AULA 13. Conteúdo da aula: Limitações constitucionais ao poder de tributar: Princípios Garantia.

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1 Turma e Ano: Master A (2015) Matéria / Aula: Direito Tributário / Aula 13 Professor: Vanessa Siqueira Monitora: Evellyn Nobre AULA 13 Conteúdo da aula: Limitações constitucionais ao poder de tributar: Princípios Garantia. Princípio da Irretroatividade A lei nova não pode atingir fatos geradores já ocorridos. Mas a dúvida paira em relação ao fato gerador pendente ou fato gerador complexivo art. 105 CTN. Art A legislação tributária aplica se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do artigo 116. O fato gerador do IR, que o STF chama de fato gerador complexivo que é aquele fato no qual ciclo de formação engloba um conjunto de acontecimentos e ocorre num determinado período de tempo. Para o STF se por ventura no final do ano advier uma lei modificando a alíquota do IR, esta lei poderá retroagir para atingir aqueles fatos geradores ocorridos desde o dia 1º de janeiro, o STF chama isso de retroatividade impropria. Exemplo: no dia 31 de dezembro de 1991, as 23:45h foi publicada a lei 8383 que aumentou a alíquota do IR. A doutrina em peso tem uma posição contrária a esse entendimento do STF. Esse entendimento do STF no sentido que a lei nova pode atingir fatos geradores que ainda esteja pendendo, foi cristalizado no verbete súmula 584 STF. SÚMULA 584 AO IMPOSTO DE RENDA CALCULADO SOBRE OS RENDIMENTOS DO ANO BASE, APLICA SE A LEI VIGENTE NO EXERCÍCIO FINANCEIRO EM QUE DEVE SER APRESENTADA A DECLARAÇÃO.

2 Segundo a doutrina, beira a teratologia, ou seja, para o STF o fato gerador do IR tem o seu início do dia 1º de janeiro e só se consuma depois do dia 31 de dezembro, mas antes do dia 1º de janeiro, num espaço atemporal logico entre os 2 exercícios. Para o STF não afronta o princípio da irretroatividade, porque o Supremo se atrela a irretroatividade do CTN. A doutrina entende que o fato gerador do IR ocorre por ficção jurídica no dia 1º de janeiro, e é uma garantia de respeito não apenas a irretroatividade, mas como a legalidade, a tipicidade e a anterioridade. Para a doutrina, Professor Ives Gandra, no IR o fato gerador é materializado a cada aquisição de disponibilidade, então cada rendimento é um fato gerador isoladamente considerado. Sampaio Dória diz que o total dos rendimentos obtidos no exercício financeiro expressa a base de cálculo e não a hipótese de incidência. Para a Constituição a lei nova só pode atingir fatos geradores futuros, para o CTN a lei nova pode atingir fatos geradores futuros e pendentes, ou seja, o art. 105 CTN é desfavorável aos contribuintes. Para a CF as limitações constitucionais estão previstas em seu corpo. Os princípios institucionais devem estar plasmados na CF, porque é a CF que outorga a competência tributária e só ela pode limitar o exercício dessa competência art. 146,II CF. Art Cabe à lei complementar: II regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; Princípio da Anterioridade Art. 150, III, b e c CF anterioridade clássica. Art Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III cobrar tributos: b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;

3 c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de ) A anterioridade clássica se compõe de 2 vertentes: 1 anterioridade de exercício; 2 anterioridade mínima de 90 dias ou noventena. A noventena só começa a produzir efeitos a partir do dia 1º de outubro, porque quaisquer leis que advierem antes do dia 1º de outubro quando cumprem a anterioridade de exercício já estão automaticamente a cumprir a noventena. Exemplo: vamos imaginar que uma lei tenha advindo no dia 16 de novembro. 1º requisito: é a anterioridade de exercício, lei publicada no dia 16 de novembro, assim o tributo poderá ser exigido no dia 1º de janeiro. 2º requisito: é a noventena, do dia 16 de novembro até dia 1º de janeiro, não tem 90 dias, terá 90 dias em mais ou menos 16 de fevereiro. A anterioridade mínima de 90 dias deve ser entendida no encalço na anterioridade de exercício, depois parte para a noventena. Anterioridade nonagesimal Alguns autores chamam de anterioridade mitigada. A anterioridade nonagesimal é aplicada apenas as contribuições sociais da seguridade social. A nonagesimal prevista no art. 195, 6º CF, só se aplica as contribuições sociais da seguridade. As sociais gerais não se subsumem a nonagesimal, mas sim a clássica. Art A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b". OBS: O IPI só respeita a noventena, a CF excepcionou a anterioridade de exercício.

