficazes de hábitos alimentares mais saudáveis. A relação entre conhecimentos em nutrição e estado nutricional sugere que outros fatores, como falta de ambiente favorável na praticidade das intenções de melhorar a qualidade da dieta, são fundamentais para modificar o estado nutricional ou prevenir a obesidade. As intervenções, portanto, devem ir muito além de apenas promover conhecimentos nutricionais. São necessárias ações integradas que visem à saúde das crianças, envolvendo famílias, escolas, comunidades e indústria alimentícia, além de um sistema de saúde que priorize a prevenção de doenças. Novos estudos que investiguem com profundidade os determinantes dos desvios nutricionais nas comunidades e que testem

263 estratégias de controle da obesidade são necessários para impedir o avanço desta epidemia. (TRICHES; GIUGLIANI, 2005). 1. RESULTADOS Tabela 1: Características dos escolares obesos e com sobrepeso quanto a prática de atividade física e frequência alimentar de alimentos saudáveis e prejudiciais. % Prática de Atividade Física Ativos fisicamente 75,0 Inativos fisicamente 25,0 Prática de atividade física por sexo Feminino 55,0 Masculino 92,0 Frequência Alimentar Alimento/Grupo - Saudáveis 46,0 Alimento/Grupo Prejudiciais 54,0 Verifica-se que a maioria dos estudantes (75%) fazem atividades físicas diárias, sendo que os homens apresentam comportamento mais ativo que as mulheres. No intuito de mostrar a diferença entre a uma frequencia alimentar boa e ruim (figura 1 e 2), comparando em quantidade e qualidade, se destacando como fator predominante para o aumento de peso foi a qualidade dos alimentos, pois comparando em quantidade, o grupo dos alimentos bons teve maior quantidade nas frenquências alimentares comparando com o grupo dos alimentos ruins. Figura 1 - Frequência Alimentar - Alimentos saudáveis Fonte: Dados da pesquisa

264 Figura 2 - Frequência Alimentar - Alimentos prejudiciais se baseando no número de vezes e freqüência ao longo do dia. Fonte: Dados da pesquisa. 2. DISCUSSÃO Em um estudo feito por Maitino (2000), mostra a falta de participação da Educação Física (EF) Escolar e sua possível estratégia no controle da atividade física dos alunos relacionando a Educação Física voltada para a saúde como meio de combate ao sedentarismo. Discutiu-se, também, o conteúdo e procedimentos metodológicos da atividade física relacionada à saúde, durante as aulas de EF, além de procedimentos que favoreçam a adoção de estilo de vida saudável, com aderência na fase adulta. Com base em outro estudo de Maitino (2001), onde avaliou o nível de sedentarismo de escolares do 5º a 8º série composto de ambos os sexos, os resultados atribuíram os maiores valores ao sexo feminino comparado ao sexo masculino. Este presente estudo se relaciona com de Maitino (2001), visto que alguns resultados obtidos pelo estudo se relacionam com esse e outros dentro do assunto. Outro estudo que teve resultados relacionados a este foi Silva e Malina (2003), mostra a predominância do sobrepeso em meninas comparado com os meninos. Estes resultados sugerem que medidas educativo-preventivas direcionadas para estilo de vida mais comprometido com a saúde poderiam ser discutidas no âmbito escolar. A adoção de um estilo de vida saudável na infância previne que se torne um adolescente com obesidade (NÓBREGA, 1998, apud PIERINE, et al., 2006). A semelhança entre os resultados do presente estudo com outros realizados e citados acima, serviu como parâmetro de discussão e análise deste estudo. Neste sentido, acreditamos que futuramente, o mesmo também contribuirá como fonte de informações acerca do problema. 6. CONCLUSÃO Ao analisarmos os resultados obtidos na presente pesquisa, podemos perceber que o fator que mais contribui para o excesso de peso é a alimentação, pois o consumo de alimentos ruins é maior que o consumo de alimentos saudáveis e os números de alunos que praticam atividades físicas diariamente são muito maiores que os que não praticam, chamando também

265 atenção na relação entre os gêneros masculinos e femininos, onde 92% dos meninos e 55% das meninas praticam atividades físicas. Os resultados obtidos no presente estudo deixam claro que o sedentarismo não é o principal fator que influencia o sobrepeso e sim os hábitos alimentares incorretos. Visto que a obesidade se dá por diversos fatores, conclui-se também que a falta de conhecimento dos responsáveis, a negligencia a fatores importantes para ajudar na resolução do problema, tornam-se agravantes na resolução do problema. Dialogar com a pessoa afetada pelo sobrepeso e a compreensão das dificuldades reais que envolvem a situação, por sua vez, são fatores que contribuem para a adesão a programas de tratamento, orientação e de prática de atividades físicas. Entendemos que cabe ao professor de Educação física no âmbito da educação física escolar, atender aos fatores citados acima, estabelecendo um vínculo de confiança, acolhendo e orientando seus alunos para hábitos de vida saudáveis, favorecendo assim a melhoria da qualidade de vida de forma a minimizar a problemática da questão obesidade. Portando, a parceria entre escola e professor de educação física, é vista como de grande valor, pois os mesmos devem proporcionar programas de incentivo a prática de exercícios físicos e hábitos alimentares. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COUTO, A. C. P; SOUZA, G. S. Educação Física: atenção á saúde da criança e do adolescente. Belo Horizonte: UFMG, GIUGLIANO, R; CARNEIRO, E. C.. Fatores associados à obesidade em escolares. Jornal de Pediatria. Taguatinha, p maio GUALANO, B; TINUCCI, T. Sedentarismo, exercício físico e doenças crônicas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 25, n. 8, p.37-43, dez Disponível em: < Acesso em: 13 set LEÃO, L. S.C. S et al. Prevalência de Obesidade em Escolares de Salvador, Bahia. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, São Paulo, v. 47, n. 2, p , abr Disponível em: < Acesso em: 28 set MARTINS, G. A. Manual para elaboração de monografias e dissertações. 2. Ed. São Paulo: Atlas, MAITINO, E. M. Interfaces da educação física escolar com a saúde. Revista Mineira de Educação Física, Viçosa, v. 9, n. 2, ano IX, p , OLIVEIRA, C. L.FISBERG, M. Obesidade na infância e adolescência: uma verdadeira epidemia. Arq Bras Endocrinol Metab. 2003, vol.47, n.2, pp ISSN PEREIRA, C. M; SILVA, A. L. Obesidade e Estilos de Vida Saudáveis: Questões Relevantes para a Intervenção. Psic., Saúde & Doenças, Lisboa, v. 12, n.2, 2011.Disponívelem< &pid=s &lng=pt&nrm=iso>. 15 out MAITINO, E. M. Saúde na educação física Escolar. Revista Mimesis: Ciências Humanas, Bauru, v. 21, n. 1, p , PEREIRA, L. O. et al. Obesidade: Hábitos Nutricionais, Sedentarismo e Resistência à Insulina. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo, São Paulo, v. 47, n. 2, p , abr PIERINE, D. T. et al. Composição corporal, atividade física e consumo alimentar de alunos do ensino fundamental e médio. Motriz, Rio Claro, v. 12, n. 2, p , mai/ago

266 REZEND, F. A. C; ROSAD, L. E. F. P. L; RIBEIRO, R. C. L. Índice de Massa Corporal e Circunferência Abdominal: Associação com Fatores de risco Cardiovascular. Sociedade Brasileira de Cardiologia, São Paulo- Sp, v. 6, n. 87, p , nov SANTOS, A. F. L; ARAUJO, J. W. G. Prática alimentar e diabetes: desafios para a vigilância em saúde. Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, v. 20, n. 2, p , jun SILVA, R.R.; MALINA, R.M. Sobrepeso, atividade física e tempo de televisão entre adolescentes de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. R. bras. Ci. e Mov. 2003; 11(4): TOSCANO, J. J. O; EGYPTO, E. P. A influência do sedentarismo na prevalência de lombalgia. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Niterói, v. 7, n. 4, p , jul TRICHES, R. M; GIUGLIANI, E. R. J. Obesidade, práticas alimentares e conhecimentos de nutrição em escolares. Revista Saúde Pública, Porto Alegre, v. 39, n. 4, p , ago, Disponível em: < Acesso em: 13 set WANDERLE, E. N; FERREIRA, V. A. Obesidade: uma perspectiva plural. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 1, n. 15, p , dez

267 RESUMO GINASTICA LABORAL E OS BENEFÍCIOS NA PRODUTIVIDADE Deyliane Aparecida de Almeida Pereira Vanessa de Oliveira Marcelino Graziela Pórfiro Samuel Gonçalves Pinto Fabrício Sette Abrantes A Ginástica Laboral (GL) é um conjunto de práticas físicas, elaboradas de acordo com a atividade ocupacional exercida pelo trabalhador e instrumento na melhoria da saúde física, reduzindo e revendo problemas ocupacionais. Assim, o presente estudo busca investigar como prática da Ginastica Laboral pode trazer benefícios na produtividade e no bem-estar. Como forma de avaliação foi utilizada um questionário o inicia com intervenção com GL. A atividade foi iniciada em uma empresa com 22 funcionários divididos em setores para investigar maior frequência de pontos dolorosa e rendimento com a prática da ginastica laboral. De acordo com a verificação e dos questionários, conclui-se que a GL traz alguns benefícios, dentre eles a redução das dores, favorece a melhora no bem estar, promove maior rendimento durante o trabalho e foi satisfatório para a maioria dos participantes. Palavras-chave: Ginástica Laboral, produtividade, bem- estar. ÁREA TEMÁTICA: CIÊNCIAS DA SAÚDE

268 1. INTRODUÇÃO O mundo globalizado exige dos trabalhadores excessivas horas de trabalho, adaptação às novas tecnologias e atualização da mão-de-obra constante frente a um a um mercado cada vez mais restrito e competitivo. O modelo de produção atual se caracteriza pela busca de maior produtividade, em que as empresas têm como meta a redução de custos como forma de aumentar o seu poder de competitividade dentro de uma economia aberta globalizada (GUELFI, 2001). Atualmente, a Ginastica Laboral (GL) tem sido um instrumento para minimizar o estresse e a sobrecarga do trabalho, e principalmente como forma de melhoria ao bem-estar dentro das empresas. Mas, nota-se que o seu principal objetivo para a empresa é o aumento da produtividade do trabalhador, pois o funcionário bem disposto é o funcionário que produz mais e gera maiores lucros. O sistema capitalista tem contribuído para disseminação da prática da GL objetivando o acumulo maior de capital, por motivos econômicos. As empresas perceberam, diante dos benefícios da GL e aumento da produtividade, tem almejado a implantação de programas a fim de promover saúde na empresa. Os projetos de Ginástica Laboral nas empresas objetivam melhoria do padrão de qualidade de vida de seus funcionários, ou seja, saúde em todas os sentidos, seja mental, física ou social. Mental porque ameniza o estresse, reforça a autoestima, entre outros benefícios. Físico considerando- se os benefícios advindos de quaisquer atividades físicos. E social porque melhora as relações interpessoais no ambiente de trabalho, tornando-o mais feliz e agradável. Diversos estudos foram publicados apresentando os benefícios da GL, e enfatizam a melhoria da saúde física do trabalhador, reduzindo e revendo problemas ocupacionais, através de exercícios específicos que são realizados no próprio local de trabalho. Segundo os estudos, a prática desta atividade nas empresas é de grande importância, pois a empresa estará investindo na saúde dos seus trabalhadores, por meio de uma pausa durante a jornada de trabalho, bem como no início ou final do expediente de acordo com os objetivos e possibilidades da empresa, quebrando assim possíveis vícios posturais e o ritmo pesado do trabalho, levando ao trabalhador uma motivação para que possa trabalhar com mais motivação e concentração e consequentemente rendendo mais a empresa bem como, a sua saúde e aproximação dos colaboradores. Diante do exposto, questiona-se o quanto a GL pode trazer benefícios na produtividade e no bem estar. Quais as implicações da ginástica laboral do sistema de produtividade? Nesse sentido, este estudo objetiva investigar os benefícios da prática da Ginástica Laboral na produtividade e no bem estar do trabalhador. 2. FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA 2.1. Histórico da Ginástica Laboral A Ginástica laboral não é uma atividade recente. Há relatos deste tipo de atividade desde 1925, na Polônia, onde é chamada de ginástica de pausa e destinada a operários. Neste mesmo período, pesquisas foram realizadas na Bulgária, Alemanha Oriental e Holanda. Na Rússia, 150 mil empresas, envolvendo 5 milhões de funcionários, praticavam e ainda praticam a ginástica de pausa, adaptada a cada cargo. (CAÑETE, 2001)

269 A ginástica laboral realmente se desenvolveu no Japão, a partir de 1928, com funcionários dos correios que realizam diariamente a ginástica de pausa, visando o cultivo à saúde e como forma de lazer (PEREIRA, 2001). Segundo Cañete (2001), após a segunda guerra mundial, este hábito foi difundido por todo o país e, atualmente, um terço dos trabalhadores japoneses exercitam-se diariamente, tendo obtido como resultados, em 1960, a diminuição dos acidentes de trabalho, o aumento da produtividade e a melhoria do bem-estar geral dos trabalhadores. A grande aceitação e difusão da ginástica laboral no Japão devem-se à adaptação de um programa da Rádio Taissô, que consiste em exercícios específicos e rítmicos acompanhados por música própria, sendo realizada pela manhã diariamente, que é transmitida por pessoas especialmente preparadas, e é praticada nas fábricas, ambientes de trabalho e residências (PEREIRA, 2001). Segundo mesmo autor, a ginástica laboral foi introduzida no Brasil na década de sessenta, por intermédio de executivos nipônicos, nos estaleiros Ishiksvajima, Rio de Janeiro, onde ainda hoje, são realizadas as ginásticas. No Brasil existe a Federação do Rádio Taissô que coordena mais de 5000 praticantes, ligados a algumas entidades, estando presente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso do Sul. No Brasil, durante a década de 1930, ocorreram empreendimentos que ofereciam opções de esporte e lazer para os trabalhadores, como o Banco do Brasil (LIMA, 2005). De acordo com o mesmo autor, ocorreu uma proposta de exercícios baseada em análise biomecânica, sendo estabelecida pela FEEVALE (Federação de Ensino Superior) juntamente com o SESI (Serviço Social da Indústria), que implantaram a Ginástica Laboral Compensatória e de Recreação. Após o projeto realizado pela FEEVALE e SESI, a ginástica laboral ficou hibernando por um longo período. O projeto não evolui, pois o objetivo da pesquisa era de estudo e também de resultados que dessem suporte para seguir a diante com o projeto Definição A ginástica laboral desempenha papel de uma ginástica global, que trabalha a mente, o cérebro, o corpo e estimula o autoconhecimento, visto que aumenta a autoestima e consciência e proporciona um melhor relacionamento interpessoal e consigo mesmo, levando a uma verdadeira transformação das pessoas (MENDES e LEITE, 2005). A prática de exercícios físicos, realizada coletivamente, durante a jornada de trabalho, prescrita de acordo com a função exercida pelo trabalhador, tendo como finalidade a prevenção de doenças ocupacionais e promovendo o bem estar individual (LIMA, 2005). Segundo Baú, citado por Pinto (2003), a ginástica laboral constitui uma sequência de exercícios diários que objetivam normalizar as funções corporais para o melhor desenvolvimento do trabalho, reduzindo a possibilidade de instalações de patologias ocupacionais. Para Pereira (2001), ginástica laboral consiste em exercícios realizados no próprio ambiente de trabalho, onde monitores devidamente treinados realizam orientação e correções dos exercícios. A ginástica laboral é um programa de qualidade de vida e promoção do lazer, sendo realizado durante a jornada de trabalho pelos trabalhadores (MENDES e LEITE, 2005). Segundo mesmo autor, complementa que afirmando que é aplicada durante pausas no trabalho e realizada no próprio ambiente de trabalho. É também conhecida como atividade física na empresa, ginástica do trabalho, ginástica laboral compensatória ou ginástica de pausa. De acordo com Dias, citado por Militão (2001), a ginástica laboral é constituída de exercícios de pequena duração realizada durante pausas no trabalho, apresenta características

270 preventiva e terapêutica, visa reduzir acidentes de trabalho, evitar fadiga gerada pelo trabalho, prevenir patologias ocupacionais, corrigir vícios posturais, aumentar a disposição para a atividade ocupacional e promover integração pelos funcionários. Segundo Guerra, citado por Militão (2001), a ginástica do trabalho é um programa de prevenção e compensação, realizando uma preparação biopsicossocial, promovendo a saúde do trabalhador Objetivos da Ginástica Laboral Para Lima (2005), a ginástica laboral apresenta como objetivo promover adaptações fisiológicas, psíquicas e físicas através de exercícios dirigidos e realizados adequadamente. Adaptações fisiológicas, através de estímulos para o aumento das temperaturas corporais, teciduais, da circulação sanguínea durante a realização dos exercícios. Adaptações físicas, com a melhora da flexibilidade, mobilidade articular e posturas mais adequadas, Adaptações psicológicas, através da preocupação da empresa com o funcionário, alterações na rotina de trabalho e interação dos indivíduos entre colegas e com superiores Benefícios da Ginástica Laboral Segundo Zilli, citado por Pinto (2003), a ginástica laboral pode gerar vários benefícios fisiológicos, tais como: Aumento da circulação sanguínea e consequentemente, aumento da oxigenação do para o músculo, reduzindo os catabólicos; ganho da amplitude articular e da flexibilidade; melhora da postura, redução das tensões musculares; mantém o trabalhador mais disposto para o trabalho; melhora da coordenação motora; prevenção de lesões musculotendinosas e ligamentares; melhora do ânimo; melhora da força e resistência muscular; promove a adequação do organismo para o trabalho; prevenção da fadiga muscular; relaxamento da musculatura após o trabalho; correção dos desequilíbrios biomecânicos; equilíbrio do tônus muscular; redução da pressão intra-articula melhora do sinergismo agonista/antagonista; maior e melhor trabalho do coração periférico, ou seja, panturrilha; melhora da ventilação pulmonar ;melhora da respiração diafragmática; alongamento e relaxamento dos músculos acessórios da respiração; redução do acúmulo de secreção dos pulmões; desenvolvimento da consciência corporal; melhor gerenciamento das tensões. melhora da circulação venosa; melhora da agilidade e concentração, reduzindo riscos de acidentes no trabalho; 2.5. Modelo de Implantação Os problemas principais encontrados para a implantação de um programa de Ginástica Laboral, segundo Polito (2002) são: Convencer a direção das organizações que a pausa de 10 a 15 minutos para a ginástica não prejudica a produtividade; Desconhecimento dos participantes quanto à importância da ginástica interferindo em sua adesão ao programa; O descrédito quanto aos resultados da ginástica, considerando que são aulas de apenas 10 minutos (pausa-ativa) e Dificuldade em encontrar um local adequado para as aulas, considerando que as organizações não são uma academia e que os recursos existentes no local de trabalho devem ser explorados. Portanto, diante das necessidades e da realidade de cada organização o profissional de Educação Física precisa estar apto para em primeiro lugar fazer um trabalho investigativo para diagnosticar as possibilidades para desenvolver e implantar um projeto de um trabalho eficaz que evite gastos excessivos e aproveite os recursos disponibilizados e, conscientize a todos os envolvidos da importância das atividades em prol da qualidade de vida e prevenção

271 de doenças e acidentes. Segundo Costa Filho (2001), algumas avaliações devem ser realizadas antes da prática das atividades de Ginástica Laboral, desta maneira pode-se levantar o perfil dos funcionários. 3. METODOLOGIA A pesquisa foi feita através de questionários no sentido de investigar sobre benefícios da pratica da ginastica laboral dentro da empresa. A amostra composta por 22 funcionários, de ambos os sexos e idade de 18 a 56 anos, de uma empresa comercial ACIC- Associação Comercial Industrial Cataguases, da cidade de Cataguases- MG. Eles foram divididos em dois setores principais da empresa: administrativos e operacional. Um questionário semisestruturado foi aplicado pré-ginástica laboral e após o término do programa com a finalidade de avaliar questões relativas aos benefícios desta prática na empresa. A análise dos dados foi realizada pela estatística descritiva. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 4. ANÁLISE DE DADOS A amostra foi composta por 22 funcionários de ambos os sexos (54,54% mulheres), na faixa etária entre 19 a 56 anos. Os dados encontrados em relação a variável idade (conforme tabela 1) informam que a maioria dos funcionários são jovens e adultos, sendo que predominam as mulheres entre 18 a 23 e homens na faixa etária de 36 a 48 anos. Tabela 1: Masculino Feminino Funcionários Faixa etária 23 a 52 anos 18 a 56 anos Mais pontos dolorosos no corpo 6 12 Os que não têm nenhum ponto doloroso no corpo 4 - Fonte: Elaborada pela Autora. A amostra foi investigada quanto aos pontos dolorosos corporais antes da prática da Ginastica Laboral. Os resultados informam que 27,27% dos funcionários, do sexo masculino, apresentam regiões do corpo com dores, já os funcionários do sexo feminino todas apresentaram dores corporais. A amostra, conforme gráfico 1, informaram que os pontos doloridos se encontram principalmente na coluna cervical (17 funcionários) e lombar (16 funcionários), punho (9 funcionários), sendo que após o programa de GL 6 funcionários informaram que os pontos dolorosos haviam cessado. Gráfico 1: Pontos Dolorosos no corpo antes da pratica da GL

272 1% 9% 6% 11% 8% 14% 25% 26% coluna cervica coluna lombar punhos cabeça ombros joelho tornozelo Nenhum Fonte: Elaborada pela Autora. De acordo com os questionários, nota-se que a maioria da amostra apresentou melhoria na saúde e no trabalho com a pratica da Ginastica Laboral, sendo que somente 4 não tiveram resultado tão eficaz com sua pratica. Conforme o gráfico 2, verifica-se que os pontos dolorosos foram diminuídos. GRAFICO 2: Depois da prática há pontos doloroso no corpo Fonte: Elaborada pela Autora. Segundo Moraes, Moro e Aguiar (2001), os trabalhadores são alvo de inúmeras doenças ocupacionais, conseguiram comprovar que a prática da Ginástica Laboral dentro e fora do contexto organizacional contribui significante na redução de dores localizadas. Ao observar através os dados obtidos, percebe-se a importância da GL na melhoria da saúde ocupacional dos trabalhadores da ACIC- Associação Comercial Industrial Cataguases. 5. CONCLUSÃO A prática da Ginastica Laboral e importante para que possa aliviar dores musculares, com aproveito do rendimento dentro da empresa evidenciado na pesquisa. Conforme os objetivos propostos pelo estudo, dentro das limitações que a pesquisa apresentou e como resultado, pôde-se concluir que, através das questões, constatou-se que as áreas corporais de maior prevalência de dores são a coluna cervical e coluna lombar. Os resultados obtidos informam que 100% da amostra demonstraram-se satisfeitos com o projeto de ginástica laboral, mas 30% não apresentaram melhorias

273 A aplicação do programa de ginástica laboral mostrou que no Clube Comercial Industrial a ação foi eficaz e contribuiu para minimizar a presença dos sintomas de dor em algumas regiões, e dos pontos dolorosos no corpo. Futuros estudos podem concretizar a interferência da Ginástica Laboral na qualidade de vida dos trabalhadores e verificar outros parâmetros que demonstram as alterações causadas pela Ginástica Laboral nos trabalhadores. 6. REFERÊNCIAS CAÑETE, I. Humanização: desafio da empresa moderna. A ginástica laboral como um caminho. São Paulo: Ícone Editora, COSTA FILHO, Izaías. Ginástica laboral. Disponível em: < Acesso em: 15 Nov GUELFI, M. H.; Relação entre as lesões por esforços L.E.R. e a organização do trabalho; Monografia apresentada à conclusão do Curso de Especialização em Saúde Pública da Universidade Estadual do Oeste do Paraná; Cascavel, LIMA, V.; Ginástica laboral: Atividade física no ambiente de trabalho. 2. ed. São Paulo; Phorte, MENDES, R. A.; LEITE, N. Ginástica Laboral: Princípios e Aplicações Práticas; 1. ed. São Paulo; Manole, MILITÃO, A, J. A influência da ginástica laboral para a saúde dos trabalhadores e sua relação com os profissionais que a orientam; Dissertação de mestrado em Engenharia de Produção; Universidade Federal de Santa Catarina, MORAES, L. F. S.; MORO, A. R. P.; AGUIAR, A. de P. Avaliação postural e atividade física em motoristas de transporte coletivo; 3º Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde; Anais; Florianópolis; UFSC. p. 142, Nov., PEREIRA, C, A, R. A ginástica laboral em forma de treinamento como um dos fatores contribuintes para a saúde integral no ambiente de trabalho: interesses e opiniões dos funcionários da UNICRUZ. Monografia de especialização. Cruz Alta, POLITO, Eliane. Ginástica laboral: teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint, PINTO, A.C.C. S. Ginástica laboral aplicada à saúde do cirurgião dentista um estudo de caso na secretaria municipal de saúde de Florianópolis; Dissertação de mestrado em Engenharia de Produção; Universidade Federal de Santa Catarina,

274 Incidência de gols no Campeonato Brasileiro da Série A dos anos de 2015 e 2016: Qual a sua relação com a nutrição? Resumo O futebol é praticado por todas as nações sem exceção, sendo considerado o esporte mais popular em todo o mundo. O gol é sem dúvidas o ponto mais importante de uma partida de futebol, entretanto, essa modalidade esportiva envolve exercícios intermitentes e a intensidade do esforço físico realizado pelos seus participantes depende do posicionamento do atleta, qualidade do adversário e importância do jogo. Uma dieta equilibrada em macronutrientes e água é fundamental para atender às necessidades nutricionais, melhorar o desempenho e a recuperação pós exercício de jogadores de futebol e ainda é um dos fatores responsáveis pela melhora da performance e redução da fadiga. O presente estudo tem por objetivo fazer uma análise do tempo de incidência dos gols do campeonato brasileiro da série A dos anos de 2015 e 2016 e verificar a influência que os parâmetros nutricionais podem exercer para a sua ocorrência. Foram analisadas as 38 rodadas do campeonato brasileiro do ano de 2015 e as 33 rodadas que ocorreram no ano de 2016 e os gols foram classificados quanto ao tempo de incidência. No total foram marcados gols. A maior incidência ocorreu nos últimos vinte minutos da partida (22,5% em 2015 e 23,4% em 2016). São muitos os fatores que levam a ocorrência de gols durante uma partida de futebol, dentre eles destacam-se os aspectos nutricionais, como a ingestão adequada de carboidratos e água que podem colaborar para o bom desempenho físico de um atleta e prevenir a fadiga. Palavras-chave: Futebol, alimentação, fadiga, desidratação. Área Temática: Ciências da Saúde Autores: Luma de Oliveira Comini Filipe Gomide Carelli Ceres Mattos Della Lucia Giovani Blasi Martino Lanna Alexandre Duque Souza

275 Introdução A nutrição esportiva é uma ramificação da nutrição humana aplicada aos indivíduos que praticam modalidades esportivas e deve cumprir os diferentes ciclos do esporte: o treinamento, a competição, o descanso e a recuperação. Juntamente com os fatores genéticos e o treinamento, a nutrição é um dos fatores que marcam o rendimento esportivo (COLEMAN e NELSON, 2000). Uma dieta ótima fornece os nutrientes necessários em quantidades adequadas para a manutenção, reparo e crescimento dos tecidos sem uma ingestão excessiva de energia. A nutrição adequada traz inúmeros benefícios ao organismo, como: aprimoramento do desempenho atlético, otimização dos programas de condicionamento físico, aceleração da recuperação na vigência de fadiga e evita lesões além de colaborar para uma melhor recuperação destas. Além disso, é importante ressaltar que cada atleta e cada esporte possui demandas especiais e, portanto requerimentos nutricionais específicos (AOI, et al., 2006). O futebol ocupa um lugar importante no contexto esportivo contemporâneo, visto que não se trata apenas de um mero espetáculo, mas também um meio de Educação Física esportiva e um campo de aplicação das ciências biológicas (GARGANTA, 2002). Com mais de 256 milhões de praticantes, o futebol é considerado o esporte mais popular do mundo, e sua popularidade continua crescendo (FEDERATION INTERNATIONAL DE FOOTBALL ASSOCIATION, 2007). O desempenho no futebol é influenciado por uma série de fatores, de forma que pequenos detalhes podem determinar o sucesso ou o fracasso na modalidade (CORREA et al., 2002). Atualmente, os profissionais que trabalham no futebol buscam extrair o maior desempenho técnico, tático, físico e psicológico dos atletas, o que pode resultar em melhor desempenho dentro de campo (CAPINUSSU, 2006). O futebol é uma modalidade esportiva que possui diversos tipos de exercícios como saltos, corridas de alta intensidade, trotes, mudanças de direção dentre outros aspectos. A intensidade de exercício é variada, sendo 80 a 90 % aeróbios, e o restante anaeróbio como sprints de altíssima intensidade, no qual o período de recuperação é relativamente baixo para essas intensidades. Estes aspectos caracterizam o futebol como exercício intermitente, ou seja, intervalado (WILLIAMS e ROLLO, 2015). O porte físico dos atletas desta modalidade, o nível de aptidão física e a posição em que jogam podem influenciar no nível de desempenho da equipe, no que diz respeito a vitórias e derrotas em um campeonato (CECATO, et al, 2010). Ademais, a demanda de energia imposta pela quantidade de treinos e jogos requer que os jogadores de futebol consumam uma dieta balanceada em nutrientes, principalmente na adolescência, para alcançar suas necessidades de crescimento, manutenção de tecidos e para o desempenho de suas atividades intelectuais e físicas (PEZZI e SCHNEIDER, 2010; NUNES e JESUS, 2010). Nesse contexto, a nutrição juntamente com o treinamento pode ser uma excelente ferramenta para o sucesso de uma equipe em uma competição pois, quando bem orientada, pode reduzir a fadiga dos atletas e otimizar o nível de recuperação dos mesmos, resultando assim em manutenção da performance, além de ajudar na prevenção de lesões e consequentemente períodos de afastamento (AOKI, 2002). Diante do exposto, o estudo teve como objetivo analisar o tempo de incidência dos gols marcados durante o Campeonato Brasileiro da Série A dos anos de 2015 e 2016 e verificar a influência que os parâmetros nutricionais podem exercer para a sua ocorrência. Fundamentação Teórica

276 Futebol O futebol é o esporte mais popular em todo o mundo, sendo praticado por todas as nações, o jogo consiste de 90 minutos de duração, divididos em 2 tempos de 45 minutos, com 15 minutos de intervalo entre os períodos. Eventualmente, podem-se encontrar jogos com 2 períodos de 15 minutos de prorrogação e intervalo de 5 minutos (MOREIRA, 2001). O Campeonato Brasileiro da Série A é disputado no sistema de pontos corridos, de forma continua, em turno e returno, sendo 19 jogos de ida e 19 jogos de volta, sagrando-se campeão o clube que acumular o maior número de pontos ganhos em toda a disputa. Aspectos nutricionais relacionados ao futebol O treinamento e a nutrição são dois dos pilares para o êxito e um bom desempenho na carreira de todos os atletas. O gasto energético durante os treinos e jogos requer do jogador um consumo de uma dieta balanceada, que possibilite suprir suas necessidades nutricionais, lembrando que um déficit de nutrientes poderá implicar em perda de rendimento (SANZ-RICO et al, 1998). A quantidade e a qualidade do treinamento são fatores que influenciam o gasto energético do jogador de futebol. Esses atletas treinam em intensidade moderada a alta e por isso, tem necessidades energéticas diárias variando em torno de a 4.500kcal. A composição corporal é um aspecto importantíssimo para o nível de aptidão física de atletas profissionais de qualquer modalidade incluindo o futebol (PRADO, et al., 2006), visto que o excesso do tecido gorduroso age como peso indesejável em atividades como o futebol, no qual a massa corporal deve ser erguida repetidamente contra gravidade, podendo diminuir substancialmente o desempenho (OSTOJIC, 2003). Guerra, Neto e Tirapegui (2007), citam que é necessário ter uma alimentação adequada para que se obtenha um bom desempenho. E a adequação da dieta dos atletas é extremamente importante, pois além de contribuir para a manutenção da performance, também visa manter a composição corporal adequada e a saúde dos jogadores, colaborando também com a prevenção e recuperação de lesões. Carboidratos Através da dieta, os carboidratos tornam-se disponíveis para o nosso organismo. Após o processo de digestão são armazenados em forma de glicogênio muscular e hepático e sua falta leva a fadiga (ACHTEN et al., 2004). O glicogênio muscular e o hepático exercem papel fundamental na produção de energia durante o exercício intermitente, e a fadiga (incapacidade de manutenção em uma determinada potência, causando uma redução no desempenho) está frequentemente associada à depleção de seus estoques, sendo a exaustão evitada na presença de concentrações adequadas do mesmo (HARGREAVES, 1994). O consumo de carboidratos antes do exercício exerce papel fundamental nos estoques de glicogênio. O aumento da ingestão para aproximadamente 10g por kg de massa corporal nos dias que antecedem uma competição promove aumento dos estoques de glicogênio muscular e está associado com aumento da performance em eventos com duração maior que 90 minutos. O aumento da concentração de glicogênio muscular préexercício é uma das explicações para o aumento do desempenho (JENTJENS, 2000; JEUKENDRUP e JENTJENS, 2000). A ingestão de carboidratos durante o exercício, visando aumento da performance, deve ocorrer preferencialmente em exercícios com duração maior que 90 minutos e intensidade maior que 70% do VO2 máximo. Uma suplementação com carboidratos que

277 forneça de 40 a 65 g de carboidratos por hora mantém a concentração sanguínea de glicose e influencia positivamente o desempenho (JENTJENS et al., 2004). O consumo de carboidratos pós exercício tem sido associado à reposição dos estoques de glicogênio. Estudos demonstram que há uma relação direta e positiva entre a quantidade de carboidrato da dieta e o estoque de glicogênio pós exercício, ao menos até que a capacidade máxima de estoque muscular tenha sido alcançada (BURKE et al., 2004). Proteínas Alguns tipos de exercícios podem aumentar a oxidação de aminoácidos, principalmente os de cadeia ramificada (GUERRA et al., 2004). Quanto maior for o comprometimento do glicogênio muscular, maior será o uso de aminoácidos de cadeia ramificada (leucina, isoleucina e valina). Essa utilização será favorecida pela liberação de cortisol, cuja ação na célula hepática se traduz no aumento da disponibilidade destes aminoácidos (ANDRADE et al., 2006). A proteína contribui para o pool energético durante o repouso e o exercício, sendo que durante a atividade sua oxidação contribui cerca de 5 a 10% do fornecimento total de energia. Esse percentual pode dobrar se o fornecimento de energia e/ou carboidrato do atleta é insuficiente. Assim, os aminoácidos servem como fonte auxiliar de combustível durante exercícios intensos e de longa duração e, após sua oxidação, são irreversivelmente perdidos. A síntese proteica pode ser comprometida caso não ocorra a reposição, via alimentação, dos aminoácidos perdidos, acarretando com isso a diminuição do desempenho do atleta (LEMON, 1994). Lipídios Para os atletas, a presença da gordura na dieta é importante para atingir o total energético necessário e poupar o glicogênio muscular (SPRIETT, 2002). Além de apresentarem a maior reserva e o mais eficiente substrato em termos de fornecimento absoluto de energia, os lipídios juntamente com os carboidratos estabelecem uma relação conhecida como ciclo glicose-ácidos graxos, ou seja, uma interação entre os carboidratos e lipídios (AOKI e SEELAENDER, 1999). Hidratação A hidratação também é um fator importante que deve ser considerado antes, durante e depois do exercício (GALLOWAY, 1999). A hidratação antes do início do exercício e durante este parece melhorar o desempenho e; líquidos que contêm carboidrato são mais eficientes em aumentá-lo durante a atividade (MAUGHAN e LEIPER, 1999). Quando a temperatura e a umidade estão altas, a capacidade de desempenhar exercícios prolongados é reduzida. Nessa situação, problemas com a regulação térmica e a desidratação mais que a depleção dos estoques de energia podem causar a fadiga (MAUGHAN, 1992). Devido ao fato de o futebol ser esporte com duração de 90 minutos, geralmente ocorrem problemas associados à regulação térmica e ao balanço hídrico. Sabe-se que o treinamento físico associado ao estresse térmico aumenta o fluxo sanguíneo cutâneo e a produção de suor. O estado crônico de desidratação e o estresse térmico durante um jogo de futebol podem limitar o desempenho e ser prejudiciais ao jogador (; MAUGHAN e LEIPER, 1994). Metodologia Trata-se de um estudo transversal descritivo envolvendo o jogos do Campeonato Brasileiro da Série A (primeira divisão) dos anos 2015 e Neste estudo, foi analisado o tempo de incidência dos gols dos 710 jogos das 38 rodadas do campeonato brasileiro do ano de 2015 e das 33 rodadas da atual edição deste

278 Número de gols Anais do III Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: campeonato que conta com 20 equipes participantes. Estas equipes se enfrentaram em turno e returno, sendo uma competição de pontos corridos (ARTUSO, 2008). A coleta dos dados foi realizada a partir de três fontes esportivas de grande circulação: UOL Esporte ( Globo Esporte (globoesporte.globo.com); e Footstats ( Cada gol foi classificado de acordo com sua incidência durante o jogo, o qual foi dividido em seis períodos: 0-15 minutos; minutos; minutos (incluindo os acréscimos); minutos; minutos e (incluindo os acréscimos). Utilizou-se estatística descritiva, resultando em Frequência Absoluta (número de gols) e a Frequência Relativa (porcentagem de gols). Resultados e Discussão O Campeonato Brasileiro da Série A contou com 897 gols em sua edição de 2015 e com 796 gols até a 33ª rodada de sua edição de Em ambos os anos, mais de 20% dos gols em cada ano aconteceram nos últimos 15 minutos da partida, como mostram os gráficos abaixo. 210 Campeonato Brasileiro da Série A Tempo (min) Gráfico 1. Incidência temporal dos gols no Campeonato Brasileiro da Série A do ano de 2015 por períodos

279 % Número de gols Anais do III Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: Campeonato Brasileiro da Série A Tempo (min) Gráfico 2. Incidência temporal dos gols no Campeonato Brasileiro da Série A do ano de 2016 por períodos. Porcentagem de incidência de gols por período de tempo 25,0 22,5 23,4 20,0 15,0 10,0 10,6 12,8 15,2 13,4 17,4 16,6 17,1 17,7 16,6 16,7 5,0 0, Tempo (min) Gráfico 3. Porcentagem de gols ocorridos no Campeonato Brasileiro da Série A dos anos de 2015 e 2016 por períodos. A análise quantitativa de indicadores envolvidos no gol vem sendo amplamente descritos na literatura (CUNHA et al., 2001; DRUBSCKY, 2003; LEITÃO et al., 2003; SILVA; CAMPOS JÚNIOR, 2006; DI SALVO et al., 2007; RAMPININI et al., 2007; SILVA, 2007; DI SALVO et al., 2009), possibilitando que treinadores de futebol consigam entender quais as reais necessidades de sua equipe e podendo realizar mudanças durante a própria competição ou no período de preparação (SOUZA; FARAH; DIAS, 2012). Os resultados obtidos neste estudo revelaram que a maioria dos gols do campeonato brasileiro da série A dos anos de 2015 e 2016 ocorreram no segundo tempo (56,86% em 2015 e 57,53% em 2016), principalmente nos últimos minutos de jogo (76-90 min). Este resultado está em consonância com a maioria dos estudos sobre incidência de gols em competições disponíveis na literatura (LEITÃO et al., 2003; SILVA;

