HEMATOLOGIA DO PACU CRIADO EM TANQUES-REDE SUBMETIDOA DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO. Palavras-chave: espécie nativa, sistema intensivo, sangue.

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1 HEMATOLOGIA DO PACU CRIADO EM TANQUES-REDE SUBMETIDOA DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO Cleonice Cristina Hilbig 1, Micheli Zaminham 2, Fabiana Dieterich 3 Márcia Luzia Ferrarezi Maluf 4, Wilson Rogério Boscolo 5, Aldi Feiden 5 cleo.pesca@hotmail.com 1 Engenheira de Pesca, Mestranda em Zootecnia, Unioeste/Marechal Cândido Rondon,PR. 2 Acadêmica do curso de Engenharia de Pesca, Unioeste/Toledo,PR. 3 Doutoranda em Aquicultura, Caunesp/ Jabuticabal,SP. 4 Farmacêutica Bioquímica da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Unioeste/Toledo,PR 5 Professor Adjunto, Unioeste/Toledo,PR Palavras-chave: espécie nativa, sistema intensivo, sangue. Resumo: Estratégias alimentares estão sendo estudadas para maximizar a criação de diferentes espécies em tanques-rede. Assim, objetivou-se com este trabalho avaliar o estado de saúde de pacus (P.mesopotamicus) submetidos a diferentes taxas de alimentação utilizando como ferramenta a caracterização hematológica e bioquímica. O experimento foi realizado no Centro de Desenvolvimento de Tecnologias para Piscicultura em Tanques-rede localizados no Refúgio Biológico do município de Santa Helena PR. Foram utilizados 55 peixes, com peso médio de 950±50 g. Os tratamentos foram constituídos por quatro diferentes taxas de alimentação, sendo: Tratamento 1 (T1): ração fornecida até a saciedade aparente;.tratamento 2 (T2): fornecimento de 90% de ração em relação ao T1; Tratamento 3 (T3): fornecimento de 80% de ração em relação ao T1; Tratamento 4 (T4):fornecimento de 70% de ração em relação ao T1. Para as análises sanguíneas foram utilizados 15 peixes dos tratamentos T1, T2 e T3 (100, 90 e 80%) e 10 peixes do tratamento T4 (70%). Para as coletas de sangue os peixes foram anestesiados, e posteriormente, por punção da veia caudal, colheu-se com o auxílio de uma seringa 2,0 ml de sangue de cada animal. Foram avaliados, o hematócrito, hemoglobina e o número de eritrócitos, em seguida com os valores obtidos dessas variáveis determinou-se o volume corpuscular médio, a concentração da hemoglobina corpuscular média e hemoglobina corpuscular média. Os parâmetros bioquímicos como: glicose, proteínas plasmáticas totais, colesterol e triglicerídeos, foram realizados com kits específicos. Concluiu-se que a taxa de alimentação neste estudo não alterou os parâmetros bioquímicos e hematológicos do pacu cultivado em tanques-rede. Introdução O pacu (Piaractus mesopotamicus) é uma espécie nativa que está entre os peixes mais produzidos na piscicultura brasileira, apresentando qualidade reconhecida por diversos e distintos mercados consumidores (JOMORI et al., 2005). O cultivo de peixes em tanques-rede é uma atividade promissora e entre outros aspectos, o manejo alimentar deve ser eficiente, pois a quantidade de ração fornecida é responsável por até 70% dos custos (COELHO, 1997). Além disso, é importante definir as taxas de alimentação de cada espécie para evitar o desperdício de ração durante o manejo alimentar e também não deteriorar a qualidade de água.

