O BRINCAR: A IMPORTÂNCIA E AS CONTRIBUIÇÕES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Transcrição

1 Anais da Semana de Pedagogia da UEM ISSN Online: XX Semana de Pedagogia da UEM VIII Encontro de Pesquisa em Educação / I Jornada Parfor O BRINCAR: A IMPORTÂNCIA E AS CONTRIBUIÇÕES NA EDUCAÇÃO INFANTIL INTRODUÇÃO CANDIDO, Ana Claudia de Almeida Santos anac.sant@hotmail.com ROSIN, Sheila Maria (orientador) sheilarosin@onda.com.br Universidade Estadual de Maringá Psicologia da educação Quando uma criança brinca, joga ou desenha, ela está desenvolvendo a capacidade de representar, de simbolizar. É construindo suas representações que as crianças se apropriam da realidade, é assim que Vygotsky (1991) descreve a relação do brincar com o desenvolvimento. De acordo com os textos analisados, percebe-se que o brincar e o brinquedo sempre estiveram presentes no universo infantil, mas ambos são entendidos por leigos apenas como diversão, distração que acreditam que não é possível que a criança aprenda, descubra valores, regras, nem mesmo aprenda a desenvolver situações que envolvam sentimentos e decisões. Partido desta premissa, o presente estudo buscará analisar a relação do brincar com o desenvolvimento infantil. Tendo em vista as referências dos autores, pretendemos ressaltar que é relevante a importância do brinquedo e do brincar para o desenvolvimento infantil. Pretendemos ainda um estudo que confirma as ideias dos autores citados, ao mencionarem que a utilização adequada do brinquedo proporciona benefícios à formação da criança, tanto em atitudes sociais quanto no auxílio da construção do conhecimento. Por meio de atividades lúdicas a criança desenvolve capacidades importantes para seu desenvolvimento como socialização, criatividade, memorização, imaginação e amadurecimento. Assim, essa pesquisa pretende possibilitar subsídios para que o adulto (docentes, discente e pais), possa identificar e compreender a melhor forma de aplicar e interagir durantes as brincadeiras, de forma que sua intervenção possa proporcionar à criança maior ampliação e enriquecimento de aprendizados, contribuindo assim para seu desenvolvimento.

2 DESEVOLVIMENTO 1 - Brincar e sua importância A brincadeira sempre foi uma atividade presente na vida dos homens, como uma atividade que, ao mesmo tempo, identifica e diversifica os seres humanos em diferentes tempos e espaços (Borba, 2007). O brincar assume também um papel importante na infância, contribuindo para os processos de desenvolvimento e de aprendizagem da criança. Contudo, tal importância nem sempre é reconhecida por pais e educadores como recurso auxiliador da aprendizagem, pois, ao se falar de desenvolvimento e aprendizagem, apenas aspectos cognitivos formais são valorizados e não se estabelecem relações destes com o ato de brincar. O conceito de infância surgiu como uma categoria específica, num período relativamente recente da história. Há alguns séculos a criança é compreendida em sua singularidade, deixando de ter os mesmos hábitos e costumes dos adultos. Paralelamente a esse processo de desenvolvimento, a brincadeira também ganhou espaço, sendo vista como parte constitutiva da infância. Conforme Wajskop (2009, p.28): A brincadeira na perspectiva sócio-histórica e antropológica é um tipo de atividade cuja base genética é comum á da arte, ou seja, trata-se de uma atividade social, humana, que supõe contextos sociais e culturais, a partir dos quais a criança recria a realidade através da utilização de sistemas simbólicos próprios. Ao mesmo tempo, é uma atividade especifica da infância, considerando que, historicamente, esta foi ocupando um lugar diferenciado na sociedade. Considerando as palavras de Wajskop (2009), a brincadeira por se tratar de uma atividade social, quando relacionada à criança contribui para sua inserção no mundo dos adultos. É a ação do brincar como atividade de representação que auxilia no aprendizado e compreensão do mundo em que vive e no desenvolvimento por meio de cada experiência. Como descreve Borba (2007, p.12), se considerarmos que a infância é o momento em que o ser humano está se constituindo culturalmente, a brincadeira assume um papel fundamental para a participação social, contribuindo para a apropriação, a resignificação e reelaborarão da cultura. A brincadeira é uma forma privilegiada de interação com outros sujeitos, adultos e crianças, e com os objetos e a natureza à sua volta. Brincando elas se apropriam criativamente de formas de ações sociais tipicamente humanas e de práticas sociais específicas dos grupos aos quais pertencem, aprendendo sobre si mesmas e sobre o mundo em que vive.

