GRUPO I (Leitura e escrita)

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1 ESCOLA BÁSICA INTEGRADA COM JI DE PIAS 3.º Teste de Avaliação Sumativa Versão A 8.º Ano de Escolaridade Teste de Avaliação Sumativa Língua Portuguesa Ano Letivo 2011/ de fevereiro de º A 8.º B Duração: 85 minutos Identifica claramente, na folha de respostas, a versão do teste (A ou B) a que respondes. Todas as questões devem ser respondidas na folha de respostas (folha de teste da escola), com caneta azul ou preta. As questões cuja resposta for dada no enunciado não serão alvo de correção. Não é permitido o uso de dicionário. Não é permitido o uso de corretor. GRUPO I (Leitura e escrita) A. Lê o texto A. Em caso de necessidade, consulta o glossário apresentado após o texto. De seguida, responde aos itens que se lhe seguem, de acordo com as orientações que te são dadas. TEXTO A BACALHAU À PROVA Vítor Sobral foi à pesca na Noruega. O peixe fresco que mordeu o isco foi depois ao tacho, para ser servido às gentes de Havoysund 1, à maneira portuguesa A luz serve o dia nas vinte e quatro horas que o percorrem. Aproveita-se o sol da tarde que é frio, para fazer do alpendre 2 um jardim. São largas as janelas das pequenas habitações de madeira, ideais no tamanho que deixa passar a luz de Junho. Havoysund tem seis meses de sol e outros tantos de lua. Não há meio-termo. Por agora vivem-se os dias a tempo inteiro. Os locais envergam a manga curta estival, redobrado desafio para os forasteiros 3 que vestem casacos de lã. Os da casa estão habituados a temperaturas tão baixas que o termómetro nos 10 graus centígrados é uma bênção para o corpo. É dia de pesca. O mar está sereno e a chuva uma memória recente. No fundo das águas, o bacalhau nada em gigantescos cardumes, lado a lado com o alabote 4 ou com o arinca 4. Se o vê, morde o isco, caminho abreviado para depois cair no prato. Essa experiência quer Vítor Sobral vivê-la. O chef 5 português prepara um livro de receitas de bacalhau e nada melhor que procurá-lo ali, nas águas frias do mar da Noruega, no país que recolhe do mar um quarto do bacalhau pescado em todo o mundo. A indumentária 6 obedece aos preceitos 7 do ritual 8 : Sobral veste o fato vermelho, grosso e reluzente, refúgio da pele contra os salpicos gelados e o vento forte que sopra de proa. O sol não se deixa tapar e prefere derreter o que resta da neve no topo da montanha que faz fronteira com Havoysund. A latitude mede-se nos 71 graus norte e o Inverno cobre de branco a terra do bacalhau. Mas agora, pouco ou nada resta dos dias de gelo. Sem um minuto de noite, o astro-rei nasce e põe-se de uma vez só, sem intervalos, sobre o mar que é tão profundo quanto azul. Indiferente à estética, sem espaço para um quotidiano há séculos continuado, o bacalhau não dorme. [ ] O bacalhau que de manhã mordeu o isco acabou amanhado ao ar livre, à beira da água. [ ] Do restaurante, no alto de Havoysund, vê-se o mar até ao infinito. Já passa das oito da noite e ali os convidados noruegueses saboreiam os pratos à portuguesa. [ ] O sol da meia-noite desce sobre o mar e prepara-se para nascer sem ter morrido. A noite continuará renitente 9 em chegar; o sol continuará renitente em esconder-se. Será assim por mais uns meses, enquanto houver bacalhau no mar. Reportagem de Graça Costa Pereira, Revista Única, jornal Expresso. 8 agosto 2009 (Texto com supressões). 3.º Teste de Avaliação de Língua Portuguesa Versão A Página 1 de 6

2 GLOSSÁRIO: 1 Havoysund localidade norueguesa. 2 alpendre telheiro. 3 forasteiros turistas. 4 alabote e arinca peixes comestíveis pescados no mar da Noruega. 5 chef mestre de cozinha; cozinheiro-chefe. 6 indumentária vestuário. 7 preceitos regras. 8 ritual cerimonial. 9 renitente resistente; teimoso. 1. Para cada uma das afirmações que compõem o item 1 (1.1. a 1.6.), escreve a letra correspondente a Verdadeira (V) ou Falsa (F), de acordo com o sentido do texto Havoysund tem sol durante todo o ano A temperatura habitual, marcada pelo termómetro, é de 10 graus centígrados Em Havoysund, as habitações pequenas, com grandes janelas, são de madeira A Noruega captura metade do bacalhau consumido no mundo Vítor Sobral, mestre de cozinha, prepara um livro de receitas O bacalhau servido aos convidados foi cozinhado à maneira portuguesa. 2. Seleciona para responderes a cada item (2.1. a 2.3.), a opção que permite obter a informação adequada ao sentido do texto. Escreve o número do item e a letra correspondente a cada opção que escolheres A forma verbal envergam (linha 7) pode ser substituída por (A) vergam. (B) usam. (C) carregam. (D) suportam No primeiro parágrafo, a expressão é uma bênção (linha 9) significa que é (A) desagradável. (B) agradável. (C) incómoda. (D) prejudicial A expressão refúgio da pele (linha 16) significa que (A) protege o corpo. (B) absorve o calor. (C) protege da neve. (D) resguarda do calor. 3. Relê o penúltimo parágrafo do texto e indica a que se refere o advérbio ali (linha 25). 3.º Teste de Avaliação de Língua Portuguesa Versão A Página 2 de 6