280 CAMPOS JÚNIOR, 2006; SILVA, 2007). Silva (2007), ao analisar 2902 partidas de oito campeonatos nacionais, observou que 55,8% dos gols aconteceram no segundo tempo e que 21,9% aconteceram nos minutos finais (76-90 min). A consequência desses resultados pode estar associada a um aumento visível do desgaste físico dos atletas no final do jogo. Di Salvo et al. (2007) observaram que corridas de intensidade moderada (11,1 a 14,1 km/h) são maiores no primeiro tempo, comparado ao segundo tempo, e que, em contrapartida, as corridas de menor intensidade (0 a 11 km/h) são maiores no segundo tempo. Assim, torna-se importante uma preparação física adequada e a busca de intervenções nutricionais que visem minimizar os efeitos da fadiga (LEITÃO et al., 2003; SILVA; CAMPOS JÚNIOR, 2006; SILVA, 2007). Durante uma partida de futebol, muitos fatores influenciam o desempenho dos atletas como, as características globais (peso, altura, idade) do jogador, o grau das habilidades técnicas e táticas, o preparo físico e a extensão e qualidade do treinamento (BAUER, 1993). Os jogadores percorrem durante um jogo aproximadamente 11 quilômetros, sendo que a média da distância coberta no primeiro tempo é 5% maior que a do segundo tempo. Em geral, a distância percorrida pelo jogador depende da qualidade do oponente, de considerações táticas e da importância do jogo (GUERRA; SOARES; BURINI, 2001). O glicogênio muscular desempenha papel-chave na produção de energia durante o exercício e a fadiga está frequentemente associada à depleção de seus estoques, sendo a exaustão evitada na presença de concentrações adequadas do mesmo (SCHOKMAN; RUTISHAUSER; WALLACE, 1999; CLARK, 1994; BANGSBO; LINDOVIS, 1992). Em partidas de futebol, observa-se uma diminuição acentuada nos níveis de glicogênio muscular, principalmente na segunda metade do jogo, elevando-se assim o número de erros de passes, a diminuição da distância percorrida e, ainda, um aumento na incidência de lesões do aparelho locomotor, sendo de fato, prejudicial o baixo consumo desse nutriente pelos jogadores (PRADO et al., 2006). Leatt e Jacobs (1989) verificaram que jogadores que tomaram bebida contendo glicose 10 minutos antes do jogo percorreram distância 25% maior que os que ingeriram placebo. Assim, a ingestão de carboidratos não só antes, mas também durante o jogo, resulta em melhora no desempenho físico nos exercícios de longa duração (GUERRA; SOARES; BURINI, 2001). Outro aspecto a ser considerado durante uma partida de futebol é a perda hídrica. A perda de água pela sudorese durante o exercício em níveis elevados pode levar o organismo à desidratação, com aumento da osmolalidade, da concentração de sódio no plasma e diminuição do volume plasmático que consequentemente gera uma menor capacidade de redistribuição do fluxo sanguíneo, menor sensibilidade hipotalâmica para a sudorese e menor capacidade aeróbica para a realização de atividades físicas aeróbicas (MACHADO-MOREIRA et al., 2006). Quando a temperatura e a umidade estão elevadas, a capacidade de desempenhar exercícios prolongados reduz. Nessa situação, problemas com a regulação térmica e a desidratação, mais que a redução dos estoques de energia, pode causar fadiga (GUERRA; SOARES; BURINI, 2001). A perda hídrica pode comprometer a corrida contínua, a intermitente e pode piorar o desempenho das habilidades no futebol. Mesmo uma leve desidratação (1% de massa corporal), pode aumentar o esforço cardiovascular e limitar a capacidade corpórea de transferir calor dos músculos em contração para a superfície da pele para ser dissipado para o ambiente e perdas hídricas maiores que 5% do peso corporal podem diminuir a capacidade física em 30% (KIRKENDALL, 2005; PERRELA; NORIYUKI; ROSSI, 2005)

281 Além de o futebol ser um esporte em que não há intervalos regulares que permitam o consumo de líquidos durante o decorrer do jogo, segundo McArdle, Katch e Katch (2003), alguns técnicos e atletas acham que a ingestão de água prejudica o desempenho. A maioria dos indivíduos só repõe voluntariamente cerca de metade da água perdida durante o exercício (<500 ml/h). A ingestão de água durante o exercício é também limitada pelo tempo de esvaziamento gástrico, já diminuído devido à alta intensidade em que o exercício é realizado (GUERRA; SOARES; BURINI, 2001). Conclusão Existem diversos fatores que influenciam a ocorrência de gols durante uma partida de futebol e todos esses aspectos devem ser investigados mais profundamente. No entanto, além de aspectos táticos, técnicos e psicológicos dos jogadores e equipe como um todo, é importante que se leve em consideração os aspectos nutricionais de cada indivíduo já que a nutrição é um dos motivos chaves para o bom desempenho físico de um atleta. Os profissionais responsáveis pela preparação dos jogadores devem estar mais atentos com a alimentação dos seus atletas a fim de obter o melhor desempenho possível. Além disso, faz-se necessário mais estudos na área para que... Referências Bibliográficas ACHTEN, J.; HALSON, S. L.; MOSELEY, L.; RAYSON, M. P.; CASEY, A.; JEUKENDRUP, A. E. Higher dietary carbohydrate content during intensified running training results in better maintenance of performance and mood state. Journal of Applied Physiology, v. 96, nº 4, p , ANDRADE, P. M. M.; RIBEIRO, B. G.; TAVARES DO CARMO, M. G. Role of lipids on metabolism during exercise. MN Metabólica, v. 8, nº 4, p , AOI, W.; NAITO, Y.; YOSHIKAWA, T. Exercise and functional foods. Nutrition Journal, v. 5, nº 15, AOKI, M. S. Fisiologia, Treinamento e Nutrição aplicados ao Futebol. Jundiai: Fontoura, p. AOKI, M. S.; SEELAENDER, M. C. L. Suplementação Lipídica para atividades de endurance. Revista Paulista de Educaçao Fisica, v. 13, nº 2, p , BANGSBO, J.; LINDOVIST, F. Comparison of various exercise tests with endurance performance during soccer in professional players. International Journal of Sports Medicine, v.13, p , BAUER G. Soccer: techniques, tactics & teamwork. New York. Sterling BURKE, L.M.; KIENS, B.; LVY, J.L. Carbohydrate and fat for training and recovery. Journal of Sport Science, v. 22, p , CAPINUSSÚ, J. M. Manifestações interdisciplinares no esporte. Revista de Educação Física, Rio de Janeiro, n. 135, p , nov CECATO, C. G.; HERTEL, P. M.; GONÇALVES, F. M.; MARTINEZ, C. M; NAVARRO, F. A importância da ingestão adequada de carboidratos para jogadores de futebol. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo, v. 4, nº 22, p , CLARK, K. Nutritional guidance to soccer players for training and competition. Journal of Sports Science, v. 12, Suppl p. S43-S50, COLEMAN, E.; NELSON, S. Ultimate Sports Nutrition. Bull Publishing Company, CORREA, D. K. A. ALCHIERI, J. C.; DUARTE, R. L. S.; STREY, M. N.. Excelência na produtividade: a performance dos jogadores de futebol profissional

282 Revista Psicologia: reflexão e critica, Porto Alegre, v.15, n. 2, p , maio/ago CUNHA, S. A.; BINOTTO, M. R.; BARROS, R. M. L. Análise da variabilidade na medição de posicionamento tático no futebol. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v.15, p , jul./dez DI SALVO, V.; BARON, R.; TSCHAN, H.; CALDERON MONTERO, F. J.; BACHL, N.; PIGOZZI, F. Analysis of high intensity activity in premier league soccer. International Journal of Sports Medicine. New York, v. 30, n. 3, p , mar DI SALVO, V.; BARON, R.; TSCHAN, H.; CALDERON MONTERO, F. J.; BACHL, N.; PIGOZZI, F. Performance characteristics according to playing position in elite soccer. International Journal of Sports Medicine, New York, v. 28, n. 3, p , mar DRUBSCKY, R. O universo tático do futebol: escola brasileira. Belo Horizonte: Health, FEDERATION INTERNATIONAL DE FOOTBALL ASSOCIATION. Football Worldwide 2000: official FIFA survey GALLOWAY, S. D. Dehydration, rehydration, and exercise in the heat: rehydration strategies for athletic competition. Canadian Journal of Applied Physiology, v. 24, , GARGANTA, J. Competência no ensino e treino de jovens futebolistas. Revista Digital - Buenos Aires, v. 8, nº 45, p. 1-3, Fev GUERRA, I.; SOARES, E. A.; BURINI, R. C. Aspectos nutricionais do futebol de competição. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 7, nº 6, p , GUERRA, I; NETO, T. B; TIRAPEGUI, J. Necessidades dietéticas de jogadores de futebol: uma revisão. Revista Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição. v. 28, p.79-90, HARGREAVES, M. Carbohydrate and lipid requerements of soccer. Journal of Sport Science, v. 12, p , JENTJENS, R.; MOSELEY, L.; WARING, R. H.; HARDING, L. K.; JEUKENDRUP, A.E. Oxidation of combined ingestion of glucose and fructose during exercise. Journal of Applied Physiology, v. 96, p , JENTJENS, R.; JEUKENDRUP, A. Determinants of post exercise glycogen synhesis during short-term recovery. Sport Medicine, v. 33, p , JEUKENDRUP, A. E.; JENTJENS, R. Oxidation of carbohydrate feedings during prolonged exercise: current thoughts, guidlines and directions for future research. Sport Medicine, v. 29, p , KIRKENDALL, D. T. Creatina, carboidratos e líquidos: qual a importância nutricional no futebol? Gatorade Sports Science Institute, nº 43, p.1-6, LEATT, P. B.; JACOBS, I. Effect of glucose polymer ingestion on glycogen depletion during a soccer match. Canadian Journal of Sports Science, v. 14, p , LEITÃO, R. A. A.; GUERREIRO JÚNIOR, F. C.; MORAES, A. C. Análise da incidência de gols por tempo de jogo no campeonato brasileiro de futebol 2001: estudo comparativo entre as primeiras e últimas equipes colocadas na tabela de classificação. Conexões: revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v. 1, n. 2, nov LEMON, P.W. Protein requirements of soccer. Journal of Sports Science, v. 12, p ,

283 MACHADO-MOREIRA, C. A.; VMEIRO-GOMES, A. C.; SILAMI-GARCIA, E.; RODRIGUES, L. O. C. Hidratação durante o exercício: a sede é suficiente? Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 12, nº 6, p , MAUGHAN, R. J.; LEIPER, J. B. Fluid replacement requirements in soccer. Journal of Sports Science, v. 12, Suppl. S29-S34, MAUGHAN, R. J.; LEIPER J. B. Limitations to fluid replacement during exercise. Canadian Journal of Applied Physiology, v. 2, p , MAUGHAN, R. J. Fluid balance and exercise. International Journal of Sports Medicine, v. 13, p , MCARDLE, W, D; KATCH, F, I; KATCH, V, L. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 5ª edição. Guanabara Koogan Moreira, G. M. D.; A influência do Gramado Molhado sobre o Desempenho em um Teste Progressivo para Jogadores de Futebol [DISSERTAÇÃO de MESTRADO]. Caxias do Sul: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, NUNES, M. L.; JESUS, M. N. L. aspectos nutricionais e alimentares de jogadores adolescentes de futebol de um clube esportivo de caxias do sul RS. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 4. n. 22. p Julho/Agosto OSTOJIC, M.S. Seasonal Alterations in Body Composition and Sprint Performance of Elite Soccer Players. Journal of Exercise Physiology, v. 6, nº 3, p , PERRELA, M. M.; NORIYUKI, P. S.; ROSSI, L. Avaliação da perda hídrica durante treino intenso de rugby. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 11, nº 4, p , PEZZI, F.; SCHNEIDER, C. D. Ingestão energética e de macronutrientes em jogadores de futebol. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 4, n. 22, p Julho/Agosto, PRADO, W.L.; BOTERO J. P.; GUERRA, R. L. F.; RODRIGUES, C. L.; CUVELLO, L. C.; DÂMASO, A. R. Perfil antropométrico e ingestión de macronutrientes en los atletas de fútbol profesional brasileños, de acuerdo con sus posiciones. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 12, nº 2, p , RAMPININI, E. IMPELLIZZERI, F. M.; CASTAGNA, C.; COUTTS, A. J.; WISLOFF, U. Technical performance during soccer matches of the Italian Serie A league: effect of fatigue and competitive level. Journal of science and medicine in Sport/Sports Medicine Australia, Camberra, v. 12, n. 1, p , jan SANZ-RICO, J.; FRONTERA, W. R.; MOLÉ, P. A.; RIVERA, M. A.; RIVERA- BROWN, A.; MEREDITH, C. N. Dietary and performance assessment of elite soccer players during a period of intense training. International Journal of Sport Nutrition, v. 8, p , SILVA, C. D. Gols: uma avaliação no tempo de ocorrência no futebol internacional de elite. Lecturas Educación Física y Deportes, Buenos Aires, v. 112, p. 1-7, set SILVA, C. D.; CAMPOS JÚNIOR, R. M. Análise dos gols ocorridos na 18ª Copa do Mundo de futebol da Alemanha Lecturas Educación Física y Deportes, Buenos Aires, v. 101, p. 1-8, out SOUZA, E. L. N.; FARAH, B. Q.; DIAS, R. M. R. Tempo de incidência dos gols no Campeonato Brasileiro de Futebol Revista Brasileira de Ciências do Esporte [online], v.34, nº.2, p , SPRIETT, L.L.; e colaboradores. Regulation of skeletal muscle fat oxidation during exercise in humans. Medicine Science and Sports Exercise, v. 34, nº 1, p ,

284 WILLIAMS, C.; ROLLO, I. Carbohydrate nutrition and team sports performance. Sports Science Exchange, v. 28, n. 140, p. 1-7,

285 Local e Incidência Temporal dos Gols no Campeonato Brasileiro 2015 Série A e B FILIPE GOMIDE CARELLI 1,4 LUMA OLIVEIRA COMINI 2 ALEXANDRE DUQUE SOUZA 2,4 GIOVANI BLASI MARTINO LANNA 3 CERES MATTOS DELLA LUCIA 2 1 Universidade Estácio de Sá - UNESA Minas Gerais Brasil. 2 Universidade Federal de Viçosa UFV - Minas Gerais Brasil. 3 - Faculdade Presidente Antônio Carlos - Visconde do Rio Branco - FUPAC/VR Minas Gerais Brasil. 4 Viçosa Esporte e Lazer VEL Minas Gerais Brasil. Resumo Introdução: O Futebol é uma modalidade complexa e muitos fatores podem levar ao gol. Pesquisas acerca do gol mostram existir momentos críticos dentro da partida, onde os gols acontecem com maior frequência. Objetivo: Analisar a incidência temporal e local dos gols no Campeonato Brasileiro da Série A e B de 2015 e comparar os dois torneios para verificar se o nível técnico pode resultar em diferenças na distribuição temporal dos gols e no local onde foram marcados. Materiais e Métodos: O estudo é descritivo. Analisou-se 760 jogos das 40 equipes participantes. A coleta dos dados foi realizada de sites de grande veiculação. Cada gol foi classificado de acordo com sua incidência em um dos seis períodos: 0-15 minutos; minutos; minutos (incluindo os acréscimos); minutos; minutos e (incluindo os acréscimos) e quanto ao local do gol (dentro ou fora da área). Resultados: O Campeonato Brasileiro da Primeira divisão teve um total de 897 gols em 380 partidas. Média de 2,36 gols por jogo. Já na segunda divisão do campeonato nacional, ocorreram 925 gols nas 380 partidas. Média de 2,43 gols por jogo. Na comparação entre os dois torneios, ambos tiveram mais gols no segundo tempo, nos últimos quinze minutos de jogo e gols feitos dentro da área. Conclusão: A maioria dos gols ocorreram na segunda etapa da partida com enfâse nos ultimos quinze minutos do jogo. Mais de 80% dos gols aconteceram dentro da area em ambas competições. Não houve diferença sgnificativa entre os resultados encontrados nas duas comeptições. Palavras-Chave: Tempo de Ocorrência; Campeonato Brasileiro; Futebol. Área Temática: Ciências da Saúde

286 INTRODUÇÃO O futebol é um dos esportes mais praticados de todo o mundo. Atualmente ultrapassa 190 o número de países afiliados à Federation International of Football Association - FIFA, onde mais de 60 milhões de jogadores estão registrados. Um grande impulso para que o futebol começasse a ser estudado com informação vinda dos conhecimentos científicos foi o fato de os clubes contarem com equipes multidisciplinares especializadas, formadas por fisiologistas do exercício, nutricionistas, treinadores, médicos, fisioterapeutas, psicólogos esportivos e outros (MASCARA et al., 2010). O conhecimento dos eventos que ocorrem durante o jogo pode ser uma ferramenta interessante para preparação das equipes (GARGANTA, 2001; LEITÃO et al., 2003; KUHN, 2005; SILVA, 2006). Silva (2006) destaca que a relevância de estudar os detalhes do futebol está diretamente ligada com a evolução do esporte. Isto possibilita melhorar as formas de treinamento e preparação das equipes, consequentemente, melhorar o nível dos jogos e aumentar as chances de cada equipe manter se competitiva. O principal objetivo do futebol é a marcação do gol. Segundo Drubscky (2003) o gol é o grande espetáculo da partida, logo existem vários estudos que exploram a origem do gol, ocorrência e como foi realizada a execução dos gols. Os resultados e conclusões dessa pesquisa podem propiciar importantes informações para técnicos e comissões técnicas, capazes de influenciar no aprimoramento e surgimento de novas estratégias que possam embasar seus trabalhos. Contribuindo assim para a evolução da modalidade (SOUZA; FARAH; DIAS, 2012; CARELLI et al., 2015a;). O Campeonato Brasileiro é o torneio mais importante disputado no Brasil. Atualmente ele possui 4 divisões (série A, B, C e D). A origem de um campeonato disputado por clubes do Brasil com o status de campeonato nacional começou em 1959, sob o nome de Taça Brasil. Essa nomenclatura do alterou ao longo dos anos. Nomes como Torneio Roberto Gomes Pedrosa/Taça de Prata, Campeonato Nacional de Clubes, Copa Brasil, Taça de Ouro e Copa União formam usado. A partir de 1989, passou a se chamar Campeonato Brasileiro de Futebol, menos na edição de 2000 quando foi denominado de Copa João Havelange. Em 2003 começou o sistema de pontos corridos, e desde então não temos mais as fases finais com eliminatórias. A Confederação Brasileira de Futebol CBF organiza o torneio desde 1980 e premia os melhores classificados da competição com vagas para a Copa Libertadores da América. Uma caraterística do campeonato Brasileiro foi a alternância do modelo do torneio e do número de equipes participantes, com tudo, em 2006 a CBF, objetivando melhorar a organização do campeonato definiu que a série A e B seriam disputadas por 20 clubes no sistema de pontos corridos, todos jogando contra todos, sendo um jogo como mandante e outro como visitante. Ganha a competição o time que somar mais pontos no final da 38ª rodada. Na Série B, os quatro primeiros colocados ganham direito de jogar a Série A do próximo ano. Enquanto os quatro últimos, são rebaixados para a série C. Na Série A, os seis primeiros ganham o direito de jogar a Copa Libertadores da América, maior competição do Futebol Sulamericano. Os quatro últimos são rebaixados para a Série B do ano seguinte. O objetivo principal do presente estudo é analisar a incidência temporal e o local dos gols ocorridos no Campeonato Brasileiro da Séries A e B do ano de O objetivo secundário é fazer uma comparação entre as duas divisões do Campeonato Brasileiro para entender se o nível da competição pode ser um fator diferencial para a ocorrência dos gols

287 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O Futebol é o esporte mais praticado em todo o mundo (TOMAS et al., 2005). Nesse esporte o detalhe faz a diferença haja vista que várias demandas interferem no desempenho do atleta ( LEITÃO et al., 2003; CARELLI et al., 2015a;). O Principal momento do jogo é o gol. Ele é o ponto máximo de emoção do jogo, além de definir o resultado do confronto (GOMES et al., 2011). Demandas multifatoriais, de natureza física, tática, técnica, psicológica e nutricional podem se desequilibrar no momento do gol (SILVA, 2007; FLEURY; GONÇALVES; NAVARRO, 2009; CARELLI et al., 2015b). Tendo isso em vista, se tornou importante e frequente estudos sobre esse momento do jogo (JUNIOR, 2015). Estudos dessa natureza, visam fornecer dados e subsídios para os treinadores e comissões técnicas na preparação das equipes (MASCARA et al., 2010). Das demandas multifatores citadas a cima, a literatura tem abordado mais o viés fisiológico, haja vista que os estudos têm encontrado que os gols acontecem com maior ênfase no segundo tempo de jogo do que no primeiro (SILVA; CAMPOS JÚNIOR, 2006; JUNIOR, 2015). A literatura, tem associados esses achados com a queda do nível do glicogênio muscular, que leva os atletas para um estado de fadiga, explicando o desequilíbrio no rendimento dos atletas no decorrer do jogo (SILVA; CAMPOS JÚNIOR, 2006; ALGHANNAM. A., 2012). Toda via, esse desgaste em teoria ocorre para os dois times, sendo assim, essa explicação passa a não ser a única possível (REILLY, 1997). Outras demandas, como a psicológica, nutricional, tática e técnica, apesar de muito citada vem sendo pouco explorada na literatura, que concentra mais sua atenção na parte física. Por se caracterizar como um esporte que depende do equilíbrio de todos esses fatores, o Futebol se define a partir do equilíbrio ou desequilíbrio das demandas e se torna crucial a obtenção de informações acerca do gol (FLEURY; GONÇALVES; NAVARRO, 2009; RAMOS; OLIVEIRA JÚNIOR, 2008; SILVA, 2007). Uma descoberta interessante da literatura é que uma porcentagem elevada dos tentos acontece nos últimos 15 minutos (JUNIOR, 2015). O que leva a crê na existência de momentos críticos dentro da partida, onde acontecem desequilíbrio entre esses fatores (SOUZA; FARAH; DIAS, 2012; CARELLI et al., 2015b). A literatura ainda está em construção sobre essa temática, mas alguns pesquisadores já levantaram algumas questões analisando torneios de diferentes níveis, locais, divisões e formatos (SILVA, 2006; MASCARA et al., 2010; JUNIOR, 2015). Silva fez contribuições acerca deste tema (SILVA, 2006, 2007; SILVA; CAMPOS JÚNIOR, 2006). Em dois desses trabalhos, o pesquisador contou com uma amostra de mais de 2800 partidas de oito torneios nacionais disputados em continentes distintos nas temporadas 2004/05. Foi encontrado que 55% dos gols aconteceram no segundo tempo, sendo que 21,78% deles nos últimos 15 minutos. Em seu trabalho em parceria com Campos Júnior, a amostra foi a Copa do Mundo de Nele, além de ser avaliado o tempo de ocorrência dos gols, também foi acrescentado o local do gol (dentro e fora da área), a origem (Bola rolando, falta, escanteio e pênalti) e parte do corpo. Os resultados encontrados foram: 53% dos gols foram na segunda etapa e 29% nos últimos 15 minutos. Os gols também ocorreram na sua maioria dentro da área (82%) e de bola rolando (80%). Outros autores também estudaram gols marcados por seleções em copas do mundo, copas continentais e classificatória para Copa do Mundo. Ramos (2008) analisando a Eurocopa

288 encontrou que 64% dos gols ocorreram com bola rolando. Já Santos (2015) analisou todos os jogos continentais da fase de classificação para a Copa do Mundo de O pesquisador encontrou que, a maioria dos gols aconteceu no segundo tempo em todos os continentes e que em 5 confederações os gols aconteceram com maior ênfase nos 15 últimos minutos. Fleury, Gonçalves e Navarro (2009) fizeram uma descoberta interessante em um estudo com a Copa do Brasil de Percebeu-se uma quantidade maior de gols no segundo tempo, corroborando coma literatura, contudo, o período de minutos teve o mesmo número de gols do que o período minutos, indo contra o que outros autores encontraram. Três autores trabalharam com o Campeonato Brasileiro. Tanto na edição de 2009 quanto na de 2008, os gols aconteceram mais no segundo tempo com ênfase nos últimos 15 minutos (GOMES et al., 2011; SOUZA; FARAH; DIAS, 2012). O mais recente estudo, também colheu resultados semelhantes, entretanto, os pesquisadores separaram os gols marcados nos acréscimos (após os 45 do primeiro tempo e após os 90 do segundo tempo) e relataram que isso diminuiu consideravelmente a porcentagem dos gols feitos nos últimos 15 minutos. O resultado deste estudo foi de 18% dos gols feitos nesse período (CAMPOS; DREZNER; CORTEZ, 2015). Haffner e Stivam (2013) e Mascara et al. (2010) analisaram o campeonato Paulista de Futebol, também encontrando resultados similares ao da literatura, mas chama atenção o segundo trabalho, onde os autores fizeram uma comparação entre as três primeiras divisões do Paulistão e perceberam que essa tendência dos gols acontecerem com mais ênfase no segundo tempo e nos últimos 15 minutos se manteve em todas as divisões. Silva e Alves (2012) ao analisar outro campeonato estadual, dessa vez o de Pernambuco, encontraram resultados semelhantes ao de São Paulo, onde os gols aconteceram mais no segundo tempo do jogo, com um destaque para os últimos minutos das partidas. Perceber, ao final desse tópico que, não importa o nível da competição, divisão do torneio ou se é disputada por time ou seleção, tem-se verificado que, os últimos 15 minutos do jogo como um momento crítico da partida, onde a maior parte dos gols acontecem, seja pelo desgaste psicológico, físico, nutricional, técnico ou tático. METODOLOGIA Neste estudo analisou-se o tempo de ocorrência e a local dos gols dos 760 jogos das 40 equipes que participaram do Campeonato Brasileiro da série A e B no ano de A amostra contou 897 gols da Série A e 925 da Série B, totalizando 1822 tentos. A pesquisa é caraterizada como descritiva (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2009). A coleta de dados foi retirada de sites esportivos de grande veiculação como Footstats ( Globo esporte ( e Resultados.com ( Para caracterização dos gols, em termos de tempo, o jogo foi dividido em seis partes: 0-15 minutos; minutos; minutos (incluindo acréscimos); minutos; minutos e minutos (incluindo acréscimos). Para caracterizar local dos gols, eles foram classificados como Dentro da Área e Fora da Área. Utilizou-se estatística descritiva, resultando em Frequência Absoluta (número de gols) e a Frequência Relativa (porcentagem de gols)

289 RESULTADOS SÉRIE A X SÉRIE B O Campeonato Brasileiro da Primeira divisão teve um total de 897 gols em 380 partidas. Média de 2,36 gols por jogo. Já na segunda divisão do campeonato nacional, ocorreram 925 gols nas 380 partidas. Média de 2,43 gols por jogo. Analisando a ocorrência de gols por tempo da partida percebe-se que, 57% deles (n=510 gols) aconteceram na segunda etapa na Série A, enquanto na série B resultados por tempo de jogo também reforçaram os dados achados da literatura, onde os gols são maioria no segundo tempo de jogo. 58% (n= 539 gols) dos tentos ocorreram na segunda etapa de jogo (ver figura 1). Série B 41,73 58,27 Série A 43,14 56,86 0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 2º Tempo 1º Tempo Figura 1- Comparação dos gols por tempo de jogo entre séria A e B de Junior (2015), em seu trabalho de revisão acerca das evidências sobre o gol no Futebol, encontrou que 55% dos gols acontecem no segundo tempo. A literatura atribui esses dados ao declínio físico gerado pelo esforço da partida, porém, o esforço físico não é o único fator que explica esse resultado, uma vez que, a fadiga acontece para todos os atletas (SILVA, 2006; SOUZA; FARAH; DIAS, 2012). Ao analisar os gols mais detalhadamente pelos intervalos de 15 minutos encontrou-se que 22,52% (n=202 gols) e 22,59% (n=209 gols) deles, respectivamente na primeira e segunda divisão, aconteceram no período de minutos. O intervalo de 0-15 minutos, foi em ambos os torneios, o período com menos gols (ver figura 2)

290 Gols Anais do III Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: Série A Série B Intervalo de Tempo Figura 2 -Comparação entre série A e B pelos intervalos de 15 minutos Percebe-se que na comparação entre série A e B, não aconteceu diferença entre a ocorrência temporal dos gols, nem quando se considera primeiro e segundo tempo, nem quando se avalia por intervalos de 15 minutos. Estudo sobre as três primeiras divisões do Campeonato Paulista reforçam nossos indícios de que o nível técnico não interfere na acontecimento temporal dos gols (MASCARA et al., 2010). Com relação a local do gol, apresenta-se uma grande maioria dos gols nos dois torneios (Mais de 80%) feitos dentro da área (ver figura 3). Na Série B, ocorreu mais gols de fora da área do que na série A, todavia, esse número não foi significativo. 100,00 90,00 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 86,96 13,04 Série A Dentro da Área 84,43 15,57 Série B Fora da Área Figura 3 Local dos gols: Comparação entre série A e B CAMPEONATO BRASILEIRO SÉRIE A E B Na soma das duas principais competições do futebol nacional tem-se 1822 gols marcados, gerando uma média de 2,4 gols por jogo. Na classificação em relação ao tempo da partida, apresenta-se 58% (n=1049) dos gols na segunda etapa (ver figura 4)

291 Gols Anais do III Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: Os achados deste estudo estão em consonância com os resultados encontrados por Silva (2006), que analisou oito campeonatos nacionais em dois continentes diferentes. Em todos os torneios analisados, os gols aconteceram na sua maioria no segundo tempo de jogo. 58% 42% 1º Tempo 2º Tempo Figura 4 - Gols por tempo de jogo na Primeira e Segunda divisão do Brasileirão. Observando os gols a cada 15 minutos, novamente encontra-se que eles ocorreram com maior ênfase nos últimos 15 minutos de jogo. 22,56 % deles (n=411) aconteceram nesse momento (ver figura 5). O que evidencia a necessidade maior preparação física, mental e nutricional para o melhor desempenho nas fases finais dos jogos Tempo Figura 5 - Ocorrência dos Gols a cada 15 minutos nas Séries A e B Estudos com edições passada do mesmo campeonato analisado neste estudo, também encontrou resultados semelhantes ao do presente estudo (GOMES et al., 2011; SOUZA;

292 FARAH; DIAS, 2012 CAMPOS; DREZNER; CARELLI et al., 2015a; CORTEZ, 2015). A literatura tem explicado esses resultados argumentando que a fadiga gerada pela redução do glicogênio muscular resulta em piques mais breves e saltos menos potentes, levando ao desequilíbrio das demandas (SILVA, 2007; MASCARA et al., 2010). Entretanto, um estudo sobre a Copa do Brasil de 2007, não encontrou diferença de gols entre o momento minutos com o minutos. Trabalhos futuros deveriam investigar se o formato da competição pode influenciar nesse comportamento, haja vista que, a Copa do Brasil, além de ser uma competição eliminatória, tem como uma das suas regras o gol qualificado (FLEURY; GONÇALVES; NAVARRO, 2009). Com relação a Local dos gols na soma das duas divisões, 85,68% (n=1561) dos gols aconteceram dentro da área (ver figura 6). Um estudo com o Campeonato Brasileiro de 2008, evidenciou que a maior parte dos gols acontecem dentro da área, e que nos últimos 15 minutos essa tendência aumenta, pois, as equipes passam a buscar mais o resultado. Esse desequilibro gera mais oportunidades que se apresentam como bolas alçadas na área e contra ataques rápidos (SOUZA; FARAH; DIAS, 2012). 14% 86% Dentro da Área Fora da Área Figura 6 - Origem dos gols no Campeonato Brasileiro A e B 2015 CONCLUSÃO Pode-se concluir que nas duas principais divisões do Campeonato Brasileiro de 2015 os gols foram maioria no segundo tempo, com ênfase nos 15 minutos finais. Constatou-se também que a grande maioria dos gols foi marcado dentro da área. Na Comparação feita entre as duas competições, pode-se perceber que tanto na apreciação por tempo de jogo, quanto por períodos de 15 minutos e pelo local do gol, não houve diferença significativa entre os torneios, o que indica que o resultado está em consonância com a literatura e o nível técnico não parece influenciar no momento do gol e nem na sua localidade

293 Sugere-se para futuros trabalhos abordar mais a fundo como cada fator interfere para essa grande ocorrência de gols nos momentos finais dos jogos e assim, poder propor uma maneira eficiente de maximizar os resultados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALGHANNAM. A. Metabolic limitations of performance and fatigue in football. Asian Journal of Sports Medicine, v. 3, n. 2, p , CAMPOS, N.; DREZNER, R.; CORTEZ, J. A. A. Análise da ocorrência temporal dos gols no Campeonato Brasileiro Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Florianópolis, v. 38, n. 1, p , CARELLI, F. G., RESENDE, I. B., MELO, C. S., VALADÃO, A. M. P., DAVID, W. L. D. Análise da Incidência Temporal dos gols do Campeonato Brasileiro da Série A e B de 2014 In: XIX CONBRACE e VI CONICE (2015) Universidade Federal do Espirito Santo (UFES) Vitória. pág.1-3. Disponível em: < Acessado em: 4 Nov CARELLI, F. G., RESENDE, I. B., MELO, C. S., VALADÃO, A. M. P., DAVID, W. L. D. Incidência de Gols: Um Estudo Comparativo Entre as Copas Libertadores 2014 e Sul- Americana 2014In: XIX CONBRACE e VI CONICE (2015) Universidade Federal do Espirito Santo (UFES) Vitória.pág.1-3. Disponível em:< Acessado em: 4 Nov DRUBSCKY, R. O universo tático do futebol: escola brasileira. Editora Health, FLEURY, A. P.; GONÇALVES, R. A. R.; NAVARRO, A. C. Incidência de Gols na Copa do Brasil Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v. 1, n. 3, p , Set/Out/Nov/Dez GARGANTA, J. A análise da performance nos jogos desportivos. Revisão acerca da análise do jogo. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, Porto, v.1, n. 1, p , jan./abr GOMES, P. V. R.; STIVAN, E. C.; LUPPI, F. V.; BIEN, F. C. Incidência de gols no campeonato brasileiro de futebol da série A Lecturas Educación Física y Deportes, Buenos Aires, v. 161, n. 16, p. 1 15, outubro HAFFNER, C.; STIVAN, E. C. Incidência de gols no Campeonato Paulista de futebol série A no ano de 2010: uma análise estatística. Lecturas Educación Física y Deportes, Buenos Aires, v. 177, n. 17, p. 1 18, fevereiro JUNIOR, N. K. M. Evidências Científicas Sobre o Gol Do Futebol: Uma Revisão Sistemática. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo v. 7, n. 25, p , Maio/Jun./Jul./Ago

294 KUHN, W. Changes in professional soccer: a qualitative and quantitative study. In: REILLY T. et al. Science and football V. London: Routledge, p LEITÃO, R. A.; GUERREIRO JR., F. C.; ZAGO, L.; MORAES, A. C. Análise da Incidência de Gols por Tempo de Jogo no Campeonato Brasileiro de Futebol 2001: Estudo Comparativo Entre as Primeiras e Últimas Equipes Colocadas da Tabela de Classificação. Conexões, Campinas, v. 1, n. 2, p , MASCARA, D. I.; CALICCHIO, L.; CHIMINA, J. G. C.; NAVARRO, A. C. Análise da Incidência de Gols no Campeonato Paultista 2009: Série A1, A2 e A3. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v. 2, n. 4, p , Jan/Fev/Mar/Abr RAMOS, L. A.; OLIVEIRA JÚNIOR, M. H. Futebol: classificação e análise dos gols da Eurocopa Revista Brasileira Futebol, Viçosa, v. 1, n. 1, p , janeiro/julho, REILLY, T. Energetics of high-intensity exercise (soccer) with particular reference to fatigue. Journal of Sports Sciences, v. 15, n. 3, p , SANTOS, C. B. A Incidência de Gols na Fase Classificatória Para a Copa do Mundo de 2010 Na África do Sul. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v. 7, n. 23, p , Jan/Fev/Mar/Abr SILVA, C. D. Fadiga: evidências nas ocorrências de gols no futebol internacional de elite. Lecturas Educación Física y Deportes, Buenos Aires, v. 97, n. 97, p. 1 9, junho SILVA, C. D. Gols: uma avaliação no tempo de ocorrência no futebol internacional de elite. Lecturas Educación Física y Deportes, Buenos Aires, v. 112, n. 12, p. 1 7, setembro, SILVA, C. D.; CAMPOS JÚNIOR, R. M. Análise dos gols ocorridos na 18 a Copa do Mundo de Futebol da Alemanha Lecturas Educación Física y Deportes, Buenos Aires, v. 101, n. 11, p. 1 9, outubro SILVA, J. R. L. DA C.; ALVES, T. C. Analise da incidência de gols por período de jogo no campeonato pernambucano. Lecturas Educación Física y Deportes, Buenos Aires, v. 169, n. 17, p. 1 7, junho SOUZA, E. L. N.; FARAH, B. Q.; DIAS, R. M. R. Tempo de incidência dos gols no Campeonato Brasileiro de Futebol Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Florianópolis, v. 34, n. 2, p , abril/julho THOMAS, J. R.; NELSON, J. K.; SILVERMAN, S. J. Métodos de pesquisa em atividade física. Artmed Edition TOMAS, S.; KARIM, C.; CARLO, C.; ULRIK, W.; Physiology of Soccer: An Update. Sports Medicine. v. 35, n.6, p ,