4 A nonagesimal é uma anterioridade independente, contará 90 dias em quaisquer épocas do ano. Exceções ao princípio da anterioridade art. 150, 1º CF Art Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de ). Há 4 hipóteses: A artigos 148, I, 153, I, II, V, e 154, II CF Não se aplica a de exercício e nem a noventena. A anterioridade clássica não se aplica aqui. B artigo 153, III CF Não se aplica a noventena. C artigo 153, IV CF Não se aplica a de exercício. D artigos 155, III e 156, I CF Não se aplica a noventena com relação ao aumento de base de cálculo. Não confundir anterioridade com anualidade tributária

5 Há um único autor, que é o Professor Novelli que afirma que na nossa CF a anterioridade estaria convivendo com a anualidade tributária. A anualidade tributária não existe mais na Constituição brasileira, ela determinava que para um tributo ser constituído deveria haver autorização orçamentaria. Hoje, temos a anterioridade em substituição a anualidade tributária. Na CF existe a anualidade orçamentaria que não se confunde com a anualidade tributaria art. 165, III CF. Art Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: III os orçamentos anuais. A anualidade orçamentária significa a periodicidade anual de previsão das receitas e de fixação das despesas. Professor Roque Carrazza, diz que o artigo da CF, o 150, 1º, que consubstancia exceção a anterioridade mínima de 90 dias quanto ao IR, esse artigo é inconstitucional posição minoritária. A noventena nunca valeu para o IR. A noventena já foi criada extirpando se o IR e as bases de cálculos do IPTU e IPVA. STF revogou isenção de ICMS, não precisa respeitar a anterioridade a luz do art. 104, III CTN. STF privilegiou, novamente, a anterioridade do CTN em detrimento da anterioridade constitucional. Art Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda: III que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178. A CF/67 passou a consagrar a anualidade tributária sepultando a anterioridade e em 69 voltou a anterioridade. O artigo revogado não se restaura de vigência.

6 Quando se revoga uma lei concessiva de isenção se aplica a anterioridade, mas para o ICMS não art. 104 CTN, o STF acha que esse artigo não está revogado. Princípio do não confisco É a perda da propriedade para o Estado em virtude de um cometimento ilícito. A tributação confiscatória é aquela que se dá acima da capacidade contributiva e invade o mínimo existencial. Capacidade contributiva ostenta 2 vertentes: mensurar o valor a ser exigido dos contribuintes; limitar a tributação do hipossuficiente. Impossibilidade de violação ao princípio do não confisco quando está diante da extrafiscalidade. Tributo não se confunde com multa, não constitui sanção de ato ilícito. Adin 551 as multas oriundas do descumprimento de obrigações acessórias se submetem ao princípio do não confisco. O valor da multa não pode ultrapassar o valor do tributo, multa está sujeita a analise quando ao princípio do não confisco STF. Princípio da liberdade de trafego Art. 150, V CF Art Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: V estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;

7 Esse princípio tem como escopo vedar o tributo que onere o trafego interestadual ou intermunicipal de pessoas ou de bens no território nacional. O princípio da liberdade de trafego é construindo com base em 2 liberdades: liberdade de ir e vir; liberdade alfandegária. Não pode haver tributo cujo o fato gerador seja a mera transposição de fronteira. O princípio em questão não abrange o ICMS. O Art. 150, 2º CF, evita a inconstitucionalidade. 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. RE O STF diz que o princípio da liberdade de trafego vai operar naquelas situações em que a disciplina especial traçada pela Constituição não seja suficiente a evitar a discriminação. O STF aplicou o princípio da liberdade de trafego em 2 situações: 1ª) taxa de vistoria Era uma taxa comum. A pessoa não podia sair do ônibus se não tivesse dinheiro para pagar a taxa de vistoria. 2ª) simples paulista Só pode aderir o simples paulista aquelas empresas que adquirirem 80% da sua matéria prima dentro do Estado de São Paulo, afronta a liberdade de comércio. O artigo referido acima, fala em relação ao pedágio. O STF entende que o pedágio é tarifa pública, não há compulsoriedade, é regido pelo direito privado.