Aula 01 Noções de Direito Tributário p/ TRF-4 - Técnico Judiciário (Administrativa)

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1 Aula 01 Noções de Direito Tributário p/ TRF-4 - Técnico Judiciário (Administrativa) Professor: Aluisio Neto

2 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 AULA 01 SUMÁRIO Apresentação Inicial Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar Princípios Gerais Tributários Princípio da Irretroatividade Princípio da Legalidade Tributária Princípio da Anterioridade Anual Princípio da Anterioridade Nonagesimal Princípio da Isonomia Princípio da Capacidade Contributiva Princípio do Não-Confisco Princípio da Liberdade de Tráfego Princípio da Uniformidade Geográfica Princípio da Tributação Isonômica das Rendas das Obrigações da Dívida Pública e dos Vencimentos dos Agentes Públicos dos Estados, Distrito Federal e Municípios Princípio da Proibição de Concessão de Isenções Heterônomas Princípio da Progressividade Princípios da Generalidade e da Universalidade Princípio da não-discriminação quanta à procedência ou ao destino Princípio da Territorialidade Princípio da Seletividade Princípio da Não-Cumulatividade Princípio da Transparência Fiscal Princípio da Praticidade Questões Propostas Gabaritos Bibliografia PÁGINA Olá, caro amigo e futuro servidor! Chegamos à primeira aula do nosso curso de direito tributário para o concurso do Tribunal Regional da 4º região. Nessa aula iremos tratar do seguinte tema: Prof. Aluisio Neto 1 de 236

3 Princípios Tributários. Os princípios constitucionais são um dos temas preferidos pelas bancas organizadoras de concursos, em especial a FCC, que sempre aborda o tema em suas provas de direito tributário. Qualquer dúvida que surgir, peço que me envie o mais breve possível um e- mail, ou coloquem suas dúvidas no nosso fórum, para que não ocorram atrasos nos seus estudos. Seguem os meus dois s: aluisioneto@estrategiaconcursos.com.br aluisioalneto@gmail.com Boa sorte! E bons estudos! Vamos em frente! Prof. Aluisio Neto 2 de 236

4 Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar O poder de tributar dos entes políticos não é absoluto e irrestrito. Pelo contrário, existem limitações impostas pela própria CF/88. Essas limitações impõem restrições ao exercício da competência tributária dos entes políticos, que devem estrita obediência àquelas quando da criação de seus tributos, sob pena de incorrer em inconstitucionalidade, fulminando a imposição tributária. A CF/88 define duas espécies de limitações ao poder de tributar: Os princípios Constitucionais Tributários; As imunidades Tributárias. Essas limitações regulam a chamada incompetência tributária, ou competência tributária negativa, uma vez que, ao serem observadas as hipóteses nelas previstas, os Entes políticos ficam impossibilitados de fazer incidir os tributos previstos nas suas respectivas competências tributárias outorgadas expressamente pela CF/88. As disposições relativas às limitações constitucionais ao poder de tributar estão contidas principalmente nos artigos da nossa CF/88 destinados ao Sistema Tributário Nacional, o qual abrange os artigos 145 a 162. As limitações constitucionais ao poder de tributar, por sua vez, estão capituladas principalmente nos artigos 150 a 152 da CF/88. O artigo 150 possui a seguinte redação em seu caput: Art Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) Desse modo, não só esse artigo traz limitações impostas aos entes políticos, mas outros presentes no texto da CF/88 e que visam a proteção do sujeito passivo frente ao poder do Estado. Logo, o rol de garantias tributárias não Prof. Aluisio Neto 3 de 236

5 possui um rol exaustivo nos artigos 150 a 152 da CF/88, existindo outros ao longo do texto da Carta Federal, como comentamos. Vista essa pequena introdução, vamos ao que interessa nessa aula, caro aluno. Iniciaremos nosso estudo das limitações constitucionais ao poder de tributar pelos princípios constitucionais. Na aula seguinte estudaremos imunidades tributárias, outro tema que dá água na boca dos elaboradores de questões da ESAF. Bons estudos! Vamos em frente! Prof. Aluisio Neto 4 de 236

6 Princípios Gerais Tributários Veremos agora os seguintes princípios constitucionais tributários, todos presentes, expressa ou implicitamente, no texto da Carta Federal de 1988: Princípio da Irretroatividade; Princípio da Legalidade Tributária; Princípio da Anterioridade Anual; Princípio da Anterioridade Nonagesimal; Princípio da Isonomia; Princípio da Capacidade Contributiva; Princípio do Não-Confisco; Princípio da Liberdade de Tráfego; Princípio da Uniformidade Geográfica; Princípio da Tributação Isonômica das Rendas das Obrigações da Dívida Pública e dos Vencimentos dos Agentes Públicos dos Estados, Distrito Federal e Municípios; Princípio da Proibição de Concessão de Isenções Heterônomas; Princípio da Progressividade; Princípios da Generalidade e da Universalidade; Princípio da não-discriminação quanta à procedência ou ao destino; Princípio da Territorialidade; Princípio da Seletividade; Princípio da Não-Cumulatividade; Princípio da Transparência Fiscal; Prof. Aluisio Neto 5 de 236

7 Princípio da Irretroatividade No primeiro princípio da nossa aula de hoje, iremos tratar do princípio da irretroatividade, o qual está presente no grupo dos princípios relativos à segurança jurídica, protegendo o sujeito passivo de atos contrários aos ditames do chamado Estado de Direito. Esse princípio é simples: quando falamos de instituição ou cobrança de tributos, a lei só se aplica ao que vier após a sua publicação. Sem exceção. Atente bem, Virgulino! Esse princípio está relacionado ao fato de as leis tributárias somente alcançarem os fatos geradores surgidos após a sua entrada em vigor, não podendo alcançar fatos pretéritos. Já ia esquecendo, caro aluno: o princípio da irretroatividade é também uma CLÁUSULA PÉTREA da nossa CF/88, não podendo ser abolida por meio de Emenda Constitucional. Por exemplo, caso determinada lei institua o imposto sobre a realização de concursos, de competência da União (uma vez que é um imposto não previsto expressamente na CF/88, fazendo parte da chamada competência tributária residual quanto aos impostos, exclusiva desse Ente Federativo), estabelecendo como fato gerador o momento de entrega da prova ao candidato, essa lei somente surtirá efeitos em relação aos concursos realizados após a data de vigência da respectiva lei. Logo, os candidatos que fizeram concurso antes do início da vigência da lei não serão obrigados a pagar qualquer tipo de imposto. (Ainda bem, pois eu já fiz muitos concursos antes de me aposentar... já estava imaginando quanto que eu iria ter que pagar de imposto sobre a realização de concursos..., e mais um para a RFB fiscalizar). A irretroatividade da lei tributária, QUANTO À INSTITUIÇÃO E À EXTINÇÃO DE TRIBUTOS, NÃO COMPORTA NENHUM TIPO DE EXCEÇÃO. Guarde isso!! Prof. Aluisio Neto 6 de 236

8 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Esse princípio está insculpido no artigo 150, III, a, da CF/88, cujo texto é o seguinte: Art Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; (Grifos nosso) Antes de prosseguirmos, atente bem para o que está presente no enunciado do inciso III: TRIBUTOS. Assim, a regra é válida para todo tipo de tributo, e não apenas para impostos, como muitas bancas costumam cobrar em suas provas, tentando confundir e arrancar pontos preciosos dos candidatos menos atentos. O mesmo vale para as taxas e as contribuições de melhoria, bem como contribuições especiais e empréstimos compulsórios. A regra é ampla. O princípio da irretroatividade relaciona-se diretamente como o inciso XXXVI do artigo 5º da CF/88, que trata da segurança jurídica de modo amplo: XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; Prof. Aluisio Neto 7 de 236

9 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Assim, a lei tributária, regra geral, não retroagirá. Quanto à instituição ou extinção de tributos, JAMAIS RETROAGIRÁ, conforme comentamos. Em relação a outros temas, como aplicação de penalidades tributárias e aplicação de leis meramente interpretativas, teremos situação em que a lei tributária poderá ter efeitos retroativos, os quais estudaremos quando estivermos tratando da aplicação da legislação tributária, a ser vista em aula posterior. Essas disposições constam no artigo 106 do CTN, o qual, nesse momento, apenas transcrevo para ilustração da possível retroatividade da lei tributária em relação a leis que não criem ou extinguem tributos. Em momento posterior, estudaremos cada palavra e conjunção do texto do artigo abaixo: Art A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Antes que o senhor finalize, professor: e quanto aos casos de redução ou extinção de tributos? O que acontece? A CF/88 não fala sobre essas duas situações. Mas, uma vez que se traduz num benesse ao contribuinte, ao passo que a instituição e a majoração numa obrigação nova, as leis que extinguem ou reduzem tributos tem Prof. Aluisio Neto 8 de 236

10 aplicação imediata, conforme doutrina dominante, a menos que a lei determine em contrário. Ora, não há porque esperar determinado prazo para reduzir ou eliminar a carga tributária imposta a determinado grupo de sujeitos passivos. A surpresa, diferentemente do que acontece no caso da instituição ou majoração de um tributo, é maravilhosa para o sujeito passivo, devendo ser usufruída de imediato. Veja algumas decisões do STF quanto á irretroatividade tributária: A Corte firmou entendimento segundo o qual a revisão ou extinção de um benefício fiscal, que por se tratar de política econômica que pode ser revista a qualquer momento pelo Estado, não está restrita à observância dos princípios constitucionais da anterioridade e da irretroatividade. (AI AgR/SP, de 19/01/2010). A mudança nos índices de correção monetária, com base em legislação superveniente, não constitui ofensa ao princípio do direito adquirido ou da irretroatividade tributária. (RE AgR / DF, de 28/09/2009). A norma legal que simplesmente altera o prazo de recolhimento de tributo não se sujeita ao princípio da anterioridade especial (CF, art. 195, 6º). II - Não há falar em "direito adquirido" ao prazo de recolhimento anteriormente previsto, pois, como se sabe, o STF não reconhece a existência de direito adquirido a regime jurídico. III - A circunstância de o fato disciplinado pela norma - isto é, o pagamento do tributo - haver de ocorrer após a sua edição é suficiente para afastar a alegada violação ao princípio da irretroatividade (CF, art. 150, III, a)(re PE, de 13/06/2000). Prof. Aluisio Neto 9 de 236

11 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Para o STF, na última decisão transcrita, a alteração do prazo de recolhimento de tributo não importa em aumento da carga tributária, bem como de redução desta. Esse prazo, diante da sua natureza, pode ser fixado, inclusive, por ato infralegal, uma vez que a fixação de prazo de pagamento não está entre os temas a serem regulados por lei em sentido estrito, conforme prescreve o artigo 97 do CTN. Estudaremos esse artigo posteriormente. (ESAF/SEFAZ-MG/Auditor Fiscal/2005) Assinale a opção correta. O princípio segundo o qual é vedado cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado (art. 150,III, a da CRFB/88) é o da: a) anterioridade. b) irretroatividade. c) anualidade. d) imunidade recíproca. e) legalidade. Questão água com açúcar. A proibição de cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado é característica do princípio da irretroatividade. Veremos todos os demais princípios logo adiante. Assim, resta como correta a alternativa "b", gabarito da questão. Quando estivermos tratando da aplicação da legislação tributária, tema a ser visto em aula posterior do nosso curso, estudaremos o artigo 105 do CTN, o qual está intimamente ligado, didaticamente, ao princípio da irretroatividade. Prof. Aluisio Neto 10 de 236

12 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Veremos também a irretroatividade própria e a imprópria, bem como a famosa Súmula STF 584, que versa sobre a aplicação da lei nova a fatos geradores ocorridos anteriormente à sua publicação, relativamente ao imposto sobre a renda. Quanto ao princípio da irretroatividade, era apenas isso, caro aluno. Outros temas mais específicos que também tratam do princípio de algum modo serão visto no decorrer das aulas. Vamos agora ao princípio da legalidade outro importante princípio para a sua prova de direito tributário! Prof. Aluisio Neto 11 de 236

13 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Princípio da Legalidade Tributária O princípio da legalidade é um dos princípios basilares do nosso ordenamento jurídico tributário, por meio do qual se impõe ao ente tributante instituir ou majorar tributos, ou extinguir ou reduzir tributos, apenas por meio de lei em sentido estrito, não podendo ser utilizado outro normativo infraconstitucional que não esse, regra geral. É outro princípio intrinsecamente relacionado ao princípio da segurança jurídica, sendo ainda uma garantia individual do contribuinte e CLÁUSULA PÉTREA da nossa atual CF/88. Esse princípio está presente de forma genérica no inciso II do artigo 5º da Carta Federal, cujo texto é o seguinte: Art. 5º (...) II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; Esse princípio, como comentei, está diretamente relacionado à segurança jurídica, a qual, por sua vez, exige do Estado a previsibilidade e o conhecimento prévio, por parte dos cidadãos, das normas tributárias a que serão submetidos, não sendo pego desprevenido por uma nova ordem jurídica ou de maneira arbitrária por parte dos seus governantes. O princípio da legalidade tributária se traduz no fundamento de validade de todo o ordenamento jurídico tributário e da tributação por ele estabelecida, sem o qual inexiste o próprio direito tributário, já que este é fundado no Estado democrático de direito proclamado por nossa Carta Federal de Esse princípio está contido expressamente no texto constitucional em seu artigo 150, I, da CF/88, cujo texto é o seguinte: Prof. Aluisio Neto 12 de 236

14 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Art Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; Todo tributo é exigido por lei, conforme vimos ao estudar o artigo 3º do CTN: tributo é toda prestação pecuniária compulsória, instituído em lei.... Se é compulsório, deve estar previsto em lei, conforme mandamento extraído já no artigo 5º, II da CF/88, corroborado pelo que contém o artigo 150, I, da mesma Carta. Assim, o artigo 3º está diretamente relacionado ao princípio da legalidade. Quanto à criação de tributos (e, por meio do princípio do paralelismo das formas, também quanto à extinção e à redução), somente lei em sentido estrito poderá instituí-los, não se admitindo nenhuma exceção. Como veremos mais adiante, para outros temas tributários, a regra da legalidade poderá ser atenuada em relação, por exemplo, à majoração de tributos por meio do aumento de sua alíquota. Mas esse tema trataremos mais adiante. Nesse momento, devemos ter em mente apenas que toda instituição ou extinção de tributos somente pode ser feita por lei em sentido estrito, ou outro instrumento normativo que faça as vezes deste. Desse modo, nada impede que um tributo venha a ser instituído, regulado e extinto por uma medida provisória ou por uma lei delegada. Exceto nos casos de temas adstritos à regulação por lei complementar, e obedecendo as restrições constitucionais, a utilização desses dois instrumentos normativos perfeitamente possível em matéria tributária. Prof. Aluisio Neto 13 de 236 é

15 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Antes de continuarmos, temos que fazer menção ao que determina o artigo 62, 1º, III, da CF/88, relativamente às medidas provisórias (MP) e o confronto de competências atribuídas a este instituto e à lei complementar: Art. 62. (...) 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (...) III reservada a lei complementar; Assim, os tributos sujeitos a criação ou extinção por meio de lei complementar jamais poderão ser regulados por medida provisória, o mesmo ocorrendo para as leis ordinárias, cuja medida provisória terá força a esta equivalente. O que uma lei complementar deve regular por disposição expressa na CF/88, nem a lei ordinária nem a medida provisória podem fazer sem incorrer em vício formal. Nada impediria, por exemplo, que o ITR viesse a ser instituído por meio de MP, desde que atendidos os requisitos exigíveis para a edição desta (relevância e urgência). O mesmo não aconteceria, por exemplo, para os empréstimos compulsórios, que exigem lei complementar para a sua criação, extinção, redução ou majoração. Outro tema relativo à medidas provisórias e bastante cobrado em provas é o 2º do mesmo artigo 62 da CF/88, que possui a seguinte redação: Art. 62. (...) 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. Desse modo, exceto quanto ao II, ao IE, ao IOF, ao IPI e ao IEG, a medida provisória que implique em instituição ou majoração de tributo somente Prof. Aluisio Neto 14 de 236

16 produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. Desse modo, caso uma MP publicada em 20 de agosto de 2012 venha a majorar as alíquotas do ITR, por exemplo, a alteração somente surtirá efeitos em 2013 se a MP for convertida em lei até o dia 31 de dezembro de 2012, em obediência que consta no artigo 62, 2º, da CF/88. A regra presente no artigo 62, 2º, da CF/88, como se pode notar na sua redação, somente se aplica aos impostos. Quanto às demais espécies tributárias, a regra da anterioridade é plena, devendo ser completamente observada pelos entes políticos. Para esses casos (demais espécies tributárias que não os impostos), deve ser levado em consideração a data da publicação da MP, e não a data de sua conversão em lei. Quanto às contribuições para a seguridade social, a medida provisória que institua essa espécie tributaria e publicada até 31 de dezembro de um ano poderá ser plenamente aplicada já no ano seguinte, devendo ser contado apenas os noventa dias exigidos pelo princípio da noventena, iniciando-se esse prazo na data da publicação da medida provisória, e não na data desta em lei, como acontece para os impostos. Somente nos caso em que a medida provisória sofre alterações substanciais é que um novo prazo será estabelecido. Caso não, conta-se da publicação da MP. Outro ponto importante sobre as medidas provisórias e de relevância para o direito tributário é o artigo 246 da CF/88, acrescentado pela emenda constitucional nº 32, de Sua redação é a seguinte: Art É vedada a adoção de medida provisória na regulamentação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada entre 1º de janeiro de 1995 até a promulgação desta emenda, inclusive. Os temas principais regulados por emenda constitucional publicada no período especificado no artigo 246 são: Prof. Aluisio Neto 15 de 236

17 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Autorização para a progressividade fiscal do IPTU (Emenda constitucional nº 29, de 2002); Possibilidade de diferenciação de alíquotas do IPTU em razão do uso e da localização do imóvel urbano (Emenda constitucional nº 29, de 2002); Temas relativos às contribuições para financiamento da seguridade social (Emenda constitucional nº 20, de 1998). Vamos em frente com o princípio da legalidade! Quanto à lei em sentido formal, a lei que cria ou extingue tributos será, EM REGRA, lei ordinária. Por sua vez, para a maioria dos tributos, será necessária lei formal também para a redução ou majoração destes (logo adiante veremos que alguns tributos podem ser majorados ou reduzidos por atos infralegais). Por sua vez, para alguns casos previstos na CF/88, a criação ou extinção se dará por lei complementar. Prof. Aluisio Neto 16 de 236

18 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Por sua vez, ao instituir um tributo, cabe à lei criadora definir com clareza os elementos que o caracterizam e o definem, adequando determinada conduta do sujeito passivo ao que consta na norma tributária, hipótese em que falamos do princípio da tipicidade da lei tributária. A tipicidade se relaciona à obrigatoriedade de o legislador definir em lei todos os elementos que delimitam a incidência do tributo instituído. Esses elementos são, principalmente, os seguintes: Fato Gerador (elemento material); Local de ocorrência do fato gerador (elemento espacial); Base de cálculo e alíquota(s) (elementos quantificadores do tributo); Sujeitos passivos (elemento pessoal); Momento da ocorrência do fato gerador (elemento temporal). Prof. Aluisio Neto 17 de 236

19 A necessidade de previsão legal para os elementos que acabamos de enumerar é decorrente do que determina o artigo 97 do CTN, que assim nos diz sobre a adoção do princípio da legalidade e a determinação dos elementos nucleares do tributo: Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. (Grifos nosso) Assim, uma vez que a definição de vencimento do prazo para pagamento de tributos, bem como a instituição de obrigações tributárias acessórias, não está elencada no artigo 97, não estando, assim, submetidas ao princípio da legalidade, podendo ser livremente estipuladas por normativos infralegais, como Decretos do Poder Executivo. Veja o que nos diz o STF sobre o tema da fixação do prazo de recolhimento de tributos: Prof. Aluisio Neto 18 de 236

20 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Segundo orientação firmada por esta Suprema Corte, a fixação do prazo de recolhimento de tributo pode ser realizada por norma infraordinária, isto é, sem o rigor do processo legislativo próprio de lei em sentido estrito. Se a redução abrupta do prazo de recolhimento implicou a majoração artificial do montante real devido, eventual violação constitucional ocorreria em relação à capacidade contributiva (equilíbrio base de cálculo ' critério material), à segurança jurídica e à proibição do uso de tributo com efeito confiscatório, mas não em relação à regra da legalidade. (RE AgR/SP, de 18/10/2011). Improcedência da alegação, tendo em vista não se encontrar sob o princípio da legalidade estrita e da anterioridade a fixação do vencimento da obrigação tributária; já se havendo assentado no STF, de outra parte, o entendimento de que a atualização monetária do débito de ICMS vencido não afronta o princípio da não-cumulatividade. (RE AgR/MG, de 28/05/2002). Quanto à última decisão, o STF entende que a simples atualização monetária de valores de créditos tributários não se confunde com majoração de tributos. Essa é a previsão constante também no artigo 97, 2º, do CTN, que possui a seguinte redação: Art. 97. (...) 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. Na mesma linha temos a Súmula STJ nº 160, que nos diz o seguinte em seu texto: Prof. Aluisio Neto 19 de 236