295 O ENSINO DO FUTSAL NO CONTEXTO NÃO ESCOLAR E O DESENVOLVIMENTO DO ALUNO Samuel Gonçalves Pinto Newton Elias Damasceno Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova RESUMO A educação física escolar é essencial na vida das crianças e jovens no decorrer da sua formação. Esse estudo tem o objetivo de buscar e na literatura fatos e colocações de autores conceituados, que corroborem com seus estudos, na afirmação da influência da pratica de atividades motoras no desenvolvimento do ser nas fases iniciais. O treinamento desportivo direcionado à infância parece exercer influência positiva sobre os aspectos motores das crianças. No caso da pratica do futsal, as crianças e adolescentes que já possui uma experiência anterior da atividade normalmente apresentara um melhor desenvolvimento em relação aos que não possui nenhuma experiência na modalidade esportivo. O futsal como atividade esportiva de lazer ou recreação é um forte aliado na luta contra a obesidade e transtorno psicológicos. As crianças e jovens que possuem uma prática regular de atividade física, são propensos a possuir uma melhor autoestima, que consequentemente tem um grande impacto em sua vida. A variabilidade de movimentos e a busca pelo condicionamento físico geral não deve ter prioridade e sim ser englobado aos outros objetivos, tais como no desenvolvimento motor, afetivo e psicológicos, formando um ser completo, e a especialização sendo deixada para mais tarde. A otimização do treinamento infantil e de jovens requer um conhecimento básico das condições vigentes em cada faixa etária. Somente este conhecimento possibilita estabelecer um treinamento adequado às necessidades das crianças e jovens (WEINECK, 1999, apud Francke p. 2). Dentro do espaço escolar seria o melhor lugar para se usar o futsal como ferramenta de aperfeiçoamento de habilidades a serem usadas dentro do esporte e em outros momentos da vida. Porém, ali não é possível, pois a carga horaria para se ministrar os conteúdos das aulas de educação física é insuficiente. Então se faz necessário a criação de ambientes em que se possa trabalhar o futsal como uma modalidade competitiva e formação do aluno como um ser pelo. Palavra-chave: Educação física, professor, treinador, futsal

296 Introdução A educação física escolar é essencial na vida das crianças e jovens no decorrer da sua formação. Pois a atividade física ajuda no desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e social do aluno. A pratica de atividades físicas na escola, é transmitida em formas de jogos esportivos, brincadeiras, danças manifestações culturais e outros. No Brasil o esporte mais popular entre as crianças, é o futebol, pelo fato de haver muitos adeptos, além de ser o que tem mais repercussão na mídia, tornando a aceitação dessa atividade muito mais fácil. E uma realidade na maioria das escolas públicas do Brasil, pois não permite a pratica desse esporte em suas dependências como conteúdo da educação física, por falta de estruturação para a sua pratica. Muitas vezes essa vivência se dá através de atividades adaptadas. O esporte que mais se aproxima do futebol é o futsal, que por sua vez, facilita a sua pratica dentro das aulas de educação física e fora delas. Dentre todos esses conteúdos já citados, o futsal, que é um conteúdo obrigatório entre os diversos conteúdos nas aulas de educação física. Porém, a carga horaria para se ministrar todos esses conteúdos não é o suficiente, não contemplando a toda a sua magnitude. Assim se faz necessário a pratica de outras atividades fora do espaço escolar nos momentos de lazer, contribuindo no desenvolvimento pleno do ser, trazendo uma sensação de prazer e satisfação. E o futsal é um forte aliado na busca pelo desenvolvimento pleno do aluno. Objetivos O objetivo desse estudo é justificar a importância da prática do futsal como modalidade esportivo fora do ambiente escolar. Modalidade que contribui na promoção de saúde e na formação do aluno como um todo. Metodologia Foram selecionados alguns artigos e livros da literatura nacional e internacional, que corroborem com o tema do estudo. Afim de buscar evidencias que comprove a importância e seus benefícios de atividades físicas, exclusivamente o futsal, em crianças e adolescente. Diante a colocação de alguns autores, foi elaborado um questionário, que será apresentado aos pais ou responsáveis dos alunos de uma determinada escola da cidade de Ponte Nova, que esse mesmo alunos, participam de uma escolinha de futsal, fora do horário das aulas padrões de educação física

297 A escolinha possui em média 48 alunos, em que todos estudam na mesma escola. São divididas em 4 turmas de acordo com a idade de cada indivíduo. Cada turma possui 2 aulas por semana. Foi escolhido 10 pais de alunos aleatoriamente, que participavam da escolinha de futsal, para que respondessem ao questionário de pesquisa. O questionário possui perguntas objetivas, que possam contribuir fomentar indícios dos benefícios do futsal. Perguntas que são; 1 - qual conteúdo ele mais gosta na aula de educação física? Basquete ( ) futsal ( ) outros ( ) não sabe responder ( ). 2 - Com qual frequência ele falta a escolinha de futsal? Sempre ( ) as vezes( ) nunca( ). 3 - Depois que começou a fazer escolinha de futsal, seu filho fez mais amigos? Sim ( ) mais ou menos ( ) não ( ). 4 - Você gostaria que seu filho parasse de fazer escolinha? Sim ( ) não sabe( ) não ( ). 5 - Depois que ele entrou na escolinha de futsal o seu rendimento escolar aumentou? Sim ( ) não ( ) não sabe ( ). Desenvolvimento motor e cognitivo Embora muito se discuta o fato de as condições dos atletas não se limitarem a questões motoras (VIEIRA, 2004; GALLAHUE; OZUMUN, 2005) e se relacionarem a características herdadas (BEUNEN et al., 1992), assim como a atributos psicológicos (HUGSON, 1986) e físicos (BEUNEN et al., 1992; BASS; MYBURGH, 2000), o treinamento desportivo direcionado à infância parece exercer influência positiva sobre os aspectos motores das crianças. No caso da pratica do futsal, as crianças e adolescentes que já possui uma experiência anterior da atividade normalmente apresentara um melhor desenvolvimento em relação aos que não possui nenhuma experiência na modalidade esportivo. A faixa etária entre os seis e nove anos é um período em que o sistema de treinamento deve ser aberto, para que a exploração do movimento auxilie na elaboração do plano motor dos jovens praticantes (BOMPA, 2002; KREBS, 1992). Proporcionar ao aprendiz a oportunidade de praticar habilidades básicas e de transferir esta aprendizagem para uma destreza similar que é utilizada na modalidade esportiva contribui grandemente para a motivação do jovem atleta (GALLAHUE; OZMUN, 2005) e para este perceber-se competente (ALMEIDA; VALENTINI; BERLEZE, 2009) traçar metas ligadas ao esporte para a vida futura. Quanto maior for a vivencia motora do aluno, melhor será seu desempenho dentro do futsal

298 Através dos Jogos Esportivos Coletivos, todas as ações são determinadas do ponto de vista tático (Greco, 2002). A capacidade tática do atleta é constituída pela interação dos processos cognitivos que desencadeiam tomadas de decisões, as quais objetivam a execução motora direcionada à obtenção da meta desejada (Greco e Benda, 1998). Segundo Greco (1999), a ação concretiza-se nos esportes pela transformação dos processos mentais em uma habilidade motora, que o atleta executa o mais próximo das exigências situacionais, uma técnica de movimento automatizada (porém flexível no seu padrão), assim, nesta realização motora, é explicitado seu comportamento cognitivo. O gesto esportivo (cortada no voleibol, arremesso no handebol, chute no futsal), determinado pela tomada de decisão, implica em uma função do intelecto, uma atividade cognitiva, ou seja, uma ação tática. Devido à continuidade, à velocidade, à amplitude, à variabilidade e ao número de mudanças do contexto do jogo, o atleta está obrigado a decidir e elaborar respostas, ações táticas, certas, precisas e rápidas (Sisto e Greco, 1995; Oliveira et al., 2003). De acordo com Garganta (2006), a competência da percepção e da tomada de decisão compõem a matriz dos Jogos Esportivos Coletivos, em conjunto com o modelo de jogo idealizado para a equipe, o tipo de relação de forças (conflito: ataque-defesa) entre as equipes que se enfrentam, a variabilidade, a imprevisibilidade, a aleatoriedade dos contextos em que as ações de jogo são construídas e a qualidade motora para agir nesses contextos específicos. O treinamento de habilidades especificas no futsal, que exige um bom raciocino e uma boa tomada de decisão, auxiliam não só dentro do esporte, pois são habilidades em que o praticante levara por toda sua vida. A mudança da qualidade de vida jovens através dos exercícios O futsal como qualquer outra atividade física, traz benefícios a saúde ajudando no combate de várias doenças. Segundo Lazzoli et al (1998), inicialmente, considerar o combate ao sedentarismo, estimulando a prática regular de exercícios no cotidiano e/ou de forma estruturada através de modalidades esportivas, mesmo na presença de doenças, já que raramente há contraindicações ao exercício físico, priorizar aspectos lúdicos da atividade física em condições ambientais adequadas e levar em conta o processo global de educação. Nesse sentido, os benefícios da prática de atividade física incluem o condicionamento físico, o controle da massa corporal, a redução da incidência de várias doenças crônico-degenerativas e o

299 desenvolvimento de hábitos de exercício os quais deveriam ser mantidos ao longo da vida (SILVERMAN, 1991; SIMONS-MORTON et al, 1994; LAZZOLI et al, 1998). Pollock et al (1986), diz que, existem fortes evidências de que em 80 a 86% dos adultos obesos, em que a sua origem vem da infância e da adolescência. Neste contexto, muito dos hábitos adquiridos na juventude, podem ser transferidos para a fase adulta (GUEDES, 2002). O sedentarismo favorece eminentemente a obesidade. Muitos estudos sugerem que a obesidade infantil está mais associada à inatividade física do que à superalimentação. Neste sentido, é pertinente enfocar, no primeiro momento, as orientações práticas visando a diminuição do sedentarismo e não, necessariamente, no aumento significativo do exercício físico (POLLLOCK ET AL,1986). Diante da colocação do seguinte autor acima, deve se incentivar as crianças a pratica regular de exercício seja lá qual for ela, mais que seja uma atividade prazerosa e agradável. Ao contrário do que muitos acham correto que se deve aumentar o seu volume, e sim incentivar o habito da prática. Segundo Mello e Tufik (2004), o aumento da incidência de diagnósticos de depressão em crianças e adolescentes vem sendo descrito na literatura internacional como três vezes mais frequente nesta faixa etária quando comparados com adultos. A prática de atividade física tem impacto direto na saúde de seus adeptos a curto e longo prazo, tanto em aspectos fisiológicos quantos psicoemocionais. Estudos sugerem que, a efeito do exercício sobre os transtornos de humor, quando se contempla as propostas do exercício, ele desencadeia uma sensação de prazer e satisfação. Mello e Tufik (2004) evidenciam, que a um aumento da incidência de diagnósticos de depressão em crianças e adolescentes vem sendo descrito na literatura internacional como três vezes mais frequente nesta faixa etária quando comparados com adultos. O futsal como atividade esportiva de lazer ou recreação é um forte aliado na luta contra a obesidade e transtorno psicológicos. As crianças e jovens que possuem uma prática regular de atividade física, são propensos a possuir uma melhor autoestima, que consequentemente tem um grande impacto em sua vida. Pois a pratica de atividade físicas coletivas além de propiciar todos benefícios a saúde, traz um convívio com outras pessoas que compartilham de um interesse incomum, que no caso seria a pratica de aulas de futsal. E isso tem um impacto muito grande na vida de seus integrantes, com a capacidade de se dedicar mais por seus objetivos, diferente daquela que duvidam de sua própria capacidade de alcançar suas metas, até mesmo antecipando seu fracasso

300 O exercício físico contribui para o crescimento de seu praticante, tendo um papel importante na mineralização, na densidade e na massa óssea. A pratica regular de exercícios vigorosos pode aumentar a densidade óssea, diminuindo as possibilidades de se adquirir alguma patologia óssea. Sem contar que todos esses aspectos são acompanhados de uma grande leva de habilidades motoras. Nível de carga de exercício para que a atividade se torne sustentável A otimização do tempo nas aulas guia a prática mais frequente das habilidades motoras, que podem repercutir no desenvolvimento de hábitos de vida saudáveis. Lazzoli et al (1998); Silverman (1991) e Simons-Morton et al (1994) dão suporte a ideia de criar um hábito de vida saudável na infância e na adolescência com a finalidade de reduzir a incidência de obesidade e doenças cardiovasculares na vida adulta. Pollock et al (1998) recomendam que o treinamento seja progressivo, individualizado e que promova estímulos a todos os grupos musculares importantes através da realização de atividades dinâmicas, 2 a 3 vezes por semana. Os autores ainda sugerem a incorporação de exercícios de flexibilidade com o propósito de manter a amplitude de movimento, também de 2 a 3 vezes por semana, através de técnicas de alongamento estático e/ou dinâmico. O futsal vem como sua prática indispensável, no quesito manutenção da saúde, principalmente por ser uma atividade com mais facilidade de aceitação por parte das crianças e jovens. Em comparação aos outros desportos, o futsal é uma atividade mais dinâmica. É devido ao facto de se estar perante a um número reduzido de jogadores e de um espaço de jogo reduzido, que a tensão e concentração dos mesmos deve ser máxima em todos os momentos (Álvarez Medina et al., 2002). Consequentemente, a velocidade e agilidade de movimentos e o domínio espaçotemporal devem ser muito elevados para poder acelerar e mudar de direção rápida e constantemente (Alvarez Medina et al., 2002; Barros e Cortez, 2006) Mais deve se levar em conta a individualidade biológica de cada indivíduo, as crianças então em fase de desenvolvimento e se encontraram em várias fases nos diferentes aspectos, motor, cognitivo e maturação estrutural. As atividades e métodos de treino devem seguir uma ordem pedagógica e respeitar a maturação de global dos indivíduos. A variabilidade de movimentos e a busca pelo condicionamento físico geral não deve ter prioridade e sim ser englobado aos outros objetivos, tais como no desenvolvimento motor, afetivo e psicológicos, formando um ser completo, e a especialização sendo deixada para mais tarde. Os

301 ambientes de treinamento devem ser organizados de forma a proporcionar isso. Para que não haja a desistência ou afastamento de alguns, por não possuir habilidades já pré-desenvolvidas em comparação a outros. Riscos de uma atividade excessiva Como qualquer outra atividade física, o futsal não é diferente, com a pratica ou orientação errônea, pode trazer riscos à saúde. A prática de esportes na infância e adolescência aumenta a probabilidade de que o indivíduo se torne um adulto ativo. Por outro lado, o decréscimo da prática de atividade física contribui com o aumento das doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, osteoporose e stress (GAVARRY, et al, 2003; GORDON-LARSEN; McMURRAY e POPKIN, 2000; TOIGO et al, 2002). Forçar uma criança ou um adolescente a praticar esportes contra sua vontade pode acarretar um estilo de vida mais sedentário na idade adulta. O praticante deve estar em um ambiente acolhedor e divertido, para que se contemple os seus benefícios e para que não suceda o oposto. A otimização do treinamento infantil e de jovens requer um conhecimento básico das condições vigentes em cada faixa etária. Somente este conhecimento possibilita estabelecer um treinamento adequado às necessidades das crianças e jovens (WEINECK, 1999, apud Francke p. 2). Deve se ter cuidado, pois toda atividade física desacerba pode causa danos tanto quanto trazer benefícios. O futsal ministrado por um profissional qualificado pode fazer toda a diferença no desenvolver do jovem. Todavia, as características das partidas de futsal, de forma diferenciada do futebol, indicam uma movimentação intensa de todos os participantes acarretando um alto gasto energético, bem como uma solicitação metabólica e neuromuscular extremamente alta, o que demonstra que somente a grande habilidade técnica não é um requisito suficiente para atingir o sucesso nessa modalidade. Valentini, Rudisill e Goodway (1999a; 1999b) sustentam que o clima orientado para a maestria é estabelecido quando o professor estrutura o processo de ensino de forma a atingir certos objetivos baseados no contexto do ambiente de aprendizagem. Para tanto, as autoras consideram a utilização da estratégia TARGET (proposta por AMES apud VALENTINI, RUDISILL e GOODWAY, 1999a; 1999b)

302 A busca por uma maior compensação precoce, pode acabar trazendo prejuízo ao aluno, sendo que ele se encarregara de robotizar gesto motores. Isso pode interferir em sua aprendizagem global. Além disso, isso pode acabar afastando os menos favorecidos geneticamente. A atitude do professor/treinador tem uma grande influência, o professor deve estar engajado em seu trabalho, respeitando a homogeneidade de seus alunos incentivando a pratica constante de exercício (futsal), durante toda sua vida. Para Marques (1991), a especialização precoce permite uma rápida obtenção de resultados e ao contrário do que se imagina quando se diz respeito ao desenvolvimento da formação multilateral que tem reflexos a longo prazo no rendimento. Além disso, SANTANA (2001) afirma que para o desenvolvimento da criança, é necessário o aprendizado de várias outras coisas, não se limitando a um conhecimento e ao interesse alheio. Essa especialização precoce da criança pode trazer benefícios na atuação futura da criança dentro do futsal, mais em relação ao seu desenvolvimento pleno pode acontecer uma minimizada no aprendizado geral do indivíduo, acontecendo um desenvolvimento unilateral. Quando relacionamos a prática esportiva competitiva com os estágios do desenvolvimento motor da criança percebemos que há uma prática esportiva específica muito antes de se cumprir etapas importantes na solidificação do desporto. É comum que crianças e jovens sejam colocados diante de situações complexas que não estão de acordo com sua fase maturacional adequada (DE ROSE JR, 2002). As crianças devem passar por mais variados estímulos que que beneficie a sua vida no esporte tanto quanto na sua vida particular. Alguns estudos indicam que a dificuldade em conciliar esporte e escola e os problemas com o técnico são os principais fatores que levam adolescentes a abandonar o futsal. É importante que a família e os clubes ou escolinhas auxiliem as crianças e adolescentes a conciliar esporte e escola de forma mais harmoniosa. Da mesma forma, o papel dos treinadores/professores deve ser repensado, pois eles vêm sendo responsáveis por uma parcela significativa do abandono do futsal de adolescentes. O treinador De acordo com Gallahue e Ozmun (2005) e Vieira (2004), o desenvolvimento motor, principalmente na infância, está inter-relacionado com a aprendizagem motora, e desta forma, com

303 a oportunidade para a prática e o objetivo da tarefa, incluindo o encorajamento da criança por parte dos pais, técnicos e professores. Segundo Samulski (2002) a motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, a qual depende de fatores intrínseco e extrínsecos. Na literatura encontramse diferentes tipos de motivação, entre elas a motivação negativa, Becker e Samulski (1998) identificam essas manifestações, como o medo do fracasso, medo de determinadas competições ou adversários. A postura do treinador é impactante na longevidade esportiva de uma criança, pois a forma de reger suas aulas ou treinos pode determinar a permanência ou abandono do aluno. Valentini, Rudisill e Goodway (1999a; 1999b) sustentam que o clima orientado para a maestria é estabelecido quando o professor estrutura o processo de ensino de forma a atingir certos objetivos baseados no contexto do ambiente de aprendizagem. Para tanto, as autoras consideram a utilização da estratégia TARGET (proposta por AMES apud VALENTINI, RUDISILL e GOODWAY, 1999a; 1999b). Tutko (apud de Abreu, 1993) acredita que existe uma grande variedade de personalidades na profissão de treinador. Os sentimentos de desgosto, gloria e êxito na relação com os atletas, produz uma atmosfera na qual ela pode se converter num influencia construtora de caráter ou modelador da personalidade do praticante. Counsilma et al (1984) afirma que, no período crucial de introduzir o estimulo competitivo, o jovem precisa de um mestre compreensivo que demonstre algo a mais do que a capacidade de organização e conhecimento de mecânica de movimentos, por mais essenciais que sejam tais fatores, para um técnico eficiente. Um técnico de grupo de jovens, na visão do autor, deve possuir uma boa compreensão, e o poder de conduzir os jovens, ser um companheiro e não um capitão autoritário. A interação entre técnico/professor e atleta vai depender principalmente das necessidades e responsabilidades dos jovens envolvidos, no que pode influenciar no rendimento do atleta, positiva ou negativamente. Quando não existir relação com as necessidades esperadas ou sobrarem estímulos inadequados (Machado, 1997) Para Hahn (1988), o treinador é o elo da união entre criança e esporte. Esse autor caracteriza como responsabilidade pedagógica do treinador, forma um caráter em seus atletas ao invés de formar jovens que cresçam somente em uma perspectiva de vitória, e sim fundamentar-se no em empenho e dedicação para se alcançar seus objetivos, e sempre ser capaz de melhorar, prendendo com suas derrotas

304 O professor é considerando-o como mediador e facilitador das relações sociais, entendendo o esporte como um instrumento para o desenvolvimento do indivíduo, na busca da autonomia, fortalecendo sua autoestima, proporcionando a educação e a saúde. O esporte na infância é bastante abrangente, isso pode ser verificado na amplitude de assuntos e estudos relacionados como a iniciação esportiva (MACHADO e PRESOTO, 1997; MARQUES, 2000, MARQUES e KURODA, 2000; CONTRERAS, LA TORRE e VELAZQUEZ, 2001), o esporte escolar (DURAND, 1988; BLÁZQUEZ SÁNCHEZ, 1999), o esporte competitivo (BECKER, 2000; DE ROSE JR, 2002), a especialização precoce (RUBIO ET AL, 2000), as lesões e burnout (BECKER, 2000, PERSONNE, 2001), os projetos sociais (DIAS, CRUZ e DANISH, 2000), a participação dos pais (SOUZA e SILVA, 2002), as motivações dos pais e das crianças (DURAND, 1988; BELLÓ, 1999). Todos esses pontos citas anteriormente por diversos autores, são fatores que intervém diretamente de uma forma positiva ou até mesmo negativa no desenvolvimento e permanência dos alunos dentro do mundo do esporte. Segundo Feijó (1998) as pessoas orientadas para a tarefa possuem as seguintes características: sentem-se realizadas quando desempenham adequadamente qualquer atividade. Frente às dificuldades, sentem-se motivadas e apresentam um nível de esforço ainda maior para enfrentar o desafio, tendo a possibilidade de usar recursos ilegais ou violentos para conquistar o resultado desejado não o fazem. O mesmo autor relata que as pessoas orientadas para o ego se caracterizam pelo auto realização, o que significa vencer outra pessoa; seu referencial é tipicamente externo. Perante desafios ou adversidades de maior habilidade, tendem a apresentar medo ou desistirem; não veem problemas em utilizar meios ilegais para vencer (FEIJÓ, 1998). O estimulo dado pelo professor/treinador é de extrema importância, mais o professor, não pode esquecer de qual forma ele transmite esse estimulo a seus alunos. Através de feedbacks que os motive, sem deixar de seguir por um caminho honesto, para que possam sentir uma satisfação pessoal e impressionar a terceiros. Contribuindo na formação de um cidadão esforçado e honesto que busca êxito em seus objetivos. Segundo proposições de Weineck (2005), Vieira (1999), Vieira (2004) e Krebs (1996), os processos desenvolvimentistas da criança devem ser conhecidos pelos técnicos e professores, para que as características psicológicas, físicas, motoras e cognitivas do universo infantil sejam respeitadas e estimuladas pela prática esportiva e não sejam prejudicadas pelo treinamento desportivo com excesso de volume e carga de treinamento, pela especialização motora precoce e pela pressão externa por desempenho e vitória

305 Resultados Após o ser aplicado o questionário da pesquisa, que possui respostas simples e objetivas, conseguimos os seguintes dados. Em resposta à pergunta número 1, 8 responderam que futsal e apenas 2 não sabem responder. Número 2, 7 responderam nunca e 3 responderam as vezes. Número 3, todos os pais responderam sim para questão. Número 4, todos responderão não. Pergunta número 5, 8 pais responderam sim, 1 não sabe e outro respondeu que não. Conclusão Os benefícios da pratica do futsal é imprescindível, ela traz uma contribuição imensurável na promoção de saúde e desenvolvimento múltiplo do ser, a popularidade desse esporte colabora na aceitação das crianças e adolescentes, nada melhor que incentivar essa pratica nos anos iniciais, fase em que o aprendiz mais necessita de estímulos que desenvolveram as suas habilidades motoras, cognitivas e afetivas. O futsal por ser um desporto coletivo, que envolve uma disputa entre duas equipes em um espaço relativamente sucinto em comparação ao futebol, tornando a atividade mais dinâmica e intensa. Que a partir de treinos de habilidades especificas e criação de situação de jogos, estimulam a cognição e tomada de decisão, além da coletividade entre os integrantes favorecendo a comunicação entre os integrantes das duas equipes participantes, melhorando a interação social dos membros do jogo. Dentro do espaço escolar seria o melhor lugar para se usar o futsal como ferramenta de aperfeiçoamento de habilidades a serem usadas dentro do esporte e em outros momentos da vida. Porém, ali não é possível, pois a carga horaria para se ministrar os conteúdos das aulas de educação física é insuficiente. Então se faz necessário a criação de ambientes em que se possa trabalhar o futsal como uma modalidade competitiva e formação do aluno como um ser pelo. O professor deve criar meios alternativos para que possa contemplar essa escassez de tempo, levando a pratica do futsal de um ponto de vista mais amplo, com uma pratica extracurricular. Para

306 que não haja o afastamento dos jovens da pratica esportiva, incentivando-os para que se manteiam longe do sedentarismo, pois bons hábitos se cultivam desde cedo. Os pais e familiares deve apoiar e incentivar os seus filhos, para que não aconteça o desinteresse ou abandono do aluno. É imprescindível que o professor conheça meios adequados de mediar conhecimento através do futsal, respeitando a heterogeneidade de todos os seus alunos, com uma sequência pedagógica. Enxergando-os como seres pensadores e não apenas maquinas com gestos motores, bem como apresentar uma boa relação com seus discente. Pois a sua relação afetiva tem grande influência na formação do aluno. E assim usufruir da leva de benefícios que a pratica do futsal pode trazer para o seu praticante. Referências bibliográficas BECKER JR. B; SAMULSKI, D. Manual de Treinamento Psicológico para o Esporte. R. S.: Editora Eletrônica: Fernando Puccini Schimitt, BOMPA, Tudor O. Teoria e metodologia do treinamento. 4. ed. São Paulo: Phorte, FEIJÓ, O. G. Emoção Inteligente e Qualidade de Vida. In: MIRANDA, R. (ed.). Revista do III Simpósio Mineiro de Psicologia do Esporte. Juiz de Fora: EDUFJF. p , GALLAHUE, David L. OZMUN, John C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes, jovens e adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, MELLO M. T, TUFIK S. Atividade física, exercício físico e aspectos psicobiológicos. Editora Guanabarra. p , 2004 POLLOCK, M. L. et al. Exercícios na saúde e na doença: avaliação e prescrição para prevenção e reabilitação. 1. ed. Rio de Janeiro: Médica Científica, Ransdell LB, Taylor A, Oackland D, Schimidt J, Moyer-Mileur L., Shultz B. Daughters and mothers exercising together: effects of home- and community-based programs. Med Sci Sports Exerc 2003; 35: Revista Paulista de Educação Física e Esportes, v. 12, n. 02, p , DE ROSE JR., Esporte e Atividade Física na Infância e na Adolescência: uma Abordagem Multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, SAMULSKI, D. Psicologia do Esporte. Barueri: Manole,

307 VALENTINI, N.C.; RUDISILL, M.E.; GOODWAY, J.D. Incorporating a matery climate into physical education: it s developmentally appropriate! Journal of Physical Education, Recreation and Dance, Reston, v. 70, n. 7, p , set. 1999a. VALENTINI, N.C.; RUDISILL, M.E.; GOODWAY, J.D. Mastery climate. Children in charge of their own learning. Teaching Elementary Physical Education, Champaign, v. 10, n. 2, p. 6-10, mar. 1999b. VALENTINI, N.C.; TOIGO, A.M. Ensinando educação física nas séries iniciais: desafios e estratégias. Canoas: Unilasalle, Salles, p

308 OS SALTOS EM ATLETAS AMADORES DE VOLEIBOL DE PONTE NOVA DANIELA GOMES ROSADO FUPAC PONTE NOVA MAÍRA PEREIRA BASTOS FUPAC PONTE NOVA RESUMO: Dentro de um jogo de voleibol, no qual a bola deve ultrapassar uma rede com mais de dois metros de altura, sem contar o bloqueio adversário, é fundamental ter uma boa impulsão vertical e horizontal, para que o atleta consiga atingir seu objetivo de fazer pontos. Por isso, este trabalho tem como objetivo verificar a impulsão, através de teste de salto vertical e horizontal. Diante disto, este trabalho se torna importante a partir do momento que possibilita aos treinadores verificarem a eficiência e/ou eficácia do treinamento aplicado, podendo (re) direcionar seu trabalho. Essa pesquisa foi realizada com um grupo de 13 atletas que treinam periodicamente durante todo o ano no Ginásio Poliesportivo Palmeirense de Ponte Nova MG., em uma equipe masculina amadora de voleibol. Foram aplicados pré e pós teste de impulsão vertical e salto horizontal com intervalo de tempo de dois meses. Após a aplicação dos testes foi possível observar que os atletas ganharam impulsão vertical e horizontal, o que pode significar uma eficiência do treinamento aplicado na equipe investigada. Palavras chaves: Salto vertical, Voleibol, Salto Horizontal. INTRODUÇÃO Dentro de um jogo de voleibol, no qual a bola deve ultrapassar uma rede com mais de dois metros de altura, sem contar o bloqueio adversário, é fundamental ter uma boa impulsão, vertical e horizontal, para que o atleta consiga atingir seu objetivo de fazer pontos. O salto vertical é envolvido em vários os momentos como: saque viagem, o ataque, o bloqueio, e, parcialmente no levantamento e defesa. Neste caso o desempenho dos saltos verticais vem sendo aprimorados através de treinamentos específicos

309 Treinadores e técnicos, muitas vezes, através de testes extremamente simples, tais como Sargent Jump Test (MARKOVIC ET al 2004), buscam extrair informações que possam ser utilizadas no programa de treinamento e que permitam aumentar a performance do atleta.outros, no entanto, através de sistemas mais complexos como cinematografia 3D e plataformas de força, têm conseguido extrair algumas destas mesmas informações, mas de forma mais precisa e consistente (JENSEN & EBBEN, 2003; SCOTT & DOCHERTY 2004). O salto horizontal também se torna um importante elemento no jogo de voleibol, principalmente no momento do ataque, e mais especificamente os que acontecem no fundo de quadra, como no caso da bola russa. Os treinamentos com apenas um olhar, num salto vertical de um atleta, imediatamente sabem a capacidade explosiva que esse atleta possui. Essa capacidade explosiva é a chave para desportos que solicitam velocidade, agilidade, rapidez e força explosiva. Por estas razões, é fundamental prestar atenção á habilidade do sair do chão. (CARVALHO, 2008). Haja vista os elementos apresentados acima, a importância dessa pesquisa consiste em apresentar dados, ou permitir o feedback, para o treinador. Desta forma, ele poderá constatar se seu treinamento específico para esses movimentos articulares está trazendo os resultados esperados ou não. Também poderá ajudar na elaboração da periodização e planejamento de seus treinamentos físicos na equipe. Entendendo a importância dos saltos horizontais e verticais no jogo de voleibol e a relevância dessa pratica a nível amador na região de Ponte Nova, pergunta-se: será que os treinamentos desenvolvidos na principal equipe amadora masculina da cidade permite o ganho e desenvolvimento dos saltos verticais e horizontais nos atletas? Por isso, o objetivo do estudo é verificar a impulsão vertical e horizontal dos jogadores de voleibol amador da equipe masculina do clube Palmeirense da cidade de Ponte Nova MG

310 METODOLOGIA Esta é uma pesquisa quantitativa, descritiva e contará com uma pesquisa de campo, que foi realizada com atletas de voleibol amadores da equipe de Ponte Nova no ginásio Poliesportivo Palmeirense de Ponte Nova - MG. Foram analisados 13 atletas, com faixa etária de 19 a 30 anos, de um time amador que disputam campeonatos dentro e fora da cidade representando a cidade de Ponte Nova. Os materiais e equipamentos utilizados foram utilizados local de piso reto, uma fita métrica com 3,5 metros de comprimento e giz para demarcação. O período de realização dos testes foi: o pré-teste foi realizado no início de maio e pós teste foi realizado no dia na segunda metade de junho. Os testes aplicados foram: Vertical Jump (Johnson e Nelson, 1979) figura 1 - e Long Jump (Johnson e Nelson, 1979). Figura 1 - Ilustração do Teste Salto Vertical. Fonte: MARINS E GIANNICHI, A análise dos testes foi iniciada com a construção de tabelas no Microsoft Excel 2013 com resultados de pré-testes e pós-teste. Em seguida obtivemos as médias dos resultados e comparamos com as tabelas de dos protocolo dos testes (figura 2 e figura 3)

311 Figura 2 - Classificação do Teste Salto Vertical. FONTE: LANCETTA (1988). Figura 3 - Classificação do Teste Salto horizontal. FONTE: ROCHA; CALDAS (1978) Fundamentação teórica Bojikian (2005) argumenta que nas últimas décadas, o esporte que mais se popularizou foi, sem dúvida, o voleibol, pois: As conquistas internacionais das nossas seleções, o espaço ocupado na mídia, o surgimento de novos ídolos e o sucesso em termos de marketing esportivo, tornaram o voleibol o segundo esporte dos brasileiros. (p ). Para conquistar o espaço na mídia que o autor citou acima, muitas regras tiveram que ser alteradas, pois o jogo era muito longo e difícil de ser transmitido. Desta forma, o jogo teve que se dinamizar para seu tempo de duração. Consequentemente, os atletas tiveram que melhorar seu condicionamento físico e

312 as equipes tiveram que busscar um aperfeiçoamento constante na preparação física voleibolista (TEIXEIRA e GOMES, 1998). Para Agostinho (1998) o atleta de voleibol precisa-se treinar exercícios de força, flexibilidade, resistência, velocidade e agilidade. Cotta et all (2009) acrescenta a necessidade de treinamento específico para salto vertical e horizontal. A eficiência no salto vertical é imprescindível para atletas de várias modalidades esportivas; estudos mostram que sujeitos que realizaram atividades com potência muscular (saltos e corridas de velocidade) obtiveram maior êxito no salto vertical, quando comparados a levantadores de peso e indivíduos fisicamente ativos, consequentemente, os que apresentaram melhor desempenho o deveram a uma maior duração da fase concêntrica do movimento(martins,g.c.,; OLIVEIRA, H.R.F.; 2014). Eisenman (1978) observou no seu estudo que a prática da musculação por 4 dias por semana com 8 a 12 repetições e possuindo exercícios para os membros inferiores, ombro, costas e braço, beneficia o desempenho do salto vertical. Mckethan e Mayhew (1974) citado por MARQUES JUNIOR (2005) informam que sessões de força isotônica-isométrica melhoram mais o salto vertical do que as de força máxima. Para Augustsson et al. (1998) não é só o número de repetições, séries ou o objetivo da sessão de musculação que aumentam a impulsão do salto vertical, a especificidade é um fator determinante. Em sua pesquisa um grupo realizou treino de força na cadeira extensora e abdutora, enquanto que outro praticou agachamento com halter. Os melhores resultados no salto vertical foram do grupo do agachamento com halter porque ativa a ação excêntrica e concêntrica, similar o movimento muscular do salto vertical com contramovimento. O salto vertical, é baseado em diversas variáveis independentes, que podem afetar o seu desempenho. Se estas variáveis são devidamente identificados, os pesquisadores podem tentar manipular cada um deles, isoladamente ou em conjunto para maximizar o seu desempenho no salto vertical. (WEISS, RELYEA, ASHLEY e PROPOST, 1997). Soares (2002) postula que um dos principais, se não o principal, gesto motor utilizado na modalidade é a impulsão vertical do atleta e que unido a altura do mesmo pode ser o principal diferencial para os atletas de elite. (Citado por FERREIRA, 2013)

313 Segundo Carvalho, Vieira e Carvalho (2004), os atletas de voleibol são geralmente altos e possuem uma grande força abdominal e de membros inferiores. Atletas de alto nível possuem estaturas variadas entre 1,90 e 1,99 metros, sendo a média de altura de 1,96 metros. (Citado por FERREIRA, 2013). Segundo Weineck (1999) os saltos horizontais e verticais mobilizam diferentes grupos musculares por isso tem que ser trabalhado especificamente. (GOMES, 2011) Um meio adequado para a verificação da força de salto é a avaliação da distância saltada, uma vez que tais saltos não requerem muito em termos de coordenação, mas sim de força (WEINECK, 1999). Por isso, a pesquisa direcionou esforços para discutir este esporte sobre o prisma do treinamento físico, relacionado ao salto vertical e salto horizontal em atletas amadores de Ponte Nova. RESULTADOS Salto Vertical Tabela 1 Resultado dos testes do Salto Vertical VOLUNTÁRIOS METRAGEM DO SUJEITO BRAÇO ESTENDIDO (cm) IMPULSÃO VERTICAL PRÉ TESTE (cm) MENSURAÇÃO (cm) Sujeito cm 305 cm 60 cm Sujeito cm 297 cm 51 cm Sujeito cm 293 cm 54 cm Sujeito cm 264 cm 46 cm Sujeito cm 288 cm 53 cm Sujeito cm 296 cm 62 cm Sujeito cm 290 cm 47 cm Sujeito cm 267 cm 49 cm Sujeito cm 275 cm 45 cm Sujeito cm 307 cm 65 cm Sujeito cm 295 cm 58 cm Sujeito cm 287 cm 41 cm Sujeito cm 310 cm 60 cm FONTE: O AUTOR (2016)

314 Na tabela 1 são apresentados os resultados do salto vertical, após aquecimento dos atletas. De acordo com o protocolo do Vertical Jump as amostras estão no padrão excelente a bom de rendimento para os Sujeitos 1, 6, 10 e 13, apenas 5 amostras estão regular, sendo os sujeitos 4, 7, 9 e 12. Tabela 2 - Resultados dos atletas após 1 mês e meio mantendo o treinamento. VOLUNTÁRIOS METRAGEM DO SUJEITO BRAÇO ESTENDIDO (cm) IMPULSÃO VERTICAL PÓS TESTE (cm) MENSURAÇÃO (cm) Sujeito cm 308 cm 63 cm Sujeito cm 300 cm 54 cm Sujeito cm 297 cm 58 cm Sujeito cm 267 cm 49 cm Sujeito cm 288 cm 53 cm Sujeito cm 300 cm 66 cm Sujeito cm 293 cm 50 cm Sujeito cm 268 cm 50 cm Sujeito cm 277 cm 47 cm Sujeito cm 307 cm 65 cm Sujeito cm 298 cm 61 cm Sujeito cm 291 cm 45 cm Sujeito cm 320 cm 70 cm FONTE: O AUTOR (2016). Na tabela 2 são apresentados os resultados dos atletas após 1 mês e 15 dias mantendo o treinamento, onde se observa uma melhora na impulsão individualizada, mantendo o padrão de excelente a bom por classificação. Tabela 3 - Diferença entre esse 1 mês e meio de treinamento VOLUNTÁRIOS MENSURAÇÃO PRÉ TESTE (cm) MENSURAÇÃO DO PÓS TESTE (cm) DIFERENÇA DE MENSURAÇÃO (cm) Sujeito 1 60 cm 63 cm 3 cm Sujeito 2 51 cm 54 cm 3 cm Sujeito 3 54 cm 58 cm 4 cm Sujeito 4 46 cm 49 cm 3 cm Sujeito 5 53 cm 53 cm 0 cm Sujeito 6 62 cm 66 cm 4 cm Sujeito 7 47 cm 50 cm 3 cm Sujeito 8 49 cm 50 cm 1 cm Sujeito 9 45 cm 47 cm 2 cm Sujeito cm 65 cm 0 cm Sujeito cm 61 cm 3 cm