2 Em condições experimentais, estudos têm revelado que a restrição envolve complexas alterações fisiológicas e metabólicas para promover o ajuste biológico do animal, e suas conseqüências finais são altamente dependentes da espécie considerada, da idade do peixe e das condições experimentais (BLASCO et al., 1991; KIEFFER & TUFTS, 1998; SOUZA, et al., 2003 ). A padronização dos parâmetros hematológicos dos peixes é fundamental, pois, auxilia na determinação de influencias de dietas, enfermidades e até mesmo outras situações de estresse ambiental (SILVEIRA & RIGORES, 1989). O estado de saúde do P. mesopotamicus através das características sanguíneas tem sido pesquisado por diversos autores (RANZANI-PAIVA, 1999; TAVARES-DIAS, 2003; FUGIMOTO et al,. 2007). O conhecimento das respostas hematológicas para diferentes dietas podem ser usadas para formular novas estratégias que sejam viáveis na alimentação (BICUDO, 2009), e avaliar se as condições estabelecidas estão produzindo espécies saudáveis no cultivo. O presente estudo tem por objetivo avaliar o estado de saúde do pacu (P.mesopotamicus) criados em tanques-rede submetidos a diferentes taxas de alimentação utilizando como ferramenta a caracterização hematológica e bioquímica. Materiais e Métodos O experimento foi realizado no Centro de Desenvolvimento de Tecnologias para Piscicultura em Tanques-rede localizados no Refúgio Biológico do município de Santa Helena PR por um período de 90 dias. Foram utilizados 55 peixes, com peso de aproximadamente de 950±50 g, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado composto de quatro tratamentos e três repetições. O arraçoamento foi realizado três vezes ao dia (9, 13 e 17h), no período de novembro a março. Os tratamentos foram constituídos por quatro diferentes taxas de alimentação, sendo: Tratamento 1 (T1): ração fornecida até a saciedade aparente ou seja, pesou-se anteriormente uma quantidade de ração, que foi dividida em três freqüências de arraçoamento, sendo que depois da última alimentação diária o que restava no recipiente era pesado, estimando os 100% para o dia seguinte.tratamento 2 (T2): fornecimento de 90% de ração em relação ao T1; Tratamento 3 (T3): fornecimento de 80% de ração em relação ao T1;Tratamento 4 (T4):fornecimento de 70% de ração em relação ao T1. Para as análises sanguíneas foram utilizados 15 peixes dos tratamentos T1, T2 e T3 (100, 90 e 80%, respectivamente) e 10 peixes do tratamento T4 (70%). Para as coletas de sangue os peixes foram previamente anestesiados com solução de 75 mg/l de benzocaína (Gomes et al. 2001), posteriormente, por punção da veia caudal, colheu-se com o auxílio de uma seringa descartável contendo EDTA (10%), 2,0 ml de sangue de cada animal. O hematócrito foi avaliado pelo o método de GOLDENFARB et al. (1971), a taxa de hemoglobina e a contagem do número de eritrócitos em câmara de Neubauer sob microscópio óptico com objetiva de 10 vezes foram determinadas de acordo com (COLLIER 1944). O volume corpuscular médio (VCM) e a concentração da hemoglobina corpuscular média (CHCM) foram determinados segundo os índices hematimétricos de WINTROBE (1934).

3 Os parâmetros bioquímicos como: a glicose, proteínas plasmáticas totais, colesterol e triglicerídeos dos peixes, foram realizados com kits da marca Analisa específicos para determinação de cada análise. Os dados coletados foram submetidos à análise de variância utilizando-se o programa computacional SAEG (UFV, 1997). Resultados e Discussão Os parâmetros hematológicos permitem avaliar o estado de saúde dos animais, demonstrando de modo seguro as condições de saúde dos peixes. Porém, são poucos os trabalhos utilizando estes parâmetros para avaliar se há diferença nas espécies cultivadas, quando submetidas às distintas taxas de alimentação. Verifica-se que os parâmetros estudados não apresentaram alterações estatisticamente significativas, quando submetidos a diferentes taxas alimentares (Tabela 1). Tabela 1. Valores hematológicos de pacu (P. mesopotamicus) criado em tanquesrede submetidos à diferentes taxas de alimentação. Taxa de alimentação (%) Variáveis* CV(%) Eritrócitos 10 6 /µl 1,80 1,77 1,83 1,73 16,39 Hemoglobina g/dl 12,27 12,12 12,20 12,45 11,80 Hematócrito (%) 41,83 42,79 43,61 44,10 11,18 VCM (fl) 231,31 244,48 234,52 260,31 16,62 CHCM (g/dl) 29,28 27,47 28,74 28,11 9,68 HCM (g/dl) 69,35 67,58 66,83 70,41 17,87 *(P>0,05); VCM: Volume Corpuscular Médio, CHCM: Concentração da Hemoglobina Corpuscular Média, HCM: Hemoglobina Corpuscular Média. Os eritrócitos maduros são as células mais numerosas do sangue e suas funções estão relacionadas ao transporte de oxigênio e do gás carbônico, desempenhado pelo seu componente principal a hemoglobina (TAVARES-DIAS & MORAES, 2004). Os mesmos autores relatam que os padrões de eritrócitos para o pacu (P. mesopotamicus) em cativeiro, estão em torno de 1,63 a 3,13x10 6 /µl, entre os quais de enquadram os valores obtidos no presente estudo. Os valores de hemoglobina (Tabela 1) encontram-se superiores ao encontrado por Bittencourt et al., (2010), que avaliaram a densidade de estocagem do pacu (P. mesopotamicus) em tanques-rede encontrando valores de 9,42, 9,98 e 10,09 g/dl. O hematócrito é expresso como um volume percentual das células empilhadas no sangue total após a centrifugação e a maioria das espécies de animais domésticos tem hematócritos variando entre 38 e 45% com média de 40% (SWENSON, 1996). Os valores de hematócrito do presente estudo não sofreram influência entre os diferentes tratamentos, no entanto, CHO et al. (2006) obtiveram diferenças significativas nos valores de hematócrito quando se reduziu de 100% para 70% as taxas de alimentação, sendo os valores encontrados para esses níveis 43,1 a 35,7%,