21 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Súmula STJ nº 160: É defeso ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária. Por sua vez, o princípio da tipicidade não é um princípio autônomo, estando umbilicalmente ligado ao princípio da legalidade, sendo decorrente deste, definindo os elementos caracterizadores do tributo instituído. Enquanto que o princípio da legalidade está relacionado à forma como serão impostos os normativos tributários (lei em sentido estrito), o princípio da tipicidade está relacionado ao conteúdo que estes terão, o que devem tratar o texto da lei. Fazendo um paralelo dos dois princípios (legalidade e tipicidade) com uma certidão de nascimento, teríamos que a certidão em si seria o princípio da legalidade, uma vez que uma pessoa natural somente tem existência jurídica com essa formalização. Já o princípio da tipicidade está relacionado às informações constante nessa certidão e que definem a natureza da pessoa natural (sexo, dia de nascimento, pais, local de nascimento, entre outras) (FCC/2011/TCM-BA - Procurador Especial de Contas) O grupo criou uma rede de 80 empresas de fachada (...) todas registradas em nome de laranjas. As empresas importavam produtos químicos, mas não pagavam nenhum tributo sobre as operações. (...) Os produtos importados eram revendidos, em operações fictícias, a outras empresas do grupo, espalhadas por vários estados. A partir daí, o bando revendia os produtos a seus clientes normalmente, usando empresas reais (...), mas sem arcar com o custo dos impostos. A quadrilha também fraudava os fiscos estaduais: nessas operações cruzadas, acumulava créditos tributários, mesmo sem nunca recolher ICMS. Nessa outra fraude, pode ter sonegado mais de 1 bilhão de reais. (Revista Veja. Editora Abril. Edição 2231, Ano 44, no 34, 24/08/2011, p. 76) O texto acima está se referindo ao princípio explícito da: Prof. Aluisio Neto 20 de 236

22 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 a) legalidade. b) irretroatividade da lei tributária. c) anterioridade da lei tributária. d) segurança jurídica. e) igualdade. Observe que em todas as situações apresentadas, a quadrilha em questão burlou o que dizia a lei, sonegando, abrindo empresas fantasmas, realizando operações fictícias, entre outras. O que faz com que as operações sejam ilegais?? Isso! A presença de lei estipulando o contrário, ou o que deve ser feito corretamente. Logo, estamos diante do princípio da legalidade, o que nos leva a ter como gabarito a alternativa a. Vamos agora às atenuações do princípio da legalidade, conhecidas também como exceções ou mitigações ao princípio, de grande importância para as provas de concursos de direito tributário. As bancas adoram esse tema, caro aluno. Muita atenção! Prof. Aluisio Neto 21 de 236

23 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Inicialmente temos que fixar que, quanto à criação ou extinção de tributos, o princípio da legalidade não comporta exceções, devendo ser sempre por meio de lei em sentido estrito, formal. Ou outro normativo que faça as vezes desta, como as medidas provisórias e as leis delegadas, e desde que o tema não seja exclusivo de regulação por lei complementar. Por sua vez, quase que regra absoluta, as exceções dizem respeito às alterações de alíquotas de determinados tributos, as quais veremos agora. Nenhuma das exceções diz respeito a fatos geradores e sujeitos passivos. 01 Alteração das alíquotas dos seguintes impostos federais, todos revestidos de caráter extrafiscal (nesse caráter, a função primordial do tributo é a regulação da economia ou situações de mercado, e não a função arrecadatória): Imposto de Importação (II); Imposto de Exportação (IE); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Imposto sobre operações de créditos, câmbio e seguros (IOF). Essas quatro exceções ao princípio da legalidade estão previstas no artigo 153, 1º, da CF/88, cuja redação é a seguinte: Art Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; Prof. Aluisio Neto 22 de 236

24 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 III - renda e proventos de qualquer natureza; IV - produtos industrializados; V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI - propriedade territorial rural; VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. (Grifos nosso) Diante do que consta na redação da Carta Federal, a alteração das alíquotas dos impostos anteriormente enumerados pode ser feita por ato do poder executivo federal, não necessitando de lei formal. Em geral, essas alíquotas são alteradas por meio de decreto presidencial ou portaria do Ministério da Fazenda. Entretanto, as alterações devem ser apenas para reduzi-las ou restabelecêlas, jamais para superar os valores previstos na lei instituidora do tributo. Assim, caso a lei que institui o IE fixe para determinado produto uma alíquota de 30%, o poder executivo poderá reduzi-la para 5%, mas, ao restabelecê-la, deverá fixá-la, no máximo, em 30%, não podendo superar esse valor, a menos que haja previsão na própria lei. Veja o que dispõe o Decreto-Lei nº 1.578, de 1977, que regula o imposto de exportação: Art. 3o A alíquota do imposto é de trinta por cento, facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou aumentá-la, para atender aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. Prof. Aluisio Neto 23 de 236

25 Parágrafo único. Em caso de elevação, a alíquota do imposto não poderá ser superior a cinco vezes o percentual fixado neste artigo. (Grifos nosso) Por fim, a competência para a fixação das alíquotas do imposto de exportação de produtos nacionais ou nacionalizados não é exclusiva do presidente da República; pode ser exercida por órgão que integre a estrutura do Poder Executivo, conforme citado em prova realizada pelo CESPE em Logo, embora a texto constitucional se refira ao Poder Executivo, essa atribuição (alteração de alíquotas dos impostos previstos no artigo, 153, 1º, da CF/88) pode ser exercida por órgão integrante da estrutura desse Poder, como é o caso da CAMEX (Câmara de Comércio Exterior), a qual possui a competência para, por ato próprio, alterar as alíquotas do II e do IE. 02 Definição das alíquotas do ICMS incidente sobre combustíveis e lubrificantes em relação à incidência monofásica desse tributo (chamado de ICMS monofásico, ou unifásico, ou de tributação única). Para esses casos, cabe aos convênios celebrados pelos Estados e pelo Distrito Federal, por meio de seus representantes, a fixação de alíquotas do imposto para essas situações, as quais terão eficácia em todo o território nacional, não sendo utilizada lei em sentido formal. Ou seja, para o ICMS incidente uma única vez, e relativo a combustíveis e lubrificantes, as alíquotas do imposto serão fixadas por meio de Convênio celebrados pelos Estados e pelo Distrito Federal, assinado pelos representantes do poder executivo no âmbito do chamado CONFAZ (Conselho Nacional de Política Fazendária), regulado pela lei complementar federal nº 24, de Prof. Aluisio Neto 24 de 236

26 No CONFAZ estão presentes representantes das Fazendas Estaduais e do Governo Federal, que deliberam, principalmente, sobre a concessão e revogação de isenções, incentivos e benefícios fiscais relativos ao ICMS. As decisões tomadas no âmbito do CONFAZ, por sua vez, serão externadas por meio de Convênios ICMS, os quais terão força de lei quanto aos temas que regulam, devendo ser adotados por todas as Unidades Estaduais. A previsão quanto à alteração das alíquotas do ICMS monofásico pelo CONFAZ, e por meio de convênio celebrado em seu âmbito (portanto, sem a necessidade de lei em sentido estrito), consta no artigo 155, 4º, IV, da CF/88: 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte: (...) IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos do 2º, XII, g, observando-se o seguinte: (...) Por sua vez, o 2º, XII, g e h, nos diz o seguinte: XII - cabe à lei complementar: (...) g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b; Nessa situação, temos representantes dos poderes executivos estaduais e distrital regulando temas que, em regra, seria de competência do poder legislativo, expedindo atos com força de lei e de cumprimento pelos subordinados nas vinte e sete unidades federativas estaduais. Prof. Aluisio Neto 25 de 236

27 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula As alíquotas da CIDE-combustíveis poderão ser alteradas (reduzidas e restabelecidas) por ato do poder executivo federal, não necessitando de lei em sentido estrito. A CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) somente poderá ter suas alíquotas reduzidas e restabelecidas, não podendo seus valores ser majorados além dos previstos na lei que a regula. Essa previsão consta no artigo 177, 4º, I, b, da CF/88: 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: I - a alíquota da contribuição poderá ser: (...) b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b; (Grifos nosso) O poder executivo não pode alterar as alíquotas além do limite permitido em lei, cabendo ao poder legislativo fixar outro limite máximo. Ao poder executivo, por ato infralegal, somente é permitido reduzir a alíquota inicialmente prevista ou restabelecê-la ao patamar inicial. 04 Também por meio de convênios interestaduais poderão ser concedidos benefícios fiscais em matéria de ICMS (isenção, concessão de créditos resumidos, remissões, anistias, reduções de base de cálculo). Essa previsão consta no artigo 150, 6º, juntamente com o artigo 155, 2º, XII, g, ambos da CF/88: Prof. Aluisio Neto 26 de 236

28 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 6.º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, 2.º, XII, g. 2º (...) XII - cabe à lei complementar: (...) g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. Assim, as decisões adotadas no âmbito do CONFAZ, regulando a concessão e a revogação de isenções, incentivos e benefícios fiscais não necessitam (e porque não dizer que não podem) de lei em sentido estrito,a qual, em regra, é produzida por um órgão legislativo. Os convênios, que materializam as decisões tomadas no CONFAZ, têm força de lei quanto às matérias que regulam, embora sejam editados por representantes do poder executivo e, quase que em sua totalidade, completamente desvinculados do poder legislativo. Quanto às exceções à legalidade tributária, veja a figura ilustrativa abaixo: Prof. Aluisio Neto 27 de 236

29 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Uma característica marcante das regras acima é, com exceção do ICMSmonofásico, todos os tributos possuem o caráter extrafiscal, ou seja, a função primordial não é a arrecadação, mas sim a intervenção no mercado ou na economia, regulando situações em que se mostra necessária a intervenção do Estado. Para finalizar esse princípio, vamos a algumas decisões proferidas pelo STF quanto ao tema: Súmula STF nº 239: Decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em relação aos posteriores. Esta Corte consolidou entendimento no sentido de caracterizar como taxa a cobrança pecuniária pela SUFRAMA para anuir aos pedidos de guias de importação de insumos e bens de capital e aos pedidos de desembaraço aduaneiro e do controle dos internamentos na Zona Franca de Manaus. 2. A cobrança de taxa por meio de portaria viola o princípio da legalidade tributária. (RE AgR/AM, de 08/11/2011). As contribuições anualmente devidas aos conselhos de fiscalização profissional possuem natureza tributária e, desse modo, sujeitam-se ao princípio da legalidade tributária, previsto no art. 150, I, da Lei Maior. II O Plenário desta Corte, no julgamento da ADI 1.717/DF, Rel. Min. Sidney Sanches, declarou a inconstitucionalidade de dispositivo legal que autorizava os conselhos de fiscalização profissional a fixar suas contribuições anuais. (ARE AgR/PR, de 23/08/2011). Prof. Aluisio Neto 28 de 236

30 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 A instituição dos emolumentos cartorários pelo Tribunal de Justiça afronta o princípio da reserva legal. Somente a lei pode criar, majorar ou reduzir os valores das taxas judiciárias. Precedentes. 4. Inércia da União Federal em editar normas gerais sobre emolumentos. Vedação aos Estados para legislarem sobre a matéria com fundamento em sua competência suplementar. (ADI 1709/MT, de 10/02/2000). Quanto à última decisão, os emolumentos cartorários, como vimos em aula passada, são tributos. Logo, sujeitos aos princípios constitucionais tributários, uma vez que as taxas não são exceções a nenhum deles. Assim, sujeitam-se ao princípio da legalidade, devendo ser criados, majorados, reduzidos ou extintos apenas por meio de lei formal. (FCC/2008) A competência tributária, assim entendida como o poder que os entes políticos União, Estados- Membros, Distrito Federal e Municípios têm para instituir tributos, não é ilimitada. Ao contrário, encontra limites na Constituição Federal, entre os quais destacamos o princípio da legalidade tributária, segundo o qual nenhum tributo poderá ser instituído ou majorado a não ser por lei. Porém, a própria Constituição Federal excetua da obrigatoriedade de ser majorados por lei (podendo sê-lo por ato do Poder Executivo) alguns tributos. São exemplos desses tributos: a) imposto sobre renda e proventos / imposto sobre importação de produtos estrangeiros / contribuição para o PIS/PASEP. b) imposto sobre produtos industrializados / CIDE combustível / contribuição para o PIS/PASEP. Prof. Aluisio Neto 29 de 236

31 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 c) imposto sobre importação de produtos estrangeiros / imposto sobre exportação de produtos nacionais ou nacionalizados / imposto sobre renda e proventos. d) CIDE combustível / imposto sobre produtos industrializados / imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguros. e) contribuição para o PIS/PASEP / imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguros/ imposto sobre produtos industrializados. Os tributos que são exceções ao princípio da legalidade, seja em relação às alterações de alíquotas seja em relação aos convênios do CONFAZ, são os que seguem: Imposto de Importação (II); Imposto de Exportação (IE); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Imposto sobre operações de créditos, câmbio e seguros (IOF); ICMS monofásico; CIDE-combustíveis Diante disso, somente a alternativa d atende a enumeração acima, sendo o gabarito da questão apresentada. Prof. Aluisio Neto 30 de 236

32 (ESAF/SRF/ Auditor Fiscal do Tesouro Nacional/1996) O princípio da legalidade não se aplica, em toda a sua extensão: a) aos impostos de importação e exportação, imposto sobre produtos industrializados e imposto extraordinário decorrente de guerra. b) aos impostos de importação e exportação, ao imposto sobre produtos industrializados e ao impostos sobre operações financeiras. c) às taxas e contribuições de melhoria. d) aos impostos de importação e exportação, imposto sobre produtos industrializados e imposto extraordinário de guerra. e) às taxas e contribuições sociais. Questão repetida, exigindo apenas os tributos aos quais não se aplica o princípio da legalidade em sua integralidade, sendo assim exceções a este. Conforme vimos na questão anterior, são exceções ao princípio: Imposto de Importação (II); Imposto de Exportação (IE); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Imposto sobre operações de créditos, câmbio e seguros (IOF); ICMS monofásico; CIDE-combustíveis Diante disso, somente a alternativa b atende a enumeração acima, sendo o gabarito da questão apresentada. Vamos agora ao princípio da anterioridade anual. Prof. Aluisio Neto 31 de 236

33 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Princípio da Anterioridade Anual Esse é outro princípio relacionado ao princípio da segurança jurídica, e visa dotar os sujeitos passivos de um tempo mínimo para se ajustarem aos efeitos de uma nova lei ou imposição tributária. É também conhecido como princípio da não surpresa tributária, juntamente com o princípio da anterioridade nonagesimal, a ser visto logo adiante, sendo conceituado ainda como uma garantia individual dos contribuintes, possuindo status de CLAUSULA PÉTREA na nossa atual CF/88. O princípio da anterioridade anual, do exercício financeiro ou comum, está previsto no artigo 150, III, b, da CF/88, cujo texto é o seguinte: Art Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - cobrar tributos: (...) b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; Como podemos observar no texto constitucional, esse postulado se volta para todos os Entes Federativos, e em relação a todos os tributos por eles instituídos, RESSALVADAS AS EXCEÇÕES EXPRESSAMENTE PREVISTAS NA CF/88. Logo em seguida veremos essas importantes ressalvas, bastante cobradas em provas de concurso. Conforme o princípio, uma lei publicada no ano X (lei plenamente vigente), e que institua ou majore tributos, somente surtirá efeitos (terá eficácia) no exercício financeiro X + 1. É vedado aos Entes políticos cobrar tributos dentro do mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei que os instituiu ou majorou, somente podendo fazer isso no exercício financeiro seguinte ao da publicação. Ressalvadas as exceções expressas na CF/88. Prof. Aluisio Neto 32 de 236

34 Assim, uma lei publicada em 20 de setembro de 2011, e que majora determinado tributo federal (e desde que não seja uma exceção ao princípio) já possui plena vigência no mundo jurídico. Entretanto, sua eficácia (produção dos efeitos junto aos sujeitos passivos) somente se dará, regra geral, em 1º de janeiro de 2012, atendendo o princípio da anterioridade anual. Por sua vez, por exercício financeiro devemos entender o período compreendido entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de um mesmo ano do calendário civil, conforme consta na lei federal nº 4.320, de Com efeito, o princípio tem como finalidade evitar a surpresa tributária, como falamos anteriormente, preparando o sujeito passivo para a nova tributação ou majoração desta, de modo que ele possa organizar suas finanças para acomodar o novo ônus tributário. O princípio da anterioridade anual impede que Virgulino seja pego desprevenido, já que ele costuma gastar todo seu suado vencimento. Com a publicação de uma nova lei onerando tributariamente seu orçamento, Virgulino vai ter que adequar suas finanças, mas o Estado irá dar um tempo para ele fazer isso. Certo, professor. Acomodar o novo ônus tributário para não ser pego de surpresa. O princípio veda que sejam cobrados ou majorados tributos no mesmo exercício financeiro. Mas e se essa lei for publicada em 31 de dezembro, prevendo que a sua eficácia se dê já a partir de 1º de janeiro do ano seguinte? O princípio será atendido, mas teremos uma surpresa tributária do mesmo jeito, não? Muito bem, caro aluno! Para evitar isso, o legislador constituinte elaborou também o princípio da noventena, que veremos logo em seguida na nossa aula de hoje. Resumidamente, ele nos diz que, exceto quanto às exceções ao princípio da noventena, os tributos somente poderão ser cobrados depois de decorridos 90 dias após a data da publicação da lei que os houve instituído ou aumentado. Ou seja, em regra, na pior das hipóteses, os sujeitos passivos terão 90 dias antes de terem de pagar mais tributos. Repito: exceto se o Prof. Aluisio Neto 33 de 236

35 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 tributo for uma exceção ao princípio da noventena, que veremos mais adiante. Vamos em frente. Quanto ao princípio da anterioridade, não devemos confundir este com outro princípio anteriormente presente no nosso texto magno: o princípio da ANUALIDADE tributária. Atenção, caro aluno: não confunda o princípio da ANTERIORIDADE anual, presente na nossa Carta de 1988, como o princípio da ANUALIDADE tributária, não mais vigente nosso ordenamento constitucional. O princípio da anualidade rezava que um tributo somente poderia ser cobrado em um determinado exercício caso autorizado em orçamento anual, sendo autorizada a cobrança do tributo em um ano e permitida a cobrado no exercício seguinte. Esse princípio, repito, não mais se aplica aos dias atuais! Cuidado, as bancas costumam cobra-lo como se fosse o princípio da anterioridade tributária. O aumento ou a majoração de tributos, como vimos, submete-se ao princípio da anterioridade tributária. Ok. Mas e a diminuição ou a extinção de um tributo? Submetem-se? Nenhuma das duas se submete, podendo ter aplicação imediata para os sujeitos passivos, se a lei não dispuser em contrário, claro. O princípio se aplica apenas quando há prejuízo para o contribuinte, aumentando a carga tributária, e não para beneficiá-lo. Prof. Aluisio Neto 34 de 236

36 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Por sua vez, a revogação de uma isenção INCONDICIONADA TAMBÉM NÃO SE SUBMETE AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE, uma vez que o tributo já era existente ao tempo da concessão, sendo conhecido do contribuinte que passará a suportar o ônus tributário advindo com a revogação da isenção. Assim, passa a ser imediatamente exigido o tributo outrora isentado pelo legislador, caso a lei não preveja de outro modo. Esse entendimento está presente em decisão do STF, a qual transcrevo abaixo, futuro servidor: EMENTA CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ISENÇÃO. REVOGAÇÃO. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE. I. Revogada a isenção, o tributo volta a ser imediatamente exigível. Em caso assim, não há de se observar o princípio da anterioridade, dado que o tributo já é existente. (RE /ES, de 27/09/96). (Grifos nosso) Por sua vez, a redução ou extinção de desconto para o pagamento de tributo previsto em lei não ofende o princípio da anterioridade, tendo também aplicação imediata. Veja o que diz o STF sobre o tema: Alegada violação ao art. 150, III, alínea "c", da Constituição Federal. 5. A redução ou a extinção de desconto para pagamento de tributo sob determinadas condições previstas em lei, como o pagamento antecipado em parcela única, não pode ser equiparada à majoração do tributo em questão, no caso, o IPVA. Não-incidência do princípio da anterioridade tributária. 6. Vencida a tese de que a redução ou supressão de desconto previsto em lei implica, automática e aritmeticamente, aumento do valor do tributo devido. (ADI 4016 MC/PR, de 01/08/2008). Prof. Aluisio Neto 35 de 236