315 Sujeito cm 45 cm 4 cm Sujeito cm 70 cm 10 cm FONTE: O AUTOR (2016). Na tabela 3 obtivemos a mensuração de diferença entre esse 1 mês e 15 dias de treinamento para avaliarmos se obtiveram melhora significativa na impulsão do salto vertical variando de 0 a 4 centímetros de melhora. Média de melhora 3,07. Salto Horizontal Tabela 4 - Mensuração do salto horizontal Long Jump IMPULSÃO INFORMANTES HORIZONTAL ANTERIOR (cm) IMPULSÃO HORIZONTAL POSTERIOR (cm) MENSURAÇÃO (cm) Sujeito cm 270 cm 15 cm Sujeito cm 252 cm 5 cm Sujeito cm 231 cm 23 cm Sujeito cm 235 cm 35 cm Sujeito cm 237 cm 10 cm Sujeito cm 247 cm 47 cm Sujeito cm 233 cm 23 cm Sujeito cm 212 cm 29 cm Sujeito cm 182 cm 15 cm Sujeito cm 254 cm 38 cm Sujeito cm 265 cm 22 cm Sujeito cm 230 cm 7 cm Sujeito cm 278 cm 28 cm FONTE: O AUTOR (2016). A tabela 4 demonstra a mensuração do salto horizontal Long Jump, onde obtivemos uma significativa melhoria em todos os atletas com a classificação excelente, mantendo uma progressão da impulsão horizontal. DISCUSSÃO Salto vertical Analisando os resultados obtidos pelos atletas na impulsão vertical, pude perceber que se necessita de um treinamento específico de pliometria de membros inferiores e um trabalho de explosão, para assim podermos acarretar resultados maiores e que farão total diferença na qualidade do movimento dos atletas em um jogo de voleibol

316 Assim, pode-se definir a força muscular como a capacidade do músculo em produzir tensão contra uma resistência, sendo esta capaz de promover aceleração, mantê-la imóvel ou frear seu deslocamento, considerada ainda como a habilidade para gerar tensão sob algumas condições, determinadas pela posição do corpo, pelo movimento no qual se aplica a força, pelo tipo de ativação (concêntrica, excêntrica, isométrica ou pliométrica) e pela velocidade do movimento. Esta capacidade física torna-se importante na realização de um gesto específico, sendo assim quando se utiliza o treinamento de força, como complemento de um treinamento específico, pode-se melhorar muito sua execução (BADILLO e AYESTARÁN, 2001). Salto Horizontal Com a análise dos resultados do salto horizontal, observamos que os resultados obtidos foram de grande valia para os atletas e o treinador, visualizando que a mensuração foi toda avaliada em excelência, mostrando que possuem força e coordenação para distância horizontal. O treinamento de força também promove adaptações complexas na coordenação intermuscular, nas quais se observam melhora na co-ativação dos músculos agonistas, antagonistas e sinergistas envolvidos em determinados movimentos. Neste sentido, o treinamento de força promove diminuição na coativação dos músculos envolvidos melhorando a performance (ENOKA, 2000). CONCLUSÃO Perante os resultados alcançados nesse estudo, podemos concluir no que diz respeito ao salto vertical e horizontal em atletas de voleibol, que houve uma evolução significativa para os atletas, baseando-se nos testes avaliados. Com relação as evoluções, podemos destacar alguns treinos que possam ser realizados para o mesmo, como pliometria e força para membros inferiores. Contudo encerramos este estudo com os objetivos destacados com satisfação dos resultados obtidos, tendo em evidência a importância do salto vertical e horizontal para os atletas de voleibol como um todo no desenvolvimento dessas

317 capacidades, podendo assim entrar em concordância o indispensável treino específico semanal para esses atletas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGOSTINHO, P. J. M. Preparação física dos voleibolistas no período preparatório. Revista Treinamento Desportivo, v. 3, n. 1, p , AUGUSTSSON, S.; ESKO, A.; THOMEÉ, R.; SVANTESSON, U. Weight training of the thigh muscles using closed vs. open kinetic chain exercises: a comparison of performance enhancement. Journal of Orthopaedic and Sports Physical Therapy. v. 27, n.1, p. 37, 1998 apud JUNIOR, N.K.M. Treino de força para melhorar o salto vertical do atleta de voleibol. Revista Digital Buenos Aires. v. 10, n. 81, fev BADILLO, J. J. G, AYESTARÁN, E. G. Fundamentos do treinamento de força: Aplicação ao alto rendimento desportivo. Porto Alegre, Artmed, 2001, p BOJIKIAN, João Crisóstomo Marcondes. Ensinando voleibol. São Paulo: Phorte, CARVALHO, C; VIEIRA, L; CARVALHO, A. Avaliação, controlo e monitorização da condição física da selecção portuguesa de voleibol sénior masculina época 2004, Laboratório do Movimento Humano, Instituto Superior da Maia, Portugal, CARVALHO, A. C., Estudo Comparativo do Salto Vertical entre Desportistas especializados em Saltos e Não-Desportistas, de ambos os gêneros.u.porto Faculdade de Desporto Faculdade do Porto, ENOKA, R.M. Neural adaptations with chronic physical activity. Journal Biomechanics, v.30, n.5, p , Bases Neuromecânicas da cinesiologia. São Paulo, 2000, p.450. apud por MONTERO, FERREIRA, I.C., A Importância do Trabalho de Impulsão Vertical em voleibolistas como diferencial dos atletas de alto nível, f. Tese (Graduação) Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro Universitário de Formiga, UNIFOR, FURTADO, G. S., MELO, R. R. O., GARCIA, M. A. C. Desempenho de atletas de voleibol do sexo feminino em saltos verticais. Rio de Janeiro Revista Eletrônica da Escola de Educação Física e Desportos UFRJ Volume 2 Numero 2 Junho de 2006 Disponível em: < artigos_teses/educacao_fisica/artigos/desempenho-de-atletas.pdf>. Acesso em: 13 maio

318 GOMES, F.V. A influência do treinamento de força nos níveis de impulsão horizontal e vertical em goleiros de futebol de campo na fase da adolescência. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v.3, n.7, p Jan/Fev/Mar/Abril JENSEN, R. L.; EBBEN, W. P. Kinetic analysis of complex training rest interval effect on vertical jump performance. Journal of Strength and Conditional Research, 17, v. 2, p , apud FURTADO, G.S. et al Desempenho de Atletas de Voleibol do Sexo Feminino em Saltos Verticais. Arquivos em Movimento. Rio de Janeiro, v.2, n.2, jul./dez., JUNIOR, NKM. Treino de força para melhorar o salto vertical do atleta de voleibol. Buenos Aires Revista Digital Ano 10 N 81 Fevereiro de 2005 Disponível em: < teses /2010/Educacao fisica/artigo/1 Treino Voleibol.pdf.>. Acesso em 22 maio MARCHESE, R. Influencia da flexibilidade no salto vertical em atletas de voleibol masculino. Trabalho de Conclusão de Curso em Especialização em Ciência do Treinamento Desportivo do Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011 Disponível em: < ARCHESE.pdf?sequence=1>. Acesso em 05 abr MARKOVIC, G.; DIZDAR, D.; JUKIC, I.; CARDINALE, M. Reliability and factorial validity of squat and countermovement jump tests. Journal of Strength and Conditional Research, v. 18, n. 3, p , apud FURTADO, G.S. et al Desempenho de Atletas de Voleibol do Sexo Feminino em Saltos Verticais. Arquivos em Movimento. Rio de Janeiro, v.2, n.2, jul./dez., MARTINS, J.C.B., Avaliação e prescrição de atividade física: guia prático / João Carlos Bouzas Martins e Ronaldo Sérgio Giannichi. 3 ed. Rio de Janeiro: Shape, p MARTINS,G.C.; OLIVEIRA,H.F.R.; CAMARGO,L.B.; VIEIRA,F.S.F.; NODA,D.K.G.; NOVELII,C.; CASAGRANDE,R.M.; JUNIOR,G.B.V. Análise biomecânica do salto vertical: estudo comparativo entre crianças esportistas e não esportistas. Revista CPAQV Centro de Pesquisa Avançadas em Qualidade de Vida. v. 6, n. 1, MONTERO, E.G. Comparação dos efeitos do treinamento de força máxima sobre variáveis neuromusculares entre atletas e indivíduos irregularmente ativos, f. Tese (Mestrado) Educação Física, Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, Disponível em: < Acesso em: 29 de maio SOARES, N. A relação entre a altura de contacto no remate, o alcance máximo de braço e a impulsão vertical; f. Estudo monográfico realizado no âmbito da disciplina de seminário; FCDEF UP

319 SOUZA, HAS; FIDALE, TM. A importância do treinamento pliométrico para a otimização da performance do salto vertical dos e das atletas voleibolistas. Revista Digital. Buenos Aires. v. 15, n. 143, abr Disponível em: < Acesso em: 13 maio TEIXEIRA, M.; GOMES, A. C. Aspectos da preparação física no voleibol de alto rendimento. Revista Treinamento Desportivo. v. 3, n. 2, p , Weineck, J. Treinamento Total. 9ª edição. Manole. São Paulo

320 10 ANEXOS: CARTA PARA OBTENÇÃO DO CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Prezado(a)s Eu, Maíra Pereira Bastos, portador(a) do CPF , RG MG , acadêmico (a) do 8º Período de Bacharelado em Educação Física, Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova/MG, vou desenvolver uma pesquisa cujo título é Salto vertical dos atletas amadores de voleibol. A sua participação nesta pesquisa é voluntária e as avaliações não trarão qualquer risco e desconfortos. Informo que os Sr(a)s. têm a garantia de acesso, em qualquer etapa do estudo, sobre qualquer esclarecimento de eventuais dúvidas. Garanto que as informações obtidas serão analisadas em conjunto com outras pessoas, não sendo divulgada a identificação de nenhum dos participantes. Não existirão despesas ou compensações pessoais para o participante em qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não há compensação financeira relacionada à sua participação. Eu me comprometo a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os resultados serão veiculados através de artigos científicos em revistas especializadas e/ou em encontros científicos e congressos, sem nunca tornar possível a sua identificação. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Acredito ter sido suficientemente informada a respeito do estudo Salto vertical dos atletas amadores de voleibol. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que a minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso aos resultados e de esclarecer minhas dúvidas a qualquer tempo. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido. Data / /

321 Assinatura do informante Data / / Assinatura do(a) pesquisador(a)

322 PRATICA DE EXERCÍCIO FÍSICO POR POLICIAIS MILITARES EM UM MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS Deyliane Aparecida de Almeida Pereira Renato Cardoso de Moraes Samuel Gonçalves Pinto Fabrício Sette Abrantes Márcia Ferreira da Silva RESUMO A Educação Física na Policia Militar é importante para a obtenção da boa saúde e condicionamento físico, resistência à fadiga e autodisciplina, habilitando o policial a participar de todas as situações contraria que surgem em seu dia a dia. Este estudo pretende investigar o desenvolvimento da Educação Física para militares. Trata-se de uma pesquisa de corte transversal e realizada na 146º Companhia Especial da Policia Militar de Cataguases MG. Foi aplicado um questionário semiestruturado, aos militares dessa Cia com o objetivo de investigarmos o desenvolvimento da Educação Física. Pode-se concluir que os militares pertencentes a 146ª Cia. Esp. da Policia Militar de Cataguases-MG necessitam de um programa de atividade física mais estruturada, que possibilite a prática regular de atividades, visando a recuperação,a manutenção e a melhoria de todos os componentes da aptidão física relacionados à saúde, o que trará benefícios tanto para a saúde quanto para o desempenho da atividade policial. Palavras-chave: Atividade Física, Policiais Militares, Saúde. AREA TEMATICA: CIENCIAS DA SAUDE

323 1. INTRODUÇÃO Segundo a Lei 5301 (Estatuto dos Militares do Estado de Minas Gerais), de 1969, para ingressar na carreira policial militar, é realizado um concurso público, onde os indivíduos são submetidos a vários exames, dentre eles, os testes de aptidão física. Para serem aprovados nesses testes, os indivíduos devem apresentar um desempenho físico superior, quando comparado com a população em geral. Dessa forma, o policial militar estará apto a desempenhar os diversos tipos de missões a ele impostas, tendo que dar uma resposta eficiente à sociedade, muitas vezes, com um desempenho físico acima da média, seja de dia ou de noite (MINAS GERAIS, 1969). De acordo com as Diretrizes da Educação da Polícia Militar (DEPM), o treinamento de Educação Física tem como objetivo a obtenção da boa saúde e condicionamento físico, resistência à fadiga e autodisciplina, habilitando o policial a participar de todas as situações contraria que surgem em seu dia a dia. Sendo exigência da Polícia Militar de Minas Gerais o bom condicionamento físico do militar para ingressar na corporação, bem como o decorrer dos cursos de formação, especialização e aperfeiçoamento e também para frequentar cursos de interesse particular dentro da área policial, devido à realização dos Testes de Aptidão Física (TAF) que lhes são exigidos (MINAS GERAIS, 2010). Através disso, existe a obrigação de um conhecimento institucional na manutenção do condicionamento físico e mental dos militares estaduais desde o curso de formação até sua passagem para reserva remunerada, mostrando a importância, não apenas para o ideal desempenho de sua função, mas também para sua saúde individual, resultando em maior qualidade de vida (MINAS GERAIS, 2010). A Educação Física na Policia Militar é importante para a obtenção da boa saúde e condicionamento físico, resistência à fadiga e autodisciplina, habilitando o policial a participar de todas as situações contraria que surgem em seu dia a dia. Logo é necessário investigar a atual prática de atividades físicas desenvolvida na Policia Militar de Cataguases- MG e verificar as relações das influências do militarismo na Educação Física do Brasil desde o seu início, por se trata de uma profissão que historicamente possui relação. Nesse sentido, este estudo pretende investigar o desenvolvimento da Educação Física para militares identificar, pois tem-se observado que esta prática, no serviço militar, não tem valorização, embora identifica-se relação histórica do militarismo e da Educação Física e dos seus benefícios para uma vida saudável. 2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA 2.1. A origem da Educação Física e sua relação com o militarismo. Segundo Quitzau (2012) a formação de toda a sociedade está baseada em alguns fundamentos de sobrevivência, sendo a saúde pública uma das necessidades principais do cidadão. Em meio às construções e reconstruções de países, após conflitos de guerras, grandes catástrofes a saúde se torna elemento essencial. Na Europa, especificamente na Alemanha, além da medicina, as grandes autoridades políticas do século XVIII apresentavam os cuidados com a saúde da população como uma das preocupações básicas do Estado, sendo o corpo um dos meios para o desenvolvimento desse Estado. Alguns pensadores daquela época defendiam a tese de que o corpo quando bem trabalhando gerar qualidade de vida na saúde e na educação. Quitzau (2012) complementa que a sociedade alemã passava por uma grande inatividade física, devido à mudança de hábitos do cidadão, as tarefas diárias tornaram-se mais acessíveis fazendo com que o cidadão fizesse menos esforços físicos e como

324 conseqüência trazia doenças, homens de corpos fragilizados, sem destreza e inativos, causando grandes preocupações aos médicos e responsáveis pela política social. Com bases na importância dos exercícios físicos, os Romanos, e principalmente, os Gregos, serviram de modelo para ser empregada a ginástica, atividade física que foi introduzida na sociedade alemã para mudar aqueles hábitos de vida, além da medicina alguns pensadores daquela época defendiam a tese de que a ginástica tornaria o meio que gerava saúde e bem- estar para o corpo, sendo a pratica dessas atividades físicas empregado no cotidiano daquela juventude. Guts Muths (1800, apud Quitzau, 2012) complementa que, o sistema de educação vigente no período (fins do século XVIII, início do XIX) é visto por este pedagogo como o grande responsável pela inatividade corporal, pelas doenças e inúmeros outros sofrimentos, uma vez que desobedece as leis da natureza, rejeitando em seus planos o aperfeiçoamento das faculdades corporais a partir dos exercícios físicos e formando, portanto, homens de muito conhecimento, porém de corpo fragilizado, indo contra a orientação de que a educação deveria formar um corpo forte e uma mente forte Quitzau (2012, p. 7) reforça que, como consequência dessa educação que negligencia o corpo, observa-se, então, a formação de indivíduos fracos, sem destreza, enfermos, inativos, que não sabem escolher seus divertimentos, e cuja mente é debilitada. Um dos principais objetivos da educação ginástica seria, portanto, estimular os jovens a exercitar seu corpo fugindo, assim, de uma debilidade física e mental Após o Brasil torna- se um país independente as influências imperiais ainda eram grandes, caracterizado por diversos aspectos, um deles a ginástica que fazia parte da educação da elite Européia, sendo adotada pela elite em que dominava o Brasil daquela época. E com isso é notável a presença do militarismo na prática da ginástica, através de registro histórico de professores que era contratado para aplicar as atividades desenvolvidas, como encontrado nas citações de Cunha Junior (2008, p. 1-2). Fundado em 1837, o CPII contratou seu primeiro Mestre de Gymnastica, o ex- Capitão do Exército Imperial, Guilherme Luiz de Taube, no ano de Acompanhemos um trecho da carta através da qual Taube ofereceu-se para introduzir e ensinar os exercicios gymnasticos na instituição: Aos pés do Throno Imperial de V. M. vém submissasse o cidadão Brasileiro, ex- Capitão do Exercito Imperial por Decreto de 24 de Novembro de 1830, supplicar uma graça [...] vém elle offerecer-se a V.M.I. p.a para introduzir e ensinar no Collegio, que tomou o glorioso nome de V.M., exercicios gymnasticos aos estudantes. Estes exercícios são recomendados pela Revista Medica como meios de utilidade para a mocidade: estes exercícios são adoptados em todos os Collegios e Lyceos da Europa, como meios de desenvolver as forças do corpo, e também as d alma. Cunha Junior (2008) afirma que através de análise histórica é possível perceber que Educação física no Brasil teve o seu inicio marcado através da prática da Ginástica, praticado pelos Militares da época que inicialmente adotaram o método alemão, sendo considerado útil para o bom condicionamento físico do militar e eficaz na disciplinarização das tropas. Essa influência veio da Europa através do Império Português, caracterizado o inicio do desenvolvimento da Educação Física no Brasil. Almeida (2010, p. 6-7) reforça que, nas análises sobre a educação física no Exército brasileiro se estabelece que a atividade foi introduzida pelos membros da guarda pessoal da Imperatriz D

325 Leopoldina. Eles praticavam a gymnastica, também denominada prática motora. A partir deste início pontual a atividade, certamente, conheceu alguma difusão que impulsionou, mais tarde, um começo de regulamentação oficial. Em 1852 vê-se que a ginástica alemã foi implantada no Exército 2.2. A história da polícia militar de minas gerais e a sua relação com a história da educação física no Brasil e na Europa. A Polícia Militar de Minas Gerais nasceu antes da independência do Brasil, quando ainda o país estava sobre os domínios da coroa portuguesa, sendo criada no início do século XVIII, trazendo a curiosidade de que a sua história viveu um grande paralelo com a história da Educação Física no Brasil desde suas raízes na Europa como já descritas aos capítulos anteriores. A ambição pelo ouro e pedras preciosas fez com que viesse para a província das Minas Gerias expedições com origem em outros lugares mais desenvolvidos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e até mesmo Portugal, formando grandes grupos, onde a única lei que prevalecia era do mais forte. No entanto a única questão que preocupava a coroa portuguesa era a fraude fiscal (MARCO FILHO, 2005). A segurança das vilas, das autoridades e das riquezas extraídas da terra, necessitava de uma tropa estruturada nos fundamentos da hierarquia e disciplina militares, determinada a cumprir as missões a ela impostas e que não se deixasse levar pela ambição e pelo brilho do ouro. A partir de então Portugal envia ao Governador de Minas Gerais, Pedro Miguel de Almeida, com a intenção de acabar com a sonegação de impostos e com o clima de agitação, duas Companhias de Dragões, formada apenas por portugueses que assim que chegaram trocaram suas armas pelas bateias e almocafre, influenciados pelo sonho da riqueza fácil (MARCO FILHO, 2005). O então Governador de Minas Gerais, Dom Antônio de Noronha, acaba com as Companhias de Dragões, insatisfeito com a fragilidade e o desempenho insatisfatório, criando o Regimento Regular de Cavalaria de Minas Gerais, em 09 de junho de 1775, composto somente de mineiros. Essa força recém-criada tinha a função de cumprir as missões de natureza militar e policial, prevenir e reprimir os crimes, a manutenção da ordem pública, por meio de ações e operações de enfrentamento de tumultos, insurreições e defesa da Capitania e da Pátria, a fim de resguarda a extração, o transporte e a exportação do ouro para Portugal (MARCO FILHO, 2005). Com o passar do tempo, estabelecida a República, após a contratação do Coronel Robert Drexler, do Exército Suíço, é presenciado a militarização da Força Pública Mineira, onde os soldados eram treinados na arte da guerra. No entanto, a Força Pública Militarizada se mantinha aquartelada, surgindo então às chamadas Guarda Civis, encarregadas do policiamento ostensivo na Capital e em algumas cidades maiores (MARCO FILHO, 2005). Marco Filho (2005) expõe que o Decreto-Lei 667 e suas modificações mudaram novamente a face da PM, pois foi garantido às Polícias Militares a Missão Constitucional de Manutenção da Ordem Pública, sendo, também, extintas outras forças policiais fardadas, como: Guarda Civil, Guardas Rodoviários do DER, Copo de Fiscais do DET e Guardas Noturnos. Assim, foi dada a Polícia Militar exclusividade no planejamento e execução do policiamento ostensivo, sendo substancialmente reformulado o conceito de autoridade policial. Dessa forma, a Constituição da República de 1988, em seu artigo 144, estabeleceu um Sistema de Segurança Pública, com estruturas próprias e independentes, mas interligados funcionalmente, personalizando o esforça do Poder Público, para prevenir e combater a violência e a criminalidade, garantindo os direitos do cidadão e da coletividade. 3. METODOLOGIA

326 A metodologia utilizada foi a pesquisa de campo, de corte transversal, e realizada na 146º Companhia Especial da Policia Militar de Cataguases MG. Foi aplicado um questionário semiestruturado, aos militares dessa Cia com o objetivo de investigar o desenvolvimento da Educação Física. A amostra foi composta de aproximadamente 20% do efetivo de policiais militares, correspondendo à totalidade de militares dessa companhia, com idade variando entre anos que realizavam atividades físicas uma vez por semana. Estas atividades tinham duração média de 1 h 30 min. O questionário foi elaborado e validado por três professores especialistas da área e composto de sete questões objetivas. Por questões éticas, os entrevistados aceitaram participar da pesquisa após conhecerem os objetivos da mesma e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 4. RESULTADOS % Pratica de Educação Física Sim 80,0 Não 20,0 Frequência da pratica de exercícios físicos 1 vez na semana 70,0 1 vez a cada 15 dias 10,0 1 vez por mês 20,0 Exercícios Físicos desenvolvidos Aeróbico 30,0 Esportes 70,0 Tempo de duração das atividades 30 minutos a 1 hora 10,0 1 a 2 horas 40,0 2 a 3 horas 40,0 Mais de 3 horas 10,0 Profissional responsável Superior hierárquico 90,0 Professor de Educação Física 10,0 Qualidade dos exercícios desenvolvidos Bom 40,0 Regular 40,0 Ruim 20,0 Mudanças a serem feitas na Educação Física Ter profissional formado em Educação Física ou Treinamento 100 Físico ou em Esporte. Ter espaço próprio da corporação. 50 Ter obrigatoriedade na prática de exercícios físicos especifica 100 da área profissional. Verifica-se que 80,0 % dos entrevistados responderam que existe prática da Educação Física na Polícia Militar de Cataguases-MG, sendo que destes 70% responderam que a faz uma vez na semana e os principais exercícios são os esportes. O exercício realizado tem duração de uma a 3 horas (80,0%) e são ministradas pelo superior hierárquico (90,0%). A qualidade dos exercícios desenvolvidos nas aulas de Educação Física é de boa (40,0%) a regular (40,0%) na percepção da amostra, sendo necessário mudanças no âmbito da

327 presença de um professor de Educação Física e ser uma prática obrigatória (100,0%) e há necessidade de um espaço próprio da corporação (50,0%). Os dados apresentados comprovam a revisão de literatura, mostrando que até hoje a pratica da Educação Física está presente no militarismo, especificamente na Polícia Militar de Cataguases-MG, dando ênfase na valorização da disciplinar pelos militares e destacado a desvalorização da instituição. A Educação Física aplicada para os policiais militares mostra ser insuficiente para o desenvolvimento do TAF (teste de aptidão física) e das atividades de trabalho diário do policial militar, sendo aplicados exercícios físicos que não são compatíveis com as necessidades da profissão em pouca duração de tempo e desenvolvidas por uma pessoa que não tem conhecimento profissional. 5. CONSIDERAÇOES FINAIS Foi possível perceber nesse trabalho a grande relação da Polícia Militar de Minas Gerais com a história da Educação Física, através do presente estudo abordado e dos dados apresentados, desde as suas raízes na Europa, chegando ao Brasil com grandes influencias de Portugal e sendo transformado através da evolução sendo vivenciado até hoje por nós. Diante das observações feitas neste estudo, pode-se concluir que os militares pertencentes a 146ª Cia. Esp. da Policia Militar de Cataguases-MG, necessitam de um programa de atividade física mais estruturada, que possibilite a pratica regular de atividades, visando à recuperação a manutenção e a melhoria de todos os componentes da aptidão física relacionados à saúde, o que trará benefícios tanto para a saúde quanto para o desempenho da atividade policial. 6. REFERENCIAS ALMEIDA, A. J. de. História da Educação Física no Exército Brasileiro: História do corpo e formação do Estado. Museu Paulista da Universidade de São Paulo, São Paulo Brasil. Recorde: Revista de História do Esporte Volume 3, número 2, dezembro de CUNHA JUNIOR, C. F. F. da. História da Educação Física no Brasil: reflexões a partir do Colégio Pedro Segundo. Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº Agosto de MARCO FILHO, L. Ten Cel Cpl QOR História da PMMG. 6º Ed. rev. Editora o Lutador, MINAS GERAIS. Resolução n de 24 de setembro de Dispõe sobre o Teste de Avaliação Física (TAF), a ser aplicado na Instrução Anual da tropa, e dá outras providências. Belo Horizonte: Quartel Comando Geral, Resolução n de 09 de março de Estabelece as Diretrizes de Educação da Polícia Militar de Minas Gerais e dá outras providências. Belo Horizonte: Quartel Comando Geral, 2010a.. Diretriz Geral para Emprego Operacional da Polícia Militar de Minas Gerais. Belo Horizonte: Quartel Comando-Geral, 3a Seção do Estado-Maior da PMMG, 2010b. QUITZAU, E. A. O trabalho na forma de alegria juvenil : A ginástica segundo Johann Christoph Friedrich Guts Muths. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 34, n. 2, p , abr./jun

328 TREINAMENTO DESPORTIVO COLETIVO EM UMA ESCOLINHA DE FUTSAL Acadêmicos: Eduardo Henrique da Fonseca silva Hugo Junior Marques de Souza Lucas Augusto Rodrigues de Jesus Matheus Henrique Berto Pereira Wendel Patrick Xavier RESUMO Orientador: Reginaldo Lúcio Lopes da Veiga Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova As escolinhas de futebol ofertadas em nossa sociedade buscam promover o esporte como um fator de inclusão social de crianças e adolescentes, participando ativamente em sua formação enquanto cidadão, seu desenvolvimento humano e a promoção de uma inserção a cultura esportiva em comunidades. O alto conhecimento da aplicação do treinamento esportivo de qualidade e fator de competência do profissional de educação física envolvido no projeto, uma vez que este profissional tem de ter total conhecimento para que possa estar à frente do projeto. Dentro do processo de treinamento esportivo temos de considerar como deve ser realizado o seu planejado e programado com base em certos princípios, considerando as teorias da periodização que apresentam em seus estudos períodos bem definidos como: preparatório, competitivo e transitório. O estudo nos aponta a compreensão à estrutura do treinamento do futsal na proposta da literatura especializada para o ambiente escolar, abordando o tema ao treinamento esportivo na modalidade futsal, por acreditar que esta modalidade tem o maior destaque e aceitação quando se comparada à oferta de outras modalidades esportivas quando nos referimos à palavra escolinha. O treinamento esportivo torna-se uma ferramenta essencial para a condução e o sucesso de todo o processo para o desenvolvimento do projeto escolinha de esporte. Palavras-Chave: escolinha treinamento - esporte futsal

329 INTRODUÇÃO O treinamento esportivo coletivo desde suas origens e muito praticado pela população objetiva a garantia da qualidade das atividades esportivas oferecidas pelas escolinhas, realizada em conformidade pela formação continuada dos alunos e profissionais envolvidos no processo. Quando nos referimos às escolinhas, independente de qual modalidade ofertada, e grande o envolvimento de crianças e adolescentes, pois as mesmas se inserem em instituições que oferecem os seus projetos, e também no trabalho desenvolvido pelos profissionais de educação física nas escolas de ensino regulares. Com referência ao caderno de treinamento esportivo oferecido pela Fundação Vale (2013), corroboramos em sua afirmativa: quando se fala em treinamento, logo vem à mente a imagem de alguém realizando muitas repetições de uma determinada atividade ou tarefa, o que traduz em parte, o tema do treinamento esportivo. Essa colocação ou imagem da repetição passou por muitas evoluções e transformações nos últimos 20 anos. A principal delas foi à mudança da quantidade para a qualidade das repetições, tendo como consequência os resultados obtidos pelos praticantes (iniciantes ou atletas). Barbanti (1997) apresenta um conceito mais amplo, que abrange contextos diferenciados dos demais autores, e define o treinamento esportivo como um conjunto de normas organizadas que visam ao desenvolvimento e ao aperfeiçoamento individual, com o objetivo de aumentar os rendimentos físico, psicológico e cognitivo. Percebemos o quanto é complexo, inovador e a existência de inúmeras buscas e formatos, de inovações nos uniformes na construção dos equipamentos no processo nutricional específico aplicado em cada atleta, e também a sua especificidade para as modalidades, dentre outros. Porém, o único fator de influência no desempenho é o treinamento físico que deve ser planejado adequadamente, com um desenvolvimento lógico e sequencial das habilidades ou capacidades biomotoras a serem melhoradas pelo indivíduo (BOMPA, 2002). É denominado periodização do treinamento desportivo, este planejamento que deve ser criado de maneira detalhada. A palavra periodização deriva de período, uma porção ou divisão do tempo em pequenos segmentos mais fáceis de controlar, a fim de propiciar o desempenho máximo nas principais

330 competições. É um processo de estruturação das fases de treinamento para atingir níveis máximos de condicionamento em capacidades biomotoras gerais e específicas (BOMPA 2002). Como escreve Marcos: a periodização tem seu início no século 20, quando Kotov apresenta treis períodos de treinamento (geral, preparatório e especial) (MARQUES, 1993). Matveev (1997), considerado para a teoria da periodização apresenta em seus estudos períodos bem definidos (preparatório, competitivo e transitório), grande ênfase nas cargas de preparação geral e organização das cargas em complexas (diferentes capacidades desenvolvidas na mesma sessão ou microciclo) e paralela (diferentes capacidades desenvolvidas ao longo de um mesmo período). Tanto no início de um ciclo de trabalho, como no entendimento no processo de formação da criança, do adolescente e do atleta de alto rendimento, torna-se fundamental no momento do planejamento uma atenção redobrada ao mecanismo de organização e da estruturação do desenvolvimento do treinamento esportivo. Weineck (1999), Verdugo e Leibar (1997), além de Gamble (2006) alertam que o planejamento consiste em exatamente destacar os elementos resultantes da atividade organizada, afim de facilitar o controle das diferentes variáveis que surgem no processo, por exemplo, o tempo disponível para a competição principal e a divisão temporal das fases de treinamento, os meios e métodos de treinamento, o volume e a intensidade. O processo de treinamento esportivo pode ser planejado e programado com base em certos princípios, como: princípio da adaptação, princípio da sobrecarga, princípio da reversibilidade, princípio da especificidade, princípio da individualidade biológica, princípio da continuidade, princípio da interdependência volume-intensidade, princípio da variabilidade, princípio da saúde, Percebemos o quanto e notório, abrangente e crescente os estudos que nos mostram diversas situações e aspectos relacionados ao universo do contexto do treinamento esportivo, assim esse trabalho enfatiza a modalidade do futsal como orientação na formação esportiva, em decorrência se ser um desporto de maior envolvimento a acessibilidade em nossas escolas de ensinos regulares, tornando-se necessário averiguar e discutir alguns pontos em sua relevância, pois acreditamos que este estudo possa contribuir para melhores entendimentos e aproximação entre a teoria e a pratica do treinamento esportivo

331 O principal objetivo do treinamento físico e, por meio da indução de adaptações positivas nos estados físico, motor, cognitivo e afetivo do indivíduo, aumentar o nível do seu condicionamento de forma que ele atinja o ápice do desenvolvimento durante a competição atlética. (BOMPA, 2002; WEINECK, 2003). De acordo com Voser (199) o futebol de salão nasceu nos anos 30 e foi criado na Associação Crista dos Mocos de Montevidéu, no Uruguai, pelo então diretor de seu departamento de menores, professor Juan Carlos Ceriani, Santana (2004) observa que o futsal criou uma identidade popular e tornou-se fenômeno por ser um esporte que se assemelha com o futebol. Porem pode ser praticado em espaço e número de jogadores reduzidos e com pouco material. Neste sentindo, devido à grande importância da realização da necessidade de compreender a estrutura do treinamento do futsal na proposta da literatura especializada para o ambiente escolar através do desenvolvimento aplicado pelo profissional de educação física, especialmente para formação de equipes de competições escolares, abordaremos o tema treinamento desportivo voltado para modalidade futsal, por acreditar que esta modalidade tem o maior destaque e aceitação quando se comprada à oferta de outra modalidade quando nos referimos à palavra escolinha. Muitos apontam um grande número de crianças e adolescentes inseridos nessas escolinhas por diversos fatores, sendo alguns deles: o gosto do indivíduo pelo esporte; a influência da mídia que destaca o futsal; a preocupação dos pais em oferecer aos seus filhos a prática da atividade, pois corroboramos a prática regular de atividade física sempre esteve ligada à imagem de pessoas saudáveis. Antigamente, existiam duas ideias que tentavam explicar a associação entre o exercício e a saúde: a primeira defendia que alguns indivíduos apresentavam uma predisposição genética a prática de exercício físico, já que possuíam boa saúde, vigor físico e disposição mental; a outra proposta dizia que a atividade física, na verdade, representava um estímulo ambiental responsável pela ausência de doenças, saúde mental e boa aptidão física. Hoje em dia sabe-se que os dois conceitos são importantes e se relacionam. Assim, esta prática vem ainda preencher os espaços ociosos dos filhos, permitindo a prática e o conhecimento do futsal em um projeto contemplado para a sua existência em horário extra turno ao ensino regular. Baseando-se no nome escolinhas de futsal nos deparamos com algumas situações a que esta se coloca sujeito, visando o esporte de rendimento onde muitos clubes profissionais,

332 semiprofissionais, ou até mesmo amadores, criando esses meios de treinamentos para estarem aptos a disputarem campeonatos que lhes são cabíveis de acordo com as suas estruturas; também visando o lúdico e o educacional. Oportunamente essas propostas são oferecidas pelas secretarias de esportes dos municípios, dos estados e através do incentivo do governo federal, tendo como foco principal a participação, inclusão. Estigarribia (2005) nos revela que atualmente, o futsal é o esporte mais praticado nas escolas podendo ser praticado por qualquer idade da fase escolar, e além de ser um dos conteúdos mais presentes nas aulas de educação física está presente também como atividade extraclasse, principalmente na formação das equipes que representam o estabelecimento de ensino nos jogos escolares. No ambiente escolar, extraclasse, o futsal sofreu modificações, além da finalidade competitiva e recreativa, se tornou um instrumento para retirar a criança da rua e ocupar seu tempo ocioso de forma educativa. Os profissionais de educação física, envolvidos com o treinamento desportivo têm de ser um conhecedor profundo da modalidade, sabendo instruir as sessões de treinamentos de acordo com seus objetivos a serem seguidos, mas não deixando os métodos de treinamentos de lado sejam eles: analítico, globais, mistos e variáveis, relevando que métodos corretamente utilizados e corretamente seguidos implicam em um bom desenvolvimento de sua turma. Dessa maneira fazemos menção de que a escolinhas geralmente abrange crianças e adolescentes e que o professor é papel fundamental nos processos de treinamentos esportivo, desde os planejamentos dos seus ciclos de treinos até o momento de execução da prática aonde a necessidade vai além dos alunos reproduzirem movimentos ou serem manipulados fisicamente, existe algo fundamental que é o respeito das individualidades biológicas. Assim, como as possibilidades aos estímulos permitirão o aluno serem criadores e bons entendedores do que lhe é proposto. Etchepare et al (2004) justifica a prática do futsal afirmando que além de desenvolver as capacidades técnicas e táticas, o aluno desenvolverá suas capacidades cognitivas de percepção, antecipação e tomada de decisões, tendo na aprendizagem psicomotora a base do processo da formação, por meio de movimentos básicos como correr, saltar e rolar o aluno irá desenvolver equilíbrio, ritmo, coordenação e noções de espaço e tempo. No entanto, para o aprendizado ocorrer

333 de forma positiva é necessário que seja progressivo e bem fundamentado, o espaço devidamente apropriado criando uma boa expectativa e interesse por parte dos alunos. Neste caso, os treinos objetivam alcançar os níveis mínimos de desenvolvimento das qualidades que envolvem a modalidade como: o domínio das técnicas individuais, noções de equilíbrio, controle corporal e habilidades motoras, e assim, inserir exercícios de acordo com cada função dos atletas dentro do jogo. DESENVOLVIMENTO Segundo Tubino (1984) a organização do treinamento desportivo de alta competitividade está sempre referenciada na lógica, na racionalidade, na metodologia científica de treinamento, nos