3 Wajskop (2009) afirma que, ao levar em conta que a criança se desenvolve por meio de experiências sociais, a brincadeira se torna uma atividade humana a qual insere e permite às crianças assimilar e recriar as experiências do adulto. Ainda conforme a autora: Essa definição de brincadeira, como atividade social específica e fundamental que garante a interação e construção de conhecimento da realidade pelas crianças, e que nos faz estabelecer um vínculo com a função pedagógica da pré-escola. (WAJSKOP, 2009, p.25) Para Borba (2007) a brincadeira propicia diversas atividades lúdicas que contribuem para que a criança estabeleça relações e significados que ampliam suas possibilidades de aprendizagem e também proporcionam a apropriação de conhecimentos de diferentes campos do saber. E, nas palavras de Vygotsky, (1991, p.117), A criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade de brinquedo. Com a representação de um objeto por meio de outro, ela passa a se relacionar com diversos significados e estabelecer novos aprendizados. Assim pontua Vygotsky (1991, p.117) sobre a relação entre o brincar e o desenvolvimento: [...] o brinquedo fornece ampla estrutura básica para mudanças das necessidades e da consciência. A ação na esfera imaginativa, numa situação imaginária, a criação das intenções voluntárias e a formação dos planos da vida real e motivações volitivas- tudo aparece no brinquedo, que se constitui, assim, no mais alto nível de desenvolvimento pré-escolar. A brincadeira e o desenvolvimento infantil segundo Borba (2007) e Vygotsky (1991), têm grandes relações quando integrados à formação da criança. Pensando nas discussões dos autores, nos é pertinente o seguinte questionamento: Qual a relação do brincar com o desenvolvimento infantil e em que momento desse processo eles estão inter-relacionados? 2 - Concepção do brincar na educação. Vygotsky, (1991) é um dos autores que mais enfatiza o quão é relevante o brincar no desenvolvimento infantil. Para ele o brincar é uma importante forma de comunicação e, por meio dela, a criança pode reproduzir o seu cotidiano. O brincar do dia-a-dia das crianças é algo que se destaca como essencial para seu desenvolvimento e aprendizagem. No brinquedo, a criança sempre se comporta além do habitual de sua idade, além de seu comportamento diário, no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo

4 contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensado, sendo, ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento. (VYGOTSKY, 1991, p. 117). Nas obras, A formação social da mente, e Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem, Vygotsky e Leontiev, enfatizam a brincadeira como uma atividade que auxilia e estimula o desenvolvimento, dando à criança a capacidade de construir comportamentos superiores, como a memória lógica, a atenção voluntária, dentre outras. Araújo, Nascimento e Miguéis (2009), também contribuem para a compreensão desta temática, pois buscam compreender o papel do jogo protagonizado, relacionado com o desenvolvimento da criança e o ensino na infância. As autoras, discorrem também sobre as intencionalidades do jogo como um trabalho educativo. Wajskop (2009), também discute o tema e enfatiza o desenvolvimento do brincar juntamente com a educação e como, ao longo dos tempos, o brincar tomou maiores proporções dentro da educação infantil. Anteriormente, a brincadeira era geralmente considerada como fuga ou recreação e a imagem social da infância não permitia a aceitação de um comportamento infantil espontâneo, que pudesse significar algum valor em si. (WAJSKOP 2009, p.19). CONSIDERAÇÕES FINAIS Pretendemos enfatizar neste trabalho a brincadeira como mecanismo de desenvolvimento e aprendizado. Ao analisar a brincadeira como uma necessidade da criança em se organizar e também um espaço de interação, é possível descrever que quando a criança utiliza o brinquedo, ela não está apenas realizando uma atividade recreativa, mas exercitando seus processos de desenvolvimento. Assim, quando a criança pensa, imagina, representa, relaciona-se com o outro, durante as atividades realizadas por meio da brincadeira, essas ações se transformam em um fator educativo. E essas atividades quando trabalhadas de forma planejada e organizada, pode ser instrumento no processo pedagógico. O que pretendemos evidenciar é que quando o brinquedo é relacionado ao processo educativo, cabe a escola, oferecer a criança situações de brinquedo, que oportunizem realizar novos aprendizados. É também necessário que o ambiente escolar seja mediador nesse processo de aprendizado, quando novas relações são proporcionadas as crianças, é função dos

5 profissionais incentivar e apoiar suas criações, disponibilizando materiais e ambientes adequados, ou seja, dar condições para que a criança se desenvolve e aprenda. Dessa forma, estudos como este podem contribuir para que pais, educadores e psicólogos possam durante sua prática cotidiana valorizar a importância do brincar no desenvolvimento infantil, além de incentivar a brincadeira livre das crianças. O adulto não deve dirigir, mas favorecer o brincar livre das crianças. Por fim, enfatiza-se a necessidade de novos estudos que venham a contribuir com a reflexão sobre as crenças de pais, educadores e psicólogos acerca do brincar livre das crianças. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Eliane Sampaio; MIGUÉIS, Marlene da Rocha; NASCIMENTO, Carolina Picchetti. O jogo como uma atividade: Contribuições da teoria histórico-cultural. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE). V.13, nº 2, p , Julho/Dezembro de BORBA, Ângela M. A brincadeira como experiência de cultura na educação infantil. In: BRASIL/MEC Revista Criança do professor de educação infantil Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Disponível em< Acesso em: 09 de dezembro de LEONTIEV, A. N. Os princípios psicológicos da brincadeira pré-escolar. In: VIGOTSKII, L. S. LURIA, A. R; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, VYGOTSKY, L. S. A Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola. 8ª Ed. São Paulo: Cortez, 2009.