37 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 A regra legislativa que se limita simplesmente a mudar o prazo de recolhimento da obrigação tributária, sem qualquer repercussão, não se submete ao princípio da anterioridade. (RE /SC, de 13/11/2001). Diante do que consta acima, o STF editou a seguinte Súmula: Súmula STF nº 669: Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. Outras decisões nos dizem o seguinte quanto à anterioridade: A modificação dos fatores de indexação, com base em legislação superveniente, não constitui desrespeito a situações jurídicas consolidadas (CF, art. 5º, XXXVI), nem transgressão ao postulado da não-surpresa, instrumentalmente garantido pela cláusula da anterioridade tributária (CF, art. 150, III, "b"). (RE , de 25/06/2002). EMENTA: I. Ação direta de inconstitucionalidade: L. 959, do Estado do Amapá, publicada no DOE de , que dispõe sobre custas judiciais e emolumentos de serviços notariais e de registros públicos, cujo art impugnado determina que a "lei entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 2006": procedência, conforme à em Constituição parte, ao para dar dispositivos interpretação questionado e declarar que, apesar de estar em vigor a partir de 1º de janeiro de 2006, a eficácia dessa norma, em relação aos dispositivos que aumentam ou instituem novas custas e emolumentos, se iniciará somente após 90 dias da sua publicação. II. Custas e emolumentos: serventias judiciais e extrajudiciais: natureza jurídica. É da jurisprudência do Prof. Aluisio Neto 36 de 236

38 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Tribunal que as custas e os emolumentos judiciais ou extrajudiciais tem caráter tributário de taxa. III. Lei tributária: prazo nonagesimal. Uma vez que o caso trata de taxas, devem observar-se as limitações constitucionais ao poder de tributar, dentre essas, a prevista no art. 150, III, c, com a redação dada pela EC 42/03 - prazo nonagesimal para que a lei tributária se torne eficaz. (ADI 3064/AP, de 20/09/2006). Por sua vez, temos outra importante decisão do STF, já cobrada literalmente em provas de concurso, que dispõe sobre a simples prorrogação de prazo de aplicação de alíquota anteriormente publicada e já vigente, não sendo necessária obediência ao princípio da anterioridade para que seja novamente aplicável. Segue a sua transcrição: TRIBUTÁRIO. ICMS. PRORROGAÇÃO. MAJORAÇÃO DE INAPLICABILIDADE ALÍQUOTA. DO PRAZO NONAGESIMAL (ARTIGO 150, III, C, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL). RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO. 1. A Lei paulista /04 apenas prorrogou a cobrança do ICMS com a alíquota majorada de 17 para 18%, criada pela nonagesimal Lei paulista previsto /2003. no art. 150, 2. O III, prazo c, da Constituição Federal somente deve ser utilizado nos casos de criação ou majoração de tributos, não na hipótese de simples prorrogação aplicada anteriormente. 3. de Recurso alíquota já extraordinário conhecido e provido para possibilitar a prorrogação da cobrança do ICMS com a alíquota majorada. (RE /SP, de 25/11/2009). Prof. Aluisio Neto 37 de 236

39 (...). 2. O Supremo Tribunal Federal possui entendimento segundo o qual a prorrogação da data originariamente prevista para vigorar o tributo não equivale a sua instituição ou majoração, razão pela qual a anterioridade nonagesimal não incide nessa hipótese. (RE AgR/RS, de 19/04/2011). Ora, prorrogar o prazo de aplicação de uma alíquota mais gravosa já existente não altera em nada a carga tributária que já vinha sendo suportada pelo contribuinte. Logo, a prorrogação de uma alíquota já previamente existente não necessita obediência ao princípio da anterioridade. Na mesma linha, o STF entende que a redução ou extinção de determinado desconto legalmente previsto não deve obediência ao princípio da anterioridade, uma vez que não se configura como um aumento da carga tributária. Por sua vez, como toda e boa regra, o princípio da anterioridade comporta algumas exceções, que veremos agora. Elas são de extrema importância para a sua prova, uma vez que são bastante cobradas em provas de concurso que tratam do princípio da anterioridade. O princípio da anterioridade tributária nos diz que nenhum ente político poderá cobrar tributos no mesmo exercício financeiro que em tenha sido publicada a lei que os instituiu ou aumento. Excepcionado essa regra, temos alguns tributos, que, ao serem instituídos ou majorados, já podem ser cobrados no mesmo exercício financeiro em que essas mudanças forem impostas aos sujeitos passivos. Observe a figura a seguir, onde constam as exceções ao princípio da anterioridade, bem como aos da legalidade e ao da anterioridade nonagesimal, a ser visto logo adiante na aula: Prof. Aluisio Neto 38 de 236

40 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Assim, temos como exceções ao princípio da anterioridade os seguintes tributos: Alteração das alíquotas do II, IE, IOF e IPI (os chamados impostos com função extrafiscal) Artigo 153, I, II, IV e V; Instituição dos impostos Extraordinários de Guerra (IEG) Artigo 154, II; Instituição de empréstimos compulsórios nos casos de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência Artigo 148, I; Prof. Aluisio Neto 39 de 236

41 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Instituição das Contribuições parafiscais para a seguridade social, ou alteração de suas alíquotas Artigo 195, 6º; Alteração (redução e restabelecimento) das alíquotas da CIDECombustíveis Artigo 177, 4º, I, b ; Alteração (redução e restabelecimento) das alíquotas do ICMS Monofásico, relativo aos combustíveis e lubrificantes Artigo 155, 4, IV. A previsão das exceções está contida nos artigos 150, 1º, 148, I, 195, 6º, 177, 4º, II, b e 155, 4º, IV, que assim nos dizem: Artigo 150. (...) 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. Art (...) 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b". Art (...) 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: I - a alíquota da contribuição poderá ser: (...) Prof. Aluisio Neto 40 de 236

42 b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b; Art (...) 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-seá o seguinte: (...) IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos do 2º, XII, g, observando-se o seguinte: (..) c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b. Assim, por exemplo, caso o poder executivo federal majore as alíquotas da CIDE-combustíveis no dia 14 de março de 2010, a alteração já poderá surtir efeito no mesmo exercício financeiro, qual seja, Para tanto, deverá observar apenas o prazo de 90 dias contados da data da publicação da lei que a majorou, em obediência ao princípio da anterioridade nonagesimal, o qual veremos no item seguinte da aula. Somente para constar, a alteração das alíquotas já poderia produzir efeitos para os contribuintes em 13 de junho de 2010, noventa dias após o dia 14 de março de Antes de irmos para o princípio da anterioridade nonagesimal, vamos ver agora como esse tema foi cobrado em prova. Vejas as seguintes questões. Prof. Aluisio Neto 41 de 236

43 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 (ESAF/SRF/Técnico do Tesouro Nacional/1998) Quanto ao princípio da anterioridade, pode-se dizer que: a) proíbe que se tributem fatos geradores que ocorreram antes do início da vigência da lei que houver instituído ou aumentado um tributo. b) não se aplica ao Imposto de Importação, ao Imposto sobre Operações Financeiras e às Taxas decorrentes do exercício do poder de polícia. c) não se aplica ao Imposto de Importação, ao Imposto sobre Operações Financeiras e ao Imposto de Exportação. d) se aplica aos empréstimos compulsórios, qualquer que seja o pressuposto de sua instituição. e) se aplica às contribuições para seguridade social da mesma forma que às outras espécies tributárias. Alternativa a) Incorreta. Essa definição está relacionada ao princípio da irretroatividade, e não ao da anterioridade, que proíbe, exceto em relação às exceções ao princípio, que se tributem fatos geradores no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei que os instituiu ou aumento. Alternativa b) Incorreta. O princípio realmente não se aplica aos dois primeiros impostos, mas se aplica integralmente às taxas devidas em razão do exercício do poder de polícia. Alternativa c) Correta. Essas são algumas das exceções ao princípio da anterioridade, que são os seguintes: II, IE, IOF e IPI (os chamados impostos com função extrafiscal) Artigo 153, I, II, IV e V; Impostos Extraordinários de Guerra (IEG) Artigo 154, II; Instituição de empréstimos compulsórios nos casos de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência Artigo 148, I; Instituição ou majoração de alíquotas das Contribuições parafiscais para a seguridade social Artigo 195, 6º; Prof. Aluisio Neto 42 de 236

44 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Alteração (redução e restabelecimento) das alíquotas da CIDE- Combustíveis Artigo 177, 4º, I, b ; Alteração (redução e restabelecimento) das alíquotas do ICMS Monofásico, relativo aos combustíveis e lubrificantes Artigo 155, 4, IV. Alternativa d) Incorreta. Quanto aos empréstimos compulsórios, o princípio não se aplica nos casos de instituição destes em razão de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência. Porém, será aplicado nos casos de investimento publico de caráter urgente ou de relevante interesse nacional. Artigo 148, I e II, da CF/88. Alternativa e) Incorreta. Vale a mesma explicação dada na alternativa c. (FCC/2010/AL-SP/Agente Técnico Legislativo Especializado) Submete-se integralmente aos princípios da legalidade, anterioridade anual e anterioridade nonagesimal o imposto sobre: a) os produtos industrializados. b) a renda e proventos de qualquer natureza. c) a transmissão de bens causa mortis e doação. d) a propriedade de veículos automotores. e) a propriedade territorial urbana. Consultando a figura apresentada anteriormente, fica fácil encontrar a resposta, a qual se apresenta na alternativa c, uma vez que o ITBI não se apresenta como uma exceção a esse princípio. Vamos ao princípio da anterioridade nonagesimal! Prof. Aluisio Neto 43 de 236

45 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Princípio da Anterioridade Nonagesimal O princípio da anterioridade nonagesimal foi acrescentado à CF/88 pela Emenda Constitucional nº 42, de 2003, proibindo a cobrança de tributos antes de decorridos noventa dias da data em que tenha sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, conforme o artigo 150, II, c, cujo texto é seguinte: Art Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - cobrar tributos: (...) c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Grifos nosso) Esse princípio, também conhecido como princípio da anterioridade privilegiada, mitigada ou qualificada, veio a reforçar ainda mais a segurança jurídica dos contribuintes contra o aumento inesperado da carga tributária, uma vez que muitos tributos poderiam ter suas alíquotas alteradas no dia 31 de dezembro de 2010, por exemplo, e já produzirem efeitos em 1º de janeiro de 2011, obedecendo estritamente o que determina o princípio da anterioridade anual. Assim, ressalvadas as exceções à noventena previstas expressamente na CF/88, os tributos, na sua majoração ou instituição, estarão submetidos à observância dos dois princípios: anterioridade anual e nonagesimal. Por exemplo, caso a União venha a alterar a alíquota do ITR (imposto submetido aos dois princípios) por meio de lei publicada em 20 de dezembro de 2011, as alterações somente surtirão efeito em 21 de março de 2012, 90 dias após a data da publicação, atendendo ao princípio da anterioridade e da noventena. Prof. Aluisio Neto 44 de 236

46 Caso a mesma lei do ITR seja publicada em 20 de março de 2011, esta somente produzirá efeitos em 1º de janeiro de 2012, uma vez que o prazo de 90 se encerrará ainda dentro do ano de 2011, hipótese em que não será observado o princípio da anterioridade anual. Caso a mesma lei agora seja publicada em 1º de outubro de 2011, depois de decorridos 90 dias após a data da publicação, chegaremos ao dia 31 de dezembro, sendo atendido o princípio da noventena, mas não o da anterioridade anual. Assim, os efeitos da lei somente se darão um dia depois, em 1º de janeiro de Por fim, caso publicada a lei em 02 de outubro de 2011, depois de decorridos 90 dias após a data da publicação, chegaremos exatamente ao dia 1º de janeiro de 2012, no limiar que atende conjuntamente aos dois princípios: anterioridade e noventena. Com isso, chegamos a duas regras básicas para a contagem dos prazos, considerando que a lei, quanto ao prazo da noventena, somente entre em vigor no 91º dia após a data de publicação da lei que institui ou majora o tributo, uma vez que o texto da CF/88 fala depois de decorridos 90 dias após a data da publicação da lei. As regras são (GUARDE BEM, CARO ALUNO): Caso a lei seja publicada entre 1º de janeiro e 1º de outubro de um ano, invariavelmente, e desconsiderando as exceções, sua vigência somente se dará em 1º de janeiro do ano seguinte, uma vez que deve atender aos dois princípios tributários; Caso a lei seja publicada entre 02 de outubro e 31 de dezembro de um determinado ano, basta, para atendimento dos dois princípios, estabelecer o 91º dia da contagem, sendo este o dia em que a lei produzirá efeitos junto aos contribuintes. Prof. Aluisio Neto 45 de 236

47 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Assim como o princípio da anterioridade anual, o da noventena também possui exceções constitucionalmente previstas, presentes no artigo 150, 1º, da CF/88: Artigo 150. (...) 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. Para fixação das exceções à noventena, trago novamente a figura apresentada anteriormente quando do estudo do princípio da anterioridade: Prof. Aluisio Neto 46 de 236

48 Assim, temos como exceções ao princípio da noventena os seguintes tributos: Alteração das alíquotas do II, do IE, do IOF e do IR Artigo 153, I, II, III e IV; Instituição dos impostos Extraordinários de Guerra (IEG) Artigo 154, II; Instituição dos empréstimos compulsórios nos casos de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência Artigo 148, I; Fixação da base de cálculo do IPVA Artigo 155, III; Fixação de base de cálculo do IPTU Artigo 156, I. Diante do quadro apresentados, SÃO EXCEÇÕES AOS DOIS PRINCÍPIOS (ANTERIORIDADE E NOVENTENA) OS SEGUINTES TRIBUTOS: IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO (II); IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO (IE); IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS (IOF); IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO DE GUERRA (IEG); EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS, DECORRENTES DE CALAMIDADE PÚBLICA, GUERRA EXTERNA OU SUA IMINÊNCIA (EC). Atenção redobrada quanto aos dois últimos casos de exceção à noventena: as alterações dizem respeito à BASE DE CÁLCULO DO IPVA E DO IPTU, E NÃO SE EXTENDE, POR EXEMPLO, AS ALÍQUOTAS. É comum o elaborador das questões tentar pegar o candidato menos atento. MUITA ATENÇÃO, CARO ALUNO! Por sua vez, quanto à base de calculo dos dois tributos acima, esta é considerada como sendo a VALOR VENAL DO BEM, seja o imóvel, seja o veículo. Ao menos na grande maioria das legislações estaduais e municipais. Prof. Aluisio Neto 47 de 236

49 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Por sua vez, as duas últimas exceções quanto à CIDE-combustíveis e ao ICMS monofásico dizem respeito às ALTERAÇÕES DE ALIQUOTAS. Apenas alíquotas. Aqui não cabe a alteração da base de cálculo. ATENÇÃO! OUTRA OBSERVAÇÃO MUITO IMPORTANTE PARA CÁLCULOS: 90 DIAS NÃO É IGUAL A TRÊS MESES, REGRA GERAL. A coincidência somente se dará para a sequencia dezembro-janeiro-fevereiro e janeiro-fevereiro-março, e desde que o ano considerado não seja bissexto. Vamos agora ao que nos diz a CF/88 em relação às medidas provisórias e os princípios da anterioridade anual e da noventena. MEDIDAS PROVISÓRIAS O artigo 62, 2º, da CF/88, nos diz o seguinte: 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada A previsão acima foi instituída pela EC nº 32, de 2003, permitindo expressamente a edição de MP para a instituição e majoração de IMPOSTOS. ATENÇAO, CARO ALUNO: O TEXTO DA CF/88 FALA APENAS EM IMPOSTOS! Entretanto, recentes decisões do STF têm estendido a previsão também às taxas e contribuições sociais, antes mesmo da citada EC, como podemos notar abaixo: EMENTA: Recurso extraordinário. 2. Medida provisória. Força de lei. 3. A Medida Provisória, tendo força de lei, é instrumento idôneo para instituir e modificar tributos e contribuições sociais. (RE /MG, de 17/08/1999). Prof. Aluisio Neto 48 de 236

50 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Quanto à MP, os tributos por ela criados devem obediência aos princípios da anterioridade anual e da noventena, assim como os criados por meio de lei, exceto nos casos em que se observam exceções já estudadas por nós anteriormente. Por sua vez, para que possam surtir efeitos no exercício financeiro seguinte, as medidas provisórias devem ter sido CONVERTIDAS EM LEI até o ÚLTIMO DIA DO EXERCÍCIO EM QUE FORAM EDITADAS, sem o qual somente produzirão efeitos no exercício seguinte ao da conversão da medida provisória. Essa regra é válida apenas para os impostos, e ressalvadas as exceções previstas no texto do artigo 62, 2º, da CF/88, quais sejam: IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO (II); IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO (IE); IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS (IOF); IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI); IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO DE GUERRA (IEG). Assim, caso uma MP venha a instituir ou majorar tais impostos, a incidência se dará de imediato, sem que seja necessária a conversão da MP em lei no exercício da publicação da lei para tanto. Entretanto, para o IPI, deverá ser observado o prazo da noventena, de 90 dias após a data de publicação da MP. Logo, editada e publicada um MP majorando as alíquotas do IPI, somente poderão ser cobradas noventa dias após a data de publicação da referida MP. Quanto às taxas e contribuições de melhoria, devem ser observados, SEMPRE, os dois princípios: anterioridade e noventena. Quanto a essas espécies, não há qualquer exceção. Para os empréstimos compulsórios, o imposto sobre grandes fortunas e os impostos e contribuições residuais a serem instituídos pela União, estes não poderão ser instituídos ou majorados por meio de MP, uma vez que exigem Prof. Aluisio Neto 49 de 236

51 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 lei complementar, a qual não pode ter temas a ela conferidos tratados por MP por expressa proibição constitucional (artigo 62, 1º, III). Por fim, quanto às contribuições sociais, o STF entende que o prazo de 90 dias deve ser contado a partir da edição originaria da MP. Logo, publicada a MP majorando ou instituindo contribuição, esta começará a ter eficácia a partir do 91º seguinte ao da publicação da MP, INDEPENDENTE DO DIA DA CONVERSÃO EM LEI. Veja os seguintes julgados do STF, caro aluno: EMENTA: AGRAVO EXTRAORDINÁRIO. REGIMENTAL COFINS. EM MEDIDA RECURSO PROVISÓRIA 1.724/1998, CONVERTIDA NA LEI 9.718/1998. ALÍQUOTA FIXADA EM 3% (TRÊS POR CENTO). ANTERIORIDADE NONAGESIMAL. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que me parece juridicamente correta, é firme no sentido de que o prazo nonagesimal de que trata o 6º do art. 195 da Constituição Federal é contado a partir da publicação da Medida Provisória 1.724/1998, e não a partir da publicação da Lei (RE 9.718/ /SP, de 26/04/2011). EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. PIS. MEDIDA PROVISÓRIA 1.212/95. REEDIÇÕES. ART. 62, P. ÚNICO, DA CF/1988. CONSTITUCIONALIDADE. O Pleno do Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento do RE (rel. min. Carlos Velloso, DJ de ), entendeu que medida provisória reeditada dentro de seu prazo de validade não perde sua eficácia em função de sua não-apreciação pelo Congresso Nacional. Decidiu-se, também, que o prazo nonagesimal a que se refere o art. 195, 6º, nos casos de reedição Prof. Aluisio Neto de medida provisória, conta-se a partir 50 de 236 da

52 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 veiculação da primeira medida provisória. (RE AgR/BA, de 10/02/2009. PORÉM, A PREVISÃO ACIMA SOMENTE SE DÁ EM CASO DE APROVAÇÃO DA LEI SEM QUE HAJA ALTERAÇÃO SIGNIFICATIVA EM RELAÇÃO AO TEXTO ORIGINAL DA MP. CASO HAJA ALTERAÇÃO SUBSTANCIAL DO TEXTO DA MP NO CONGRESSO NACIONAL ANTES DE SUA CONVERSÃO EM LEI, O PRAZO DE 90 DIAS SERÁ CONTADO A PARTIR DA PUBLICAÇÃO DO NOVO TEXTO, E NÃO DA DATA DA PUBLICAÇÃO DA MP. Antes de passarmos para o próximo princípio tributário, vamos ver algumas questões de provas passadas que versaram sobre o princípio da noventena. (FCC/2006/SEFAZ-PB/Auditor Fiscal de Tributos Estaduais/Prova 2) Aplica-se o princípio da anterioridade nonagesimal (noventena criada pela Emenda Constitucional no 42 de 19/12/2003) ao imposto sobre: a) operações de crédito, câmbio e seguro ou relativas a títulos ou valores mobiliários. b) renda e proventos de qualquer natureza. c) importação de produtos estrangeiros. d) exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados. e) operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Prof. Aluisio Neto 51 de 236