4 respectivamente, para juvenis de linguado (Paralichthys olivaceus). Os valores de VCM, CHCM e HCM encontrados no presente trabalho são superiores aos expressos por RANZANI-PAIVA et al. (1999), quando avaliaram os parâmetros hematológicos do pacu (P. mesopotamicus) e observaram valores médios de 176,6 fl; 25,0 g/dl e 44,3 g/dl, respectivamente. Quando os peixes recebem alimentação abaixo das suas necessidades nutricionais ou ficam longos períodos sem receber alimentos, a manutenção dos processos vitais se dá a custa da mobilização das reservas energéticas (JOBBLING, 1994). Neste estudo as taxas de alimentação, inclusive a mais baixa foram suficientes para atender as exigências mínimas do pacu, não precisando mobilizar suas reservas energéticas, pois os parâmetros bioquímicos (Tabela 2) não apresentaram diferenças significativas entre os tratamentos. Tabela 2. Média dos parâmetros bioquímicos de P. mesopotamicus criado em tanques-rede submetidos a diferentes taxas de alimentação. Taxa de alimentação (%) Variáveis CV (%) Glicose (mg/dl) 114,58 119,54 116,84 134,5 19,99 Triglicerídeos (mg/dl) 293,79 299,98 311,83 300,1 27,14 Colesterol (mg/dl) 168,62 174,33 183,08 155,31 15,45 Proteínas (g/dl) 3,96 3,96 3,71 3,91 10,9 A mobilização das proteínas também é uma maneira de manter os processos de vitalidade em peixes quando submetidos a períodos de restrição alimentar (SHERIDAN & MOMMSEN, 1991). Segundo BAIN (1997), a membrana dos eritrócitos é composta por uma dupla camada lipídica, sendo atravessada por varias proteínas, quando há deficiência de alguns aminoácidos a eritropoiese pode ser prejudicada (GARCIA-NAVARRO & PASCHALY, 1994). Neste estudo o fornecimento da dieta em todos os tratamentos foi suficiente para atender as exigências do pacu, não sendo necessário, portanto, a mobilização das proteínas. CHAGAS et al., (2007), trabalhando com tambaqui submetidos a diferentes taxas de alimentação, também não encontraram diferenças significativas nos parâmetros bioquímicos. A composição bioquímica do plasma sangüíneo reflete de modo fiel a situação metabólica dos tecidos animais, sendo possível a avaliação de alterações no funcionamento de órgãos, adaptação do animal diante de desafios nutricionais e fisiológicos e desequilíbrios metabólicos específicos ou de origem nutricional. Conclusões Concluiu-se que a taxa de alimentação neste estudo não alterou os parâmetros hematológicos e bioquímicos do pacu cultivado em tanques-rede.

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