3 B. Lê o texto B, correspondente a um excerto do conto Saga, de Sophia de Mello Breyner Andresen. De seguida, responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens apresentados. Salvo indicação em contrário, utiliza as tuas próprias palavras TEXTO B O mar do Norte, verde e cinzento, rodeava Vig, a ilha, e as espumas varriam os rochedos escuros. Havia nesse começo de tarde um vaivém incessante de aves marítimas, as águas engrossavam devagar, as nuvens empurradas pelo vento sul acorriam e Hans viu que se estava formando a tempestade. Mas ele não temia a tempestade e, com os fatos inchados de vento, caminhou até ao extremo do promontório. O voo das gaivotas era cada vez mais inquieto e apertado, o ímpeto e o tumulto cada vez mais violentos e os longínquos espaços escureciam. A tempestade, como uma boa orquestra, afinava os seus instrumentos. Hans concentrava o seu espírito para a exaltação crescente do grande cântico marítimo. Tudo nele estava atento como quando escutava o cântico do órgão da igreja luterana, na igreja austera, solene, apaixonada e fria. Para resistir ao vento, estendeu-se ao comprido no extremo do promontório. Dali via de frente o inchar da ondulação cada vez mais densa como se as águas se fossem tornando mais pesadas. Agora as gaivotas recolhiam a terra. Só a procelária abria rente à vaga o voo duro. À direita, as longas ervas transparentes, dobradas pelo vento, estendiam no chão o caule fino. Nuvens sombrias enrolavam os anéis enormes e, sob uma estranha luz, simultaneamente sombria e cintilante, os espaços se transfiguravam. De repente, começou a chover. A família de Hans morava no interior da ilha. Ali, o rumor marítimo só em dias de temporal, através da floresta longínqua, se ouvia. Mas ele vinha muitas vezes até à pequena vila costeira e, esgueirando-se pelas ruelas, caminhava ao longo do cais, ao lado de botes e veleiros, atravessava a praia e subia ao extremo do promontório. Ali, no respirar da vaga, ouvia o respirar indecifrado da sua própria paixão. [ ] Sören, pai de Hans, era um homem alto, magro, com os olhos cor de porcelana azul, os traços secos e belas mãos sensíveis. [ ] Os seus irmãos mais novos Gustav e Niels tinham morrido no naufrágio de um veleiro que lhe pertencia. [ ] Mal a notícia do naufrágio foi confirmada [..] Sören vendeu os seus barcos e comprou terras no interior da ilha. Dizia-se mesmo que nunca mais olhara o mar. Dizia-se mesmo que nesse dia tinha chicoteado o mar. No entanto Hans [ ] queria ser um daqueles homens que a bordo do seu barco viviam rente ao maravilhamento e ao pavor, um daqueles homens de andar baloiçado, com a cara queimada por mil sóis, a roupa desbotada e rija de sal, o corpo direito como um mastro, os ombros largos de remar e o peito dilatado pela respiração dos temporais. [ ] 1. O texto inicia-se com a descrição da formação da tempestade. Relê os dois primeiros parágrafos (linhas 1 a 8) e indica os vários elementos que neles são descritos. 2. Explica de que forma o gosto que Hans tem pelo mar se reflete nas suas ações, aquando da formação da tempestade. 3. O quinto parágrafo (linhas 14 a 17) combina a descrição com a narração. Transcreve deste parágrafo: 3.1. um excerto textual relativo a uma sensação visual um excerto relativo a um momento narrativo. 4. Indica, justificando, a característica que opõe Hans a Sören. 5. Vig é uma ilha rodeada pelo mar do Norte. Indica os vários espaços da ilha de Vig a que se alude no texto. 3.º Teste de Avaliação de Língua Portuguesa Versão A Página 3 de 6