53 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 São exceções ao princípio da noventena os seguintes tributos: II, IE, IOF e IR Artigo 153, I, II, III e IV; Impostos Extraordinários de Guerra (IEG) Artigo 154, II; Empréstimos compulsórios nos casos de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência Artigo 148, I; Fixação da base de cálculo do IPVA Artigo 155, III; Fixação de base de cálculo do IPTU Artigo 156, I. Assim, resta como correta a alternativa "e", gabarito da questão, uma vez que o princípio da anterioridade nonagesimal se aplica integralmente ao ICMS, imposto de competência estadual. (FMP Adjunto de Procurador do Ministério Público Especial junto ao Tribunal de Contas do RS) Quanto à anterioridade tributária, (A) há duas regras de anterioridade: a anterioridade de exercício para os impostos e a anterioridade nonagesimal para as contribuições. (B) as contribuições não estão sujeitas à anterioridade de exercício. (C) as contribuições sociais destinadas ao financiamento da seguridade social não estão sujeitas à anterioridade de exercício. (D) as taxas não estão sujeitas à anterioridade nonagesimal mínima prevista no art. 150, III, c, da CF. (E) a anterioridade nonagesimal mínima só é aplicável aos impostos sobre o patrimônio. Alternativa a) Incorreta. O princípio da anterioridade, seja ele do exercício ou nonagesimal, é aplicado tanto a impostos quanto a contribuições, indistintamente, e desde que determinada hipótese não seja uma exceção a um ou a outro princípio, ou a ambos. Prof. Aluisio Neto 52 de 236

54 Alternativa b) Incorreta. Exceto nos casos expressamente previstos na CF/88, as contribuições estão sujeitas ao princípio da anterioridade. Como exemplo, temos as contribuições de melhoria, as contribuições para o custeio do serviço de iluminação pública, entre outras. Alternativa c) Correta. É o que nos diz o artigo 195, 6º, da CF/88, o qual determina que as contribuições sociais ficarão sujeitas apenas ao princípio da anterioridade nonagesimal. Ou seja, ainda que a lei de instituição de uma contribuição seja publicada em 2011, esse tributo já poderá ser exigido dentre deste mesmo ano, desde que já tenham sido decorridos noventa dias a partir da publicação da lei de instituição. Alternativa d) Incorreta. As taxas são tributos que obedecem aos dois princípios da anterioridade previstos na nossa CF/88. Tanto o da anterioridade anual quanto o da anterioridade nonagesimal, não comportando exceções. Alternativa e) Incorreta. A anterioridade nonagesimal é aplicada especificamente a cada tributo, não comportando regra que englobe esse ou aquele grupo de tributos em razão de uma característica comum, como o são os impostos sobre o patrimônio (IPTU, IR, ITR). O princípio da anterioridade nonagesimal, por exemplo, é aplicado também aos impostos sobre a circulação, como o ICMS, regra geral. (ESAF/SEFIN-Natal/Auditor Fiscal /2008) O Governador do Estado de Minas Gerais fez publicar, em 6 de novembro de 2007, em atenção às Constituições Estadual e Federal, medida provisória visando à majoração de imposto estadual. A norma entrou em vigor na data de sua publicação. O Poder Legislativo Estadual, porém, somente converteu a medida provisória em lei no dia 20 de fevereiro de Em face da situação hipotética e Prof. Aluisio Neto 53 de 236

55 considerando os parâmetros de vigência e aplicação da legislação tributária, aponte em que data o aumento poderá ser efetivamente cobrado. a) 1º de janeiro de b) 4 de fevereiro de c) 20 de maio de d) 1º de janeiro de e) 31 de março de A regra presente no artigo 62, 2º, da CF/88 é clara, dispondo que, salvo no caso das exceções expressamente previstas (II, IE, IPI, IOF, IEG), as medidas provisórias que impliquem em instituição ou majoração de impostos só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. Uma vez que as exceções dizem respeito a tributos federais, a medida provisória editada pelo poder estadual somente poderia surtir efeitos no ano de 2008 se houvesse sido convertida em lei até o ultimo dia de 2007, o que não ocorreu no caso. Uma vez que a medida provisória somente foi convertida em lei no dia 20 de fevereiro de 2008, e atendendo aos princípios da anterioridade e da noventena, o referido tributo somente poderá ser cobrado no dia 1º de janeiro de Assim, resta como correta a alternativa "d", gabarito da questão. Prof. Aluisio Neto 54 de 236

56 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Princípio da Isonomia Tributar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida da sua desigualdade. Essa é a famosa frase em que se baseia o princípio da isonomia tributária, que visa estabelecer parâmetros de tributação justa e equânime entre os diferentes tipos de contribuintes. A isonomia, ou igualdade, está prevista genericamente no caput do artigo 5º da CF/88: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) Por sua vez, o princípio da isonomia, no âmbito tributário, encontra-se insculpido no artigo 150, II, da CF/88, que assim nos diz: Art Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; (Grifos nosso) Estabelecer uma só regra para todos os contribuintes não é aplicar corretamente o princípio da isonomia, uma vez que a lei tributária deve considerar as diferenças que existem entre cada uma das classes de sujeitos passivos, rendas, patrimônios e demais fatores pertinentes à capacidade contributiva de cada um. Prof. Aluisio Neto 55 de 236

57 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Por exemplo, caso a lei que regula o imposto sobre a Renda estabelecesse uma alíquota única de 10% para todos os contribuintes, estaria atingindo frontalmente o princípio da isonomia, uma vez que aqueles que dispõem de pouca renda seriam tributados igualmente aos milionários, que dispõem de maior patrimônio e renda. Tirar, por exemplo, R$ 100,00 de quem ganha R$ 1.000,00 por mês não parece ser tão justo quanto tirar R$ 1.000,00 de quem ganha R$ ,00. Os que ganham mais participam do financiamento da sociedade com valores maiores do que aqueles que ganham menos. Isso sem levar em consideração os que nada ganham, ou ainda os atuais isentos do IR. Diante disso é que, por exemplo, foi instituído, para o imposto de renda, alíquotas progressivas, visando tributar com uma parcela maior dos rendimentos aqueles que ganham mais renda, cuja alíquota máxima, atualmente, é 27,50%. Observe a seguinte tabela de rendimentos e respectivas alíquotas de IR para o ano-calendário 2010, sendo um ótimo exemplo de aplicação do princípio da isonomia: Na esteira de tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, surge para o princípio da isonomia duas acepções: a vertical e a horizontal. A acepção vertical se refere às pessoas que estão em situações diferentes, devendo, assim, serem tributadas de maneira diferente, conforme a sua Prof. Aluisio Neto 56 de 236

58 capacidade contributiva. Logo, devem ser tratadas de maneira diferencia à medida que as suas diferenças se evidenciam. Por sua vez, a acepção horizontal do princípio da isonomia é relativo às pessoas que se encontram em situação equivalente, devendo ser tributadas de maneira também equivalente. Por sua vez, a igualdade tributária pressupõe duas vertentes importantes: IGUALDADE PERANTE A LEI é a igualdade no seu sentido jurídico, no qual os normativos tributários devem prever tratamento jurídico igualitário entre todos aqueles que se mostram iguais e em idênticas situações, aplicando-se regras diferenciadas para cada grupo de iguais e desiguais; IGUALDADE NA LEI é a igualdade no sentido econômico, que visa tributar de maneira igual os iguais e de maneira desigual os desiguais, sem extrapolar os limites da sua capacidade contributiva, sendo, por exemplo, os impostos graduados conforme o que cada um pode contribuir (por exemplo, os que ganham R$ ,00, a princípio, parecem iguais, mas a lei deve considerar que uns podem gastar uma parte da sua renda apenas com luxuria e bens supérfluos, enquanto outros gastam parte delas com educação, dependentes, remédios, hospitais, etc.). Veja o que nos diz o STF sobre o tema acima: O POSTULADO CONSTITUCIONAL DA ISONOMIA - A QUESTÃO DA IGUALDADE NA LEI E DA IGUALDADE PERANTE A LEI (RTJ 136/ , REL. P/ O ACÓRDÃO MIN. CELSO DE MELLO). - O princípio da isonomia - que vincula, no plano institucional, todas as instâncias de poder - tem por função precípua, consideradas as razões de ordem jurídica, social, ética e política que lhe são inerentes, a de obstar discriminações e extinguir privilégios (RDA 55/114), Prof. Aluisio Neto 57 de 236

59 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 devendo ser examinado sob a dupla perspectiva da igualdade na lei e da igualdade perante a lei (RTJ 136/ ). A alta significação que esse postulado assume no âmbito do Estado democrático de direito impõe, quando transgredido, o reconhecimento da absoluta desvalia jurídicoconstitucional dos atos estatais que o tenham desrespeitado. Situação inocorrente na espécie. - A isenção tributária concedida pelo art. 2º da Lei nº 8.393/91, precisamente porque se acha despojada de qualquer coeficiente de arbitrariedade, não se qualifica - presentes as razões de política governamental que lhe são subjacentes - como instrumento de ilegítima outorga de privilégios estatais em favor de determinados estratos de contribuintes.(ai AgR/MG, de 06/12/2005). Observe que a CF/88 não proíbe a discriminação tributária, apenas condena aquelas que sejam desvirtuadas e sem razão de ser. Diferenciação tributária em razão de sexo, origem, raça, opção sexual, convicção política ou filosófica, por exemplo, não se apresentam como justificativa para a adoção de tratamento tributário diferenciado entre os contribuintes. É esse tipo de discriminação que a CF/88 veda, em especial em razão da atividade profissional ou função exercida pelo contribuinte, ou ainda em função da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos percebidos. Assim, é razoável instituir uma isenção do IPTU àqueles que moram em imóveis situados em áreas reconhecidamente carentes de infraestrutura. Ou aos automóveis, quanto ao IPVA, com mais de 15 anos de uso. Exemplo clássico, também, é a permissão de deduções do IR quanto aos valores pagos com educação e saúde do contribuinte e dependentes. Prof. Aluisio Neto 58 de 236

60 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 De maneira diferente, não se mostra coerente, em nenhuma ótica de pensamento comum e igualitário, isentar do imposto de renda os rendimentos dos governadores estaduais, ou conceder isenção para o ITBI quanto aos imóveis transmitidos para artistas de televisão. Outro exemplo, dessa vez em relação à denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, seria o caso de duas empresas do ramo de construção civil que possuem exatamente o mesmo tipo de trabalhar executando a mesma função. Em uma, os valores pagos são denominados de salário. Em outra, de auxilio construção. A tributação de ambos não poderá ser diferenciada exclusivamente em razão da denominação dada a cada um deles, ainda que, para fins jurídicos, elas não existam na prática (foi apenas um exemplo esdrúxulo, caro aluno). Todos os exemplos tratados acima se referem aos chamados privilégios odiosos, que são os privilégios baseados em critérios repugnantes e sem fundamento tributário. São eles que o princípio da isonomia visa combater, devendo existir correlação aceitável entre o benefício a ser concedido e a discriminação a ser instituída. Cláusula do Pecunia Non Olet Essa cláusula, traduzida também como um princípio tributário, firma-se no sentido de que o dinheiro não tem cheiro, de autoria do Imperador Vespasiano, da Roma Antiga. Assim, a hipótese de incidência tributária deve ser entendida de forma que o intérprete se abstraia da licitude ou ilicitude da atividade exercida. Por esse pensamento, tanto as atividades perfeitamente lícitas e legais quanto aquelas ilícitas e à margem da legalização devem ser tributadas de igual forma, uma vez que o direito tributário se firma apenas na ocorrência do Prof. Aluisio Neto 59 de 236

61 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 fato gerador, abstraindo-se da validade jurídica ou não dos atos que a ele deram origem. O direito tributário preocupa-se apenas com a relação econômica relativa a determinado fato jurídico, conforme nos diz o artigo 118 do CTN, cujo texto é o seguinte: Art A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. (Grifos nosso) Como exemplo, imagine um traficante da recém tomada Rocinha que, em razão do seu negócio de circulação de drogas e entorpecentes de elevada estima e qualidade, tenha auferido renda de R$ ,00. Nada mais claro do que a ilicitude do tráfico de drogas e entorpecentes proibidos, sendo considerado inclusive um crime inafiançável. Contudo, a renda auferida está sujeita à incidência do IR, uma vez que houve o seu fato gerador, qual seja: auferir renda. Assim, igualmente a todos os trabalhadores que auferem renda em razão da labuta diária, o prezado traficante também está obrigado ao pagamento do IR. Observe que o motivo não é o tráfico de drogas, mas sim a aquisição da renda decorrente deste, que dá origem à obrigação tributária. Não há qualquer sanção imposta por meio do tributo em decorrência do ato ilícito. Esse deverá ser punido em outra esfera, como a penal, mas jamais na tributária. Prof. Aluisio Neto 60 de 236

62 Da mesma maneira, são também tributáveis todas as rendas decorrentes, por exemplo, do tráfico de pessoas, lenocínio, prostituição, corrupção, lavagem de dinheiro (que bom seria que fosse realmente tributável na prática), jogos de azar, entre outros. Nada impediria, por exemplo, a cobrança de IPTU sobre imóvel utilizado como casa de prostituição ou no sacrifício ilegal de animais, ou ainda em rituais satânicos. O mesmo acontece com o IPTU incidente sobre um hospital ou um abrigo de idosos. Nada disso importa para a tributação. Se há a propriedade predial de imóvel situado no Município, é devido o IPTU aos cofres municipais. Veja o que diz o STF sobre o tema: A jurisprudência da Corte, à luz do art. 118 do Código Tributário Nacional, assentou entendimento de ser possível a tributação de renda obtida em razão de atividade ilícita, visto que a definição legal do fato gerador é interpretada com abstração da validade jurídica do ato efetivamente praticado, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Princípio do non olet. (HC 94240/SP, de 23/08/2011). EMENTA: Sonegação fiscal de lucro advindo de atividade criminosa: "non olet". Drogas: tráfico de drogas, envolvendo sociedades comerciais organizadas, com lucros vultosos subtraídos à contabilização regular das empresas e subtraídos à declaração de rendimentos: caracterização, em tese, de crime de sonegação fiscal, a acarretar a competência da Justiça Federal e atrair pela conexão, o tráfico de entorpecentes: irrelevância da origem ilícita, mesmo quando criminal, da renda subtraída à tributação. A exoneração tributária dos resultados econômicos de fato criminoso - antes de ser corolário do princípio da moralidade - constitui violação do princípio de isonomia fiscal, de manifesta inspiração ética. (HC 77530/RS, de 25/08/1998). Prof. Aluisio Neto 61 de 236

63 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Vamos ver agora algumas decisões do STF sobre o tema da igualdade tributária, ou do princípio da isonomia: Sob o pretexto de tornar efetivo o princípio da isonomia tributária, não pode o Poder Judiciário estender benefício fiscal sem que haja previsão legal específica. No caso em exame, a eventual conclusão pela inconstitucionalidade do critério que se entende indevidamente restritivo conduziria à inaplicabilidade integral do benefício fiscal. A extensão do benefício àqueles que não foram expressamente contemplados não poderia ser utilizada para restaurar a igualdade de condições tida por desequilibrada. (RE /PR, de 01/12/2010). A Constituição Federal outorga aos Estados e ao Distrito Federal a Propriedade competência de Veículos isenção, mas, ao para instituir o Imposto Automotores e para sobre conceder mesmo tempo, proíbe o tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem na mesma situação econômica. Observância aos princípios da igualdade, da isonomia e da liberdade de associação. (ADI 1655/AP, 03/03/2004). Ao instituir incentivos fiscais a empresas que contratam empregados com mais de quarenta anos, a Assembléia Legislativa Paulista usou o caráter extrafiscal que pode ser conferido aos tributos, para estimular conduta por parte do contribuinte, sem violar os princípios da igualdade e da isonomia. (ADI 1276/SP, de 29/02/2002). Por disposição constitucional (CF, artigo 179), as microempresas e as empresas de pequeno porte devem ser beneficiadas, nos termos da lei, pela "simplificação de suas obrigações Prof. Aluisio Neto administrativas, tributárias, previdenciárias 62 de 236 e

64 creditícias, ou pela eliminação ou redução destas" (CF, artigo 179). 4. Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do SIMPLES aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado.(ADI 1643/DF, de 05/12/2002). A Constituição consagra o tratamento isonômico a contribuintes que se encontrem na mesma situação, vedando qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida (art. 150, II, CF). II Assim, afigura-se inconstitucional dispositivo de lei que concede aos membros e servidores do Poder Judiciário isenção no pagamento de custas e emolumentos pelos serviços judiciais e extrajudiciais. (ADI 3334/RN, de 17/03/2011). Quanto à decisão acima, o mesmo ocorre no caso de concessão de isenção de IPTU a determinado contribuinte fundando-se apenas na sua qualidade de servidor público. Tal concessão, caso existente e fundada apenas nesse parâmetro, é inconstitucional, por violar o princípio da isonomia. EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. PIS/PASEP E COFINS. EXTENSÃO DE TRATAMENTO DIFERENCIADO. ISONOMIA. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. 1. O acolhimento da postulação da autora --- extensão do tratamento tributário diferenciado concedido às instituições financeiras, às cooperativas e às revendedoras de carros usados, a título do PIS/PASEP e da COFINS --- implicaria converter-se o STF Prof. Aluisio Neto 63 de 236

65 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 em legislador positivo. Isso porque se pretende, dado ser ínsita a pretensão de ver reconhecida a inconstitucionalidade do preceito, não para eliminá-lo do mundo jurídico, mas com a intenção de, corrigindo eventual tratamento adverso à isonomia, estender os efeitos da norma contida no preceito legal a universo de destinatários nele não contemplados. (RE AgR/PE, de 22/04/2008). Lei que restringe os contribuintes da COSIP aos consumidores de energia elétrica do município não ofende o princípio da isonomia, ante a impossibilidade de se identificar e tributar todos os beneficiários do serviço de iluminação pública. II - A progressividade da alíquota, que resulta do rateio do custo da iluminação pública entre os consumidores de energia elétrica, não afronta o princípio da capacidade contributiva. III - Tributo de caráter sui generis, que não se confunde com um imposto, porque sua receita se destina a finalidade específica, nem com uma taxa, por não exigir a contraprestação individualizada de um serviço ao contribuinte. IV - Exação que, ademais, se amolda aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. (RE /SC, de 25/03/2009). Por fim, o princípio da isonomia está intimamente ligado ao princípio da capacidade contributiva, princípio que veremos no item seguinte da nossa aula de hoje. Prof. Aluisio Neto 64 de 236

66 Princípio da Capacidade Contributiva Esse é mais um princípio relacionado à justiça fiscal e à isonomia no tratamento tributário, visando tratar todos conforme o poder que cada um tem de contribuir com a sociedade, sem lhe arrancar o indispensável à própria sobrevivência. O princípio da capacidade contributiva está previsto no artigo 145, 1º, da CF/88, que assim nos diz: Art (...) 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. (Grifos nosso) Só com esse enunciado já é possível responder muitas questões de prova. Veja um exemplo, caro aluno. (ESAF/SRF/AFRF/2000) Para responder esta questão preencha corretamente as lacunas, indique a opção que, de acordo com a Constituição da República, contém o par correto de expressões. (1), os impostos terão caráter pessoal para, entre outros objetivos, conferir efetividade, ao objetivo de graduar os impostos segundo a capacidade econômica do contribuinte, é facultado à administração tributária, identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte, (2) Prof. Aluisio Neto 65 de 236

67 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 a) (1) Tendo em vista o princípio da impessoalidade, em caso algum (2) desde que haja determinação da autoridade administrativa, em mandado específico de investigação fiscal. b) (1) Havendo opção pelo legislador e aplicador da lei, segundo sua livre discrição, (2) desde que, segundo expressa exigência constitucional, haja específica autorização judicial. c) (1) Havendo expressa opção pelo legislador, (2) mas apenas se houver alteração constitucional nesse sentido, pois hoje o Estatuto Supremo o impede. d) (1) Sempre que possível, (2) respeitados os direitos individuais e nos termos da lei. e) (1) Desde que previsto em lei de iniciativa exclusiva do Presidente da República, (2) mas a Constituição expressamente veda acesso a dados financeiros do contribuinte em poder de terceiros. Essa questão tratou do princípio da capacidade contributiva, um dos princípios preferidos das bancas examinadoras. Esse princípio está presente no 1º do artigo 145 da CF/88, cuja redação é a seguinte: 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Professor, tenho que decorar o texto desse parágrafo. É a cobrança literal do que tem nele. Muitas questões de concursos cobram a literalidade desse parágrafo. Será ótimo se você souber todo o conteúdo dele sem precisar decorar, mas, se decorar, já poderá resolver muitas questões. Prof. Aluisio Neto 66 de 236