334 recursos disponíveis, nos prazos existentes, nas demais variáveis de intervenção, e, principalmente, nas capacidades e talentos em termos organizacionais dos responsáveis pelo seu desenvolvimento. Método, de acordo com Ferreira (1986, apud TENROLLER, 2004), vem do grego méthodos, caminho para chegar a um fim e ainda, caminho pelo qual se atinge um objetivo, sendo processo ou técnica de ensino. Formas organizadas e sistemas aplicados levarão aos alunos envolvidos a produzirem resultados favoráveis. Princípios são favoráveis ao desenvolvimento do treinamento esportivo, assim, citamos os métodos analítico, global e misto, suas variações vantagens e desvantagens. Segundo Xavier (1986, apud TENROLLER, 2004), define o Princípio do método analítico ou parcial da seguinte forma: Este método consiste em ensinar destrezas motoras por partes para, posteriormente, uni-las. De acordo com Santana (2005), esse modelo surgiu, primeiramente, nos esportes individuais. É, particularmente, representado pelo método parcial e assume várias definições que apontam para um mesmo ponto: as habilidades são treinadas fora do contexto de jogo para que, depois, possam ser transferidas para as situações de jogo. Referente ao princípio do método global, Santana (2005) ressalta que ao falarmos de método global, nos referimos ao princípio metodológico global-funcional. Neste, criam-se [...] cursos de jogos, que partem da simplificação de jogos esportivos de acordo com a idade, e através de um aumento de dificuldades na formação de jogos até o jogo final (DIETRICH; DURRWACHTER; SCHALLER, 1984, p. 13). A série de jogos (recreativos, grandes jogos, pré-desportivos...), portanto, representa a medida metodológica principal. Esse método (global) tem se mostrado mais consistente quando comparado aos analíticos, pois atende o desejo de jogar dos alunos, consequentemente, estes ganham em motivação e o processo ensino-aprendizagem é facilitado (GRECO, 2001 apud SANTANA 2005). Dentro do processo de treinamento esportivo, quando percebemos o seu envolvimento baseado em extensão, percebemos que o tempo máximo voltado para as escolinhas podem ocorrer até cinco vezes na semana com flexibilidades no tempo de treinamento, quando necessário podendo existir momentos com treinamentos extras. Vale ressaltar que as instituições também têm como

335 objetivos a de se alcançar como, por exemplo, foco nos primeiros lugares, participação em competições importantes, revelações de talentos e etc. De acordo com Voser (1999) o futebol de salão nasceu nos anos 30 e foi criado na Associação Cristã de Moços de Montevidéu, no Uruguai, pelo então diretor de seu departamento de menores, professor Juan Carlos Ceriani. Santana (2004) observa que o futsal criou uma identidade popular e tornou-se um fenômeno por ser um esporte que se assemelha com o futebol, porém pode ser praticado em espaço e número de jogadores reduzidos e com pouco material. O futsal é um desporto de criação Nacional, nascido da fusão do futebol de salão e do futebol de cinco. Ocupa um lugar de destaque no cenário brasileiro e mundial, e é homologado oficialmente pela FIFA (FERREIRA, 2002). Assim, ocorrem sessões de treinamentos que se revezam em preparação física, tática, treinos individuais e coletivos entre outros. A preparação física nesse modelo de rendimento geralmente atende todas as valências físicas e são treinadas especificamente uma vez por semana, onde são submetidos treinamentos de força, resistência, velocidade, agilidade, equilibro, coordenação, flexibilidade; a tática se resume em treinos de posicionamento, fundamentos básicos e especializados, como passe, finalização assim, como combinações de fundamentos e táticas, que: Segundo Mutti (2003), tática é uma forma racional e planejada de aplicar um sistema e seus vários esquemas, a fim de combinar o jogo de ataque e defesa, tirando proveito de todas as circunstâncias favoráveis da partida, com o objetivo de dominar o adversário e conseguir a vitória (p. 177). Exemplificando o trabalho de posse de bola em formação tática 2 x 2 que é o mais simples entre todos os sistemas, utiliza dois jogadores na defesa e dois jogadores no ataque. Por ser de fácil assimilação é utilizado nas categorias de iniciantes e equipes tecnicamente inferiores. Este sistema pode ser considerado como precursor de outros sistemas tais como: 3x1, 1x3. Em termos dinâmicos, quando um atacante recua para ajudar na defesa se transforma em 3x1, e quando um defensor avança para ajudar no ataque passa a 1x3 (MUTTI, 2003), os treinamentos individuais ocorrem em caso de goleiros ou até mesmo indivíduos que necessitam de uma atenção maior para melhor alguma valência física ou fundamento e os treinamentos coletivos por sua vez se baseia para se ter uma avaliação geral de como está sendo absorvido o que é treinado

336 Com variações de acordo com os planejamentos, as escolinhas particulares desenvolvem seus treinamentos em três vezes por semana, onde esta tem objetivo de preparar os indivíduos para estarem aptos às atividades do dia a dia, não tendo aquele compromisso de revelar talentos ou até mesmo se integrar a competições. Geralmente os pais inserem seus filhos na modalidade por acreditarem na necessidade de oferecer aos seus a prática da atividade física devido à grande contribuição apara a saúde. Os treinamentos são coletivos, precedidos de alongamentos e aquecimentos, com ênfase em fundamentos básicos com passes, finalização, deslocamentos, não é comum preocuparem com treinamentos físicos entre outros. As escolinhas lúdico-educacionais criadas como projetos com relevância social são desenvolvidas no máximo duas vezes na semana, onde o principal objetivo está ligado a inclusão, a participação de todos no ambiente; podendo ser divididas em categorias ou até mesmo sendo trabalhada de maneira global, onde o professor trabalha de acordo com o horário com indivíduos de todas as idades. Os treinamentos nesse contexto acontecem de forma coletiva, o professor foca na recreação, no lazer dos indivíduos, sendo comum não haver variações em treinamentos, mas sim uma interação bastante comunicativa entre professor e aluno para que estes não abandonem o projeto e busquem ou criem objetivos de vida através do esporte. CONCLUSAO Considerando-se o conteúdo demonstrado, o treinamento esportivo trabalha com diversas variáveis, que se aplicadas de forma correta pelo professor ou o treinador, os resultados e as melhoras ao desempenho serão significativas; a proposta deste trabalho que será desenvolvido em especial a uma escolinha de futsal, principalmente quando este dispensar o tratamento a aplicabilidade em alunos - atletas iniciantes da prática esportiva, existindo ou não a pretensão de seguir carreira de atleta

337 Chamamos a atenção para que o profissional de Educação Física quando se propõem a trabalhar com projeto Escolinha de Esporte, é necessário, e tem a obrigatoriedade de conhecer profundamente as suas implicações, métodos, pedagogia, evolução e consequentemente suas necessidades. Através dos estudos percebemos que as escolinhas de esportes em geral, apesar de ter destacado em nosso tema o Futsal, cresce cada vez mais, sendo que, cada uma apresenta um objetivo específico. Em relação à modalidade Futsal, percebemos que as escolinhas de futsal são as que mais se destacam perante as demais, devido à demanda cultural em nosso país ser mais abrangente no sentido esporte quando o assunto é Futebol. No presente estudo apontamos diferentes tipos de treinamentos, seus objetivos, dentre outros fatores, sendo assim, torna-se necessária à compreensão de forma generalizada de todos os processos e mecanismos que envolvem a proposta individualizada de cada tipo de escolinha de esportes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBANTI, V. J. Dicionário de educação física e do esporte. São Paulo: Editora Manole, 1994 BOMPA, T.O. Periodização: Teoria e metodologia do treinamento. $. Ed. Guarulhos: Phorte editora,

338 ESTIGARRIBIA, R.C. Aspectos relevantes na iniciação ao Futsal. Porto Alegre, Monografia Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul ETCHEPARE, L.S. Inteligência corporal sinestésica em alunos de escolas de futsal. EFdeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 78, FERREIRA, R. L. Futsal e a Iniciação. 6 ed. Rio de Janeiro: Sprint, FUNDAÇÃO VALE, Treinamento esportivo - (Caderno de referência de esporte; 4) Brasília DF UNESCO GAMBLE, P. Periodization of training for team sports athetes. National strength and conditioning Association, v. 28, n. 5, p.56-66,2006 GRECO, P.J.; BENDA, R.N. Iniciação esportiva universal 1: da aprendizagem motora ao treinamento técnico. Belo Horizonte, Escola de Educação Física da UFMG, LEVESQUE, D. El entrenamiento em los desportes. Madrid: editorial Paidotribo, MARQUES, A.T. A periodização do treino em crianças e jovens: resultados de um estudo nos centros experimentais da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto. In: BENTO, J.; MARQUES, A. (Eds). A ciência do desporto, a cultura e o homem. Porto: Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto, Câmara Municipal do Porto, 1993.p MATVEEV, L.P. Fundamento del entrenamiento desportivo. Moscú: Ed. Ráduga, MUTTI, D. Futsal, futebol de salão, futsal-base: artes e segredos. 2ª ed. São Paulo: Hemus, OSER, Rogério da Cunha. Análise das Intervenções Pedagógicas em Programas de Iniciação ao Futsal. Mestrado em Ciências do Movimento Humano. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre/ RS: Acessado em: 20/07/2009. SANTANA, Wilton Carlos de. Futsal: metodologia da participação. Londrina/PR:

339 SANTANA, WC (2004). Futsal: apontamentos pedagógicos na iniciação e na especialização. Campinas, editora: Autores Associados. TUBINO, Manoel José Gomes. Metodologia científica do treinamento desportivo. 3ª edição. São Paulo: Ibrasa, TENROLLER, Carlos Alberto. Futsal: ensino e prática. Editora Ulbra, Canoas RS: VERDUGO,M.G.; LEIBAR, X. Entrenamiento de la resitencia. Madrid: Editorial Gymnos, 1997 WEINECK, Júrgén. Manual de treinamento esportivo. 2. Ed. São Paulo: Editora Manole,

340 Título: A Língua de Sinais como uma forma legítima de falar Resumo: Este trabalho produz uma discussão teórica realizada através de uma pesquisa bibliográfica sobre o processo educacional do aluno surdo, o papel da Libras para seu aprendizado e a formação da identidade surda. A educação da criança surda no contexto da escola regular necessita de um outro olhar em relação às suas particularidades, pois este processo se apresenta como algo mais complexo quando pensado através do processo histórico-social que o precede. Desvincular as discussões acadêmicas, sociais, políticas bem como nossa própria prática educativa das operações dicotômicas surdo/ouvinte, normais/anormais, educação especial/educação inclusiva é, pois, o grande desafio do nosso tempo. Há um longo caminho para que se concretize o ideal de uma pedagogia que favoreça a construção da identidade surda e que permita verdadeiramente reconhecer o surdo como legítimo na convivência escolar. Assim, esse trabalho problematiza aspectos cotidianos da pessoa surda tanto na escola como fora dela, a formação da identidade surda, bem como a importância do professor surdo e intérprete de Língua Brasileira de Sinais para a formação social e cognitiva da pessoa surda. Palavras chave: Língua de Sinais; Diferença; Inclusão. Área temática: Educação Inclusiva

341 A LÍNGUA DE SINAIS COMO UMA FORMA LEGÍTIMA DE FALAR Renan Lourenço Arruda¹ Mirtes Aparecida dos Reis Guimarães² Reginaldo Lúcio Lopes da Veiga 1. Introdução É possível constatar nos últimos anos uma preocupação com o paradigma da educação do surdo. Contudo, essa mudança não pode ser compreendida fora do contexto históricosocial do qual ela faz parte, ou seja, ela não desvinculada das relações de saberes e poderes produzidas no seio social. O progressivo abandono da perspectiva clínica e terapêutica de atenção ao surdo, e a aproximação ao discurso sociocultural pode e deve ser considerada como um grande avanço. Porém, a dificuldade de conceber uma pedagogia para a educação do surdo fora dos pares binários surdos/ouvintes, normais/anormais, educação especial/educação inclusiva é explicitamente um desafio para os novos tempos. No Brasil, a Lei n º , de 24 de abril de 2002, reconheceu a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como meio legal de comunicação e expressão do surdo. Em seu artigo 4º, determinou que: O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do distrito federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de educação especial, de fonoaudiologia e de magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino de Língua Brasileira de Sinais, como parte integrante dos parâmetros curriculares nacionais PCNs conforme a legislação vigente (BRASIL, 2002). Este texto por si só não se faz suficiente para desnudar as implicações contidas na educação do surdo e no aprendizado da Libras, nem a forma como a prática educacional reproduz, sustenta ou supera as dicotomias já apresentadas. Nesse contexto, o presente estudo objetivou versar sobre o processo educacional do aluno surdo, o papel da Libras para seu aprendizado e a formação da identidade surda. 2. Material e Métodos Metodologicamente o estudo caracteriza-se pesquisa bibliográfica feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas (GIL, 2014). Tal forma de pesquisa propõe investigar ideologias e analisar as diversas posições acerca de um problema. Dessa forma, a ênfase qualitativa e descritiva dada aos livros, artigos científicos, páginas de web sites utilizados possibilitou o diálogo com diversos autores como Carlos Skliar e Zilda Maria Gesueli para a fundamentação deste estudo, fornecendo uma visão ampla sobre o cenário educacional do aluno surdo e a formação de sua identidade. 3. Discussão A história da educação escolar da criança surda foi fortemente marcada pela filosofia oralista do século XVIII, que considerava como prioridade no ensino das crianças surdas a aquisição e desenvolvimento da fala-vocal sonora. Tal perspectiva acreditava que o aprendizado da língua de sinais poderia prejudicar o processo educacional escolar da criança surda uma vez que privilegiava o signo visual em detrimento do aparato vocal, poderia até mesmo ser entendida como um perigo a aquisição da linguagem oral. A ênfase dada a aquisição da fala vocal vocal-sonora nesse período passou por uma série de modos de legitimação através das ciências, o que tornou tardio o reconhecimento da Língua de Sinais como meio de comunicação do surdo. Segundo Guimarães, (2015, p. 55),

342 Esse modo de medicalização, que entendia a surdez como um déficit em relação à forma ideal (ouvinte), resulta de uma dificuldade em conceber outras formas de ouvir. Impõe-se, então, a percepção de estímulos sonoros como norma e as demais formas de perceber e intervir no mundo passam, por parte do surdo, a ser entendidas como carência, falta, deficiência, etc. O paradigma oralista da educação dos surdos deixou suas marcas na educação escolar das crianças surdas e ainda hoje o surdo ainda é alvo de inferiorização em nossa sociedade. Em sua singularidade, são compreendidos como diferentes e tal diferença provoca mal-estar diante de nossos referenciais de mundo, já que julgamos o surdo a partir do referencial ouvinte. É nessa operação dicotômica surdo versus ouvinte que a construção de uma identidade surda se dá. Ou seja, se a relação do homem com o mundo é dada a través de um processo de mediação, a construção da identidade surda só pode ser pensada através da relação do sujeito com o outro e os significados produzidos nesse encontro. O sujeito absorve de forma particular a cultura e os valores do meio em um processo de internalização (GESUELI, 2006). Sendo a identidade surda construída nesse processo de mediação em que o aluno surdo constrói suas experiências de mundo através da linguagem visuogestual, para seu aparato cognitivo é de suma importância o aprendizado da Libras bem como para a construção da identidade surda e para a inclusão efetiva do surdo no processo educativo. Todavia, assumir a identidade surda ainda é algo complexo, uma vez que no contato com a comunidade ouvinte sua forma de comunicação pode não ser considerada com legítima. Para Gesueli (2006, p. 289) significaria assumir o compromisso de pertencer a um grupo minoritário e, infelizmente, ainda muito discriminado. Uma das prioridades no momento em que falamos sobre a educação escolar do aluno surdo nas classes regulares perpassa principalmente o aprendizado da Libras, pois sem sua garantia o aluno surdo se encontra na posição de ter que se adaptar às condições do sistema de ensino, fica em uma posição de inferioridade uma vez que os pressupostos inclusivos são abandonados. Assim, entendemos o ensino da Libras como algo primordial tanto para a escolarização dos surdos como para que o surdo possa olhar-se e narrar-se através de sua condição surda e não através do não ser ouvinte ou do ser deficiente. De acordo com a autora Naiana de Oliveira Palma (2012) a pessoa surda é aquela que tem a perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender a fala através do ouvido. Se tal condição dificulta o aprendizado da linguagem oral também pode acarretar em dificuldades em seu relacionamento na sociedade. Esta afirmação não é uma novidade para nós, todavia é preciso questionar a forma como enxergamos o surdo na sociedade pois somente dessa forma encontraremos uma abordagem educacional adequada para se trabalhar com o surdo. Tal abordagem educacional consiste basicamente em deslocar a língua oral como o grande e principal objetivo na educação de surdos, priorizando a comunicação dos mesmos, ou seja, compreendê-los enquanto comunidade linguística, sendo a língua de sinais a primeira língua do surdo. É preciso entender que diferentes línguas coexistem e que o aprendizado da Libras é o primeiro requisito para que o surdo compreenda o mundo a sua volta e seja capaz de aprender outras línguas. Assim, a língua de sinais anula a deficiência e permite que os surdos constituam, então, uma comunidade linguística minoritária e não um desvio da normalidade (SKLIAR, 1997, p.141). Para Perlin (2010, p. 56), o surdo tem diferença e, não deficiência. As identidades surdas assumem formas multifacetadas, não seria certo acreditar que todos os surdos são iguais, pois cairíamos na mesma estratégia dicotômica e colonizadora que combatemos. Dessa forma cada surdo tem seu próprio jeito de ser surdo e, ao propiciar a criança surda o aprendizado da língua de sinais e a presença de um professor surdo estaremos possibilitando sua identificação cultural, política e social com a comunidade surda

343 Curiosamente, a grande demanda por professores surdos e intérpretes de Libras não acompanha a oferta desses profissionais no mercado de trabalho. Vários editais e concursos públicos são abertos com o intuito de atender a Lei n º , de 24 de abril de 2002, bem como ao decreto nº 5626/05 de 22 de dezembro de 2005 que regulamenta esta lei e vagas não são preenchidas. A Figura 1 ilustra a realidade vivida por muitos surdos no Brasil. Figura 1 - Visão e Revisão Conceiro e Preconceito (arte de Ricardo Ferraz). O surdo tem sido privado da presença do interprete de Libras. Segundo a Lei nº e 1 de setembro de 2010 que regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete em seu artigo 4º este profissional tem dentre outras funções a tarefa de efetuar comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, surdos e surdos-cegos, surdos-cegos e ouvintes, por meio da Libras para a língua oral e vice-versa, além de interpretar, em Língua Brasileira de Sinais - Língua Portuguesa, as atividades didático-pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de ensino nos níveis fundamental, médio e superior, de forma a viabilizar o acesso aos conteúdos curriculares. O intérprete constitui um elemento primordial na educação escolar da criança surda proporcionado aos surdos a significação dos conteúdos escolares e abrindo portas para que sua forma de comunicação seja considerada legítima na convivência escolar, o que não acontece na sala de aula representada na Figura 1 bem como em tantas outras escolas no território nacional. 4. Conclusões Conclui-se que para que o surdo possa ser considerado como legítimo na convivência é necessário nos convidarmos a pensar e sentir de outro modo. De maneira geral, é importante que a convivência entre surdos, professores surdos, intérpretes de Libras e ouvintes seja possibilitada para a construção da identidade surda e para o sucesso de seu processo de aprendizagem escolar. Referências Bibliográficas

344 BRASIL. Constituição (2002). Lei nº 10436, de 24 de abril de Brasília, DF, Disponível em: < Acesso em: 19 nov BRASIL. Decreto Nº 5626/05 de 22 de Dezembro de Disponível em: < Acesso em: 19 nov BRASIL. Lei Nº e 1 de Setembro de Brasília, DF, Disponível em: < Acesso em: 19 nov GESUELI, Zilda Maria. Lingua(gem) e identidade: a surdez em questão. Educação e Sociedade, Campinas, v. 27, n. 94, p , jan Disponível em: < Acesso em: 19 nov GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, GUIMARÃES, Mirtes Aparecida dos Reis. Invenção e diferença em uma sala de aula f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado em Educação, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, PALMA, Naiana de Oliveira. Libras: instrumento de inclusão escolar do aluno surdo f. Trabalho de conclusão de curso - Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Neuropedagogia e Língua Brasileira de Sinais, Centro Sul Brasileiro de Pesquisa, Extensão e Pós-graduação, São Joaquim, Disponível em: < Acesso em: 19 nov PERLIN, Gladis T. T.. Identidades Surdas. In: SKLIAR, Carlos. A surdez: Um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, p SKLIAR, C.B. A educação dos surdos: uma resconstrução histórica, cognitiva e pedagógica. Mendoza: Ediunc,

345 ENVELHECIMENTO COM SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA RESUMO Aparecida Gonçalves Delazari Maciel Carmen Lídia Vieira Leite Fabiano Eustáquio Guimarães O envelhecimento saudável e com qualidade de vida ganha destaque entre especialistas diante da realidade em que o Brasil vivencia. Concomitantemente ao aumento da expectativa de vida brasileira, surgem as doenças crônicas e depressões, ligando o alerta das iniciativas governamentais e sociais. Diante desse cenário, é realçada a figura dos profissionais de saúde, que defendem a atividade física como a principal aliada da terceira idade. O objetivo geral deste artigo é apresentar as principais atividades para garantir um envelhecimento com saúde e qualidade de vida. Os objetivos específicos são: mostrar o perfil dos idosos considerados ativos, os benefícios das atividades físicas e os malefícios que os idosos não ativos estão sujeitos. A principal metodologia adotada foi a revisão literária, que permite chegarmos à conclusão de que as atividades corporais realmente são a principal aliada para um envelhecimento com saúde e qualidade de vida. Palavras-chaves: envelhecimento saudável, qualidade de vida, atividade física. Área temática: Área de Ciências Biológicas e da Saúde. INTRODUÇÃO O aumento da expectativa de vida no Brasil é resultado da preocupação com a qualidade de vida e conscientização dos idosos, que também recebem apoio de grupos que colaboram para essa realidade. O atual cenário apresenta um perfil diferente da terceira idade, que está cada vez mais ativa e, consequentemente, mais saudável. Estudos apontam que a prática de atividades físicas está diretamente ligada com a qualidade de vida quando as pessoas envelhecem, trazendo benefícios nas dimensões sociais, psicológicas e físicas. Esta teoria vai de encontro com o objetivo geral deste artigo, que é apresentar as principais atividades para garantir um envelhecimento com saúde e qualidade de vida. Complementando, os objetivos específicos são: mostrar o perfil dos idosos considerados ativos, os benefícios das atividades físicas e os malefícios que os idosos não ativos estão sujeitos. A pretensão deste artigo é apresentar uma revisão literária que aborde os conceitos de qualidade de vida na terceira idade, frisando a atividade física como principal pilar para o envelhecimento saudável. Este trabalho foi fundamentado teoricamente com obras literárias, trazendo uma comparação de ideias e consensos sobre as ações que podem garantir uma velhice com saúde. A escolha do tema justifica-se pela longevidade que surge em passos largos no Brasil, com os idosos participando efetivamente do aumento do ápice da pirâmide etária, passando a ser alvo de preocupação e atenção por parte dos governos, estudiosos e pesquisadores. O resultado deste artigo poderá contribuir com a conscientização da população em termos de qualidade de vida e incentivar os grupos a continuarem com as constantes campanhas do envelhecimento saudável

346 DESENVOLVIMENTO Com o envelhecimento populacional e o aumento da expectativa de vida no Brasil, surgem projeções, consequências e desafios a serem superados, principalmente para a população idosa. Essa transformação na população brasileira é denominada transição demográfica. Pode-se dizer que a transição demográfica é o termo que designa o conjunto de modificações em relação à dimensão e à estrutura etária da população. (CHAGAS e ZAZÁ, 2011, p. 28) Dados do IBGE apontam que no ano de 2050 o número de pessoas com 80 anos ou mais no Brasil será de 13,8 milhões. Em 2000 foram registrados 1,6 milhão de pessoas nessa mesma faixa etária. Esse fato é preocupante, pois esse grupo de idosos se destaca por apresentar alta prevalência de doenças e um declínio funcional acentuado, o que pode tornalos dependentes. (IDEM, p. 29). Junto com a transição demográfica, surge uma nova preocupação e um novo desafio, como explicam Chagas e Zazá (2011, p. 33), o padrão caracterizado por doenças e óbitos por causas infecciosas e transmissíveis vem sendo progressivamente substituído pelo de doenças crônicas, degenerativas e causas externas ligadas a acidentes e violência. Contudo, há que se atentar para a permanência e reincidência de algumas doenças transmissíveis, por seu potencial de impactar a vida, social e economicamente, e os sistemas de saúde. Com a projeção do aumento populacional dos idosos, o envelhecimento ativo e saudável torna-se o grande desafio desse processo. Para Chagas e Zazá (2001, p. 41), a inclusão da prática regular de atividade física deve ser entendida como uma questão essencial nos hábitos da vida sociocultural do idoso e que irá garantir realmente um envelhecimento ativo. Com o aumento cronológico da idade, o indivíduo tende a ficar menos ativo, reduzindo a capacidade física. As doenças crônicas e a redução do nível de atividade física tendem a acelerar esse processo, fazendo com que os idosos continuam o grupo mais suscetível à incapacidade funcional. (CHAGAS e ZAZÁ, 2011, p. 47). Segundo os autores, a capacidade funcional é a habilidade que um indivíduo tem de realizar de forma autônoma atividades consideradas fundamentais à sua sobrevivência, bem como à manutenção das suas relações sociais. O Ministério da Saúde (2006, p. 21) reforça a tese de que a inatividade física é um dos fatores de risco mais importantes para as doenças crônicas, associadas à dieta inadequada e uso do fumo. É bastante prevalente a inatividade física entre os idosos. O estilo de vida moderno propicia o gasto da maior parte do tempo livre em atividades sedentárias, como por exemplo, assistir televisão. Outra preocupação diante desse quadro é a depressão. Segundo Chagas e Zazá (2011, p. 57), o índice de depressão é três vezes mais elevado em pessoas incapacitadas do que em capacitadas. Por isso, a importância de mudança de hábito para maior longevidade. Importante frisar que a promoção das atividades físicas para idosos não pode ser exclusiva dos serviços governamentais de saúde, devendo ser uma soma de ações da população. A promoção de "estilos de vida saudáveis" é encarada pelo sistema de saúde como uma ação estratégica. Nesse processo, alguns aspectos são facilitadores para a incorporação da prática corporal/atividade física, como o incentivo de amigos e familiares, a procura por companhia ou ocupação, alguns programas específicos de atividade física e, principalmente, a orientação do profissional de saúde

347 estimulando a população idosa a incorporar um estilo de vida mais saudável e ativo. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006, p. 21) Estudos tornam indiscutíveis os benefícios da atividade física para a saúde. O Ministério da Saúde (2006) apresenta os principais benefícios biológicos, psicológicos e sociais proporcionados pela prática corporal: melhor funcionamento corporal, diminuindo as perdas funcionais, favorecendo a preservação da independência; redução no risco de morte por doenças cardiovasculares; melhora do controle da pressão arterial; manutenção da densidade mineral óssea, com ossos e articulações mais saudáveis; melhora a postura e o equilíbrio; melhor controle do peso corporal; melhor utilização da glicose; melhora a função intestinal; melhora a resposta imunológica; melhora a qualidade do sono; ampliação do contato social; diminuição da ansiedade, do estresse, melhora do estado de humor e da autoestima. A atividade física apresenta, em relação ao tratamento medicamentoso, a vantagem de não apresentar efeitos colaterais indesejáveis, além de sua prática demandar mais comprometimento ativo, por parte do indivíduo, que pode resultar na melhoria da autoestima. Além disso, a prática regular de atividade física colabora para a formação de redes sociais, além, é claro, dos benefícios corporais e fisiológicos. (CHAGAS e ZAZÁ, 2011, p. 58) As evidências destacam o impacto positivo da atividade física regular em aspectos cognitivos, na saúde mental e bem estar geral do individuo durante o processo de envelhecimento. (RAVAGLIA et al., 2007, apud MATSUDO, 2009, p. 77) O Ministério da Saúde (2006) sugere que ao indicar uma prática corporal para uma pessoa idosa, devem-se considerar aspectos como o prazer em estar realizando esta ou aquela atividade, suas necessidades físicas, suas características sociais, psicológicas e físicas. Algumas das atividades mais comuns envolvem: caminhada, ciclismo ou o simples pedalar da bicicleta, natação, hidroginástica, dança, ioga, entre outras. A caminhada merece maior destaque, por ser acessível a todos e não requer habilidade especializada ou aprendizagem. (IDEM, p. 23) Alguns destacam o efeito da atividade física, mais especificamente da caminhada, na diminuição do risco de demência vascular (RAVAGLIA et al., 2007, apud MATSUDO, 2009, p. 77) entre outros, assim com a existência de menor declínio cognitivo naqueles com hábitos saudáveis (BARNES et al., 2007, apud MATSUDO, 2009, p. 77). Apesar da importância da atividade física, o Ministério da Saúde (2006, p. 22) frisa que ainda não está claro o melhor tipo e nível de prática corporal, que varia acentuadamente em diferentes estudos. Existe discordância sobre qual seria o melhor exercício para provocar efeito benéfico no idoso. De uma forma geral, deve-se procurar desenvolver exercícios de flexibilidade, equilíbrio e força muscular. Sabe-se que a atividade corporal deve ser de fácil realização e não provocar lesões no idoso. Recomenda-se iniciar com atividades físicas de baixa intensidade e de curta duração, uma vez que a pessoa idosa, geralmente, não apresenta condicionamento físico e pode ter limitações músculo-esqueléticas. Sugere-se a prática de 30 minutos regulares pelo menos três vezes por semana. (IDEM) A realização de atividade corporal de no mínimo três vezes por semana também é defendida por Matsudo (2009, p. 77): A atividade física no tempo livre realizada em pouca quantidade, em intensidade leve, duas vezes ou mais na semana, e de atividades de condicionamento realizadas menos de três vezes por semana foram

348 associados com maior risco futuro de dificuldades na mobilidade de adultos e idosos. CONCLUSÃO As teorias abordadas neste artigo reforçam o que já é falado há alguns anos sobre o futuro da pirâmide etária do Brasil. É fato que a população idosa está aumentando e que esse processo continuará progressivo. Diante dessa realidade, devemos dar maior atenção a essa importante parcela da sociedade, pois junto com a maior expectativa de vida surgem as doenças crônicas e a depressão. De acordo com o levantamento literário, a atividade física é a melhor saída para um envelhecimento saudável e ativo, proporcionando também benefícios sociais, psicológicos e físicos. Para os autores estudados, os exercícios corporais contribuem para uma mente sã dos idosos, trazendo maior felicidade por se sentirem e estarem ativos. A boa convivência social e familiar é outro benefício resultante das atividades corporais. A maior dificuldade encontrada pelos especialistas é tirar os idosos do sedentarismo, maior vilão da terceira idade. Estudos apontam que o índice de depressão nos idosos inativos é três vezes maior do que nos ativos, além de aumentar o risco de morte por doenças cardiovasculares, o descontrole da pressão arterial, problemas de articulações, glicose alta, maior ansiedade e estresse. Convencer os idosos dos benefícios da velhice ativa não é tarefa fácil, por isso devemos unir forças, juntamente com iniciativas governamentais, privadas, familiares, populacionais, numa campanha eficaz, para garantirmos um futuro mais saudável de nossa população. Dentre as atividades físicas mais comuns, a caminhada ganha destaque, por não requerer habilidade especializada ou aprendizado, além de ser acessível a todos. Outras atividades recomendadas são as pedaladas de bicicleta, natação, hidroginástica, dança e ioga. Os praticantes devem se atentar para as orientações de especialistas, que recomendam os exercícios corporais por pelo menos três vezes por semana. Também é importante frisar que devem ser aliados das atividades físicas, o acompanhamento médico e nutricional, importantes para uma vida mais saudável e de qualidade. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA CHAGAS, Mauro Heleno; ZAZÁ, Daniela Coelho. Educação física: atenção à saúde do idoso. Belo Horizonte: Nescon/UFMG, JACOB FILHO, Wilson. Fatores determinantes do envelhecimento saudável. In Boletim do Instituto de Saúde - Envelhecimento e saúde, nº 47. São Paulo: Secretaria da Saúde, MATSUDO, Sandra Marcela Mahecha. Envelhecimento, atividade física e saúde. In Boletim do Instituto de Saúde - Envelhecimento e saúde, nº 47. São Paulo: Secretaria da Saúde, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília: Ministério da Saúde,

349 INCLUSÃO E INSERÇÃO NA SOCIEDADE-JUNTOS SOMOS MAIS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Resumo: Miriam Batista dos Reis Souza Samuel Gonçalves Pinto Fernando de Sousa Santana Michel Felipe Gomes Carlos Alberto Pereira de Sousa O Projeto Inclusão e inserção na Sociedade: juntos somos mais, foi uma iniciativa da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova/MG, juntamente com a Defensoria Pública de Ponte Nova/MG e teve como objetivo refletir sobre a questão da inclusão na sociedade, apresentando possibilidades vivenciais relacionadas à socialização de diferentes membros da comunidade. Com a realização das atividades, pudemos perceber que as discussões e vivências foram extremamente importantes para o processo de formação dos alunos, bem como permitir a visibilidade de segmentos e setores que no cotidiano problematizam a questão da inclusão no contexto de suas ações. Palavras-Chave: Inclusão, Sociedade e Direitos Humanos. INTRODUÇÃO O trabalho realizado refere-se á inclusão. Incluir é integrar. A inclusão está ligada a todas as pessoas que não têm as mesmas oportunidades dentro da sociedade. Mas os excluídos socialmente são também os que não possuem condições financeiras dentro dos padrões impostos pela sociedade, além dos idosos, os negros e os portadores de deficiências físicas, como cadeirantes, deficientes visuais, auditivos e mentais. A importância da realização desse trabalho é que para os deficientes a inclusão não é algo tão presente em suas vidas, há um certo despreparo tanto de instituições publicas ou privadas para atender as necessidades dos mesmos. Segundo Mantoan (2005,p.26) Estar junto é se aglomerar com pessoas que não conhecemos. Inclusão é estar com, é interagir com o outro. Nossa cultura tem uma experiência ainda pequena em relação à inclusão social, com pessoas que ainda criticam a igualdade de direitos e não querem cooperar com aqueles que fogem dos

350 padrões de normalidade estabelecido por um grupo que é maioria. E diante dos olhos deles, também somos diferentes. Como exigir que a sociedade acolha e respeite os deficientes se nós professores temos preconceito em relação a eles? Essas mudanças devem acontecer nas nossas salas de aula, nossos alunos precisam aprender a conviver com essas diferenças. Hoje sei que o crescimento e o desenvolvimento de todas as crianças, apesar de não ser uniforme, é facilitado pela instigante convivência com os desiguais. Para Cláudia Dutra (2003, p.46): Inclusão postula uma reestruturação do sistema de ensino, com o objetivo de fazer com que a escola se torne aberta às diferenças e competente para trabalhar com todos os educandos, sem distinção de raça, classe, gênero ou características pessoais. Inclusão é oferecer educação de qualidade à todos independente das suas dificuldades ou limitações. O objetivo desse texto é apresentar o Projeto de Extensão da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova, realizado no período entre 10 e 12 de novembro de INCLUSÃO E SOCIEDADE: NUANCES E POSSIBILIDADES Sentir-se integrado em um ambiente traz felicidade para o ser humano, mas principalmente apesar das limitações, os deficientes muitas vezes vão à escola, mas não são integrados na mesma, por falta de capacitação do educador e de todo o contexto educacional. ARAUJO, 1998, observa que o governo cria meios de atendimento às pessoas portadoras de necessidades especiais (PNE), mas, ao mesmo tempo, inviabiliza este atendimento diante das barreiras impostas quer sejam políticas, administrativas, técnicas ou operacionais. É certo afirmamos que estas discussões significam um avanço em vários segmentos da educação, em que a inclusão tem sido apontada como um ponto de interesse e de convergência, sobretudo no ambiente escolar, porém ela é de responsabilidade de toda a sociedade. Uma revolução muitas vezes silenciosa, vem tomando conta da educação ao longo do século XX e, por conseqüência, vem transformando o ambiente escolar, transferindo e atribuindo-lhes novas responsabilidades na formação do educando que, anteriormente, eram da família e da igreja. Podemos observar que muitos educadores ainda não se deram conta ou relutam em aceitar esse cenário, porém ela é de responsabilidade de toda a sociedade

351 A escola, por sua vez, é uma instituição social que vivenciou e vivencia constantemente estas transformações em uma relação dialética com a sociedade na qual se insere, ou seja, ao mesmo tempo em que influencia, é influenciada pelas estruturas existentes. Esse contexto se estabelece e se perpetua à medida que sua organização e a cão estão ligadas aos mecanismos das estruturas do poder, que são resultantes de um processo cultural e histórico. Tem sido difícil para muitos educadores entender, reconhecer e aceitar que a escola deixou de desempenhar seu papel de apenas ensinar, ser transmissora de conhecimentos. Ao longo do tempo, por questões não educativas, mas também sociais, a escola tem sido levada a ampliar seu leque de atuação, assumindo papéis que muitas vezes ultrapassam os limites da sala de aula. Conteúdos como cidadania, autonomia, moralidade, ética, deficiência física, discriminação racial e sexual, entre outros, têm sido questões abordadas não só a título de informação, mas, sobretudo, de discussão e reflexão. Nas idéias de Bologna (2004), a escola ganhou uma dimensão social que nunca teve. De repetidora, ela se tornou co-criadora deste novo mundo que está surgindo. O autor destaca ainda que o objetivo da educação contemporânea é a construção do próprio destino do educando, sua inserção e contribuição à sociedade, e o educador deve acreditar e estimular relações fundadas nessa perspectiva. A Lei e Diretrizes e Bases (LDB 9394/1996), através dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 1997), valoriza em seus princípios básicos a importância de uma escola pêra todos, com a intenção de avançar seus limites físicos e acadêmicos, redimensionando seu papel perante a sociedade. Nesta perspectiva, Mello (apud Mantoan, 1997, p.14) referindo-se à escola, afirma que: [...] Seu papel não é apenas o de ensinar cadeiras acadêmicas como português,matemática entre outras, mas também o de participar decisivamente no estabelecimento dos padrões de convivência social. É através da escola que a sociedade adquire, fundamenta e modifica conceitos de participação, colaboração e adaptação. Nas palavras de Freire e Scaglia (2003, p.31),

352 Portanto, um currículo, não importa se de educação física ou de outra disciplina qualquer, precisa apontar soluções para a vida social. Não faz mais sentido isolar crianças em bancos escolares e querer que, mais tarde, se tornem cidadãs. Entendemos que este novo mundo deve considerar os corpos que nele habitam, acompanhados de seus movimentos, expressões e sentimentos. Um corpo que também vai à escola, não para ser controlado ou educado, mas para ser estimulado, vivenciado, compreendido. METODOLOGIA O referido projeto de extensão que teve em sua execução três momentos: Data:10/11/ :00 às 21:00 Palestra:Inclusão, Direitos Humanos e Cidadania Prof. Giane Elisa Sales de Almeida Mestre em Educação pela UFF - Universidade Federal Fluminense e graduada em Pedagogia pela UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora. Atua na área de Educação, Diversidades e Direitos Humanos com ênfase nos estudos de Memória e suas relações com Gênero e Raça. Atua com formação em Direitos Humanos para educadores formais e educadores populares. Professora da rede municipal de Juiz de Fora. Atualmente é Supervisora de Promoção de Direitos Humanos e Cidadania da Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura de Juiz de Fora. Coordenadora do Programa de promoção e garantia de Direitos Humanos Ciranda Cidadã. Data:12/11/ :00 às 21:00 Exposição de Filme/Debate Moderador: Emerson de Paula Secretário de Cultura/Prefeitura Municipal de Ponte Nova. Data:12/11/ :00 às 13:00 Local: Praça de Palmeiras Publico Alvo: Comunidade em Geral