4 C. Lê atentamente o texto C, inspirado no conto Saga. De seguida, responde, de forma completa e bem estruturada, ao item apresentado. TEXTO C Hans e Cristina Hans colou o nariz à janela. Tudo estava imóvel, mudo, suspenso. Da tempestade já nada restava para além de ramos de árvores espalhados pela rua, algumas pedras, uma panela, o barrete de um marinheiro. Ao longe, a floresta que tão bem conhecia, parecia-lhe fantástica e estranha. [ ] Sentiu passos. Não foi preciso voltar-se para saber que Cristina se aproximava. -Vais-te embora? perguntou ela. -Embora? Para onde? Não tenho barco, não tenho para onde ir. disse em tom pouco convincente. -E a tua namorada? -Não tenho namorada! acrescentou Hans, num tom quase amargo. -Não? E a filha do Andersen?... -Tens uma grande imaginação. -E a mãe? E eu?... volveu ela, com a voz a apagar-se. O pai quer que vás estudar -Eu sei. Ela estava agora ao seu lado. Passou-lhe o braço sobre os ombros e lutou desesperado contra a vontade de chorar. Quase se arrependeu dos planos que durante a noite traçara. -Já foste ao promontório? perguntou. Já viste as velas de um navio que se afasta da costa?... Para onde irá?... -Vou ter muitas saudades tuas Veríssimo, A. (coord) (2007). Ser em Português 8. Porto: Areal Editores. Redige um texto informativo-expositivo, com um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras, em que: (a) classifiques o narrador quanto à presença; (b) identifiques o acontecimento que antecedeu o diálogo travado; (c) identifiques o espaço em que decorre o diálogo e o espaço que circunda aquele; (d) explicites o assunto do diálogo; (e) indiques as personagens intervenientes no diálogo; (f) indiques as personagens mencionadas no diálogo; (g) transcrevas dois referentes espaciais que indiciem a proximidade do mar; (h) transcrevas um referente temporal relacionado com uma ação da personagem principal; (i) especifiques a ação da personagem principal para a qual transcreveste um referente temporal. Observações relativas ao item C: Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (exemplo: /2011/). 3.º Teste de Avaliação de Língua Portuguesa Versão A Página 4 de 6

5 GRUPO II (Funcionamento da Língua) A. Lê o parágrafo apresentado, de modo a resolveres os exercícios posteriormente propostos. Hans concentrava o seu espírito para a exaltação crescente do grande cântico marítimo. Tudo nele estava atento como quando escutava o cântico do órgão da igreja luterana, na igreja austera, solene, apaixonada e fria. 1. Indica a classe a que pertence cada uma das oito palavras sublinhadas. 2. Atenta na expressão igreja austera, solene, apaixonada e fria. Reescreve o adjectivo apaixonada no grau superlativo absoluto sintético. B. A Coluna A apresenta frases com elementos sublinhados. A Coluna B apresenta diferentes funções sintáticas. Faz corresponder a cada elemento sublinhado nas frases da Coluna A a única função sintática que lhe está associada. Escreve as letras e os números correspondentes. Usa cada número e cada letra uma única vez. Coluna A 1. O mar do Norte é verde e cinzento. 2. As ondas frias batiam nos escuros rochedos. 3. No horizonte, formava-se uma tempestade. 4. Um vento forte começou a soprar. 5. A notícia do naufrágio fora confirmada pelo cargueiro inglês. 6. Sören chicoteara o mar de raiva. 7. Sören e Maria jantavam com os filhos. 8. Hans comunicou ao pai o seu sonho. Coluna B (a) Sujeito. (b) Predicado. (c) Predicativo. (d) Complemento direto. (e) Complemento indireto. (f) Agente da passiva. (g) Atributo. (h) Complemento circunstancial de lugar. (i) Complemento circunstancial de tempo. (j) Complemento circunstancial de causa. (k) Complemento circunstancial de fim. (l) Complemento circunstancial de companhia. C. Seleciona para responderes a cada item (1 e 2), a opção que permite obter uma afirmação correta. Escreve o número do item e a letra correspondente a cada opção que escolheres. 1. A única frase que contém um complemento circunstancial de lugar é (a) A ilha de Vig é rodeada pelo mar do Norte. (b) A água do mar do Norte é esverdeada. (c) Hans observava o mar agitado. (d) As ondas batiam nas rochas escuras. 2. A única frase do tipo imperativo é (a) Quem me dera ser marinheiro! (b) Sê marinheiro! (c) Queres ser mesmo marinheiro?! (d) Que marinheiro este! D. Lê a frase apresentada. As ondas varriam os rochedos escuros. Reescreve a frase na forma passiva, respeitando o tempo e o modo verbais. 3.º Teste de Avaliação de Língua Portuguesa Versão A Página 5 de 6

6 GRUPO III (Escrita) O conto Saga é uma narrativa fechada, mas termina da seguinte forma: «Porém, é nesse navio [construído sobre a sua sepultura] que, nas noites de temporal, Hans sai a barra e navega para o norte, para Vig, a ilha.» Escreve um texto narrativo em que relates uma das suas viagens fantásticas até à sua terra natal. O teu texto deve ter um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras. Observações relativas ao Grupo III: Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (exemplo: /2011/). FIM 3.º Teste de Avaliação de Língua Portuguesa Versão A Página 6 de 6