68 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Observe o começo do texto do parágrafo e compare com o que consta no inicio das alternativas. Somente a alternativa d preenche os requisitos do enunciado. O princípio da capacidade contributiva será observado sempre que for possível pelo legislador, uma vez que nem todos os impostos presentes na nossa constituição permitem essa individualização, tendo como exemplo o IPTU e o ITR, imposto reais por natureza. Assim, resta como correta a alternativa "d", gabarito da questão. O princípio da capacidade contributiva está intimamente relacionado ao princípio da igualdade ou da isonomia, ou seja, a igualdade na lei, na qual se busca a justiça social dos tributos. Diante disso, temos que separar dois tipos de equidade: a horizontal e a vertical. A equidade horizontal significa que os contribuintes que possuam igual capacidade contributiva devem ser tributados de maneira igual, com a mesma participação e pagando os mesmos valores de tributos. É o que podemos chamara de tratar igualmente os iguais. Por sua vez, a equidade vertical nos diz que os contribuintes que possuem capacidades contributivas diferentes devem ser tributados e pagar tributos de maneira diferente, suportando cargas tributárias diferenciadas. É o que chamamos de tratar desigualmente os desiguais, na medida da sua desigualdade. Quem ganha mais deve pagar mais do que aquele que ganha menos. E, para um melhor implemento dessa equidade, devem ser buscados os mecanismos adequados, como a progressividade de alíquotas, a seletividade de mercadorias e serviços, as imunidades e a isenções, princípios e demais temas a serem vistos mais adiante. Nesse contexto, temos que diferenciar a capacidade econômica da capacidade contributiva. Vejamos. Prof. Aluisio Neto 67 de 236

69 A capacidade econômica está relacionada ao aspecto objetivo, ou absoluto, o qual está intimamente ligado ao poder presumido que cada cidadão tem em contribuir com parcela do seu patrimônio. Esta capacidade diz respeito à manifestação de riqueza, tendo, como exemplo, a renda auferida pelo contribuinte, um imóvel a ele pertencente, as transações por ele realizadas, entre outros. Falando no popular, se ele tem esse carro, ele pode pagar o IPVA, por exemplo. Esse aspecto não leva em consideração fatos relacionados ao próprio contribuinte, os quais estão relacionados à capacidade contributiva. Por sua vez, a capacidade contributiva está relacionada ao aspecto subjetivo da tributação, sendo, portanto, relativo, uma vez que leva em consideração fatos e situações relativas ao contribuinte em si. Esse aspecto está bastante relacionado à personalização dos impostos, uma vez que não leva em conta a tributação, digamos, seca, do tipo alíquota sobre base de calculo e valor a pagar. Antes disso, faz-se uma mensuração do quanto o contribuinte realmente pode dispor do seu patrimônio. No popular, teríamos: Se ele tem esse carro, ele pode ter como pagar IPVA, mas vamos ver se ele ganhou como herança ou em algum sorteio. Se foi em sorteio, ele não tem como pagar o imposto porque só ganha, por mês, R$ 500,00 de salário, e ainda ajuda a mãe e os irmãos que moram no interior. Observou como é uma questão bem mais subjetiva, caro aluno? O simples fato de ter um carro importado não significa, de pronto, que somos capazes de arcar com a tributação sobre ele. Podemos possuir a capacidade econômica, mas não a capacidade contributiva. Outros fatores devem ser analisados. Outro exemplo seria aquele que ganha R$ ,00 e gasta R$ 7.000,00 com despesas de saúde, educação e dependentes, ao passo que outro que ganha os mesmos R$ ,00 gaste R$ 5.000,00 em baladas, festas e bens supérfluos. Evidente que ambos não devem pagar o mesmo valor em tributos, como, por exemplo, o imposto de renda. É nesse ponto que entra a Prof. Aluisio Neto 68 de 236

70 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 capacidade contributiva, ou a chamada personalização dos impostos conforme a capacidade contributiva de cada um. A personalização de impostos está presente logo no início do enunciado do 1º do artigo 145 da CF/88: sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte. Dessa maneira, sempre que possível, em razão das características de cada contribuinte, os impostos terão caráter pessoal, levando-se em consideração aspectos pessoais relacionados àquele. Um bom e clássico exemplo dessa personalização é a possibilidade de deduções e abatimentos quanto ao imposto sobre a renda, relacionados a despesas com saúde, educação, dependentes, patrocínios, entre outros possíveis previstos na legislação específica do tributo federal. Assim, a expressão sempre que possível deve ser entendida como a possibilidade do princípio da capacidade contributiva ser aplicada a um tipo de imposto, enquanto outros, por suas características, não poderem ser utilizados da mesma maneira. Os impostos reais, aqueles que incidem sobre bens e operações e que desconsideram aspectos pessoais do contribuinte, não são viáveis à implementação do princípio, tendo como exemplo o ICMS e o ITBI. Veja o que nos diz a Súmula STF nº 656: Prof. Aluisio Neto 69 de 236

71 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão "inter vivos" de bens imóveis - ITBI com base no valor venal do imóvel. Por sua vez, mostram-se bastante uteis à implementação do princípio da capacidade contributiva os tributos que estão relacionados também aos princípios da progressividade e da seletividade, devendo ser observada, sempre que possível, a característica de cada imposto, como falamos. Esses princípios veremos mais adiantes. Nesse ponto do estudo, é importante falarmos também de um conceito bastante utilizado: o mínimo vital, ou mínimo existencial, ou ainda mínimo necessário ou imponível. Este é entendido como o valor mínimo de rendimento que o contribuinte deve possuir de modo a não lhe faltar o necessário à sua própria sobrevivência e à manutenção da sua dignidade, sendo um corolário do princípio da capacidade contributiva. Essa previsão está presente no artigo 7º, IV, da CF/88, no título dedicado aos direitos e garantis fundamentais do cidadão: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; Assim, o mínimo vital é aquele valor mínimo onde a tributação não poderá agir, sob pena de expropriar o contribuinte de sua própria dignidade e existência. Nessa linha, cabe ao Estado identificar o patrimônio, as rendas e a atividade do contribuinte, incluindo-o em faixas de isenção ou tributação mais amena, Prof. Aluisio Neto 70 de 236

72 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 tornando o menor possível o impacto da tributação e aplicando o enunciado da capacidade contributiva de maneira eficaz e justa. Por sua vez, o princípio da capacidade contributiva é direcionado, de imediato, ao legislador ordinário das pessoas políticas, cabendo a este impor aos impostos o caráter pessoal, graduando-o conforme a capacidade contributiva de cada contribuinte. Por sua vez, é também direcionado aos aplicadores do direito, uma vez que cabe a estes a identificação das graduações previstas na lei relativas a cada contribuinte. Ok, professor. Estou entendendo tudo isso. Mas uma coisa me deixou pensativo: esse princípio se aplica apenas aos impostos? Pelo menos assim consta no texto do artigo 145, 1º, da CF/88. Analisando friamente o texto constitucional, chegaremos à conclusão que somente esta espécie tributária está sujeita ao princípio da capacidade contributiva. Entretanto, não é este o posicionamento do STF, que assim nos diz: A taxa de fiscalização da CVM, instituída pela Lei nº 7.940/89, qualifica-se como espécie tributária cujo fato gerador reside no exercício do Poder de polícia legalmente atribuído à Comissão de Valores Mobiliários. A base de cálculo dessa típica taxa de polícia não se identifica com o patrimônio líquido conseqüência, das qualquer empresas, situação de incorrendo, ofensa à em cláusula vedatória inscrita no art. 145, 2º, da Constituição da República. O critério adotado pelo legislador para a cobrança dessa taxa de polícia busca realizar o princípio constitucional da capacidade contributiva, também aplicável a essa modalidade de tributo, notadamente quando a taxa tem, como fato gerador, o exercício do poder de polícia. (RE AgR/Ce, 09/05/2000). Prof. Aluisio Neto 71 de 236

73 Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES. IPVA. PROGRESSIVIDADE. 1. Todos os tributos submetem-se ao princípio da capacidade contributiva (precedentes), ao menos em relação a um de seus três aspectos (objetivo, subjetivo e proporcional), independentemente de classificação extraída de critérios puramente econômicos. (RE AgR/MG, de 04/10/2011). EMENTA: TRIBUTÁRIO. TAXA DE CLASSIFICAÇÃO DE PRODUTOS VEGETAIS. DECRETO-LEI 1.899/81. I (...). II - Legitimidade na utilização da quantidade do produto a ser classificado na definição da base de cálculo da taxa, já que quanto maior essa grandeza, maior o custo da atividade prestada pelo Estado. (RE AgR/SC, de 27/11/2007). Outro posicionamento favorável ao pensamento está presente no próprio texto da CF/88, em seu artigo 1965, 9º, permitindo a diferenciação de alíquotas em função da atividade econômica, utilização de mão-deobra ou porte da empresa, relacionada às contribuições previdenciárias: Art º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho Entretanto, o princípio da capacidade contributiva não se aplica às multas aplicadas aos sujeitos passivos em razão de ilícitos tributários, uma vez que não há qualquer previsão, seja legal ou constitucional, para tanto. Por sua vez, a doutrina entende que a concretização do princípio da capacidade contributiva pode passar pelos seguintes pontos: Prof. Aluisio Neto 72 de 236

74 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Concessão de isenções; Presença de imunidades constitucionais no texto da CF/88; Princípio da progressividade; Princípio da seletividade. Para finalizar, quanto ao princípio da capacidade contributiva, temos ainda as seguintes decisões do STF: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. ITBI. PORTO ALEGRE. LEI COMPLEMENTAR MUNICIPAL 197/89. CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. ALÍQUOTAS PROGRESSIVAS. IMPOSSIBILIDADE. ENUNCIADO 656 DA SÚMULA/STF. (RE AI AgR/RS, de 15/03/2011). EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE TRANSMISSÃO DE IMÓVEIS, INTER VIVOS - ITBI. ALÍQUOTAS PROGRESSIVAS. C.F., art. 156, II, 2º. Lei nº , de , do Município de São Paulo, SP. I. Imposto de transmissão de imóveis, inter vivos - ITBI: alíquotas progressivas: a Constituição Federal não autoriza a progressividade das alíquotas, realizando-se o princípio da capacidade contributiva proporcionalmente ao preço da venda. (RE , de 08/04/1999). A vedação constitucional de tributo confiscatório e a necessidade de se observar o princípio da capacidade contributiva são questões cuja análise dependem da situação individual do contribuinte, principalmente em razão da possibilidade de se proceder a deduções fiscais, como se dá no imposto sobre a renda. Precedentes. 3. Conforme jurisprudência reiterada deste Supremo Tribunal Federal, não cabe ao Poder Judiciário autorizar a correção monetária da tabela progressiva do imposto de renda na ausência de Prof. Aluisio Neto 73 de 236

75 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 previsão legal nesse sentido. Entendimento cujo fundamento é o uso regular do poder estatal de organizar a vida econômica e financeira do país no espaço próprio das competências dos Poderes Executivo e Legislativo. (RE AgR/MG, de 01/08/2011). O efeito extrafiscal ou a calibração do valor do tributo de acordo com a capacidade contributiva não são obtidos apenas pela modulação da alíquota. O escalonamento da base de cálculo pode ter o mesmo efeito. (RE AgR/RJ, 01/03/2011). Lei que restringe os contribuintes da COSIP aos consumidores de energia elétrica do município não ofende o princípio da isonomia, ante a impossibilidade de se identificar e tributar todos os beneficiários do serviço de iluminação pública. II - A progressividade da alíquota, que resulta do rateio do custo da iluminação pública entre os consumidores de energia elétrica, não afronta o princípio da capacidade contributiva. III - Tributo de caráter sui generis, que não se confunde com um imposto, porque sua receita se destina a finalidade específica, nem com uma taxa, por não exigir a contraprestação individualizada de um serviço contribuinte. (RE AgR/Sc, de 25/03/2009). Prof. Aluisio Neto 74 de 236 ao

76 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 (FCC/2009/TCE-GO/Analista de Controle Previsto Externo) expressamente na Constituição Federal como sendo um princípio direcionado aos impostos para que, sempre que possível, tenham caráter pessoal e atendam às condições econômicas do contribuinte, corresponde ao princípio da: a) isonomia. b) pessoalidade. c) capacidade contributiva. d) dignidade da pessoa humana. e) progressividade. O princípio que direciona o legislador a, sempre que possível, observar as características individuais do contribuinte é o princípio da capacidade contributiva, que afirma que as pessoas devem pagar apenas os tributos que podem suportar pagar, sem que isso lhes absorva o mínimo necessário à sua sobrevivência nem se torne confiscatória a carga tributária imposta. Assim, resta como correta a alternativa "c", gabarito da questão. (ESAF/APOF/SP/2009) O princípio da capacidade contributiva: a) não se aplica às penalidades tributárias. b) aplica-se somente às contribuições. c) aplica-se somente aos impostos. d) aplica-se indistintamente a todas as espécies tributárias. e) é atendido pela progressividade dos impostos reais. Prof. Aluisio Neto 75 de 236

77 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 O principio da capacidade contributiva, embora expressamente previsto na CF/88 como de aplicação aos impostos, é aplicável também a todos os tributos, conforme decisão do STF (RE AgR/MG, de 04/10/2011), o que torna incorretas as alternativas b e c. Por sua vez, sua aplicação não se dá em todas as espécies tributárias, uma vez que existem tributos que não permitem a personalização, tendo como exemplo os impostos reais, que incidem sobre os bens. Logo, incorreta também a alternativa d. A alternativa e não possui sentido lógico, já que o principio da capacidade contributiva NÃO se aplica, regra geral, aos impostos reais. Assim, resta como correta a alternativa "a", gabarito da questão. Prof. Aluisio Neto 76 de 236

78 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Princípio do Não-Confisco Princípio de extrema importância prática e para a sua prova, o qual veda a instituição de tributos com efeitos confiscatórios, retirando do sujeito passivo valores que superam o mínimo vital à sua sobrevivência e à dos seus familiares e dependentes. Está expressamente previsto no texto constitucional relativo ao Sistema Tributário Nacional. Nenhuma carga tributária pode ser imposta de modo a arrancar do cidadão mais do que ele pode pagar, devendo ser razoável e proporcional o gravame tributário a ser imposto a todos que o suportam. Os tributos são instituídos para financiar o Estado é a sociedade, e não confiscar os bens dos cidadãos. Esse princípio está diretamente relacionado ao que prevê o inciso XXII do artigo 5º da CF/88, que assim nos diz: XXII - é garantido o direito de propriedade; Esse princípio capacidade está também contributiva proporcionalidade e da do diretamente sujeito razoabilidade, relacionado passivo, dois bem dos ao princípio como pilares da aos da mestres da Administração Pública brasileira. Diametralmente oposto ao princípio do não confisco temos o mínimo vital. Enquanto aquele se apresenta como o limite máximo possível de tributação pelos entes políticos, este se apresenta como o limite mínimo. O princípio do não-confisco ajuda a dimensionar o alcance do princípio da progressividade, já que exige equilíbrio, moderação e medida na quantificação dos tributos instituídos pelos entes políticos. O princípio do não-confisco está capitulado no artigo 150, IV, da CF/88, cujo texto é o seguinte: Prof. Aluisio Neto 77 de 236

79 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Art Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) IV - utilizar tributo com efeito de confisco; A própria CF/88 não define o que vem a ser confisco, deixando para a jurisprudência ou para a legislação infraconstitucional essa tarefa. A jurisprudência do STF, em brilhante pedagogia, vem nos dizer o que vem a ser uma carga confiscatória e a maneira como esta deve ser apurada, sendo baliza para o legislador tributário nacional. Eis o trecho da decisão, a qual quero que leia com muito carinho: A proibição constitucional do confisco em matéria tributária nada mais representa senão a interdição, pela Carta Política, de qualquer pretensão governamental que possa conduzir, no campo da fiscalidade, à injusta apropriação estatal, no todo ou em parte, do patrimônio ou dos rendimentos dos contribuintes, comprometendo-lhes, pela insuportabilidade da carga tributária, o exercício do direito a uma existência digna, ou a prática de atividade profissional lícita ou, ainda, a regular satisfação de suas necessidades vitais (educação, saúde e habitação, por exemplo). A identificação do efeito confiscatório deve ser feita em função da totalidade da carga tributária, mediante verificação da capacidade de que dispõe o contribuinte - considerado o montante de sua riqueza (renda e capital) - para suportar e sofrer a incidência de todos os tributos que ele deverá pagar, dentro de determinado período, à mesma pessoa política que os houver instituído condicionando-se, (a ainda, União a Federal, aferição do no caso), grau de insuportabilidade econômico-financeira, à observância, pelo Prof. Aluisio Neto 78 de 236

80 legislador, de padrões de razoabilidade destinados a neutralizar excessos de ordem fiscal eventualmente praticados pelo Poder Público. Resulta configurado o caráter confiscatório de determinado tributo, sempre que o efeito cumulativo - resultante das múltiplas incidências tributárias estabelecidas pela mesma entidade estatal - afetar, substancialmente, de maneira irrazoável, o patrimônio e/ou os rendimentos do contribuinte. - O Poder Público, especialmente em sede de tributação (as contribuições de seguridade social revestem-se de caráter tributário), não pode agir imoderadamente, pois a atividade estatal acha-se essencialmente condicionada pelo princípio da razoabilidade. (ADC 8 MC/DF, de 13/10/1999). (Grifos nosso) Dessa decisão, podemos tirar as seguintes conclusões, de grande importância para a sua prova: 1) A identificação do efeito confiscatório deve ser feita em relação à TOTALIDADE DA CARGA TRIBUTÁRIA; 2) Deve ser realizada verificação da capacidade de que dispõe o contribuinte para suportar o ônus tributário, devendo ser considerado o montante de sua riqueza (renda e capital) para suportar e sofrer a incidência de todos os tributos que deverá pagar; 3) Devem ser considerados os tributos em relação ao mesmo período de tempo; 4) DEVEM SER CONSIDERADOS APENAS OS TRIBUTOS PAGOS A UMA MESMA PESSOA POLÍTICA QUE HOUVER INSTITUÍDO; 5) PODE ALCANÇAR QUALQUER TRIBUTO PREVISTO NA CF/88. Prof. Aluisio Neto 79 de 236

81 O confisco tributário pode ser observado sempre que a capacidade contributiva do sujeito passivo chega ao ser limiar máximo, a partir do qual o Estado começa a arrancar daquele o mínimo necessário à sobrevivência, confiscando o patrimônio do sujeito passivo. Assim, toda imposição tributária que vá além da capacidade contributiva passa a assumir caráter confiscatório, o que é vedado por nossa Constituição Federal. Da mesma maneira, invadir o mínimo vital necessário à sobrevivência do contribuinte também é definido como um ato confiscatório. O mínimo vital é o conceito que se traduz numa situação de riqueza mínima, dentro da qual qualquer nova imposição tributária torna insustentável a manutenção dos direitos básicos assegurados no artigo 7º, IV, da CF/88: Observe a figura abaixo: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; Prof. Aluisio Neto 80 de 236

82 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Assim, o princípio da proibição do confisco é uma derivação do direito de propriedade, podendo ser conceituado como uma limitação negativa ao poder de tributar imposta ao Estado, proibindo este de confiscar os bens ou o patrimônio dos particulares por meio de tributos. Por sua vez, os destinatários da regra contida no artigo 150, IV, da CF/88, são, em primeiro plano, o legislador infraconstitucional e, em segundo, os intérpretes da lei. Quanto ao tema, temos que falar dos chamados tributos extrafiscais (a serem vistos em aula posterior). Esses tributos foram criados com a função primária de regulação da economia, podendo ser utilizados para estimular ou desestimular determinada atividade. Para o segundo caso, podem ser adotadas alíquotas gravosas e extremamente onerosas ao sujeito passivo. Esses tributos são o II (imposto de importação), o IE (imposto de exportação), o IPI (imposto sobre produtos industrializados) e o IOF (imposto sobre movimentação financeira). A mesma observação vale para o IPTU (imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana) e para o ITR (imposto sobre a propriedade territorial rural), uma vez que uma das suas funções é desestimular a manutenção de propriedades improdutivas ou subutilizadas, impondo Prof. Aluisio Neto aos proprietários 81 de 236