353 Objetivo: Refletir sobre a questão da inclusão na sociedade, apresentando possibilidades vivenciais relacionadas à socialização de diferentes membros da comunidade. Metodologia: Serão dispostas diferentes oficinas, bem como exposição de segmentos ligados à questão da inclusão, tais como: Conselho Municipal da Deficiência, Ongs, APAE, Aspon, dentre outras. Foram oferecidas atividades e serviços, no âmbito da cultura, do lazer, educação e saúde. CONCLUSÃO O processo inclusivo é um processo educacional que visa atender ao máximo a capacidade da criança portadora de deficiência na escola e na classe regular. Envolve o fornecimento de suporte de serviços da área de educação por intermédio dos seus profissionais. A inclusão é um processo constante que precisa ser continuamente revisto. A realização do evento contribuiu sobremaneira para reflexões sobre o tratamento da questão da deficiência em Ponte Nova e região. A visibilidade permitida com a participação de diferentes segmentos e o conhecimento disseminado muito tem a contribuir para mudança de posições, perspectivas e conceitos. Referências Bibliográficas DUTRA, Claudia. Inclusão que Funciona. In Nova Escola, setembro, MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão é o Privilégio de Conviver com as Diferenças. In Nova Escola, maio, MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, MRECH, Leny Magalhães. O que é educação inclusiva? Integração. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Especial, ano 6, n. 20, 1998 p <acesso em 19/11 as 17:16> -

354 <acesso em 19/11 às 22:46>

355 LEITURA COMO HÁBITO PRIMORDIAL PARA O APRENDIZADO RESUMO Cristiane Alexandrina Lopes (2º período de Pedagogia) Fabiano Eustáquio Guimarães (professor orientador) A leitura é de extrema importância, pois ajuda a desenvolver habilidades linguísticas como oral e escrita, fazendo com que a criança possa se dispersar em ideias próprias que irão conscientizá-la em relação ao hábito de ler constantemente, aprimorando conhecimentos positivos de interpretação, O objetivo geral é que a leitura torne um hábito frequentemente para que possam aperfeiçoar vocabulário diversificado. Os objetivos específicos são que os alunos possam perceber que a leitura é a fundamentação importante para criar bons recursos que possam ajudá-los em uma linguagem padrão clara e dinâmica sem vícios linguísticos. A metodologia como recurso foram pesquisas em artigos, livros, jornais, tudo aquilo que traz conhecimento básico para uma boa leitura, que busquem mais essa interação que tem como disponibilidade as bibliotecas, que são ricas em qualquer tipo de tema variado para a estimulação de uma boa escolha do livro e interação do tema. A conclusão é que a leitura está perdendo espaço para a tecnologia fria e individualista e uma linguagem podre sem conexão. Importante frisar que o hábito de ler com frequência vai aprimorar uma linguagem padrão que possa ser inserida no cotidiano. Palavras-chaves: criança, escrita, oral e interpretação. Área temática: Ciências Humanas 1 INTRODUÇÃO A leitura está ligada à formação da criança consciente como papel na sociedade, pois a primeira coisa que aprendemos quando criança é o contato com a oralidade e a escrita, que fazem da criança criadora da sua própria imaginação e conhecedora de novos horizontes. Os autores pesquisados neste trabalho afirmam que a criança, ao ter hábito de ler com frequência, é estimulada em ter esse contato direto com a leitura. A intensão é mostrar que a leitura vem como um instrumento capaz de transformar vidas através da ascensão do conhecimento. O objetivo geral deste artigo é mostra como nos dias atuais a leitura tem ficado distante das crianças e isso tem se agravado pela troca dos celulares moveis que estão em constantemente a disposição, em vez de um bom livro que ira ampliar conhecimento vocábulo. O objetivo específico vem como forma de incentivar, trabalhar e mostrar que os recursos disponibilizados como revistas, artigos, jornais e até mesmo os celulares possam ajudar a criança a um hábito de leitura dinâmica e diversificada, desde que a leitura torne algo com prazer e frequência para ler. Este artigo nos faz refletir e perceber como a linguagem no cotidiano está ficando empobrecida diante de vocabulários pobres, abreviados e sem sentido, como as gírias que vem tomando espaço da linguagem padrão. Diante da falta de interesse pela leitura, o professor pode criar métodos como contação de história, realizar teatro através de livros lidos e incentivar vistitas com mais frequências a bibliotecas

356 Um dos problemas enfrentados é que as escolas muitas vezes usam métodos padronizados que não despertam o interesse pela leitura. Por isso, a hipótese de que os professores estão desanimados, consequência da má remuneração, resultando em falta de criatividade para didáticas diversificadas para atrair a criança, para a leitura. Outro fato relevante é a falta de interesse dos pais e a indisciplina dos alunos. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O alfabeto aprende criticamente a necessidade de aprender a ler e escrever, prepara-se para ser agente desta aprendizagem, e consegue fazê-lo na medida em que a alfabetização é mais que o simples domínio mecânico de técnicas em termos de escrever e ler. (FREIRE, 2015, p.98). Ao ingressar na escola a criança traz consigo uma extensa bagagem, visto que na sua maior experiência, se encontra na fala, cabendo ao professor considerar quem escreve e como se escreve, tendo em mente que dependendo da fase o texto pode ficar sem expressão lógica e sentindo, sendo assim o professor deve entender a produção da escrita na alfabetização em que consiste na capacidade do professor em refletir seu papel na escola. (IDEM) Ensinar a matéria estimulando a emoção dos alunos desacelera o pensamento, melhora a concentração e produz um registro privilegiado. Ensinar transforma a visão da criança, mostrando a importância da leitura escrita ou oral. (CURY, 2004, p.109) De acordo com Paula e Abreu (2016, p.54), É assim, neste trabalho que ocorre devagarzinho, que as crianças vão construindo a história que está escrita ou livros de imaginação deles, mas também tem uma imagem que conta uma história. È válido oferecer à criança não só livros de histórias com texto impresso, mas também os livros de imagens, permitindo que a criança dialogue com esses livros, que conte histórias, sem que essa história esteja ali escrita como o autor pensou. No entanto, o hábito de ler vem sendo questionado, pois a criança está com seu vocabulário pobre e não possui incentivo na escola nem em casa. A criança está mais voltada para a tecnologia do que criar hábitos de ler com frequência, em pesquisar, do que ampliar e desenvolver hábitos linguísticos, e serem criadores da sua própria imaginação. Cury (2004) relata que se não há essa interação família e escola a criança se acomoda e não é estimulada para desenvolver algo positivo, resultando no hábito frequente da leitura, tanto com o acompanhamento dos pais em casa, quanto com os professores, que devem criar métodos atrativos para a leitura de seus alunos. A ideia de que a leitura deve partir de casa para a escola é defendida por Paula e Abreu (2015). Os autores acreditam que a ajuda dos pais é papel importante para a criação da personalidade da criança, que deve ser completada com o aprendizado desenvolvido pelos professores, como mediador, na sala de aula. Esse processo ajudará o aluno com o diálogo, deixando-o mais observador e crítico. Quando as crianças não sabem ler, a sala de aula deve ser um espaço que ofereça recursos de leitura, para que a criança tenha a oportunidade de ler sem que alguém fique perguntando o que está entendendo. É preciso compreender que o processo de leitura depende de várias condições: habilidade e estilo pessoal do leitor. É importante saber que quanto mais o professor entender o processo de construção do conhecimento da leitura, mais eficiente será seu desempenho e do aluno. Freire (2014) frisa que nos dias atuais, com tanta informação, a criança está se dispersando das suas obrigações escolares e se envolvendo mais com as tecnologias, o

357 que tem atrapalhado no desenvolvimento escolar da criança, afastando-a de conteúdos positivos que ajudarão na sua carreira profissional. Para mudar esse cenário negativo é preciso encarar os fatos com mais seriedade, fazendo com que a criança pense e reflita que ler é construir seu próprio aprendizado. A falta de interesse pela leitura foi constatada em entrevista feita com um aluno, de 14 anos de idade, de uma escola pública. Ele afirmou que só lê quando a escola pede, diferente disso, não tem o hábito da leitura. 3 CONCLUSÃO O tema escolhido nos mostra que temos um desafio enorme em relação ao hábito de ler, uma vez que esse hábito não pode ser olhado de forma isolada. O problema é mais amplo e, muitas vezes, está fora de nosso controle. Mesmo diante de fatores como remuneração de professores, desigualdade social, violência, problemas econômicos, tecnologias, um país que não valoriza a educação e tantos outros, nos mostra que temos de tentar compreender o aluno e suas dificuldades. Não podemos desistir de nossos alunos e incentivarmos o interesse pela leitura. Se acreditarmos em um país melhor temos que fazer nossa parte como educadores, pois essas dificuldades podem servir ao mesmo tempo como um desafio a ser vencido. Os autores mostram que a leitura está cada vez tendo menos importância entre os jovens, perdendo espaço para jogos eletrônicos, tecnologias entre outros. Apesar das dificuldades, devemos formar crianças críticas que tenham a capacidade de ler e compreender a nossa realidade que luta por uma educação justa para todos. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA CURY, Augusto. Pais Brilhantes Professores Fascinantes, Rio de Janeiro, Sextante, FREIRE, Paulo. Educação e mudança, São Paulo, Paz e Terra, PAULA, de Jairo e ABREU, de Ana Luisa Figueiredo, Dialogando na Educação Infantil, São Paulo: PJ,

358 AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA NO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE PONTE NOVA - MG Luciene Viana Narciso; Márcia Soares Gomes; Sara Breguez Hudson; Jussara da Silva Santos (Acadêmicas de Pedagogia da FUPAC/Ponte Nova) Marília Marota de Souza (Professora Orientadora) RESUMO Com objetivo de analisar a percepção de docentes, discentes e coordenação pedagógica a respeito da avaliação pedagógica do curso de Educação Física de uma instituição de ensino superior de Ponte Nova MG, este estudo, com abordagem qualitativa e de levantamento de dados, utilizou questionário destinado a 11 professores, 53 acadêmicos e um coordenador de curso. Os resultados apontam que, na percepção da coordenação de curso, a avaliação às vezes é discutida com os docentes, sendo que a maioria deles participa das reuniões sobre as concepções avaliativas do curso. Os resultados expressam divergências na percepção de professores, coordenação pedagógica e discentes do curso, apontando necessidades de reflexões a respeito da avaliação pedagógica no curso. Palavras Chave: Avaliação Mediadora. Metodologias de Ensino. Facilidades e Dificuldades. Área Temática: Ciências da Saúde Educação Física 1. INTRODUÇÃO A avaliação pedagógica é determinante para assegurar a qualidade do processo de ensino e aprendizagem. Através dela, o professor pode identificar como o aluno desenvolve a construção do conhecimento e, caso identifique necessidades, analise seu planejamento educacional para atingir os objetivos propostos. Essa perspectiva avaliadora independe da etapa de escolarização, sendo indicada desde a educação infantil até o ensino superior (HOFFMANN, 2006a). Práticas pedagógicas centradas no professor, sendo o aluno passivo no processo de ensino, pressupõem deposição de conteúdos do docente sobre o discente, com ausência de reflexão do que se aprende. Essa concepção é denominada por Freire (1987) como educação bancária, centrada na memorização por parte dos alunos dos conceitos depositados pelos professores. Para Hoffmann (2006b), não é concebível confundir a autoridade do professor em sala de aula, com práticas pedagógicas autoritárias. É preciso, acima de qualquer, que o docente dialogue com os alunos, ofereça oportunidades para que reflitam sobre o que estudam e encontrem soluções para a resolução dos problemas abordados, que reflitam sobre aquilo que aprendem. Vasconcellos (2002) destaca que é de extrema urgência a superação de modelos tradicionais de avaliação e prática pedagógica por parte do professor, pois somente assim ele assegurará ensino de qualidade, que seja significativo para o aluno. Diante da importância do tema, adotou-se como objetivo deste estudo analisar a percepção de professores, alunos e coordenação pedagógica sobre a prática avaliativa do curso de Educação Física de uma instituição de ensino superior de Ponte Nova MG. 2. METODOLOGIA Este estudo possui abordagem qualitativa, descritiva e de levantamento de dados de 1 coordenação pedagógica, 11 professores e 53 alunos do curso de Educação Física de uma instituição de ensino superior (I.E.S) da cidade de Ponte Nova MG

359 Foi utilizado questionário estruturado, contendo questões fechadas e abertas para a coleta de dados, com análise das informações adquiridas tabuladas e relacionadas a autores que abordam o tema, tais como Hoffmann (2006 a e b), Vasconcellos (2005), Freire (1987), dentre outros. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Avaliação educacional na percepção da coordenação pedagógica e dos professores A coordenação pedagógica do curso de Educação Física atua há 8 anos nesta instituição de ensino, sendo 4 deles na função de coordenador. Afirma que, na maioria das vezes, os professores participam das reuniões pedagógicas e que às vezes são discutidas concepções avaliativas em reuniões e grupos de estudo. Informa, ainda, que são utilizadas provas, trabalhos, relatórios, seminários e pesquisas 1 como instrumentos avaliativos. Para ele, avaliar consiste em um processo de mensuração do conhecimento que pode se dar em diferentes estágios e formas e também uma forma de reorientar o caminho a ser seguido. De acordo com Hoffmann (2006a), há diferença conceitual sobre avaliação interpretada como medida ou como compreensão do processo de ensino. Medir refere-se à atribuição de notas às atividades avaliativas realizadas pelos alunos, enquanto processo está intimamente relacionado à compreensão de como o aluno constrói o conhecimento através das atividades propostas pelo docente. Do total de 11 professores participantes deste estudo, com idade mínima de 29 anos e máxima de 53, todos possuem pós-graduação nas diversas áreas de conhecimento, tais como Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida, Ciências do Desporto, Educação, Saúde Coletiva, Lazer e Políticas Públicas de Gênero, Educação Física, dentre outras. A maioria (64%) atua de 7 a 13 anos nesta instituição de ensino, sendo 4 (18%) atuantes entre 4 e 6 anos e 2 (18%) com tempo inferior a 3 anos. Quanto ao exercício na função docente, 2 (18%) atuam há mais de 25 anos, um (9%) entre 20 e 25 anos, 3 (27%) entre 10 e 16, 3 (27 %) entre 7 a 9, sendo 2 (18%) com tempo inferior a 6 anos. Ao indagar os docentes sobre o que significa avaliar os alunos, 3 deles centram o processo avaliativo no aluno, ao afirmarem que avaliar é uma tentativa de aferir se o conteúdo trabalhado em sala, na disciplina, foi apreendido pelo aluno e pela turma, analisar o nível de conhecimento dos mesmos e o nível de interesse em aprender o conteúdo, É saber se eles estão assimilando bem o conteúdo da disciplina, ou seja, aprendendo; e se os alunos são capazes de contextualizar a teoria com a realidade que eles vivem, ou seja, colocando em prática o aprendizado. Entretanto, os demais docentes incluem o professor neste processo de avaliação, ao afirmarem que ela possibilita verificar a assimilação do conhecimento. Fornecer reorientação ao planejamento, verificar o processo ensino aprendizagem assim como criar novas metodologias para facilitar esse processo, é acompanhar todo processo ensinoaprendizagem do aluno no decorrer do semestre, é qualificar o aprendizado e o ensinamento proposto, permite ao professor verificar/mapear as alunos, desta forma pode (re)pensar suas ações para que o ensino-aprendizagem seja mais efetivo, acompanhar diariamente a aprendizagem dos alunos, através de diversas estratégias que possam assegurar a aprendizagem. Ao incluírem a avaliação como instrumento de reflexão para o aluno e professor, os docentes participantes ampliam o conceito de avaliação como instrumento mediador do conhecimento, como sugere Hoffmann (2006a). Vasconcellos (2005) destaca que as metodologias de ensino estão intimamente ligadas às avaliações utilizadas pelos professores: se utilizam dinâmicas de aula que incidem sobre a 1 As transcrições literais dos participantes serão apresentadas em fonte itálica, entre aspas

360 memorização do aluno sobre os conteúdos, ele os memorizará e os utilizará na prova. Como tal, não fazem relação com contextos de sua utilização, sendo esquecidos e, portanto, não apreendidos. Para o autor, é determinante que o professor acompanhe os alunos na construção do conhecimento, apreendendo aquilo que é mediado pelo docente. Dos instrumentos avaliativos utilizados pelos docentes, provas objetivas e dissertativas, e trabalhos individuais são utilizadas por 100% deles. Oito (73%) avaliam pela participação do aluno em sala de aula, 7 (64%) utilizam o debate, 9 (82%) fazem uso do estudo dirigido e 3 (27%), da auto-avaliação, enquanto 4 (36%) utilizam criação e execução das tarefas/exercícios diários. Outras estratégias também são citadas, tais como Atividades no Portal (Moodle 2 ), Integração com a Comunidade (Extensão); Exposição oral das dúvidas apresentadas pelos alunos; Seminários. Ao serem indagados se, no momento de entrega das provas aos alunos os docentes oferecem feedback sobre a sua nota, 9 (82%) afirmaram fazê-lo, ao passo que na maioria das vezes 2 (18%) o fazem, mas 100% deles afirmam ser importante oferecer esse retorno da informação ao aluno. Observa-se que, mesmo sabendo de sua importância para o processo de ensino, 2 (18%) não o fazem freqüentemente. Das dificuldades encontradas, na percepção docente, para avaliar o processo de ensino-aprendizagem, destacam-se: elaborar provas que realmente fixam o conteúdo trabalhado; motivar a participação efetiva de cada aluno em trabalhos em grupo; dificuldade do aluno em interpretar a prova escrita; falha no processo de avaliação quando o trabalho é em grupo, pois nem todos integrantes estão empenhados; conscientizar o aluno de que ele deve preocupar em aprender e não somente decorar para conseguir se sair bem em uma prova; quando o aluno apresenta o trabalho de forma oral, nem todos têm domínio; momento da construção do texto; momento da aplicação do trabalho prático; os alunos colam muito; existe padronização de provas estipuladas pela Faculdade; elaborar prova escrita com questões diversificadas e que estejam condizentes com a qualidade da aprendizagem e linguagem acessível aos alunos; aluno negligente e não participativo; diversificar instrumentos avaliativos, pois há pouco tempo para cumprimento das etapas regimentais de lançamento das notas; disciplina dos alunos em sala; desinteresse do aluno em aprender; conhecimentos (falta) decorrentes do ensino básico; falta de autonomia; falta de materiais específicos; imposição do modelo de provas do ENEM/ ENADE; se realmente através da prova o conteúdo foi assimilado; diferentes estilos de aprendizagem; pouco tempo; metodologias; pré-determinação das datas das avaliações, estipuladas pela instituição; critérios para elaboração da avaliação estipulado pela Instituição; muitas faltas dos alunos; respostas incompletas; turma heterogênea. Das dificuldades registradas, destacam-se aquelas centradas nos alunos, nos próprios docentes e nas normas institucionais para avaliações A avaliação pedagógica na percepção discente Dos 53 participantes, envolvendo 18 e 49 anos como menor e maior idade, respectivamente, 38 (72%) afirmam não terem sido reprovados, enquanto 13 (25%) não reprovaram e 2 (3%) não responderam. Das disciplinas reprovadas, foram citadas por 10 alunos, envolvendo 1º ao 7º períodos do curso: Anatomia (6 estudantes); Citologia; Histologia; Política Educacional e Metodologia Ginástica (2 estudantes); (2 estudantes). Ao serem indagados se os professores transmitem o conteúdo da disciplina com clareza, 43 (81%) afirmam que todos ou a maioria dos docentes sempre o fazem e, para 10 (19%), a minoria apresenta essa característica. Perguntados se quando não entendem o conteúdo, perguntam para o(a) professor(a), 29 (55%) registram que sempre ou na maioria das 2 Plataforma digital da I. E. S. para inclusão de tarefas pelo docente, acesso discente, integração entre professores e alunos para troca de informações e dúvidas

361 vezes perguntam, 23 (43%), algumas vezes e 1 (2%) não pergunta. Questionados se, caso permaneçam suas dúvidas, solicitam ao professor para explicar de outra maneira, 12 (23%) informam que o fazem todas as vezes, 23 (43%), na maioria das vezes, 12 (23%), na minoria das vezes e 4 (7%) não o fazem, sendo que 02 (4%) não registraram resposta. De acordo com Hoffmann (2006a), a avaliação mediadora depende do diálogo entre professores e alunos, pois assim será possível acompanhar a aprendizagem dos alunos. Como não é freqüente a manifestação dos discentes participantes sobre suas dúvidas, o acompanhamento do processo de ensino-aprendizagem, na situação relatada, torna-se dificultado. Dos instrumentos avaliativos que o(a) professor(a) utiliza para avaliar, foram informados aqueles que os alunos mais gostam: trabalho para casa: 18 (34%), pesquisa: 19 (36%) prova individual: 10 (19%); trabalho em dupla ou grupo: 29 (55%); 16 (30%) seminário; trabalho individual (17%); prova com pesquisa (17%); exercícios em sala de aula 21(40%); prova oral (2%); trabalho prático (4%), entre outros. Dos motivos para a seleção dos instrumentos avaliativos que mais gostam, 11 (21%) relatam que preferem fazer as atividades sozinhos, 32(60%), dizem preferir fazer com colegas, pois um ajuda o outro, 14 (26%) preferem buscar informações direto nos livros ou textos e 05 (9%) relatam exponho melhor as ideias oralmente. Observa-se que há divergência entre os instrumentos avaliativos mais utilizados pelos docentes e aqueles que os alunos mais gostam de executar. Quanto aos níveis de dificuldades encontrados para a realização das provas, 46 (87%) dizem que todas são fáceis ou têm nível intermediário de dificuldade ou algumas são fáceis e outras, difíceis, sendo para 07 (13%), todas difíceis. Ao perguntar se estudam para as provas, 35 (65%) afirmam sempre estudar ou na maioria das vezes, 16 (31%), algumas vezes e 2 (4%) não estudam. Perguntados se as questões que são apresentadas nas provas pelos professores estão relacionadas ao que foi estudado em sala de aula, 45 (85%) dizem que sempre ou na maioria das vezes, 6 (11%) afirmam que algumas vezes, 1 (2%) afirma que não e 1 (2%) não respondeu. Dentre as dificuldades relatadas para a realização das provas, destacam-se: interpretação, provas grandes com tempo curto para realizá-las, matéria não explicada com clareza e corrida, enunciados das questões mal elaboradas e de difícil interpretação, barulho dentro e fora da sala de aula, falta de tempo, por trabalhar e estudar, dificuldade em assimilar algumas matérias, colegas que colam muito (prejudica aqueles que fazem a prova de forma honesta, muitas provas na mesma semana, ansiedade/nervosismo, falta de concentração e de leitura, excesso de conteúdo, algumas questões fora do conteúdo, textos difíceis, estudar direto no computador quando as matérias são lançadas no site da faculdade, quando a questão solicita opinião e não é aceita. 4. Considerações Finais As divergências encontradas na percepção da coordenação de curso, dos professores e discentes a respeito da avaliação pedagógica podem indicar caminhos para analisar e repensar a estruturação do planejamento, do diálogo e aproximação entre docentes e discentes quanto às estratégias utilizadas para o acompanhamento do processo de ensino e aprendizagem. REFERÊNCIAS FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, HOFFMANN, J. Avaliação Mediadora: Uma prática em construção da pré-escola à universidade. 26. ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 2006 a.. Avaliação: mito e desafio: uma perspectiva construtivista. 37.ed. Porto Alegre: Mediação, 2006 b. VASCONCELLOS, Celso dos S. Avaliação: Concepção Dialética-Libertadora do Processo de Avaliação Escolar. 15. ed. São Paulo: Libertad,

362 Título: Análise do desempenho econômico-financeiro do Sport Club Corinthians Paulista Resumo: No Brasil, muitos clubes de futebol não priorizam a gestão econômico-financeira pautada na responsabilidade e eficiência, essa é uma questão influenciada por ações ineficientes, por atos administrativos descabidos que resultam em acúmulo de dívidas, o que gera um desempenho financeiro insatisfatório que por vezes não reflete no desempenho dentro de campo. Nesse contexto, o presente estudo objetivou analisar os indicadores econômico-financeiros do Sport Club Corinthians Paulista no período de 2013 a 2015 a fim de caracterizar sua situação econômico-financeira. Metodologicamente o estudo caracteriza-se como descritivo e estudo de caso com técnica de coleta de dados documental. A partir dos resultados pôde-se concluir que o Sport Club Corinthians Paulista apresentou declínio no desempenho econômico-financeiro ao longo do período de 2013 a Palavras chave: Indicadores econômico-financeiros; Gestão Financeira; Sport Club Corinthians Paulista. Área temática: Ciências Sociais Aplicadas Autores: 1 Autor: Giovani Blasi Martino Lanna Mestre em Administração (UFLA) Professor da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Visconde do Rio Branco 2 Autor: Filipe Gomide Carelli Graduando em Administração da Faculdade Estácio de Viçosa 3 Autor: Luma de Oliveira Comini Graduada em Nutrição pela Universidade Federal de Viçosa 4 Autor: Rafaela Araújo de Oliveira Graduada em Ciências Contábeis pela PUC-Minas

363 1. Introdução O futebol é o principal esporte do Brasil e o Sport Club Corinthians Paulista é um dos clubes mais populares do país. No período de 1996 a 2015 o Corinthians foi o clube brasileiro com maior número de títulos de caráter nacional e internacional, 11 (onze) no total, e em 2014 inaugurou seu próprio estádio denominado de Arena Corinthians. No entanto um clube de futebol não depende apenas dos resultados alcançados em campo, mas sim, deve desempenhar uma gestão econômico-financeira responsável que fomente a sustentabilidade de uma situação financeira saudável. No Brasil, muitos clubes de futebol não priorizam a gestão econômico-financeira pautada na responsabilidade e eficiência, essa é uma questão influenciada por ações ineficientes, por atos administrativos descabidos que resultam em acúmulo de dívidas, o que gera um desempenho financeiro insatisfatório que por vezes não reflete no desempenho dentro de campo. Nesse contexto, o presente estudo objetivou analisar os indicadores econômicofinanceiros do Sport Club Corinthians Paulista no período de 2013 a 2015 a fim de caracterizar sua situação econômico-financeira. 2. Material e Métodos Metodologicamente o estudo caracteriza-se como descritivo e estudo de caso com técnica de coleta de dados documental (GIL, 2014). Os dados coletados foram secundários e correspondem às demonstrações financeiras referentes aos anos de 2013 a 2015 disponibilizados no site do Sport Club Corinthians Paulista ( Os dados foram analisados pela ótica de índices de desempenho econômico-financeiro que fornecem uma visão ampla da situação econômica e financeira com intuito de caracterizar as finanças do clube (GITMAN, 2004). 3. Resultados e Discussão Os resultados demonstraram que o Ativo Circulante (AC) é menor que o Passivo Circulante (PC) no período analisado de 2013 a 2015, ou seja, os investimentos no AC não são suficientes para cobrir as dívidas de curto prazo. Esses valores são expressos no Capital Circulante Líquido (CCL), representa a diferença entre o AC e PC, que apresentou valores de R$ milhões em 2013 e atingiu o patamar de R$ milhões em 2015, nota-se que, comparativamente a 2013, em 2015 ocorreu um aumento de 159% no CCL, indicando um aumento das dívidas de curto prazo perante os investimentos no AC. A Tabela 1 apresenta os resultados dos índices de desempenho econômico-financeiro do Sport Club Corinthians Paulista no período de 2013 a Quanto aos índices de liquidez, se quanto maior o valor melhor, observa-se que a Liquidez Corrente (LC) no período analisado apresentou valores menores que 1 (um), ou seja, os investimentos no AC não são suficientes para cobrir as obrigações de curto prazo caso fosse necessário, nota-se que ocorreu uma redução de 28,20% em 2015 em comparação a 2013, situação que evidencia o aumento de dívidas de curto prazo em comparação aos bens e direitos de curto prazo. A Liquidez Imediata (LI) evidencia a capacidade de cobrir as obrigações de curto prazo com recursos disponíveis em caixa e equivalentes de caixa, observa-se que apenas em 2013 o resultado não foi igual à zero, demonstrando que a conta caixa e equivalentes de caixa é ínfima em comparação com as obrigações de curto prazo. A Liquidez Geral (LG) evidencia quanto o clube tem de bens e direitos de curto e longo em razão das obrigações de curto e longo prazo, os resultados demonstram uma redução de 17,8% neste índice no período o que confirma uma piora na condição de sanar as dívidas do

364 clube. Os índices de liquidez apresentaram valores inferiores que 1 (um), resultado semelhante encontraram Avelar, Santos e Ribeiro (2014) quando analisaram o desempenho econômico-financeiro de clubes brasileiros de futebol entre os anos de 2010 e 2011, e Guariroba, Castro e Carvalho (2015) quanto comparam o desempenho de clubes de futebol brasileiros com clubes europeus, percebe-se que há indícios da gestão econômico-financeira dos clubes de futebol brasileiro terem obrigações com terceiros maiores que seus bens e direitos. Quanto a alguns índices de endividamento, se quanto menor o valor melhor, o Endividamento Geral (EG), evidencia o capital de terceiro em relação ao ativo total, em 2013 foi igual a 0,94 e aumentou para 1,09 em 2015, esse aumento indica que as obrigações de curto e longo prazo do clube são maiores que seus bens e direitos de curto e longo prazo. O índice Composição do Endividamento (CE), relação entre as dívidas de curto prazo e as dívidas totais, foi igual a 0,25 em 2013 e aumentou para 0,27 em 2015, mesmo com o aumento o resultado indica que o clube apresenta um maior volume de dívidas de longo prazo. Quanto à lucratividade do clube o índice analisado foi a Margem Líquida (ML), evidencia as receitas líquidas em razão dos lucros líquidos, que a partir de 2014 apresentou resultados negativos indicando o desempenho pouco satisfatório do clube. O índice de rentabilidade utilizado foi o Retorno do Ativo (ROA) que também apresentou resultado negativo a partir de 2014 como evidenciado pela Margem Líquida. Tabela 1 Índices de desempenho econômico-financeiro no período de 2013 a 2015 do Sport Club Corinthians Paulista Índices Liquidez Imediata (LI) 0,02 0,00 0,00 Liquidez Corrente (LC) 0,78 0,51 0,56 Líquidez Geral (LG) 0,84 0,68 0,69 Composição do Endividamento (CE) 0,25 0,27 0,27 Endividamento Geral (EG) 0,94 1,02 1,09 Margem Líquida (ML) 0,04-0,23-0,29 Retorno do Ativo (ROA) 0,01-0,04-0,05 Fonte: Dados da pesquisa Na Tabela 2 estão expressos os resultados da Análise Horizontal das demonstrações financeiras do Sport Club Corinthians Paulista no período de 2013 a A Análise Horizontal apresenta a evolução percentual ao longo do tempo das contas, que neste caso estão agrupadas. O ano de 2013 serviu como parâmetro comparativo com os demais anos de 2014 e Os resultados demonstram ampla variação do grupo de contas nos anos de 2014 e 2015 em relação a As maiores variações ocorreram no Ativo Circulante em 2014 com redução de 35,69%, no Passivo Circulante e no Passivo Não Circulante que aumentaram 28,95% e 19,83%, respectivamente, em No Patrimônio Líquido ocorreu a maior variação da análise, no ano de 2013 o Patrimônio Líquido foi igual a R$ milhões, em 2014 o valor foi igual a -R$ e em 2015 atingiu o valor de -R$ milhões. Essa elevada variação do Patrimônio Líquido esta atrelada a Conta Déficits Acumulados que apresentou um crescimento expressivo, em 2013 contabilizava valor igual a R$ milhões, em 2014 valor igual a R$ milhões e em 2015 atingiu o valor de R$ milhões. Isoladamente analisou-se o Total das Receitas Operacionais, os resultados demonstraram uma redução nos anos de 2014 e 2015 em comparação a 2013, as principais

365 fontes de receita no período foram Direitos de Transmissão de TV e Patrocínios e Publicidade e ambas aumentaram no período de 2014 e 2015, 19% e 11%, respectivamente. Tabela 2 Análise horizontal do período de 2013 a 2015 do Sport Club Corinthians Paulista Índices Ativo Circulante 100% 64,31% 92,19% Ativo Não Circulante 100% 93,31% 108,60% Passivo Circulante 100% 99,37% 128,25% Passivo Não Circulante 100% 93,71% 119,83% Patrimônio Líquido 100% -27,84% -155,77% Total de Receitas Operacionais 100% 82,29% 96,59% Fonte: Dados da pesquisa 4. Conclusões Conclui-se que Sport Club Corinthians Paulista apresentou declínio no desempenho econômico-financeiro ao longo do período de 2013 a De maneira geral, tanto os indicadores de liquidez quanto os indicadores de endividamento pioraram, o que sugere um déficit gerencial quanto a priorização de uma gestão financeira responsável e sustentável. Referências Bibliográficas AVELAR, E. A.; SANTOS, T. S.; RIBEIRO, L. M. P. Análise do desempenho econômicofinanceiro de clubes brasileiros de futebol. In: XXI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 21, 2014, Bauru. Anais... Bauru: UNESP, Novembro, GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, GUABIROBA, R. C. S.; CASTRO, P. O. C.; CARVALHO, F. S. M. Análise de desempenho de clubes de futebol: uma análise comparativa entre clubes brasileiros e clubes europeus. In: XII Simpósio de Excelência em gestão tecnologica, 12, 2015, Resende. Anais... Resende: AEDB, Outubro,

366 PEDAGOGIA E A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Elaine Maria de Souza, Michel Felipe Gomes. Mila Cristian do Nascimento Silva, Natália Provensani de Almeida Cunha e Regiane Nazareth de Jesus Silva (Acadêmicos de Pedagogia da FUPAC/Ponte Nova) Marília Marota de Souza (Professora Orientadora) RESUMO Com abordagem qualitativa e de levantamento de dados de 73 acadêmicos, 13 professores e 1 coordenação pedagógica do curso de Pedagogia, este estudo utilizou questionário destinado aos participantes com objetivo de analisar a percepção dos participantes sobre o processo avaliativo no curso. Após tabuladas, as informações foram analisadas percentualmente, interpretadas e relacionadas a autores pertinentes aos temas abordados. Como resultados, são relatadas estratégias avaliativas adotadas pelos professores, suas dificuldades, avaliações que os acadêmicos mais gostam de executar, suas atuações no processo de ensino-aprendizagem. A percepção dos participantes difere em relação às avaliações vivenciadas cotidianamente, indicando necessidade de diálogo entre as partes para que a avaliação se torne mediadora do fazer pedagógico no curso. Palavras Chave: Percepção. Avaliação Pedagógica. Diálogo. Área Temática: Ciências Humanas Pedagogia 1. INTRODUÇÃO A avaliação é essencial em todo processo pedagógico e didático. É ela que poderá dar condições ao professor de identificar como seu trabalho deverá ser cautelosamente orientado de acordo com as características dos alunos, suas dificuldades e facilidades. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p. 59): A avaliação subsidia o professor com elementos para uma reflexão contínua sobre a sua prática, sobre a criação de novos instrumentos de trabalho e a retomada de aspectos que devem ser revistos, ajustados ou reconhecidos como adequados para o processo de aprendizagem individual ou de todo grupo. Para o aluno, é o instrumento de tomada de consciência de suas conquistas, dificuldades e possibilidades para reorganização de seu investimento na tarefa de aprender. Para a escola, possibilita definir prioridades e localizar quais aspectos das ações educacionais demandam maior apoio. Ao avaliar, o professor deve utilizar técnicas diversas e instrumentos variados para que se possa diagnosticar permanentemente o processo avaliativo. A partir disso, será possível dar continuidade ao processo didático e pedagógico e, se necessário, reorganizar o que foi insuficiente para que o processo de ensino-aprendizagem tenha êxito e o aluno não seja afetado negativamente no que se refere à aquisição de conhecimentos. (HOFFMANN, 2006). Para Luckesi (2009), a avaliação é um caminho e não é um fim. Ela possibilita que professor e aluno dialoguem, assegurando a compreensão de todo o processo em que o aluno constrói seu conhecimento (LUCKESI, 2009). Diante da pertinência do tema para a formação profissional, tem-se como objetivo deste estudo analisar a percepção discente, docente e da coordenação de curso a respeito do processo avaliativo do curso de Pedagogia em uma instituição de ensino superior de Ponte Nova MG

367 2. METODOLOGIA Com abordagem qualitativa e de levantamento de dados de 73 acadêmicos, 13 professores e 1 coordenação pedagógica do curso de Pedagogia, este estudo utilizou questionário destinado aos participantes com objetivo de analisar a percepção dos participantes sobre o processo avaliativo no curso. Após tabuladas, as informações foram analisadas percentualmente, interpretadas e relacionadas a autores pertinentes aos temas abordados. O questionário foi estruturado com questões fechadas e abertas, especificamente destinadas a cada um dos três públicos participantes. As respostas foram organizadas percentualmente, interpretadas e relacionadas a autores pertinentes aos assuntos tratados. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Percepção dos professores e coordenação pedagógica sobre a avaliação no curso De acordo com a coordenação pedagógica do curso de Pedagogia, atuante nesta função há 10 anos, avaliar significa diagnosticar o conhecimento adquirido e em desenvolvimento 1. Das avaliações indicadas pelo curso em reuniões com a participação da maioria dos docentes, registrou-se: diagnóstica (trabalhos individuais/seminários), quantitativas (provas objetivas) e qualitativas (provas dissertativas). Dos 13 docentes participantes, 11 (85%) conceituam avaliação como processo que envolve professores e alunos, no acompanhamento do processo de construção dos conhecimentos envolvidos em suas disciplinas. 2 (15%) centram seu conceito na medida, ao aferir se o conteúdo trabalhado em sala foi aprendido pelo aluno e pela turma. Hoffmann (2006) afirma que há diferença entre medir e avaliar, sendo o primeiro centrado na nota e o segundo, na compreensão do processo de construção de conhecimento formulado pelos alunos. 92,5 % (12) dos professores acreditam ser importante dar o feedback aos alunos sobre as provas que realizam, pois consideram o erro como uma possibilidade de acerto, uma forma de compreender como ocorreu o pensamento do acadêmico para chegar a tal resultado e, assim, poder sanar suas dúvidas e reorientar o processo de aprendizagem, caso seja necessário. 100% dos docentes afirmam avaliar seus alunos durante todo o processo, em todas as aulas. De acordo com Freire (1996), o professor negligencia o direito do aluno ao avançar com o conteúdo sem assegurar-lhe conhecimentos que lhe são pertinentes. Cabe ao professor incitar o aluno de forma dialogada, sendo o aprendiz participante efetivo daquilo que aprende e, desta forma, crítico e autônomo. Das diversas dificuldades encontradas pelos professores para avaliar seus alunos, destacam-se a falta de interesse e participação efetiva do aluno em sala de aula, a indisciplina discente, o processo burocrático da instituição, dificuldade do aluno em interpretar a prova escrita, o sistema de notas e etapas avaliativas da instituição de ensino, conhecimentos (falta) decorrentes do ensino básico A percepção discente e a avaliação da aprendizagem São regularmente matriculados no curso de Pedagogia 91 acadêmicos, dos quais 71 (80,2%) participaram deste estudo. Ao serem questionados se direcionam perguntas ao professor quando não entendem o conteúdo apresentado, 44 (62%) dizem que sempre ou na maioria das vezes o fazem, 35,2% (25), algumas vezes, 1 (1,4%) não pergunta e três deles não 1 As transcrições literais dos participantes serão apresentadas em fonte itálica e entre aspas