83 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 alíquotas mais gravosas de forma a desestimular esse tipo de comportamento. Outra previsão é quanto aos impostos indiretos, como o ICMS e o IPI, que possuem caráter seletivo e, diante de determinada situação, podem vir a ser gravados com alíquotas excessivas. Por sua vez, temos as chamadas perspectivas estáticas e dinâmicas quanto à incidência do princípio do não confisco, as quais analisam o efeito gerado por este tomando por base a linha do tempo das normas tributárias. Veja o que diz o professor Ricardo Alexandre sobre o tema, em sua obra Direito Tributário Esquematizado, da qual transcrevemos a seguinte passagem: Na perspectiva estática, analisa-se a tributação do patrimônio em si mesmo, não havendo preocupação em se aferir potenciais mutações que acresçam o valor do bem tributado. Como exemplo, temos o IPVA, o IPTU e o ITR, que incidem normalmente sobre a propriedade de determinado bem, em certo momento na linha do tempo, sendo calculados sobre o valor do bem tributado numa data especificada na lei. Na perspectiva dinâmica, levam-se em consideração as potenciais mutações que constituam acréscimos patrimoniais, como é o caso do rendimento produzido por um imóvel (aluguel). Assim, a perspectiva estática leva em consideração apenas o valor do patrimônio isoladamente considerado em determinada passagem da linha do tempo, sem se ater a possíveis acréscimos àquele com o passar do tempo e das alterações promovidas nas normas tributárias. A manutenção do patrimônio é o único instrumento de aferição da capacidade contributiva e consequente implicação de efeitos confiscatórios quanto aos tributos impostos sobre aquele. Como bem citou o eminente professor, são Prof. Aluisio Neto 82 de 236

84 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 exemplos desse tipo de tributo o IPVA, o ITR e o IPTU, que incidem, por exemplo, para o IPVA, no primeiro dia do ano-calendário (regra geral). Por sua vez, a perspectiva dinâmica diz respeito à consideração de fatores relativos aos acréscimos que possam vir a ter determinado patrimônio dos contribuintes, sendo adotados também como indicadores da capacidade contributiva e da consequente imposição de confisco aos bens àqueles pertencentes. Logo, são levados em consideração para a aferição da carga tributária suportada os fluxos de riqueza do contribuinte e a consequente passagem de determinado tempo para a definição da tributação, tendo em vista as alterações promovidas nas normas tributárias. Como exemplos de tributos classificados sob essa ótica, temos o II, o IE, o IR, o ICMS, o IOF, o ITBI, e o ITCMD. Quanto ao tema, temos ainda algumas decisões do STF, as quais devem ser lidas com atenção, caro aluno: EMENTA: (...). VEDAÇÃO DO USO DE TRIBUTO COM EFEITO DE CONFISCO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO - II. AUMENTO DE ALÍQUOTA DE 4% PARA 14%. DEFICIÊNCIA DO QUADRO PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE INSTRUÇÃO NO DE JULGAMENTO REABERTURA DE DA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 1. A caracterização do efeito confiscatório pressupõe a análise de dados concretos e de peculiaridades de cada operação ou situação, tomando-se em conta custos, carga tributária global, margens de lucro e condições pontuais do mercado e de conjuntura social e econômica (art. 150, IV da Constituição). 2. O isolado aumento da alíquota do tributo é insuficiente para comprovar a absorção total ou demasiada do produto econômico da atividade privada, de modo a torná-la inviável ou excessivamente onerosa. (RE AgR/CE, 20/04/2010). Prof. Aluisio Neto 83 de 236 de

85 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 EMENTA: PROCESSUAL CONSTITUCIONAL. EFEITO DE CIVIL. TRIBUTÁRIO. CONFISCO. AGRAVO MULTA. REGIMENTAL. VEDAÇÃO APLICABILIDADE. DO RAZÕES RECURSAIS PELA MANUTENÇÃO DA MULTA. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO PRECISA DE PECULIARIDADE DA INFRAÇÃO A JUSTIFICAR A GRAVIDADE DA PUNIÇÃO. DECISÃO MANTIDA. 1. Conforme orientação fixada pelo Supremo Tribunal Federal, o princípio da vedação ao efeito de confisco aplica-se às multas. 2. Esta Corte já teve a oportunidade de considerar multas de 20% a 30% do valor do débito como adequadas à luz do princípio da vedação do confisco. Caso em que o Tribunal de origem reduziu a multa de 60% para 30%. 3. A mera alusão à mora, pontual e isoladamente considerada, é insuficiente para estabelecer a relação de calibração e ponderação necessárias entre a gravidade da conduta e o peso da punição. É ônus da parte interessada apontar peculiaridades e idiossincrasias do quadro que permitiriam sustentar a proporcionalidade da pena almejada. (RE AgR/MG, de 0604/2010). Observe essa importante passagem sublinhada no texto da decisão acima, que amplia os efeitos da proibição de confisco inclusive quanto à aplicação de multas ao sujeito passivo, quando essa não seja razoável e tenda a subtrair mais do que o previsto para uma penalidade pecuniária. Veja outro exemplo relativo às multas: É cabível, em sede de controle normativo abstrato, a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal examinar se determinado tributo ofende, ou não, o princípio constitucional da não-confiscatoriedade consagrado no art. 150, IV, da Constituição da República. Hipótese que versa o exame de diploma legislativo (Lei 8.846/94, art. 3º e seu parágrafo Prof. Aluisio Neto 84 de 236

86 único) que instituiu multa fiscal de 300% (trezentos por cento). - A proibição constitucional do confisco em matéria tributária - ainda que se trate de multa fiscal resultante do inadimplemento, pelo contribuinte, de suas obrigações tributárias - nada mais representa senão a interdição, pela Carta Política, de qualquer pretensão governamental que possa conduzir, no campo da fiscalidade, à injusta apropriação estatal, no todo ou em parte, do patrimônio ou dos rendimentos dos contribuintes, comprometendo-lhes, pela insuportabilidade da carga tributária, o exercício do direito a uma existência digna, ou a prática de atividade profissional lícita ou, ainda, a regular satisfação de suas necessidades vitais básicas. - O Poder Público, especialmente em sede de tributação (mesmo tratando-se da definição do "quantum" pertinente ao valor das multas fiscais), não pode agir imoderadamente, pois a atividade governamental achase essencialmente condicionada pelo princípio da razoabilidade que se qualifica como verdadeiro parâmetro de aferição da constitucionalidade material dos atos estatais. (ADI 1075/DF, de 17/06/1998). Em outras decisões, o STF entendeu que a imposição de multa de 20% ou de 30% do valor do tributo não se reveste de efeito confiscatório, não sendo possível invocar o princípio do não confisco nesses casos, uma vez que a fixação desses percentuais não ofende a capacidade contributiva dos sujeitos passivos. O mesmo entendimento vale para as multas de 100% aplicadas por meio de lançamento de ofício, tendo em vista o fato de o contribuinte ter omitido na declaração e recolhimento tempestivo da contribuição (RE /PR, de 08 de setembro de 2009) Veja outras decisões da Corte Suprema, finalizando o estudo desse princípio: Prof. Aluisio Neto 85 de 236

87 TAXA: CORRESPONDÊNCIA ENTRE O VALOR EXIGIDO E O CUSTO DA ATIVIDADE ESTATAL. - A taxa, enquanto contraprestação a uma atividade do Poder Público, não pode superar a relação de razoável equivalência que deve existir entre o custo real da atuação estatal referida ao contribuinte e o valor que o Estado pode exigir de cada contribuinte, considerados, para esse efeito, os elementos pertinentes às alíquotas e à base de cálculo fixadas em lei. - Se o valor da taxa, no entanto, ultrapassar o custo do serviço prestado ou posto à disposição do contribuinte, dando causa, assim, a uma situação de onerosidade excessiva, que descaracterize essa relação de equivalência entre os fatores referidos (o custo real do serviço, de um lado, e o valor exigido do contribuinte, de outro), configurar-se-á, então, quanto a essa modalidade de tributo, hipótese de ofensa à cláusula vedatória inscrita no art. 150, IV, da Constituição da República. (ADI 2551 MC/MG, de 02/04/2003). RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ALÍQUOTA PROGRESSIVA. 1. O acórdão recorrido está em consonância com o entendimento do Plenário deste Supremo Tribunal que, no julgamento da ADI MC, assentou que a instituição de alíquotas progressivas para a contribuição previdenciária dos servidores públicos ofende o princípio da vedação à utilização de qualquer tributo com efeito de confisco (art. 150, IV, da Constituição). Tal entendimento estende-se aos Estados e Municípios. (RE ArG/PR, de 21/03/2006). Prof. Aluisio Neto 86 de 236

88 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 IPI. MULTA MORATÓRIA. ART. 59. LEI 8.383/91. RAZOABILIDADE. A multa moratória de 20% (vinte por cento) do valor do imposto devido, não se mostra abusiva ou desarrazoada, inexistindo ofensa aos princípios da capacidade contributiva e da vedação ao confisco. (RE /RS, de 15/04/2003). IMPORTAÇÃO - REGULARIZAÇÃO FISCAL - CONFISCO. Longe fica de configurar concessão, a tributo, de efeito que implique confisco decisão que, a partir de normas estritamente legais, aplicáveis a espécie, resultou na perda de bem móvel importado.(ai AgR/DF, de 12/03/1996). EMENTA: Recurso Recolhimento extraordinário antecipado. desprovido. Substituição 2. ICMS. tributária "para frente". 3. É constitucional o regime de substituição tributária "para frente", em que se exige do industrial, do atacadista, ou de outra categoria de contribuinte, na qualidade de substituto, o recolhimento antecipado do ICMS incidente sobre o valor final do produto cobrado ao consumidor, retirando-se do revendedor ou varejista, substituído, a responsabilidade tributária. Precedente: RE n.º /SP, julgado em sessão plenária, a Não há, assim, ofensa ao direito de propriedade, ou mesmo a ocorrência de confisco, ut art. 150, IV, da Constituição Federal.(AI AgR/SP, de 02/05/2000). Prof. Aluisio Neto 87 de 236

89 (ESAF/SRP/AFPS/2002) À luz da Constituição, avalie as formulações seguintes e, ao final, assinale a opção que corresponde à resposta correta. I. É vedado à União elevar a alíquota do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, de 27,5% para 41%, incidente sobre renda líquida igual ou superior a R$ ,00, auferida no ano civil por pessoa física, por força da disposição constitucional vedatória da utilização de tributo com efeito de confisco, bem assim da que prevê a graduação de impostos segundo a capacidade econômica do contribuinte. II. A cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo poder público não constitui violação do dispositivo constitucional que veda o estabelecimento de limitações ao tráfego de pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais. III. Somente à União compete instituir impostos extraordinários, na iminência ou no caso de guerra externa, compreendidos ou não em sua competência tributária, podendo a respectiva cobrança ser iniciada no mesmo exercício financeiro em que seja publicada a lei ordinária que os instituir. a) Somente I é falsa. b) I e II são falsas. c) I e III são falsas. d) II e III são falsas. e) Todas são falsas. Item I) Falsa. O efeito confiscatório de um imposto não pode ser analisado, regra geral, de maneira isolada, mas em relação à totalidade dos tributos impostos pela mesma pessoa jurídica, conforme decisão do STF. Dessa decisão, podemos tirar as seguintes conclusões, de grande importância para a sua prova: Prof. Aluisio Neto 88 de 236

90 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 1) A identificação do efeito confiscatório deve ser feita em relação à TOTALIDADE DA CARGA TRIBUTÁRIA; 2) Deve ser realizada verificação da capacidade de que dispõe o contribuinte para suportar o ônus tributário, devendo ser considerado o montante de sua riqueza (renda e capital) para suportar e sofrer a incidência de todos os tributos que deverá pagar; 3) Devem ser considerados os tributos em relação ao mesmo período de tempo; 4) DEVEM SER CONSIDERADOS APENAS OS TRIBUTOS PAGOS A UMA MESMA PESSOA POLÍTICA QUE HOUVER INSTITUÍDO; 5) PODE ALCANÇAR QUALQUER TRIBUTO PREVISTO NA CF/88. A simples elevação de alíquotas, e tendo em vista ainda o valor alto da renda liquida sobre o qual incidirá a nova alíquota, não caracteriza efeito confiscatório, uma vez que, segundo uma máxima do direito tributário, quem mais tem, contribui com mais. Em seu RE /CE, de 20 de abril de 2010, o STF, em relação ao mesmo tema de alteração de alíquotas e consequente verificação do efeito confiscatório ou não do tributo, decidiu o seguinte: (...)VEDAÇÃO DO USO DE TRIBUTO COM EFEITO DE CONFISCO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO - II. AUMENTO DE ALÍQUOTA DE 4% PARA 14%. (...) 1. A caracterização do efeito confiscatório pressupõe a análise de dados concretos e de peculiaridades de cada operação ou situação, tomando-se em conta custos, carga tributária global, margens de lucro e condições pontuais do mercado e de conjuntura social e econômica (art. 150, IV da Constituição). 2. O isolado aumento da alíquota do tributo é insuficiente para comprovar a absorção total ou demasiada do produto econômico da Prof. Aluisio Neto 89 de 236

91 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 atividade privada, de modo a torná-la inviável ou excessivamente onerosa. Item II) Verdadeiro. É exatamente a exceção constante na parte final do artigo 150, V, da CF/88. É vedada a cobrança de TRIBUTOS que venham a limitar o tráfego de pessoas ou bens, exceto a cobrança de pedágio em razão da conservação de vias pelo poder público. Item III) Verdadeiro. O IEG é de competência exclusiva da União, que poderá instituir o imposto nos casos de guerra externa ou sua iminência, não devendo obediência aos princípios da anterioridade nem da noventena. Um ponto muito importante quanto ao tributo é o de que ele pode incidir sobre qualquer base econômica escolhida pelo legislador federal, até mesmo sobre aquelas já destinadas constitucionalmente a outros tributos, sejam ou não da União. Artigo 154, II, da CF/88. Assim, resta como correta a alternativa "a", gabarito da questão. Prof. Aluisio Neto 90 de 236

92 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Princípio da Liberdade de Tráfego A liberdade de tráfego é um direito constitucional dos cidadãos, que veda a imposições de limitações ao fluxo de pessoas, bens e mercadorias em razão do simples deslocamento dessas de um lugar para outro. Assim, se Virgulino desejar ir de Serra Talhada/PE para Teresina/PI, ambos os Estados não poderão impor exações tentando impedir esse deslocamento, nem onerar o pobre Virgulino somente por que ele queria ir a Teresina ver sua amada namorada Maria Feiosa! Seria uma falta de compaixão do Estado. Esse princípio está presente no artigo 150, V, da CF/88, cujo texto é o seguinte: Art Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; (Grifos nosso) É, caro aluno. Eu sei que você agora está me xingando (com X ou CH? ) dizendo Esse professor acabou de dizer que ninguém pode colocar limitações ao namoro de Virgulino e da pobrezinha da Mary, e agora ele mostra que pode haver limitações em razão de pedágios. Falei mesmo, caro aluno. Mas essa é a única exceção no texto constitucional a esse princípio, possibilitando a cobrança de pedágios em razão da locomoção de pessoas ou bens e da utilização de vias conservadas pelo Poder Público. Prof. Aluisio Neto 91 de 236

93 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Assim, não será toda e qualquer locomoção que ensejará a cobrança de pedágio quando utilizadas vias públicas, mas apenas naquelas conservadas pelo poder público e desde que o pedágio tenha sido instituído por meio de lei do ente competente para administrar a via. E, como entre Serra Talhada e Teresina não existem (AINDA) pedágios, o namoro de Virgulino e Mary (já ficaram íntimos) prosseguirá incólume. Ainda bem! O princípio da liberdade de tráfego está intimamente relacionado ao inciso XV do artigo 5º da CF/88, bem como à liberdade do comércio e ao princípio da forma federativa de Estado: XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; Dois pontos merecem ser reforçados, caro aluno, os quais quero que preste bastante atenção: A proibição se refere exclusivamente à impossibilidade de instituição de exações que se lastrem no deslocamento de pessoas ou bens no território dos Estados e dos Municípios, relativamente à transposição de limites intermunicipais ou interestaduais. Se uma pessoa deseja ir de um lugar para outro, como nosso amigo Virgulino, não poderá haver limitações a esse desejo de locomoção, que é livre a todos os cidadãos em tempo de paz. O fato gerador de um tributo jamais poderá ser a TRANSPOSIÇÃO DOS LIMITES INTERESTADUAIS OU INTERMUNICIPAIS. Essa previsão não se confunde com, por exemplo, o ICMS devido em relação à circulação de mercadorias de um para outro ponto do território nacional, uma vez que o seu fato gerador não é a transposição de fronteiras interestaduais ou intermunicipais, mas a circulação de Prof. Aluisio Neto 92 de 236

94 mercadorias em que há a transferência jurídica de sua propriedade. Além disso, há a previsão constitucional para a cobrança desse tributo, o que afasta qualquer pensamento sobre uma possível inconstitucionalidade do tributo. Como veremos posteriormente em aula relativa ao tributo estadual, o seu fato gerador ocorrerá ainda que a circulação se dê no âmbito do território de um mesmo Estado e até mesmo de um mesmo Município, ou ainda, sem que a mercadoria seja movida um centímetro sequer do lugar onde esteja. Não confunda, caro aluno! Assim, o ICMS cobrado nos postos fiscais estaduais, seja na entrada ou na saída de mercadorias, não seria uma afronta a esse princípio, sendo cobrado pelo Estado tributante em razão do fato gerador do ICMS, qual seja, a circulação de mercadorias, e não por que essas simplesmente transpuseram os limites de um Estado. A proibição diz respeito a tributos interestaduais e intermunicipais, alcançando tanto os de competência municipal e estadual quanto os de competência da União. Guarde bem esses dois pontos que apresentei. Por fim, temos o pedágio, que é a exceção ao princípio da liberdade de tráfego constitucionalmente prevista. Caso determinado Ente resolva instituir pedágio em razão da circulação de pessoas ou bens por vias públicas por ele conservadas, é possível a criação dessa exação. Exemplo desse tipo de limitação está presente no Estado do Rio Grande do Sul, em que pagamos quatro pedágios diferentes para transitar entre Porto Alegre e Pelotas, no interior do Estado. Quanto a esse princípio, é apenas isso. Vamos ao próximo: o princípio da uniformidade geográfica. Prof. Aluisio Neto 93 de 236

95 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Princípio da Uniformidade Geográfica O princípio da Uniformidade Geográfica em matéria tributária diz respeito à instituição de tributos uniformes em todo o território federal, o qual comporta exceções previstas no próprio texto constitucional. Esse princípio está previsto no inciso I do artigo 151 da CF/88, cujo texto é o que segue: Art É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País; (Grifos nosso) Assim, ao instituir, e também majorar ou reduzir um tributo, a União não poderá, em regra, conferir tratamento tributário desigual entre os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Não poderá haver o beneficiamento de um Estado em prejuízo de outro, ou a concessão de determinado benefício fiscal para um deles e para outros não. O mesmo vale para os Municípios. Essa proibição se refere: À União, sendo uma vedação específica para esse ente político; A qualquer tributo instituído pela União, sejam eles impostos, taxas, contribuições ou impostos residuais, por exemplo. Por exemplo, em regra, seria proibido à União dispor que, para os produtos produzidos no Estado de Roraima seria aplicada a alíquota de IPI para produtos agropecuários no percentual de 8%, sendo, para os demais Estados Prof. Aluisio Neto 94 de 236

96 e para o Distrito Federal, aplicada a alíquota de 12%. Esse seria um tratamento desigual, vedado, EM REGRA, pela CF/88. Em regra, pois, conforme a parte final do dispositivo, essa previsão comporta exceções: admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País. É claro que, num país de dimensões continentais como o Brasil, existem desigualdade sociais e econômicas entre as suas diversas regiões, inclusive dentro de um mesmo Estado, como o são os Estados do Nordeste quanto à sua parte litorânea e à parte situada na região do semiárido e sertão. Outro exemplo seriam os Estados da Região Norte, ainda deficientes, em sua maior parte, de infraestrutura e de logística adequadas e relativamente distantes geograficamente dos grandes centros consumidores de seus produtos e serviços. Assim, visando equalizar o desenvolvimento socioeconômico do nosso país, a CF/88 permitiu que, para promover esse equilíbrio, seja possível a União conceder incentivos fiscais diferenciados entre as diversas regiões do Brasil. Exemplos desses incentivos estão presentes no ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias) da CF/88, mais precisamente no caput do seu artigo 40, relativos à Zona Franca de Manaus, e no Regulamento Aduaneiro (Decreto Federal nº 6.759, de 05 de fevereiro de 2009) em seu artigo 524, relativo às Áreas de Livre Comércio: Art. 40. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas características de área livre de comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco anos, a partir da promulgação da Constituição. Art Constituem áreas de livre comércio de importação e de exportação as que, sob regime fiscal especial, são estabelecidas com a finalidade de promover o Prof. Aluisio Neto 95 de 236

97 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 desenvolvimento de áreas fronteiriças específicas da Região Norte do País e de incrementar as relações bilaterais com os países vizinhos, segundo a política de integração latinoamericana. Assim, a regra geral é a proibição de instituição de tributos ou a concessão de benefícios fiscais que não sejam uniformes em todo o território nacional, importando em diferenciação ou desigualdade de tratamento entre eles. Essa previsão está intimamente relacionada ao princípio da isonomia e ao da forma federativa do Estado brasileiro, mantendo o equilíbrio da nossa Federação (clausula pétrea da nossa CF/88) e reafirmando o pacto federativo, impendido que a União, com poderes amplos sob o território nacional, institui tributos que atentem contra esse pacto e ao equilíbrio da federação instituída pela Carta Magna de A regra geral é excepcionada APENAS pela concessão de incentivos fiscais destinadas a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do Brasil, tendo o dispositivo nítido caráter extrafiscal. Veja uma decisão do STF sobre o tema: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IPI. CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS. ALÍQUOTAS REGIONALIZADAS. LEI 8.393/91. DECRETO 2.501/98. ADMISSIBILIDADE. 1. Incentivos fiscais concedidos de forma genérica, impessoal e com fundamento em lei específica. Atendimento dos requisitos formais para sua implementação. 2. A Constituição na parte final do art. 151, I, admite a "concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do país". 3. A concessão de isenção é ato discricionário, por meio do qual o Poder Executivo, fundado oportunidade, em implementa juízo de suas conveniência políticas fiscais e e econômicas e, portanto, a análise de seu mérito escapa ao Prof. Aluisio Neto 96 de 236

98 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 controle do Poder Judiciário. Precedentes: RE e AI AgR. 4. Não é possível ao Poder Judiciário estender isenção a contribuintes não contemplados pela lei, a título de isonomia (RE ) (RE /PR, de 11/02/2006). Esse princípio está previsto ainda no artigo 10 do CTN, cuja redação é a seguinte: Art. 10. É vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional, ou que importe distinção ou preferência em favor de determinado Estado ou Município. Para a previsão do CTN, contudo, não há exceção ao princípio, diferentemente do que há na CF/88, como vimos anteriormente. Finalizando esse item antes de vermos uma questão cobrada em prova, temos que esse princípio é também uma cláusula pétrea da nossa CF/88, bem como os dois outros presentes nos incisos II e III do artigo 151, a serem vistos logo adiante. Eles se configuram como uma das muitas garantias presentes na CF/88 relativas à proteção do pacto federativo. (FCC/2008/TCE-AL/Procurador) É exceção ao princípio da uniformidade geográfica a: a) vedação da União em instituir tributo uniforme em todo o território nacional. b) concessão, pela União, de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre diferentes regiões do País. c) vedação aos Estados e Distrito Federal de instituir isenções de tributos de competência dos Municípios. Prof. Aluisio Neto 97 de 236

99 d) concessão, pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, de diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão da procedência. e) vedação de estabelecer limitação ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais. Questão literal do que consta no texto constitucional, que cobrou a exceção quanto ao princípio da uniformidade geográfica, o qual permite à União, no caso de promoção do equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre diferentes regiões, conceder incentivos fiscais. Assim, resta como correta a alternativa "b", gabarito da questão. Prof. Aluisio Neto 98 de 236

100 Princípio da Tributação Isonômica das Rendas das Obrigações da Dívida Pública e dos Vencimentos dos Agentes Públicos dos Estados, Distrito Federal e Municípios Esse princípio, apesar do título extenso, é bem simples, também estando presente no artigo 151 da CF/88, mas desta vez em seu inciso II, tendo a seguinte redação: Art É vedado à União: (...) II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes; (Grifos nosso) Primeiramente temos que saber o que vem a ser renda das obrigações da dívida pública dos Entes Federativos. Vejamos. Uma das formas de captação de recursos pelos Entes Federativos é a emissão de títulos da dívida pública, que conferem aos seus adquirentes o direito de obter juros com o resgate do título após o prazo previsto em lei. Uma vez que esses juros correspondem a ingressos de divisas no patrimônio dos adquirentes, são tidos como rendas, a serem tributadas pelo Imposto de Renda, de competência da União. Assim, é vedado a União estabelecer, por exemplo, que para os títulos por ela emitidos incidirá IR à alíquota de 5% para os rendimentos obtidos pelos adquirentes, enquanto que para os títulos emitidos pelos Estados ou pelos Municípios, essa tributação da renda se dará à alíquota de 7%. Prof. Aluisio Neto 99 de 236

101 Isso seria uma forma não isonômica de tributação, expressamente vedada pela CF/88 em seu artigo 151, II. O legislador da União, por exemplo, em ato de loucura, poderá instituir tributação maior para as rendas das obrigações dos títulos da dívida pública federal do que os previstos para os títulos estaduais, distritais e municipais, mas nunca inferior. Em outra vertente, temos a vedação à União quanto à tributação da remuneração e dos proventos dos agentes públicos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em níveis superiores ao que fixar para os seus próprios servidores. Seria o caso, por exemplo, de a União estabelecer que o subsídio dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil fosse tributado com o IR a uma alíquota de 20%, enquanto que os Auditores Fiscais dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios continuem a ter seus rendimentos mensais tributados com o percentual atual de 27,50%. E, claro, desde que estejamos tratando dos mesmos valores remuneratórios. Essa medida seria flagrantemente inconstitucional, ainda que pousada na competência da União para estabelecer as alíquotas relativas a imposto a ela outorgado, qual seja, o imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza. As alíquotas serão estabelecidas livremente pela União, mas devem ser sempre uniformes para todos os agentes públicos, sejam ou não federais. Por fim, como pode ser observado, caro aluno, essa medida é destinada tanto ao Imposto de Renda quanto a qualquer outro imposto que venha a substituílo. Simples esse princípio, não? Vamos ao próximo. Prof. Aluisio Neto de 236

102 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Princípio da Proibição de Concessão de Isenções Heterônomas Antes de falarmos sobre esse princípio, temos inicialmente que saber o que vem a ser uma isenção heterônoma. Sabemos que o ente competente para instituir determinado tributo previsto na sua competência tributária outorgada pela CF/88 é também competente para conceder isenções a eles relativas, cabendo apenas a esse ente, na ordem interna, essa atribuição. Essa concessão, por sua vez, será sempre por meio de lei em sentido estrito. Assim, para o imposto sobre a propriedade de veículos automotores, o IPVA, apenas o Estado ou o Distrito Federal onde esteja licenciado ou matriculado o veículo é competente para exonerar o proprietário do imposto devido, nenhum outro ente mais. Estaremos assim diante de um caso de isenção autônoma, pois foi concedida pelo próprio ente competente para instituir e cobrar o tributo. Caso a União desobedeça ao que estabelece a CF/88 e conceda determinada isenção do IPVA aos veículos matriculados no Estado de Sergipe que tenham mais de cinco anos de uso, essa isenção será considerada flagrantemente inconstitucional, por se tratar de uma isenção heterônima, expressamente proibida na ordem interna. A União não é o ente competente para instituir e cobrar o IPVA no território do Estado de Sergipe, e sim esse ente federativo. E por que apenas na ordem interna, professor? Há casos então que podem ser concedidas isenções heterônomas? Os únicos casos previstos na CF/88 quanto à concessão de isenções heterônimas são os relativos: Aos tratados internacionais assinados pela União, mas representando os interesses da República Federativa do Brasil, atuando no plano externo, na ordem externa; Prof. Aluisio Neto de 236

103 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Às isenções a serem concedidas pela União, por lei complementar, quanto ao ISS na exportação de serviços para o exterior, previsto no artigo 156, 3º, II, da CF/88. Somente nesses dois caso a CF/88 permite a concessão de isenções heterônomas na ordem interna, ou seja, o ente que concede a isenção é diferente daquele a quem a CF/88 atribuiu a competência tributária. Não há outra hipótese! Por sua vez, quanto ao primeiro item enumerado anteriormente, caso determinado tratado assinado pela União preveja entre uma de suas cláusulas isenção ao ICMS por dez anos para as empresas que utilizarem apenas energia renovável, essa isenção, apesar de heterônoma, será perfeitamente válida, uma vez que concedida por meio de tratado internacional. Essa previsão, contudo, não está expressamente prevista na CF/88, sendo decorrência direta da interpretação conjunto do texto da Carta Federal. Nesse caso, embora o tratado tenha sido assinado pela União, no plano internacional, esta figura em nome da República Federativa do Brasil (RFB), pessoa jurídica de direito público internacional. Desse modo, no plano externo (ordem internacional), são perfeitamente válidas as isenções concedidas pela União quanto aos tributos dos demais entes políticos, uma vez que esta, ao representar a RFB, representaria toda uma nação, dotada de soberania política internacional, e não o simples ente federativo interno (União), dotado apenas de autonomia política. Para o STF, embora revestido de todas as características de uma isenção heterônoma, as isenções concedidas pela União em razão de tratados, acordos ou convenções internacionais não são considerados tecnicamente como uma isenção heterônoma, uma vez que essa nomenclatura se refere ao âmbito interno, quando se analisam apenas as três espécies de entes políticos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) Veja o que diz o STF sobre o assunto, bem como ao ISS: Prof. Aluisio Neto de 236

104 A cláusula de vedação inscrita no art. 151, inciso III, da Constituição - que proíbe a concessão de isenções tributárias heterônomas - é inoponível ao Estado Federal brasileiro (vale dizer, à República Federativa do Brasil), incidindo, unicamente, no plano das relações institucionais domésticas que se estabelecem entre as pessoas políticas de direito público interno. Doutrina. Precedentes. - Nada impede, portanto, que o Estado Federal brasileiro celebre tratados internacionais que veiculem cláusulas de exoneração tributária em matéria de tributos locais (como o ISS, p. ex.), pois a República Federativa do Brasil, ao exercer o seu treaty-making power, estará praticando ato legítimo que se inclui na esfera de suas prerrogativas como pessoa jurídica de direito internacional público, que detém - em face das unidades meramente federadas - o monopólio da soberania e da personalidade internacional. - Considerações em torno da natureza político-jurídica do Estado Federal. Complexidade estrutural do modelo federativo. Coexistência, nele, de comunidades jurídicas parciais rigorosamente pacificadas e coordenadas entre si, porém subordinadas, constitucionalmente, a uma ordem jurídica total. Doutrina.(RE AgR/PR, de 30/11/2010) O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE , firmou entendimento de ser legítimo à União, no campo internacional, dispor sobre a isenção de impostos da competência estadual. (RE AgR/BA, de 13/10/2009). A isenção de tributos estaduais prevista no Acordo Geral de Tarifas e Comércio para as mercadorias importadas dos países signatários quando o similar nacional tiver o mesmo Prof. Aluisio Neto de 236

105 benefício foi recepcionada pela Constituição da República de O artigo 98 do Código Tributário Nacional "possui caráter nacional, com eficácia para a União, os Estados e os Municípios" (voto do eminente Ministro Ilmar Galvão). 3. No direito internacional apenas a República Federativa do Brasil tem competência para firmar tratados (art. 52, 2º, da Constituição da República), dela não dispondo a União, os Estados-membros ou os Municípios. O Presidente da República não subscreve tratados como Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a existência de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, inc. III, da Constituição. (RE /RS, de 16/08/2007). O princípio está previsto no artigo 151, III, da CF/88, cujo texto é o seguinte: Art É vedado à União: (...) III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Observe que a vedação abrange TODOS OS TRIBUTOS dos demais entes federativos, e não apenas impostos, sendo vedada também a concessão de isenções heterônomas no caso de taxas, contribuições de melhorias e COSIP. Claro está que a regra acima somente será excepcionada para o caso de tratados internacionais e para o caso especifico do ISS, quanto aos impostos. Vamos agora a uma questão cobrada pela ESAF sobre o tema. Um minuto, professor! Eu estava vendo despreocupadamente minha CF/88 já toda rabiscada e percebi que existe outra situação de concessão de isenção heterônoma. Esqueceu o artigo 155, 2º, XII, e, da CF/88? Eita que esse povo de hoje é tudo atento, Virgulino! Esqueci não, caro aluno. Embora esteja ai, a rigor, plenamente válido, uma vez que não foi expressamente revogado, esse dispositivo perdeu qualquer aplicação prática, uma vez que não há mais a mínima necessidade de edição de lei Prof. Aluisio Neto de 236

106 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 complementar para a concessão de isenções de ICMS, pela União, e por lei complementar, quanto aos serviços e mercadorias destinadas ao exterior. A redação desse dispositivo é a seguinte: Art (...) 2º. (...) XII - cabe à lei complementar: (...) e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso X, "a"; Entretanto, com a promulgação da Emenda constitucional nº 42 de 19 de dezembro de 2003, a redação do citado inciso X, a do 2º do artigo 155 da CF/88 passou a ter a seguinte redação: Art (...) 2º. O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...) X - não incidirá: a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de ) Ou seja, o próprio texto da CF/88 já passou a prever não uma isenção, mas uma imunidade ao ICMS quanto às mercadorias e aos serviços destinados ao exterior. Embora sem utilidade, esse dispositivo encontra-se perfeitamente em vigor, podendo vir a ser cobrado em prova! Atenção! Prof. Aluisio Neto de 236

107 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Outra pergunta, professor: as imunidades podem ser consideradas heterônomas? Elas proíbem o ente competente de tributar determinada situação e, de uma forma ou de outra, a CF/88 é a lei de normas fundamentais no plano nacional. Os Estados e o Distrito Federal, por exemplo, também têm constituições. Verdade, futuro servidor. A CF/88, de ordem nacional, concede benesses tributárias em razão das imunidades presentes no seu texto e quanto a tributos estaduais e municipais. Assim, pode-se considerar que as imunidades são heterônomas também. São limitações heterônomas. Não há autonomia do ente político a quem ela mesma conferiu competência tributária para instituir o tributo. (ESAF/RFB/AFRF/2002.1) É lícito ao ente tributante: a) instituir distinção em razão de ocupação profissional ou função exercida pelo contribuinte, desde que prevista em lei adequada denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. b) cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da norma jurídica que os houver instituído ou aumentado, desde que expressa a lei que os tenha previsto. c) estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, mediante cobrança de pedágios, interestaduais ou intermunicipais, pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público. d) cobrar imposto no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. e) exigir ou aumentar tributo mediante decreto ou ato administrativo, desde que publicado antes do início do exercício em que será cobrado. Prof. Aluisio Neto de 236

108 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Alternativa a) Incorreta. Essa permissão, caso existente, iria de encontro ao princípio da isonomia, que veda o estabelecimento de distinções entre os sujeitos passivos em razão de ocupação ou função por eles exercida. Essa vedação está presente no artigo 150, II, da CF/88. É vedado aos entes políticos instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. Alternativa b) Incorreta. Proibido, tendo em vista o princípio da irretroatividade da lei tributária, que veda justamente a cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da norma jurídica que os houver instituído ou aumentado. Alternativa c) Correta. Permitido, tendo em vista a exceção ao princípio da liberdade de tráfego, presente no artigo 150, V, da CF/88, in fine. Alternativa d) Incorreta. Proibido, tendo em vista o princípio da anterioridade da lei tributária, que veda justamente a cobrança de imposto no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Artigo 150, III, b, da CF/88. Alternativa e) Incorreta. Somente por lei poderá ser criado tributo, podendo, nos casos previstos na CF/88, alguns deles terem suas alíquotas alteradas por meio de atos infralegais. Essa proibição se deve em razão do princípio da legalidade, presente no artigo 150, I, da CF/88. Prof. Aluisio Neto de 236

109 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Princípio da Progressividade O princípio da progressividade está umbilicalmente ligado ao princípio da capacidade contributiva, estudado anteriormente, uma vez que se traduz na técnica de aplicação de alíquotas variadas, aumentando estas conforme se aumenta a base de cálculo a ser tributada. Assim, entende-se que aqueles que têm mais devem contribuir com maior parte da sua renda, traduzindo-se em aplicar a estas pessoas alíquotas maiores, incumbindo a eles maior subtração do seu patrimônio proporcionalmente ao daqueles que possuem menos. Quanto a esse princípio, teremos duas modalidades de progressividade: Progressividade FISCAL, relacionada ao dizer quanto mais se ganha, mais se paga, tendo função meramente arrecadatória, onerando com mais gravidade o patrimônio daqueles que mais possuem; Progressividade EXTRAFISCAL, no qual temos a imposição de alíquotas diferenciadas para que determinado objetivo seja cumprido, tendo mais efeitos no campo social do que propriamente no campo fiscal, estimulando ou desestimulando determinada conduta tomada pelo contribuinte. No nosso atual ordenamento jurídico constitucional estão previstos expressamente apenas três impostos progressivos: o IR, o IPTU e o ITR. Para o IR, temos a progressividade fiscal; para o IPTU, a fiscal e a extrafiscal; e para o ITR, apenas a extrafiscal. Atente que, quanto à progressividade, temos dois impostos reais (ITR e ITPTU) e um imposto real (IR). Logo, esse princípio se verifica tanto em relação aos impostos reais quanto aos pessoais. Antes de analisarmos esses três impostos sobre a ótica da progressividade, vamos ver o que determina o STF em alguns dos seus julgados: Prof. Aluisio Neto de 236

110 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 (...) I - Lei que restringe os contribuintes da COSIP aos consumidores de energia elétrica do município não ofende o princípio da isonomia, ante a impossibilidade de se identificar e tributar todos os beneficiários do serviço de iluminação pública. II - A progressividade da alíquota, que resulta do rateio do custo da iluminação pública entre os consumidores de energia elétrica, não afronta o princípio da capacidade contributiva. (RE /SC, de 25/03/2009) EMENTA: AGRAVO EXTRAORDINÁRIO. REGIMENTAL IPVA. LEI NO RECURSO ESTADUAL. ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS EM RAZÃO DO TIPO DO VEÍCULO. 1. Os Estados-membros estão legitimados a editar normas gerais referentes ao IPVA, no exercício da competência concorrente prevista no artigo 24, 3º, da Constituição do Brasil. 2. Não há tributo progressivo quando as alíquotas são diferenciadas segundo critérios que não levam em consideração a capacidade contributiva. (RE AgR/MG, de 24/06/2008) Súmula STF nº 656: É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão "inter vivos" de bens imóveis - ITBI com base no valor venal do imóvel A progressividade do ITR está expressamente prevista no artigo 153, 4º, I, da CF/88, nos seguintes termos: Art. 153 (...) 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: Prof. Aluisio Neto de 236

111 I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas; (Grifos nosso) Observe que A PROGRESSIVIDADE PARA O ITR É OBRIGATÓRIA, NÃO SENDO FACULTADO AO LEGISLADOR FEDERAL RETIRAR ESSA CARACTERÍSTICA DO IMPOSTO AO EDITAR LEIS A ELE RELATIVAS. Assim, quanto menos utilizado economicamente um imóvel rural, maior será a alíquota a ser fixada para determinação do ITR, onerando em parcela cada vez maior o seu patrimônio, desestimulando-o a manter a sua propriedade improdutiva ou mal aproveitada Por sua vez, a progressividade em relação ao IPTU se deve quanto ao que consta no inciso I do 1º do artigo 156 da CF/88, cuja redação é a seguinte: Art. 156 (...) 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá: I ser progressivo em razão do valor do imóvel; II ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel. (Grifos nosso) Essa é a progressividade fiscal do IPTU, dando ao legislador municipal a POSSIBILIDADE de instituir alíquotas progressivas para o imposto tomando como base o valor do imóvel. Essa previsão foi acrescentada pela EC nº 29/2000, sendo, regra geral, imediatamente utilizada pelos Municípios para cobrança do imposto em seus territórios. Antes da publicação da emenda constitucional, portanto, era INCONSTITUCIONAL a lei que determinasse a adoção de alíquotas progressivas para o IPTU, conforme decisão do STF sobre o tema: Prof. Aluisio Neto de 236