368 responderam. É importante destacar, conforme esclarece Luckesi (2009) que o diálogo é determinante para que o processo de ensino-aprendizagem se efetive no ambiente escolar. Quando o aluno deixa de intervir no processo, não expressando suas dúvidas, a aprendizagem se torna mais dificultada. Indagados se, ao apresentarem dúvidas, os professores encontram outros meios de explicar o conteúdo, 60 (82,2%) afirmam que todos ou a maioria assim procedem, enquanto 12,3% (9) registram que a minoria dos docentes o faz, 4,1% (3) não modificam suas estratégias e 1,3% (1) não respondeu. Trabalho em dupla ou grupo (72,6%), seminário (30,1%), exercícios em sala de aula (54,7%) e trabalho para casa (27,3%) são os instrumentos avaliativos que os discentes mais gostam de realizar. Pesquisa (17,8%), prova individual (21,9%), trabalho Individual (16,4%), prova com pesquisa (16,4%) e prova oral (2,7%), os que menos gostam. É destaque que a maioria dos acadêmicos adota atitudes avaliativas coletivas pois, de acordo com os motivos selecionados para a escolha desses instrumentos avaliativos, eles argumentaram que preferem fazer com colegas, pois um ajuda o outro (74%). Perguntados se os professores solicitam que refaçam as questões que não acertaram nas provas, 8,2% (6) dos alunos registram que todos os docentes requisitam essa atividade, enquanto para 47,9%, a maioria solicita, 30,1%, a minoria, para 7% o professor não orienta refazer as questões e 6,8% (5) não responderam. Como observado nos registros da percepção docente, 92,5% (12) dos professores acreditam ser importante oferecer feedback aos alunos e dizem que perceber o erro é elemento importante para a aprendizagem discente. Entretanto, na percepção dos discentes, em torno de 37% dos professores não solicitam revisão dos erros cometidos em suas provas. De acordo com Hoffman (2006) ao invés de atribuir certo ou errado para as provas dos alunos, atribuindo os pontos para cada questão, o professor deve auxiliar os alunos a localizar suas dificuldades, utilizando diversas estratégias e oportunidades para que eles descubram melhores soluções. Em relação à postura docente quanto a utilizar testes surpresa para avaliar a aprendizagem do dia de aula, 85% (62) afirmam não ser essa a prática dos professores do curso, enquanto para 8% (6), a minoria o faz e 7% (5) não responderam. Dentre as dificuldades encontradas pelos alunos para realizarem as provas, destacam-se: interpretação das questões, provas com questões extensas, matéria que não foi dada na sala de aula, questões confusas, vocabulários complexos, tem que ficar perguntando o significado p/ professor, sono, fome, sede, nervosismo, questões fechadas, quando todas são de marcar é muito ruim, perturbação em sala de aula, enunciados enormes (quando termino a leitura me esqueço do que já foi pedido), escrita popular, mas nas provas, a escrita é culta o que dificulta a compreensão, falta de tempo para estudar, os professores expõem de outra maneira o que eles ensinaram na prova, palavras difíceis que não foram faladas em sala, dificuldade em relacionar a questão com o assunto trabalhado em sala, falta de paciência de alguns professores. A prova, esclarece Moretto (2010), deve ser compreendida como um momento privilegiado de estudos e não um momento de acerto de contas entre professor e alunos. O docente precisa desenvolver métodos de trabalho que envolvam o aluno, sem ficar escravo de técnicas, procedimentos e linguagens que interfiram negativamente no processo de diálogo e construção crítica dos conhecimentos pelos aprendizes. Entretanto, o aluno não deve manterse submisso ao docente, pois o diálogo entre os protagonistas deste processo educacional é determinante para o sucesso e a qualidade do ensino-aprendizagem

369 4. Considerações Finais Foi possível registrar que a percepção de professores, alunos e coordenação pedagógica divergem em alguns pontos relevantes quanto à avaliação da aprendizagem. As dificuldades citadas por professores e alunos do curso podem auxiliar a coordenação pedagógica na condução de reflexões de todos os participantes, na busca dialogada sobre a estruturação das avaliações e demais necessidades que ampliem a qualidade de oferta do curso. REFERÊNCIAS BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução. Brasília: MEC/SEEF, FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 20. ed. São Paulo: Paz e Terra, HOFFMANN, J. Avaliação Mediadora: Uma prática em construção da pré-escola à universidade. 26. ed. Porto Alegre: Editora Mediação, LUCKESI, C. C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 20. ed. São Paulo: Cortez, MORETTO, V. P. Prova: um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas. 9. ed. Rio de Janeiro: Lamparina,

370 A APRENDIZAGEM DA NATAÇÃO E SEUS BENEFÍCIOS Anderson Aparecido Chaves Cleisson Luiz Gomes Viana Denise Leonel Martins Ingrid Souza Pereira Luiz Eduardo Gomes de Oliveira Priscila Mikaela Martins Quintão Rafaela Motta Andrade Walant França de Jesus Pena (3º e 4º períodos de Educação Física) Fabiano Eustáquio Guimarães (professor orientador) RESUMO Natação é a habilidade do ser humano e de outros animais de se locomoverem na água. Este esporte promove vários benefícios, principalmente à saúde, e pode ser praticada desde bebê até a velhice, identificando os diferentes métodos para sua prática. A metodologia usada foi pesquisa bibliográfica e de campo, com relatos de diversas práticas e experiências, sendo observadas algumas aulas e realizadas entrevistas com algumas pessoas, que apresentaram relatos de suas experiências. Pode-se concluir de que as experiências vividas ao meio líquido devem ocorrer o mais cedo possível, ou seja, a partir do momento em que a criança nasce. A natação oferece a capacidade de trabalhar todo o corpo, e sem qualquer impacto severo sobre o sistema esquelético, sendo que qualquer pessoa pode praticar. Os benefícios da natação vão muito além de melhorar a musculatura. Palavras-chave: natação, saúde, musculatura, benefícios. Área temática: Área de Ciências Biológicas e da Saúde. 1 INTRODUÇÃO O meio de ação para a atividade aquática é muito rico de propriedades. Estar e agir no meio aéreo não é o mesmo que estar e agir no meio aquático, há várias propriedades físicas da água que interfere na ação direta e indireta, não só no corpo, mas em todo nosso universo de vida. Apesar do ser humano ter estado cerca de nove meses no meio líquido, ao nascerem, passando para o meio aéreo, muitas coisas transformam-se, a começar pela respiração. Os índios foram os primeiros habitantes do Brasil a praticar natação, no século XVI. Não era por esporte, mas por sobrevivência! Nadar era uma forma de fugir dos ataques de animais ferozes. A natação esportiva no país só surgiu no final do século XIX, por influência do remo, o esporte mais praticado no Rio de Janeiro e em São Paulo. (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO). O que se pretende com esta pesquisa é mostrar os diversos benefícios da natação para a saúde, melhorando toda a condição de vida da pessoa, já que os exercícios praticados regularmente aumentam a eficiência de muitos órgãos do organismo. Além de fortalecer os ossos, aliviar os distúrbios mentais, também ajuda a conciliar o sono, aumenta o fluxo sanguíneo na pele, proporcionando uma aparência mais saudável, melhora a capacidade pulmonar e do oxigênio, reduz o risco de dores e falta de flexibilidade, mantendo a mobilidade articular, melhora a eficiência dos músculos, permitindo a multiplicação dos pequenos vasos sanguíneos que fornecem oxigênio aos músculos. A prática regular faz o

371 coração trabalhar melhor, os exercícios vigorosos fortalecem e aumentam a espessura das fibras musculares das paredes que envolvem as câmaras do coração. A natação, além de trabalhar a saúde física, introduz as pessoas na sociedade, pois durante as aulas, tem-se a interação com outras pessoas, o que pode ajudar contra a depressão, sem contar que pode melhorar a autoestima. A metodologia usada foi pesquisa bibliográfica e de campo, investigando qual a melhor idade para se iniciar a prática da natação. Nota-se que a melhor idade é com seis meses de vida, quando o bebê já está com as vacinas em dia, e assim não corre risco de pegar alguma doença contagiosa. A natação não é só um lazer, seus benefícios podem ser melhores do que uma simples caminhada, pois os impactos não são tão absorvidos pelo corpo. Foram presenciadas algumas aulas da professora Carmen, na Aquavile de Ponte Nova- MG, que ministra aulas de natação para crianças até idosos. Os alunos relataram que depois das aulas conseguem fazer suas tarefas de casa bem melhor. E as crianças gostam bastante, além de ser um aprendizado, aproveitam também como uma hora de lazer. O tema foi escolhido porque a natação tem a capacidade de trabalhar todo o corpo de uma só vez, e sem qualquer impacto severo sobre o corpo, e isso muitas pessoas não sabem, talvez acabem indo para uma academia, até mesmo por não conhecerem tantos benefícios que a prática constante de nadar pode trazer. Além de todos já citados, outro grande benefício é a sobrevivência. Saber nadar é uma habilidade fundamental para crianças, já que atualmente no Brasil o afogamento é a primeira causa de morte de pequenos entre um a quatro anos de idade e a segunda entre cinco e nove anos, de acordo com informações do Ministério da Saúde. Uma das soluções contra o afogamento infantil são as aulas de natação. Nas primeiras aulas são desenvolvidos objetivos relacionados à ambientação, ao meio líquido e, em seguida, habilidade de sobrevivência com o professor dentro da água, proporcionando segurança aos alunos. 2 DESENVOLVIMENTO A natação começou por ser um simples meio de sobrevivência para as pessoas, que necessitavam de deslocar-se no meio aquático para caçar ou para fugir de animais, mais tarde foi utilizada por Gregos e Romanos com o intuito de treinar guerreiros, saindo de uso na idade média. Em meados do século XIX aparece então na Inglaterra como natação pura, ou seja, a natação que conhecemos hoje que, utiliza técnicas como "crawl", "mariposa", "costas", "bruços", entre outras, e praticada em piscina. Ao ressurgir abriu portas para a competição de mais alto nível, levando à sua globalização, e sendo integrada nos Jogos Olímpicos desde a sua primeira edição em 1896 (embora a participação feminina só se tenha concretizado em 1912). Nadar libera sensação de independência, segurança e liberdade, resultando em um conjunto de relaxantes mentais. Investigadores da Universidade da Carolina do Sul seguiram homens e mulheres, com idades dos 20 aos 90 anos, durante 32 anos e descobriram que aqueles que nadavam tinham uma taxa de mortalidade inferior em 50% em relação a corredores, praticantes de caminhada e sedentários. É anti-stress: para conciliar respiração e movimentos corporais, é necessário um grande nível de concentração. Um momento em que sua mente está livre, pensando apenas no seu corpo, distanciando dos problemas do dia-adia. Esse processo também libera hormônios do bem-estar: as endorfinas, gerando sensações agradáveis e relaxantes. O som da respiração aliado ao som da água age como um mantra em nosso subconsciente. E pode reduzir o risco de diabetes: para diminuir os índices de diabetes, nada melhor do que os exercícios aeróbios. Um treino intenso de natação pode queimar até 700 kcal, reduzindo aproximadamente 10% o risco de contrair diabetes do tipo

372 É preciso que se estude como cada aluno chega ao melhor aprendizado, dependendo não apenas de suas características físicas e motoras, mas também psicológicas e sociais, em virtude de seu relacionamento como professor. (MACHADO, p.15, 1931) De acordo com Risch (1978), a técnica de imersão de um homem em uma piscina termo neutra foi introduzida pela primeira vez em uma pesquisa fisiológica em 1924 por Bazett. A imersão de um homem em uma banheira termo neutra provou ser um expediente útil para provocar uma distensão no coração e para estudar efeitos mecânicos secundários e de reflexo. Pode-se esperar que o exercício físico produzisse reações fisiológicas diferentes daquelas ao ar livre, devido tanto ao efeito hidrostático da água nos sistemas cardiorrespiratórios, como à sua capacidade de intensificar a pernada de calor comparada ao ar. (AVELLINE, 1993) 2.1 Aprendizagem da natação para bebês Segundo Lima (1999), durante muito tempo a natação foi realizada de modo mecanizada e detalhista, visando mais o plano técnico do que o pedagógico, onde as crianças eram supervisionadas por técnicos os quais tinham como meta ensinar os estilos para formação de novos atletas em pouco tempo. A natação permanecia reduzida a um conceito puramente mecanista, buscando exclusivamente e de forma incessante desempenhos imediatos e deixando de lado as relações de reciprocidade, sociabilidade e psicomotricidade. Com isso, os alunos se desinteressavam pela natação por não assimilarem as rápidas informações e pela especificidade dos movimentos que lhes eram passados. A natação ou qualquer outra área na Educação Física deve proporcionar o inter-relacionamento entre o prazer e a técnica, através de procedimentos pedagógicos criativos, podendo ser sob formas de jogos, brincadeiras, desde que visando sempre o desenvolvimento da criança. Conforme Lima (1999), os primeiros conhecimentos e estudos do ensino da natação versam sobre o nível ou estado maturacional do aluno; muitos professores utilizam exercícios não apropriados para a idade, por isso não eram realizados com eficiência. Maturação é o estado de prontidão neurofisiológica do organismo em realizar determinadas tarefas, independentes ou não dos fatores ambientais. (LIMA, 1999) Se ensinarmos exercícios que são precoces para a idade, poderemos trazer frustrações e desistências por parte do aluno, pois ele não conseguirá realizar os movimentos demonstrados pelos técnicos, pela especificidade do exercício. A aprendizagem conduz o indivíduo a estar diante de um fator novo, com a inter-relação entre os fatores internos (representados pelo nível maturacional e vivências anteriores dos indivíduos) e externos (representados pelo meio ambientes e estratégias do professor), resultando na redução da tensão ao aprender determinado exercício. O primeiro fator, e talvez o mais importante, é que o indivíduo sinta prazer em estar na água e descubra as boas sensações que ela lhes proporciona. Segundo Bresges (1980), O bebê não aprende a nadar; dando-lhe oportunidade, aprende isto sim, a fazer uso de suas vantagens inatas grande flutuabilidade, reserva de oxigênio, inconsciência do perigo, etc. para, eventualmente, ficar livre do perigo n água. A criança bem encaminhada desde os primeiros passos nos facilitará o trabalho e constituirá o elemento mais elevado de aptidão psicomotora, necessários para as grandes performances. A natação age como um pré-estímulo motor, pois, antes mesmo de a criança tentar deslocar-se fora da água, já o consegue dentro da água, porque ela fica muito leve, conseguindo, assim, executar movimentos que muitas vezes não consegue fora da água. A criança realiza os movimentos de acordo com sua idade e seu nível de desenvolvimento

373 Em entrevista com a professora Carmen, ela relatou que a natação não trás benefícios apenas para as crianças e sim também para os pais, que ficam bem mais tranquilos ao saberem que o risco de seu filho afogar é bem menor. Além, de que é uma aprendizagem lúdica, onde os alunos se sentem à vontade e desenvolvem a habilidade de movimentarem embaixo d agua, melhoram o condicionamento físico, além de terem uma nova forma de socialização. Sobre a natação para idosos, Carmen disse que essa prática tem a capacidade de melhorar a condição de vida, pois os seus movimentos na água, não trazem impactos para o corpo, o que é essencial para essa idade. Reduzindo assim, os riscos de fraturas, além dos outros benefícios já citados para todas as idades. 3 CONCLUSÃO Pode-se concluir que para a prática da natação não existem limites de idade. Temos visto pessoas idosas que nunca haviam praticado natação e aprenderam a nadar sob orientação. A natação pode ser praticada pelo idoso com acompanhamento médico regular e com os cuidados que seu estado exigir e, normalmente, é recomendado aos professores que trabalham com os idosos a pedirem atualizações de atestados médicos no período de aproximadamente seis meses. Cabe ao professor manter uma atitude afetuosa, ajudando o idoso a aceitar as transformações do seu corpo com naturalidade e incentivo-o a manter-se ativo para enfrentar da melhor forma os anos finais da vida. Atualmente, o desenvolvimento da criança tem merecido uma atenção especial dos pais e professores. A criança sofre mudanças no seu organismo durante o processo de crescimento e desenvolvimento, tais como: comportamento motor, afetividade, aprendizagem, percepção, etc. Deve-se respeitar o desenvolvimento de habilidades básicas das crianças, pois se isso não for privilegiado é provável que a criança enfrente dificuldades para combinar habilidades de forma mais eficiente de adquirir habilidades mais complexas. Com certeza, a natação infantil é o primeiro instrumento e o mais eficaz de aplicação da Educação Física no ser humano, bem como o ótimo elemento para iniciar a criança na aprendizagem organizada, auxiliando também no desenvolvimento psicomotor e no processo da maturação. Ao tratamento da natação infantil, não podemos esquecer-nos de um componente fundamental no processo de aprendizagem: o Lúdico. A abordagem do lúdico em aulas de natação infantil é essencial, pois gera manifestação positiva que estimulam a criatividade, a espontaneidade, o prazer, a afetividade, entre outros. Fazer aulas de natação hoje no Brasil está muito mais fácil, pois existem milhares de academias especializadas e com professores capacitados. Portanto, os pais devem procurar a academia ou escola de natação mais indicada e mais perto de casa, para garantir segurança e qualidade de vida a seus filhos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: JR, Fernandes; PH, Costa da Lobo. Pedagogia da natação: um mergulho para além dos quatro estilos. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte 2006; CORRÊA, Célia Regina Fernandes; MASSAUD, Marcelo Garcia. Natação para adultos. Rio de Janeiro: Sprint, COLWIN, Cecil M. Nadando para o século XXI. São Paulo: Manole,

374 A IMPORTÂNICA DE SER... E VOLUNTARIAR RIO 2016: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Autor: Reginaldo Lúcio Lopes da Veiga "Ser voluntário é deixar de acompanhar para participar, deixar de ver para viver, deixar de assistir para construir." Resumo: O desejo de querer compartilhar desse sonho e ter participado de uma jornada de ideias que compunham a mecânica do processo seletivo foi o fator principal para o envolvimento enquanto voluntários dos Jogos RIO Participar de forma inédita de um evento internacional, que jamais havia sido realizado na América do Sul, fez com que cada pessoa que identificasse com o evento se desdobrasse para ter sido selecionado e ter vivido as emoções enquanto voluntário do RIO O Rio de Janeiro brilhou, o Brasil mostrou o seu valor, e o povo brasileiro mostrou competência para o mundo!!! Palavras-Chave: Voluntário Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio de Janeiro Introdução: O Programa de Voluntários Rio 2016 foi o lugar para todos aqueles que são apaixonados por esportes e pelo voluntariado. Foram disponibilizadas várias situações e funções para todos os perfis, incluindo todos os tipos de pessoa, para fazer parte do RIO 2016 como voluntário e a Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova esteve presente, sendo representada pelo seu professor Reginaldo Lopes. Para participar dos Jogos Rio 2016 foi necessário o desejo de querer compartilhar desse sonho e ter participado de uma jornada de ideias que compunham a mecânica do processo seletivo. Assim, logo que foi permitido a primeira inscrição on line no ano de 2012, foi realizado o primeiro procedimento para pleitear o direito de ser VOLUNTÁRIO dos JOGOS OLÍMPICOS RIO 2016 e PARALÌMPICOS RIO

375 Foi vivido uma expectativa a cada dinâmica oferecida pelo comitê de voluntariado, sendo ela on line ou mesmo presencial (que aconteceram na sede da Universidade Estácio de Sá), até que através de um você recebe o seu passaporte (carta-convite) que lhe dá o direito de efetivar a sua participação após aprovação de todos os processos aplicados ao candidato, VOLUNTÁRIO você é bem-vindo nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016! Como não encantar com o Rio de Janeiro, por tamanha beleza, e por ser a cidade sede, e assim, participar de forma inédita de um evento internacional, que jamais havia sido realizado na América do Sul. E o Rio de Janeiro se fez ainda mais bonito com a realização dos Jogos Olímpicos RIO 2016, e Jogos Paraolímpicos RIO Desenvolvimento: Os voluntários estavam em todos os lugares, distribuídos em 502 cargos, em uma equação que envolveu 86 áreas funcionais, 502 cargos e 98 instalações, sendo que a distribuição de cargos, áreas e instalações respeitou critérios que foram desde a escolha do candidato no ato de inscrição até a disponibilidade e necessidade do Comitê de preencher todas as vagas. A jornada de trabalho dos voluntários foi informada a partir de abril de 2016 através . Assim cada voluntário chegou ao Rio de Janeiro sabendo qual função iria desempenhar / executar na Rio 2016, e em qual região atuaria, pios os jogos estavam centrados nos seguintes locais: na região da Barra da Tijuca, em Deodoro, em Copacabana, no Maracanã ou nas cidades do futebol (Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Salvador e São Paulo). O trabalho dos voluntários foi dividido em nove grandes áreas de atuação. Em cada uma delas, há uma específica quantidade e variedade de serviços e funções necessárias. Exemplos:

376 Apoio Operacional: Área que envolve serviços como credenciamento, gerenciamento de instalações, gestão das marcas, serviços de alimentação, sustentabilidade, uniformes e funções administrativas de tecnologia, transportes e doping. Atendimento ao público: O voluntário irá, por exemplo, executar funções como auxiliar em chegadas e partidas nos aeroportos, hotéis e na Vila Olímpica e Paralímpica, ou verificar ingressos e indicar os acessos e assentos nos locais de provas. Esportes: Uma das áreas mais complexas e desejadas pelos voluntários. Envolve 42 esportes e todas as particularidades de cada uma das modalidades, de assistentes de estábulos, ferreiros e veterinários (Hipismo) a assistentes de classificação, locais de competição e treinamento, além de assistentes de estacionamento de barcos (Vela) e equipes de resgate. Imprensa e Comunicação: Serviços jornalísticos, audiovisuais e de relações públicas, com cargos destinados a fotógrafos, repórteres, editores de mídias sociais, assistentes de tribuna, sala de imprensa e sala de conferência, assistentes de centro de serviço e escritórios, entre outros. Protocolo e Idiomas: Selecionados irão auxiliar nas relações com o COI (Comitê Olímpico e Internacional), executar serviços de tradução e interpretação, atuar em recepções, hotéis e aeroportos. Serviços de saúde: Profissionais como dentistas, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos, massoterapeutas, ortopedistas e radiologistas foram selecionados, assim como médicos que irão atuar em emergências envolvendo atletas e espectadores. Produção de Cerimônias: Voluntários serão responsáveis por atividades que vão da escolta de atletas e premiadores até exercer o papel de portares de bandeiras, medalhas e flores

377 Transportes: Área com atuação importante também para o funcionamento dos serviços médicos dos Jogos, envolvendo motoristas de equipes médicas, assistentes e supervisores de transportes. Tecnologia: Profissionais como estatísticos e especialistas no serviço de instalações de equipamentos e service desk e TI (tecnologia da informação). Sempre dispostos a ajudar, dar direções e indicações, fazer para valer os primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul, com uma energia sem fim, que se irradiava o dia inteiro, todos os dias de agosto, e todos os dias de setembro para quem atuou na magnífica Olimpíada - Jogos Olímpicos Rio 2016 e Jogos Paralímpicos Rio Momento dinâmica para seleção dos voluntários Faculdade Estácio de Sá Belo Horizonte (MG). O Centro Olímpico de Tênis é composto por um total de 16 quadras, sendo 10 para competições e outras seis para treinamento. O estádio MARACANÃ foi usado nas olimpíadas e nas paraolimpíadas para abertura e encerramento, para jogos

378 de futebol, inclusive a conquista do nosso inédito ouro olímpico. Momento recebimento do certificado de Participação A Lagoa Rodrigo de Freitas foi um lindo palco para as competições de canoagem velocidade e remo Atletas da seleção Paralímpica de basquete - Portugal Logomarca das Olimpíadas Rio 2016 VINÍCIUS E TOM

379 MASCOTES OLÍMPICO E PARALÍMPICO RIO 2016 Conclusão Oportunidade única e de grande valia a participação nos Jogos Olímpicos RIO 2016 e Jogos Paralímpicos RIO 2016, a forma de como é conduzida a produção do evento em sua totalidade é assustadora: no sentido de volume, de tempo, de envolvimento, de praticidade, enfim, de todas as características que compuseram o fazer acontecer esse evento de tamanha grandeza e beleza. Energia que só quem viveu pode avaliar, pois a satisfação interior é tão significante que o ser voluntário, somente quem estava envolvido de corpo e alma sabe o que é. O Rio de Janeiro brilhou, o Brasil mostrou o seu valor, e o povo brasileiro mostrou competência para o mundo!!!

380 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE: BENEFÍCIOS DAS ATIVIDADES FÍSICAS PARA IDOSOS RESUMO Denise Euzébio da Silva Guilherme Ítalo Nunes de Oliveira Isabella Cristina da Silva Kaline Euzébio da Silva Natália de Souza Vitor Vanessa Superbi Felisbino Pereira Fabiano Eustáquio Guimarães (orientador) O envelhecimento é uma fase da vida em que acontecem muitas mudanças no nosso organismo e isso diminui a nossa aptidão e desempenho físico. Existem cada vez mais evidências científicas apontando o efeito benéfico de um estilo de vida ativa na manutenção da capacidade funcional no processo de envelhecimento. Segundo dados científicos, a participação em um programa de exercício físico, bem orientado com um profissional da área, leva à redução de 25% nos casos de doenças cardiovasculares, 10% nos casos de acidente vascular cerebral, doença respiratória crônica e distúrbios mentais. O objetivo do estudo foi vivenciar a atividade física com diferentes tipos de pessoas em várias etapas da vida e perceber que é de suma importância estar sempre em movimento, socializando-se, o que ajuda tanto no físico quanto no psicológico do ser humano. Palavras-chaves: atividade física, saúde, benefícios, idosos, qualidade de vida, bem estar corporal, prevenções. 1 INTRODUÇÃO O envelhecimento é uma fase da vida em que acontecem muitas mudanças no organismo, e isso diminui a nossa aptidão e desempenho físico. Existem cada vez mais evidências científicas apontando o efeito benéfico de um estilo de vida ativa na manutenção da capacidade funcional e no processo de envelhecimento. De acordo com Chaimowiez (1997), a população brasileira vem envelhecendo desde o início da década de 60, momento em que a queda das taxas de fecundidade, em algumas regiões mais desenvolvidas do Brasil, começou a modificar a sua estrutura. A partir da década de 70, as PNADs (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) começaram a indicar que o fenômeno estava ocorrendo, também nas demais regiões do país, atingindo todas as classes sociais, nas áreas urbanas e rurais. Segundo dados científicos, a participação em um programa de exercício físico, bem orientado por um profissional da área, leva a redução de 25% nos casos de doenças cardiovasculares, 10% nos casos de acidente vascular cerebral, doença respiratória crônica e distúrbios mentais. O objetivo do estudo foi vivenciar a atividade física com diferentes tipos de pessoas em várias etapas da vida e perceber que é de suma importância em todas estar sempre em movimento, socializando-se, o que ajudará tanto no físico quanto no psicológico do ser humano. Também se buscou proporcionar aos indivíduos atividades físicas, visando a melhora da qualidade de vida, o bem estar físico, social e emocional dos beneficiados e a diminuição do efeito negativo da velhice (desvalorização física e social)

381 O ser humano é levado a acreditar que a sua vida útil só é válida na fase adulta, ou seja, na fase em que pode ser produtivo para a sociedade. Sendo assim, crianças e idosos são excluídos e considerados um fardo. A auto-estima das pessoas da terceira idade diminui, assim como as necessidades físicas que podem ser melhoradas através da prática do exercício. O idoso começa a associar sua idade como o fim da vida, e já não acha tão necessário fazer algo para mudar o estado de sedentarismo. A não motivação, que por sua vez é um fator importante, cria situações de isolamento e solidão que fazem com que a dependência, o desânimo frente à vida e a crença na incapacidade de atuar em diversos momentos da vida social levem o idoso a ter pena de si mesmo e ao conformismo com um estado de coisas que se estabelece. Sabemos que é muito difícil para o sedentário qualquer alteração no seu ritmo de vida que implique em esforço físico ou no seu estilo de vida. Pode-se observar a falta de programas destinados a essa parcela da população, a distância e o tempo necessário para a participação nos poucos programas existentes e a dificuldade de acesso a locais onde existam atividades de lazer apropriadas para esses idosos. Diante dessa realidade, busca-se mencionar as formas benéficas a qual os exercícios físicos podem promover aos idosos, principalmente no que se refere à promoção da saúde. Além de combater o sedentarismo, contribui de maneira significativa para a manutenção da aptidão física do idoso, proporcionando assim um bem estar corporal ao mesmo. Esse trabalho poderá servir de vínculo, inspiração e exemplo para a população idosa. Tem por finalidade despertar no mesmo o interesse e a vontade em buscar uma vida saudável, tendo como precursor a atividade física. A metodologia utilizada foi visitar um grupo de ginástica Práticas Corporais, que é um projeto apoiado pela Prefeitura Municipal de Ponte Nova e coordenado por Bruna Marliere, onde as aulas práticas são ministradas pela estagiária Natália de Sousa Victor. Buscou-se uma interação com os alunos, tanto no momento dos exercícios quanto no momento de descontração, momento em que foi entregue o folheto informativo, com dicas de qualidade de vida, além de ter sido oferecido frutas aos alunos, frisando a importância de uma boa alimentação. 2 DESENVOLVIMENTO O envelhecimento populacional vem tomando proporções significativas nos últimos 30 anos, segundo o IBGE, onde pesquisas mostram que com o passar do tempo ocorrem perdas naturais das capacidades físicas, como a perda de força, flexibilidade e de velocidade. (SINGER, 1981) Segundo Mazo, Lopes e Benedetti (2001), A Organização Mundial de Saúde OMS considera idoso todo indivíduo com 65 anos de idade, ou mais, que reside nos países desenvolvidos, e com 60 anos, ou mais, os residentes em países em desenvolvimento. Percebe-se que essa definição de idoso da OMS está diretamente ligada à qualidade de vida propiciada pelo país aos seus cidadãos. O número de homens e mulheres acima de 65 anos aumenta a cada dia. Observa-se uma participação cada vez mais em esporte, como maratona e até mesmo em levantamento de peso, sendo a força muscular, excepcionais de competidores mais velhos ou atletas máster. (SIMÃO, 2014, p.159) A velhice apesar de ser conceituada como um processo fisiológico, estudos mostram que o envelhecimento é formado por características relacionadas ao sexo. (GONÇALVES e VILARTA, 2004, p.227)

382 Neri (1998, p.130) afirma que Também se observa nos estados e cidades brasileiras um número cada vez maior de pessoas idosas nas praças, ruas e parques, com roupas descontraídas, com aparelho de som nos ouvidos, fazendo alguma atividade física, uns com passadas de passeio e outros em caminhadas vigorosas. Nas academias de ginástica, clubes, piscinas e praias, em que antes de via corpos jovens, magros e bem delineados, já é possível observar idosos expondo seu corpo e convivendo com os mais jovens. Pode-se perceber que a atividade física durante o envelhecimento traz grandes benefícios, onde os idosos mantêm um estilo de vida ativa e saudável, fazendo assim a manutenção da capacidade funcional durante esse processo tão importante de nossas vidas. (CHAWALBINSKA, MNETA e ALI, 1989, apud SANTEREM) De acordo com Lima, Costa e Veras (2003), Enquanto nos países desenvolvidos o aumento da expectativa de vida vem acontecendo há muitos anos, como consequência de melhores condições de vida da população, urbanização planejada adequadamente, avanços nas áreas da saúde, habitação, saneamento, meio ambiente, nutrição e trabalho; nos países em desenvolvimento este fenômeno vem sendo observado desde 1960,relacionado á queda das taxas de natalidade e mortalidade, consequência de campanhas sanitárias, de vacinação e de ampliação da atenção médica na rede pública,que não foram acompanhadas de transformações estruturais que garantissem melhores condições de vida. O aumento do número de pessoas acima de 60 anos está se dando de forma tão intensa que, em 1998, existiam 12,4 milhões de pessoas acima de 60 anos no país, e a expectativa, segundo Azevedo (1999), é de que daqui a 21 anos, esse número atinja 25 milhões. A maioria dessas pessoas está concentrada em áreas urbanas e é do sexo feminino, o que é enfatizado por Goldani (1994), quando diz que mulheres têm expectativa de vida maior que a dos homens, havendo com isso grande número de viúvas. Adoção de um estilo de vida ativo proporciona diversos benefícios à saúde, uma vez que é considerado como uma forma de melhorar a qualidade de vida, a resistência e também a capacidade funcional. Porém, tão importante quanto a prática de atividade física, é compreender os fatores associados que influenciam a sua adesão e manutenção. Para Lopes (2009, p. 112), além da avaliação clínica, deve ser realizado um teste ergométrico ou teste cardiorrespiratório em esforço (ergoespirometria) para determinar a capacidade física individual e a intensidade de treinamento a ser preconizada. Segundo Neri (1998 apud BENEDETTI, 2009, p.131), "ao observa os idosos praticando atividade física em diferentes ambientes, isto anuncia uma saudável mudança de hábitos e valores em relação à saúde do corpo e à convivência entre as gerações". No Brasil observa-se que há um investimento cada vez mais em programas para estimular a prática de atividade física para idosos. Assim, com uma vida ativa, eles conseguem manterem-se mais saudáveis, prevenindo doenças que possam intervir com a idade. (MAZZO, LOPES e BENEDETTI, 2001, p.130) Dessa forma, torna-se possível perceber que a atividade física regular e a adoção de um estilo de vida ativa são necessárias para a promoção da qualidade de vida durante o processo de envelhecimento. Pessoas mais idosas que por algum motivo não tiveram a chance ou motivação para praticarem algum esporte, podem desfrutar dos benefícios da atividade física, sendo um trabalho de fortalecimento muscular, não só para a saúde, mas também na melhoria da auto-estima

383 Segundo Gonçalves e Vilarta (2004, p.230), Propiciar qualidade de vida, revalorizar os idosos e reintegrá-los às relações sociais, diante de seus próprios olhos e os da sociedade, tem sido, na atualidade, fonte de importantes pesquisas. Com isso, considera-se que todos os idosos deveriam praticar exercícios físicos, desde que não haja alguma restrição médica, sempre com o objetivo da melhoria da capacidade física, maior integração na sociedade, bem como maior equilíbrio do psicológico. A atividade física na terceira idade deve ser prazerosa, por isso é essencial que a pessoa escolha algo em que se sinta bem. 3 CONCLUSÃO O idoso, como categoria social, ainda é visto na sociedade brasileira como uma questão secundária, mas sabe-se que num futuro próximo o envelhecimento populacional fará parte do nosso cotidiano. Um dos fatores que deve ser levado em consideração para o crescimento benéfico das práticas esportivas voltadas aos idosos, é a motivação. É de extrema importância a criação de programas que estimulem e proporcionem a atividade física ao idoso. Porém, sabe-se que muitas questões precisam ser construídas com o intuito de melhorar os métodos relacionados à prática de atividade física aos indivíduos da terceira idade. Sabe-se que existem obstáculos aos praticantes do exercício físico, que acabam tendo limitações, ficam dependentes para fazer tarefas simples do nosso dia a dia, como por exemplo, amarrar um cadarço. A ginástica, além de melhorar o desempenho e desenvolvimento motor, ajuda também nas capacidades física. Com a visita ao grupo de ginástica Práticas Corporais, oportunidade em que vários alunos foram ouvidos, pode-se observar que a atividade física é parte da vida deles, proporcionando independência, alegria, melhora da auto-estima, fazendo com que eles se sintam ativos, vivos e realmente felizes. Conclui-se que a atividade física, seja ela qual for, desde que bem orientada, promove benefícios à saúde. Praticando exercício físico na terceira idade, o idoso torna-se apto a realizar tarefas diárias, maior intensidade de força, como subir escada, carregar objetos, sentar e levantar de alturas relativamente baixas, etc. O exercício físico também previne doença como: diabetes, varizes, osteoporose e a depressão, que é uma doença muito comum nessa idade, afinal o idoso muitas vezes acaba ficando sozinho, porém, participando desses grupos de ginástica, ele consegue interagir e fazer muitas amizades. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLSEN, Philip E.; HARRISON, Joyce M.; VANCE, Bárbara. Exercício e Qualidade de vida: uma abordagem personalizada. São Paulo: Manole, CRUZ, Francine. Atividade física para idosos: apontamentos teóricos e práticos de atividades. Curitiba: Minelli, MAZO, Giovana Zarpeblon; LOPES, Marize Amorim; BENEDETTI, Tania Bertoldo. Atividade física e o idoso, concepção gerontológica. São Paulo: Sulina,

384 EQUOTERAPIA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO Luciana Pedrosa Rossi Brum Júlio Ribeiro Bravo Gonçalves Junior Samuel Gonçalves Pinto Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova Resumo: O presente estudo é de caráter bibliográfico com revisão nas bibliotecas virtuais Scielo, MedLine, Pubmed e artigos publicados em blogs dos centros de equoterapia nacionais. A prática de atividade física para as pessoas com necessidades especiais tem uma significância incomparável, pois permite a essas pessoas ter experiências motoras, afetivas e sociais. Não só contribui para a melhoria dos aspectos físicos quanto psicológicos das pessoas com necessidades especiais, como na melhoria das capacidades funcionais, permitindo uma melhor mobilidade nas atividades de vida diária. O jogo desempenha importante papel no desenvolvimento psicomotor, afetivo e social do ser humano. Assim, na Equoterapia, o professor de Educação Física busca valorizar o jogo oferecendo ao praticante variações e adaptações dos mesmos durante as sessões, objetivando momentos de descontração, lazer e aprendizagem, possibilitando que o praticante se expresse através de sua emoção, sentimento e afetividade. O profissional de educação física identifica o perfil motor de cada praticante e desenvolve o movimento através da ludicidade e recreação, onde o praticante é estimulado a desenvolver determinados movimentos que são relacionados á consciência corporal e a cognição. Palavras Chave: Equoterapia, Saúde e Qualidade de Vida Introdução O presente estudo é de caráter bibliográfico com o objetivo de conhecer as indicações dos autores sobre equoterapia e a importância do profissional da Educação Física nesta prática. Nesta perspectiva, surgiam práticas e metodologias para que estes professores pudessem incluir todos os alunos, através das atividades cooperativas, esportes de inclusão e recentemente as pesquisas voltaram para a prática da equoterapia, que é um método terapêutico e educacional, que se utiliza de um cavalo para contribuir na melhora do desempenho dos praticantes com necessidades especiais, onde atuam diversos profissionais em âmbito interdisciplinar com intuito de contribuir a partir do

385 seu conhecimento na melhora do praticante, voltados para as questões motoras (SOARES, 2011). Desenvolvimento O movimento nos acompanha desde a vida intrauterina, visto que o ser humano se desenvolve a partir de estímulos. Esse movimento é envolvido de progressão seqüencial, primeiro do mais simples para o mais complexo, onde através das oportunidades adicionais possibilitará os indivíduos para adquirir habilidades motoras (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Essas questões relacionadas aos movimentos são bases do ensino do profissional de Educação Física, onde esta área preocupa-se em ensinar e aperfeiçoar os movimentos. Ao longo dos anos, a educação física foi se aperfeiçoando, perdendo a ideologia de que somente as pessoas de porte físico atlético poderiam realizá-la para desenvolver a performance, no entanto, percebe-se hoje que a educação física é realizada por todas as pessoas, independente do seu biótipo. A prática de atividade física para as pessoas com necessidades especiais tem uma significância incomparável, pois permite a essas pessoas ter experiências motora, afetiva e social. Zuchetto e Castro (2002) afirmaram que a prática de atividade não só contribui para a melhoria dos aspectos físicos quanto psicológicos das pessoas com necessidades especiais, como na melhoria das capacidades funcionais, permitindo uma melhor mobilidade e nas atividades da vida diária. A Educação Física é responsável pelo processo de educação corporal, através do movimento é possível comunicar-se com o mundo, conhecer seus limites e desenvolver sua consciência corporal. Para as pessoas com necessidades especiais a Educação Física tem contribuído muito, pois através dos estímulos realizados pelas atividades físicas, a criança passa a interagir com o meio social, desenvolvendo suas capacidades afetivas, cognitivas e motoras. Para Cruz, Rezende e Mangabeira (2003) a Educação Física contribui para e no processo do desenvolvimento de pessoas com necessidades especiais, a medida que o educador proporcione situações que estimule o indivíduo a buscar soluções de problemas, tanto de ordem motora quanto social. Desta forma Lopes e Valdés (2003, p.197) colocam que: Com o conhecimento que educação física vem aprofundando sobre as necessidades especiais, ela vem desempenhando um papel importante nesse processo de atendimento as pessoas com necessidade especial, perdendo aquela idéia que a educação física é só repetição de movimentos e

386 performance. Passando a ter uma visão nova, de quanto é importante a educação física para o desenvolvimento do motor, cognitivo, afetivo, social. Neste sentido, a Educação Física com a sua fundamentação no desenvolvimento humano, nas concepções de corpo/movimento e práticas psicomotoras e pedagógicas pode contribuir no processo de aprendizagem/reabilitação do praticante de Equoterapia. Com o apoio e auxilio dos demais membros da equipe multidisciplinar, contribui para a melhoria das condições físicas de seus praticantes, aliados as ações desenvolvidas com o movimento tridimensional do cavalo. A participação do educador físico na equoterapia é de identificar o perfil motor de cada praticante e desenvolver o movimento através da ludicidade e recreação, onde o praticante é estimulo a desenvolver determinados movimento que são relacionados à consciência corporal e a cognição (MÜRMANN et al., 2011). O individuo com necessidade especial necessita de um olhar e atendimento diferenciado para as questões de equilíbrio. Segundo Gallahue e Ozmun (2005, p.228) a estabilidade envolve a habilidade de manter em equilíbrio a relação individuo/força de gravidade, sendo este um aspecto fundamental do aprendizado de movimentar-se. Como esses praticantes requerem um acompanhamento diferenciado durante a sessão de equoterapia há necessidade de dois ou três integrantes de áreas distintas e um condutor para o cavalo. O trabalho da equipe interdisciplinar pressupõe uma relação de interligar os conhecimentos específicos de cada área, levando em consideração a particularidade de seus praticantes (MURMANN et al., p. 38, 2011). Apesar do profissional de Educação Física ter conhecimento do movimento, há a necessidade do trabalho de uma equipe multidisciplinar, visto que o profissional não conseguirá atender a todas as especificidades do praticante sozinho, visto que muitas delas fogem do conhecimento adquirido na formação inicial, pois a prática da equoterapia não se limita apenas ao aspecto motor. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste estudo fica evidente o trabalho interdisciplinar, com equipe multiprofissional com conhecimentos das áreas que promovem ações diretas aos praticantes da equoterapia em seu desenvolvimento, com vários profissionais: de educadores físicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, pedagogos, equipe social entre outros. No entanto o foco do profissional de educação física que utiliza dos instrumentos pedagógicos, que favorece em aprendizados novos, através do esquema corporal que envolve coordenação motora ampla, coordenação motora fina, lateralidade, organização espacial, organização

387 temporal e equilíbrio. Podendo esse profissional atuar significativamente no desenvolvimento integral destes praticantes em método gradativo ao tempo do praticante. Atividade Física e Qualidade de Vida Baseando-se em resultados de pesquisas apresentadas por Berger e Mcnman (1993), pode-se afirmar que o exercício físico reduz os níveis de ansiedade, depressão e raiva, os quais são considerados como sintomas de estresse, assim como reduz a inluência de estressores psicossociais sobre o indivíduo (Blumenthal et al., 1998; Crews & Landers, 1987; Sinyor, Schwarts, Peronnet, Brisson, & Seraganian, 1983). O exercício do tipo aeróbico, em razão de seus efeitos positivos sobre o estresse, o humor e o autoconceito, tem se mostrado um eficiente meio na obtenção do bem-estar psicológico. Não obstante, é de interesse geral saber quais são as características da atividade que determinam os efeitos positivos sobre a saúde mental. No atual estado de pesquisa, uma das características admitidas como imprescindíveis, é que a atividade realizada deve ser prazerosa. Esse é um aspecto muito subjetivo, uma vez que a atividade considerada agradável por um indivíduo pode ser encarada como extremamente desagradável por outro. Além disso, condições ambientais desfavoráveis podem reduzir ou até anular o prazer e os efeitos positivos esperados as atividade física, como mostram berger & Owen (1986). Para um melhor aproveitamento do potencial do exercício físico na melhoria da saúde psicológica, é preciso que os horários para a pratica sejam agtendados semanalmente. Com isso busca-se eliminar o desconforto causado pelo processo de condicionamento e pela aprendizagem técnica da execução dos movimentos, para que estes possam ser realizados de forma proficiente. Como conseqüência, o exercício será realizado de forma mais relaxada e prazerosa, uma vez que os movimentos estarão automatizados e sua execução não exigirá níveis altos de atenção. Recomendamos uma atitude positiva relacionada à atividade física, saúde e qualidade de vida. O indivíduo deve selecionar atividades motivantes e prazerosas e trabalhar com exercícios em um nível moderado, considerando seu nível de condicionamento físico. Exercícios físicos devem ser praticados semanalmente (2-3 vezes por semana) de forma relaxada e prazerosa, de preferência com um grupo de

388 amigos. A aprendizagem de técnicas de relaxamento e controle emocional podem auxiliar a diminuir os efeitos do estresse do dia-a-dia e melhorar a qualidade de vida. Enfim, é importante realizar uma avaliação constante dos efeitos gerados pela prática da atividade física selecionada e, caso estes sejam negativos, procurar modificar a atividade ou o ambiente social. CONCLUSÃO O foco do profissional de educação física que utiliza dos instrumentos pedagógicos favorece aprendizados novos, através do esquema corporal que envolve coordenação motora ampla, coordenação motora fina, lateralidade, organização espacial, organização temporal e equilíbrio. Este profissional pode atuar significativamente no desenvolvimento integral em método gradativo ao tempo do praticante. REFERÊNCIAS ARGENTO, R. S. V. Benefícios da Atividade Física na Saúde e Qualidade de Vida do Idoso Disponível em file:///c:/users/casa/downloads/argentorenedesouzavianello_ TCC%20(4).pdf. Acesso em 17 Jul CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. Metodologia Científica. 6ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall ELIAS, R et al. Aptidão física funcional de idosos praticantes de hidroginástica. Rev. bras. geriatr. gerontol. 2012, V.15, N.1, pp Disponível em 15n1/09.pdf. Acesso em 17 Jul LINDEN JUNIOR, E.; TRINDADE, J. L. A. Avaliação da qualidade de vida de idosos em um município do Sul do Brasil. Rev. bras. geriatr. gerontol. 2013, V. 16,N.3, pp Disponível em Arttext. Acesso em 18 Jul

389 LUSTOSA, L. P. et al. Efeito de um programa de treinamento funcional no equilíbrio postural de idosas da comunidade. Fisioterapia e Pesquisa. 2010, V.17, N.2, p Disponível em Acesso em 18 Jul NOGUEIRA, S. L. Fatores determinantes da capacidade funcional em idosos longevos. Rev Bras Fisioter. 2010, V. 14, N. 4, p Disponível em 4/aop019_10.pdf. Acesso em 20 Jul OLIVEIRA, A. C. Qualidade de vida em idosos que praticam atividade física uma revisão sistemática. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. 2010; V. 13, N.2, p Disponível em Acesso em 20 Jul OLIVEIRA, G. C.Psicomotricidade educação e reeducação num enfoque psicopedagógico. 3ª edição. Petrópolis: Vozes, OSÓRIO, Irma do Carmo. Psicomotricidade na pré-escola. Belo Horizonte: Ed. Lancer. ROBERTS, M. O homem que ouve cavalos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, UZUN, Ana Luisa de Lara. Equoterapia: aplicação em distúrbios do equilíbrio. São Paulo: Vetor, WALTER, G.B.; VENDRAMINI, O. M. Equoterapia: terapia com o uso do cavalo. Minas Gerais: CPT/CEE-UFV, (Manual) OMS (2005). Envelhecimento ativo: Uma política de saúde. Brasília: Organização PanAmericana da Saúde. Disponível em mento_ativo.pdf. Acesso em 15 Jul SHIMIZU, A. Treinamento Funcional Disponível em mentofuncional1.htm. Acesso em 17 Jul VIDMAR, M. F. Atividade Física e Qualidade de Vida em Idosos Disponível em Acesso em 17 Jul

390 Anais do III Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: FATORES DE RISCO PARA O DIABETES MELLITUS EM ALUNOS DE UMA ACADEMIA DE DOM SILVÉRIO/MG CUNHA, J. A. A. 1 ; DIAS, A. L. M 2 ; SILVA, M. F. 3 1 Licenciada e bacharel em Educação Física- Fundação Presidente Antônio Carlos- FUPAC- Ponte Nova- MG 2 Graduanda em Educação Física (bacharelado) / Licenciada em Educação Física Faculdade Presidente Antônio Carlos- FUPAC Ponte Nova- MG 3 Doutora em Biologia Molecular e Estrutural UFV / Professora da Faculdade Presidente Antônio Carlos FUPAC- Ponte Nova- MG Introdução O Diabetes Mellitus é uma doença crônica que ocorre quando o pâncreas não produz insulina suficiente ou quando o corpo não consegue usar de maneira eficiente a insulina que produz. O diabetes tipo 1 ocorre devido a produção insuficiente de isnulina pelo corpo, o que leva a necessidade de injeções diárias de insulina, ao passo que o diabetes tipo 2 ocorre resistência das células alvo a insulina circulante, principalmente devido a presença de obesidade e ao sedentarismo (Fang et al., 2004; OMS, 2016;). O diabetes gestacional é detectado durante a gravidez e pode persistir ou não após o parto. Estima-se que 8,3% da população mundial tenha diabetes, cerca de 387 milhões, sendo o diabetes é a do tipo 2 o de maior prevalência (OMS,2016, SBD, 2016). O tratamento do diabetes envolve uso de medicamentos e mudanças no estilo de vida (Araujo et al.,1999; ACSM, 2010 ). Nessa perspectiva, o exercício físico tem sido um importante aliado tanto na prevenção quanto no tratamento do diabetes em suas diferentes formas. Entre os efeitos do exercício no controle da glicemia em pessoas com diabetes podemos apontar, aumento na translocação dos transportadores de glicose insulina-dependente, aumento da sensibilidade à insulina e da oxidação de glicose, o que contribui para a redução da glicemia e consequentemente para o controle do diabetes. Objetivos O estudo de caráter descritivo teve como objetivo verificar a presença de fatores de risco para o Diabetes Mellitus em praticantes de atividade física de uma academia em Dom Silvério, MG. Metodologia Foram avaliados 30 alunos com idade entre 18 e 65 anos, de ambos os sexos. Avaliouse variáveis como idade, peso, altura, índice de massa corporal (IMC), glicemia casual e relação cintura/quadril (RCQ). Os dados coletados foram analisados e traçou-se um perfil epidemiológico e sua relação com o Diabetes. Os resultados são apresentados como média ± desvio padrão da média

391 Resultados Anais do III Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: ,0 0,8 RCQ (cm) 0,6 0,4 0,2 0,0 Homens Mulheres Figura 1: Razão Cintura/Quadril dos Voluntários Avaliados 20 Voluntários avaliados < 18,5 18,5-24,9 25,0-29,9 30,0-34,9 35,0-39,9 Figura 2. Índice de Massa Corporal dos Voluntários Avaliados

392 Anais do III Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: Voluntários avaliados < 200 mg/dl > 200mg/dL Glicemia casual (mg/dl) Figura 3. Glicemia Casual dos Voluntários Avaliados Os avaliados apresentaram glicemia casual<200mg/dl. Não foram encontradas alterações nesta variável que representasse algum risco ao desenvolvimento de diabetes tipo 2. Vale ressaltar que a glicemia casual não é o principal componente para se detectar pré diabetes ou diabetes. No diagnóstico, outros fatores devem ser considerados como, por exemplo, hemoglobina glicada acima dos padrãoes recomendados, polidipsia, poliúria, glicosuria e polifagia. Identificou-se uma circunferência de cintura de 88,5±7,45cm em homens e e 78,52±9,39cm em mulheres. Quanto à essas medidas, a média obtida pela mulheres está dentro dos padrões estabelecidos pela OMS. Para essa organização, mulheres com uma CC acima 80 cm apresentam risco para o desenvolvimento de doenças cardiometabólicas associadas ao acúmulo de gordura central. Nos homens os valores também estão dentro do que se espera para a promoção da saúde, que são iguais ou inferiores a 94 cm. Souza-e-Sá Júnior et al. e Rezende et al. apud Vianna et al., (2008) dizem que estudos realizados mostram que a CC tem relação direta com o colesterol total e LDL-c. Também foi observado que indivíduos obesos e com grande concentração de adiposidade abdominal, apresentam maior incidência diabetes quando comparados a população normal. Outro fato constatado foi a elevação da glicemia de jejum e a redução dos níveis de HDL-c. Vasques et al. (2010) afirmam que vários estudos buscam relacionar a CC com fatores que influenciam a resistência à insulina e, posteriormente, o desenvolvimento do diabetes tipo 2. Pessoas com CC elevada apresentam resistência à ação da insulina no tecido adiposo e também hiperinsulinemia (elevados níveis de insulina plasmática em jejum). Esses fatores podem comprometer o metabolismo lipídico, o que é um indicador importante de para o desenvolvimento de o diabetes tipo 2. A Sociedade Brasileira de Diabetes (2015) aponta o IMC >25 como um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes 2. No presente estudo, o IMC dos avaliados foi de 27,83±6,09 Kg/m 2 e 23,54±3,98 Kg/m 2 em homens e mulheres, respectivamente. No que se refere aos valores de referência da OMS (2015) para a RCQ, os voluntários apresentam risco moderado ao desenvolvimento de doenças metabólicas

393 Anais do III Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: para homens e alto risco para as mulheres. A RCQ dos avaliados foi mulheres foi de 0,81±0,09 cm e nos homens de 0,91±0,04 cm. Conclusão Os voluntários avaliados apresentaram fatores de risco o diabetes tipo 2 como IMC e RCQ elevados. A glicemia casual e a circunferência de cintura não representam fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 nessa população. Referências Bibliográficas 1. Araújo, LMB; Britto, MS; Cruz, TRP. Tratamento do Diabetes Mellitus do Tipo 2: Novas Opções. Arq Bras Endocrinol Metab vol.44 no.6 São Paulo Dec Vasques, AC; Rosado, L; Rosado, G; Ribeiro, RC; Franceschini, S; Geloneze, B. Indicadores antropométricos de resistência à insulina. Arq. Bras. Cardiol. vol.95 no.1 São Paulo, Vianna, MVA; Seixas-da-Silva, IA; Gomes, ALM. A correlação entre o nível de cinrcunferência de cintura e o grau de atividade física. Revista de Educação Física 2008 Set; 142: Rio de Janeiro (RJ) - Brasil. 4. ACSM, American College of Sports Medicine. Diabetes e Exercício: Posicionamento Oficial DIRETRIZES-SBD Retirado do site : Disponível em 17/11/

394 FRATURAS, LUXAÇÃO E SUAS IMOBILIZAÇÕES Diego Marcos Aguilar*; Lílian de Castro Moreira Silva*;Olívio Miguel de Queiroz Neto*; Priscila Mikaela Martins Quintão*; Raphael de Souza Totino* Júlio Ribeiro Bravo Gonçalves** *Acadêmicos do 4º período do curso de Educação Física da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova - FUPAC. **Professor (orientador) da disciplina Emergência na Educação Física Resumo: Define-se fratura como sendo a perda, total ou parcial, da continuidade de um osso. Luxação é uma lesão onde as extremidades ósseas que formam uma articulação ficam deslocadas, permanecendo desalinhadas e sem contato entre si. A imobilização provisória é indicado no tratamento de fraturas e luxações ou suspeitas das mesmas. Quando executada de forma adequada, a imobilização alivia a dor, diminui a lesão e evita riscos de possíveis contaminações. A auto imobilização é uma técnica muito simples, que consiste em fixar o membro inferior fraturado ao membro sadio.o objetivo aqui é discutir sobre os tipos de lesões dando ênfase à imobilização correta para cada parte do corpo atingida. Conclui-se que o primeiro atendimento é primordial para que não haja possíveis sequelas e danos, facilitando inclusive o seu tratamento. Palavras chave: fratura, luxação, imobilizações, primeiro atendimento. Área temática: Primeiros Socorros

395 1. Introdução Podemos definir uma fratura como sendo a perda, total ou parcial, da continuidade de um osso. A fratura pode ser simples (fechada) ou exposta (aberta), e ainda pode ser classificada como fratura completa (abrange toda a espessura do osso) e incompleta (engloba parte da espessura do osso. Os sintomas de fratura são: dor intensa no local, que aumenta ao menor movimento; inchaço; crepitação; hematoma; rompimento de vaso, com acúmulo de sangue no local; paralisia por lesão de nervos. A luxação é uma lesão onde às extremidades ósseas que formam uma articulação ficam deslocadas, permanecendo desalinhadas e sem contato entre si. O desencaixe de um osso da articulação (luxação) pode ser causado por uma pressão intensa, que deixará o osso numa posição anormal, causando dor intensa, deformidade do local e impossibilidade de movimento. Na suspeita de fratura ou luxação a imobilização deve ser feita no próprio local do acidente e nunca transportar a vítima antes do atendimento pra evitar assim possíveis complicações. Nesse contexto, o presente estudo objetivou analisar e apresentar os diferentes modos de fazer os primeiros socorros e imobilizações a uma vítima lesionada. 2. Material e Métodos Metodologicamente o estudo caracteriza-se como descritivo e estudo de caso com técnica de demonstração. 3. Resultados e Discussão Diante dos diferentes tipos de lesão, percebemos que o primeiro atendimento a uma vítima sempre será o mesmo, em todo caso, já que à princípio não podemos diagnosticar qual o tipo dessa lesão: fratura, luxação ou entorse. Os primeiros socorros devem ser feitos imediatamente após o acidente, antes de transportar a vítima, o que deverá ser feito apenas na ausência do Corpo de Bombeiros ou Ambulância, com pessoal capacitado e materiais adequados para esse transporte. O socorrista deve acima de tudo manter a calma e acalmar a vítima que por sua vez pode apresentar estado de choque. A vítima com suspeita de fratura na coluna não pode se movimentar, nem ser deve ser removida do local do acidente sem ajuda. Deve, também, ser levada a um serviço de saúde, sem movimentos bruscos. É totalmente indevido o movimento da coluna ou da cabeça. Para fazer uma imobilização de emergência são necessárias algumas regras: 1. Estanque eventuais hemorragias; 2. Não são necessários equipamentos especiais para imobilizar a vítima. Para imobilizar um membro ou parte de um membro, improvise uma tala com um pedaço de tábua, um calhamaço de jornal, uma revista grossa, um travesseiro, um galho reto de árvore ou uma parte sã do próprio corpo da vítima (por exemplo, numa fratura de uma perna, a outra pode ser amarrada à quebrada para fixá-la; um braço quebrado pode ser imobilizado contra o próprio peito); 3. Algumas fraturas podem ser imobilizadas na posição em que se encontram desde que esta não seja forçada;

396 4. Qualquer que seja o local a entalar lembre-se de que imobilizar significa tirar os movimentos das juntas acima e abaixo da fratura. Por exemplo: não adianta entalar fortemente uma fratura de antebraço se os movimentos do pulso e cotovelo ficarem livres; 5. Se possível, acolchoe a tala com panos, camadas de algodão ou gaze, evitando pontos de pressão e desconforto; 6. Se a fratura que você está entalando é exposta e você já cuidou do ferimento, lembre-se de proteger bem o corte com almofadas de gaze, para que o roçar da tala não prejudique ainda mais; Atenção: Aperte apenas o suficiente as bandagens que seguram a tala, deixando uma extremidade do membro atingido para fora. Se você perceber que esta extremidade está esfriando ou ficando azulada, afrouxe as bandagens, porque a circulação do sangue poderá estar obstruída. Vale a pena ressaltar que uma imobilização feita de maneira errada pode comprometer ainda mais o estado da vítima, podendo levar inclusive à perda do membro. Existem diferentes tipos de imobilizações para cada parte do corpo, sendo que não é necessário que haja material próprio para faze-la, sendo possível o improviso, seja com pedaços de madeira, cordas, panos, um calhamaço de jornal, uma revista grossa, um travesseiro, um galho reto de árvore ou uma parte sã do próprio corpo da vítima. 4.Conclusões Conclui-se que o primeiro atendimento a uma vítima de lesão, seja suspeita de fratura ou luxação, é primordial para que não haja maiores complicações. O socorrista deve portanto acima de qualquer coisa, manter a calma e transmiti-la a mesma, nunca fazendo seu transporte sem antes imobilizar o local atingido. Referências Bibliográficas

397 Intoxicação e Envenenamento no âmbito escolar Denise Euzébio*; Guilherme Nunes*; Natália de Souza*; Kaline Euzébio*; Vanessa Superbi*. Isabella Silva Júlio Ribeiro Bravo Gonçalves** *Acadêmicos do 4º período do curso de Educação Física da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova - FUPAC. **Professor (orientador) da disciplina Emergência na Educação Física Área Temática: Emergência em Educação Física Resumo: Intoxicação ou envenenamento são causados pela ingestão, inalação ou exposição a alguma substância tóxica (nociva) ao organismo que podem provocar sequelas e até mesmo a morte se o indivíduo não for socorrido a tempo. O ambiente escolar apresenta uma grande variedade de agentes como plantas tóxicas, medicamentos, pesticidas, produtos de limpeza e higiene que quando não armazenados ou utilizados de forma correta representam risco para intoxicação e envenenamento. Nesse contexto, o presente trabalho objetiva demonstrar os aspectos teóricos, causas, prevenções, formas de contaminação e orientações gerais no qual se refere a intoxicação e envenenamento. Metodologicamente, o estudo caracteriza se como sendo uma revisão bibliográfica. Palavras-Chave: intoxicação; envenenamento; primeiros socorros; discentes; escola; sintomas; Introdução Atualmente, aumentam mundialmente e, em particular no Brasil os números de casos e a gravidade das denominadas "intoxicações e envenenamentos". Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde, em torno de 3% da população urbana, nos países em desenvolvimento, é afetada, anualmente, por estes tipos de acidentes. A utilização crescente e abusiva de substâncias químicas não acompanhadas de precauções e cuidados necessários, vem causando sérios problemas de saúde às pessoas expostas, usuários desses produtos, na zona rural, rodovias, no ambiente doméstico, nas escolas, nos locais de trabalho, configurando um alto risco para a saúde. A toxicologia está presente na história da humanidade desde seus primórdios. Pode ser entendida como o estudo dos efeitos nocivos de agentes químicos e físicos em seres vivos. As crianças estão relativamente mais propensas aos acidentes devido ao seu estado de aprendizagem física e mental, o que as torna componente principal deste estudo. A escola é um espaço apropriado para a construção da educação em saúde, por possuir missão educativa acrescentando a missão da família

398 Assim, colabora com a construção de valores individuais e coletivos, dentre as quais, ressalta-se a saúde. O presente estudo tem por finalidade demonstrar por meio do ponto de vista teórico as questões relacionadas à intoxicação e envenenamento Desenvolvimento A intoxicação ocorre quando uma substância entra em contato com um organismo e provoca uma série de efeitos adversos, afetando a homeostase dele, rompendo o equilíbrio orgânico. A intoxicação pode ser por ingestão, aspiração e introdução no organismo, acidental ou não, de substâncias tóxicas de naturezas diversas, resultando em doenças graves ou morte. A intoxicação pode ser: acidental, iatrogênica, profissional, suicida, oral, urbana e genética. As substâncias mais comuns na intoxicação são: Produtos químicos utilizados em limpeza doméstica e de laboratório, venenos utilizados no lar (como raticidas, por exemplo), entorpecentes e medicamentos em geral, alimentos deteriorados e gases tóxicos. São quatro as vias de introdução de agentes tóxicos no organismo: dérmica, respiratória, digestiva e venosa, ou seja, pela boca, pele ou vias respiratórias. Orientações gerais: Cuidados com a segurança do socorrista, evitando que este entre em contato com o produto intoxicante; remover a vítima para local arejado, afrouxar as vestes e, caso estejam contaminadas, retirá-las, cortando-as; nunca deixar a vítima sozinha; deixar a vitima falar, deixando-a o mais confortável possível; transportar a vítima em posição lateral, a fim de evitar aspiração de vômito, se ocorrer; transportar junto, restos da substância, recipientes, embalagens e aplicadores. Envenenamento são todos os efeitos danosos às células do organismo por substâncias nocivas que entraram no corpo de alguma forma e que podem causar sérios danos ao indivíduo ou até levar à morte. Os venenos podem ser ingeridos, aspirados do ar, injetados na veia ou absorvidos na pele, seja acidentalmente, seja de forma voluntária. Os primeiros socorros para envenenamento variam se a vítima está consciente ou inconsciente. Vítima consciente: Interrogar a vítima para tentar obter o maior número possível de informações sobre o envenenamento, pedir imediatamente orientações para o Centro de Informações Antiveneno, colocar a vítima de lado e confortavelmente aquecida e chamar uma ambulância, ligando para o 192. Vítima inconsciente: Chamar uma ambulância, se a vítima não estiver respirando, iniciar massagem cardíaca e respiração boca-nariz e não boca-a-boca, para evitar ficar contaminado e caso a vítima comece respirando depois da massagem cardíaca e respiração boca-nariz, deve-se colocá-la de lado até a ambulância chegar. Caso a vítima tenha queimaduras nos lábios, deve-se molhá-los suavemente com água, sem deixar a vítima engolir, porque a ingestão de água pode favorecer a absorção do veneno. Classificar os sintomas de alguém que sofre intoxicação e envenenamento é um tanto complexo, uma vez que varia de acordo com o tipo de substância com a qual a vítima teve contato; entretanto, há alguns tipos de sintomas notáveis na maioria dos casos, que são: Náuseas e/ou vômitos;

399 Palidez; Semiconsciência, ou inconsciência; Suor excessivo e frio; Estado de choque. Conclusão É de extrema importância ressaltar, através dos dados teóricos, os perigos ocasionados pela intoxicação e envenenamento e as técnicas corretas para um atendimento seguro e rápido ao se deparar com uma vitima. A realidade brasileira mostra-se em alarmante atraso quando se trata de acidentes infantis referentes a intoxicações e envenenamentos. Entende-se que, enquanto a criança e o adolescente permanecem na escola, é importante se trabalhar saúde na perspectiva de sua promoção, desenvolvendo ações para a prevenção de doenças e para o fortalecimento dos fatores de proteção. Portanto cabe não somente a instituição de ensino, mais como também a sociedade em si prevenir se no que se diz respeito ao tema abordado, buscando assim informações básicas com o intuito de saber agir em prol as cuidados com a saúde própria e da vitima

400 Obesidade Infantil Lílian de Castro Moreira Silva*; Fabiano Guimarães**,Olívio Miguel de Queiroz Neto*; Diego Marcos Aguilar*; *Acadêmicos do 6º período do curso Normal Superior da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova - FUPAC. **Professor (orientador) da disciplina Metodologia da Pesquisa, do curso de Educação Física. RESUMO A obesidade é uma condição em que o excesso de gordura corporal afeta negativamente a saúde, bem-estar ou a qualidade de vida. O estilo de vida inativo, sem hábitos saudáveis é um fator que predispõe à obesidade, e tem atingido em grande parte a infância. O objetivo desse artigo é evidenciar a obesidade infantil, através de um teste e discutir causas e prováveis modos de tratamento de tal condição, relevando em especial a prática de atividade física. Devido ao aumento da prevalência da obesidade em crianças e seus muitos efeitos adversos à saúde, a obesidade infantil está sendo reconhecida como um grave problema de saúde pública, já que uma criança com sobrepeso apresenta mais chances de se tornar um adulto obeso. O termo sobrepeso ao invés de obesidade é muitas vezes usado em crianças, pois é menos estigmatizante. Dessa forma, o artigo defende o diagnóstico da obesidade para um futuro tratamento. Palavra-chave: obesidade infantil, atividade física, sobrepeso, diagnóstico. ABSTRACT Obesity is a condition in which excess body fat negatively affects health, well-being or quality of life. The inactive lifestyle, without healthy habits is a predisposing factor to obesity, and has largely reached childhood. The objective of this article is to highlight childhood obesity, through a test and discuss causes and probable ways of treating such condition, emphasizing in particular the practice of physical activity. Due to the increased prevalence of obesity in children and its many adverse health effects, childhood obesity is being recognized as a serious public health problem since an overweight child is more likely to become an obese adult. The term overweight rather than obesity is often used in children as it is less stigmatizing. Thus, the article defends the diagnosis of obesity for a future treatment. Key words: childhood obesity, physical activity, overweight, diagnosis

401 1. INTRODUÇÃO Dados de vários países revelam um crescente número de pessoas com obesidade ou sobrepeso, incluindo crianças. Podemos afirmar que tal fato pode estar ligado à falta de práticas de exercícios físicos e a uma má alimentação, sendo que o estilo de vida influi completamente nesse fator. Conforme Bouchard (2003, p.7), por dedução de um estilo de vida sedentário, ou com um nível de atividade mais baixo do que o habitual, responde por uma grande quantidade de casos de sobrepeso em adultos. Há o apoio à ideia da qual a obesidade poderia ser evitada, segundo alguns fatores, e que ela estaria diretamente ligada à predisposição de algumas doenças, diabetes, pressão alta, alterações no sistema respiratório, alterações endócrinas, atingindo inclusive funções psicossociais, tais como autoestima baixa e baixo rendimento escolar, devido à desaprovação pública. Embora haja evidências claras de que os fatores genéticos têm um papel importante na obesidade, é aparente também que fatores não-genéticos são importantes, especialmente em sociedades tecnologicamente avançadas. Sem considerar se o ímpeto subjacente é genético ou ambiental, as variações das reservas de energia corporal são necessariamente devidas às variações em um ou mais componentes de gasto ou da ingestão de energia. (Bouchard, 2003, p.249). Bouchard (2003) fala muito sobre países industrializados, alegando que a obesidade cresce a cada dia mais, pois a população consome mais calorias que as gerações passadas, o que incluem produtos industrializados e altas taxas de gorduras. Frisa ainda, que a população absorve mais energia do que gasta, pela falta da atividade física. O resultado da pesquisa de campo realizado para esta pesquisa apresenta um pequeno índice de obesidade e sobrepeso infantil, através do cálculo do IMC (Índice de Massa Corporal), o que já é alarmante, devido à baixa idade das crianças (5 anos). Metodologicamente o estudo caracteriza-se como descritivo, explicativo e estudo de caso, com técnica de demonstração através da pesquisa de campo. Foram utilizados na coleta de dados: fita métrica, balança digital, Índice de IMC infantil de 2 a 5 anos de idade, fórmula de cálculo IMC, em que a massa é o peso dividido pela altura ao quadrado. A coleta de dados foi feita numa escola pública de Ponte Nova, Escola Municipal Miquelina Martino dos Santos Moreira,localizada à Rua dos

402 Vereadores, nº 177, Bairro Sumaré, Cidade Ponte Nova, Estado de Minas Gerais Tel: (31) ,que atende a educação infantil,1º Período e 2º Período. O tema "obesidade" foi abordado devido à A pesquisa abordou o IMC dos alunos do 2º Período da escola que envolvem 19 crianças com idade de 5 anos, com o objetivo de investigar a presença de sobrepeso ou obesidade. Além do sobrepeso e não menos preocupante, observamos também o baixo peso, que pode estar relacionado com a má alimentação e possíveis graus de desnutrição, e levar esta informação à diretoria da escola, para que esta a repasse para os responsáveis pelos alunos, os conscientizando dos riscos da obesidade e benefícios de se manter uma boa alimentação, acompanhada de atividades físicas. Deve-se estudar portanto os motivos reais da obesidade, tratando assim o problema a fundo, para que seja possível a solução do problema. Programas de governo contra a obesidade também são válidos, já que atingem o público em forma de propagandas e campanhas. 2. DESENVOLVIMENTO

403 O aumento dos casos de obesidade infantil tem preocupado seguimentos da sociedade, envolvidos direta ou indiretamente no trabalho com crianças e adolescentes. Setores da saúde, educação, pesquisa acadêmica, órgãos de governo, buscam alertar para os riscos inerentes à obesidade infanto-juvenil e, também, para a necessidade de se encontrar caminhos para conter a epidemia que por hora se instala no Brasil. A obesidade está relacionada a uma série de fatores como hábitos alimentares e atividade física, além de fatores biológicos, comportamentais e psicológicos. Não se trata de um problema meramente estético. Além de frequentemente sofrerem bullying por parte dos colegas, adultos obesos tendem a ter filhos obesos. Crianças obesas aos dois anos de idade têm mais chances de se tornar um adulto obeso e, no caso de adolescentes, as possibilidades giram entre 70% e 80%, principalmente se os pais também são obesos. Bouchard (2003.) Estudo realizado por Must (apud SOTELO, COLUGNATI e TADDEI, 2004, página), traz uma análise sobre a obesidade, que pode ser resultado de hábitos ainda quando criança: A obesidade na infância e adolescência tende a continuar na fase adulta, se não for convenientemente controlada, levando ao aumento da morbimortalidade e diminuição da expectativa de vida. Desta forma, a detecção precoce de crianças com maior risco para o desenvolvimento de obesidade, juntamente com a tomada de medidas para controlar este problema, faz com que o prognóstico seja mais favorável a longo prazo. Quanto maior a idade e maior o excesso de peso, mais difícil será a reversão da obesidade em função dos hábitos alimentares incorporados e alterações metabólicas instaladas. Uma das maneiras de evitar a obesidade é a prática de exercícios físicos. Exercitar-se está intimamente ligado também ao aumento do bem-estar e da melhora do humor. Essas alterações alteram positivamente quadros de depressão e ansiedade. Sinais afetivos negativos são com frequência os que disparam à alimentação excessiva ou o comer compulsivamente. A imagem corporal positiva é outra variável psicológica capaz de ser intensificada pela atividade física, influenciando as atitudes de controle de peso e os comportamentos. Uma melhor imagem corporal atribuída ao exercício pode ser estimulante e levar a aderência a sua prática em longo prazo, além de alterar no indivíduo sua confiança de realizar alterações positivas em relação ao seu corpo e ao peso corporal (BOUCHARD 2003)

404 2.1 Pesquisa de campo O IMC é obtido a partir do peso de um indivíduo dividido por sua estatura ao quadrado. O IMC juntamente com outras variáveis, como por exemplo a circunferência da cintura, permite a identificação de risco de doenças cardiovasculares e analisam os padrões de distribuição da gordura corporal. Com a autorização da diretoria da Escola, tirei medidas: peso e altura, para que fossem usadas para análise de IMC. Nome Peso (kg) Altura (cm) IMC (kg/m²) Classificação 1 Ana Clara Gomes de Oliveira ,68 Normal 2 Daniel Alves Soares ,41 Obeso 3 Daniel Pinheiro Gomides ,15 Normal 4 Emily Gonçalves dos Santos ,12 Normal 5 Gustavo Henrique de L. C ,10 Abaixo do peso 6 Henry Daumir M. S. Souza ,80 Abaixo do peso 7 João Marcelo C. D. Sousa ,85 Acima do peso 8 Juliano J. Liberato Damásio ,47 Abaixo do peso 9 Kauany L. Sousa Oliveira ,14 Abaixo do peso 10 Lavínia G. de Oliveira ,23 Acima do peso 11 Lavínia Sodré Fonseca ,15 Normal 12 Luís Fernando Marques ,22 Abaixo do peso 13 Luna Andriola ,38 Abaixo do peso 14 Matheus Sávio I. Gomes ,72 Normal 15 Miguel Bezerra ,18 Obeso 16 Naara Repoles ,88 Normal 17 Pedro Henrique M. Pinto ,61 Abaixo do peso 18 Pietro Alves da Costa ,43 Acima do peso 19 Caio ,35 Abaixo do peso Tabela

405 Na Tabela, estão dados coletados de uma escola de Ponte Nova, Minas Gerais, acima citada. Os resultados demonstram variações de IMCs, sendo eles: acima do peso (sobrepeso), abaixo do peso e peso normal, obeso. Resultados Abaixo do peso 8 Normal 6 Acima do Peso 3 Obeso 2 Tabela 3: Classificação do IMC para crianças de 2 a 5 anos. Gráfico do resultado 16% 10% 32% 42% Abaixo do Peso Normal Acima do Peso Obeso Figura 1: Resultado da pesquisa. Temos, portanto, os resultados de que 10% dos alunos apresentam obesidade, 16% apresentam sobrepeso, 32% estão com peso normal e 42% estão abaixo do peso, o que também não passou despercebido. Essas crianças vão ser avaliadas novamente para a verificação do seu crescimento e desenvolvimento, sendo posteriormente encaminhadas a um profissional da área (nutricionista) para diagnósticos e tratamentos

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