112 A cobrança progressiva de IPTU antes da EC 29/ assunto de indiscutível relevância econômica, social e jurídica - já teve a sua inconstitucionalidade reconhecida por esta Corte, tendo sido, inclusive, editada a Súmula 668 deste Tribunal.( AI QO-RG/SP, de 12/03/2009) Por sua vez, a citada Súmula 668 dispõe o seguinte: É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da emenda constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana. Observe ainda esse importante tema debatido no STF, em que o legislador tenta, por meio da concessão de isenções ao imposto, maquiar uma progressividade do IPTU: DIREITO TRIBUTÁRIO. IPTU. PROGRESSIVIDADE ANTES DA EC 29/00. IMPOSSIBILIDADE, AINDA QUE PELA VIA OBLÍQUOTA DE ISENÇÕES GRADUAIS. 1. O legislador Municipal não poderia, no período anterior a tal emenda constitucional, ter estabelecido graduação progressiva do montante devido pelos contribuintes a título de IPTU, tendo como critério o valor do imóvel. 2. A utilização do instituto da isenção como instrumento de graduação de alíquotas, com aplicação à generalidade dos contribuintes, não corresponde à sua natureza jurídica. Nesse caso, a isenção deixa de atuar como benefício fiscal. De norma de exceção que é, passa a compor o aspecto quantitativo da norma tributária impositiva, modelando toda a tabela de alíquotas e tendo como efeito a vedada progressividade. 3. Aplicação da Súmula 668 do STF. (RE /SP, de 01/08/2011) Prof. Aluisio Neto de 236

113 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Observe outra decisão, que relaciona o que consta nos incisos I e II do 1º do artigo 156 da CF/88: A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que a diferenciação de alíquotas, por estar ou não edificado o imóvel urbano, não se confunde com a progressividade do tributo. Não há ofensa ao 1º do art. 156 da Magna Carta Federal. (AI AgR/SP, de 26/04/2011). A função primordial do IPTU é tipicamente fiscal, já que o seu objetivo maior é a arrecadação de recursos para o Município tributante. Entretanto, não é correto afirmar que, visando dar efetividade ao princípio da capacidade contributiva, a lei municipal fixe adicional progressivo do imposto em função do número de imóveis do contribuinte. Da mesma forma, as alíquotas do IPTU não podem ser progressivas apenas em função do grau de utilização do imóvel, tema que veremos mais adiante. O principal debate que se instaurou com a edição e promulgação da EC nº 29/2000 foi quanto à progressividade do IPTU, uma vez que este é um imposto puramente de natureza REAL, incidindo sobre uma manifestação de patrimônio do contribuinte, não podendo, assim, levar em consideração características pessoais deste. Esse é o entendimento do STF, que, à época da decisão, ainda não permitia a progressividade do IPTU em razão do imóvel, já que a EC nº 29/2000 ainda não havia sido editada: EMENTA: - IPTU. Progressividade. - No sistema tributário nacional é o IPTU inequivocamente um imposto real. - Sob o império da atual progressividade Constituição, fiscal do não IPTU, é quer admitida com a base exclusivamente no seu artigo 145, 1º, porque esse imposto tem caráter real que é incompatível com a progressividade decorrente da capacidade econômica do contribuinte, quer com arrimo na conjugação desse dispositivo constitucional Prof. Aluisio Neto de 236

114 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 (genérico) com interpretação o artigo 156, sistemática da 1º (específico). Constituição - A conduz inequivocamente à conclusão de que o IPTU com finalidade extrafiscal a que alude o inciso II do 4º do artigo 182 é a explicitação especificada, inclusive com limitação temporal, do IPTU com finalidade extrafiscal aludido no artigo 156, I, 1º. - Portanto, é inconstitucional qualquer progressividade, em se tratando de IPTU, que não atenda exclusivamente ao disposto no artigo 156, 1º, aplicado com as limitações expressamente constantes dos 2º e 4º do artigo 182, ambos da Constituição Federal. (RE /MG, de 20/11/1996). Vamos agora ver o que dispõe o artigo 182, 2º a 4º, da CF/88, que trata da progressividade extrafiscal do IPTU. Seu texto nos diz o seguinte: Art (...) 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. (...) 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; (Grifos nosso) Prof. Aluisio Neto de 236

115 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Como podemos notar, a função da progressividade das alíquotas do IPTU, nesse caso, não tem função arrecadatória, mas apenas um ajuste de conduta dos proprietários para que cumpram a função social da propriedade que possuem, tendo em vista o interesse público. Estamos aqui diante da chamada progressividade no tempo, uma vez as alíquotas progressivas não serão aplicadas indefinidamente, mas apenas durante certo intervalo de tempo previsto em lei. Esse tipo de progressividade, até o advento da EC nº 29/2000, era a única que podia ser aplicada ao IPTU, tendo em vista sua natureza de imposto real Por fim, quanto ao IR, temos a progressividade fiscal, tendo como único objetivo a arrecadação, tirando mais de quem ganha mais. Por sua vez, a progressividade do imposto está prevista no artigo 153, 2, I, da CF/88: Art Compete à União instituir impostos sobre: (...) Prof. Aluisio Neto de 236

116 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 III - renda e proventos de qualquer natureza; (...) 2º - O imposto previsto no inciso III: I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei; (Grifos nosso) Como podemos notar no texto da CF/88, a progressividade quanto ao IR é obrigatória ao legislador federal. Toda e qualquer lei que venha a tratar do imposto federal deverá impor o caráter progressivo à sua tributação. Quanto ao IR, há a fixação de faixas de alíquotas conforme a aumento da renda ou dos proventos recebidos pelo contribuinte. Para cada faixa, uma alíquota diferente, visando a tributar mais ferozmente aqueles que mais ganham. Atualmente existem cinco faixas de alíquotas em vigor, conforme a faixa de renda em que se enquadre o rendimento obtido pelo contribuinte. A TÍTULO ILUSTRATIVO, observe o seguinte quadro: Vamos em frente, agora com os princípios da generalidade e universalidade. Em frente, espartanos! Prof. Aluisio Neto de 236 da

117 Princípio da Generalidade e da Universalidade Esses dois princípios, como vimos anteriormente no inciso I do 2º do artigo 153 da CF/88, estão diretamente relacionados ao imposto sobre a renda, de competência da União, juntamente com o princípio da progressividade, que tem aplicação também a outros tributos, como vimos. Art Compete à União instituir impostos sobre: (...) III - renda e proventos de qualquer natureza; (...) 2º - O imposto previsto no inciso III: I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei; (Grifos nosso) O princípio da generalidade se refere à possibilidade de tributação de todas as pessoas, independentemente das características a elas relacionadas, como sexo, raça, religião ou origem, por exemplo. Está relacionada à sujeição passivo, a um aspecto de caráter subjetivo, Uma vez praticado o fato gerador, qualquer pessoa pode ficar sujeita à incidência do imposto, salvo se amparadas por qualquer hipótese de dispensa legal (CF/88 ou normas infraconstitucionais) de pagamento de tributo, como as imunidades ou as isenções. Por sua vez, o princípio da universalidade se refere à possibilidade de tributação da maior diversidade possível de bases de cálculos existentes, e independentemente da natureza delas. Devem, em teoria, abranger quaisquer rendas ou proventos auferidos pelo contribuinte, bem como sobre bens, mercadorias e produtos, estando relacionado aos aspectos objetivos do tributo. Assim, aspectos como origem dos recursos, formas de obtenção, quantidade, rendimentos primários ou derivados, todos eles deverão se submeter à Prof. Aluisio Neto de 236

118 incidência do imposto, tendo em vista o princípio da universalidade. Essa é a regra geral. Os dois princípios estão intimamente relacionados ao princípio da isonomia, que prevê a tributação equânime de todos os sujeitos passivos e de todas as rendas ou proventos por ele percebidos, dentro da medida de suas desigualdades. Prof. Aluisio Neto de 236

119 Princípio da não discriminação quanta à procedência ou ao destino Esse é outro princípio diretamente vinculado ao regime federativo adotado na nossa Carta Magna, vedando tratamentos discriminatórios em razão da procedência ou do destinado a ser dado a mercadorias, bens e serviços na circulação desses entre os territórios dos Entes Federativos. Esse é também mais um dos princípios que visam à proteção do pacto federativo estabelecido pela ordem constitucional de A previsão constitucional desse princípio encontra-se no artigo 152 da nossa CF/88, cujo texto é o seguinte: Art É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. (Grifos nosso) A previsão acima é de fundamental importância para evitar a chamada guerra fiscal entre os entes federativos, dando pilares à unidade geográfica do nosso país, reafirmando mais uma vez o pacto federativo. Por exemplo, caso o Estado do Rio Grande do Norte disponha em sua legislação que os sapatos oriundos do Estado da Paraíba e do Ceará, por serem seus vizinhos territoriais, paguem alíquota interna de ICMS de 18% e, para aqueles oriundos de outros Estados e do Distrito Federal paguem, para o mesmo sapato, alíquota de 12%, isso seria uma previsão que vai de encontro ao que prevê o artigo 152, já que estabeleceria diferenciação tributária em razão da origem da mercadoria. Outro exemplo, agora de ordem interna, seria o Estado de Pernambuco conceder créditos adicionais de ICMS apenas para os produtores de Gipsita do Sertão do Araripe quando fizessem circular a mercadoria dentro do território do Estado, sem que o mesmo benefício seja concedido aos demais produtores Prof. Aluisio Neto de 236

120 de gipsita situados em outros Estados e no Distrito Federal e que fizessem circular a mercadoria também em Pernambuco. Observe um ponto muito importante, caro aluno: a vedação alcança apenas os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, NÃO ALCANÇANDO A UNIÃO. Assim, este ente político poderá estabelecer que os automóveis novos oriundos da Argentina, por exemplo, estejam sujeitos à alíquota de imposto de importação de 33%, enquanto que para os veículos originários de outros países, essa mesma alíquota seja de apenas 30%. Da mesma maneira, não é outorgado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecerem alíquotas diferenciadas quanto a produtos e serviços oriundos do exterior, uma vez que somente a União poderá instituir tratamento diferenciado baseado na procedência ou destino. Seria o caso, por exemplo, do município de Recife estabelecer alíquotas mais gravosas do ISS para os serviços oriundos do exterior, privilegiando os serviços prestados por empresas brasileiras. Ou o Estado de Pernambuco conceder tratamento diferenciado por meio de alíquotas de IPVA maiores a incidirem sobre os veículos importados. Prof. Aluisio Neto de 236

121 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Observe que a proibição, quanto aos Estados, ao Distrito Federal e aos municípios, é de ordem interna e externa. A proibição será tanto para bens e serviços produzidos/prestados pelos demais entes políticos, quanto para aqueles oriundos do exterior, indistintamente. E essa permissão quanto à União é apenas em relação a outros países, professor? Não tem reflexo interno? Tem sim, caro aluno, conforme a parte final do inciso I do artigo 151 da CF/88: Art É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País; (Grifos nosso) Caso a diferenciação tributária seja para a promoção do equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País, serão admitidas discriminações relativas à procedência e ao destino. Como exemplo clássico, temos os incentivos fiscais concedidos à Zona Franca de Manaus e às regiões do semiárido nordestino, traduzidas em reduções de impostos federais, concessão de diferimento de pagamentos dos mesmos, entre outros. APENAS A UNIÃO PODERÁ FAZER ISSO! Muita atenção, caro aluno. Esse princípio está previsto ainda no artigo 11 do CTN, cuja redação é a seguinte: Prof. Aluisio Neto de 236

122 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Art. 11. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens de qualquer natureza, em razão da sua procedência ou do seu destino. Observe que o texto é quase idêntico ao que consta no artigo constitucional, exceto quanto à parte final presente no texto do inciso I do artigo 151 da Carta Federal. Prof. Aluisio Neto de 236

123 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Princípio da Territorialidade Esse princípio não está expressamente previsto no texto da nossa Carta Magna, sendo decorrente da interpretação integrada desta e dos demais princípios que a regem. Uma vez que cada Ente Federativo é autônomo nos termos da CF/88, cabe a eles editarem as leis que quiserem, observando apenas os princípios e as regras permissivas e proibitivas também presentes no texto máximo Federal. Porém, a lei tributária que o Estado de Mato Grosso vier a editar relativa ao seu IPVA, claro, só surtirá efeitos dentro do seu território político, em nada afetando os veículos dos Estados vizinhos de Mato Grosso do Sul e Goiás, por exemplo. Assim, as leis editadas dentro de um respectivo espaço territorial somente têm valia e eficácia dentro desse território, regra geral. Se a União editar uma lei tributária, por óbvio, terá eficácia em todo o território nacional. Um Estado ou um Município, apenas em seu respectivo território. Para outros casos, temos o que determina o artigo 102 do CTN, que versa sobre a territorialidade das leis. Seu texto é o seguinte: Art A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e respectivos dos Municípios territórios, vigora, nos no limites País, fora dos em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União. (Grifos nosso) Assim, a regra geral é a não vigência de leis de um Ente em território de outro, ou seja, a regra é a territorialidade da vigência das leis. Caso venham a ter efeito em território que não a do legislador, essas leis precisam Prof. Aluisio Neto de 236

124 estar previstas em convênio, no próprio CTN ou em outras leis de normas gerais da União reconhecendo a extraterritorialidade. Outro caso, bastante clássico, é o da vigência de tratados internacionais no território nacional, o qual será aplicado no território de todos os Entes Federativos, se assim preverem em seu texto (que é a regra quase que absoluta). Prof. Aluisio Neto de 236

125 Princípio da Seletividade O princípio da seletividade se refere à possibilidade de o Ente tributante definir mercadorias e serviços sobre os quais os impostos poderão incidir com uma alíquota maior ou menor, de acordo com a essencialidade das mercadorias ou dos serviços para a sociedade. Com alíquotas maiores sobre bens supérfluos (cigarros, bebidas, embarcações, etc), maior é o imposto a ser pago, onerando as camadas da sociedade com maior capacidade contributiva. Em sentido inverso, alíquotas menores sobre bens de maior essencialidade (arroz, feijão, sal, açúcar, entre outros) proporcionariam maior consumo por pessoas de menor renda. Assim, esse princípio está intimamente ligado ao princípio da justiça fiscal. No nosso atual ordenamento jurídico constitucional estão previstos dois impostos sobre os quais há a possibilidade de aplicação do princípio da seletividade: o ICMS e o IPI. A seletividade quanto ao ICMS (imposto estadual) é FACULTATIVA para os Estados e para o Distrito Federal, diferentemente do que é previsto para o IPI, de competência da União, devendo OBRIGATORIAMENTE ser seletivo por força de dispositivo constitucional expresso. É o que nos dizem os dispositivos constitucionais presentes no artigo 155, 2º, III, a, quanto ao ICMS, e no artigo 153, 3º, I, quanto ao IPI: Art Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...) II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; Prof. Aluisio Neto de 236

126 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...) III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços; (Grifos nosso) Art Compete à União instituir impostos sobre: (...) IV - produtos industrializados; (...) 3º - O imposto previsto no inciso IV: I - será seletivo, em função da essencialidade do produto; (Grifos nosso) (FCC/2012) Sobre o princípio constitucional da seletividade, é incorreto afirmar-se que: a) é aplicado obrigatoriamente ao ICMS. b) permite ao legislador a tributação diferenciada de produtos, aplicando alíquotas maiores aos produtos menos essenciais. c) é aplicado facultativamente ao IPTU. Prof. Aluisio Neto de 236

127 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 d) segundo tal princípio, os produtos mais essenciais devem ser tributados com alíquotas mais baixas. e) é aplicado obrigatoriamente ao Imposto Sobre Produtos Industrializados. A seletividade quanto ao ICMS (imposto estadual) é facultativa para os Estados e para o DF, diferentemente do que é previsto para o IPI, de competência da União, devendo obrigatoriamente ser seletivo por força de dispositivo constitucional expresso. É o que nos dizem os dispositivos constitucionais presentes no artigo 155, 2º, III, a, quanto ao ICMS, e no artigo 153, 3º, I, quanto ao IPI: Art Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...) II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...) III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços; (Grifos nosso) Art Compete à União instituir impostos sobre: (...) IV - produtos industrializados; (...) 3º - O imposto previsto no inciso IV: I - será seletivo, em função da essencialidade do produto; (Grifos nosso) Assim, resta como correta a alternativa "a", gabarito da questão, uma vez que a seletividade não é obrigatória para o ICMS. Prof. Aluisio Neto de 236

128 Princípio da Não-Cumulatividade O princípio da não-cumulatividade se refere à possibilidade do contribuinte de determinado imposto ou contribuição com essa característica compensar o valor do imposto pago relativamente às aquisições de mercadorias ou serviços com o valor do imposto a ser recolhido na saída das mercadorias ou serviços do seu estabelecimento. Esse princípio tem como fundamento evitar que ocorra a chamada tributação em cascata, com a incidência de tributo sobre tributo nas diversas cadeias de produção e circulação que podem existir para um determinado produto ou serviço. O artigo 155, 2º, I, da CF/88, dispõe o seguinte em relação ao ICMS, imposto de competência estadual e distrital: 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; (Grifo nosso) Conforme se observa, o inciso acima é impositivo aos Entes estaduais e distrital, conferindo a estes uma obrigação legislativa. Em todos eles, o ICMS deve ter caráter não-cumulativo. O mesmo ocorre para o IPI, de competência da União, para os impostos residuais e para as contribuições residuais. Em todos esses casos, deverá o tributo ser não-cumulativo. Tomaremos, para fins de exemplo e fixação dos conceitos, o ICMS. Sendo o ICMS tributo que incide sobre cada operação de circulação de mercadorias ou prestação de serviços, o valor do imposto pago na operação de entrada deve ser compensado com o imposto pago na Prof. Aluisio Neto de 236

129 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 operação de saída, seja de mercadorias, seja de serviços. Se assim não fosse, haveria um ônus ainda maior na cadeia produtiva, especialmente aquelas compostas por várias etapas de produção. Sem a não-cumulatividade, todo o ICMS de uma etapa da cadeia produtiva seria absorvido pela etapa seguinte, e assim com as demais etapas posteriores, onerando em parcela ainda maior o consumidor final. No caso das exportações, um dos efeitos seria certamente a perda de competitividade no mercado externo. Essa perda se daria caso as etapas anteriores da produção não fossem devidamente desoneradas do ICMS, uma vez que não incide o ICMS sobre operações que destinem mercadorias e serviços para o exterior, imune conforme previsão da alínea a do inciso X do artigo 155 da CF/88. O entendimento da não-cumulatividade é simples, e um exemplo deixará mais claro a sistemática utilizada, fundada no mecanismo de débitos e créditos, sendo válida para todos os tributos que apresentam essa característica, inclusive para as contribuições. Pela sistemática do ICMS, por exemplo, cada compra de mercadoria tributada realizada gera para o estabelecimento um crédito perante o Estado, ainda que a operação tenha sido realizada em outra Unidade da federação. Por sua vez, cada saída de mercadoria tributada pelo imposto gera para o estabelecimento um débito frente ao Estado tributante. Os débitos e créditos apurados nas operações realizadas são então compensados mediante consulta aos dados constantes na contabilidade da empresa. Havendo valores de débitos superiores aos de créditos, deve ser feito o recolhimento do imposto devido ao Ente federativo competente. Sendo os créditos maiores que os débitos, a diferença em favor do contribuinte pode ser compensada em períodos posteriores ou restituída, observando-se a legislação de cada Ente quanto à restituição. Prof. Aluisio Neto de 236

130 Direito Tributário para o TRF 4º Região Prof. Aluisio Neto Aula 01 Como exemplo, temos a situação onde um determinado estabelecimento industrial, dentro do mesmo Estado, compra borracha termoplástica e fabrica solados para sapatos, vendendo-os posteriormente. Sobre a operação de compra incide uma alíquota de ICMS de 17%. Sobre a de venda, de 11/%. Considere os valores abaixo: 100 kg de borracha termoplástica = R$ , pares de solados de sapato= R$ ,00 ICMS sobre compras = R$ ,00 x 17% = R$ 1.700,00 (Créditos) ICMS sobre vendas = R$ ,00 x 11% = R$ 3.300,00 (Débitos) ICMS a recolher = R$ 3.300,00 R$ 1.700,00 = R$ 1.600,00 Supondo apenas essa operação, ao final do período, o estabelecimento terá que recolher aos cofres públicos o valor de R$ 1.600,00 em ICMS. Os créditos de ICMS resultantes da compra da borracha termoplástica foram compensados com os débitos resultantes da venda dos solados de sapato, resultando, ao seu final, em dedução do imposto pago numa cadeia anterior. Alem do ICMS, temos ainda como exemplo de impostos não-cumulativos o IPI, o PIS não-cumulativo e a CONFINS não-cumulativa. Diante da característica PLURIFÁSICA (incidem sobre diversas etapas da mesma cadeia de produção e circulação) desses tributos, faz-se necessário a técnica Prof. Aluisio Neto de 236

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